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O Que é o Batismo e Quem Deve Ser Batizado

S. M. Anglin



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ÍNDICE



 

Introdução

O artigo aqui reproduzido é de um irmão que já partiu há muito tempo. É apresentado aos nossos leitores com o desejo de ajudar neste assunto. Se alguém acredita que a imersão dos crentes é a única forma de batismo ensinada nas Escrituras, ou se ele acredita que os cabeças de casas têm o privilégio de levar suas famílias com eles ao terreno Cristão, acreditamos que ambos serão edificados por uma leitura cuidadosa deste artigo, em oração.


Nem tudo o que poderia ser dito foi falado de ambos os lados, e se algum de nossos leitores desejar nos escrever sobre esse assunto com um espírito gracioso, com o objetivo de promover a unidade de mente e coração, teremos o maior prazer em ouvi-los.


“Sede perfeitos, sede consolados, sede de um mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz será convosco” (2 Co 13:11).


O seguinte artigo foi publicado em série no “The Steward” em 1940 e 1941. Desde então, recebemos vários pedidos e enviamos novamente em formato de livreto. Deve-se dizer que esta reimpressão foi retirada da “The Steward”, e parece ter havido várias impressões erradas, que foram corrigidas da melhor maneira possível, pois não tínhamos o artigo original.


Talvez eu deva acrescentar que meu pai, John L. Willis, editor original da “The Steward”, me deixou o manuscrito deste panfleto, incluindo esta introdução da página anterior, pouco antes de partir para estar com o Senhor. Ele me disse que o estava segurando há algum tempo e hesitou em publicá-lo, por causa da controvérsia que havia sobre o assunto, mas disse que, por acreditar que continha apenas a Verdade de Deus, não deveríamos evitar publicá-lo e esperava que ele aparecesse na “The Steward”. Eu hesitei vários anos antes de publicá-lo, mas finalmente senti que meu Pai estava certo e assim o enviei há dezessete anos, e é novamente enviado desta forma, orando fervorosamente para que não provoque amargura ou controvérsia, mas que a exposição simples e direta desse assunto (tão pouco entendida por muitos Cristãos) possa ser uma bênção para a Igreja de Deus.

G. C. W.

 

O Que é o Batismo e Quem Deve Ser Batizado

É bom lembrar que este é um momento de confusão e dificuldade e, portanto, aquilo que no princípio era claro o suficiente para ser entendido por todos, não é tão facilmente apreendido agora, mas muitas vezes envolve a renúncia de muitos pensamentos apreciados que se infiltraram pouco a pouco na mente, talvez desde a infância.


Além disso, há sempre uma tendência a ir a extremos, e muitos, ao descobrirem que o que haviam recebido e retido estava errado e que os homens haviam pervertido e abusado do que Deus havia dado, vão para um extremo oposto e abandonam o que é correto em si, embora conectados, nos sistemas de homens, com o que está errado. Creio que essa é a causa de grande parte das dificuldades que é sentida por muitos hoje em relação ao batismo.


A única maneira segura é seguirmos as Escrituras sem procurar suporte para o que preferimos, ou que possamos estar mantendo, talvez com muita tenacidade.

Voltemos agora à Escritura e procuremos verificar, a partir das várias passagens em que o batismo é mencionado, quais são os seus ensinamentos.


Em primeiro lugar, devemos investigar o que é o batismo e, em conexão com isso, notaremos brevemente o que ele não é, embora afirmado por muitos que seja.


O batismo, então, não é a obediência de um Cristão a um comando, pois a circuncisão era a obediência de um judeu a um comando. Quantas vezes ouvimos ser dito: “Temos o claro comando das Escrituras: ‘Creia e seja batizado’”, esta é a fortaleza de muitos e, no entanto, não existe tal expressão na Palavra, nem de fato algum mandamento para ser batizado. O comando em Mateus 28 é para os apóstolos “fazei discípulos de todas as nações, batizando-os... (ARA) e em Marcos 16: “pregai o evangelho a toda criatura”, e depois uma declaração do Senhor sobre as consequências para todos aqueles que ouvirem o evangelho. Isso é muito diferente de um comando para ser batizado.


Eu imediatamente diria que estabelecer o batismo como um mandamento, da maneira mencionada, é totalmente antibíblico. Está trazendo ao Cristianismo o princípio legalista de obediência às ordenanças como um meio de bênção e isso gera escravidão, é, de fato, totalmente contrário ao espírito do Cristianismo.


Novamente, o batismo não é um sinal ou uma confissão pública de que já estamos mortos e ressuscitados com Cristo. Em nenhum lugar a Escritura afirma isso, nem afirma que o batismo é um sinal ou símbolo de algo previamente verdadeiro na pessoa que foi batizada.


Voltando agora ao que é o batismo, descobrimos em primeiro lugar que a Escritura nos apresenta o batismo como sendo a recepção de judeus ou gentios ao terreno Cristão (não me refiro ao batismo de João aqui, que era bem distinto do batismo Cristão, embora que em princípio sejam parecidos. O batismo de João estava conectado com e constituía um remanescente professamente arrependido dentro do judaísmo. Já o batismo Cristão está conectado com e constitui um remanescente separado do judaísmo, ao qual outros, dentre os gentios, foram posteriormente adicionados). Ele faz da pessoa que foi batizada um Cristão, quanto à sua posição aqui na Terra, e o introduz nos privilégios exteriores do Cristianismo.


Atos 2 prova isso claramente, e agora vamos considerar esta passagem. O apóstolo, pelo Espírito Santo, tinha acabado de trazer à tona aos judeus a sua culpa no homicídio de seu Messias. Eles rejeitaram Aquele em Quem todas as promessas e bênçãos estavam centradas, e agora, em vez de serem considerados como estando em uma posição de favor e privilégio, Pedro provou a eles que estavam sob culpa e condenação. Isso é trazido de maneira tão vívida diante deles, que 3.000 (três mil) são completamente convencidos e clamam “Que faremos, varões irmãos?” (v. 37).


A partir da resposta de Pedro, podemos perceber claramente o significado e o propósito do batismo da maneira como ele os orienta a agir, primeiro, “arrependei-vos”, isto é, julguem-se a si mesmos e o terreno que ocupam diante de Deus, estando identificados com a uma nação apóstata, e depois sejam recebidos em um terreno completamente novo, e isso evidentemente pelo batismo, como ele acrescenta, “e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo”.


Citar isso como prova de que o batismo é um mandamento é propagar o erro de que um pecador recebe perdão pela obediência a uma ordenança, o que é má doutrina, pois claramente eles eram pecadores e não santos, estes a quem o apóstolo estava se dirigindo.


Devemos lembrar de que na mente deles o julgamento e a bênção estavam associados ao governo de Deus na Terra, e o que eles entenderam foi que a sua posição não era mais de favor e bênção, mas de culpa e juízo no governo de Deus e eles desejavam escapar disto. Mas como eles deveriam fazer isso e qual era o novo terreno para o qual deveriam ser trazidos?


Dois pontos principais no discurso de Pedro, além da questão da culpa deles, deixam isso claro, a saber, a exaltação de Cristo e a descida do Espírito Santo. Ele diz no versículo 36: “a esse Jesus, a Quem vós crucificastes, Deus O fez Senhor e Cristo”. Isso imediatamente deu início ao terreno Cristão – que é algo novo, fora da Terra. Evidentemente, neste capítulo, o batismo os trouxe a esse terreno, não havia mais perdão dos pecados no judaísmo, nem em conexão com seus sacrifícios, nem o Espírito Santo foi dado aos judeus como tais. Tudo isso estava completamente fora deles agora e a única maneira de um judeu escapar de ser identificado com sua nação e compartilhar de seus juízos, era ser levado ao terreno Cristão. Pedro pede no versículo 40: “Salvai-vos desta geração perversa”. Observe que eles são instruídos aqui, a se salvarem, e isto está de acordo com o que acabamos de dizer e com o teor de todo o capítulo. Observe também o versículo 39, que está intimamente ligado ao versículo 38, e de fato faz parte da resposta de Pedro à pergunta deles: “Que faremos, varões irmãos?”


É bom observar que o capítulo 3 apresenta um caráter diferente de bênção do que temos no capítulo 2 e, como ajuda no entendimento de ambos se percebermos essa diferença. Faremos uma breve referência a ela.


