(Revista bimestral publicada originalmente em Janeiro/Fevereiro 1989)
ÍNDICE
É MAIS TARDE DO QUE NUNCA
Uma criança estava se divertindo com seus brinquedos junto a um relógio de pêndulo. Quando este começou a bater as horas, o menino contou até doze badaladas. No entanto, o mecanismo estava defeituoso e, para surpresa da criança, continuou tocando, treze, quatorze… Assombrado o menino deixou de lado os seus brinquedos e pôs-se a gritar: "Papai, mamãe! Venham depressa. É mais tarde do que nunca!"
Convém que os crentes em Cristo ponham de lado os seus "brinquedos" e manifestem algum reconhecimento e visão da perigosa situação atual. O tempo urge. O Senhor cedo vem. É mais tarde do que nunca!
AOS JOVENS
A disposição para as coisas do Senhor entre os jovens crentes tem sido sempre um estímulo. Você não se lembra da época de sua conversão, quando queria somente viver para Cristo? No frescor do seu "primeiro amor" (Ap 2:4 – ARA), havia essa santa consagração e uma separação de tudo o que não era compatível com a nova vida em Cristo. Durante algum tempo, o Espírito Santo controlava muitos aspectos da sua vida – mas… eis que uma tentação qualquer apareceu!
Todo crente é tentado, e sempre será assim! Uns de uma maneira e outros de outra. Qualquer tentação pode terminar numa tragédia, mas não há nenhuma necessidade disso, pois a Escritura diz: "Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar" (1 Co 10:13).
Isto, foi escrito, com o objetivo de ajudar qualquer jovem crente, que não tenha podido alcançar vitória sobre alguma tentação em particular, e se encontre ainda preso a qualquer pecado ou vício. Talvez tivesse procurado largá-lo por amor a Cristo, mas prossegue contristando o Senhor.
O primeiro passo para a vitória, é compreender que a nossa luta efetua-se no reino espiritual. Há que dar conta que o diabo ataca, em primeiro lugar, a mente. "Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos" (2 Co 11:3). Eis o campo de batalha – e aí ele ganha uns pontos. Faz parte da estratégia de Satanás vencer essa batalha, e essas tentações, a que não resistimos, são o seu triunfo nas nossas vidas. Temos permitido que as nossas mentes respondam de certa maneira a esses ataques, necessitando, desse modo, de uma renovação.
"E vos renoveis no espírito do vosso sentido" (Ef 4:23). "Levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo" (2 Co 10:5). "Transformai-vos pela renovação do vosso entendimento" (Rm 12:2). Ao renovar o entendimento, é muito importante relacionar o problema do pecado com a cruz de Cristo. Identifique o problema como pecado; confesse-o a Deus como pecado. Tenhamos em mente que pecamos, não porque não podemos evitá-lo, mas porque queremos pecar, e por não permitirmos que Cristo tenha total controle de nossas vidas. Olhemos para o pecado do ponto de vista de Deus: vejamo-lo tal como ele é: horrível, abominável, detestável – pecado, que foi a causa pela qual Cristo morreu.
Deus faz uso da Sua Palavra. Aprenda de memória as Escrituras que tratam do seu problema, e aproprie-se delas. Empregue-as como as armas poderosas de Deus, para se livrar das garras poderosas do diabo. Leve a tentação à cruz. Recorde o que Cristo tem feito por você, que agora Lhe pertence; a Ele que é poderoso, para fazer da própria tentação um meio de crescimento e força espiritual, à medida que vai tendo vitória sobre ela.
Deus está disposto a mostrar-Se um Deus de resgate, liberdade e triunfo; "Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus, para destruição das fortalezas" (2 Cor 10:4).
Pensamento:
É normal ouvirmos perguntar: "É lícito fazer isto ou aquilo?"; "Não sabeis vós os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi, de tal maneira que o alcanceis" (1 Co 9:24). Talvez, não seja ilícito, que um corredor leve certa carga às suas costas, mas isso não o ajudará a ganhar o prêmio. Da mesma maneira, qualquer coisa que nos impeça de ganhar o prêmio na carreira Cristã, deve ser lançada fora. A questão não é se algo é bom ou mau, mas simplesmente se me ajuda, ou não, a dar testemunho de Cristo neste mundo obscuro e necessitado.
ÁRVORES ENXERTADAS E O SEU FRUTO
Os horticultores efetuam enxertos de árvores de bom fruto nos troncos e galhos de árvores que nunca deram bom fruto. O resultado é sempre positivo. Mas se os rebentos do tronco antigo nascem debaixo do enxerto, somente produzem mau fruto que já antes possuía.
Um desses frutos ilustra a nova natureza do crente e o outro a antiga.
"Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a Sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus" (1 Jo 3:9).
"Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum: e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem" (Rm 7:18).
"A VINDA E O REINO DE
NOSSO SENHOR JESUS CRISTO"
(Alguns Pensamentos Selecionados)
(A ordem dos eventos aqui descritos não está cronologicamente delineada)
Por meio de Sua Palavra e Espírito, Deus tornou conhecido "o mistério da Sua vontade" (Ef 1:9). O Cristão deve ser a pessoa mais consciente e serena na face da Terra, quando se trata do futuro deste mundo. Se por um lado somos exortados a não termos uma mente posta neste mundo (Cl 3:1-3) visto que, a Igreja tem uma herança celestial (Jo 14:1-3), por outro lado, devemos tomar parte do reino milenar de Cristo sobre esta Terra. Estaremos com o Senhor quando Ele aparecer, e devemos ter ao menos uma idéia geral do que irá acontecer. Tal é a intenção da seleção apresentada a seguir; estabelecer alguns fatos bíblicos, concernentes ao aparecimento de Cristo, e do reino terrenal, que sejam de interesse dos queridos santos de Deus, para seu encorajamento, e também, como um alerta, a qualquer pessoa que ainda não aceitou o Senhor Jesus como Salvador. "Eu sou o Senhor; …novas coisas Eu vos anuncio, e, antes que venham à luz, vo-las faço ouvir" (Is 42:8-9).
