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Foto do escritorVerdades Vivas

Palavras de Edificação 27

(Revista bimestral publicada originalmente em Maio/Junho 1990)

 

ÍNDICE


 

"O MESMO SENHOR DESCERÁ DO CÉU"


Um Breve Estudo sobre 1 Tessalonicenses

A volta do Senhor, amado irmão, é o assunto que gostaria de tratar. Antes da vinda do Senhor a este mundo, as Escrituras não mostravam muita coisa acerca do céu. Porém, tão logo Ele aqui chegou, veio do céu um testemunho dirigido aos pastores de ovelhas, que anunciava haver “Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na Terra entre os homens, a quem Ele quer bem” (Lc 2:14 – ARA). E a primeira palavra a testemunhar do Senhor veio do céu – pela voz de Deus – dizendo: "Tu és Meu Filho amado, em Ti Me tenho comprazido" (Lc 3:22). Em João 17 encontramos o Senhor aqui na Terra conversando com Seu Pai no céu acerca do Seu povo celestial, com o coração transbordando de amor e cuidado para com os Seus. Então, depois de tudo consumado e de volta ao céu a fim de Se assentar à destra do Seu Pai, a glória pôde brilhar vinda das alturas, pois Deus quis que a glória do Seu amado Filho fosse vista. Essa glória foi a que literalmente brilhou quando Estêvão foi martirizado; ele viu o Filho do homem olhando para si e pôde falar com Ele. Na epístola aos Hebreus, vemos coisas maravilhosas pois este Homem, Jesus, está no céu. Todas as coisas tão diferentes que encontramos naquela epístola são apresentadas pelo Espírito Santo a fim de alimentar a nossa alma com coisas celestiais. Se minha cidadania é celestial, o que mais poderia esperar? Que deveria haver uma porção maior das coisas deste mundo em minha mente? Mais das coisas deste mundo em meu coração? Ou deveria eu esperar que houvesse mais das coisas do céu em minha mente; mais das coisas do céu em meu coração? Oh! Certamente meu desejo deve ser que haja mais das coisas celestiais em minha mente e mais das coisas celestiais em meu coração!


Possuo, por assim dizer, o melhor de minha porção neste exato momento. Nós ainda não chegamos à casa do Pai, mas já temos o coração do Pai. E o que é melhor possuirmos – a casa do Pai ou o coração do Pai? Certamente que é o coração do Pai! Iremos, evidentemente, entrar na casa do Pai e então, com toda a certeza, poderemos conhecer melhor o coração do Pai; mas então, assim como agora, tratar-se-á do mesmo assunto, da mesma canção.


Vamos agora tratar da volta do Senhor, para o que gostaria de me valer da epístola aos Tessalonicenses, a qual traz revelações a respeito desta verdade. Ali encontramos, por assim dizer, uma lâmpada a derramar sua luz sobre todas as circunstâncias, sobre tudo o que encontramos neste mundo.


Capítulo Primeiro – A Fé, o Amor e a Esperança

Gostaria de me referir a dois versículos do primeiro capítulo, mas antes devo lembrar que a primeira epístola aos Tessalonicenses trata da vinda do Senhor para o Seu povo, enquanto que a segunda epístola nos fala da Sua vinda para o mundo.


"Sempre damos graças a Deus por vós todos, fazendo menção de vós em nossas orações. Lembrando-nos sem cessar da obra da vossa fé, do trabalho da caridade (amor), e da paciência da esperança em Nosso Senhor Jesus Cristo, diante de nosso Deus e Pai" (1 Ts 1:2-3). Estas três palavras, fé, amor e esperança; e, aquelas que as acompanham, com seu significado enfatizado por estarem juntas, como obra da fé, trabalho do amor e paciência da esperança, nos mostram claramente como se encontravam os tessalonicenses, e quais as características que devemos ter.


Vejamos a "obra da vossa fé" ou, como diz em outra versão, a "operosidade da vossa fé" (ARA). Conhecendo a essência daquilo que temos diante de Deus, nossa fé pode trabalhar enquanto ainda estamos aqui neste mundo. Quando subirmos para o lar, então, teremos descanso, mas enquanto estivermos aqui deve haver a “operosidade da fé”.


Em seguida encontramos "trabalho do amor" (TB). Podemos notar que entre os tessalonicenses havia trabalho conectado com o amor que possuíam. Havia muitas coisas pelas quais eles tinham que passar. Os tempos eram difíceis. Porém, uma vez mais podemos encontrar esperança conectada a isso, e não somente esperança mas "paciência da esperança". Não era algo que deveria sofrer desgaste. Tinha que durar e efetivamente durou.


Há, porém, outra coisa que iremos notar: tudo isso estava "diante de nosso Deus e Pai". Eu não somente tenho “fé, esperança e amor”, mas estou revestido de tudo isto diante de Deus. Ele olha para mim não apenas para ver se estas coisas estão com sua luz emanando de mim, mas procura ver se é em Sua presença que estas três coisas estão brilhando. Os pobres efésios perderam seu “primeiro amor” (Ap 2:4). Havia abundância de obras, mas quando Deus olhou para seu coração não encontrou nele o amor. A “obra da fé, o trabalho de amor e a paciência da esperança” são coisas que devem estar juntas diante de Deus nosso Pai.


Mais adiante lemos: "não temos necessidade de falar coisa alguma; porque eles mesmos anunciam de nós qual a entrada que tivemos para convosco, e como dos ídolos vos convertestes a Deus, para servir o Deus vivo e verdadeiro. E esperar dos céus a Seu Filho, a Quem ressuscitou dos mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura" (1 Ts 1:8-10). A fé dos tessalonicenses dava testemunho do que tinha sido o trabalho de Paulo entre eles, e assim testemunhando, aguardavam o Filho de Deus vindo dos céus. Se o coração não pudesse obter a certeza de que Aquele que vem é o Libertador da ira que está por vir, essa vinda não seria suportada. Mas você sabe que somos "guardados na virtude de Deus para a salvação, já prestes para se revelar no último tempo" (1 Pe 1:5) e, sendo assim guardados por Deus para uma salvação assegurada, podemos pacientemente esperá-la, e não apenas esperar pela salvação, mas esperar por uma determinada Pessoa, o próprio "Jesus, que nos livra da ira futura" (1 Ts 1:10).


