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As Semelhanças do Reino - Parte 2 (Fevereiro de 2021)

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Revista mensal publicada originalmente em fevereiro/2021 pela pela Bible Truth Publishers

 

ÍNDICE


Tema da edição

Words of Truth, vol. 3 (adaptado)

C. E. Lunden (adaptado)

E. H. Chater

Present Testimony, vol. 7

J. N. Darby

J. N. Darby (adaptado)

R. Beacon (adaptado)

Present Testimony, vol. 7

W. W. Fereday (adaptado)

W. J. Prost

A. M. B.

 

As Semelhanças do Reino - Parte 2


Em Mateus 1 está escrito: “Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta, que diz: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e Ele será chamado pelo nome de EMANUEL (EMANUEL traduzido é: Deus conosco)” (Mt 1:22-23). O há muito prometido Messias nasceu. Ele cresce tranquilamente em Nazaré. Quando chega o tempo, como Isaías havia profetizado, o Seu precursor, João Batista, apresenta-O à nação com a mensagem: “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus” (Mt 3:2 – ARA) Com pregação e obras de poder, o Rei Se apresenta, para que a nação se arrependa de seus caminhos pecaminosos e receba seu Rei. Infelizmente, dirigidos por seus líderes religiosos, eles rejeitam seu Rei, afirmando: “Não queremos que Este reine sobre nós”. Como resultado, o reino na Terra é adiado. Sendo atualmente rejeitado, Ele retorna ao céu depois que Sua poderosa obra de redenção na cruz é concluída. Atualmente, o reino é um “reino dos céus”, pois o rei está no céu, enquanto aqueles que o aceitam estão na Terra. E aqueles que agora O aceitam como Salvador estão destinados a estar com Ele no céu como Sua noiva quando Ele vier novamente para reinar. Esta edição explica um pouco do que tem acontecido desde Sua rejeição, enquanto espera o tempo para voltar no poder, derrubando qualquer um que se oponha a Ele e estabelecendo um reino de poder e glória que nunca será substituído.


Tema da edição

 

O Tesouro Escondido num Campo


O Senhor havia dito a Seus discípulos que os justos deveriam brilhar como o Sol no reino de seu Pai. Se nosso Senhor não tivesse sido rejeitado, todos os justos teriam sido estabelecidos no reino do Messias na Terra. Mas a rejeição e morte de Jesus teve duas consequências (não dizemos apenas duas): trouxe necessariamente julgamento e vingança sobre Israel, mas também trouxe à existência glórias e posições de glória que de outra forma não poderiam existir. Tendo Seu próprio povo tirado isso de si mesmo, o reino não poderia agora ser deste mundo.


Os herdeiros atuais devem ter sua posição em outro lugar e, de acordo com os princípios da graça divina, um lugar melhor do que o da Terra é fornecido para eles. Quando o mal entra e coloca de lado a graça de Deus, a bênção nunca é restaurada exatamente da mesma maneira. Se Deus atrasa a bênção prometida, aquela que Ele dá em seu lugar sempre excede a primeira promessa. Portanto, aqui, quando o reino não pôde ser estabelecido imediatamente, outra e melhor coisa é fornecida para aqueles que creram. Eles brilharão como o Sol no reino de seu Pai – uma recompensa fora do mundo.


O tesouro do Senhor

Isso leva o Senhor Jesus a mostrar como eles são vistos enquanto ainda estão neste mundo; eles são um tesouro. Eles estão em contraste com o campo como um todo, que não é um tesouro. Eles já foram filhos da ira, assim como os outros, mas agora estão separados, embora como corpo ainda no campo. Mas a velha conexão foi quebrada e uma nova subsiste entre eles e seu Pai; seu lugar agora é testemunhar a graça que salvou e o poder que os mantém, e suportar pacientemente a perseguição que necessariamente se segue. Assim, é com referência exclusiva aos justos que esta parábola é falada.


Não creio que os “justos” sejam apenas os da Igreja. É o reino do Pai que está em vista, e todos os que herdam esse reino celestial estão incluídos nos “justos”. Claro, a Igreja está entre eles com uma posição peculiar. Mas nesta parábola é evidente que o reino dos céus apresenta um aspecto muito diferente das semelhanças anteriores. Não há poder e domínio aqui; sem ramos para sustentar os pássaros; nenhuma energia de fermento permeando a massa. O tesouro e a pérola representam a boa semente – os verdadeiros herdeiros do reino. O fato maravilhoso que nos é apresentado não é o valor ou a grandeza daqueles a quem o Senhor chama de Seu tesouro, mas Seu amor por eles.


O campo

Há três coisas nesta parábola – o tesouro escondido no campo, a compra do campo e o imenso custo. A palavra aqui traduzida “campo” é geralmente usada para terra não cultivada, selvagem e improdutiva. Neste lugar pouco promissor, um tesouro é encontrado, mas somente Jesus poderia descobri-lo. Claro, sabemos que não poderia haver tesouro aqui, mais do que um bom terreno na primeira parábola, sem que o Espírito de Deus primeiro o produzisse. Nada além da graça nos fez diferentes dos outros, e nada além da preciosidade do sangue aspergido nos torna um tesouro. O campo em geral participa de Suas dádivas, mas somente os justos são um tesouro. O tesouro está em contraste com o campo, assim como o trigo estava em contraste com o joio. E se o campo finalmente estiver sob o julgamento de Deus, sabemos que nenhum santo, seja do Velho ou do Novo Testamento, será julgado. Todos eles devem necessariamente pertencer ao tesouro e todos estão incluídos na denominação “justos”.


O reino em mistério

O tesouro está “escondido num campo”. Isso não dá nenhum fundamento para a noção de uma Igreja invisível. Em vez disso, esta é uma semelhança do reino como agora existe em mistério e, como um tesouro, ele está escondido; agora não é manifestado como tal. Ou seja, a condição dos justos, que formam o verdadeiro reino aqui embaixo, não mostra aos homens a realidade e a natureza dele. Aquilo que o homem fez é certamente manifestado. A ideia de uma grande árvore abrigando pássaros, ou de três medidas de farinha completamente fermentada (falo aqui de sua presença desenvolvida), não é uma coisa oculta. Mas os que agora estão no reino são em sua maioria os humildes e pobres, e às vezes os perseguidos e martirizados. O mundo nunca percebe que tais são os verdadeiros representantes do reino e um tesouro para Cristo. Os homens sabem que existem crentes em Cristo, e são astutos o suficiente para discernir entre um verdadeiro crente e um mero professante, mas que isso se constitui num reino é fanatismo para eles.