No capítulo 3 a culpa da nação também é pressionada sobre eles, mas ali eles são tratados como uma nação e chamados ao arrependimento como tal, também é dito que Deus enviaria Jesus, etc. enquanto no capítulo 2 é dito que o Espírito Santo havia sido dado, e Jesus havia sido exaltado nas alturas e feito Senhor e Cristo, uma coisa nova, como já observamos, fora da nação como tal, e em conexão com a qual temos arrependimento e o batismo para remissão de pecados e também pela exortação: “Salvai-vos desta geração perversa”.


Mas então poderia ser dito que o batismo somente é usado com relação aos judeus e sua culpa especial. Consideraremos, então, o caso de Cornélio e sua companhia (Atos 10), que eram gentios. Não podemos deixar de ver que o batismo é usado com o mesmo pensamento e com o mesmo objetivo, ou seja, receber em terreno Cristão aqueles que estavam do lado de fora dele, e os meios de recepção são os mesmos, tanto para gentios quanto para judeus. Não se trata de nacionalidade, nem idade, nem condição da pessoa batizada, mas do objetivo do batismo, e onde coloca aqueles que são submetidos a ele.


Cornélio e seus amigos haviam acabado de receber o Espírito Santo (e estavam, quanto ao estado de suas almas, em uma condição muito diferente da dos 3.000 em Atos 2) e é porque Pedro vê isto que ele não pode recusar a admissão deles na posição de privilégios do Cristianismo. Esta é a força de sua observação para seus companheiros da circuncisão: “Pode alguém porventura recusar a água, para que não sejam batizados estes, que também receberam como nós o Espírito Santo?”


Em sua mente, o batismo estava claramente conectado com privilégios, ou então suas palavras não teriam significado; mas não era admissão nos privilégios do judaísmo, ou ele teria dito: “pode alguém, porventura, proibir a circuncisão”. Assim, posso dizer que o batismo suplanta a circuncisão, como o Cristianismo suplanta o judaísmo.


Aqui, novamente, não é a obediência dos que são batizados por causa de uma ordem, mas a recepção das pessoas que Pedro percebeu que deveriam ser recebidas. Deus já os tinha para Si e havia lhes dado o Dom maior, não fazendo distinção entre eles e a circuncisão, e assim o caminho para sua recepção era claro. Pedro reconhece isso e, por assim dizer, fala aos que estavam com ele (pois suas observações e instruções são dirigidas a seus companheiros da circuncisão): “Traga-os para dentro, eles não devem ser mantidos do lado de fora”, e eles fizeram isso, batizando-os.


Nesse caso, é bem claro que não se pensava em dar um testemunho público ou privado de que eles estavam mortos e ressurretos com Cristo, pois quem diria que isso era verdade em Atos 2? E o que Cornélio e seus amigos sabiam dessa verdade, que só foi ensinada por Paulo depois que milhares já haviam sido batizados?


Mas, novamente, o batismo é “a Cristo” – não a Cristo como Messias na Terra, mas exaltado depois de ter morrido. Deus O fez Senhor e Cristo, e isso é reconhecido no batismo. Esse reconhecimento de Cristo como Senhor está apenas em conexão com o Cristianismo durante esta presente dispensação, ou período da Igreja. Os judeus O rejeitaram e ainda O rejeitam, os gentios estavam fora de tudo em termos posicionais e afundados em idolatria. Judeus e gentios eram inimigos de Deus e culpados diante d’Ele, ambos também se uniram para rejeitar e crucificar Cristo, mas Deus O ressuscitou e O glorificou e enviou o Espírito Santo para dar testemunho d’Ele. Assim, Jesus é o Senhor de todos, e o batismo deve ser sempre a Ele como Senhor (veja 1 Coríntios 10, “batizado a Moisés” – JND), e aquele que é batizado é trazido ao terreno onde Sua autoridade é reconhecida e sendo batizado a Ele, é responsável em confessá-Lo de modo prático.


É claro que onde não há uma obra na alma, não haverá lealdade a Ele. Esse, no entanto, não é o ponto que estamos considerando agora, mas o que o batismo é e faz para os que se sujeitam a ele. Batismo é “a Cristo”.


É também “à Sua morte” (Rm 6:3 – JND). Não na sua morte, mas à sua morte. Somos batizados a um Cristo que morreu e não a um Messias na Terra. É somente por Sua morte que podemos ter o que é apresentado e desfrutado no Cristianismo. Portanto, o apóstolo continua, em Romanos 6, dizendo: “Fomos sepultados com Ele pelo batismo à morte” (v. 4 – JND). Assim (estamos aprendendo da Escritura), o batismo é o sepultamento à morte, não uma figura que eu já havia sido sepultado, mas diz: “sepultado... pelo batismo”, é isso que a Escritura diz. Não diz ressuscitado pelo batismo, mas “sepultados... à morte”. Colossenses 2:11-12 diz o mesmo, mas visto que o Espírito Santo está ali expondo o crente como morto e ressuscitado com Cristo, Ele acrescenta, “No Qual [ou em Quem – JND]... n’Ele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que O ressuscitou dentre os mortos” (ACF). Aqui nós temos, conectada com o batismo e seguindo-o, a na operação de Deus, e sendo ressuscitados pela fé, mas sendo sepultados pelo batismo.


Romanos não vê os crentes como já estando ressuscitados com Cristo de maneira alguma. Citar Romanos 6 como prova de que o batismo é um símbolo de estarmos mortos e ressuscitados com Cristo, como muitas vezes é feito, juntamente com o restante, é ignorância do escopo da epístola.


Em seguida, o batismo é “revestir-se Cristo” e Gálatas 3:27 afirma isso categoricamente. Não é pela fé, mas pelo batismo que nos vestimos de Cristo. O versículo anterior coloca a fé em sua conexão apropriada: “Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus”, e esses dois versículos não devem ser confundidos, como se eles transmitissem a mesma ideia, ou então o ponto e a força de ambos serão destruídos. Quando entendidos corretamente, ajudam muito a uma concepção adequada do que é o batismo bem como sua ideia e lugar na Escritura, e ainda provam o que já foi dito, que o batismo está conectado a uma posição exterior na Terra, enquanto a fé tem a ver com o estado da alma diante de Deus, e nosso relacionamento com Ele e com o Céu, com o que é invisível e eterno. Com essas coisas o batismo nada tem a ver.


Os gálatas estavam voltando à lei, o que só os levava novamente à escravidão – ao lugar de servos – o Espírito Santo, portanto, pressiona sobre eles a verdade de que são filhos e não servos dizendo: “todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus”, não pelo batismo, de forma alguma. Esta é a força do raciocínio do apóstolo. Ele então segue para o batismo deles e fala, por assim dizer: “vocês se vestiram de Cristo quando foram batizados (todos quantos foram batizados), e para quê querem se vestir de Moisés?” Eles foram exteriormente identificados com Cristo pelo batismo – O vestiram. Assim como no Velho Testamento Israel foi batizado a Moisés na nuvem e no mar. Todos foram batizados a ele – homens, mulheres e crianças – e, portanto, estavam exteriormente conectados a ele e sob sua autoridade. Como eles agiram depois é outra coisa, ou se tinham fé ou não, isto foi deixado ao deserto o manifestar.


Essa epístola foi escrita para aqueles que tinham fé, mas o ponto agora diante de nós não é se eles tiveram fé ou não quando foram batizados, mas o que era o seu batismo, “revestirdes de Cristo”, e não um sinal de que eles já haviam se vestido anteriormente.

Em Romanos 13 temos: “Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo”, o que é outra coisa. É o que aqueles em Roma são exortados a fazer, apesar de terem sido batizados anteriormente e, portanto, já “terem se vestido de Cristo”, de acordo com Gálatas 3:27. Porém Romanos 13 se refere a manifestação prática d’Ele (esta é a razão de ser usado Seu nome completo) em nossa caminhada aqui na Terra.


Uma pessoa pode vestir um uniforme e ser um traidor em seu coração, opondo-se ao espírito do capitão, mas ele será sempre responsável como alguém que se vestiu e permanece em um terreno diferente daqueles que nunca professaram estar submetidos ao capitão.


