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Palavra de Edificação 29

(Revista bimestral publicada originalmente em Julho/Agosto 1991)

 

ÍNDICE


 

O CRISTÃO E A GUERRA


Nosso Senhor Jesus Cristo deixou-nos um exemplo para que seguíssemos os Seus passos. Poderíamos nós seguir as Suas pegadas em um campo de batalha? Somos chamados a andar como Ele andou. Será que ir à guerra é andar como Ele andou? Oh! Falhamos em muitas coisas; mas se nos perguntam se é correto um Cristão ir à guerra, podemos responder apenas fazendo referência a Cristo. Como Ele procedeu? Acaso Ele veio para destruir vidas humanas? Não foi Ele Quem disse que "os que lançarem mão da espada à espada morrerão"? (Mt 26:52). Ele também disse, "não resistais ao mal" (Mt 5:39). Como podemos conciliar tais palavras com a ida à guerra?


Mas alguém poderá dizer: – O que seria de nós se todos adotassem tais princípios? A isto respondemos; se todos adotássemos tais princípios celestiais não haveria mais guerra e, portanto, não precisaríamos mais lutar. Mas não cabe a nós ficar debatendo a respeito dos resultados da obediência. Temos, apenas, que obedecer à Palavra de nosso bendito Mestre, e andar nas Suas pegadas; e se o fizermos, com toda certeza jamais alguém nos verá indo à guerra.


Há aqueles que citam o versículo da Palavra de Deus, "o que não tem espada, venda o seu vestido e compre-a" (Lc 22:36), como sendo uma permissão para ir à guerra. Mas qualquer mente simples, pode ver que este versículo nada tem a ver com a questão. Ele se refere a uma nova ordem de coisas, na qual os discípulos teriam que entrar quando o Senhor fosse levado. Enquanto Ele estava com eles, nada lhes faltava; mas então eles teriam que enfrentar, na Sua ausência, o pleno embate com a oposição do mundo. Resumindo, essas palavras tinham uma aplicação totalmente espiritual.


Procura-se usar com frequência o fato de o centurião de Atos 10 não ter sido aconselhado a renunciar ao seu cargo. Não é do feitio do Espírito de Deus colocar as pessoas sob um jugo. Ele não diz ao que acaba de se converter: – Deixe isto e aquilo. A graça de Deus vai se encontrar com o homem onde ele está, e leva-lhe uma salvação completa; e, a partir de então, o ensina como andar de modo a expressar as palavras e os modos de Cristo, em todo o seu poder santificador e formador do caráter do Cristão.


Porém, há ainda aqueles que costumam dizer: – Acaso o apóstolo, em 1 Coríntios 7:20, não nos diz para permanecer “na vocação em que foi chamado”? Sim; porém com esta cláusula que mostra claramente os limites dessa vocação: "diante de Deus" (1 Co 7:24). Isto faz uma diferença substancial. Suponha que um carrasco se converta; poderia ele continuar na sua vocação? Talvez alguém diga que este é um caso extremo. Certamente, mas é um caso que pode ocorrer, e prova quão falho é argumentar utilizando 1 Coríntios 7. Isto prova que há vocações em que uma pessoa não poderia permanecer como estando "diante de Deus".


Finalmente, no que se refere a esta questão, temos que simplesmente perguntar: – Acaso ir à guerra é permanecer diante de Deus ou andar nas pegadas de Cristo? Se for, então que os Cristãos procedam assim; mas se não for, então o que fazer?

C.H.Mackintosh (1820-1896)

"Things New and Old" – Feb. 1876


 

O ESPÍRITO SANTO – Sua Pessoa, Sua Vinda e Sua Obra


Prefácio

Este breve esboço a respeito do Espírito Santo não busca apresentar qualquer novidade, mas o autor sentiu a necessidade de apresentar aos amados santos de Deus o ensino das Escrituras sobre este importante assunto. Que este esboço possa levar o leitor a uma cuidadosa meditação sobre as passagens bíblicas que são constantemente citadas neste estudo. Aqueles que desejam um ministério que dê uma explanação mais ampla do assunto devem buscá-lo nos escritos de J. N. Darby, W. Kelly e Dr. W. T. P. Wolston.


Que o Senhor abençoe abundantemente Sua própria Palavra a todos os que venham a ler este esboço.

H. E. Hayhoe (1881-1962)


O ESPÍRITO SANTO

Sua Pessoa, Sua Vinda e Sua Obra

Uma busca cuidadosa nas Escrituras irá mostrar que toda obra de Deus tem sido, e sempre será, em Trindade. É sempre Deus o Pai, em Seu propósito; Cristo, o Filho, como Aquele que executa esses propósitos, e o Espírito, o poder, Cujos propósitos são executados.


O Espírito Santo é Eterno (Hb 9:14). Ele é uma Pessoa, não apenas uma influência, pois o Senhor Jesus diz em João 14:16, "E Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará Outro Consolador, para que fique convosco para sempre".


Ele convence “o mundo do pecado”, e avisa “do juízo” prestes a vir (Jo 16:8-11).


Ele guia “em toda a verdade”; Ele glorifica a Cristo, e cuida das coisas de Cristo, e as mostra para nós (Jo 16:13-14).


Ele, o Espírito Santo, fala em João 16:13, Atos 13:2, 1 Timóteo 4:1 e Apocalipse 14:13.


Ele reparte a cada um conforme Ele quer (1 Co 12:11). Ele “ajuda as nossas fraquezas”; e intercede pelos santos (Rm 8:26).


Ele possui os pensamentos de Deus, por isso temos a mente do Espírito, conforme a vontade de Deus (Rm 8:27).


