(Revista bimestral publicada originalmente em Março/Abril 1989)
ÍNDICE
MISSIONÁRIOS
A palavra "Missionários" traz à mente a imagem de Cristãos intrépidos, viajando para terras distantes, para falar a rudes selvagens, acerca do amor de Deus. Eles atravessam indescritíveis perigos, e enfrentam imensos obstáculos, sem que sejam abalados em sua fé em Deus. Um "missionário" parece ser alguém com uma força espiritual muito maior do que aquela que eu tenho, ou possa esperar possuir. Pelo menos, é isto o que eu gostaria de acreditar. Pensamentos como estes me ajudam a me desculpar por minha própria falta de interesse em falar a outros do grande amor de meu Salvador. Eu preferiria deixar esta tarefa para aqueles "maravilhosos missionários". Minha consciência, é aliviada, pela idéia de que eles são muito melhores do que eu para pregarem o evangelho. Além disso, os missionários vão aos países distantes para pregar… Será que vão?
Nossa Missão
"E como pregarão, se não forem enviados?" (Rm 10:15). Um missionário é alguém que foi enviado em uma missão. A missão não é dele, tampouco foi ele quem escolheu ir de sua própria vontade; ele é enviado. A missão é do Senhor, e é o próprio Senhor quem envia. Mas a quem Ele envia? Aqueles que desejam ir. Será que tenho o desejo de ser enviado para onde o Senhor desejar? Todo filho de Deus pode ser um missionário, enviado pelo Senhor para executar uma missão. "De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo" (2 Co 5:20). Esta é a nossa missão: falarmos por Cristo, contarmos aos outros do amor de Deus. O importante, não é para onde somos enviados, e sim a missão na qual estamos sendo enviados. Não existe um único filho de Deus sobre a face da Terra que, embora desejoso de ir, deixe de ser enviado em uma missão. "Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo" (2 Tm 4:2). Uma única missão; a missão para cada filho de Deus.
Em casa
"Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes quão grandes coisas o Senhor te fez" (Mc 5:19). Com quantas pessoas eu me encontro a cada dia, as quais não conhecem o amor de Deus? Eu não tenho que viajar para terras distantes para contar aos outros o que o Senhor tem feito por mim. Meu campo missionário pode estar em minha vizinhança, meus amigos, aqueles com quem trabalho, ou meus colegas de estudos. O Senhor pode me enviar a falar a um estranho na rua. Minha missão é contar aos outros quão grandes coisas o Senhor fez por mim.
Em Lugares Distantes
"Ide por todo o mundo, pregai o evangelho" (Mc 16:15). Pode ser que algum dia o Senhor me envie para terras distantes a fim de pregar o evangelho. Não há diferença entre ser um missionário em casa e ser um missionário em terras distantes. É o Senhor Quem envia o Seu servo. O Senhor também providencia a mensagem: Seu grande amor. Portanto, quer seja aqui ou ali, eu sou enviado. Para onde ou para quem quer que seja, eu tenho a missão de pregar o evangelho.
De Quem é a Obra?
"Eu plantei; Apolo regou; mas Deus deu o crescimento. Pelo que, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento" (1 Co 3:6-7). A obra que eu devo fazer, a missão que devo cumprir, não é minha pois sou apenas um servo. Deus escolhe o obreiro, Deus dá a graça necessária para executar a obra, e Deus dá o crescimento. Portanto, onde quer que eu plante ou regue, a obra é do Senhor. Talvez eu não veja fruto deste trabalho, mas isto pertence ao Senhor, não a mim.
As Pequenas Coisas
Talvez eu nunca seja enviado para terras distantes, e talvez nunca seja chamado a servir em alguma grande obra. Ainda assim existirão pequenas missões nas quais eu poderei ser enviado. Talvez a missão que me seja dada seja "o que tendes retende-o até que Eu venha" (Ap 2:25). O Senhor logo vem; vamos conservar o que temos. Talvez eu possa ser enviado para "levantar as mãos cansadas, e os joelhos desconjuntados" (Hb 12:12). Minha missão pode ser de encorajar outros que foram enviados a pregar o evangelho. Onde quer que seja; a quem quer que seja; para o que quer que seja; eu sou enviado! Que a oração do meu coração, possa ser: "Senhor, que queres que faça?" (At 9:6).
K.Heslop
O LEITOR PERGUNTA
Recebemos uma carta de uma irmã em Cristo, que se mostrava bastante atribulada por acreditar que poderia perder sua salvação e, após termos indicado a ela o que a Palavra de Deus nos mostra a respeito do assunto, nos alegramos em receber uma carta onde ela, com o coração cheio de alegria, demonstrava haver compreendido que estava salva eternamente. Em sua próprias palavras, "…foi como se tivesse tirado um pesado fardo de meus ombros".
Em pesquisa realizada por meio da série "Cartas aos Cristãos" constatamos que cerca de 75% das pessoas que nos escreveram, acreditavam que podiam perder a salvação. Tal engano, lança o crente sincero em um lamaçal de ansiedade, dúvidas e temores, quando não o leva até mesmo ao desespero.
Da mesma forma como respondemos àquela irmã, gostaríamos de apresentar o que a Palavra de Deus nos ensina a respeito, esperando que muitos possam ser tranquilizados e venham a desfrutar de uma comunhão mais sublime com nosso Senhor Jesus Cristo.