É somente quando Ele aparecer que seremos manifestados em toda a glória que Sua graça nos conferiu. Atualmente, o verdadeiro caráter e destino do “tesouro” está oculto. O mundo vê apenas uma companhia pobre, desprezada e oprimida que, em meio ao desprezo, se esforça para manter-se distante do mundo. Jesus diz que eles são o Seu tesouro. Estamos no reino que nunca será abalado. E nós estamos lá, não como súditos, mas como reis e sacerdotes, pois Jesus está reunindo agora deste mundo aqueles que serão herdeiros, não súditos, do reino futuro. É uma maravilha que o mundo não nos conheça? Ainda não vestimos nossas vestes reais. O mundo, não tendo esperança além desta vida, diz de nós: “De todos os homens, os mais miseráveis”; Jesus diz: Meu tesouro escondido! O tesouro, por causa do qual o campo foi comprado, está escondido. Foi apenas por causa do tesouro que o campo foi comprado. Ele não poderia tê-lo de nenhuma outra maneira.


Words of Truth, vol. 3 (adaptado)

 

O Tesouro


“O Reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo que um homem achou e escondeu; e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem e compra aquele campo” (Mt 13:44).


A maioria das pessoas colocou o coração em algum tipo de tesouro. “onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração” (Lc 12:34). Na Escritura diante de nós, Mateus 13:44, a Pessoa é o Filho do Homem, e o tesouro é a Igreja, que está escondida num campo. Não poderia ser Israel, pois eles não estavam escondidos. Um homem, tendo encontrado o tesouro, escondeu-o, como lemos em Colossenses 3:3 – "A vossa vida está escondida com Cristo em Deus". Seus olhos avistaram algo que encheu Seu coração, e Ele vendeu tudo o que tinha e comprou o campo (o mundo) em que o tesouro (a Igreja) foi encontrado. O Pai está preparando cada alma para ser o meio de manifestação de glória e para a companhia eterna de Jesus.


“Então, aqueles que temem ao SENHOR falam cada um com o seu companheiro... E eles serão Meus, diz o SENHOR dos Exércitos, naquele dia que farei [prepararei – ARA], serão para Mim particular tesouro [joias – ARF]; poupá-los-Ei como um homem poupa a seu filho que o serve” (Ml 3:16-17). Malaquias fala do tempo em que o Senhor preparará Suas joias. A preparação é feita agora em vista daquele dia.


Santa Jerusalém

“E levou-me em espírito a um grande e alto monte e mostrou-me a grande cidade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu. E tinha a glória de Deus. A sua luz era semelhante a uma pedra preciosíssima, como a pedra de jaspe, como o cristal resplandecente. E tinha um grande e alto muro com doze portas ... E a fábrica [estrutura – ARA] do seu muro era de jaspe, e a cidade, de ouro puro, semelhante a vidro puro. E os fundamentos do muro da cidade estavam adornados de toda pedra preciosa. O primeiro fundamento era jaspe; o segundo, safira; o terceiro, calcedônia; o quarto, esmeralda; o quinto, sardônica; o sexto, sárdio; o sétimo, crisólito; o oitavo, berilo; o nono, topázio; o décimo, crisópraso; o undécimo, jacinto; o duodécimo, ametista” (Ap 21:10-12, 18-20).


As pedras exemplificam beleza, raridade, durabilidade e cor fixa e são nomeadas por causa da cor, não de sua fonte. Cada uma das doze pedras do Apocalipse tem uma cor ou matiz diferente, e todas falam da glória de Deus, pois a cor tipifica a glória brilhando através de uma variedade de prismas. Cada pedra preciosa exibirá através de um prisma, em vários tons como um espectro de cores, a glória de Deus para toda a inteligência criada.


A multiforme sabedoria de Deus

Efésios 3:10 fala da “multiforme sabedoria de Deus”. Isso poderia ser traduzido como “a multicolorida sabedoria de Deus”. “A Esse glória na Igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém!” (Ef 3:21). Este versículo parece nos levar mais longe na eternidade do que qualquer outro. Que efeito isso deve ter sobre nós agora, para nos levar a andar com cuidado para que possamos adornar a doutrina de Deus, nosso Salvador. Ficamos maravilhados quando os conselhos de Deus são abertos a nós, revelando coisas futuras e a preparação que está sendo feita agora em cada crente durante o período de vida designado, uma obra duradoura que somente o Pai dos espíritos pode produzir em nosso espírito.


Toda a história dos santos é uma exposição dos desígnios eternos ocultos no seio divino a serem revelados posteriormente. A arte de educar o espírito do homem para o mais refinado temperamento cabe apenas ao Pai dos espíritos.


Quem senão Deus pode ler os motivos do coração? Quem senão Deus pode preparar o homem – o coração do homem, para um ambiente que é totalmente de Deus? Estaremos em casa lá como nativos em nosso próprio país. O tesouro pode ser composto de muitas peças, geralmente ouro, prata ou pedras preciosas, cada uma com sua própria história. Houve momentos em que reis ou nobres, quando se visitavam, traziam seus tesouros para demonstração. Dias podem ter sido gastos contando a história de cada gema. Algumas foram ganhas em batalha, algumas compradas, outras encontradas nas partes mais baixas da Terra em minas. Quando as joias são exibidas, elas já foram preparadas. A cor é a consideração mais importante, especialmente em pedras preciosas, embora a modelagem e o cinzelamento também sejam necessários. Algumas, como o sárdio, destacam-se pela profundidade da cor. Para chegar à cor adequada em cada pedra, é necessária uma habilidade infinita, realizada pelo próprio Deus, por meio de aflições sob Seu governo. Alguns se encolhem quando o termo “governo de Deus” é usado, mas todo crente está sob o governo de Deus, assim como uma criança está sob alguém que a governa. Perder isso é perder o próprio centro de todos os caminhos de Deus conosco.


Aflições e provações

“Ó Senhor por estas coisas vivem os homens, e inteiramente nelas está a vida do meu espírito; portanto restabelece-me, e faze-me viver” (Is 38:16). Em Isaías 54:11, vemos o governo de Deus em operação para nossa bênção: “Ó oprimida, arrojada com a tormenta e desconsolada! Eis que eu porei as tuas pedras com todo o ornamento e te fundarei sobre safiras”. É por meio do sofrimento que cada cor se forma e transmitirá a luz da glória de Deus. A cor é produzida sob uma combinação de pressão e calor nas partes mais baixas da Terra. Sentimos o sofrimento – a pressão – o calor, mas Deus nos diz como tudo acontece e fornece a resposta para a pergunta: "Por quê?"


Ao passarmos por provações profundas, às vezes sem consolo, lembremo-nos, como crentes no Senhor Jesus, d’Aquele que experimentou muito mais vezes o sofrimento que temos e também foi abandonado por Deus, ao fazer expiação por nós. Como nosso espírito se alegra ao saber que cada dor que sentimos Ele sentiu e Se compadece de nós. Mal percebemos, à medida que as horas de sofrimento passam lentamente, que habilmente, com a mão do Mestre, a pedra está sendo moldada em seu tom adequado, exatamente para seu propósito eterno. Nenhuma lágrima jamais cairá, nenhum gemido será proferido, mas o que é necessário para que a cor no prisma seja perfeita.