Ele é o Espírito de verdade – sendo as próprias palavras das Escrituras a expressão do Espírito (Jo 16:13; 1 Co 2:13).


O que caracteriza esta presente dispensação (que começou no dia de Pentecostes e terminará com a vinda de Cristo como Noivo para a Sua noiva), é a presença do Espírito Santo de Deus sobre este mundo como uma Pessoa divina. Ele habita na casa professante da cristandade (At 2:2; 1 Co 3:16-17; Ef 2:22).


Ele também habita em cada crente (1 Co 6:19). Ele é para nós a Testemunha de tudo o que Cristo é, e de tudo o que Ele fez para a glória de Deus. É pelo Espírito, também, que somos levados à privilegiada posição de aceitação em Cristo e de glória vindoura juntamente com Ele. Ele pode ser entristecido por nossa conduta, mas nunca nos deixará (Ef 4:30; Jo 14:16).


Toda obra de Deus é, como sempre foi, pelo Espírito. No Antigo Testamento, o Espírito de Deus foi o poder na criação (Gn 1:2, Sl 104:30).


O Espírito de Deus desceu sobre os santos do Antigo Testamento, mas não habitou neles (2 Cr 15:1). Algumas vezes isso aconteceu mesmo com aqueles que não pertenciam à família de fé, como Balaão e Saul, no Antigo Testamento (Nm 24:2; 1 Sm 10:10), e Caifás, no Novo Testamento (Jo 11:51).


A vida eterna, agora recebida por fé, é desfrutada pelo poder de um Espírito não entristecido (Jo 7:37-39).


O entendimento das coisas de Deus é fruto de um andar na presença de um Espírito não entristecido (1 Co 2:15).


O Espírito de Deus irá sempre ocupar a mente, e encher o coração com Cristo, nunca com o próprio "eu", salvo nos casos em que o "eu" precise ser julgado. Isto nos mantém humildes e alegres. Humildes por sermos tão pouco conformados a Ele, e alegres por Ele nos amar tanto, Nascidos do Espírito.


A cada um da família da fé, sempre foi dado vida pelo Espírito (Ez 11:19; Ez 36:26-27; Jo 3:5; 6:63).


Agora todo crente tem, "vidacom abundância" (Jo 10:10). Trata-se de vida em Cristo ressuscitado (Jo 20:22), de forma que possuímos uma vida sobre a qual o pecado não tem domínio (Rm 6:14), sobre a qual a morte não tem nenhum direito (1 Co 3:22), e sobre a qual Satanás não tem qualquer poder (1 Jo 5:18). Essa vida será manifestada na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, conforme 1 Tessalonicenses 4:15-17.


Os santos do Antigo Testamento possuíam vida pelo Espírito, mas não aquela vida à qual as Escrituras se referem como, "vida abundante". A vinda do Espírito Santo e Sua habitação em nós deu-nos o conhecimento de filiação, que significa um parentesco consciente, que nos capacita a dizer: "Aba, Pai" (Gl 4:6). Uma vez de posse desta vida, temos comunhão de pensamento em unidade de vida, por termos vida no Filho que nos revelou o Pai. O Espírito testifica d'Ele e da Sua obra, de modo que, por meio da fé, possamos nos regozijar do conhecimento do parentesco que hoje temos.


Somos nascidos de Deus (1 Jo 5:1), participantes da natureza divina (2 Pe 1:4; Ef 4:24), e habitados pelo Espírito Santo (1 Co 6:19).


O Batismo do Espírito Santo

O batismo do Espírito Santo aconteceu no dia de Pentecostes, quando todo aquele grupo reunido no andar superior da casa recebeu o Espírito Santo. Naquela ocasião o Espírito Santo "encheu toda a casa" (At 2:2), e encheu também cada um dos que estavam na casa (v.4). As "línguas repartidas" (At 2:3), demonstravam o propósito de Deus em fazer tanto judeus como gentios um em Cristo, enquanto que o fato de serem "como que de fogo", (figura de um juízo), nos faz lembrar que "a santidade convém à Tua casa, Senhor, para sempre" (Sl 93:5). Isto tornou-se evidente no julgamento de Ananias e Safira (At 5). Algo similar ao batismo com o Espírito aconteceu quando os gentios foram publicamente recebidos, em Atos 10:44 e 11:15. É a isso que se refere 1 Coríntios 12:13, quando foi dada a Paulo a revelação da verdade da Igreja como sendo o corpo de Cristo.


Uma vez que a Igreja foi formada, o batismo com o Espírito não se repete em nossos dias. Hoje os crentes são “acrescentados”, à medida em que cada um recebe o Espírito Santo individualmente, como consequência de sua fé em Cristo e na Sua obra (Ef 1:13).


É bom frisar que, em nossos dias, o Espírito não é dado pela imposição de mãos. Além disso, mesmo na igreja primitiva, o Espírito nem sempre foi recebido desta maneira (At 10:44), mas Deus usou este meio em ocasiões especiais para preservar a Igreja dos grupos nacionais independentes entre si. Foi o cumprimento de João 11:52. Podemos ver isto quando os samaritanos foram recebidos (At 8:17). Também quando foi recebido Saulo de Tarso, para que a ele pudesse ser dada a verdade de que os crentes em Cristo são “um com Ele”, e para que Saulo pudesse se identificar com eles (At 9:4,28). Vemos isto novamente quando alguns gentios, que conheciam apenas o batismo de João, foram recebidos (At 19:6). "Há um só corpo e um só Espírito"(Ef 4:4). Preciosa Verdade!


A Unção do Espírito

A unção do Espírito é dada para o serviço (Lc 4:18). O sacerdote em Israel era ungido para o serviço (Êx 29). A unção era para separar pessoas para o Senhor, ou, no caso da adoração de Israel, coisas usadas na adoração. Hoje, nós que somos salvos, somos ungidos pelo Espírito (2 Co 1:21; 1 Jo 2:27).