“O rei do Sul” (Egito, Líbia, etc.) leva “o rei do Norte” a ameaçar Israel (Dn 11:40; Ez 30:4-5).
“O rei do Norte” (Assíria com a confederação das nações árabes) invade Israel (Sl 83:5-8; Dn 11:40-45; Ap 16:12).
Um remanescente de judeus tementes a Deus lamenta e clama a Ele por socorro (Sl 42; 54; 74; 88; 142; Jl 2:12-17).
“O rei do Norte”, despoja Jerusalém e o templo; e, invade o Egito (Dn 11:42-43; Jl 2:2-11; Is 20:4).
A Confederação Ocidental (Império Romano) vem em socorro de Israel (Dn 11:30; Nm 24:24; Ap 16:13-14).
Esse é o ajuntamento das nações para a série de batalhas de Armagedom (Ap 16:16; Sl 83:1-9).
“O Senhor Jesus” vem com os Seus santos [“…é vindo o Senhor com milhares de Seus santos”] (1ª batalha), como “o ladrão de noite”, para lutar contra os exércitos ocidentais (1 Ts 3:13; 5:2-3; 2 Ts 1:8; Cl 3:4; Jd 1:14-15).
“O Senhor” lança o líder romano e o anticristo no “lago de fogo” e destrói os exércitos ocidentais (Ap 19:11-21).
O Senhor Jesus, com “Seus pés sobre o Monte das Oliveiras”, Se revela como o Messias ao remanescente de Judá e eles se lamentam (Zc 14:4; 12:10-14; At 1:11-12).
“O rei do Norte” (2ª batalha) ouve essas notícias perturbadoras e volta para Israel onde Cristo o julga (Dn 11:44; 8:24; Is 14:25; Jl 2:20).
O Senhor Jesus traz as 10 tribos dispersas de Israel para Sua terra, julga-as “face a face” e condena os rebeldes (Ez 20:33-38; Zc 13:6; Sl 120-134 – "Cântico dos Degraus" ou "de subida").
Poder do Espírito, milagres, sinais nos céus (Jl 2:28-32).
Todas as 12 tribos estão juntas na terra prometida de Israel (Ez 20:33-38; Is 43:5-7; Ez 37:13-17).
Israel, como uma nação, recebe um novo coração (Ez 36:21-38).
O Senhor Jesus com Seus anjos limpa o reino de tudo o que é ofensivo (Mt 13:40-43).
A Rússia (Gog), ao ver uma chance de dominar o mundo, vem sobre Israel e é destruída (3ª batalha – Ez 38, 39:1-16).
Sete meses para sepultar os mortos; sete anos para queimar as armas (Ez 39:8-16).
Israel unido destrói seus inimigos vizinhos, Moab, Edom, Amom e Filisteus, desde o Nilo até o Eufrates (Is 11:14; Sl 108:7-13).
“O trono da Sua glória” é estabelecido para julgar as nações (ovelhas e bodes – Mt 25:31-46).
Todo olho (nações) verá Cristo em poder e até os que O crucificaram (Israel – Ap 1:7).
Satanás é preso por mil anos (Ap 20:2).
Todos os homens voltam às suas terras e povos de origem (Is 13:14; Jr 50:16; Mq 4:4 – sua vinha).
A terra de Canaã é dividida entre as doze tribos (Ez 45).
O templo é construído em novo local, a muitos quilômetros ao norte de Jerusalém (Ez 41-45).
Judeus e gentios trabalhando juntos (Is 60:10; 1 Rs 5:1-6).
Um príncipe da casa de Davi (Judá) governa (Ez 44:3; 45:7,17,22).
A Jerusalém terrenal é reconstruída e há júbilo (Zc 8:3-8; Jr 33:9-14).
A Jerusalém celestial torna-se visível (Ap 21:9-27).
Os Cristãos são galardoados no reino (Ap 22:12; Lc 19:11-19; 1 Co 3:14).
Nações gentias são abençoadas (Is 11:10-12; 42:5-7; Ap 7:9).
Gentios buscam os judeus para aprenderem acerca de Deus (Zc 8:20-23).
Continuam a existir diversas línguas no milênio (Zc 8:23; Is 66:18; Ap 5:9).
Armas são transformadas em ferramentas úteis (Is 2:4).
Egito e Assíria são grandemente abençoados (Is 19:23-25).
Israel é enriquecido (Zc 14:14; Is 60:11-17).
Paz mundial (Is 32:17-18; Mq 4:3).
A Terra se enche do conhecimento do Senhor (Is 11:9; Hb 2:14; Jr 31:34).
Israel é pacificador entre as nações gentias (Mq 5:7-15).
As obras de engenharia e monumentos dos homens são destruídos e esquecidos (Is 2:10-18; 65:16-17).
Novos céus e nova Terra (Is 65:17; 66:22 – reina a justiça).
Toda a criação louva o Senhor (Sl 148); música para louvor sobre a Terra (Sl 149, 150).
Montanhas e colinas se derretem (Sl 97:1-5; Mq 1:2-4; Ez 38:20).
O Sol e a Lua tornam-se mais brilhantes (Is 30:26).
Abre-se “grande… vale… para o oriente e para o ocidente” de Jerusalém (Zc 14:4).
