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Palvras de Edificação 37

(Revista bimestral publicada originalmente em Novembro/Dezembro 1992)

 

ÍNDICE


 

AS CARTAS DE PAULO A TIMÓTEO


Ao compararmos as duas epístolas a Timóteo, vemos claramente a diferença entre a ordem da casa de Deus, conforme foi estabelecida pelo apóstolo, e o andar guiado pelo Espírito de Deus, numa época em que a desordem se introduziu, após a morte do apóstolo Paulo. A primeira epístola nos apresenta a ordem estabelecida; a segunda, o andar requisitado na desordem, quando somente o Senhor conhece os que são Seus – um estado de coisas muito diferente daquele em que "todos os dias acrescentava o Senhor à Igreja aqueles que se haviam de salvar" (At 2:47). Então, a poderosa ação do Espírito de Deus manifestou Seus filhos, e os colocou em seu lugar na Igreja. Mas, no tempo de que fala a segunda epístola a Timóteo, "o Senhor conhece os que são Seus" (2 Tm 2:19), pode haver alguns dos Seus ocultos nos sistemas que não estão de acordo com a Sua vontade.


A responsabilidade recai, então, sobre o indivíduo: ele deve apartar-se da iniquidade, “purificar-se” dos “vasos” que são “para desonra”, e associar-se ”com os que, com um coração puro, invocam o Senhor” (2 Tm 2:20-22). É aí que encontramos o nosso lugar, somente recordando da unidade do corpo, e buscando cumpri-la na prática. Temos o caráter de um remanescente nestes últimos dias, mas de um remanescente que busca trazer de volta os primeiros princípios sobre os quais a Igreja foi originalmente estabelecida; um caminho simples e feliz, mas que exige fé, e a ousadia que a fé obediente supre.


Que Deus nos conceda, em Sua graça, caminhar n'Ele com um passo firme, pacífico, mas decidido. Se olharmos para Ele, tudo se torna simples: vemos claramente o nosso caminho, e temos motivos que não tornam a alma presa da incerteza. O homem de vontade dividida é aquele que é instável em todos os seus caminhos.


Quando olhamos para Deus, então, tudo aquilo que é eterno se torna ainda mais real e próximo para nós. Isso é o que dá força, e exclui todos os motivos e influências que possam nos desviar do caminho. Quão felizes somos por estarmos sob a direção do Senhor, termos o coração cheio d'Ele, cujos pensamentos são eternos, e que é, Ele próprio, amor; que tanto nos amou e Se entregou por nós; Quem deu-se a Deus, como a Sua própria perfeição, mas ainda para nos possuir – Bendito seja o Seu nome – e nos ter com Ele para sempre. É doce sentir que Ele nutre a Igreja e a estima.

John Nelson Darby (1800–1882)

Letters, pg.479, em 1867


 

Fé é crer no testemunho dado por Deus.


Pela fé nós somos “salvos” (Lc 7:50)

Pela fé nós “vivemos” (Gl 2:20)

Pela fé nós “andamos” (2 Co 5:7)

Pela fé nós “estamos em pé” (2 Co 1:24)

Pela fé nós ficamos “firmes” (Hb 11:27)

Pela fé nós “alcançamos” (Hb 11:33)

Pela fé nós “lutamos” (1 Tm 6:12)

Pela fé nós “vencemos” (1 Jo 5:4)


Fé é agarrar-se só n'Aquele que tem poder;

É a mão do homem segurando no braço de Deus;

É a hora bendita, quando nada posso ver,

Mas confio que tudo coopera para o bem dos Seus.

É quando todos os possíveis chegam ao fim,

E Ele torna, então, o impossível real pra mim.


 

NUNCA!


Alguma vez você se deu conta, querido leitor, que a mesma palavra que concede o mais doce consolo ao verdadeiro crente, extingue completamente qualquer raio de esperança para o incrédulo, e não lhe deixa coisa alguma além de trevas e total desespero? Esta palavra é a mesma que aparece no início deste artigo.


Para tornar isso mais claro, deixe-nos fazer duas perguntas que, provindas dos lábios do Senhor Jesus Cristo, são ambas respondidas por esta mesma palavra.

  1. Pode alguém, homem ou mulher, que morre na incredulidade, ser, de algum modo, salvo? Preste atenção para a solene resposta: NUNCA!