O Selo do Espírito

O selo do Espírito serve para marcar aqueles que crêem, como sendo de Cristo (2 Co 1:21-22). Sendo assim, é dito que "se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é d'Ele"(Rm 8:9), para um homem até estar selado pelo Espírito, não pode ser manifestadamente declarado sendo de Cristo, mesmo que uma obra de Deus pelo Espírito possa ter começado em sua alma (Fp 1:6). Todo crente, uma vez selado, é selado até “o dia da redenção” (Ef 4:30).


O Penhor do Espírito

O penhor do Espírito significa que o Espírito que habita no crente é a garantia de que, com absoluta certeza, estaremos na glória vindoura, para os privilégios que Ele procura trazer para que desfrutemos desde já (2 Co 1:22; 2 Co 5:5; Ef 1:14).


Cheios do Espírito

Somos exortados a “nos encher do Espírito” (Ef 5:18), pois quando estamos assim cheios, nos rendemos à energia do Espírito que deseja ocupar nossa mente e preencher o nosso coração com Cristo, na glória da Sua Pessoa, e na plenitude da Sua obra. Sua obra perfeita glorificou a Deus, e tornou possível que a graça viesse a nós em toda a plenitude dos propósitos de Deus. Para nos rendermos, é necessário que mortifiquemos os desejos do corpo, a fim de podermos viver no poder do Espírito, e quando estamos assim cheios, vivemos para Cristo (Rm 8:13). Não se trata de algo que é feito de uma vez para sempre, mas trata-se da aplicação prática e diária da verdade (Lc 9:23; 2 Co 4:10).


Uma pessoa cheia do Espírito não estará ocupada consigo mesma, e nem tampouco com o próprio Espírito, mas com Cristo, Aquele de Quem o Espírito fala (Jo 16:13-14). Estevão é um maravilhoso exemplo disto (At 7:55).


Os Dons do Espírito

Alguns dos dons do Espírito foram dados para "sinais", e, como tal, serviram para confirmar a Palavra para aqueles que eram incrédulos (At 14:3; 1 Co 14:22). Eles não eram para ser utilizados, mesmo quando possuídos, exceto para edificação. Quando se tratava de falar em línguas, devia-se permanecer em silêncio a menos que alguém pudesse interpretar o que era falado, de forma a edificar a assembléia (1 Co 14:27-28).


Quanto ao dom de línguas do versículo acima citado, não existe promessa de sua continuação, nem de qualquer um dos outros dons de sinais (1 Co 12:28-31). A continuidade é prometida para aqueles dons que expressavam o amor de Cristo para com a Igreja (Ef 4:11-16).


O dom de línguas servia para demonstrar a unidade de todos os crentes de todas as nações, unidade formada por Deus através da vinda do Espírito (At 2:4-11; 1 Co 12:13). Visto que a Igreja de Deus falhou de forma tão significante em expressar exteriormente esta unidade, o dom de línguas, assim como todos os dons de sinais, já não são manifestos em nossos dias. Aqueles que professam possuir estes dons devem ser provados à luz das Escrituras. O dom de línguas na Bíblia não se tratava da manifestação de línguas ininteligíveis, mas línguas bem conhecidas e faladas neste mundo (At 2:8). Quando se tratava de efetuar curas, ninguém saía desapontado. Todos eram curados (At 5:16). É bom testar aqueles que afirmam ter o dom de línguas e de cura hoje, por meio dessas Escrituras (1 Co 4:19-20).


Além do mais, "os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas". O Espírito de Deus não força um homem a falar a qualquer hora, ou de qualquer maneira, e quando alguém ministra, seu ministério deve ser objeto de um julgamento espiritual por parte de seus irmãos. Além disso, aqueles que falam línguas, devem falar um de cada vez, caso contrário, haverá confusão (1 Co 14:27-33).


Os dons do Espírito não se tratam de “habilidades santificadas”, mas de uma verdadeira comunicação daquilo que não era possuído anteriormente, embora colocado em um vaso preparado por Deus para esse uso.


Os dons apresentados em 1 Coríntios 12 eram as várias manifestações do Espírito, ali dispostas por Deus, e administradas pelo Senhor, e suas operações eram pelo Espírito. Seu uso devia ser para edificação (1 Co 14).


Quando a Igreja de Deus se transformou numa "grande casa", a palavra em 1 João 4:1 é: "provai se os espíritos são de Deus". Duas coisas devem caracterizar o verdadeiro ministério pelo Espírito: primeiro, deve haver a confissão da verdadeira Deidade e Humanidade de Jesus Cristo; segundo, deve haver submissão à doutrina dos apóstolos conforme é dada na Palavra. Isto é muito importante (1 Jo 4:2,6).


Conclusão

Todo crente é habitado pelo Espírito, e sabe disso pelo amor de Deus que é derramado em seu coração (Ef 1:13; 1 Co 6:19; Rm 5:5).


Toda bênção Cristã é um dom. Não recebemos essas bênçãos por nossos próprios esforços ou orações. Nós as recebemos quando a fé recebe a Cristo, e crê no evangelho da Sua graça (Ef 1:3). Aqueles que creram no evangelho no dia de Pentecostes, receberam também o dom do Espírito (At 2:38).


O nosso desfrutar daquilo que temos recebido depende do nosso andar (Rm 15:13; Ef 4:30; 1 Co 2:15). Andemos cuidadosamente, em oração, submissos à Palavra, e julgando tudo aquilo que possa impedir a ação do bendito Espírito de Deus em nos mostrar as coisas que pertencem a Cristo.