Ezequiel 47 – Águas que curam (v.1-8) jorram em Jerusalém (Zc 14:8).
Peixes e pescadores no Mar Morto (v.9-10).
Árvores para alimentar e curar (v.12).
Todos os animais são restaurados ao seu habitat original (Rm 8:20-22) (os homens também – Is 13:14).
As nações vêm a Jerusalém para adorar e aprender (Is 2:1-3; 27:13).
Os cedros e as faias são restaurados na Terra (Is 14:7-8).
As coisas e lugares pervertidos são endireitados (Is 40:4; 42:16).
O deserto floresce, novas fontes, um caminho, surdos e cegos curados (Is 35).
Águas e árvores prosperam (Is 41:17-20).
Animais com um novo comportamento (Rm 8:21; Is 11:6-9; Is 65:25 – exceto a serpente, Is 65:25 – mas não poderá fazer mal (Satanás está preso).
Não haverá espinhos ou sarças (Is 55:12-13).
Não haverá fome nem sede, novas fontes, estrada desde a China (Is 49:8-12).
Bênção familiar e ordem para o jovem e para o velho (Sl 128; Zc 8:1-5).
Agricultura produtiva (Zc 3:10; Mq 4:1-4; Am 9:13-15; Jl 2:21-27).
Rebanho em abundância em extensas pastagens (Is 30:23-24; 65:9-10).
Estrangeiros e eunucos são abençoados (Is 56:3-8).
A terra prometida é reedificada (Is 61:4; Ez 36:33-36).
Edom (terra de Esaú) torna-se um miserável deserto (Is 34:5-15; Ob 8-10).
Não caem chuvas nas nações que se recusarem a ir a Jerusalém adorar o Rei e guardar a Festa dos Tabernáculos (Zc 14:17-19; Is 60:12).
Partes isoladas do Mar Morto não são saneadas (o pecado continua presente) (Ez 47:11).
Muitos se sujeitam a fingir uma obediência (Sl 18:44; 66:3).
Satanás é solto após mil anos, engana os fingidos e esses são julgados (Ap 20:7-10).
O Grande Trono Branco do julgamento dos perdidos (Ap 20:11-14).
O Dia de Deus – todas as coisas feitas novas (2 Pe 3; Ap 21:1-8).
Céus, Terra, elementos, obras, tudo dissolvido por extremo calor.
Novos céus e nova Terra, (onde habita justiça – o pecado foi removido para sempre).
Não há mais mar (divisão – Ap 21:1).
“Deus é tudo em todos” (1 Co 15:28) – O estado eterno.
"Desde agora, a coroa de justiça… está guardada… a todos os que amarem a Sua vinda" (2 Tm 4:8).
O LEITOR PERGUNTA
(continuação do número 17)
Um de nossos leitores nos escreveu expondo algumas dúvidas acerca do artigo "Que Denominação É Esta?" publicado no número 18 de "Palavras de Edificação, Exortação e Consolação":
"Li no último exemplar que os irmãos não concordam com denominação. Para onde iria, então, a pessoa que aceita a Cristo Jesus como Salvador, se não houver uma denominação onde ela possa aprender melhor da Palavra de Deus, por meio de homens que Deus colocou para esta finalidade?"
Para esclarecer esta dúvida, transcrevemos aqui alguns trechos do livreto "És Membro de Quê? (Are you a Member? and of What?)” (G. Cutting), o qual pretendemos publicar oportunamente: "Uma das primeiras coisas que o coração regenerado mais anseia é a comunhão com o povo de Deus. Já não se sente bem no mundo, e muito naturalmente, busca a companhia dos seus irmãos em Cristo. Porém, de entre todos os nomes e divisões da cristandade desordenada, a alma nascida de novo pode muito bem perguntar: Onde devo ir?
A nossa resposta é: "A Deus e à palavra da Sua graça" (At 20:32). Seja quem for que esteja errado, Deus e a Sua palavra não erram. Tomai bem nota deste fato e deixai de confiar no homem, "cujo fôlego está no seu nariz" (Is 2:22).
Há alguns anos, dois crentes, até então desconhecidos um do outro, viajavam de trem, no mesmo vagão, quando, depois de haver falado de Cristo por algum tempo, um deles disse:
Posso perguntar-lhe a que denominação pertence?
Bem, essa pergunta é bastante comum respondeu o outro – mas diga-me primeiro o que, no seu pensar, deve guiar-me na minha vida de Cristão?
O seu interlocutor concordou, imediatamente, que só a Palavra de Deus podia guiá-lo com confiança.
Neste caso, se me permite, responderei à sua pergunta com outra. qual é a denominação que me é indicada na Palavra de Deus?
Depois de um breve silêncio veio a resposta:
Nenhuma, absolutamente.
Então não devo pertencer a nenhuma, porque se o fizesse (segundo a sua própria afirmação) estaria claramente numa posição onde a Palavra de Deus não me tinha colocado.
Mas – argumentou o outro – não é verdade que a Palavra de Deus nos exorta a “não deixando (deixarmos) a nossa congregação”, tanto mais quanto vemos “que se vai aproximando aquele dia”? (Hb 10:25).
Na realidade, assim é. Porém, um Cristão não precisa pertencer a uma denominação para poder cumprir essa passagem, porque o Senhor Jesus disse: "Onde estiverem dois ou três reunidos em Meu nome, aí, estou Eu no meio deles" (Mt 18:20).
Em 2 João 1:6, lemos que João exorta a senhora eleita, e os que com ela estavam, dizendo-lhes: "E a caridade é esta: que andemos segundo os Seus mandamentos. Este é o mandamento, como já desde o princípio ouvistes: que andeis nele".