Em conexão com isso, quero fazer referência a 1 Coríntios 15:29, um versículo que muitos não entendem. A figura usada aqui é de um exército exposto ao ataque do inimigo, que os estava derrubando – matando-os – mas outros estavam constantemente entrando e ocupando seus lugares nas fileiras. O apóstolo pergunta, por assim dizer: “Qual é o benefício de fazer isso se não houver ressurreição, melhor é estar fora do exército, melhor não colocar o uniforme, mas aproveitar o mundo. Vamos comer e beber porque amanhã morrermos”. Mas o versículo prova que o batismo deles os colocou neste lugar – os conectou a Cristo e os separou professamente do mundo – eles haviam vestido Cristo. Veremos depois como isso se aplica à família dos Cristãos.


Passo agora a 1 Pedro 3:21, onde é dito que “o batismo, agora também vos salva”, e isso requer um exame cuidadoso.


Devemos lembrar que aqui, como em outros lugares, não estamos recebendo uma exposição do apóstolo sobre o que é o batismo, mas o tema é trazido em conexão com o assunto diante dele, porque fazia referência ao assunto. Precisamos primeiro ver qual é o assunto onde a referência ocorre, ou então teremos uma interpretação particular (individual).


Nas epístolas de Pedro, o governo de Deus, os vários efeitos desse governo e seus súditos são trazidos diante de nós.


A primeira epístola se refere ao Seu governo em conexão com os justos, e na segunda com relação aos iníquos, não temos nesta epístola a verdade de que o crente está morto e ressuscitado com Cristo, embora os versículos acima tenham sido citados algumas vezes para justificar este ponto de vista, em vez de deixar que seus pontos de vista sejam formados pela Escritura.


A epístola foi escrita para crentes judeus, cujas mentes foram formadas pelos já conhecidos caminhos de Deus em governo na Terra, e que já estavam familiarizados com eles, e acostumados a procurar por bênção, paz e libertação na Terra como a porção dos justos – aqueles que agiram com uma boa consciência. Agora eles se tornaram Cristãos com uma boa consciência, na plena confiança de que era a vontade de Deus que eles tratassem o judaísmo como algo apóstata e condenado e não estando mais sob Seu favor, mas com Sua ira pairando sobre os que ainda estavam nele, isto é, ira na Terra sob Seu governo, do qual temos um exemplo na destruição de Jerusalém por Tito. Era uma coisa nacional, envolvendo suas famílias e a si mesmos, como haviam dito: “O Seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos”.


Mas, embora Pedro diga: “O batismo, agora também vos salva”, isso não era tão aparente para eles, pois estavam sofrendo perseguição e sofrendo sob sua própria nação e outras. Por isso ficaram perplexos e sua boa consciência exigiu a explicação: “Por que isso está acontecendo?”


(Observe aqui a diferença entre uma boa consciência e uma consciência purificada, uma distinção muito necessária para entender esta porção).


No capítulo 3, Pedro faz alusão a esses sofrimentos e depois se refere ao batismo deles, que os separou exteriormente da nação, e os salvou da ira e julgamento governamental aos quais aludimos, levando-os ao lugar onde o perdão dos pecados era conhecido, e o poder do Espírito Santo se manifestava. Ele então procura encorajá-los nessa posição e lhes mostra como as circunstâncias em que estavam eram de acordo com seu lugar atual e sua conexão com Cristo, durante o tempo em que Deus estava esperando em graça, com longa paciência, para com os impenitentes, pois, embora o julgamento fosse certo para os que permaneceram assim, Deus agora estava demonstrando Sua paciência por meio deles. Enquanto Deus esperava, esses justos (embora sofrendo sob os caminhos governamentais de Deus) não precisavam temer ser oprimidos pelos juízos, como se estivessem sofrendo sob a ira de Deus, pois não era isso, mas sim como Noé, que em seus dias passou pelo dilúvio e foi salvo por ele e finalmente foi trazido para além de tudo aquilo, assim eles, embora agora sofressem governo de Deus, tiveram a garantia na ressurreição de Cristo e por causa dela, de libertação completa de tudo o que estavam passando, que tinha vindo sobre eles desde a sua separação do judaísmo pelo batismo.


Eles escaparam e foram salvos da ira e do julgamento da nação, e foram identificados com Cristo, que, tendo passado por sofrimentos e morte, havia sido ressuscitado dentre os mortos, e todo o poder Lhe havia sido dado. Assim, o caso do dilúvio é apresentado como um exemplo, tanto da longanimidade de Deus quando o Espírito de Cristo (por Noé) pregava àqueles cujos espíritos estão agora em prisão, exibindo também a ira e o julgamento de Deus sobre os impenitentes, bem como a salvação dos justos (e de sua família no governo de Deus). Mas estes foram salvos pela água, que era o instrumento de ruína e morte para os outros.


Nesse caso, a água do dilúvio chegou ao mesmo tempo para todos, e Noé foi salvo por ela. No tempo em que Pedro estava escrevendo, enquanto os princípios do governo de Deus eram os mesmos, ainda assim os justos estavam passando pelo julgamento, antes que o julgamento caísse sobre os ímpios, e durante o tempo de Sua longanimidade para com eles, mas, embora sofrendo e sendo provados, eles não precisavam temer como se fosse a ira de Deus, eles podiam ter certeza da libertação total e final de todos, da mesma forma como Noé foi salvo pela água “figurando o batismo, agora também vos salva (...) por meio da ressurreição de Jesus Cristo” (1 Pe 3:21 – ARA). (Nota: Leio as palavras intermediárias neste versículo como estando em um parêntese, nas quais ele mostra o que foi despojado e o que foi ganho com o batismo, e conecto a “ressurreição de Cristo” conforme indicado acima). Que encorajamento e segurança foi para esses crentes judeus sofredores em tudo isso. Os justos foram salvos por meio das provações e sofrimentos dos caminhos governamentais de Deus (que é o significado da expressão: “se é com dificuldade que o justo é salvo” – 1 Pe 4:18 – ARA), mas quando tudo isso acabou, e a libertação de todas as dificuldades foi realizada: “onde vai comparecer o ímpio, sim, o pecador?” Embora os caminhos de Deus em governo possam mudar, os princípios de Seu governo permanecem os mesmos.


Eles tinham esses princípios expostos para sua orientação e segurança, embora agora “já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus”, mas o fim das tratativas de Deus é o mesmo. As águas da morte nos dias de Noé apenas os elevaram acima de tudo e os levaram a uma nova criação, em figura, e agora, para eles, Cristo ressuscitou, e não somente isso, “está à destra de Deus, tendo subido ao céu: havendo-se-Lhe sujeitado os anjos, e as autoridades, e as potências”. O que eles precisam temer? Aqui está a resposta para toda demanda da consciência – uma demanda ou investigação resultante de seu batismo, que os levou ao lugar do sofrimento, sobre o qual estavam perplexos e exigiram uma explicação. A ressurreição é a resposta para todas as demandas ou perguntas.


Antes de deixarmos esse tema, gostaria de notar novamente que a epístola é dirigida aos verdadeiros crentes, que foram “eleitos segundo a presciência de Deus Pai”, e, portanto, a ressurreição lhes foi mais do que o testemunho da mera libertação do julgamento da nação na Terra. A fé olha para além disso e espera por bênçãos no futuro. Eles esperavam por isso, “a salvação, já prestes para se revelar no último tempo”, mas precisavam estar preparados e encorajados no caminho do sofrimento aqui; sofrer por estarem identificados com Cristo e sofrer pela justiça durante o tempo da longanimidade de Deus para com os iníquos em Seu governo, tudo terminando na salvação dos justos e no julgamento dos iníquos. O selo da salvação era a ressurreição de Cristo e Sua glória atual, o selo do julgamento eles tinham no julgamento de Deus no passado – como nos dias de Noé. Mas esses Cristãos não tinham nada a temer, nem aqui nem no futuro; eles não foram apenas batizados, mas eram justos, sendo crentes, e é importante ter isso em mente, e que o batismo deles só é trazido a tona por acaso. A questão sobre quem deve ser batizado não é levantada, nem é intimada diretamente na passagem. Ainda não chegamos a essa questão, mas apenas o que o batismo é, e o que ele faz para aqueles que são submetidos a ele.