É este, amado irmão, o fulgor da esperança que tenho. No que diz respeito a mim mesmo, posso não estar com tudo tão correto quanto poderia desejar; posso não ter tudo em ordem em minha própria casa, e é com tristeza que o digo. Mas há um algo mais além! Ele diz, "Certamente cedo venho" (Ap 22:20). E Ele certamente virá! Ele é Aquele cuja volta está nos planos de Deus. O propósito de Deus é que Ele venha e que, assim vindo, possa colocar todos os inimigos de Deus sob Seus pés, e estabelecer um novo céu e uma nova Terra onde habita a justiça. Ele será fiel a Seu Deus e Pai; certamente cumprirá tudo o que Deus Lhe deu para fazer.


Não nos admira que quando olhamos para o nosso andar à luz de Sua vinda, nos consideramos indignos d'Ele. Eu não poderia esperar que nos sentíssemos de outra maneira. Mas eu gostaria que pudéssemos ter sempre, diante de nossa mente, a Pessoa do Senhor Jesus Cristo, levantando-Se de Seu lugar à direita do Pai a fim de vir nos buscar. Creio que bem cedo isto iria tornar o nosso andar mais consistente e colocaria as nossas afeições, nosso coração e pensamentos em perfeita ordem.


Acaso não é esta uma radiante esperança? Ele virá, e em Sua vinda irá reivindicar a Igreja para Si, pois diz em João 14:2-3: "Na casa de Meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, Eu vo-lo teria dito: vou preparar-vos lugar. E, se Eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para Mim mesmo, para que onde Eu estiver estejais vós também". Ele ainda não cumpriu Sua promessa feita a Pedro. Pedro já está com o Senhor, mas ainda não foi levado para a casa do Pai, e não o será até irmos todos juntos estar lá com Ele. Será que não há algo de afetuoso nisto? Acaso não existe nada de adorável na idéia de irmos estar na casa do Pai? Será que não existe nada de maravilhoso acerca do coração daquele Filho que, embora tendo estado assentado por quase dois mil anos à direita de Deus, continua pensando em voltar para o Seu povo aqui? Porventura não há algo extremamente amoroso em tudo isto?


Ele virá sobre a nuvem de glória. Ele virá para levar Seu povo para o lar. Nós nunca O vimos, mas então poderemos vê-Lo. Não podemos ficar sem Ele, e Ele não ficará sem nós! Nós O veremos com nossos próprios olhos! Nós O escutaremos com nossos próprios ouvidos! Em tudo seremos semelhantes a Ele na glória.


Capítulo Segundo – As Dificuldades

No primeiro capítulo os tessalonicenses passavam por uma difícil noite. Paulo nos mostra que só depois de nos encontrarmos fora de perigo, é que podemos enxergar com clareza tudo o que passamos. Então, no segundo capítulo, Paulo toma as dificuldades pelas quais ele próprio teve que passar e, enquanto as contempla, não vê nenhuma delas separada de Cristo. Ele lhes diz: – Sofri tortura ao tentar chegar a vocês, e vocês têm sofrido coisas terríveis na minha ausência, mas quando estivermos no lar, na glória, então não haverá dificuldade alguma para eu estar com vocês! Todas estas dificuldades que passei, que foram permitidas para me manter longe de vocês, não existirão mais, e naquele dia vocês serão minha glória e meu gozo – e do Senhor também. Isto é uma verdade, e que bendita verdade; nós a receberemos juntamente com Ele. Nenhuma porção da glória ou da graça deixará de fluir por meio d'Ele, e eu direi: – Oh! Conheço Aquele que cumpriu todas as coisas, o Responsável por toda esta glória!


Um trabalha em uma direção, outro em outra, mas, quaisquer que sejam os resultados, tudo se encontra verdadeiramente subordinado a Ele. Foi o Companheiro de Jeová (Zc 13:7) Quem cumpriu tudo. Foi Ele Quem executou todo o trabalho. E que gozo será para Ele ver os pequenos círculos ao redor de cada obreiro. Aqui, Paulo, cercado por seus queridos tessalonicenses, sua glória e coroa; e ali, mais adiante, algum outro obreiro, com o seu círculo ao seu redor; e em todos eles Cristo irá ver tudo o que a Sua própria graça produziu.


Não creio que meditamos o suficiente, a respeito daquela comunhão na glória, como réplica de nossa comunhão aqui neste deserto. Todos os detalhes, e dificuldades da jornada pelo deserto terão seu correspondente na glória; será nossa coroa de regozijo em Cristo. É verdade que isto tem o seu lado triste, mas, como diz Paulo: "Porventura não o sois vós também?" (1 Ts 2:19). Naquele dia, quando todas as dificuldades tiverem passado, minha glória e gozo será aquilo que Deus fez em vós por meio de mim!


Que coração Cristo tem! Não há um coração tão desinteressado como o d'Ele! Ele adora ceder a outros o privilégio de executar aquilo que Ele próprio poderia estar fazendo. Ele mesmo, lá da Sua glória, poderia ter convertido a todos, assim como fez com Saulo de Tarso, mas não desejou que fosse assim. Ele gosta de trabalhar por intermédio de outros. Mas será que existe trabalho a fazer? Ora, porventura não existem olhos para serem enxugados? Acaso não há, entre os santos, coração partido para ser tratado? Será que não existe nada assim para ser feito entre o povo de Deus? Bem… então vá fazê-lo! Demonstre a paciência de Cristo, pois estará reservado algo de bendito para aquele dia, conectado a todo o trabalho exercido entre os santos.


Capítulo Terceiro – Com Todos os Seus Santos

No capítulo seguinte Paulo nos mostra algo mais. O Senhor é apresentado trazendo do céu, Consigo, todos os que são Seus. "Para confortar o vosso coração, para que sejais irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo com todos os Seus santos" (1 Ts 3:13). "Com todos os Seus santos". Isto é o que chamamos de Epifânia – a manifestação de Cristo. Após O havermos encontrado e termos subido com Ele para a casa do Pai, Ele nos traz novamente Consigo. Ele vem “com todos os Seus santos”.