É importante lembrar que as Escrituras são inspiradas pelo Espírito de Deus (2 Pe 1:21), e que o Espírito nunca guiará alguém por um caminho contrário à Palavra.

H. E. Hayhoe (1881-1962)

 

Qual foi o motivo que Tu, Deus de Amor,

Nos deste o Espírito, o Consolador,

Que enchendo de paz e de amor divinal,

Selou corações com um Selo eternal?


Foi o amor, foi o amor, infinito amor!

Que a Ti motivou, nosso Pai, Deus de amor!

Amor que o Espírito em graça nos deu,

O Consolador que assim nos proveu.

"HINO nº12" (hinar.io)


 

A POSIÇÃO E A CONDIÇÃO DO CRENTE


Apresentamos aqui, algo acerca dos mais maravilhosos e proveitosos princípios, que nos levam a um correto entendimento espiritual da posição, e da condição do crente, diante de Deus. A ignorância que existe acerca destes pontos é algo que entristece, já que a má compreensão da posição e condição do Cristão diante de Deus, pode resultar em confusão e falsas doutrinas. Certa vez, perguntaram a um pregador se determinada forma de agir de um crente alteraria seu estado diante de Deus. – Sim – respondeu ele – afetará a sua condição, mas não a sua posição perante Deus. – O que quer dizer isto? Conduziremos o leitor, às passagens da Palavra de Deus, que tratam deste assunto tão importante. Primeiramente, citaremos três passagens que falam da nossa POSIÇÃO diante de Deus:


"Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis" (1 Co 15:1).


"Sendo pois justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus" (Rm 5:1-2).


"Por Silvano, vosso fiel irmão, como cuido, escrevi abreviadamente, exortando e testificando que esta é a verdadeira graça de Deus, na qual estais firmes" (1 Pe 5:12).


A posição do convertido é como Deus o vê em Cristo Jesus. Por conseguinte, o crente se encontra, diante Deus, em toda a perfeição de Cristo Jesus. E como Deus vê a Seu Filho amado? Sem defeito, sem mancha, sempre perfeito. Como Deus nos vê? Em Cristo Jesus nos vê salvos, lavados com o Seu sangue e também sem defeitos, sem manchas e para sempre perfeitos.


Já que nossa "vida está escondida com Cristo em Deus" (Cl 3:3), temos muitas prerrogativas, tais como, a de não sermos chamados a juízo por nossos pecados, e a certeza assegurada de que o Senhor nos guardará para o bendito dia da Sua vinda e ressurreição dos que são Seus. Esta confiança está clara nas palavras do apóstolo Paulo a Timóteo: "porque eu sei em Quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia" (2 Tm 1:12).


Vejamos pois qual é a condição do crente. Citaremos, primeiro, seis passagens que se referem à nossa CONDIÇÃO espiritual:


"E espero no Senhor Jesus que em breve vos mandarei Timóteo, para que também eu esteja de bom ânimo, sabendo dos vossos negócios. Porque a ninguém tenho de igual sentimento, que sinceramente cuide do vosso estado. Porque todos buscam o que é seu, e não o que é de Cristo Jesus" (Fp 2:19-21).


"Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho" (Fp 4:11).


"Tíquico, irmão amado e fiel ministro, e conservo no Senhor, vos fará saber o meu estado" (Cl 4:7).


"Assim o meu coração se azedou, e sinto picadas nos meus rins. Assim me embruteci, e nada sabia; era como animal perante Ti. Todavia estou de contínuo contigo; Tu me seguraste pela minha mão direita" (Sl 73:21-23).


"Porque receio que, quando chegar, vos não ache como eu quereria, e eu seja achado de vós como não quereríeis: que de alguma maneira haja pendências, invejas, iras, porfias, detrações, mexericos, orgulhos, tumultos; que, quando for outra vez, o meu Deus me humilhe para convosco, e chore por muitos daqueles que dantes pecaram, e não se arrependeram da imundícia, e prostituição, e desonestidade que cometeram" (2 Co 12:20-21).


Qual é a condição do crente perante Deus? É tal como Ele nos vê em nosso decorrer diário. Como andamos? Falhamos a cada passo, e sempre temos que ser disciplinados e corrigidos. Pecamos em palavras, em atos e em pensamentos, sendo “tentadoatraídopela sua própria concupiscência” (Tg 1:12-16). Além disso, pecamos muitas vezes, por não fazer o que devíamos ou seja, por negligência (Tg 4:17).


A Palavra de Deus não estaria completa se nos ensinasse, tão somente, como ser salvos, sem nos mostrar, também, como deveríamos andar depois de convertidos a Cristo. Recomendamos, pois, ao crente que tiver dificuldade em compreender isto, que faça a si mesmo esta pergunta quando ler algo em sua Bíblia: "Este versículo fala de minha posição, ou de minha condição perante Deus?”


Como existe uma grande diferença entre, ambos, os gêneros, convém esquadrinhar mais as Escrituras para chegar a melhores conclusões. Tomemos como exemplo 1 Coríntios 1:2, onde o apóstolo se dirigiu aos crentes chamando-os de "santificados em Cristo Jesus, chamados santos, com todos os que em todo o lugar invocam o Nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso", enquanto que no capítulo 3:3, os qualificou de "carnais", pois, "havendo entre vós inveja, contendas e dissensões". Na primeira parte, ao chamá-los "santificados" (separados) por Ele e para Sua glória, se está considerando a posição perante Deus. Mas o seu modo de andar, ou seja a sua condição estava sujeita à crítica construtiva do apóstolo Paulo, pois os encontrou completamente "carnais" e andando "segundo os homens", pelo que necessitavam ser corrigidos e exortados.