O fato de aceitarmos a Cristo e crermos n'Ele não é obra nossa, mas de Deus. Se chegamos ao ponto de reconhecer que somos pecadores necessitando de perdão, é porque o Espírito Santo já estava operando em nosso coração nos convencendo do pecado. "E, quando Ele (o Espírito Santo) vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo. Do pecado, porque não crêem em Mim…" (Jo 16:8-9).
Quando o Espírito nos leva a esse ponto, nos indicando a Cristo como Salvador, nossa responsabilidade é de crermos n'Ele, e, em Seu sacrifício na cruz do calvário. Ali na cruz, o Senhor levou o nosso pecado, ou seja, nós deveríamos morrer e ser condenados, mas Ele nos substituiu, tomando o nosso lugar. Embora, não tendo nenhum pecado de Si próprio, Ele assumiu os nossos pecados e se fez pecado em nosso lugar, "Levando Ele mesmo em Seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro" (1 Pe 2:24).
Uma vez que Cristo recebeu os nossos pecados, Deus O condenou e O abandonou na cruz, lançando sobre Ele todo o juízo que deveria cair sobre nós. Então, Deus reconheceu que o sacrifício de Cristo havia sido eficaz e suficiente para salvar o pecador, pois O ressuscitou de entre os mortos, e O exaltou à Sua mão direita. Todo o Evangelho está resumido nisto: "Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras" (1 Co 15:3-4).
Portanto, quando alguém crê em Cristo, está aceitando tudo o que Ele é e tudo o que Ele fez, o que passa então a ficar valendo para o que crê no Senhor Jesus. No momento em que crê, a pessoa é perdoada de todos os seus pecados, pois Jesus Cristo morreu por todos eles sem distinção (sejam presentes, passados ou futuros), e é selada com o Espírito Santo. "Em Quem (Cristo) também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo n'Ele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa. O qual é o penhor (garantia) da nossa herança, para redenção da possessão de Deus, para louvor da Sua glória" (Ef 1:13-14).
Resumindo: Deus, por meio do Seu Espírito, toca em nosso coração, nos convencendo de que somos pecadores, e precisamos de um Salvador. Então, Ele nos leva a crer em Jesus Cristo; e, pela fé n'Ele e em Sua obra, recebemos a salvação; e, o perdão de todos os nossos pecados. Como a partir daquele momento passamos a ser propriedade exclusiva de Deus, Ele nos sela com o Espírito Santo que passa a habitar em nós, sendo a garantia de nossa redenção ou livramento. É isso que significa "penhor da nossa herança''; penhor é uma garantia de algo que não está em nossas mãos no momento, mas que nos pertence. Como a nossa dívida para com Deus já foi paga na cruz, só nos resta aguardarmos o momento em que Cristo virá nos buscar, para recebermos a nossa herança nos céus. E, a garantia de que seremos levados, é o Espírito Santo que habita em todos os que verdadeiramente crêem em Cristo.
Portanto, você deve compreender que em nossos dias, não existe um crente verdadeiramente salvo que não tenha o Espírito Santo, pois "se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é d'Ele. E, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da justiça. E, se o Espírito d'Aquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, Aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo também vivificará os vossos corpos mortais, pelo Seu Espírito que em vós habita" (Rm 8:9-11).
Talvez neste ponto alguém poderia dizer que não basta crer, mas é preciso fazer algo mais. E este "algo mais" são tantas coisas quantas são as pessoas que pensam assim. Em João 3:16 lemos: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho Unigênito, para que todo aquele que n'Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna". O que diz neste versículo? "…para que todo aquele que faz boas obras, é justo e honesto, frequenta igrejas, etc. não pereça, mas tenha a vida eterna"? É assim que está escrito na Bíblia? Certamente que não! Diz apenas: "para que todo o que n'Ele (Cristo) crê"!
O apóstolo Paulo escreveu uma carta aos crentes da Galácia, os quais afirmavam que para ser salvo era necessário não apenas crerem Cristo, mas também guardar a lei, ou seja, praticar determinadas obras. A eles Paulo responde: "Ó insensatos gálatas! …Só quisera saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne?” (Gl 3:1-3).
"Mas agora, conhecendo a Deus, ou antes, sendo conhecidos de Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos" (Gl 4:9-10). "Corríeis bem; quem vos impediu, para que não obedeçais à verdade? Esta persuasão não vem daquele que vos chamou. Um pouco de fermento (má doutrina conforme Mt 16:12) leveda toda a massa" (Gl 5:7-9). Veja que o apóstolo compara a doutrina da necessidade de obras para salvação com o fermento, a mesma comparação feita pelo Senhor a respeito da doutrina dos fariseus.
Só Cristo pode nos salvar, pois morreu na cruz sendo castigado por Deus no lugar do pecador. “Todo aquele que n'Ele crê… tenha a vida eterna” (Jo 3:15), está salvo eternamente. E, isso não depende do que fazemos, mas do que Cristo fez; "e isto não vem de vós; é dom de Deus" (Ef 2:8). Portanto, a única obra que poderia nos salvar foi totalmente consumada pelo Senhor Jesus Cristo na cruz do Calvário. A salvação não depende de nós, pois se dependesse de nós, a glória seria nossa. Não depende de nós que somos pecadores, e sempre propensos a pecar, mas, mesmo que venhamos a pecar, não perderemos a nossa salvação. "Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis: e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo. E Ele é a propiciação pelos nossos pecados" (1 Jo 2:1-2).