“Quando o meu espírito estava angustiado em mim, então, conheceste a minha vereda”, disse Davi no Salmo 142:3.


A futura criação de Deus

Tudo na futura criação de Deus se harmonizará perfeitamente. Os gemidos aqui, entretanto, são pelo penhor do Espírito Santo que habita em nós. Como o conhecimento de tudo isso dá luz à nossa alma e força no leito de definhamento para que possamos sofrer alegremente só mais um pouco para que a verdadeira cor se forme plenamente. Se houver alguma mancha na pedra, óxido de ferro ou qualquer outra coisa, o lapidário coloca a pedra no fogo, aquecida na temperatura adequada para apagar a mancha de óxido de ferro e deixar a cor clara. Isso é castigo. “Por estas coisas vivem os homens” (Is 38:16). Como o pensamento de correção é muito melhor entendido quando percebemos que é uma parte necessária do propósito eterno!


No entanto, uma pedra não pode ser colocada no fogo sem uma cobertura. Quebraria em pedaços. Cristo é a nossa cobertura, pois Sua obra cobre toda a nossa história. Foi Cristo Quem suportou a ira de um Deus que odeia o pecado e, como resultado, nos trouxe a Deus em toda a perfeição de Sua obra consumada. O lapidário faz uma solução de pó de ácido bórico e água, envolvendo completamente a pedra que vai passar pelo fogo. É o mesmo fogo pelo qual Jesus passou sem cobertura. Quando seca, a pedra, com cobertura, é colocada no fogo e ao atingir a temperatura exata a pedra sairá livre de toda impureza e com sua cor adequada, não sendo ela mesma afetada pelo fogo. Tal é a operação de Deus, preparando cada crente e removendo moralmente tudo o que estragaria a cor e a pedra.


Mas é dito: “Eu lançarei os teus alicerces com safiras” (Is 54:11 – TB). As pedras safiras e também os rubis vêm de uma base de corindo, ou óxido de alumínio. Este material não tem cor e é praticamente sem valor no que diz respeito às gemas, mas os processos de calor e pressão nas profundezas da Terra preparam os pedaços de corindo, que por si só não valem nada, em graciosas gemas. Estes farão parte dos fundamentos da cidade celestial. Quando contemplamos o espectro com suas matizes variadas, nosso espírito fica maravilhado com a excelência da manifestação. Assim será para a Terra e para toda a criação quando a glória de Deus finalmente for vista na Igreja por Cristo Jesus.


C. E. Lunden (adaptado)

 

A Pérola


“Outrossim, o Reino dos céus é semelhante ao homem negociante que busca boas pérolas; e, encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha e comprou-a” (Mt 13:45-46).


“Os Teus olhos viram o meu corpo ainda informe, e no Teu livro todas estas coisas foram escritas, as quais iam sendo dia a dia formadas, quando nem ainda uma delas havia. E quão preciosos são para mim, ó Deus, os Teus pensamentos! Quão grande é a soma deles!” (Sl 139:16-17).


Embora o reino dos céus seja comparado tanto ao tesouro quanto à pérola, as lições importantes diferem.


A formação de uma pérola

Um tesouro pode ser composto de muitas peças, como ouro, prata e pedras preciosas, mas a pérola é uma só, não composta de muitas peças. À medida que as pedras preciosas passam pelo fogo, diferentes cores são formadas, cada uma com sua própria cor conforme projetada pelo Pai dos espíritos. Em contraste, a pérola é formada em tecido vivo dentro de uma ostra.


Por causa da irritação constante de matéria estranha depositada na carne da ostra, naturalmente ou por um cultivador, a pérola começa a se desenvolver. “Nácar” (ou madrepérola), a secreção que se acumula sobre a matéria estranha, a “semente”, forma-se uniformemente, e a forma original da “semente” permanece. No momento em que começa a irritação, a secreção começa a fazer a pérola.


O interior da concha da ostra às vezes é chamado de pérola e é composto do mesmo nácar que a pérola. Se não houver irritação, a ostra passará a vida em vantagem presente, enfeitando sua concha por dentro, apenas para apodrecer no final. Da mesma forma, se a consciência do homem não for despertada, ele nunca começa a se preparar para o futuro.


A memória do justo

“A memória do justo é abençoada, mas o nome dos ímpios apodrecerá” (Pv 10:7).


Ele encerra sua vida da mesma maneira que a começou – sem valor, morrendo como viveu. Quando a vida da ostra que formou uma pérola termina, ela deixa algo de valor. É realmente triste ver passar pelo caminho almas que não deixarão nada além de um vaso de barro quando morrerem.


Em um ambiente natural, pérolas foram encontradas no fundo do Mar do Japão e do Oceano Índico. Para o nosso propósito, preferimos falar das pérolas cultivadas, pois são produzidas sob um procedimento ordenado.


A produção de pérolas

As pérolas são formadas apenas no mar. Uma pequena concha, de forma arredondada, com a mesma gravidade específica do material da pérola, é extraída no baixo vale do rio Mississippi. É minuciosamente pequena, mas perfeitamente redonda. Que lição para os pais! O começo da vida tem muito a ver com o seu fim. Esta pequena casca ou semente é enviada para o Mar do Japão, onde a maioria das pérolas cultivadas são formadas. Uma semente é colocada em cada ostra recém-nascida, mas nunca até que a ostra abra sua concha por conta própria. Não é assim na obra de Deus com cada alma individual, quanto à salvação? Cada ostra com semente implantada tem um orifício perfurado na concha através do qual uma pequena linha de dacron é presa e pendurada livre de uma corda lançada ao mar a uma profundidade de temperatura adequada onde há comida (plâncton) para a ostra. Este alimento é um composto de cálcio e proteína. Se muito de qualquer nutriente é dado, uma sombra indesejável é produzida.


A disciplina é uma parte necessária da cultura, como notamos com a implantação da semente irritante.


No livro de Provérbios, o segundo versículo começa com a palavra “conhecer”. “Conhecer” é a experiência de um sábio corrigido e disciplinado. A pérola é uma figura dos indivíduos que formam a Igreja e, a menos que haja correção e disciplina, nunca se conhecerá as coisas espirituais. O arrependimento é o ponto de partida.


Regularmente, cada ostra é esfregada e mantida limpa. Se a substância viva venenosa chamada “maré vermelha” passar flutuando, as ostras são retiradas do mar até que o perigo passe. Tudo isso fala do constante cuidado do Senhor com a Igreja e sua disciplina enquanto aqui na Terra. Leva anos de trabalho manual paciente, pois somente a soberania de Deus pode produzir pérolas em Sua Igreja.