Também em Colossenses 2:10, lemos: "E estais perfeitos n'Ele". Isto se refere à posição perfeita que cada crente tem em Cristo. Jamais poderíamos "melhorar" uma posição tão privilegiada, pois o crente já é completo n'Ele. Mas, lamentavelmente, o nosso modo de andar ou condição não está no mesmo nível de nossa posição, pois jamais poderemos dizer que estamos sem pecado (1 Jo 1:10).


No que se refere à posição atual dos crentes perante Deus, Ele sempre os contempla como se já estivessem na glória. Em Efésios 2:6, esta verdade tão preciosa nos é confirmada: "e nos ressuscitou juntamente com Ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus". Sublime benção! Mas Colossenses 3:5, nos exorta, quanto a nossa condição terrenal, admoestando-nos a mortificar os "nossos membros que estão sobre a Terra". Assim, vemos que os crentes, ao mesmo tempo, se situam no céu (sua posição) e na Terra (sua condição).


A epístola de Paulo aos Efésios, é a porção mais extraordinária de toda a Bíblia naquilo que se refere à posição e condição do crente. A epístola se divide em seis capítulos. Os três primeiros tratam na nossa posição nos lugares celestiais em Cristo, e terminam com a palavras "Amém", ao final do capítulo 3. "Amém", significa: "Assim seja". A segunda parte da epístola, começa com a palavra "andar": "Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação a que fostes chamados" (Ef 4:1). E, é a nossa condição, que é tratada nos três capítulos finais da epístola.


É óbvio, que existe na Palavra de Deus, muito mais instruções referentes à condição do crente perante Deus, do que à sua posição perante Ele. Assim deve ser, sua condição é terrenal e temporária, enquanto que, a sua posição é celestial, eterna e perfeita. Cristo, em Sua morte na cruz do Calvário, a fez assim. É o dom gratuito de nosso Deus para pobres pecadores como nós. Devemos ser "um povozeloso de boas obras" (Tt 2:14), não para que sejamos salvos, mas porque já somos salvos.


É o desejo constante do Pai (o Espírito Santo atua também continuamente com igual propósito), que nossa condição esteja sempre em conformidade com nossa posição gloriosa e celestial (Rm 6:12-14 e 2 Tm 2:21-22).


 

A EXPECTATIVA


Amado, paremos um pouco para considerar quanto tempo ainda resta até que vejamos a face do Senhor! Sua face, Sua própria face, Aquele que é "o mais distinguido entre dez mil" (Ct 5:10 – ARA), o "totalmente desejável" (Ct 5:16) – Jesus, nosso Senhor. Alguns de nós ainda são jovens; outros já estão velhos, mas mesmo que Ele não venha nos buscar no tempo de vida que nos resta aqui, Ele não tardará. Se for este o caso, é certo que no máximo em pouquíssimos anos já estaremos vendo Jesus.


Pode ser o caso de você se encontrar deitado em seu leito, o corpo perecendo à medida em que se aproximam os seus últimos momentos. Então, seriam momentos nos quais sua alma, deveria tão somente estar se esforçando para vislumbrar a Sua Pessoa. Ele iria sorrir para você, enquanto seus amigos poderiam notar a beleza do Senhor brilhando em seu semblante, e testemunhariam de seu sorriso de saudação correspondendo ao dEle, à medida em que seu espírito se apressasse para estar para "sempre com o Senhor" (1 Ts 4:17).


O que é esta vida? “É um vapor que surge por um pouco, e então se desvanece” (Tg 4:14). Sim, é certo, mas trata-se do tempo que você dispõe para conhecer o Senhor, e passar a ansiar por vê-Lo. Volte, irmão, ao amor de Jesus. Sim, pois muitas de nossas primaveras já se passaram. Acaso não é igualmente certo que aquela antiga doçura de dedicada afeição que tínhamos para com Ele já se foi? Será que não O amamos mais como antes? Será que a medida de nosso amor para com Ele, assim como a qualidade deste amor, diminuiu? Ele conhece todas as coisas; deixemos que Ele responda e acatemos isso em silêncio.


Muito embora o frescor de outrora tenha se acabado, assim como o vigor de nossa infância já não se encontra em nosso rosto, estamos ganhando em anos, e cada ano que passa nos declara: – Estamos mais perto do lar, mais perto do Senhor Jesus. – Aqueles que já viveram até à meia-idade, já viveram o suficiente para ter seus corações partidos. Parece ser, esta, uma das maiores razões de sermos deixados a viver por vários anos na escola da vida. Pudemos presenciar nossos pais morrendo, pudemos ver o espírito de nossos filhos subindo para o lar, e pudemos sentir a presença do Senhor à beira do leito de morte, tanto de velhos como de jovens. Já vivemos o suficiente para que, por muitas vezes, nosso coração fosse sarado por Sua mão, à medida em que fomos sendo quebrantados pelas tristezas da vida. E, a cada ano que passa, o céu não somente fica mais perto, mas também mais precioso ao nosso coração; mais tesouros são depositados lá à medida em que os anos vão passando, e cada época de nossa vida nos ensina coisas acerca de Jesus que nunca teríamos imaginado se não fossem as tristezas.


Ele é tão real, como alguém que é o mais amado em nosso coração; tão perto quanto um amigo que se fez mais próximo do que um irmão. Portanto, paremos para avaliar qual o maior tempo que ainda possamos ter que ficar aqui até que vejamos Sua face. Sabemos qual é o menor tempo que ainda pode nos restar: "num momento, num abrir e fechar de olhos" (1 Co 15:52); sim, podemos subir para o lar antes mesmo do próximo "tic" do relógio, pois Ele virá e não tardará. Mas pensemos no maior tempo, quanto poderia ser? Fique um pouco a sós com o Senhor, e considere o que será Sua saudação, e seu encontro com Ele, podendo olhar bem nos Seus olhos!