Ora João tinha visto o Senhor durante a Sua vida; tinha-O visto morrer na cruz; foi testemunha da Sua ressurreição; viu-O subir ao céu; e estava presente quando, no dia de Pentecostes, o Espírito Santo enviado por Cristo veio para batizar os crentes num só corpo, e assim formar a Igreja.
João, tinha vivido o bastante para ver o mal entrar no círculo da Igreja professa. Mas qual foi o remédio dado por eles? Porventura disse: "começai de novo com um seita baseada em melhores estatutos?" Qual é a resposta que ele dá guiado pelo Espírito de Deus? "Este é o mandamento, como já desde o princípio ouvistes: que andeis nele".
De modo que, o Espírito Santo, deixa bem claro o fato que, não admite inovações humanas, que possam interferir com os sagrados princípios da Palavra de Deus para orientação do Seu povo, seja qual for a experiência ou a história dos seus autores.
Se levarmos em consideração este mesmo princípio na época atual, vemos que nos encontramos numa de duas posições: Estamos sobre o fundamento de Deus, para reunião dos discípulos como no princípio; ou, sobre qualquer outro fundamento que o homem, na sua fantasia ou zelo errôneo, tenha levantado desde o princípio.
No livro de Atos 2:42, está escrito dos primeiros discípulos que "perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações".
Depois da conversão de Saulo de Tarso, foi feita uma revelação inteiramente nova à Igreja, por intermédio deste antigo perseguidor dos santos; a saber: Que todo o crente na Terra é ligado a Cristo pelo Espírito Santo (At 9:4, 1 Co 6:17; 12:12-27); e que "assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo assim é Cristo também. Pois todos fomos batizados em um Espírito formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito" (1 Co 12:12-13). Em Efésios 4:3-4, não só encontramos o mesmo fato claramente mencionado – "Há um só corpo" – como somos exortados a "guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz"; quer dizer, devemos manter na prática o que o Espírito Santo tem formado espiritualmente.
Há duas classes de Cristãos no mundo. Para todos os efeitos, cada membro da primeira diz: "Os homens têm criado muitos corpos, e eu, sendo membro de um deles, ou melhor, segundo a minha maneira de pensar, desejo fazer tudo que for possível para servir os seus interesses". Enquanto que cada membro da outra pode dizer: "Deus formou um corpo e fez de mim um membro dele, e agora desejo, pela Sua graça, servir os interesses da cabeça, segundo os princípios expostos na Palavra de Deus. A qual destas duas classes de pessoas pertence o leitor?
Enfim! Quantos amados filhos de Deus são representados pela primeira? Não é verdade, que ouvimos, frequentemente, crentes falando de se "unirem" a este ou àquele corpo denominacional? Sem dúvida, eles esquecem-se (se é que alguma vez o souberam) que o único corpo reconhecido por Deus, na Sua Palavra, é "o corpo" do qual “Cristo é a Cabeça” (Ef 5:23), e, do qual todo o verdadeiro crente é membro. Estando salvos, já somos, (como se costuma dizer), "membros unidos" ao corpo. "O que se ajunta com o Senhor é um mesmo Espírito" (1 Co 6:17). Em 1 Coríntios 12:18, o apóstolo diz, empregando a figura do corpo humano, que "Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis".
Logo, que confusão triste quando alguém fala de se ligar a qualquer outro corpo! Porque não havemos de estar contentes com o lugar que Deus nos tem dado no "corpo de Cristo"? E procurar pela Sua graça cumprir os deveres desse lugar?
Certamente que o Espírito Santo nunca batizou crentes para uma "seita" ou denominação. Basta lermos em 1 Coríntios 1:12-13 e 3:3-4, para vermos como Ele enfrentou, por meio de Paulo, logo no princípio, por assim dizer, o espírito sectário em Corinto com um gesto eficaz de condenação: "Não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens? Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo, porventura não sois carnais?".
Mas dirá alguém, "Se é mau estar numa posição sectária e manter tal posição, existe na Palavra de Deus alguma indicação definida quanto à verdade de um corpo?"
Suponhamos que Pedro, Tiago e João, com mais alguns dos primeiros discípulos tivessem vivido até os nossos dias, digamos numa das nossas cidades, e continuassem a estar reunidos com a simplicidade da ordem divina do princípio ao nome do Senhor Jesus (Mt 18:20; Jo 20:9), lembrando-se d'Ele no “partir do pão”, “no primeiro dia da semana”, e aguardando a Sua segunda vinda (At 20:7; 1 Co 11:23-26); mantendo a disciplina bíblica (1 Co 5:9-13; 1 Tm 5:20; 2 Ts 3:6, 14-15; 1 Ts 5:14; 2 Tm 4:2; Tt 2:15; Gl 6:1); procurando guardar, na prática, a verdade de que "há um só corpo" (Ef 4:3-4); e reconhecendo a presença e a autoridade do Senhor Jesus Cristo no meio deles, para guiar por intermédio do Espírito Santo quem e como Ele queira, quer fosse no culto de adoração ou ministério, não reconhecendo desta maneira, evidentemente, os métodos humanos ou simples vestígios do que era pura e simplesmente usurpação de autoridade.
Pergunto, pois, a que denominação pertenceriam eles? Não será preciso muito discernimento espiritual, para que alguém possa responder, prontamente, dizendo que não pertenciam a nenhuma.