Um símbolo da graciosidade feminina

Uma ostra pode viver até cinco anos. A maioria das pérolas são colhidas antes desse tempo porque podem ser expelidas da ostra se não forem removidas. Elas são colhidos em tamanhos diferentes. Em um colar de pérolas, há uma gradação de uma pérola grande no meio da frente para pequenas na parte de trás. Como é reconfortante para quem perde um filho pequeno saber que o pequenino está seguro em Cristo! O material do qual o grande é feito é o mesmo que o pequeno – Cristo formado em cada crente. “O caminho de Deus é perfeito” (Sl 18:30). Quando as pérolas estão quase prontas para serem coletadas, as ostras são movidas para as águas profundas e frias para realçar o brilho com a tonalidade. Os lustrosos tons pastéis da pérola representam as belezas de Cristo formadas em nós pelo Espírito aqui embaixo, mas para o céu. A pérola é um símbolo da graciosidade feminina. A Igreja tem esse caráter, sendo a noiva de Cristo.


A pérola é um emblema de valor, elegância, esplendor, delicadeza, valor intrínseco e beleza profunda. Essas delicadas graças femininas são formadas dentro da ostra na pérola por meio do sofrimento. Nunca haverá uma pérola onde não houve sofrimento, um elemento necessário da vida Cristã.


Oh, preciosa pérola, fruto da tristeza, labuta e desgaste,

A ferida constante, a dor amarga do vazio aqui experimentado:

Não posso fechar a concha para a dor e o nácar fluir,

Para que, porventura, na colheita, nada além da concha seja mostrado.


O caráter individual

É bastante interessante observar que as pérolas são muito parecidas com as pessoas. Cada uma tem seu próprio caráter e atração. Não há duas iguais. Pode-se conhecer muitas, mas chega um momento em que uma pessoa chama a atenção, e é aquela que realmente está além de todas as outras – aquela desejada.


É assim com o Senhor Jesus. A Igreja custou-Lhe tudo o que Ele tinha, mas Ele a comprou. Nunca em toda a eternidade saberemos quanto custamos a Ele e quanto Ele nos ama. Deve haver uma resposta em nosso coração de acordo com esse amor. A pérola que agora está sendo formada será ajustada para Seu eterno gozo e satisfação. Será a beleza de uma pérola que satisfará Seu coração.


Depois que a pérola é comprada, ela deve ser usada ou perde sua beleza e brilho; deve ser lavada com água e sabão regularmente para manter a beleza lustrosa intacta. Tudo isso fala do exercício da alma e da consciência de que representamos Cristo aqui neste mundo.


As portas de pérola

Cada uma das doze portas da Jerusalém celestial será formada de uma pérola. Que demonstração de glória aos olhos de quem se aproximar da cidade celestial no dia milenar! Essa cidade celestial descerá sobre a Terra em excelência administrativa, uma manifestação da glória revelada de Deus vista na Igreja por Cristo Jesus. A glória será vista por toda a eternidade!


Como nosso coração e vozes se encherão de louvor e adoração quando o clamor abrir o céu para receber a Igreja, introduzindo-a na presença de Deus, na casa do Pai!


C. E. Lunden (adaptado)

 

A Pérola é a Igreja


“E as doze portas eram doze pérolas: cada uma das portas era uma pérola; e a praça da cidade, de ouro puro, como vidro transparente” (Ap 21:21). Nos mistérios do reino dos céus em Mateus 13, temos a figura de uma pérola de grande valor, que, quando um negociante a encontrou, vendeu tudo o que tinha e a comprou (vs. 45-46). O negociante representa Cristo, enquanto a pérola de grande valor é a Igreja em sua beleza moral, valor e unidade. Cristo, embora rico, tornou-Se pobre para poder comprá-la. O grande preço foi o precioso sangue de Sua própria vida. Ele Se entregou a Si mesmo por ela (Ef 5:25). No dia vindouro, as doze portas da cidade santa no alto serão doze pérolas. “Cada uma das portas, respectivamente, era de uma pérola” (JND). A beleza moral da Igreja brilha em cada porta. “E a rua da cidade” é, por assim dizer, pavimentada com pureza, justiça e santidade. Era de “ouro puro”. Não há liga lá. Como a cidade em geral no versículo 18, o ouro puro da rua é claro como vidro transparente. A transparência perfeita a caracteriza inteiramente.


E. H. Chater

 

Cristo Fundou a Igreja


Na parábola da pérola de grande valor, temos novamente a mesma ideia do tesouro escondido no campo, mas modificado por outros. Um homem procurava boas pérolas. Ele sabia do que se tratava. Ele tinha gosto, discernimento, conhecimento daquilo que buscava. Foi a conhecida beleza do objeto que motivou Sua pesquisa. Ele sabe, quando encontra uma que corresponde às Suas ideias, e vê que vale a pena vender tudo para que possa adquiri-la. Vale a pena aos olhos de quem pode estimar seu valor. E Ele não compra mais nada com isso. Assim, Cristo encontrou na Igreja por si só uma beleza e (por causa dessa beleza) um valor, que O fez abrir mão de tudo para obtê-la. É exatamente assim com relação ao reino. Considerando o estado do homem, até mesmo dos judeus, a glória de Deus exigia que todos fossem abandonados para ter esta coisa nova, pois não havia nada no homem que Ele pudesse tomar para Si. Ele não apenas Se contentou em desistir de tudo pela posse dessa coisa nova, mas aquilo que Seu coração busca, aquilo que Ele não encontra em nenhum outro lugar, Ele encontra naquilo que Deus Lhe deu no reino. Ele não comprou nenhuma outra pérola. Até encontrar esta pérola, Ele não teve incentivo para vender tudo o que tinha. Assim que Ele a vê, Sua mente está decidida; Ele abandona tudo por ela. Seu valor O decide, pois Ele sabe julgar e busca com discernimento.


Não digo que os filhos do reino não sejam movidos pelo mesmo princípio. Quando aprendemos o que é ser um filho do reino, abandonamos tudo para desfrutá-lo, para que possamos ser a pérola de grande valor. Mas não compramos o que não é o tesouro, a fim de obtê-lo, e estamos muito longe de procurar boas pérolas antes de encontrarmos aquela de grande valor. Em toda a sua força, essas parábolas se aplicam apenas a Cristo. A intenção dessas parábolas é revelar o que o Senhor estava fazendo então, em contraste com tudo o que havia acontecido antes, com as relações do Senhor com os judeus.