O que é a vida? É um momento privilegiado, para glorificar o Senhor neste mundo. Somos deixados aqui para andarmos como Ele andou – para brilhar como luzes no mundo, e isto por Ele – para sermos Sua carta, conhecida e lida por todos os homens. E quanto mais pensamos em vê-Lo, mais iremos desejar agradá-Lo. Seria demais dizer que, muitos que pertencem ao Senhor, possuem uma barreira entre suas afeições e o coração do Senhor? Existe um obstáculo. Não estão brilhando. Tais pessoas têm paz por meio do sangue de Cristo, mas Sua paz não está preenchendo seus corações. Não há proveito algum em esconder a verdade – muitos do povo de Deus não estão, neste exato momento, em comunhão pessoal com Cristo. Falta expressão às afeições espirituais. Há características próprias do Cristianismo, mas o olho espiritual carece de brilho; Jesus não Se encontra próximo àquela alma; Cristo não está habitando no coração pela fé. Para tal pessoa não está sendo o céu na Terra, e tampouco há um anseio por Cristo. Inteligência espiritual não é o mesmo que afeição espiritual, e sem o amor que move esta afeição, a lâmpada está obscurecida.


Volto a dizer, fique a sós com o Senhor; medite naquele momento que se seguirá à vida neste mundo, quando iremos ver Sua face. Que bálsamo é isto, para a presente aflição espiritual! Alguns sugerem um tipo de cura para a condição da alma, outros sugerem outra, mas todas falham a não ser esta: Jesus, e somente Ele. Damos graças a Deus pelas doutrinas, e agradecemos mais ainda por ser cada doutrina uma porta que se abre para a presença do Senhor. Estaremos nós do lado de fora destas portas? Muitos de nós estão! Sabem muito bem como são tais portas. Existe a porta de madeira de acácia, a de prata, a de ouro – o conhecimento de Sua humanidade sem mácula, Seu sangue redentor e a glória do Pai por meio d'Ele. Experimente abrir a porta de Sua humanidade, e contemple-O! Diante de você está o Homem perfeito. Abra a porta de prata da redenção e veja Suas feridas, outrora se esvaindo em sangue. Abra a porta de ouro e olhe para Ele, no lugar onde Ele mesmo Se encontra em glória nas alturas. Nosso coração precisa tão somente de Jesus; busquemos mais Sua bendita companhia. Sua presença irá derramar santo esplendor sobre nosso ser. Um pouco mais, e caminharemos junto com Ele em alvas vestes. Hoje mesmo nossas palavras estariam expressando a única língua do céu, se apenas nos deixássemos estar em Sua presença.


Que mudança ocorreria em nós, se nosso coração estivesse conformado a Cristo. As contendas de palavras cessariam, o orgulho se desvaneceria, o pecado seria confessado, e os homens reconheceriam que havíamos "estado com Jesus" (At 4:13).

H.F. Witherby (1838-1907)

Christian Treasury Jan/87

 

PERGUNTAS E RESPOSTAS


P: Ficaria contente se você dissesse algo sobre a passagem em Romanos 8:28 que diz: ”todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por Seu decreto”. Acaso as acusações do inimigo, e do nosso próprio coração, contribuem juntamente para nosso bem? Não são coisas agradáveis de se levar. De que maneira elas contribuem para o nosso bem?


R: A passagem supõe que já exista a consciência da perfeita liberdade da graça na qual, como crentes, nós nos encontramos – "Portanto agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus" (Rm 8:1) – "A lei do espírito da vida, …me livrou da lei do pecado e da morte" (Rm 8:2), – "Vós, porém, não estais na carne, mas no espírito" (Rm 8:9); – O Espírito habita em nós e "testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros" (Rm 8:16-17); mas ainda não estamos de posse da herança, exceto naquilo que se refere a sabermos que ela é nossa, e nos encontramos numa criação que geme, ainda sujeita aos efeitos do pecado do homem: estamos ligadas a ela por um corpo que ainda está sujeito à morte, enquanto aguardamos a adoção, isto é, a redenção de nosso corpo. Fomos redimidos; nosso corpo está habitado pelo Espírito, que nos liga com Cristo nos céus, mas no corpo estamos ligados a uma criação que geme.


Fomos salvos na esperança da glória vindoura, e aprendemos em paciência a esperar por ela; numa tal condição, não sabemos o que orar como convém, mas o sentimento divino produzido em nosso coração pelo Espírito, se expressa por um gemido inexprimível; mas na qual o Espírito entra, e Deus, que perscruta o coração, encontra em nós a mente do Espírito "que segundo Deus intercede pelos santos" (Rm 8:27). Numa condição assim, embora não saibamos o que orar como convém, sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus.


Sua pergunta, se "as acusações do inimigo, e do nosso próprio coração, contribuem juntamente para nosso bem" não caberia aqui; embora Deus possa fazer (e sem dúvida Ele faz), com que elas sejam transformadas para contribuírem para nossa bênção, pois o inimigo foi calado para sempre no que se refere à nossa aceitação para com Deus. O próprio Deus nos justificou, de forma que o Espírito Santo pergunta no versículo 33: "Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus?". Ninguém. "Quem os condenará?" (Rm 8:34). Não poderia haver, e nem há efetivamente, acusação contra aqueles que estão em Cristo Jesus.