Quando digo que o crente não perde a salvação, obviamente, estou me referindo àqueles que realmente creram de coração no Senhor Jesus Cristo, e são nascidos de novo, “nova criatura (nova criação – JND)” (2 Co 5:17), criada por Deus. Não estou me referindo à pessoas que se fazem membros de alguma religião, por pensarem que por isso serão salvas, das quais acabam se desviando, e caindo novamente no mundanismo. Pessoas assim não perderam a salvação; na verdade eles nunca tiveram a salvação, e haviam apenas aceitado algumas normas religiosas, nunca tendo nascido de novo. É verdade que, pode acontecer de um verdadeiro crente cair ou se desviar, pois como diz a Palavra, "sete vezes cairá o justo, e se levantará" (Pv 24:16). A diferença entre um verdadeiro crente, e um incrédulo não é que o primeiro não caia; ele também cai, mas, ao contrário do incrédulo ou falso crente, ele se levanta. Pense em uma ovelha, e em uma porca, andando juntas. A ovelha é o crente verdadeiro, a porca é o falso. De repente, as duas caem em uma poça de lama, e o que acontece? A ovelha procura sair o mais rápido possível, triste por ver sua lã toda suja. Você pode imaginar a cena? Ali está a ovelhinha, trêmula e triste por seu descuido e arrependida por ter-se afastado do seu pastor, caindo na poça de lama. Agora, dê uma olhada na porca… Lá está ela, contente, dentro da lama, rolando e se sujando mais e mais, pois, é ali que gosta de estar.
Portanto, quem é verdadeiramente salvo, terá um desejo ardente de conhecer a vontade do Senhor para andar de uma maneira agradável a Ele; não para ganhar a salvação ou para não perdê-la, mas porque a nova vida que tem dentro de si, almeja agradar ao seu Senhor, em profunda gratidão por Ele haver dado Sua vida para salvá-lo.
Pensar que alguém recebe a salvação por andar fazendo boas obras, é negar a eficácia da obra de Cristo. Da mesma forma, pensar que somos salvos pela obra de Cristo na cruz, mas que nos conservamos salvos se andarmos em boas obras, é o mesmo que dizer que; a obra de Cristo, não foi suficiente para nos manter salvos.
Como se vê, a salvação, assim como a sua conservação, é uma obra de Deus somente. Assim como, nós não pudemos fazer coisa alguma, para nascermos de nossos pais, nada pudemos fazer para nascer de Deus. Tudo é obra d'Ele, pois é o Espírito Quem nos convence do pecado; é Deus Quem nos dá a fé para crermos. Em Efésios 2:8 nos diz que a fé “é dom (dádiva) de Deus”, e, é Cristo Quem morreu em nosso lugar para nos salvar. Assim como, não pudemos ajudar a Deus para nos salvar, não podemos ajudá-Lo a nos manter salvos! (Ec 3:14). Mesmo porque, a nossa salvação não foi uma decisão nossa, mas, Deus “nos elegeu n'Ele (em Cristo) antes da fundação do mundo, …e nos predestinou para filhos de adoção” (Ef 1:4-5; 1 Pe 1:2; Rm 8:27-30). Veja bem, "antes da fundação do mundo" Deus nos elegeu! Quando você creu, não foi por acaso, mas já estava tudo preparado para você. E, foi Deus Quem preparou tudo, pois se acharmos que Ele não tem domínio sobre isso, estaremos considerando que Deus é limitado.
A sua salvação teve um preço altíssimo: custou a vida do Filho de Deus. Se achamos que a vida de um filho é algo precioso, o que pensar então de Deus haver entregue o Seu próprio Filho. Quando lembramos que o Filho também é Deus, podemos pensar que, de certo modo, Deus entregou também a Si próprio, ou seja, tudo! Deus, entregou tudo, para nos salvar; e, não vai querer perder-nos por nada neste mundo. "E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da Minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de Meu Pai" (Jo 10:28-29).
Está bem claro que, uma ovelha (que já tem a Jesus como Pastor), não poderá ser tirada da mão do Pai. Mas, alguém poderia dizer que, embora ninguém possa tirá-la da mão do Pai, o próprio Senhor poderia se desfazer dela. "Tudo o que o Pai Me dá virá a Mim; e o que vem a Mim de maneira nenhuma o lançarei fora. Porque Eu desci do céu, não para fazer a Minha vontade, mas a vontade d'Aquele que Me enviou. E a vontade do Pai que Me enviou é esta: que nenhum de todos aqueles que Me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia" (Jo 6:37-39). Está perfeitamente claro que, a salvação é algo que um crente nunca poderá perder, pois é o próprio Deus que não quer nos perder. Se acharmos que o pecado pode nos fazer perder a salvação, estaremos considerando que o pecado é mais forte do que Deus; ou, do que o sangue de Cristo. Se acharmos que Satanás pode nos fazer perder a salvação, estaremos dizendo que o lobo é mais poderoso do que o Pastor. E, se dissermos que Deus mudou de ideia, e quer nos tirar a salvação, estaremos negando a Sua Palavra que diz: "Os dons (aquilo que Deus dá) e a vocação (escolha) de Deus são sem arrependimento" (Rm 11:29). "Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa: porventura diria Ele, e não o faria? ou falaria, e não o confirmaria? Eis que recebi mandado de abençoar: pois Ele tem abençoado, e eu não o posso revogar" (Nm 23:19-20).