Present Testimony, vol. 7

 

O que a Igreja é para Cristo


Às vezes é bom ver os santos, a Igreja e o povo de Deus em sua própria beleza como vistos por Deus; eleva nossos pensamentos, dá à mente de Deus o que é amável e mostra o que devemos ser. Mas tudo isso está de acordo com o que está na mente de Deus, para que Seus afetos e deleites sejam revelados a nós. Certamente isso nos humilhará quanto ao nosso estado prático. Assim, nas parábolas do tesouro escondido no campo e da pérola de grande valor, temos o que eles são para Cristo. Ele vende tudo o que tem para tê-los, dá Sua vida, tudo, para tê-los, pelo gozo disso; que lugar para ter com Ele! De fato, em uma cena mais elevada, quando na forma de Deus, Ele renunciou à glória exterior, esvaziou-Se a Si mesmo e assumiu a forma de servo. Quando Ele era rico, por nossa causa, tornou-Se pobre, para que nós, por meio de Sua pobreza, fôssemos ricos. Mas, sem dúvida, a parábola se refere especialmente a Ele abrindo mão do que possuía como Messias, mas não excluindo a glória superior. Assim Ele verá o fruto do trabalho de Sua alma em nós e ficará satisfeito. Na parábola da pérola de grande valor, Ele estava procurando o que era especialmente amável e belo; Ele entendeu, estava buscando, de acordo com Sua estimativa do que era belo, e isso estava de acordo com Ele mesmo. Ele encontrou uma especialmente preciosa e vendeu tudo para tê-la – os santos em quem Ele poderia Se deleitar e ficar satisfeito; Ele abriu mão de tudo por eles. Quão preciosos devem ser em Sua mente, pois, de fato, estão de acordo com ela! Ele amou a Igreja e Se entregou por ela, para santificá-la e purificá-la com a lavagem da água pela Palavra, para apresentá-la a Si mesmo uma Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas para que fosse santa e sem defeito – uma pérola de grande valor. Portanto, Ele será, no final, glorificado em Sua Igreja e admirado por todos os que crerem. Quão bendito, e que descanso dá ao coração! Mas mesmo agora Ele diz: “neles, Eu sou glorificado” (Jo 17:10 – ARA).


J. N. Darby

 

“Cada Uma das Portas Era de Uma Só Pérola”


Com relação à Jerusalém celestial, não é a justiça mantida em poder, mas a graça é que será sua característica. Não há nada mais instrutivo do que tomar o que deve ser o caráter da Jerusalém celestial e compará-lo com o da Igreja agora. Devemos estar agora antecipando o que nos tornaremos realmente no dia em que o Senhor nos der glória. Nada que contaminasse entraria naquela cidade celestial: As folhas das árvores eram para a cura das nações. Este deve ser o caráter da Igreja agora – pureza, amor e graça para com o mundo. Nosso lugar é trazer agora aqui abaixo o caráter da graça que será manifestado em glória. Não vemos na Jerusalém celestial a segurança da justiça se manifestando em poder contra os outros, mas em graça. O Paraíso no Jardim do Éden não conhecia a graça; homem inocente poderia viver nele, mas não havia árvore da vida lá para aqueles que falharam. Na Nova Jerusalém, lemos que “a praça [rua – TB] da cidade era de ouro puro”. Ouro é aquilo do qual o propiciatório e o cinto foram feitos. A justiça é o próprio local de caminhada dos santos lá. Em vez de nos contaminar, como o mundo faz agora, e fazer com que nossos pés precisem da lavagem de nosso Sumo Sacerdote, o próprio lugar em que eles andarem será a justiça de Deus. “Vidro transparente” indica verdadeira santidade O caráter da pureza divina é visto na pia, ministrando morte e ressurreição. Então, o lugar do nosso viver – aquilo sobre o qual permanecemos e caminhamos – será a justiça e a verdadeira santidade. Em nós, o mundo verá aquela glória que veremos imediatamente. “Cada uma das portas era de uma só pérola” (Ap 21:21 – AIBB). Eles discernirão em nós a beleza e graça que Jesus colocou em nós.


O caráter da boa pérola

Lemos sobre a Igreja sob o caráter de uma boa pérola, que quando o negociante a encontrou, vendeu tudo o que tinha por ela. Sua rara beleza e atratividade é assim manifestada para o negociante, o que o fez disposto a vender tudo o que tinha por ela. Cristo, por aquela beleza com que Deus revestiu a Igreja, fez o mesmo. A entrada da cidade tem o caráter de graça no fluir do rio da água da vida. Aqui não há pragas e maldições. É muito proveitoso trazer a luz da glória da dispensação vindoura às circunstâncias em que eles se encontram, para que o caráter dessa luz possa ser expresso nessas circunstâncias. O caso dos judeus que andaram na luz da dispensação vindoura – aqueles que tiveram fé e esperança naquilo que não estava presente e que assim obtiveram um bom testemunho pela fé (Hb 11) – trouxe a energia dos pensamentos divinos para suas circunstâncias, embora caminhando obedientemente à dispensação em que estavam.


O reino terrenal e milenar

Eu quero lembrar a uma passagem no Salmo 145, falando da bênção daquele dia, onde temos trazida diante de nós a bênção dos santos na Terra quando o Messias tomar Seu lugar no reino. É uma conversa entre o Messias e os santos judeus daquele dia, afirmando qual será a felicidade deles. A libertação de Israel e o trato de Deus com eles os tornarão competentes para declarar Seus atos ao povo que nascerá. O Messias e Seus santos falam dessas coisas juntos, e dizem às nações Quem é o Deus deles (Sl 145:11-12); então temos o caráter do reino. A ocupação de Israel será a de aprender o caráter de Deus, para torná-lo conhecido aos gentios, e este deve ser a ocupação dos santos agora. O mundo não pode conhecer a Deus, mas somos chamados a ser a “carta de Cristo... (v. 3) conhecida e lida por todos os homens (v. 2) (2 Co 3). A Igreja tem que ser a carta de recomendação de Cristo ao mundo. A Igreja, sendo sido feita participante da graça, pode elevar-se acima de todas as exigências da lei. A inocência não poderia fazer isso. Não havia árvore de cura no jardim do Éden, mas a Igreja sendo feita participante da graça agora, as folhas da árvore são para a cura das nações.