Mas, para podermos compreender melhor esta verdade, dizei-me, se vivêsseis na mesma cidade, não gostaríeis de ter a companhia dos apóstolos? Quer-nos parecer que sim. Pois bem, para poderdes ter essa companhia deveis, em primeiro lugar, deixar todo o terreno sectário, levantado pelo homem desde o princípio da história da Igreja na Terra, e aceitar com todas as suas consequências "a doutrina dos apóstolos". Colocados desta maneira sobre o fundamento da "comunhão dos apóstolos", tereis então o privilégio de a manifestar "no partir do pão". "Porventura o cálice de bênção, que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é porventura a comunhão do corpo de Cristo?" (1 Co 10:16).
Talvez alguém diga que os apóstolos já não estão neste mundo. É certo, mas, graças a Deus, a sua doutrina está – "A palavra viva que permanece para sempre". E, por isso, podemos hoje ocupar o mesmo terreno de comunhão que eles ocuparam nos seus dias, se tão somente nos deixarmos guiar por ela.
Pensamento:
Quando os crentes se reúnem para celebrar a Ceia do Senhor (1 Co 11:23-26), estão recordando aquilo que é mais caro aos olhos de Deus; “a morte do Senhor” (v.26), representada ali no pão e no vinho, símbolos de Seu corpo e sangue. Estão cumprindo o mandamento do Senhor, "fazei isto, …em memória de Mim" (v.25), além de lembrarem da Sua vinda (v.26). Além disso, os Cristãos expressam que "nós, sendo muitos, somos um só pão e um só corpo" (1 Co 10:17). Poderá um Cristão expressar perfeitamente essa unidade, fazendo-se membro de um corpo do qual não façam parte todos os membros do corpo de Cristo, ou adotando um nome que não possa ser levado por todos os verdadeiros filhos de Deus?
MORTOS PARA O PECADO
"Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com Ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado. Porque aquele que está morto está justificado do pecado. Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com Ele viveremos; sabendo que, havendo Cristo ressuscitado dos mortos, já não morre: a morte não mais terá domínio sobre Ele. Pois, quanto a ter morrido, de uma vez morreu para o pecado, mas, quanto a viver, vive para Deus. Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor. Não reine portanto o pecado no vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências" (Rm 6:6-12).
O "pecado" é a raiz, e "os pecados" são os frutos. O fruto de uma árvore é colhido ou cai no chão; e, em qualquer um dos casos desaparece. Mas a raiz da árvore permanece. Assim sucede com o crente no Senhor Jesus Cristo. Por fé, ele sabe que os seus pecados foram apagados "com o precioso sangue de Cristo, …o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo o pecado" (1 Pe 1:19; 1 Jo 1:7). Já desapareceram, e ele já não tem nada a ver com esses pecados. Mas a raiz, "o corpo do pecado", não foi em si mesmo aniquilado. Pouco a pouco, ou subitamente, o jovem crente, possuindo já uma natureza divina e santa ["fiqueis participantes da natureza divina" (2 Pe 1:4)], descobre, todavia, que tem dentro de si essa raiz venenosa do pecado. Então começa a lutar contra esse inimigo com as suas próprias forças, e encontra-se vencido; tem que confessar: "Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço" (Rm 7:19).
Como, pois, poderá evitar essa conexão de si mesmo com a raiz que permanece viva nele? Enquanto ele tiver vida no seu corpo físico, a raiz há que permanecer viva dentro de si. Sendo assim, ele tem que ter fé, e crer no que a Palavra de Deus lhe diz acerca dessa raiz má – o pecado – e acerca de quem o comete: "o nosso (velho) homem velho". Deus crucificou-o com Cristo! Diante do Juiz Santo, o nosso velho homem deixou de existir. Há que crer: "Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com Ele crucificado". Nesta passagem há ainda um outro "sabendo": "sabendo que, havendo Cristo ressuscitado dos mortos, já não morre"; e n'Ele, o Homem glorificado à destra de Deus, estamos "vivos para Deus". Então, já que Deus nos vê mortos para o pecado, há que crer nessa verdade. Daí, temos vitória sobre o pecado e quando qualquer tentação se manifestar, há que vencê-la com a verdade, tendo bem claro na mente a resposta: "Fui crucificado com Cristo. Fui sepultado e nada tenho a ver com a tentação e tampouco com os seus convites. Cristo é minha vida; Ele vive em mim; o Seu Espírito Santo mora em mim e me dá poder para agradar a Ele".
J.H.Smith
UMA VIDA SEM PECADO
1 João 1:8 declara: "Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós".
Tiago 3:2 afirma: "Porque todos tropeçamos em muitas coisas".
Romanos 6:12 exorta: "Não reine portanto o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências".
2 Coríntios 4:10-11, exorta e declara: "Trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossos corpos; e assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossa carne mortal".
Estes versículos dirigidos aos crentes demonstram que a velha natureza ainda está em nós. É imperativo, então, que velemos continuamente em oração (1 Pe 4:7).
Colossenses 3:3 declara: "Porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus".
Romanos 6:6 afirma que morremos na morte de Cristo: "…o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado".
Romanos 6:11 exorta-nos assim: "Assim também vós, considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor". É desta maneira que temos que iniciar a nossa vida Cristã; logo, 2 Coríntios 4:10 (citado acima) exorta-nos a levar a cabo esta verdade na vida quotidiana.
Finalmente, 2 Coríntios 3:18 explica-nos o modo de sairmos vitoriosos, com a ajuda de Cristo: "Mas todos nós, com cara descoberta, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor".
"Guarda-me, ó Deus, porque em Ti confio" (Sl 16:1).