Eu não quero supor, que o apóstolo poderia abrir o seu coração de uma forma mais simples, do que aquela que ele faz nestas palavras. Cristo foi preparar lugar para ali introduzir a Igreja – na casa do Pai; mas o amor divino irá nos trazer com Ele em glória manifesta. O desejo do apóstolo, é que não manifestemos em nós mesmos, e enquanto estivermos aqui, qualquer coisa que venha a estragar o momento em que o Senhor nos trará Consigo. Acaso não existe algo de peculiar na expressão "para Se fazer admirável naquele dia em todos os que crêem"? (2 Ts 1:10). Ele será admirado em Seus santos! Sendo assim, será que não existe qualquer separação, nem mesmo uma, entre Cristo e Seus santos? Nenhuma! Não há qualquer separação em razão de Seu sangue que foi derramado. Ele deu Sua vida em resgate pelos Seus, e no céu não haverá separação. Antes de subir para o Pai, Ele procurou primeiro o Seu povo. Não há separação entre Ele e a Igreja. Ele virá com todos os Seus santos! Oh, que coração maravilhoso Cristo tem! E que mente é a que Deus possui! Ele escolheu Alguém em Quem pode amarrar com segurança todos os Seus planos. Se alguém deseja enrolar uma corda em algo onde ela possa ficar firmemente amarrada, precisa antes saber se pode fazê-lo com segurança. Ninguém enrolaria uma grossa corda em uma frágil varinha. E assim Deus não poderia, por assim dizer, ter qualquer um como o centro de todas as coisas, a não ser o Seu próprio Filho. Todos os Seu santos estão ao Seu redor, e Ele irá trazê-los Consigo em glória.


E o que dizer de meus sofrimentos aqui neste mundo? Com toda certeza há, neste exato momento, poder suficiente nesta esperança para encorajar o coração. E se me encontro agora sob o árduo peso das dificuldades? Devo ser visto com Ele; ser apresentado como quem mantém o mal sob vigilância e está, juntamente com Cristo, apto para ensinar o mundo a se regozijar. Devo ser visto com Ele.


Capítulo Quarto – O Mesmo Senhor

Vemos agora, no capítulo 4, que existem algumas coisas que são marcantes, e que nos são apresentadas conectadas com Sua vinda. A primeira delas é a ambição, ou, como o apóstolo a chama aqui, "paixão de concupiscência" (1 Ts 4:5). Trata-se do coração que não está satisfeito com Deus, e com a porção que Ele fornece – ou seja, o esforço constante de se tirar proveito das coisas deste mundo. Isto, nada mais é, do que o poder do espírito ímpio influenciando o coração separado de Cristo, que ainda procura se satisfazer com as coisas deste mundo, vindo a descobrir, tal qual o jovem da parábola que tentava se alimentar com o alimento dos porcos, que de maneira nenhuma poderá se satisfazer com as bolotas dos porcos. Ele logo se verá na lamentável condição de estar procurando descobrir se existe algo na comida dos porcos que possa lhe fazer bem. Por fim, descobrirá que as bolotas são apropriadas somente para o estômago de um porco, e que não há alimento para si.


Então encontramos lamento. O que pode ser considerada uma porção satisfatória? Não encontro nenhuma aqui neste mundo, que possa ser considerada como tal. Devo esperar não apenas por um feliz encontro, mas pela Pessoa cujo poder inerente, irá se revelar em meio às dificuldades em que encontrará Sua Igreja quando vier buscá-la.

Paulo disse aos tessalonicenses; que Deus iria levar Consigo aqueles amigos, e parentes que lhes eram mui queridos, os mesmos que eles pensavam ter perdido a chance de estar com Cristo na glória. E estas palavras vêm, desde então, satisfazer os anseios de cada coração que se encontra em uma circunstância semelhante.


Tenho um pensamento, e sei que ele me causa uma forte impressão. Penso que aquilo que emana de Cristo, é o que nos dá o poder para olharmos para cima. "Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com Ele. Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras" (1 Ts 4:13-18).


Existe tudo o que é necessário para despertar a atenção na forma como o assunto é introduzido: “o mesmo Senhor descerá do céu”. Quando? Será que diz isto ali? Não! Não nos é dado saber quando. Mas pensar Naquele sem o qual “nada do que foi feito se fez” (Jo 1:3); Naquele em cujas mãos tudo foi entregue por Deus – pensar Naquele Homem que está prestes a descer do céu outra vez!


O fato de existirem pessoas, que insistem em afirmar, que a morte dos santos é a vinda do Senhor revela a estupidez da mente humana! Se eu morrer hoje à noite, eu irei para o Senhor; o Senhor não desce do céu para que isto ocorra. Quando Estêvão estava morrendo, olhou para o alto, e viu o Senhor que esperava por ele no céu; ele não viu o Senhor descendo do céu. Mas o Senhor irá descer. Ele sairá daquele trono no momento determinado. Ele descerá daquela glória sobre a nuvem. Ele “descerá do céu”.


Há tudo o que é necessário, na forma em que nos é apresentado, para cativar a alma, despertando nela indagações; e então, mais além, é prudentemente anunciado: "o mesmo Senhor". Existe apenas um Senhor.