Agora vou para Atos 22:16. Aqui encontramos que batismo é lavagem – a lavagem dos pecados. Claramente, este não é o caso da consciência ser purificada, da alma salva, ou da pessoa ser aceita em Cristo e em Sua obra consumada. Tudo isso é pela fé em Seu sangue: “o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo o pecado”. Eu não me lavo, mas Ele me lava (veja Ap 1:5 e 1 Co 6:11, etc.). Tudo isso é verdadeiro e simples, mas aquilo (Atos 22) também é verdadeiro, e não há pensamento de lavar em figura, um sinal, ou confissão de que já foi lavado, como muitos citam e explicam. Nós não lavamos uma coisa como uma figura de algo que já está limpo, ou para confessamos que já está limpa, mas fazemos isso para limpá-la.


Saulo de Tarso era judeu – um inimigo amargo de Cristo e Seu povo – participando da culpa de matar Estevão, etc. Em seu zelo cego pelo judaísmo, ele era um dos principais oponentes do Cristianismo. Mas a graça superabundou e o derrubou aos pés de Jesus de Nazaré. Ele Se revelou em glória a Saulo, que seria um vaso escolhido a partir de então. Esse era o propósito de Deus e quando Ele havia efetuado o arrependimento em Saulo, Ananias lhe foi enviado para que pudesse receber sua visão e o Espírito Santo, mas não como judeu. Ele deveria ser levado daquela sua posição para onde o perdão dos pecados era conhecido e o Espírito Santo estava habitando. Ele deveria se lavar da sua identificação com a culpa como judeu e perseguidor de Cristo, e ser levado ao terreno Cristão – tornar-se Cristão quanto a sua posição, e isto pelo batismo.


Até ser batizado, a culpa e os pecados lhes eram atribuídos quanto a sua posição na Terra, e nesse sentido ele estava – até ser batizado – sujo e sem perdão.


Portanto, o batismo, que é um símbolo da morte de Cristo, é aquilo que lava de maneira governamental. Foi quando Paulo fez o relato de sua conversão perante os judeus que ele relata a orientação dada por Ananias, anunciando que as limpezas e lavagens conectadas ao seu sistema judaico não tinham mais proveito, e que o verdadeiro terreno para quem desejasse ser um vaso de Deus aqui era se livrar completamente de sua relação, reconhecer o senhorio de Cristo. Isso é cumprido apenas no Cristianismo durante o período atual da Igreja, e pelo batismo como aquilo que leva uma pessoa a esse terreno.


Já falamos sobre o que é o batismo, a saber, a recepção de pessoas ao terreno Cristão, que vieram do judaísmo ou do paganismo, a esfera em que a autoridade de Cristo é reconhecida e a responsabilidade relacionada a esse lugar (Por paganismo se entende todos os que estão fora do judaísmo e do Cristianismo, todos os que não são circuncidados nem batizados – veja Gl 3:8 e 1 Co 10:32). É, portanto, “a Cristo”, a Ele, à Sua morte, e é um símbolo disso. É também “sepultamento... à morte” (JND), Romanos 6 afirma isso, ali não é dito que já está morto e, portanto, sepultados pelo batismo, mas “sepultado... à [ou, para a – JND] morte”, e que, depois disso, temos a responsabilidade de andar em novidade de vida. É possuir Sua morte, e quem é batizado é, por meio do batismo, sepultado à Sua morte.


Em seguida, é “vestir-se de Cristo”, que está novamente conectado com Seu senhorio, autoridade e identificação posicional com Ele na Terra. O batismo se refere inteiramente à nossa posição na Terra sob o governo de Deus, e Pedro, ao falar desse governo, diz àqueles a quem escreveu: “o batismo, agora também vos salva... por meio da ressurreição de Jesus Cristo” (1 Pe 3:21 – ARA). Na mesma linha de pensamento, o batismo é a lavagem dos pecados na Terra, pois tudo o que uma pessoa possa ser por fé em Cristo, e de acordo com os propósitos de Deus em graça (e onde há fé há tudo em relação a eternidade), ainda assim, quanto ao governo de Deus na Terra, ele não está lavado nem salvo até ser batizado. Ele não é um Cristão quanto ao seu lugar que ostenta ter na Terra – mas é judeu ou gentio.


É muito importante que as almas estejam claras quanto ao assunto do governo de Deus. Quando os princípios envolvidos são apreendidos, ajudam muito a entender corretamente a questão do batismo, e também muitas porções da Escritura. Mas agora devemos considerar quem são os que propriamente devem ser submetidos ao batismo.


Quem São Aqueles que Devem Ser Submetidos ao Batismo?

Em conexão com isso é bom notar que, nos casos registrados na Escritura, aqueles que foram batizados, frequentemente estavam em circunstâncias muito diferentes e em estados de alma bem distintos. Encontramos judeus, samaritanos e gentios sendo todos batizados sob diferentes circunstâncias e condições. Nenhum padrão fixo é dado de antemão para ser atingido por eles. Nenhuma confissão especial é exigida (pois Atos 8:37 é espúrio). Em Atos 2, pecadores convictos são exortados a serem batizados. No capítulo 8, os samaritanos creem na pregação de Filipe e são batizados, mas não recebem o Espírito Santo, o que ocorreu somente após um tempo, e embora tenham sido trazidos ao Cristianismo ao serem batizados a Cristo, ainda não estavam “no Corpo de Cristo”, e não podiam estar até que recebessem o Espírito Santo (1 Co 12:13). Em Atos 10 temos novamente gentios, recebendo o Espírito Santo antes de serem batizados (a única vez que isso é mencionado). Saulo de Tarso vê Cristo pela primeira vez em glória, e três dias depois é batizado e é lavado de seus pecados, invocando o nome do Senhor.


Então, Lídia – cujo coração o Senhor abriu à Palavra – é batizada, e não somente ela, mas sua casa foi batizada com ela, embora nenhum registro nos é dado de que seus corações foram abertos, mas se isso tivesse sido verdade no caso deles o Espírito Santo poderia facilmente tê-los ligado a ela em referência à obra da fidelidade do Senhor para com ela. Agora ela será batizada e toda sua casa com ela, tudo deve ser colocado sob a autoridade, ou senhorio, de Cristo. Esta é sua fidelidade para com Ele, pois o versículo evidentemente a conecta com o batismo, como diz: “E, depois que foi batizada ela e a sua casa, nos rogou, dizendo: Se haveis julgado que eu seja fiel ao Senhor, entrai em minha casa, e ficai ali”.


Lídia não só é levada ao terreno do Cristianismo, mas também toda sua casa, o que não era algo simples naqueles dias, quando estavam cercados por inimigos do Cristianismo – tanto judeus como gentios. Isto era fidelidade ao Senhor da parte dela.


A casa de Lídia é um caso distinto de batismo, sem a menor insinuação de qualquer confissão da parte deles, ou obra de Deus neles, e se essas coisas fossem verdade a respeito deles, certamente teria sido mencionado, além disso, o versículo 15 mostra que foi um ato de Lídia, por assim dizer, que é feito sob sua responsabilidade. É o batismo de casas, estabelecido de forma clara e simples pela Escritura, relacionado à responsabilidade e fidelidade (até onde chegava) da cabeça da casa – embora nesta casa seja uma mulher.


Sei que foram feitos esforços para se livrar da força desse exemplo de batismo de casas, que suposições foram levantadas e conclusões tiradas sem qualquer fundamento para elas, geralmente dizendo que Lídia nem mesmo tinha uma casa, no sentido em que a palavra “casa” é usada aqui, o que geralmente significa família ou descendentes. A Escritura é muito precisa quanto a isso, como veremos observando o caso do carcereiro, mais a frente no mesmo capítulo.


O apóstolo, em resposta à sua pergunta, “Senhores, que é necessário que eu faça para me salvar?”, imediatamente liga sua casa a ele (veja também At 11:14). Em seguida, temos a Palavra do Senhor pronunciada “e a todos os que estavam em sua casa”, que poderia incluir mais do que “tua casa” do versículo anterior. No versículo seguinte, o batismo entra em cena, e ele mesmo e “todos os seus”, e não todos o que estavam em sua casa, foram batizados como nos é dito, a distinção feita aqui é muito clara.