O amor entre Cristo e a Igreja

A maior parte da bênção da Igreja consiste em estar unida ao próprio Senhor. Não é apenas que ela seja glorificada e amada, mas que o Pai nos ama como ama Jesus. A melhor prova desse amor é que Ele deu Jesus por nós. Aquele amor que é trazido através da glória associa a Igreja com o Filho: Ele vem na glória, e a glória que ela terá é consequência do amor. A fonte da glória que será manifestada é ainda mais abençoada do que a manifestação dela. É abençoado ser manifestado em favor, e por quê? Porque o favor da Pessoa é precioso para mim. Em João 17:23 (TB), o Senhor ora para que o mundo conheça que “Tu os amaste, como também amaste a Mim”. Embora o Senhor tenha obtido tudo para nós, quando Ele vem para dar à Sua noiva a glória dela, Ele não diz que isso é uma prova de que Ele a amou. Porém, na bendita auto-ocultação do amor, Ele diz que é o amor do Pai: “Tu os amaste como a mim me amaste”. Isso é extremamente bendito e belo. O Senhor dá testemunho perante o mundo, não que Ele a ama, pois isso foi demonstrado quando Ele satisfez a necessidade dela quanto à pecaminosidade. Não há nada mais precioso do que o amor entre a Igreja e Ele mesmo, mas para o mundo Ele manifesta a Igreja como amada pelo Pai, o Qual lhe dá honra, não em conexão com o pecado e a vergonha. Vemos o mesmo princípio mostrado na história do filho pródigo. Por mais tocante que seja esse amor entre o pecador arruinado e o Pai, que o faz lançar-se ao seu pescoço e beijá-lo, mesmo diante dos servos, Ele o leva para casa com honra, com a melhor roupa e o anel na mão.


Temos que entender a profundidade do amor de Cristo ao encontrar o pecador. Isso traz à tona o valor de Seu amor, mas há algo além disso. Quando Ele amou a Igreja antes da fundação do mundo, é como se o Pai estivesse dando glória a ela e Se deleitando nela. O amor de nosso Senhor Jesus é perfeitamente bendito, tocante e atencioso para conosco; ali as afeições do coração aprendem a deleitar-se n’Ele. Gostaria agora apenas de me referir a uma passagem, Efésios 5:27: “para a apresentar a Si mesmo Igreja gloriosa”. Assim como Deus tomou Eva e a apresentou a Adão, o Último Adão apresentará a Igreja a Si mesmo. Haverá todo o deleite divino em fazê-lo. A Igreja é chamada a esposa do Cordeiro, porque Ele sofreu por ela. É impossível sem sofrimento trazer à tona a plenitude e a fragrância do amor.


A fonte divina

A Jerusalém celestial é mostrada (em Apocalipse 21) como sendo realmente de origem divina, “de Deus descia do céu. E tinha a glória de Deus” (vs. 10-11). Quando pensamos sobre o pecado, sem referência à glória de Deus, ficamos aquém de uma estimativa correta dele. No momento em que provamos a “glória de Deus”, comparado a ela tudo o mais é pecado. A bênção da Igreja não deve ficar aquém dessa glória. O Pai amou a Igreja e a deu ao Filho. A noiva é tirada de Cristo e tem a “glória de Deus”. O homem, tendo obtido o conhecimento do bem e do mal, deve ser miserável ao usar o conhecimento contra Deus; ou deve, por fé, erguer-se acima do mal como Deus está acima dele. Portanto, é este o lugar da Igreja em união com Cristo, e a graça é transformada em glória. Vemos que “a glória de Deus a tem iluminado” e que “o Senhor Deus Todo-Poderoso e o Cordeiro” são o templo dela, não o Pai. Enquanto Deus Se revela em Seus vários carácteres, em Sua sabedoria, em diferentes dispensações, o próprio lugar de adoração da Igreja é aquele que é toda a manifestação da sabedoria e do poder de Deus. “o Senhor Deus Todo-poderoso e o Cordeiro são o seu santuário” (TB). Em Efésios 3:21 lemos: “a Ele seja a glória na Assembleia em Cristo Jesus, para todas as gerações, pelos séculos dos séculos. Amém” (JND). Isso parece elevar a Igreja como a coroa de todas as dispensações, estabelecida como superior e o elo de Deus com todas as dispensações. A glória então será d’Ele: “A Ele seja a glória na Igreja”, de acordo com o poder que opera em nós.


J. N. Darby (adaptado)

 

Uma Rede Lançada ao Mar


Mateus 13:47 diz: “o Reino dos céus é semelhante a uma rede lançada ao mar e que apanha toda qualidade de peixes”. Nesta última parábola, o reino é novamente apresentado como abrangendo toda a Cristandade, como é em seus efeitos e propósito aos olhos de Deus. Os meios usados para isso são comparados a uma rede lançada ao mar. A rede é evidentemente a pregação da cruz de Cristo, enquanto o mar fala dos habitantes da Terra em estado de tumulto e rebeldia. É em tal mundo que a rede do evangelho tem sido lançada e peixes de todos os tipos são capturados. Dentro dos limites da Cristandade existem verdadeiros e falsos discípulos de Cristo.


Que visão diferente é obtida do reino, dependendo se o contemplamos da Terra ou dos lugares celestiais! Da primeira, obtemos apenas suas características exteriores – um grande campo de trigo, mas estragado pelo joio; uma grande árvore, com seus vastos ramos projetando-se para todos os lados; e uma massa de farinha com fermento trabalhando até que tudo esteja levedado. É um sistema que se adapta às características das diferentes nações entre as quais está estabelecido, pois é a intenção de Satanás colocar tais homens sob o controle de uma escravidão sacerdotal, pseudoespiritual, em total violação do propósito de Deus em estabelecer Sua Igreja no mundo. Deus chama à separação do mundo, e é somente quando em "casa", e nossa mente sob a orientação do Espírito Santo, que vemos a extrema contrariedade entre a verdadeira posição do santo e aquela que é assumida pelo mundo professo. Na parábola do joio, é dada a razão por que, ou como, o joio veio a ser misturado com o trigo. Aqui não temos nenhuma razão dada por que a rede envolve tanto os peixes ruins quanto os bons; é simplesmente o fato. A rede é o meio de Deus reunir os Seus.


O caráter misto do reino

Esta parábola da rede e a do campo de joio têm essa semelhança, pois ambas nos apresentam o caráter misto do reino. Elas diferem porque a última vê o reino durante a continuação da era atual; o primeiro revela o que, em sua maior parte, ocorre no final. Assim, na parábola da rede, o grande pensamento está no ato dos pescadores selecionarem os bons e os colocarem nos cestos, e rejeitarem os ruins. Os pescadores não são os agentes ativos na punição dos maus: eles simplesmente os abandonam, lançando-os fora. Os anjos aqui, como na parábola do joio, são os executores da vingança de Deus. É uma imagem do todo como aparece para Deus, como Ele deseja que Seus santos vejam, e os meios que Ele adotou para chamar Seu povo do mundo. É o encerramento da era atual.