Quando uma pessoa crê em Cristo, torna-se membro do Seu corpo, do qual Ele próprio é a Cabeça. E é o próprio Senhor que a acrescenta ao Seu corpo, que é a Igreja (At 2:47). Portanto, nada temos a temer: Cristo não irá arrancar um membro do Seu próprio corpo, e ninguém conseguirá fazê-lo. Se, por exemplo, tentarem afogar o meu pé, este estará seguro enquanto a minha cabeça se mantiver acima da água. Da mesma forma, enquanto a Cabeça, que é Cristo, se mantiver acima das águas que assolam o corpo (e a Cabeça está bem acima de tudo, no céu), então não haverá perigo de perder qualquer membro do corpo, por mais insignificante que ele pareça ser.
Portanto, se você crê realmente que Cristo morreu por você, o seu lugar está assegurado no céu; e, não há nada que poderá fazer com que você venha a perdê-lo. "Aquele que crê no Filho tem a vida eterna" (Jo 3:36). Aqui não diz que terá, mas que já “tem a vida eterna” (Jo 3:18; 5:24 e 1 Jo 5:10-13). É Deus Quem afirma isto, e Ele não pode mentir. Nossos sentimentos podem nos enganar, mas a Palavra de Deus jamais volta atrás e é nela que devemos descansar.
M.J.Persona
O QUE É UMA SEITA?
A palavra "seita", originária do grego "hairesis" (de onde vem a palavra "heresia" em português), aparece seis vezes em Atos dos Apóstolos (At 5:17; 15:5; 24:5; 24:14; 26:5; 28:22), além de 1 Coríntios 11:19, Gálatas 5:20 e 2 Pedro 2:1; e, significa uma determinada doutrina ou sistema (filosófico ou religioso) sobre cuja base se reúnem os seus simpatizantes. Porém, em nossos dias, o sentido da palavra "seita" recebeu uma conotação um pouco diferente, em razão de uma grande parte da cristandade, usar o título de igreja "católica", ou seja, "universal". A partir disto, qualquer denominação religiosa, qualquer congregação Cristã que não pertence à citada comunhão "católica" é vista por esta como um seita ou heresia. Desde então, a palavra tem recebido um sentido de reprovação ou vergonha.
Normalmente, se chama de "seita" (no sentido de partido, cisma ou divisão), qualquer congregação ou denominação Cristã, que esteja separada do conjunto dos demais Cristãos ou, pelo menos, daqueles que se identificam por este nome. Portanto, o vocábulo "seita" (ou "heresia") leva mais ou menos em si a idéia de reprovação ou menosprezo, devido ao fato de que aqueles que integram a seita se reúnem sobre a base de uma determinada doutrina, ou sob a direção de um determinado homem. Não se pode dizer que esta interpretação do termo seja de todo errada. Sua aplicação talvez seja errada, mas a idéia não é. Assim é, absolutamente, necessário conhecermos os verdadeiros fundamentos, sobre cuja base nos congregamos. Porque tudo aquilo que não está fundamentado sobre estes princípios trata-se, de fato, de uma seita.
A verdade acerca da unidade da Igreja, seja a unidade de todos os crentes manifestada pessoalmente por eles no mundo (Jo 17), seja a unidade do corpo de Cristo formada pelo Espírito Santo (At 2; 1 Co 12:13), se reveste da maior importância para os Cristãos, apesar de que os chamados "católicos" tenham feito um mal uso destas verdades.
Assim, rogou o Senhor ao Pai, a respeito daqueles que haviam de crer n'Ele pela palavra dos apóstolos: "Para que todos sejam um, como Tu, ó Pai, o és em Mim, e Eu em Ti; que também eles sejam um em Nós, para que o mundo creia que Tu Me enviaste" (Jo 17:21). Esta é a unidade prática dos crentes em comunhão com o Pai e com o Filho. Os apóstolos, por obra de um só Espírito, haviam de ser unânimes em pensamentos, palavras e atos, como o são o Pai e o Filho na natureza divina (v.11). Assim também, os que haviam de crer n'Ele pela palavra dos apóstolos, são um em comunhão com o Pai e com o Filho (v.21). Seremos perfeitamente unidos lá em cima, na glória (v.22), mas temos que manifestar aqui e agora esta unidade, "para que o mundo creia…" (Jo 17:21,23).
Mais tarde, no dia de Pentecostes, o Espírito Santo veio do céu e batizou todos os crentes de então, em um só corpo espiritual, unindo-os a Cristo como um corpo está unido à cabeça, e manifestando essa unidade a este mundo (1 Co 12:13). É fácil entendermos que se trata sempre da unidade neste mundo – e não somente quando da glória vindoura – pois em 1 Coríntios 12:26 lemos: "De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele". É evidente que ninguém padecerá no céu. E o Espírito Santo continua, acrescentando: "Ora vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular" (1 Co 12:27).
Todo este capítulo faz ressaltar a mesma verdade. As citações são suficientes para provar que se trata da Igreja de Deus. Vemos, desta forma, em que consiste a verdadeira unidade formada pelo Espírito Santo: em primeiro lugar, a união de todos os irmãos entre si, e vinculado a isto, a unidade do corpo.