O carcereiro seria responsável pelo batismo de sua casa – “todos os seus” – mas não por outros que estivessem em sua casa na ocasião – outros carcereiros, servos, etc. “Todos os seus” incluiria apenas aqueles pelos quais ele era responsável por causa de seu relacionamento com eles e, portanto, incluiria até a mais nova criança. Pode-se argumentar que não há provas de que ele tinha filhos. Eu respondo: isso não afeta o ponto, que é que “todos os seus” estavam conectados a ele nas bênçãos e privilégios exteriores e, portanto, foram batizados, e o que é insistido é que esse princípio inclui a mais nova criança. Como já mostramos, foi um exemplo de admissão da casa, juntamente com a cabeça dela, ao lugar de privilégio. Será que eles têm direito a isso com base no seu relacionamento? E se têm, eles certamente devem ser batizados, e se eles são adultos não é a questão aqui, desde que estejam na casa e, portanto, sob a autoridade da cabeça dela.


A tradução do versículo 34 na Versão Autorizada (KJV) não está totalmente correta. No original é dito: “na sua crença em Deus alegrou-se com toda a sua casa” (ARC). Era uma família feliz, agora que ele havia sido salvo e deixado os ídolos para servir ao Deus vivo e verdadeiro.


Naqueles dias se as pessoas a quem o evangelho fosse pregado não o recebesse, certamente elas não seriam batizadas. Se elas recusassem o Cristianismo, recusariam também o batismo, e se o aceitassem seria exteriormente, pelo batismo, .


Somente Deus podia ver o coração, se havia fé ou mera profissão (como no caso de Simão, o mago): se fosse apenas profissão, não haveria recebimento do Espírito Santo, apenas haveria o recebimento no lugar em que Ele habitava e, portanto seria testemunha e participante de Suas operações.


Ninguém entre nós, que eu saiba, defende o batismo infantil como tal, ou seja, que os bebês devem ser batizados porque são bebês. Aqueles, portanto, que estão combatendo isso, estão combatendo um erro imaginário, criado por eles mesmos. Que algumas crianças devem ser batizadas, não tenho dúvida, não porque são crianças, mas porque são filhos de pais crentes. Que os pais que creem devem batizar seus filhos, tenho a mesma certeza, mas, como esse é o principal ponto de discordância de muitos, entraremos mais profundamente neste assunto.


Encontramos dois princípios por toda Escritura que se relacionam diretamente a isso. Um, já mencionado, é que a família está sempre ligada com a sua cabeça, em privilégio ou no governo de Deus. O outro, que está intimamente ligado a este, é que a cabeça é responsável pela família. Noé é um exemplo notável do primeiro caso e Eli, do último.


A casa de Noé entrou com ele na arca, porque era sua casa e porque ele era justo (veja Gn 7:1). Se algum deles fosse criança, certamente teria esse privilégio da mesma forma como o mais velho, não por ser criança, mas por ser da família de Noé.


O dilúvio fazia parte dos tratamentos governamentais de Deus com a Terra, e foi em conexão com estes que eles foram privilegiados, mas nem o privilégio de entrar nem o relacionamento com Noé teriam valor se Noé não os tivesse levado para dentro da arca. Tampouco estar na arca afetou seu estado de alma, nem lhes deu fé, como vemos depois que cada um deles assumiu o seu estado individual, Sem foi abençoado e Cam amaldiçoado. Novamente, o caso dos israelitas dá testemunho desse princípio. Todos foram batizados a Moisés na nuvem e no mar, quando não se tratava de fé individual, mas de bênção e privilégio exteriores e de relacionamento, que deu o título, e circuncisão, que introduziu a esses privilégios no caminho de Deus, pois Ele havia dado a circuncisão em conexão com esta posição exterior de privilégio diante d’Ele. Abraão agiu sobre este princípio em seus dias e, ao fazer isso, não fez distinção entre Ismael e Isaque. Havia uma grande distinção em outras coisas, como fé pessoal, etc., mas não nisso. A questão era que eles pertenciam a Abraão – faziam parte de sua casa e era responsabilidade dele – seu ato decorrente do que Deus havia dado e feito conhecido a ele. Ele não espera até que Isaque cresça para ver como vai se sair primeiro, nem recusa Ismael, porque não tinha fé. O batismo de casas segue o mesmo princípio. No caso de Abraão, isso assumiu a forma de um comando, depois ligado a um sistema de leis, mas isso não toca o princípio, que é tão claramente estabelecido no Novo Testamento. O Senhor diz, de Zaqueu: “Hoje veio a salvação a esta casa”. Pedro diz, em Atos 2: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos” (v. 39). Paulo diz: “Crê no Senhor Jesus Cristo, e serás salvo, tu e a tua casa” (At 16:31).


Juntamente com isso, encontramos o outro princípio a que aludimos, a saber, que a cabeça da casa é responsável pela família. Deus diz a Abraão: “Porque Eu o tenho conhecido, que ele há de ordenar a seus filhos e a sua casa depois dele” (Gn 18:19). Eli, por outro lado, recebe a mais severa reprovação e julgamento de Deus, porque falhou em governar sua casa de acordo com sua posição e privilégios. Eles eram circuncidados, sem dúvida, e, portanto, trazidos para o que eles tinham direito por nascimento, mas agora, estando lá, ele era responsável por ensiná-los de acordo com a posição em que estavam. Ele estava errado, não em circuncidá-los primeiro, mas em não ensiná-los depois.


Também vemos este princípio no Novo Testamento.

Em Efésios 6 lemos: “E vós, pais... criai-os (os filhos) na doutrina e admoestação do Senhor” (Ef 6:4). O pai é responsável por fazer isso. Eli era responsável por seus filhos, e foi julgado por causa dos pecados deles. Seus filhos foram julgados, mas Eli também foi. Os pais Cristãos precisam ponderar sobre isto de um modo solene. Alguns dizem: “Eu ensino meus filhos sobre Cristo, e coloco o evangelho diante deles, e dou-lhes um bom exemplo, e o que mais posso fazer?” Isso foi suficiente no caso de Eli? Se eles não tivessem sido seus filhos, compartilhando de um lugar de privilégio pela conexão que tinham com ele, isto teria sido suficiente, como com um Cristão em relação ao mundo, é tudo o que ele pode fazer e é responsável por fazer em conexão com isso. Mas este não é o lugar que ele deve dar a seus filhos; isso não é criá-los na doutrina e admoestação do Senhor, pois não trazemos o mundo a eles. Eli, como sabemos, fez muito, ele deu um bom exemplo a seus filhos, ele os ensinou e até os reprovou, mas não os criou na doutrina e admoestação do Senhor, e Deus o considerou responsável pela iniquidade deles. Ele poderia alegar, como muitos estão prontos para fazer hoje: “Não posso dar a meus filhos uma nova natureza, nem criar neles desejos pelo que é certo e bom. Devo deixá-los com Deus para que Ele faça isso”. Em resposta, Deus considera cada pai responsável por criar seus filhos como filhos Cristãos, sob a autoridade de Cristo, sujeitos a Ele e em separação do mundo. A casa inteira deve ser separada para Cristo e estar sujeita a Ele. O deserto poderia não ser um lugar tão agradável para os jovens que foram batizados a Moisés, como era o Egito. Mas essa não era a questão, mas sim a conexão deles com Deus e com Moisés, a quem Ele deu autoridade, e sua completa separação do Egito e de seus governantes.


Os filhos de pais crentes devem, portanto, estar em um lugar distinto do mundo, para serem criados no temor do Senhor, e estarem em obediência plena e sujeição aos pais em tudo. Isso é de primordial importância em todos os casos. Os pais têm todo o direito de contar com Deus para a salvação de seus filhos, e para procurar e observar a manifestação da vida divina e fé em Cristo em seus filhos. As crianças devem fazer parte de uma família Cristã, e o batismo é a admissão exterior de um Cristão, assim como do reconhecimento do senhorio de Cristo no ato. a cabeça da casa não é responsável por reconhecer a autoridade de Cristo quanto a todos os membros de sua casa? Ele não deveria colocá-los no terreno onde isso é reconhecido, e da maneira que Deus estabeleceu? Recusar-se a fazê-lo é, com efeito, dizer que eles não são diferentes do mundo, ou então, agir de acordo com o princípio de Caim, embora involuntariamente, apresentar algo a Deus à parte da morte, ou seja, agir como se o pecado não estivesse no mundo, e os filhos não fossem por natureza pecaminosos e separados de Deus. Este é outro princípio, que não podemos ter relacionamento com Deus à parte da morte – daquilo que estabelece a morte de Cristo, da qual a circuncisão sob a lei e o batismo no Cristianismo são os símbolos ou figuras – mais plenamente expressos pelo batismo, como o Cristianismo está acima e além do judaísmo. Um, sendo um comando, está conectado com um sistema da lei, o outro da graça, está conectado com uma dispensação da graça que flui da morte de Cristo.