Quanto às acusações de nosso próprio coração, não temos nada que possa satisfazê-las. Se tivéssemos algo, seria um mau indício. Sabemos que não importa quão profunda seja a descoberta do mal que há em nosso coração, Cristo já o suportou todo, e o pôs de lado para sempre. Não fazemos um juízo suficientemente mau de nós mesmos. A partir do momento que descobrimos que em nós "não habita bem algum" (Rm 7:18), e nos apossamos de um claro conhecimento do que somos, que Cristo morreu por nós, e que Ele nos libertou completamente e para sempre; começando a não nos preocupar conosco – teremos chegado à conclusão que tudo o que nos dizia respeito já foi tratado. O Espírito, que habita em nós, é entristecido com a mais tênue sombra de fracasso ou pecado e, portanto, não leva nossa alma a desfrutar (e nem poderia levar) da posição e da porção que temos. Ele faz com que nos voltemos para olhar o nosso próprio coração a fim de vermos o mal que há nele, e exercitarmos o auto-julgamento em nós mesmos a esse respeito; talvez seja isso que podemos confundir como "acusações do nosso próprio coração".


A passagem nos mostra, portanto, que em uma tal condição, Deus faz com que “todas as coisas contribuam juntamente para o (nosso) bem” (como um precioso consolo em meio às dificuldades e provações) – e desta maneira nosso coração é tranquilizado, na consciência de que os propósitos de Deus são cumpridos em Seu povo e a favor do Seu povo.

F.G. Patterson (1832-1887)

Scripture Notes and Queries – 1871


 

VOLTE!


"E Jesus lhes disse: Eu Sou o Pão da vida; aquele que vem a Mim não terá fome; e quem crê em Mim nunca terá sede.Tudo o que o Pai Me dá virá a Mim; e o que vem a Mim de maneira nenhuma o lançarei fora" (Jo 6:35,37).


Que convite de amor Cristo nos faz! O mundo nos faz muitos convites, e promete uma paz fundamentada em coisas efêmeras que não duram uma vida. Mas o Senhor oferece algo que não passa: "Deixo-vos a paz, a Minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá" (Jo 14:27). Conta-se que Abraham Lincoln, ao ser eleito presidente dos Estados Unidos, preparava-se para embarcar no trem que o levaria a Washington e, voltando-se para a multidão que o acompanhara à estação, disse: – Certo rei ordenou a seus sábios que escrevessem uma frase que pudesse ser usada em qualquer ocasião. E a frase que eles escolheram é a mesma que posso usar nesta ocasião: "Isto também é passageiro".


Muitas vezes somos tentados a voltar ao mundo, vivendo à sua maneira e desfrutando de suas ilusórias "vantagens". Assim desejavam os israelitas durante a peregrinação no deserto, quando estavam enjoados do “maná”. Aquilo que no princípio tinha para eles o “sabor como bolos de mel” (Êx 16:31), acabou lhes parecendo ter o intragável “sabor de azeite fresco” (Nm 11:8). Eles se lamentavam, dizendo: "Quem nos dará carne a comer? Lembramo-nos dos peixes que no Egito comíamos de graça; e dos pepinos, e dos melões, e dos porros, e das cebolas, e dos alhos. Mas agora a nossa alma se seca; cousa nenhuma há senão este maná diante dos nossos olhos" (Nm 11:4-6). Quanto engano havia nesse lamento! No Egito eles não passavam de escravos, pois "os egípcios faziam servir os filhos de Israel com dureza; assim lhes fizeram amargar a vida com dura servidão, em barro e em tijolos, e com todo o trabalho no campo" (Êx 1:13-14).


O mesmo ocorre conosco; logo nos esquecemos de que éramos escravos de Satanás e queremos voltar ao nosso estado anterior, achando que "comíamos de graça". Que triste engano! O mundo tem tanto a oferecer para o Cristão, como o Egito tinha para o povo de Israel. Nada havia para eles no Egito, além de dura escravidão. Mas, assim como o povo foi libertado da escravidão, nós também fomos libertados pelo sangue de Cristo, escapando do juízo que cairá sobre este mundo e sobre aqueles que rejeitarem o favor de Deus. Mas, como os israelitas, após termos sido salvos nos encontramos em um deserto, seco e árido, onde Deus nos sustenta com o "pão da vida" (Jo 6:35), que desceu do céu (Jesus), e com a água que saiu da Rocha "e a pedra era Cristo" (1 Co 10:4).


Quão triste é para nosso Senhor, que sofreu tanto para nos salvar, ver os Seus redimidos desejosos de voltarem ao seu estado anterior! O quanto vale para nós todo o Seu sacrifício? Nossos olhos, sempre se ocupam com aquilo que nos parece de maior valor; e que valor tem para nós o sangue de Cristo derramado em nosso favor? Pilatos, ao apresentar o Senhor à multidão, perguntou: "Que farei então de Jesus, chamado Cristo? Disseram-lhe todos: Seja crucificado" (Mt 27:22). E você, o que fará de Jesus, seu Salvador? Judas O vendeu por “trinta moedas de prata” (Mt 26:15), o valor de um escravo (Êx 21:32). Quanto vale o Senhor para você? Haverá alguma coisa neste mundo, ou mesmo o mundo todo, cujo valor exceda o d'Aquele que deu Sua vida por você? Se você se afastou d'Ele, saiba que Ele não Se afastou de você. Como o "filho pródigo" de Lucas 15:11, você já deve ter percebido que este mundo só pode lhe oferecer comida de porcos. Mas, o Pai está esperando por você de braços abertos, desejoso de lhe dar o melhor: "o pão da vida" (Jo 6:35). Volte agora mesmo. Confesse a Ele o seu pecado e, ainda que deseje culpar outros por seu afastamento, é com o Pai que você interrompeu sua comunhão, e é com Ele que deve se reconciliar em primeiro lugar.