O espírito sectário, é manifestado quando se busca reunir alguns crentes, sobre outra base de unidade, diferente da que acabamos de mencionar. Adotar como centro de união de vários Cristãos determinada doutrina, ou confissão de fé, para, deste modo, unir em um corpo aqueles que aderem à mesma confissão, é manifestar também um espírito sectário. Porque semelhante unidade, não se encontra enraizada na base bíblica da unidade do corpo de Cristo, nem tampouco na unidade dos irmãos. Se alguns – não importa se sejam duzentos ou trezentos milhões – se uniram desta maneira, com o objetivo de estabelecer uma congregação eclesiástica ou denominação qualquer, e se reconhecem entre si como membros de tal denominação, então eles formam de fato uma seita. Isto, porque o fundamento de semelhante agrupamento, não é o da unidade do corpo de Cristo, e seus seguidores não se reúnem como membros deste corpo (mesmo que o sejam individualmente), mas sim como membros de uma determinada denominação (seja ela chamada evangélica, romana ou ortodoxa) que não inclui todos os crentes.
Todos os crentes são membros do corpo de Cristo: um olho, uma mão, uma boca, um pé, etc. (1 Co 12:13-25). Ser membro de uma igreja, (em oposição às outras ou se fazendo distinto delas) é um conceito completamente estranho às Sagradas Escrituras. A Bíblia mostra a Igreja sobre a Terra como um corpo, do qual Cristo é a Cabeça (Ef 1:22-23; Cl 1:18).
Cada Cristão é um membro deste corpo, um membro de Cristo. Ser membro de uma determinada denominação é, como temos visto, um conceito completamente diferente. Uma vez que, a celebração da ceia do Senhor é a própria expressão da referida unidade (vemos isto claramente em 1 Co 10:17), se uma congregação de Cristãos, não admite à sua mesa ninguém além de seus partidários, forma-se uma unidade completamente oposta à unidade do corpo de Cristo, a qual Deus quer que seja manifestada sobre a Terra. Na verdade trata-se de uma seita, que nega assim a referida unidade do corpo. Por haverem muitos que são membros do corpo de Cristo e que, no entanto, não são membros daquela denominação, quando os membros dessa seita estão celebrando a ceia, não estão expressando a unidade do corpo de Cristo, mesmo que participem dela com um espírito piedoso.
Mas agora nos deparamos com uma dificuldade, pois alguém poderá dizer: "os filhos de Deus estão espalhados, muitos irmãos piedosos são membros desta ou daquela denominação e professam tal e tal doutrina em particular; ou estão, talvez, misturados com o mundo, mesmo que de uma forma religiosa". Infelizmente isto é verdade; há muitos que não têm a menor idéia do que seja a unidade do corpo de Cristo; ou, o que é mais grave, negam a necessidade de manifestar tal unidade neste mundo. Mas tudo isso não invalida, nem por um momento sequer, a verdade de Deus! Aqueles que se reúnem das diferentes maneiras que temos descrito, na realidade não formam nada mais do que uma seita. Porém, se reconheço a todos os Cristãos como membros do único corpo de Cristo, se lhes manifesto amor, se os recebo – desde que andem em verdade e santidade – e invoquem o Senhor com um coração puro (2 Tm 2:19-22) com os braços abertos, inclusive à Mesa do Senhor, então (apesar de não poder me reunir com todos os filhos de Deus) não estou andando com um espírito sectário, pois meu caminhar espiritual está sobre o fundamento da unidade do corpo de Cristo, e procuro, na prática, a união de todos os verdadeiros crentes. Se estou reunido com outros crentes para celebrar a ceia do Senhor, unicamente como membros do corpo de Cristo; e, não como sócios de alguma sociedade ou denominação Cristã, seja ela qual for; se atuo verdadeiramente desta maneira, reconhecendo a unidade do corpo, e, estando disposto a receber a todos os Cristãos que andam em piedade e na verdade, então não sou membro de nenhuma seita, mas apenas do corpo de Cristo.
Sendo assim, qualquer reunião efetuada sobre outro fundamento (pouco importa como tenha se originado), com o objetivo de formar uma denominação ou sociedade eclesiástica é, portanto, sectária, pois "secciona" a unidade do corpo. O princípio fundamental é muito simples, mas as dificuldades para pô-lo em prática não são poucas, devido ao estado em que se encontra a Igreja de Deus. Mas Cristo há de ser suficiente para tudo, e se aceitarmos com um coração alegre o fato de sermos poucos ou desprezíveis aos olhos dos homens, então o assunto não parecerá tão complicado.
Portanto, uma seita, é qualquer corporação Cristã que esteja formada sobre qualquer outra base que não seja aquela da unidade do corpo de Cristo. Semelhante agrupamento, será formalmente uma seita, quando os seus integrantes se considerarem membros dela. Além disso, existe espírito sectário quando não se recebe, e nem se reconhece como crentes, outros Cristãos que não pertençam a um determinado grupo, mesmo que não levem o nome de alguma denominação. Deve ficar claro que, não estamos tratando aqui do assunto da disciplina que é exercida dentro da unidade do corpo de Cristo, mas sim do princípio sobre o qual se congregam. A Palavra de Deus, não reconhece, o fato de, alguém ser membro de alguma denominação eclesiástica, mas fala sempre e exclusivamente em relação a todos membros do corpo de Cristo. E todos esses membros são chamados a manifestarem sua unidade andando juntos no Caminho. Podemos considerar Mateus 18:20 como um poderoso encorajamento para estes dias de desunião e discórdia, nestes perigosos "últimos dias" (2 Tm 3:1). Ali, o Senhor nos prometeu estar em todos os lugares no meio de dois ou três que foram reunidos ao Seu Nome.