CONSIDEREMO-NOS UNS AOS OUTROS
É essencial para a paz, harmonia e consolo da família humana, que todos os membros tenham consideração uns pelos outros. Somos responsáveis em buscar o bem e a felicidade para os que nos rodeiam, e não os nossos interesses. Se todos nos capacitássemos disso, que lares diferentes teríamos! Cada lar Cristão, deve ser um reflexo do caráter divino. O ambiente deve ser o verdadeiro ambiente do céu. Como será possível? Simplesmente quando cada um de nós procurar andar nos passos do Senhor Jesus, manifestando o Seu Espírito. Ele fazia sempre o que agradava ao Seu Pai.
Pensamento:
A auto-confiança é sinal de fraqueza, porque não busca a ajuda de Deus. Por outro lado, não ter confiança em si mesmo, é sinal de robustez espiritual porque há um apoio no poder divino. A força que Deus nos promete, serve para carregar a carga que Ele impõe, e não para cargas inúteis que queiramos impor a nós mesmos.
O PREÇO DE SEGUIR A CRISTO
"Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado" (Hb 12:4).
Das Sagradas Escrituras, ou de fontes fidedignas de historiadores seculares, sabemos que os seguintes apóstolos e outros servos do Senhor do primeiro século foram martirizados:
Tiago, irmão do apóstolo João – "Por aquele mesmo tempo o rei Herodes estendeu as mãos sobre alguns da igreja, para os maltratar; e matou à espada Tiago, irmão de João" (At 12:1-2);
Simão Pedro, irmão de André – O Senhor predisse o seu martírio: "…quando já fores velho, estenderás as tuas mãos; e outro te cingirá, e te levará para onde tu não queiras. E disse isto, significando com que morte havia ele de glorificar a Deus" (Jo 21:18-19). Alguns historiadores citam a hipótese de que Pedro, ao ser crucificado, tenha pedido para não o ser de cabeça para cima, mas em posição invertida, por não ser digno de padecer na mesma posição que o Senhor;
Estêvão – "E apedrejaram a Estêvão, que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito. E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu" (At 7:59-60);
Paulo – Sendo preso de Nero, um imperador Romano, soube que ia morrer: "Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo" (2 Tm 4:6). Embora não esteja provado, alguns historiadores narram que ele foi levado para fora das muralhas de Roma, a uma distância de três quilômetros, a um lugar perto do que se chama hoje de via Óstia, e decapitado com a espada sangrenta de César (porque, sendo romano, não foi crucificado).
Deus, não esqueceu, o que o império romano fez a Seu Filho amado e a Seus apóstolos: "E a grande cidade fendeu-se em três partes, e as cidades das nações caíram; e da grande Babilônia Se lembrou Deus, para Lhe dar o cálice do vinho da indignação da sua ira" (Ap 16:19).
CONTRASTE ENTRE ISRAEL E A IGREJA
(continuação do número anterior)
Quem são os inimigos de Israel
Quando Abraão vivia na terra prometida, o Senhor disse-lhe, assim como aos seus descendentes, acerca de seus inimigos: "E a quarta geração tornará para cá, porque a medida da injustiça dos amorreus ainda não está cheia… e o queneu, e o quenezeu, e o cadmoneu, e o heteu, e o fereseu, e os refains, e o amorreu, e o cananeu, e o girgaseu, e o jebuseu" (Gn 15:16,19-21). Conforme Levítico 20:1-23 aqueles povos haviam se corrompido ao ponto de Deus haver Se enfadado deles" (v.23). Por isso, Jeová ordenou aos israelitas que destruíssem totalmente esses povos perversos, pois eram inimigos de Deus e deles.
Os israelitas destruíram o cananeu (Nm 21:3), os amorreus (Nm 21:21-35); e a 31 reis e suas gentes (Js 12:7-24). Mas os que não aniquilaram, vieram a corromper o povo de Deus, como está escrito no Livro dos Juízes e nos livros históricos que se seguem no Antigo Testamento. Israel entrou na terra prometida com a espada na mão para acabar com os inimigos de Deus. Mas Cristo entrou no mundo com a espada do mundo contra Si, e submeteu-Se a ela. Daí o contraste entre a atitude correta do israelita e do Cristão, um seguidor de Cristo.
Quem são os inimigos do Cristão?
Ele mesmo não é inimigo de ninguém, mas os que se opõem a verdade Cristã são seus inimigos, e, portanto, inimigos de Cristo, que é "a verdade".
O Cristão nunca deve levantar a espada de aço nem por si nem por mandado de "César". Cristo nos diz: "Amai os vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem" (Mt 5:44). A espada do Cristão é a "espada do Espírito, que é a Palavra de Deus" (Ef 6:17).
Pensamento:
Em tempos de dificuldade, a fé não se manifesta na magnificência de grandes resultados, mas no amor pela obra de Deus, não importa quão insignificante seja, e na perseverança com a qual se leva a cabo, apesar de todos os obstáculos.
PODERÁ O CRENTE PERECER?
Não é "perigosa" a doutrina que ensina outra coisa?
Perecer? Um verdadeiro crente perece? Que a Pessoa mais capacitada responda a essa importante pergunta. Ele diz, "Jamais!" "E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da Minha mão" (Jo 10:28). O objetivo de Deus ao dar Seu Filho para ser levantado, não era "para que todo aquele que n'Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna"? (Jo 3:16).
Se o Grande e Bom Pastor empenhou Sua santa Palavra que ovelha alguma de Seu rebanho jamais perecerá (os incrédulos é que não são das Suas ovelhas – Jo 10:26), por que não honrar a Sua santa Palavra, e consolar sua alma perturbada com essa segurança? Dizemos mais ainda: afirmar outra coisa seria manchar a fidelidade d'Ele! Vamos explicar, pois muitos podem ter passado isto por alto.