"tomei-os pelos seus braços, mas não conheceram que Eu os curava. Atraí-os com cordas humanas, com cordas de amor; e fui para eles como os que tiram o jugo de sobre as suas queixadas; e lhes dei mantimento" (Os 11:3-4).

M.Persona

 

COMO SER FELIZ


Querido Cristão, jovem ou velho, conserve um relacionamento íntimo com Deus. Quando você descobrir que falhou e pecou, não faça pouco caso disso. Trata-se de algo sério, pois interrompe a sua comunhão, e nada poderá disfarçar essa perda. Portanto, reconheça logo e confesse a seu Pai, e receba o Seu perdão (1 Jo 1:9). Se foi um caso de falhar para com outros, então não hesite em confessar isto a eles, não importa quão humilhante possa ser. Isto, manterá a sua consciência límpida e exercitada, além de promover a comunhão e aumentar o seu gozo. "O que encobre as suas transgressões, nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia" (Pv 28:13).


Leia a Palavra de Deus. Uma grande razão para o fracasso de muitos que pertencem ao povo querido do Senhor está em não lerem suas Bíblias. Eles parecem não ter apetite para isto. Um capítulo, de manhã e à noite, parece ser tudo o que eles acham necessário. Se eles tratassem seus corpos com uma dieta tão limitada, cedo entrariam em colapso. É excelente cultivar um apetite pela Palavra. Leia bastante, e intercale sua leitura com muita oração em busca de esclarecimento e auxílio, e para que a graça a transforme em bem em sua alma (Sl 1:2-3).


Carregue, constantemente, com você uma edição ou porção de bolso. Não se envergonhe de ser visto lendo-a. Deixe que ela seja o seu conselheiro. Ali está a sabedoria; ali há luz; tudo o que você precisa está ali. É a voz de Deus, a qual o Espírito Santo faz com que seja ouvida no silêncio do mais íntimo de sua alma, para guiá-lo e aconselhá-lo. É também a comida da nova vida, portanto, "Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo" (1 Pe 2:2); do contrário você acabará se tornando um anão espiritual (Sl 119:11).


Que você possa ler, grifar, assimilar e digerir sua Bíblia, com muito fervor e oração. Não fique desencorajado se não parecer estar aprendendo muito a cada vez. Você adquirirá o suficiente para a sua necessidade, e descobrirá sempre que tem o suficiente para dar a outros se tiver um coração pronto a fazê-lo. "A alma generosa engordará, e o que regar também será regado" (Pv 11:25). Portanto, quanto mais você der, mais receberá para dar, e maior será o seu gozo em dar.


Ore muito. Todos os homens de Deus são homens de muita oração. Eles vivem no espírito de oração e, sempre que acham uma oportunidade, têm prazer em se afastar, sem que os outros percebam, para falarem com Deus. A oração, é a expressão da dependência do Cristão para com Deus. Trata-se da fraqueza humana se apegando à força do Todo-poderoso, ligando-se a Ele com expressivo terno amor. Apóie-se n'Ele totalmente.


Trate Deus como seu Pai. Exercite, para com Ele, uma confiança sem restrições. Nunca pense que algo possa ser muito trivial, ou sem valor para Ele Se ocupar. "Lançando sobre Ele toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós" (1 Pe 5:7). Benditas palavras! "Toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós".


Não negligencie sua oração a sós. No momento em que você começa a negligenciar isto, esteja certo de que há algo errado. Pare, imediatamente, e examine-se, procurando se assegurar de ter o impedimento removido, caso contrário o resultado será uma queda. Não viva para ser visto pelos outros, mas para ser visto por Deus.


Procure as respostas à oração, e volte para dar graças. Não se esqueça de ser agradecido. Faça com que estas coisas tornem-se um hábito constante em sua alma e sua felicidade estará assegurada. (Fp 4:6-7).


"Ora, Àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a Sua glória, ao único Deus, Salvador nosso, por Jesus Cristo, nosso Senhor, seja glória e majestade, domínio e poder, antes de todos os séculos, agora, e para todo o sempre. Amém" (Jd 1:24-25).

Gospel Truth Publications


 

O CASACO DE PELES


O vento gelado já se fazia sentir, e as densas nuvens prenunciavam um inverno rigoroso. Buscando precaver-se contra o frio, o caçador dirigiu-se à floresta a fim de matar um urso, do qual planejava fazer um bom casaco de peles. Não demorou muito para encontrar um grande urso vindo em sua direção. O caçador levantou sua arma e, mirando no grande animal, preparou-se para atirar.


- Espere! – gritou o urso, – por que você quer me matar?

- Porque estou com frio – disse o caçador, – e preciso de um casaco.


O urso, mostrando-se dócil e amigo, retrucou: – Compreendo o seu problema, mas entenda que eu também tenho um problema a resolver, estou com muita fome. Que tal se nós conversássemos a respeito e, juntos, procurássemos uma solução para nossos problemas? Tenho certeza de que poderemos chegar a um consenso!


O caçador concordou prontamente e, sentando-se ao lado do urso, começou a discutir com ele um meio de chegar a uma solução que deixasse ambos satisfeitos. No final, o caçador acabou bem agasalhado com a pele do urso, e o urso pôde satisfazer sua fome.


Nós sempre saímos perdendo quando tentamos dialogar com o pecado. Ele acabará por nos consumir.


"Seduziu-o com a multidão das suas palavras, com as lisonjas dos seus lábios o persuadiu. E ele segue-a logo, como boi que vai ao matadouro, e como o louco ao castigo das prisões; até que a flecha lhe atravesse o fígado, como a ave que se apressa para o laço, e não sabe que ele está ali contra a sua vida" (Pv 7:21-23).


 

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