Há quem se contente em afirmar que não há nenhum mandamento nas Escrituras para batizar os filhos de um crente, como se isso resolvesse a questão. Mas essa não é a maneira bíblica de se considerar as coisas e nem afeta as provas de que uma pessoa está agindo de maneira consistente com o ensino e a prática da Escritura ao batizar sua casa, pois não é uma questão de ordenança, mas de agir de acordo com os princípios que as Escrituras tornam conhecidos e estabelecem. Devemos lembrar que princípios não são deduções ou suposições, eles formam uma parte importante da Palavra de Deus e são dados para a nossa orientação.


Antes vimos que não há mandamento para ser batizado, e também mostramos que a Escritura não estabelece nenhuma regra sobre quem deve ser batizado, mas temos ensinos, princípios e práticas da Escritura para nos guiar.


Se as pessoas desejam um mandamento, existe apenas um que eu conheço, e seu ensinamento é muito claro, que é, Mateus 28:19-20, que citarei: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em [para o – JND] nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” (ARA). Estou ciente de que isso não tem nada a ver com a Igreja ou a assembleia, que é um ajuntamento saído das nações, mas aqui está o batismo, para todos aqueles, que se estende para além da posição da Igreja. Agora, porém, estamos considerando isso em conexão com o Cristianismo, ou a presente dispensação.


O que vimos é que o batismo coloca uma pessoa no terreno do Cristianismo e os filhos de pais Cristãos devem estar ali, pois devem ser educados nesse terreno e em sujeição a Cristo, e o que eu tenho procurado mostrar é que um crente, ao batizar sua casa, está agindo de forma escritural, de acordo com os princípios e ensinamentos da Escritura.


Se um crente considera seus filhos meros pecadores como o resto do mundo, e, portanto, se recusa a batizá-los, é contrário ao princípio que acabamos de considerar “tu e a tua casa”, conectado às bênçãos governamentais, e se ele diz que pode criá-los na doutrina e admoestação do Senhor sem batizá-los, está deixando de lado o outro princípio que observamos, e ignorando o lugar em que o pecado nos colocou, como filhos de Adão, e que não podemos ser colocados em uma posição de relacionamento com Deus, mesmo que exteriormente, à parte da morte. Não apenas isso, vimos que o batismo está conectado ao Cristianismo, a fronteira, por assim dizer, entre ele e o mundo, e um Cristão nunca deve admitir o pensamento de que seus filhos estão crescendo para o mundo ou se tornando ímpios, e se eles estiverem, não seria o pai o responsável por isso?


Em Efésios 4, temos mais instruções sobre esse assunto, e sua consideração pode ser útil. No versículo 4 temos três coisas que são inseparavelmente conectadas: “Um só Corpo”, “Um só Espírito”, “Uma só Esperança”. Estas não podem ser separadas, elas devem ir juntas. Então, no versículo 5, temos um círculo maior, e três coisas novamente conectadas ali, e elas não devem ser separadas, devem ir juntas como no versículo: “Um só Senhor, uma só fé, um só batismo”. O versículo 4 se refere a todos os que têm o Espírito Santo e, portanto, estão no Corpo de Cristo. O versículo 5 envolve todos os que estão sob a autoridade de Cristo professamente. Um Cristão deve (como muitos admitem) educar seus filhos na fé de Cristo e ensiná-los a reconhecer Sua autoridade, e como vimos, é exatamente onde o batismo entra, e não em conexão com o Corpo e a Esperança.


Mas tem sido dito: “Você deve então reverter a ordem dos versículos e colocar o batismo em primeiro lugar”. Respondo: Não! Não há sentido nisso, pois se não houvesse o senhorio de Cristo e a fé Cristã, não haveria sentido no batismo, mas quando você tem um Senhor e Cristo para batizá-los a Ele, e pretende criá-los na fé de Cristo, há um significado evidente em batizá-los sem ter que inverter a ordem do versículo que estamos considerando.


As pessoas podem argumentar sobre isso e explicar o que já é suficientemente claro, ou como às vezes é feito, apontar para o fracasso posterior em relação aos filhos ou àqueles que os batizaram e ao mau comportamento das crianças que foram batizadas e manter-se na escuridão e na confusão quanto a essas coisas. Mas o fracasso da parte daqueles que praticaram o que é certo não compromete o que é certo, nem altera a verdade da Escritura; nem o fracasso de Eli deveria fornecer uma razão pela qual os israelitas não devessem circuncidar seus filhos até que vissem como se comportariam.


Se fosse uma questão de algo relacionado a esta vida, ou ganho nas coisas desta vida, eles não pensariam ou agiriam assim. Se um pai soubesse que alguma vantagem temporal poderia ser obtida para seu filho nas coisas concernentes a esta vida, ele seria rápido o suficiente para obtê-la, sem esperar até que a criança crescesse, para ver se ele era digno ou merecedor disso, ou disposto a aceitá-lo.


Mas alguns dizem: “Que vantagem há em batizá-los, de que servem os privilégios para eles, se eles se tornarem ímpios. Em que sentido seus filhos são melhores que os meus, etc.?” Eu respondo novamente, um pai Cristão nunca deve permitir o pensamento que seus filhos vão se tornar ímpios. Ele é responsável para que não seja assim, mas, de qualquer forma, privilégios são privilégios. Como as pessoas irão tratá-los não altera o fato de serem reais e valiosos. O que Israel fez com seus privilégios? Abusou deles vergonhosamente. Porém, “Qual é logo a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão? Muita, em toda a maneira”, diz a Escritura (Rm 3:1).


Alguns podem deixar de apreender a natureza e o valor desses privilégios, e em um dia como o presente, precisamos de paciência e longanimidade uns para com os outros, mas aqueles que os conhecem são responsáveis por valorizá-los. Também é bom que aqueles que insistem que o batismo de casas é errado (e não faltam os que falam de maneira mais amarga e contundente sobre isso), e que o batismo deve sempre seguir a conversão e fé em Cristo, saibam que não apenas eles não têm Escritura para sua segunda afirmação, mas quanto à primeira, se opõem aos ensinamentos, princípios e práticas da Escritura, pois ali vemos pessoas sendo batizadas sem a menor garantia de dizer que creram de antemão.


Naqueles dias, as pessoas entendiam muito bem que, quando batizadas, eram assim tornadas Cristãs exteriormente, isto é, tomaram esse terreno e trouxeram suas famílias para lá também. Se eles não as batizassem (sua casa), eles ainda permaneceriam em terreno judeu ou pagão, mas no momento em que também foram batizados, foram rompidos de suas conexões anteriores e compartilharam a perseguição de seus pais. Eles também foram tirados do campo rebelde e colocados sob a autoridade de Cristo; podem ser derrubados pelo inimigo, podem ser batizados “pelos mortos”, como alguns eram naqueles dias. (Nem todos eram batizados “pelos mortos”. O apóstolo não disse que os coríntios eram, mas pergunta a eles: “Doutra maneira, que farão os que se batizam pelos mortos, se absolutamente os mortos não ressuscitam?” E os coríntios não estavam sendo perseguidos.)


Alguns podem dizer: “Como as crianças podem “vestir a Cristo” ou serem “batizadas pelos mortos?” Mas deixe-me perguntar, se não forem batizados, onde eles estarão? Se um judeu fosse convertido e batizado, mas não seus filhos, onde seus filhos estariam? No campo judaico, é claro, no campo rebelde – identificado com os rebeldes. Seria então um caso de fidelidade ao Senhor, como Lídia, o ato de tirá-los de lá, e eles, quando batizados, seriam tirados do judaísmo e rejeitado por seus amigos de lá. Quando um judeu era assim despertado (como em Atos 2), ele se contentaria em escapar sozinho do lugar apóstata e condenado e deixar sua família ali? Certamente não, mas, como no Egito antigo, diria: “nem uma unha ficará”. Ele não esperou para ver se eles seriam convertidos primeiro, ou até que eles crescessem para escolher entre o judaísmo e o Cristianismo por si mesmos.