Em meio à confusão que nos rodeia, temos, em 2 Timóteo 2:20-22, uma bússola fiel a nos guiar pelo caminho: "Ora numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra. Foge também dos desejos da mocidade; e segue a justiça, a fé, a caridade, e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor".
J.N.Darby
O TESTEMUNHO DE UMA JOVEM
"Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que Sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o Meu jugo é suave e o Meu fardo é leve" (Mt 11:28-30)
"Parecia ouvir a voz do Senhor Jesus dizendo isto, porém eu me lembrei logo dos colegas, das críticas que viriam sobre mim, das coisas que eu gostava. Tudo isso passava pela minha mente naquele instante. E eu fiquei relutando sem saber o que fazer. Até que dobrei os meus joelhos, e entreguei a minha vida ao meu Salvador, o Senhor Jesus Cristo!
Desde então encontrei razão para viver, pois agora compreendo que antes eu me encontrava no pecado, morta para Cristo, mas hoje ressuscitei com Ele. Deixei todas as vaidades sem nenhuma relutância, dando sempre graças por tudo. Até o namoro eu terminei, porque o rapaz não queria decidir-se a aceitar o Senhor Jesus como seu Salvador. Logo que me converti contei a ele, explicando que nunca mais deixaria Cristo por ninguém, nem mesmo por ele, pois havia descoberto um tesouro. Assim preferi terminar o namoro, e louvo o Senhor por isso. Ele sempre me deu palavras sábias para responder a todos os que se diziam meus amigos e vinham zombar de mim por causa de Cristo Jesus. Hoje posso dizer: “Até aqui nos (me) ajudou o Senhor” (1 Sm 7:12).
Assim que me entreguei ao Salvador Eterno, eu Lhe pedi duas coisas: um emprego e um esposo que fosse da vontade d'Ele, para honra e glória do Seu Nome. Ele não me decepcionou, pois a Bíblia diz que n'Ele não seremos confundidos. Após alguns meses Ele me deu um emprego maravilhoso. E depois de um ano, o Senhor me preparou um esposo. Eu sempre Lhe dizia que só aceitaria o rapaz que Ele me mostrasse ser de Sua vontade, e hoje sou noiva de um jovem crente, criado em um lar Cristão. Deus sempre tem confirmado a Sua vontade para conosco e antes mesmo de iniciarmos o namoro, tanto eu como ele oramos pedindo a confirmação de Deus!"
Como é belo o testemunho daqueles que se colocam numa posição de completa submissão ao Senhor, aguardando o Seu tempo e a Sua vontade para todas as coisas (Pv 3:1-8). É natural que os jovens crentes tenham o desejo de encontrar alguém com quem possam se casar, mas quão frequentemente vemos aqueles que se lançam numa vida de tristeza e decepção ao taparem seus ouvidos para os conselhos de Deus a seguirem seus próprios corações e afeições naturais. "O que confia no seu próprio coração é insensato" (Pv 28:26).
O AMOR VIGILANTE
Deus envia sempre um aviso antes de um castigo. Não fere antes de admoestar. E sucede assim no Seu modo de tratar conosco, Seus filhos. Qual o crente que já recebeu um castigo antes de ser advertido pelo Espírito de Deus? Há sempre um sentimento de se estar procedendo erradamente, uma sensível falta de comunhão no espírito, antes do Senhor desferir o golpe que nos adverte do Seu amor vigilante sobre os nossos caminhos despreocupados. Ele nos dá antes a oportunidade, por assim dizer, de voltarmos à senda da retidão; mas se não fizermos caso desse aviso, logo nos sobrevirão a tristeza e a tragédia.
AS CARTAS ÀS 7 IGREJAS
1. ÉFESO – Quando observamos as várias citações a respeito desta igreja, verificamos que houve um declínio gradual: Atos 20:29-30; 1 Coríntios 15:32; 1 Timóteo 1:3; 2 Timóteo 1:15. A característica apontada por Cristo, é que ela havia deixado o seu primeiro amor. A perda da sua motivação e do poder de devoção e serviço caracterizam a primeira decadência da igreja, e embora talvez ninguém tivesse observado, isso foi notado pelo Senhor. Ele fala disso como sendo uma queda, e pede que haja arrependimento, caso contrário iria remover o seu castiçal (símbolo de testemunho). Do ponto de vista histórico, Éfeso representa a igreja depois da partida de seu prudente construtor (Paulo, conforme 1 Co 3:10).
2. ESMIRNA – Nada é falado no sentido de desaprovação; a igreja está numa época de perseguição e é encorajada por Cristo. A perseguição pode ser usada para tornar manifesto o que é verdadeiro, elevar a alma mais perto do Senhor. Os santos eram exortados a permanecer fiéis até a morte, pois Cristo lhes daria a coroa da vida. Historicamente, esta igreja representa o período de perseguição que aconteceu sob o reinado de Nero. Os "dez dias" do versículo 10 podem representar dez diferentes perseguições, ou se referirem aos dez anos que durou a perseguição feita pelo imperador Diocleciano. De qualquer forma, um tempo determinado de perseguição demonstrava que ela teria um fim.