Eles cantam com a maior sinceridade essa linha do hino "Tenho um depósito a guardar", e desconsideram, inteiramente, o fato de que existe um outro lado a observar; a saber, que o Senhor Jesus Cristo, em dedicação amorosa à vontade do Pai, tem um "depósito a guardar", precioso e solene. Não foi Ele que disse: "E a vontade do Pai que Me enviou é esta: que nenhum de todos aqueles que Me deu se perca"? (Jo 6:39).
Como falar então sobre a possibilidade de um dos "Seus" se perder, sem sugerir ao mesmo tempo a possibilidade de Cristo ser infiel à perfeita execução da vontade do Pai? Pensamentos tão desonrosos em relação a Cristo, jamais deveriam ter lugar no coração daqueles que conhecem e amam o Senhor bendito – o "Santo" e "Verdadeiro". Impossível! Ouçam as palavras d'Ele ao Pai: "Tenho guardado aqueles que Tu Me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse" (Jo 17:12). E de novo: "Dos que Me deste nenhum deles perdi" (Jo 18:9). Absolutamente não. O grande Autor da nossa salvação está "trazendo muitos filhos à glória" (Hb 2:10), – nada menos que isso é o propósito do Pai para eles – e quando eles O cercarem ali Ele irá, sem exceção, dizer: "Eis-Me aqui a Mim, e aos filhos que Deus Me deu" (Hb 2:13). Nenhum deles, nem mesmo o mais fraco estará faltando, e Ele terá toda a glória por tê-los levado até lá.
Mas, as Escrituras não dizem que poderemos cair da graça? Sim, da graça como um princípio de bênção, em contraste com a lei. O apóstolo escreve aos gálatas: "Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei: da graça tendes caído" (Gl 5:4).
Graça, significa favor sem merecimento; a graça de Deus representa favor ilimitado por parte d'Ele, sem qualquer traço de mérito do nosso lado. Talvez não exista nada na palavra de Deus, de que Ele se mostrasse mais zeloso do que a transgressão da Sua graça – abandoná-la, inutilizar suas esplêndidas características introduzindo alguma razão meritória em nós pela qual Ele devesse abençoar-nos.
Vejamos o caso de Geazi, nos dias de Eliseu. Quanta graça representou a ida do comandante e chefe do exército do poderoso inimigo de Israel, apresentando-se ao profeta israelita para ser curado e purificado e, quando foi humilhado em seu orgulho, curvar-se à forma escolhida por Deus para abençoá-lo e receber aquilo que tanto buscara. Como essa graça redobra de valor ao considerarmos que justamente o elo entre o homem e a bênção, foi aquela pequena escrava hebréia que servia em sua casa. Israel foi roubado de uma de suas filhas, isso era evidente, todavia a própria testemunha do mal sofrido tornou-se o vínculo com o bem necessário.
Aconteceu porém mais que isso. O profeta do Deus de Israel, não quis receber qualquer pagamento por essa bênção, nem em moedas nem roupas. O que todos os bens do leproso, seja em dinheiro ou glória – não poderiam ter comprado em outra parte, ele iria receber de graça na terra de Israel. Que "graça sobre graça" isso representou! E verdade, pensou Elias (o profeta da graça de Deus), este Naamã voltará à Síria e dirá, "tudo recebi sem pagar nada! E justamente da nação que ajudei a oprimir e saquear! Tudo o que levei como um meio de obter a bênção foi desnecessário. Minha carta de recomendação do rei de nada valeu. Meus dez talentos de prata, minhas 6.000 peças de ouro, minhas dez mudas de vestidos, tiveram que ser trazidos de volta: De fato, a única coisa que tive que deixar foi a minha lepra; tendo esta ficado nas profundezas do rio Jordão. Tudo de graça. Que maravilha!"
Veja, porém, agora o que se seguiu. Infeliz Geazi! Ele conseguiu estragar tudo isso. Com um golpe rude, ele rouba este doce fruto da graça celestial de toda a sua beleza. Uma única sentença mesquinha e egoísta bastou. "Dá-lhes pois, um talento de prata e duas mudas de vestidos" (2 Rs 5:22), Ele dá uma idéia falsa de seu senhor; mutila o testemunho da graça; e Deus mostra seu desgosto infligindo um dos castigos mais severos incluídos nos registros, quase comparável à morte. "A lepra de Naamã se pegará a ti e à tua semente para sempre" (2 Rs 5:27).
No Novo Testamento, os gálatas foram repreendidos, talvez, com mais severidade do que qualquer dos santos dignos da censura, a quem foram dirigidas as epístolas. Eles haviam começado com a graça, e estavam voltando ao mérito. "Sois vós tão insensatos", escreve o apóstolo, "que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne?" (Gl 3:3). É necessário que seja sempre pela graça. Não se pode misturar "lei" com "graça". O Sinai jamais se tornará um subúrbio da Jerusalém lá do alto. "De modo algum o filho da escrava herdará com o filho da livre" (Gl 4:30).
Não se pode começar apoiado nos méritos de outro, e terminar firmando-se nos próprios méritos. Não se pode obter a bênção pela graça, e retê-la pelo mérito. Vejamos um exemplo simples:
Um rico mercador, decide levar para a sua casa, um menino pobre que vivia na rua. Ele o veste, segundo sua nova posição, e faz o possível para torná-lo feliz e à vontade em seu novo ambiente, tendo êxito nisso. Certo dia, o rico mercador, ficou espantado ao encontrar o menino no porão, sem paletó e de avental, ocupado em engraxar sapatos!
O que você está fazendo aqui, filho?
Alguém me disse, senhor, que se eu apreciasse devidamente minha nova posição deveria começar a fazer alguma coisa a fim de mantê-la, e se falhasse iria ser posto para fora um dia, tornando-me novamente um garoto de rua. Eu não queria que isso acontecesse, pensei que seria melhor então fazer alguma coisa para que me conservasse em sua casa.