Os bons são primeiro cuidados e colocados em cestos por aqueles aptos para esse trabalho; depois dessa seleção (não se diz quanto tempo), os anjos fazem o seu trabalho. A colocação dos bons em cestos não se limita a um ato, mas dá o caráter do tempo que decorrerá desde a primeira separação até o estabelecimento do reino milenar. E sabemos que o Arrebatamento da Igreja ocorrerá antes que o julgamento caia sobre os ímpios, pois a Igreja de Deus é sempre orientada a esperar a vinda do Senhor Jesus a qualquer momento. Seus discípulos devem estar sempre esperando, sempre aguardando. Mas há muitas profecias que devem ser cumpridas antes que Sua (e nossa!) Aparição possa acontecer; há sinais dados que darão início ao grande e terrível dia do Senhor.


O terreno purificado

A reunião dos bons peixes em cestos pelos pescadores é evidentemente um ato distinto da separação dos ímpios dentre os justos . Os pescadores colhem os bons em cestos, para cuidar e preservá-los — um ato de interesse e valorização. Os anjos separam os ímpios dentre os justos. É o contraste daqueles que buscaram os bons; esses buscam os maus para puni-los e “lançá-los na fornalha de fogo” – um ato de vingança e ira. O termo “os justos”, então, compreende mais santos do que aqueles que estão em pleno privilégio de Pentecoste; alguns deles foram mortos, participando da primeira ressurreição; alguns não são mortos, mas preservados para formar o núcleo vivo do reino milenar. No final da tribulação, a besta e o falso profeta são lançados vivos no abismo. Então os anjos aparecem e percorrem todo o reino para colher todas as coisas que ofendem. Então o terreno do reino será purificado; amizades terrenais, gêneros e associações serão ignorados por esses mensageiros. Dois homens estarão no campo e duas mulheres no moinho: um será levado e o outro deixado. Seja no exterior ou em casa, os anjos separarão os ímpios dos justos.


Dois aspectos do reino

Em suma, temos nestas parábolas um resumo da história do mundo religioso, desde o primeiro advento do Senhor até o segundo, apresentado sob dois aspectos gerais. Existe o dom da salvação pela graça para o homem, e então o que o homem fez disso. Há também o que Deus fez, apesar da perversidade do homem, e o término de tudo, mau e bom. Ficamos no ponto de partida e olhamos a cena até o final, tendo uma visão panorâmica do todo. O caráter do reino logo degenera e o homem e o inimigo têm a ver com isso; o joio se espalha e dá caráter ao campo. A colheita está estragada, embora o Filho do Homem a tenha semeado! Mas embora o joio tenha arruinado a obra de Deus, o trigo também está lá. Esses dois coexistem até o fim, quando ocorre a grande separação. Nas parábolas da árvore e do fermento, desenvolve-se o mal; no tesouro escondido e na pérola, a realização do propósito de Deus aparece, apesar da influência nociva de Satanás. Mas Deus não abre mão de Seu desígnio. O tesouro é encontrado e protegido. Tudo é dado pela pérola, que mostra Sua graça e amor, e Ele é glorificado.


A última parábola, a rede, destaca visivelmente o tempo do fim. As duas partes no reino são vistas juntas novamente, mas apenas para serem separadas para sempre, quando chega o fim do século e o julgamento recai sobre os ímpios. A história da Cristandade acabou; o reino milenar começa. “Então os justos resplandecerão como o Sol no reino de seu Pai” (Mt 13:43).


R. Beacon (adaptado)

 

A Rede do Evangelho


A rede do evangelho foi lançada ao mar das nações e envolveu todos os tipos. Após esta reunião geral, que encheu a rede, os agentes do Senhor, tratando dos bons, os reúnem, separando-os dos maus. Observe aqui que esta não é a reunião primitiva da Igreja, mas uma semelhança do reino. É o caráter que o reino assume, quando o evangelho reúne uma massa de bons e maus. No final, quando a rede é puxada, de modo que todos os tipos são encerrados nela, os bons são separados, porque são preciosos; os outros ficam. Os bons são reunidos em cestos. Os santos são reunidos, não pelos anjos, mas pelo trabalho daqueles que trabalharam em nome do Senhor.


A execução da sentença é outra questão. Os trabalhadores não têm nada a ver com isso. Na consumação do século, os anjos sairão e separarão os ímpios dentre os justos e os lançarão na fornalha de fogo, onde haverá choro e ranger de dentes. Aqui, nada é dito sobre o justo. Reuni-los em cestos não era obra dos anjos, mas dos pescadores. O resultado público foi dado, seja durante o período do reino dos céus ou depois na parábola do joio. Não é repetido aqui. O trabalho a ser feito em relação aos justos quando a rede estiver cheia é adicionado aqui. O destino dos ímpios é repetido, para distinguir o trabalho feito com relação a eles, daquele realizado por meio dos pescadores que juntam os bons em vários cestos. Ainda assim, apresenta-se sob outro aspecto.


Present Testimony, vol. 7

 

A Rede de Puxar


“o reino dos céus é semelhante a uma rede lançada ao mar e que apanha toda qualidade de peixes. E, estando cheia, a puxam para a praia e, assentando-se, apanham para os cestos os bons; os ruins, porém, lançam fora” (Mt 13:47-48). Aqui temos os resultados finais das operações de Deus, do homem e de Satanás durante o período chamado Cristandade. Como uma rede lançada ao mar, o evangelho se espalhou por todo o mundo, com seu tocante apelo aos homens de todas as nações. Alcançou resultados que são manifestos aos olhos de todos. Tanto os bons quanto os maus foram reunidos: os peixes bons representam aqueles que, tendo humildemente reconhecido sua culpa e ruína, foram purificados de seus pecados pelo precioso sangue do Salvador; os maus são aqueles que se professam e se dizem Cristãos, mas sem amor pela Pessoa do Salvador e sem fé viva no evangelho. Embora erros de discernimento sejam muito possíveis, todos aqueles que verdadeiramente pertencem a Cristo são solenemente responsáveis por distinguir, no temor divino, entre aqueles que são bons e os maus, associando-se a um e evitando o outro.


O fim do século

Quando a rede do evangelho estiver cheia, ela será puxada para a praia. Quando isso acontecerá, ninguém sabe, exceto Deus, embora tudo ao nosso redor seja sugestivo de que o fim do século está se aproximando. Então ocorrerá a grande separação, que separará os ímpios dos piedosos para sempre, até mesmo da comunhão exterior. De acordo com o ensino da parábola, o dever dos pescadores era cuidar dos peixes bons. Esta é a presente responsabilidade daqueles que neste dia servem ao Cristo que está ausente. Os pescadores simplesmente lançam fora da rede o peixe mau; não eram estes que eles estavam pescando. O julgamento de Deus sobre os falsos professantes será aplicado, não por mãos humanas, mas por poder angelical. “Assim será na consumação do século: sairão os anjos, e separarão os maus dentre os justos, e os lançarão na fornalha acesa; ali haverá choro e ranger de dentes” (Mt 13:49-50). Tal é o fim da Cristandade, conforme descrito por Deus mesmo; não o mundo inteiro sujeitado a Cristo pela operação de agências religiosas, mas ruína eterna para muitos que passaram entre seus companheiros como Cristãos. O Salvador, sem dúvida, terá os Seus, embora a discriminação final por Sua mão infalível revele uma quantidade terrível de irrealidade e hipocrisia no círculo daqueles que, de uma forma ou de outra, levam Seu santo nome.