3. PÉRGAMO – Encontramos aqui indicações claras de que o mal estava sendo permitido. Primeiro, por se permitir aqueles que seguiam a doutrina de Balaão, que a levara a um comércio corrupto com o mundo; também haviam aqueles que seguiam a doutrina dos Nicolaítas, a qual o Senhor aborrecia. Historicamente esta igreja provavelmente representa o período quando o Cristianismo foi adotado pelos poderes deste mundo ("onde está o trono de Satanás"), o que levou milhares de pessoas a se tornarem nominalmente "Cristãs", trazendo para o cristianismo elementos pagãos. Satanás alterou sua forma de agir e, a partir de então, os perigos foram diferentes. Mas o Senhor buscava por aqueles que haveriam de vencer.
4. TIATIRA – O mal permitido nesta igreja era sistemático e controlava as pessoas, como é indicado pelo nome da mulher, Jezabel, que se denominava a si mesma "profetiza". O resultado disso foi fornicação moral e idolatria, além do que o sistema produzia "filhos". A atitude do Senhor é severa: "Seus olhos como chama de fogo, e os pés semelhantes ao latão reluzente" (Ap 2:18). Um "restante" ou remanescente é notado naquela igreja, e a maneira como o Senhor se dirige a eles ("quem tem ouvidos, ouça") ocorre, daqui para a frente, sempre depois da promessa “ao que vencer”, indicando que, a partir de então, era de se esperar que apenas aqueles que vencessem, iriam ter ouvidos para ouvir o que o “Espírito diz às igrejas”. É dado ainda, na promessa feita ao vencedor, um vislumbre do reino. Historicamente, Tiatira representa aquela fase da história da igreja na qual a influência de Roma juntamente com sua tirania, mundanismo e corrupção, tornou-se predominante. Não é difícil de identificarmos Jezabel, com “a grande meretriz” (ARA), dos capítulos 17 a 18 deste mesmo livro.
5. SARDO – Uma sentença bastante clara mostra o caráter desta igreja: "tens nome de que vives, e estás morto" (Ap 3:1). Tratava-se de um nome que deveria trazer vida, mas em Sardo estava mortificada com morte espiritual. Houve uma fuga das corrupções de Roma, mas a verdade em seu poder purificador estava perdida. No entanto existiam algumas pessoas que não contaminaram seus vestidos. A vinda do Senhor "como um ladrão" (Ap 3:3), nos faz lembrar do caráter de Sua vinda para o mundo, conforme encontramos em 1 Tessalonicenses 5:2. Historicamente Sardo representa o Protestantismo, após este haver perdido seu poder espiritual, e se tornado mundano e político.
6. FILADÉLFIA – Nenhum mal é apontado nesta igreja. Cristo Se apresenta como "o que é santo, o que é verdadeiro" (Ap 3:7), e como tendo a chave administrativa; e diz ainda, "tendo pouca força, guardaste a Minha palavra, e não negaste o Meu nome" (Ap 3:8),"…como guardaste a palavra da Minha paciência" (Ap 3:10). Para eles, somente o Senhor tem um lugar de proeminência, e a igreja é guardada da hora de tribulação que vem sobre toda a Terra. Pode-se dizer que o desenvolvimento histórico da igreja termina em Tiatira; e, que Filadélfia representa fidelidade unicamente ao Senhor nos últimos dias da história da igreja; fidelidade esta demonstrada por aqueles que estão buscando permanecer moralmente na verdade da igreja.
7. LAODICÉIA – Esta igreja não é caracterizada por algum mal específico nem por alguma prática ou doutrina, mas pelo orgulho de suas possessões e pela sua auto-suficiência, acompanhada de indiferença a Cristo. Enquanto se vangloria de ser rica e não precisar de coisa alguma, na verdade ela é desgraçada, miserável, pobre, cega e nua. O homem, em sua vontade própria é sua principal característica, e Cristo não é levado em conta. Aqui é representada a arrogância do racionalismo, e da alta crítica nos últimos dias da igreja sobre a Terra: Cristo está do lado de fora mas continua chamando, batendo à porta para que Lhe seja permitido entrar no coração individual.
(Traduzido de Concise Bible Dictionary
G.A.Morrish, E.L.Bevir, J.N.Darby e J.A.Trench)
"NO PRINCÍPIO CRIOU DEUS…"
"No princípio criou Deus os céus e a Terra. E a Terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo" (Gn 1:1-2).
Atualmente, existem muitas pessoas que duvidam do relato da criação, efetuada pela mão de Deus, conforme nos é apresentado na Bíblia. Dizem que não existe Deus, e que tudo o que há ao nosso redor, inclusive o homem, simplesmente apareceu. Querem nos fazer crer, que este mundo complexo e maravilhoso surgiu de uma nuvem de gases quentes.
As pessoas estão satisfeitas em aceitar como verdade, esta teoria improvada e impossível, pois não querem reconhecer Deus e o Seu direito sobre elas. "Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente" (Hb 11:3). "Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o Seu eterno poder, como a Sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis" (Rm 1:20). "E, como eles se não importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso" (Rm 1:28).