E então, contemplaremos a glória! Oh! e não somente isto mas também a graça! É com “a Sua palavra de ordem” (ARA), “com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus”. Nunca leio estas palavras sem que me ocorram certos pensamentos. Sua voz já foi ouvida neste mundo antes deste evento. Seus discípulos ouviram-No orar. No momento em que pediu que vigiassem com Ele, Sua voz se elevou em oração ao Seu Pai, e foi ouvido quanto àquilo que temia. Mas Ele não tomou para Si a direção dos acontecimentos. Ele deixou que Seu Pai fizesse tudo, da maneira como desejasse. Pedro, por que você agiu daquela maneira, desembainhando sua espada e arrancando a orelha do servo? O Senhor colocou Sua mão sobre o ferido, e imediatamente o curou. O Senhor não poderia ser libertado, pois tinha que dar Sua vida por Suas ovelhas. Por outro lado, está claro que Ele tomou a direção dos acontecimentos quando, ocultamente, permitiu que Saulo de Tarso estivesse presente por ocasião da morte de Estevão, e também quando lhe dirigiu o chamado na estrada para Damasco. Foi, por assim dizer, estando "detrás dos bastidores" que Ele falou e conduziu todas aquelas coisas, mas virá o momento, por ocasião da Sua vinda, que Ele irá falar de uma forma bem diferente. O "alarido", trata-se de uma "palavra de ordem" (ARA), como o chamado para os soldados apresentarem as armas; e seu som será ouvido, anunciando que o tempo é chegado. Mas será também uma voz agradável! Ele próprio deixará o trono! Ele próprio chamará pelos Seus! Ele é Aquele que conduz todas as coisas! Ele é o Servo perfeito. Ele não sai do trono do Pai antes da hora, mas quando o fizer, será com um grito de chamada.


E então lemos da "voz do arcanjo" (ARA). O Senhor a faz elevar. O tempo é chegado, e que anjo nos céus não estaria disposto a se sujeitar alegremente a Ele? Lemos também que é soada a "a trombeta de Deus". Deus a faz soar. O Senhor está vindo do trono de Seu Pai; é a ordem que coloca em cena as bênçãos.


Então, além de tudo (até aqui não há nada de novo para nós), há duas coisas que Ele apresenta. Ele diz, "Eu Sou a ressurreição e a vida" (Jo 11:25). Nós, já nos encontramos associados com Ele em vida ressurreta nos lugares celestiais. Ele nos fez conhecer isto, porém irá nos dar uma nova exibição do que se trata.


Acaso você tem estado a imaginar como Cristo está conservando os corpos dos que morreram? Você conhece o coração que Ele possui e, portanto, sabe com que afeição está cuidando deles! Você sabe que Ele conhece exatamente onde se encontra o pó do corpo de Estêvão ou de Paulo, e que o Seu olhar não deixa passar uma partícula sequer! E Ele está pronto para transformar tudo quando o momento chegar. É Ele próprio Quem o fará. Ele não disse que enviaria algum tipo de poder a fim de dar o toque vital. É Ele próprio Quem o faz. Ele declara que os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Oh! que porção de esperança é esta para aqueles que tiveram que batalhar contra a morte; para aquele que teve que tomar algum ente querido e baixá-lo à sepultura! Ausente do corpo, mas presente com o Senhor. Oh, morte! Eu serei sua ruína, diz o Senhor. Ele vem para por fim à disputa, e os mortos “em Cristo ressuscitarão primeiro”. Ele vem para expor Sua glória quanto à ressurreição. Vindo o Senhor, em todos os lugares o pó devolve os mortos que pertencem a Cristo! Ah, sim! É isto que Ele nos apresenta aqui!


Você gostaria de ver a ressurreição cumprida – cada canto desta Terra abrindo-se para deixar sair do pó aquele que está dormindo? Há amor supremo para os mais fracos e temerosos cujos corpos estejam dormindo no pó.


E, então, vemos o que sucede para "os vivos"! Isto diz respeito a você e a mim. Se Ele viesse hoje mesmo, derramaria tamanho manancial de vida em nós que não nos sobraria nada a não ser imortalidade. Costumamos escutar as pessoas citarem Hebreus 9:27 de maneira errada. Costumam dizer: "a todos os homens está ordenado morrerem uma vez". O correto é "aos homens está ordenado morrerem", e não "a todos os homens". Se o Senhor viesse esta noite, não nos seria necessário deixar o corpo.


O apóstolo nos mostra em seguida o conforto que é isto para nós. O que nos traz conforto? A ressurreição e a vida? Não! O que nos traz conforto é o Senhor que é tudo isso para nós!


Capítulo Quinto – Conservados Irrepreensíveis

No último capítulo nos é apresentado um pouco do estado em que se encontrará o mundo quando o Senhor fizer tudo isso. Eles não têm nem idéia da vinda do Senhor. Pertencem à noite; mas nós não somos da noite. O povo do Senhor está esperando por Ele, mas Ele nos mostra que as pessoas deste mundo não são assim.


Então o Senhor demonstra o Seu próprio desejo e também do Espírito Santo. "E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Ts 5:23). Aqui está uma palavra fortíssima e abençoada, ainda que simples. Os pensamentos do Espírito de Deus, e os pensamentos do apóstolo, não estavam no fato de eu ser levado a conhecer as coisas celestiais, de Deus e de Cristo, para depois estragar o meu andar pelo relacionamento com as coisas de Sodoma e Gomorra. Pelo contrário, o pensamento do Senhor é que nosso "espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também o fará" (1 Ts 5:23-24). Ele não está falando de livrar meus membros da lei do pecado e da morte. Ele não está falando de me colocar em um lugar onde não terei mais conflito. Ele não está falando de me tirar do deserto. Mas Ele está, isto sim, falando de Sua graça que irá me conservar inculpável. Ele não está dizendo, que naquele dia Deus nos verá inculpáveis. Pelo seu próprio andar, o apóstolo estava persuadido de que Cristo seria magnificado em seu corpo, fosse pela vida, fosse pela morte. E quando fez tal afirmação, ele estava certo de que Cristo seria magnificado; não lhe passava pela cabeça a idéia de ser desaprovado em seu próprio andar. Não! Esta palavra é para fortalecer o coração dos filhos de Deus. Foi Ele Quem os chamou e Ele o fará.


Se Deus vai mantê-lo inculpável, então, ponha isto em sua mente, você é invencível! Pense bem nisto: você está destinado a vencer! Lembre-se bem: você não irá fracassar! Você vencerá pois Ele o manterá inculpável. Vejo Deus Se colocando diante de mim, dizendo: – "EU SOU a Pessoa que irá mantê-lo inculpável até àquele dia".