W. W. Fereday (adaptado)

 

Coisas Novas e Velhas


Depois de expor a parábola do semeador, que dá a base do tratamento de Deus com o homem no reino dos céus, e depois seis das semelhanças do reino, nosso Senhor pergunta a Seus discípulos: “Entendestes todas estas coisas?” (Mt 13:51). Eles imediatamente respondem: “Sim, Senhor”. Sem dúvida, eles tinham mais inteligência do que aqueles ao seu redor, pois não apenas ouviram as parábolas, mas também conheceram em privado as explicações que nosso Senhor lhes deu. Ele poderia dizer-lhes: “Mas bem-aventurados os vossos olhos, porque veem, e os vossos ouvidos, porque ouvem. Porque em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes e não o viram, e ouvir o que vós ouvis, e não o ouviram” (Mt 13:16-17). No entanto, quando o Espírito Santo desceu no dia de Pentecostes e habitou naqueles mesmos discípulos, eles devem ter percebido quão pouco eles realmente haviam entendido. Não foi até que o Espírito Santo desceu e habitou em cada verdadeiro crente que houve verdadeira inteligência nas coisas divinas.


Assim, nosso Senhor estava olhando para aquele dia em que eles, sendo “instruídos acerca do reino dos céus”, seriam capazes de tirar de seu tesouro “coisas novas e velhas”. Esta é uma expressão notável, que une as revelações que Deus deu no Velho Testamento e as que Ele deu agora, como consequência da plena demonstração de Sua graça em Seu Filho amado. As “coisas velhas” já haviam sido dadas, mas agora Deus iria proferir “coisas ocultas desde a criação do mundo” (Mt 13:35). J. G. Bellett expressou isso muito bem:


“Terrenal” e “Celestial”

“Agora sabemos que o Senhor Jesus Cristo tomou o lugar do distinto Profeta – o Profeta das coisas novas, e assim, em medida, faz todo aquele instruído no reino dos céus (Mt 13:35, 52). Nesse sentido, o menor ali (no reino dos céus) é maior que João Batista (Mt 11:11). Paulo estava eminentemente entre esses escribas instruídos, estando consciente de que estava trazendo as coisas novas (veja 1 Coríntios 2; Efésios 3; Colossenses 1), coisas mantidas em segredo ou mistérios ocultos. E nenhum escriba é devidamente instruído no reino dos céus ou um mestre devido na presente dispensação que não discerne entre as coisas 'novas e velhas'.


“Mas tanto as coisas velhas como as novas são da graça. A diferença está no fato de o velho ser judeu ou terrenal; o novo ser da Igreja ou celestial (Jo 3:12). Esta é a diferença. Mas as coisas velhas ou judaicas falam muito distintamente da graça e salvação. Israel tendo se destruído pela desobediência, Deus finalmente Se levantará em graça para sua ajuda e recuperação. Eles agora são um povo disperso e julgado, mas novamente serão reunidos e abençoados sob o verdadeiro Davi, o verdadeiro Rei de Sião, o verdadeiro Leão de Judá. E na integridade de um coração que nunca pode desviar e na habilidade de uma mão que nunca pode errar, Ele manterá e alimentará Seu rebanho judeu em suas montanhas nativas” (J. G. Bellett).


Coisas novas

Essas coisas novas são mencionadas mais tarde, quando lemos, em Efésios 3:8, a frase “as insondáveis riquezas de Cristo” (ARA). Certamente elas são insondáveis, pois toda a eternidade não esgotará essas riquezas! Quanto muito menos podemos chegar ao fim delas durante nossa vida aqui abaixo! No entanto, em outro sentido, essas riquezas eram insondáveis no Velho Testamento, pois não foram reveladas até que um Cristo ascendido as deu a Paulo por revelação divina. Eles são sondáveis agora, pois foram reveladas, embora nossa apreensão e prazer delas possam ser muito limitados. Mas agora temos o direito de ter todos esses tesouros – “coisas novas e velhas” – não apenas para nosso próprio prazer, mas para serem trazidos à luz para a bênção de outros.


Instruído no reino

É importante ser “instruído no reino dos céus” nas coisas novas e velhas. Mas notamos uma ordem aqui; as coisas novas são mencionadas antes das velhas. Isso deixa claro para nós que, embora haja de fato muitos tesouros nas coisas velhas - as coisas que nos foram dadas no Velho Testamento sob o judaísmo - elas são totalmente reveladas apenas por termos conhecimento das coisas novas – essas coisas agora reveladas pelo Espírito Santo, enquanto o Rei legítimo está ausente. Muitos princípios e verdades dados a nós no Novo Testamento são ilustrados para nós por várias vidas e incidentes registrados nos livros do Velho Testamento. Da mesma forma, as profecias dadas no Velho Testamento se encaixam e complementam as dadas no Novo Testamento. No entanto, para entender e colocar essas profecias em seu devido lugar, a verdade do Novo Testamento deve ser entendida.


Assim, Daniel, quando recebeu as maravilhosas profecias sobre o futuro de seu povo, teve que dizer no final: “Ouvi, mas não entendi” (Dn 12:8). A única resposta que recebeu foi: “Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até ao tempo do fim” (Dn 12:9). Elas permaneceram para aqueles de um dia futuro, que entenderiam as coisas novas, e que seriam capazes de colocar as profecias de Daniel em uma perspectiva correta. Verdadeiramente nós, que vivemos neste tempo do reino dos céus e no tempo da graça de Deus, somos um povo mais privilegiado! Todas as coisas, novas e velhas, existem para nossa instrução e regozijo.


W. J. Prost

 

A Pérola de Grande Valor

Do alto o Senhor contemplou, antes que os mundos começassem,

Como se fosse a morada do homem,

Esta terra fecunda, contaminada pelo pecado e pelo ódio,

Afastada de Deus, pervertida, rebelde, selvagem.

Mas sob a massa de pecado e vício,

Ele viu uma pérola de valor inestimável e incomparável;

Sobre ela Ele colocou Seu coração ansioso, e então

Deu tudo o que tinha e comprou a joia sem igual.

Ao possui-la, Seu gracioso propósito é

Fazê-la brilhar em bem-aventurança eterna;

Poli-la agora é Seu cuidado constante,

Sua imagem em sua bela face testemunhar.

A. M. B

 

“O reino dos céus é semelhante a uma rede lançada ao mar e que apanha toda qualidade de peixes.”


Mt 13:47

 



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