Agora, observaremos a maioria dos casos de batismo e passagens onde ele ocorre. É claro que onde alguém insiste que o batismo deve necessariamente seguir a conversão e que não é a recepção ao terreno Cristão, não haverá apreensão do valor do batismo de casas, embora, como vimos, ele tenha sido praticado no início e os princípios que justificam um Cristão ao batizar seus filhos, são ensinados claramente na Palavra; e por casa de um Cristão entende-se aqueles por quem ele (ou ela) é responsável perante Deus, ou, como expresso no caso do carcereiro, “todos os seus”. Nem todos o que estava em sua casa, o que poderia incluir (no caso do carcereiro) outros carcereiros, servidores, amigos, etc. Paulo falou a Palavra do Senhor para todos em sua casa.


Fora da casa de um crente não há autorização para se batizar alguém, a menos que haja primeiro arrependimento, ainda assim, a responsabilidade está com quem batiza em todos os casos, e embora, como é frequentemente o caso nos dias de hoje, nem o batizador nem o batizado, nem os pais dos batizados, possam ser verdadeiros crentes, aquele que está agindo como servo de Cristo, e aquele que é batizado é batizado a Ele, e trazido para o lugar de privilégio, conectado a Ele, exteriormente na Terra, e o ato não pode ser cancelado ou anulado. Quem batizou terá que prestar contas de sua obra como servo de Cristo, tendo tomado esse lugar, o outro terá que prestar contas como alguém que está no terreno do Cristianismo. Isso não é mera suposição, a Escritura prova isso. Vemos a assembleia em Sardes, em Apocalipse 3, sendo vista como responsável por estar em terreno Cristão, contudo, o Senhor diz que eles “estão mortos”, mas são tratados na posição de ser uma assembleia e ter o “nome de que vive”. É geralmente admitido que esta assembleia se refere ao protestantismo em seu caráter e condição geral. Mas sabemos que quase todas as denominações praticam o batismo quando seus súditos são jovens. Porém, sejam velhos ou jovens, nós os encontramos em Apocalipse 3, sendo tratados como estando no terreno da assembleia. Eles foram trazidos ali apenas pelo batismo. Esse sempre foi o objetivo na igreja professa (até onde eles estiverem certos), de fato, esta é a única maneira que alguém já foi, ou poderia ser, levado ao terreno do Cristianismo, mas descobrimos que esses professos sem vida (batizados na maior parte na infância) são tratados como responsáveis porque estão no terreno da assembleia, o que mostra claramente que o batismo deles é válido e incorre na responsabilidade perante Deus de responder aos privilégios aos quais foram introduzidos.


Mais uma vez, descobrimos que existem no Novo Testamento, em conexão com o Cristianismo, aqueles que são tomados como servos de Cristo, tanto em Sua casa quanto no mundo, que não são convertidos de maneira alguma (Mt 24:48 e 25:26). Como e por que eles apareceram ali? Como eles foram julgados como servos de Cristo, e sua obra foi executada por Ele como Seus servos? Isso prova novamente que existe esse lugar exterior conectado ao nome e à autoridade de Cristo na Terra, além de ter vida, e mostra a loucura do que é chamado de “re-batismo”, porque o primeiro batizador não era salvo ou porque os pais não eram Cristãos verdadeiros, ou os batizados não se converteram. O batismo permanece bom diante de Deus, como vimos, e se a pessoa é batizada mil vezes depois, não altera nada, nem acrescenta mais nada a quem foi batizada, mas quem tenta re-batizar alguém está simplesmente dando um passo na posição de um juiz, pronunciando-se sobre o trabalho de um companheiro, julgando antes do tempo e praticamente dizendo que ele pode fazer o trabalho melhor.


Os mesmos princípios se aplicam aos pais que talvez não sejam salvos e batizam seus filhos; como vimos, eles são responsáveis juntamente com o batizador, como possuindo Cristo professamente, e colocam seus filhos sob Sua autoridade.


É um dia de confusão e formalidade, e somos chamados a andar em separação de tudo o que não é de Deus nem verdadeiro diante d’Ele, mas devemos ter pensamentos baseados na Escritura sobre todas essas coisas, para que não sejamos confundidos ou enganados pela confusão reinante. Não devemos abandonar o que Deus deu porque os homens o perverteram e abusaram.


Os Cristãos às vezes dizem: “Bem, mas pessoas não convertidas batizam seus filhos, e não devemos fazer como eles”. Também poderíamos dizer: “eles têm a ceia do Senhor nos vários sistemas dos homens e, em alguns casos, estão ligados a erros extremos, e, portanto, é melhor abandonarmos completamente esta prática”. Nunca teremos pensamentos claros raciocinando a partir da confusão existente, nem tomando certos casos ou exemplos supostos para criar uma dificuldade no caminho. Temos princípios e práticas na Escritura, e nossa sabedoria é se apegar a eles e agir de acordo com eles, por mais que possam militar contra o nosso pensamento anterior.


Exame de Vários Textos

Vou agora me referir brevemente a uma ou duas passagens que são frequentemente citadas em conexão com o batismo. Marcos 16:16 é uma das passagens favoritas dos que se opõem ao batismo de casas, mas isso prova o contrário, pois, de acordo com ela, uma pessoa não é salva até que seja batizada, mas dizem que você deve ser salvo primeiro e depois batizado. O fato é que o Senhor está olhando para a salvação em seu sentido pleno, conectada ao tempo em que estamos aqui na Terra e também à eternidade, e para isso são necessárias duas coisas. O vital e de longe o mais importante é colocado em primeiro lugar, a saber: , e o outro o batismo. Não é uma questão sobre o que vem primeiro no tempo, mas ambos devem ser verdadeiros na pessoa antes que ela seja salva no sentido mencionado. Não precisamos insistir em dizer que uma pessoa está apta para a glória – para o céu – no momento em que crê e, como ladrão na cruz, pode ir direto ao Paraíso por causa da virtude da obra de Cristo, mas quando alguém permanece na Terra, isso é outra coisa, pois existe um lugar onde Cristo é professamente reconhecido e a fé em Cristo é confessada, e se não estiver ali anteriormente, tal pessoa deverá ser trazida para este lugar. Se já estiver ali, é evidente que ele não pode ser trazido para lá novamente, embora não seja salvo até que ele creia. Se não estiver ali quando crer, não será considerado salvo (quanto ao seu lugar na Terra) até ser batizado, e ser assim trazido para este terreno. Se a pessoa for a cabeça de uma família, é seu privilégio trazer seus filhos para lá também e criá-los na fé de Cristo, contando com Deus para lhes dar vida e fé; quando essa última ocorrer, eles também são salvos, pois as duas coisas são verdadeiras – eles são crentes e são batizados, isto é o que Marcos 16:16 ensina; mas não é um ato de fé dizer: “Vou esperar primeiro e garantir que meus filhos tenham fé e vida eterna, e depois os batizarei”, porém é claro que se não tiverem sido batizados antes, deverão ser batizados então. O versículo, no entanto, está de acordo com o batismo de casas, pois certamente uma parte da Escritura deve estar de acordo com a outra.


Atos 8 é outra passagem que apenas observo para dizer que o versículo 37 é espúrio e, portanto, enganoso para aqueles que não sabem disso.


Atos 19 apresenta um caso interessante e instrutivo. Aprendemos que o batismo de João era algo do passado e de forma alguma relacionado ao batismo Cristão, portanto, esses discípulos não estavam em terreno Cristão e por isso são batizados “ao nome do Senhor Jesus” (O batismo de João era de arrependimento no terreno de um Messias que viria à Terra), então Paulo impõe as mãos sobre eles, e eles recebem o Espírito Santo. Observe a pergunta que o apóstolo faz no versículo 3: “a que então fostes batizados?” (JND). Ele imediatamente presumiu que haviam sido batizados porque eram discípulos, pois não seriam discípulos a menos que fossem batizados, mas “a que”, ele pergunta a eles, pois, se a Cristo, eles estariam em terreno Cristão, onde o Espírito Santo habitava. Eles são recebidos pelo batismo (sendo batizados a Cristo) e depois recebem o Espírito Santo.