O garoto caíra da graça, no que respeita à ilustração. A graça o colocara como filho, sem um único direito ou mérito, na sala de visitas, e ele agora descera ao porão, e tomará o lugar do servo a fim de reter suas bênçãos valiosas.
Era justamente isso que os gálatas estavam fazendo. A graça os chamara às bênçãos mais elevadas, dando-lhes o lugar de "filhos", com a alegria proporcionada pelo "Espírito de Seu Filho" enviado aos seus corações e com esta também a posição de herdeiros. Em lugar de se apegarem à liberdade concedida por Cristo, eles estavam no entanto buscando a perfeição na carne, sendo "justificados pela lei" (Gl 3:3; 5:1-4).
Três motivos podem ser atribuídos à realização de boas obras:
O primeiro é a fim de obter a bênção;
O segundo, é retê-la depois de recebida;
O terceiro (e este é o motivo do evangelho) é servir, com gratidão cheia de amor, Àquele que morreu para assegurar a bênção para mim, e que vive para guardar-me para a bênção.
O escritor deste livro notou uma inscrição surpreendente gravada no final de uma fileira de bonitos chalés em Leicestershire. Ela dizia: “Para os parentes pobres de Thomas C. o bom comportamento apenas dá direito à posse. Depois de estar na posse, o mau comportamento pode provocar remoção instantânea”. Este é um exemplo, dos dois primeiros motivos citados acima, e um deles ou ambos, são encontrados aos milhares hoje em dia. Mas, qual o motivo em tal serviço? E o "EU". Se estou trabalhando para obter a salvação, para quem trabalho? Para mim mesmo. Se estiver trabalhando para mantê-la, quando a tiver recebido, para quem estou trabalhando? Para mim mesmo, para garantir-me, com toda certeza.
Que tipo de serviço devo eu então prestar? "E Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou" (2 Co 5:15). Qual o motivo para este tipo de serviço? É o amor, como o versículo precedente mostra; "Porque o amor de Cristo nos constrange" (v.14).
Um dos marinheiros da rainha da Inglaterra, foi inquirido certa vez sobre a razão de usar um cordão branco no pescoço. Ele, imediatamente, enfiou a mão no peito e puxou um canivete que se achava preso no cordão. Este cordão disse ele, é chamado de colhedor. A seguir, estendendo o braço, ele disse: "Veja, o cordão é suficientemente comprido para o canivete ser usado por nós com o braço estendido. Os marinheiros dizem que uma de nossas mãos serve à rainha e a outra a nós mesmos. Com uma delas temos que agarrar-nos ao cabo do navio nos dias de tempestade, a fim de salvar a nossa vida, enquanto com a outra servimos nossa soberana.
Isso pode ser muito adequado no serviço da rainha, mas não se aplica ao trabalho de nosso Mestre. Todavia, quantos milhares de Cristãos confessos fazem isso! Ou seja, eles estão se apegando à salvação com uma das mãos e, por assim dizer, servindo o Senhor com a outra? Poderiam, no entanto, perguntar: "Como fazer então? Não é certo apegar-se, manter-se firme?" Claro que sim. Mas apegar-se a que e por que? Agarrar-nos a fim de não nos perdermos? Não. Mas "tendo recebido um reino que não pode ser abalado, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente com reverência e piedade" (Hb 12:28).
Esteja certo disto, nenhum serviço é aceitável quando não é produzido por um sentimento de gratidão pela graça em que estamos firmados. No momento em que o "eu" se torna o meu motivo, tudo se torna inútil. Não preciso agarrar-me à salvação com uma das mãos, e servir a Ele com a outra. Devo, porém, gozar a verdade abençoada que Ele me segura com ambas as mãos, e me ama de todo o coração, a fim de que eu possa ficar livre para servi-Lo, com as duas mãos e de todo o coração. Essa não é também uma doutrina perigosa, como supõem aqueles que não conhecem o constrangimento do amor.
Pergunte a um pai, a quem preferiria entregar o cuidado de seu filho pequeno durante um mês de ausência: à mãe ou a uma babá? E ele vai responder que essa pergunta não precisa de resposta. Por que? A mãe, não tem medo de ser mandada embora, em vista do relacionamento existente – ela é sua esposa; ele não teme pelo bem-estar do filho porque ela é a mãe. A empregada pode temer tal coisa, mas a mãe serve instintivamente e com a ternura paciência incansáveis de seu amor materno. Isto faz toda a diferença. É pena que alguém queira reduzir o serviço Cristão aos limites e servidão de um simples empregado!
Você irá entristecer o coração do Senhor, e roubar a si mesmo de um dos maiores privilégios de sua peregrinação nesta Terra se fizer isso. Perderá a felicidade de servi-Lo, mediante a gratidão de um coração tocado, pelo discernimento da graça preciosa que recebeu d'Ele.
G.Cutting
ESPERA NO SENHOR
Espera no Senhor. A Sua promessa é segura: "guiar-te-ei com os Meus olhos" (Sl 32:8). "Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz" (Mt 6:22). Não dês um passo sequer até que Deus te ilumine; mas no momento em que receberes a luz divina para o passo seguinte, dá-o com firmeza e decisão e espera em Deus para o próximo. "Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito" (Pv 4:18).
Pensamento:
Quando o Senhor Jesus nos fala, quanto deseja ter uma resposta nossa! Quanto tempo passou desde que olhamos para cima pela última vez, e dissemos, com toda a sinceridade. "Amém. Ora vem, Senhor Jesus" (Ap 22:20).
Comments