J.N.Darby (1800-1882)


 

O FALSO MESSIAS


Uma determinada pessoa, um homem judeu e apóstata, é o anticristo que encontramos nas profecias das Escrituras. Há aqueles que costumam apresentar o anticristo como o líder civil do império romano, mas não é verdade. O anticristo é o falso messias, o ministro de Satanás para com os judeus em Jerusalém, operando sinais e fazendo maravilhas por meio de um poder vindo diretamente de Satanás. Ele se assenta no templo de Deus, que estará construído em Jerusalém, e exige ser adorado como Deus. A besta (Roma), o falso profeta ou anticristo, e também o dragão (Satanás) são deificados e adorados, numa imitação da adoração que é devida ao Pai, Filho e Espírito Santo. A nação apóstata de Israel aceita o anticristo como seu rei.


Ele definitivamente não se trata de um grande poder político. É verdade que exerce influência sobre a cristandade, mas no seu aspecto religioso, e não politicamente. O governo do mundo ocidental, civil e político, está nas mãos do grande chefe gentio. É ele, cujo trono se encontra em Roma, quem rege politicamente sob o comando de Satanás. O anticristo tem seu trono em Jerusalém, enquanto que o líder do domínio gentio, o tem em Roma. Os dois homens são ministros de Satanás, aliados em iniquidade. Um é judeu, o outro gentio. Ambos, estão presentes por ocasião da vinda do Senhor em juízo, e ambos, são lançados vivos no lago de fogo – uma sentença eterna.


O termo anticristo, é usado apenas pelo escritor do Apocalipse, o que faz por quatro vezes, em 1 João 2:18, 22; 4:3 e 2 João 1:7, uma delas no plural (1 Jo 2:18). Destas passagens tiramos muitas coisas importantes:

  1. O surgimento de anticristos é uma marca clara do "fim dos tempos" (Dn 11:13) e eles são apóstatas;

  2. O anticristo se coloca em direta oposição àquilo que é vital ao cristianismo, a saber, a revelação do Pai e do Filho, e também à verdade distinta do judaísmo – Jesus, o Cristo (1 Jo 2:22).

  3. A Santa Pessoa do Senhor é também objeto do ataque satânico. Tudo isso atinge o seu clímax no anticristo que vem; nele toda sorte de mal religioso chega ao seu mais alto grau.

Paulo, em uma de suas mais antigas e breves epístolas (2 Ts), apresenta o esboço de uma personalidade caracterizada pela impiedade, insubordinação e arrogância, a qual supera em muito tudo aquilo que o mundo já viu. Um caráter claramente idêntico ao do anticristo, citado por João. Em ambos os casos trata-se da mesma pessoa.


É evidente que Paulo instruiu pessoalmente, os Cristãos tessalonicenses, acerca do assunto solene que é a chegada da apostasia, ou o público abandono do cristianismo, e conseguinte a “apostasia”, a revelação do “homem do pecado” (2 Ts 2:3). Sua carta é um complemento à sua admoestação verbal.


São usados três adjetivos para o anticristo:

  1. o iníquo;

  2. o homem do pecado;

  3. O filho da perdição.

O primeiro sugere que ele se coloca em direta oposição a toda autoridade divina e humana.


O segundo estabelece que ele é a personificação de toda forma e classe de mal – o pecado personificado.


O terceiro demonstra ser ele o apogeu da manifestação do poder de Satanás, e, como tal, tem a perdição e o juízo como sua porção.


Esse medonho caráter usurpa o lugar de Deus sobre a Terra, assentando-se no templo então edificado em Jerusalém, exigindo a honra e adoração que é devida a Deus (2 Ts 2:4).


Sua influência religiosa – pois ele não é, de modo algum, um político – domina as massas de Cristãos professos e judeus. Eles caem na armadilha de Satanás. Eles, que já haviam abandonado a Deus e renunciado publicamente à fé Cristã e à verdade essencial do judaísmo, agora recebem do Senhor, em justa retribuição, a horrível “operação do erro” de receberem o homem do pecado, enquanto crêem ser ele o verdadeiro Messias (2 Ts 2:11). Que engano! O anticristo recebido e crido no lugar do Cristo de Deus!


Quando se compara 2 Tessalonicenses 2:9 com Atos 2:22, fica evidente um notável paralelo. Os mesmos termos – “poder (maravilhas), sinais e prodígios” – são encontrados em ambos os textos. Por estes sinais Deus iria credenciar a missão e o serviço de Jesus de Nazaré (At 2:22). Pelas mesmas credenciais Satanás apresenta o anticristo ao mundo apóstata (2 Ts 2:9-10).


O próprio Senhor faz referência ao anticristo e à sua aceitação por parte dos judeus como seu messias e profeta (Jo 5:43). No livro dos Salmos, ele é descrito profeticamente em seu caráter do "homem, que é da Terra" (Sl 10:18), e também como "o homem sanguinário e fraudulento" (Sl 5:6). Estes adjetivos descritivos são, em si mesmos, uma característica do ímpio em geral na grande crise que se aproxima, embora exista uma pessoa, e somente uma, à qual se aplicam no seu mais completo significado. É o caráter do anticristo que se encontra diante de nós nestes e em outros Salmos.


Daniel, no capítulo 11 de sua profecia, faz referência a três reis: o rei do Norte (Síria), o rei do Sul (Egito), e o rei na Palestina (o anticristo). As guerras, alianças familiares e intrigas, detalhadas tão minuciosamente nos primeiros trinta e cinco versículos deste interessante capítulo, tiveram um cumprimento histórico exato na história dos reinos da Síria e do Egito, formados após a ruína do poder do império Grego.


No versículo 36 um rei é repentinamente introduzido na história. Esse rei é o anticristo cujo reinado na Palestina precede o reino do verdadeiro Messias, do mesmo modo como o rei Saul precedeu o rei Davi; o primeiro prefigurando o rei antiCristão e o segundo prefigurando Cristo, o verdadeiro Rei de Israel. Esta parte do capítulo (Dn 11:36-45) fala de um tempo futuro, levando-nos até o “fim do tempo” (Dn 11:40). O rei se exalta, e se eleva acima de todo homem, e de todo deus. O orgulho do diabo está personificado nesse terrível personagem judeu. Somente o lugar que é devido a Deus pode satisfazer sua ambição. Que contraste com o verdadeiro Messias, “Jesus…, que humilhou-Seaté à morte, e morte de cruz” (Fp 2:5-8).