Há outro ponto em relação a esse assunto ao qual devemos nos referir. Às vezes, a pergunta é: “A aspersão também é batismo?” Evidentemente não é a maneira bíblica de se batizar, mas a questão realmente é: Deus o aceita como tal? Vimos que Ele aceita, em Apocalipse 3, onde Sardes é apresentada, e sabemos que na maior parte do protestantismo este é o costume, e tem sido há centenas de anos. Então tudo isso foi em vão? Não foi nada diante de Deus e Cristo? Não foi feito de boa fé para ser considerado como batismo?


Mas novamente, Israel não foi batizado a Moisés, na nuvem e no mar com seus jovens e velhos? No entanto, quantos deles passaram pelas águas? A Escritura, como vimos, não dá ordem a respeito disso, sobre quem deve ser batizado (exceto em Mateus 28, onde temos “de todas as nações”), ou como deve ser feito, apenas sabemos pela Escritura que a água era o agente usado, e que o costume era entrar nela, e devemos manter a prática bíblica para nós mesmos, mas para com outros “onde não há lei também não há transgressão”. Eles batizam a pessoa a Cristo com água, confessando-O assim. O ato é de boa-fé diante d’Ele, e quem somos nós para deixar de lado ou pronunciar sobre seus méritos? No entanto, apenas a prova que apresentamos de Apocalipse 3 é totalmente suficiente para satisfazer qualquer mente honesta, pois vemos ali que Cristo Se dirigiu a eles como estando sob terreno Cristão – em terreno de assembleia – embora não tivessem vida alguma e foram, em sua maioria, batizada por aspersão quando bebês.


Este exemplo (Atos 19) deve ser suficiente para convencer qualquer Cristão ponderado de que uma pessoa não deve ser recebida à mesa do Senhor até ser batizada. A ceia do Senhor, sendo a expressão da comunhão dos Cristãos, e sendo a mesa do Senhor, apenas aqueles que estão em terreno Cristão e colocados sob Sua autoridade exteriormente, devem estar ali, embora muito mais do que isso também seja necessário.


1 Coríntios 1:13-17 deve ser notado. Aqui, novamente, a questão levantada por Paulo é: a qual nome (ou ao nome de Quem) eles haviam sido batizados. Não ao nome de Paulo, mesmo no caso daqueles que foram batizados por ele, mas para que não dissessem que haviam sido batizados em nome de Paulo, ele é grato por ter batizado apenas poucos dentre eles, acrescentando que sua comissão não era para batizar, mas para pregar o evangelho, que era infinitamente mais importante. Se algum irmão obscuro batizasse os coríntios, não haveria o mesmo perigo de suas mentes carnais usarem seu nome para fins de criar partidos e vanglória, como o do apóstolo Paulo? Mas há outra coisa que encontramos aqui, que além dos dois mencionados pelo nome, ele havia batizado a casa de Estefanas, e isso parece ser referido de uma maneira que os distingue dos outros dois mencionados. Encontramos a “casa de Estefanas” mencionada novamente no capítulo 16, onde uma palavra grega diferente é usada da que foi usada no primeiro capítulo, que é a mesma que em Atos 16 e, geralmente, se não sempre, na Escritura significa família ou descendentes quando aplicado a pessoas. Se todos ou alguns deles foram convertidos ou criam quando foram batizados, não nos é dito e o que é dito no capítulo 16 não exclui de modo algum o pensamento de crianças estarem ali e serem batizadas.


Agora vou me referir a algumas Escrituras que, embora não aludam ao batismo, ilustram os princípios relacionados ao batismo da casa de um crente e a importância disso.


Há quem trate o batismo como se não fosse importante quando uma pessoa é batizada, ou se é ou não batizada. É bom para eles que não estejam sob a lei, mas sob a graça, embora isso não seja desculpa para falta de cuidado.


Quantas vezes alguém ouve de pessoas estarem à mesa do Senhor em algum momento e depois serem batizados quando acharem que é adequado; outros ficaram esperando até que uma cerimônia pública pudesse ocorrer, com base em ser uma confissão pública de estar morto e ressuscitado com Cristo. É verdade que estamos sob a graça e somos chamados à liberdade, mas é a liberdade para fazer a vontade de Deus, de entender Sua mente e de agir com base nelas para nós mesmos e para nossas famílias, caminhando e agindo de acordo com o princípio de e não de lei, e isso no batismo, assim como em tudo mais.


A primeira Escritura que irei exemplificar é Êxodo 4:25, onde temos, no caso de Moisés, a caminho do Egito, um exemplo impressionante da importância de reconhecer o que Deus deu, e a diferença entre Seus propósitos e conselhos em graça, e Seus caminhos em governo. Moisés esteve pouco tempo antes na presença de Jeová que havia lhe comunicado Seu propósito a respeito de Israel, mas agora Ele procura matá-lo, porque havia deixado de circuncidar seu filho, influenciado, evidentemente, por sua esposa, mas ele era responsável como cabeça da casa, e Deus não permitiria esse desprezo do que Ele havia dado. Moisés deve aplicar esse ato significativo à sua própria casa, dado como foi a Abraão em conexão com a mesma coisa pela qual Moisés foi enviado ao Egito – a bênção da semente de Abraão em Canaã. Era o sinal da aliança entre Ele e Abraão, e o filho incircunciso deveria ser “extirpado” (veja Gn 17:14). Era, portanto, algo sério para a criança e para os pais negligenciar isto e, no entanto, os Cristãos perguntam: “Que diferença faz para uma criança inconsciente, ser batizada ou não?” e outros, novamente, afirmam que o filho de um crente é trazido por nascimento a todos os privilégios do Cristianismo, citando 1 Coríntios 7:14: “agora são santos”. Então o filho hebreu também era santo (que é relativamente santo, ou santo quanto ao seu lugar e relacionamento) por nascimento, mas digamos então que os pais deixassem de circuncidá-lo, quais seriam suas vantagens e privilégios? Deve ser “extirpado” (cortado – morto).


Mas, novamente, temos exemplos na Escritura, e conectados da mesma maneira com o governo de Deus, de como a fé de uma pessoa é reconhecida para a bênção de outra, e esses exemplos nos dão princípios que se aplicam ao batismo da casa de um crente.


Na primeira parte de Mateus 9 temos o homem com paralisia recebendo perdão governamental e, como consequência, restauração perfeita de sua saúde, por meio do ato de fé dos outros. Diz: “E Jesus, vendo a fé deles”. Claramente foi o ato deles que manifestou a fé deles, e o paralítico foi abençoado. Outro caso está em Atos 3, onde o coxo é curado por Pedro. No versículo 16, Pedro explica como isso foi realizado. Ele diz: “pela fé no Seu Nome (de Cristo) fez o Seu nome fortalecer a este que vedes e conheceis” etc., mas onde estava a “fé no Seu Nome”? Não no homem, mas em Pedro. Isso pode ter resultado em fé da parte do homem posteriormente, mas isso não é dito diretamente, e certamente sua fé não é o fundamento de ele ter sido curado. Era o nome de Cristo e fé em Seu nome por parte de Pedro, e a bênção recebida que estavam relacionadas aos caminhos governamentais de Deus. Perdão administrativo, como em Mateus 9, segue o mesmo princípio (veja Tg 5:15 e Jo 20:23).


Enquanto seguramos com mão firme a bendita verdade da graça soberana de Deus e do amor que elege, manifestada em Seus atos em relação a nós, que não tínhamos direito a Ele, devemos, por outro lado, manter firme os princípios de Seu governo neste mundo, manifestados em Seus caminhos no passado, e registrados na Escritura para nossa advertência, e enquanto nos deleitamos em Sua graça e amamos a fonte de tudo, nossa bem-aventurança, devemos reconhecer Seu governo, enquanto aguardamos a glória, o fim abençoado de todos os Seus caminhos em graça e em governo, no que diz respeito aos Seus.


 

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