Infelizmente, existem crentes verdadeiros, que também trazem pensamentos errôneos a respeito da criação. Acreditam que Deus criou o mundo como o conhecem hoje, do princípio ao fim, em exatamente seis dias. Mas o que diz a Bíblia? "No princípio criou Deus os céus e a Terra. E a Terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo" (Gn 1:1-2). No versículo dois, as palavras "sem forma e vazia", podem também ser traduzidas "caótica e vazia" (N.R. – J.N.Darby, em sua tradução usa a palavra “waste” que significa “desperdício”, mas também pode significar “assolada” ou “devastada” ou ainda “caótica” mostrando um estado de confusão e desordem).
Também em Isaías 45:18 lemos, "Porque assim diz o SENHOR, que criou os céus, o Deus que formou a Terra, que a fez e a estabeleceu; que não a criou para ser um caos, mas para ser habitada: Eu Sou o SENHOR, e não há outro" (ARA). Uma vez que, Deus deixa claro que não criou a Terra caótica, devemos concluir que existe um intervalo de tempo entre Gênesis 1:1, "No princípio criou Deus os céus e a Terra", e Gênesis 1:2 "E a Terra era sem forma e vazia". No primeiro versículo nos é revelado que Deus criou a Terra para ser habitada. No segundo versículo a Terra está um caos e vazia. O que aconteceu nesse intervalo? Deus não nos diz o que aconteceu, apenas que Ele não criou a Terra naquelas condições, “caótica e vazia”.
Não sabemos quanto tempo se passou entre Gênesis 1:1 a Gênesis 1:2, tampouco precisamos saber. Os cientistas apontam para os fósseis, e dizem ter eles milhões ou bilhões de anos. Podemos dirigir nossos pensamentos para o passado, e, não importa quão longe possamos voltar no tempo, sem dúvida encontraremos Deus ali. O universo e o mundo no qual vivemos não são fruto do acaso, e nem o resultado de algumas inexplicáveis leis da natureza. Eles foram criados pela mão de um Deus infinito. "Porque falou, e tudo se fez; mandou, e logo tudo apareceu" (Sl 33:9).
Sabemos que Deus colocou a Terra em ordem, na forma que a conhecemos hoje, em seis dias. Começando a partir de uma Terra que estava “sem forma (caótica) e vazia”, Deus colocou em ordem os luzeiros no firmamento, e criou a vida vegetal, vida animal e o homem em seis dias. Será que com isso Deus gostaria de nos ensinar alguma coisa?
O milagre daquele primeiro dia em que Deus resgatou a Terra da ruína e escuridão nos mostra, em figura, Sua graça sempre presente para o coração arruinado e em trevas. Deus criou nosso coração para ser habitado. Era Seu desejo encher aquele coração com o Seu amor. Mas o homem, em sua impiedade, fez com que ficasse arruinado e vazio. Então, "disse Deus: Haja luz e houve luz" (Gn 1:3), como outrora. "Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é Quem resplandeceu em nossos corações (nosso coração – ARA), para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo" (2 Co 4:6). Somente Deus pode trabalhar no coração, e, criar vida e luz. Uma vez que Deus cria vida no coração, Ele o preenche com maravilhas do Seu amor, que o homem nunca antes conhecera. "Como também nos elegeu n'Ele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante d'Ele em caridade (amor – ARA)" (Ef 1:4). "E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom" (Gn 1:31). Os caminhos de Deus são perfeitos, e, além de nossa compreensão. Devemos nos maravilhar diante dos Seus amorosos modos de misericórdia e graça ao tratar conosco.
W. Kelly
O AGUILHÃO DA ABELHA
"Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória? Ora o aguilhão da morte é o pecado… Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Co 15:55-57).
Uma abelha entrara na casa e, enlouquecida, dá voltas sem cessar, provocando pânico entre as crianças. Cada um procura proteger o seu rosto. Enquanto o pai procura afugentar o inseto, a mãe cobre com seu avental a cabeça de seu filho mais novo. De repente, a abelha pousa no braço da mulher e a pica violentamente, deixando no lugar seu ferrão ou aguilhão. "Não tenham medo", diz então a mãe aos seus filhos; "a abelha já não poderá picar ninguém. Vejam o seu ferrão aqui em meu braço".
De fato, no centro de uma mancha que inchava cada vez mais, podia-se ver claramente o aguilhão do inseto. Desprovido de seu dardo, a abelha tornara-se um inseto inofensivo e todos passaram a observar tranquilamente o seu vôo, até que escapou por uma janela aberta. Em breve, essa abelha morrerá, pois após haver ferroado alguém todas elas morrem, por perderem, juntamente com o ferrão, parte de seus órgãos internos.
O versículo apresentado no início, nos fala que o aguilhão ou ferrão da morte é o pecado. Assim como a abelha perdeu o seu ferrão ao picar a mãe que protegia o seu filho, também a morte, ao alcançar o nosso Salvador quando levava nossos pecados, perdeu o seu poder sobre todos os que crêem em Jesus. Tornou-se, apenas, uma mensageira que leva o redimido até o seu Salvador. O temor que ela inspira a todo ser humano que se encontra afastado de Deus, desaparece para o crente.
Por que razão, há temor, no coração do incrédulo, se este acredita que depois da morte não virá para si o juízo? Mesmo que não admita o homem é aterrorizado, enquanto não tiver certeza de sua salvação, que, só Jesus pode dar a todo aquele que O recebe como seu Salvador pessoal.
Pensamento:
O princípio da grandeza é fazer-se pequeno; o aumento da grandeza é fazer-se menos; e a perfeição da grandeza é fazer-se nada! “É necessário que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3:30).
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