Por meio de Daniel 11:37 fica evidente que o anticristo é descendente de judeus, o que também pode ser deduzido do fato, de que se assim não fosse, ele não poderia nem reivindicar, mesmo entre os judeus apóstatas, o direito ao trono de Israel. O rei, ou anticristo, é atacado do Norte e do Sul, ficando a sua terra, a Palestina, entre dois fogos. Ele é incapaz, mesmo com o auxílio de seu aliado, o poderoso líder ocidental, de se livrar dos repetidos ataques de seus inimigos do Norte e do Sul. O primeiro é o mais amargo e determinado deles. A Palestina é invadida pelos exércitos conquistadores vindos do Norte, mas seu rei, o anticristo, escapa da vingança do grande opressor do Norte, prefigurado pela infame memória de Antíoco Epifânio (rei da Síria a partir do ano 175 a.C.). O anticristo é alvo do juízo do Senhor na Sua vinda dos céus (Ap 19:20).


Em Apocalipse 13, duas bestas são contempladas em uma visão. A primeira, é o poder romano com sua cabeça blasfema sob o controle direto de Satanás (Ap 13:1-10). A segunda besta, é a pessoa do anticristo (Ap 13:11-17). A primeira, é caracterizada por força bruta e trata-se do poder político daqueles dias, e daquele a quem Satanás "deu-lhe o seu poder, e o seu trono, e grande poderio" (Ap 13:2). A segunda besta, está claramente subordinada ao poder da primeira (Ap 13:12) e seu caráter é religioso; não tem pretensões políticas. Sua pretensão religiosa é amparada pelo poder e força da Roma apóstata, e assim as duas bestas agem juntas sob seu grande líder, Satanás. Os três são igualmente adorados.


A segunda besta, ou anticristo, é idêntica ao falso profeta, citado nos capítulos Ap 16:13; Ap 19:20 e Ap 20:10. As respectivas cabeças da rebelião contra Cristo, em Seus direitos reais e proféticos, são dois homens diretamente controlados e revestidos de poder pelo próprio Satanás. Trata-se de uma espécie de trindade do mal. O dragão deu seu poder exterior à primeira besta (Ap 13:2). À segunda ele dá seu espírito, para que possa falar como um dragão (Ap 13:11). Finalmente, Zacarias se refere ao anticristo como “pastor inútil” que acaba por abandonar o rebanho (Israel) sobre o qual exerce poder de rei, sacerdote e profeta. Mas sua alardeada autoridade (“seu braço”) e sua altiva inteligência (“seu olho direito”), por meio das quais sustenta suas pretensões na Terra, são totalmente arruinadas. E ele próprio é lançado vivo na morada da miséria eterna, “o lago de fogo” (Zc 11:15-17; Ap 19:20).


Ao nosso ver, a estrela caída por ocasião do primeiro "ai" é, sem dúvida alguma, o anticristo (Ap 8:10-11; Ap 9:12). A que outro personagem do Apocalipse poderia se aplicar tal descrição? As reivindicações espirituais, e pretensões religiosas de Satanás, são sustentadas e cumpridas pelo anticristo, enquanto que sua soberania temporal sobre o mundo é estabelecida no reinado, e, na pessoa do príncipe romano. A agonia que se segue, é agonia da alma e da consciência, e não agonia física. O anticristo parece ser o instrumento escolhido pelo diabo, para aflição da alma e da consciência, enquanto que, para o sofrimento do corpo, a força bruta da besta recebe total liberdade de ação, satisfazendo-se com cenas de crueldade e derramamento de sangue, atormentando os corpos dos seres humanos.

W. Scott (1838-1933)

Christian Treasury Jul/90

 

A NOSSA ESPERANÇA


A vinda da besta nós não esperamos,

O falso profeta não iremos ver;

Sinais de homens no céu não buscamos,

Pois nisso proveito algum vamos ter.

Nós não esperamos a tribulação,

Tampouco a morte em nosso porvir;

Só Cristo, espera nosso coração,

Na doce certeza que Ele há de vir!

O nosso Senhor virá nos levar,

O dia, não temos, a hora também;

Mas Quem prometeu jamais vai faltar,

Oh doce certeza! Jesus Cristo vem!


 

PARA QUE SÃO OS MILAGRES?


Vivemos em uma época de incredulidade. Os homens dizem não acreditar mais em milagres. Isto é dito não apenas entre ateus ou céticos, mas na própria cristandade, onde o evangelho derrama sua luz. Só falta a cristandade dar mais um passo em sua senda de incredulidade: repudiar o próprio Deus. Este passo será dado muito em breve quando o homem se endeusar na pessoa do filho da perdição, o anticristo, que é encontrado nas Escrituras (2 Ts 2:3-4). Quando isso acontecer, não haverá mais lugar para Deus e Seu Filho. Por incrível que possa parecer, nessa ocasião os homens estarão novamente crendo em milagres. "Sinais e prodígios de mentira" (2 Ts 2:9) irão se manifestar e serão cridos. Não é somente o céu que produz maravilhas – o inferno também as manifesta. Isto foi testemunhado por Moisés em sua época, e será testemunhado novamente no dia do anticristo.


A infidelidade, seja ela religiosa ou não, pode criticar os registros dos milagres de nosso Senhor, não obstante os milagres terem realmente sido feitos. O fato de, pelo menos, três dos evangelhos haverem sido escritos num espaço de poucos anos após a ascensão de nosso Senhor, quando ainda poderiam ter sido facilmente desmentidos pelos opositores, é suficiente para estabelecer a sua credibilidade, mesmo dentro de critérios puramente humanos. Mas quando levamos em conta o magnífico fato (no qual toda alma reverente crê) de que o Espírito de Deus é o autor dos evangelhos, qualquer dúvida é deixada de lado.


Mas, por que os milagres foram feitos? O próprio Salvador nos diz: "As obras que o Pai Me deu para realizar, as mesmas obras que Eu faço, testificam de Mim, que o Pai Me enviou" (Jo 5:36; Jo 10:25). Os milagres foram assim graciosamente concedidos como um auxílio à fé na Sua Pessoa e missão. É por isso que o Senhor disse a Filipe, "crede-Me, ao menos, por causa das mesmas obras" (Jo 14:11). É por isso também, que o Salvador lamenta em João 15:24: "Se Eu entre eles não fizesse tais obras, quais nenhum outro tem feito, não teriam pecado; mas agora, viram-nas e Me aborreceram a Mim e a Meu Pai". Por serem os milagres auxílios dados à fé, eram, sem exceção, atos de misericórdia; atos que deveriam ter motivado os sentimentos de todos os interessados, por revelarem o coração de Deus, em favor do homem.


Teria sido tão tolo superestimar o valor dos milagres, quanto mostrar desprezo por eles. Um auxílio à fé não deve ser confundido com o alicerce da fé. Uma fé alicerçada em milagres é de tão pouco valor que o próprio Salvador, quando foi procurado por tal classe de pessoas, Se negou a confiar nelas (Jo 2:23-25). A verdadeira fé está alicerçada na “Palavra de Deus” (Rm 10:17). Simão, o mago, foi atraído pelos milagres, e provou ser uma fraude; “o procônsul Sérgio Paulo, varão prudente,procurava muito ouvir a Palavra de Deus”, e assim tornou-se um verdadeiro discípulo (At 8:13; At 13:7,12).

W.Fereday (1863-1959)


 

A ÚLTIMA TROMBETA


"Porquanto o Senhor mesmo, dada a Sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro" (1 Ts 4:16 – ARA).


O Exército do Senhor espera por uma ordem apenas – uma preciosa e gloriosa palavra! Aquele, que, outrora, fez ouvir Sua voz neste mundo em humilde graça, e que agora fala no céu com graça, jamais alterada pelo pecado do homem, irá em breve dar a "Sua palavra de ordem" (1 Ts 4:16) dirigida aos que são Seus. Apenas estes a conhecem, e será ouvida somente por aqueles que já tiverem conhecido a voz do Pastor; “num abrir e fechar de olhos” tudo será transformado (1 Co 15:52), e estaremos "para sempre com o Senhor" (1 Ts 4:17).


Que som emocionante será para aquele que já está cansado; que tem estado a trilhar um humilde caminho nas fileiras do Senhor! Pode até ser que já tenha reclinado sua cabeça no seio do Senhor e, embora seu espírito já se encontre com o Senhor, seu corpo permaneça agora "dormindo" (1 Ts 4:13) até que chegue aquele dia. Pode ser que seja um dos que se encontram entre "nós, os vivos, os que ficarmos" (1 Ts 4:17), e quando a voz de Jesus soar, Este o encontrará em seu posto, como alguém que espera por seu Senhor. Nas milhões de circunstâncias da vida, Sua voz irá encontrar aquele que Ele ama, e irá levá-lo para a casa do Seu Pai nas alturas. O poderoso exército do Senhor irá subir, em silêncio e segredo, como ocorreu na ressurreição do próprio Senhor. Ele irá juntar o pó do Seu povo, preservado cuidadosamente até então por Seu poder vivificador. Os quatro ventos dos céus talvez o tenha espalhado, mas a Terra deverá devolver sua presa. O mar dará aqueles que são de Cristo, e que talvez tenham encontrado ali um jazigo anônimo. O túmulo lacrado, a silenciosa câmara da morte, deverá ter recolhido o seu precioso pó. Tanto o solo que esconde uma sepultura há muito intocada, até o recém fechado jazigo, terão que admitir que Aquele que saiu da sepultura, antes lacrada, na presença dos adormecidos vigias – Aquele que deixou os lençóis de Sua mortalha no local onde estivera Seu corpo – ordenou que com o mesmo silêncio, na mesma quietude, posto que em extremo poder, "os que morreram em Cristo" (1 Ts 4:16) ressuscitem. Eles irão deixar seus lugares do mesmo modo como Ele, "as primícias" (1 Co 15:20), o fez. O exército dos vivos, que ainda estiver aqui, ouvirá Sua voz, e então o “que é corruptível se revista (será revestido) da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista (será revestido) da imortalidade” (1 Co 15:53), e se ouvirá a exultante canção da Igreja em resposta ao Seu poderoso chamado – "Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?" (1 Co 15:55). "E verão o Seu rosto, e nas suas testas estará o Seu nome" (Ap 22:4). Assim como aconteceu com Enoque, não serão achados, pois Deus os terá trasladado (Gn 5:24).


Que incentivo é esta esperança para o tempo em que ainda estamos aqui, a qual pode gerar em nós sinceridade de propósito em servir Àquele por Quem esperamos. O terror do Senhor para aqueles que não são de Cristo, deve pesar consideravelmente no coração de Seus soldados enquanto aqui (Lc 21:26), que sabem que a Igreja adormecida já teve o seu grito da meia-noite (Mt 25:1-13). Sabem o quanto a Sua volta tem estado esquecida, e até mesmo negligenciada. Sabem como muitos que O amam caíram no engano do servo infiel, que disse: "O meu Senhor tarda em vir" (Lc 12:45). Tornaram a ouvir Sua voz e prepararam suas lâmpadas, indo se encontrar com Ele, pois estão cientes de quão solene é o momento em que vivem. Sentem que o raiar do dia se aproxima; estão a olhar por entre as trevas, a fim de virem o Esposo da Igreja – "a Resplandecente Estrela da Manhã" (Ap 22:16). Sentem que toda a confusão do momento presente caracteriza o estado das pobres virgens tolas. Conhecem também o solene lamento que irá cair sobre esta Terra, onde se professa o cristianismo mas onde Cristo é totalmente desconhecido – "Senhor, Senhor, abre-nos" (Mt 25:11), será o lamento quando a porta se tiver fechado para sempre! Deveras, que solene momento de terror há de ser!


Oh! que momento de brilho e esplendor será para aqueles que pertencem "a primeira ressurreição" (Ap 20:5-6), que são ressuscitados ou transformados por Seu tremendo poder, como uma prova e testemunho de sua completa aceitação no Amado. Sua ressurreição, foi uma prova da perfeição e glória da Sua Pessoa quando esteve aqui. Nossa ressurreição, será a prova da perfeição de Sua obra na qual estamos. Certamente, devemos então nos consolar "uns aos outros com estas palavras" (1 Ts 4:18).


"Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor" (1 Co 15:58).

F.G.Patterson (1832-1887)


 

O FIM DE UMA JORNADA


O poema abaixo foi encontrado entre as anotações de um homem que viveu somente em busca do sucesso e da fama neste mundo. As palavras falam por si só, pairando como um solene aviso a todos os que colocam este mundo em primeiro lugar, andando na senda da ambição.


Por que trabalhar por honra humana,

E por que a glória e fama buscar?

Existe razão pra ter tanta gana,

Na busca de um nome famoso a zelar?


Fama! Fama! Ah! O que é a tal fama?

Senão uma bolha – uma palavra só,

Um canto enganoso que do lixo chama,

Ou vil esperança que chega a dar dó;


O extremo desejo de um coração,

Que foge de tudo que é digno e real;

Ao qual se reserva a decepção,

Após ser covil do orgulho e do mal.


"À fama e à fortuna!", bem alto bradei,

Jornada iniciei em rumo à ruína,

Sim, creiam-me, muito aqui me esforcei;

Fiz tudo o que pude pra chegar lá em cima.


"À fama, à fama!"; logo descobri

Que é tarde o momento em que ela vem;

Suas teias imundas que prendem-me aqui,

Acaso estarão comigo no Além?


Me esforcei muito no fátuo caminho;

Foi esta a razão do meu triste ser,

Tudo eu busquei no mundo mesquinho,

E UM TÚMULO É TUDO O QUE AGORA HERDEI!.


Estas linhas não carecem de comentário, e gostaríamos de deixá-las de lado, a fim de nos ocuparmos com um trecho, tirado dos últimos escritos, de alguém que renunciou a uma carreira das mais ambiciosas para levar sua cruz, e seguir o Senhor Jesus no caminho da rejeição.


Ao final de sofrimentos e tribulações que poucos puderam experimentar, ele foi lançado numa masmorra romana. Quase todos os seus amigos neste mundo o abandonaram; teve que se apresentar diante do cruel tirano Nero para, à sua ordem, ser lançado aos leões ou ter experimentado alguma outra tortura diabólica. Este era um "fim de jornada" que tinha tudo para ser temido.


Mas que prêmio ele herdou! Não havia nenhum túmulo em seus pensamentos quando escreveu para seu jovem amigo Timóteo: "Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a Sua vinda" (2 Tm 4:6-8).


Considere agora o fim destes dois homens, e lembre-se de que você não pode servir a dois senhores – deve ser Cristo ou seu ego. "Escolhei hoje a quem sirvais" (Js 24:15). Deus deseja que você seja sábio. "Ouve o conselhopara que sejas sábio nos teus últimos dias" (Pv 19:20). "Eis que ponho diante de vós o caminho da vida e o caminho da morte" (Jr 21:8). "Te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição: escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua semente" (Dt 30:19).

Echoes of Grace Nov/84


 

O PREGO


Na parede de uma cozinha, havia um prego onde estavam penduradas algumas canecas. – “Oh!” – disse a menor delas. – “Sou tão pequena e feia que acho que vou cair. – Sou tão grande e pesada que estou certa que vou despencar daqui” – temeu a maior delas. A caneca de lata suspirou – “Se eu fosse como a caneca de ouro, nunca teria medo de cair…”


A caneca de ouro que, pendurada no mesmo prego a tudo escutava, disse – “Não é pelo fato de eu ser uma caneca de ouro que estou segura, mas sim por causa do prego! – Se o prego caísse, todas nós cairíamos juntas!” – continuou. – Não importa se a caneca é de ouro ou de lata; enquanto o prego estiver firme todas as canecas estarão a salvo! (Is 22:23-24).


 

"FILHINHOS, GUARDAI-VOS DOS ÍDOLOS. AMÉM."


Temos que examinar nossa vida para vermos se não temos ídolos! Não me refiro a ídolos feitos com madeira ou pedra; não, os ídolos de hoje são diferentes em sua forma, mas não são menos perigosos em suas consequências. Eles podem ter quatro rodas e todos os acessórios, ou talvez ser uma conta bancária bem suprida. Talvez, um negócio que esteja consumindo todas as horas produtivas de nossa semana. Ou pode ser a tela de uma TV roubando nosso tempo com suas imagens de um mundo já condenado. Acaso entrou um ídolo em sua vida? Livre-se dele, e sirva o Deus vivo de todo o seu coração.

S.McEachem

 

Existirá algo, sob o sol, a brilhar,

Que atrapalhe a minha comunhão com Teu Ser?

Oh! Livre-me disto e fiques a reinar,

Pois só Tu, Senhor, És a razão do meu viver!

 

ANDAR COM DEUS


E andou Enoque com Deus” (Gn 5:22). “Noé andava com Deus” (Gn 6:9).


Andar com Deus exige que se gaste tempo com Deus. Enoque e Noé desfrutaram deste santo privilégio. No entanto, podemos argumentar que eles viviam em uma época bem diferente da nossa, sem tantos afazeres como hoje temos. Mas, por outro lado, devemos lembrar que, tanto Enoque como Noé eram homens casados, com esposa, e filhos para cuidar, e ainda exerciam um ministério para Deus. Noé até mesmo empreendeu uma construção de um grande barco, e isso em uma época em que não podia contar com eletricidade, automóveis, supermercados, computadores, fornos de micro-ondas, ou máquinas de lavar. Talvez a culpa da dificuldade que encontramos para andarmos com Deus não esteja no tempo em que vivemos, mas antes em quanto tempo queremos investir neste santo privilégio.

S.McEachem

 

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