  2. Pode alguém, que nasceu de novo do Espírito de Deus, ser, de algum modo, perdido? NUNCA!

Agora, se esta pequena palavra, porém de peso, não passasse de uma expressão de fraqueza humana, ela não teria maiores consequências. Por exemplo, o apóstolo Pedro a utilizou em duas ocasiões importantes em sua vida, mas fazendo assim demonstrava tão somente a sua absoluta fraqueza própria – "Ainda que todos se escandalizem em ti," – disse ele, – "eu nunca me escandalizarei" (Mt 26:33). E mesmo assim, o que se sucedeu? Acaso não foi ele tão veemente em negar seu Mestre como foi, poucas horas antes, veemente em garantir sua fidelidade?


Novamente, em João 13:8, nós o encontramos dizendo ao Senhor: "Nunca me lavarás os pés"; e, mesmo assim, no momento seguinte, muito feliz de se sujeitar ainda mais do que aquilo que seu bondoso Mestre havia proposto. Vemos, assim, que o "nunca" de Pedro provou ser fraco como água, e mostrou-se totalmente inútil diante da primeira prova a que foi submetido. Mas quem contestará um “nunca” dito por Deus? Quem poderá torcer o “nunca” de Deus ao ponto de adaptá-lo aos limites da possibilidade humana? Não! quem se atreve a tentar? Quem? No entanto, tem-se tentado fazê-lo e, ainda pior, professos seguidores de Cristo – pregadores e mestres – o têm feito por cega ignorância ou buscando proveito próprio. Quão profundamente solene é isso!


O Fogo que Nunca se Apaga

Mas nos voltemos para a Palavra de Deus, e nela encontrarmos Sua resposta para as questões que foram propostas. Marcos 9:43-48 vai diretamente à primeira questão e, embora por falta de espaço eu transcreva apenas um destes solenes versículos, gostaria de insistir com você para que lesse, lenta e atentamente, a passagem toda. O versículo 43 diz assim: "E, se a tua mão te escandalizar, corta-a: melhor é para ti entrares na vida aleijado do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga". Agora, peço que preste bastante atenção nisto: não diz apenas que o fogo "não se apaga" (veja os versículos 44, 46 e 48), mas, como o Senhor repete também no versículo 45, ele "NUNCA se apaga".


E ainda assim, bem diante de uma expressão que não deixa a menor dúvida, o pobre e tolo homem (sábio em seu próprio conceito) procura, pela força do argumento humano, extinguir aquele “fogo”. Ele levianamente não leva a sério os solenes avisos do bondoso Salvador, e os toma como sendo vãs ameaças; ou então persuade sua consciência alarmada de que, se existe um inferno, este será apenas de duração limitada, e que, após alguns milhares de anos de punição, ele se acabará. Mas o que Deus disse de alguns que fizeram pouco de Seus benévolos avisos, nos dias de Jeremias, se aplica solenemente a esses pensadores modernos: Eles "saberão se subsistirá a Minha palavra ou a sua" (Jr 44:28 – ARA). Portanto considere bem isto: "NUNCA se apaga" é a imutável palavra do Senhor. Ela permanece registrada, da maneira como saiu dos lábios do justo Juiz e benigno Salvador. Ela permanece, e, assim como Deus é verdadeiro, ela permanecerá para sempre. Nem todas as maquinações e poder de Satanás, nem todas as lágrimas de lamento perdido, jamais servirão para apagar aquele fogo – “nunca”! “NUNCA”!


Querido leitor, se você ainda não está salvo, esteja precavido enquanto é tempo, antes que seja tarde demais; antes que você descubra, por si próprio, que quando o Senhor Jesus Cristo avisou os pecadores acerca do fogo que "nunca se apaga", Ele quis dizer exatamente o que disse! Lembre-se: depois não será possível corrigir o seu erro fatal. Afinal, “por que razão morrereis?” (Ez 33:11). Por que você cruelmente rejeita a mão estendida de misericórdia? Cristo continua a esperar à direita do Pai e, enquanto Ele assim espera, “qualquer que quiser” (Lc 9:24) pode ir a Ele.

'Milhares já se achegaram, Ao Seu ferido lado;

Boas-vindas ali encontraram, E ninguém foi desprezado'.

Muitos, cobertos pelas mais negras marcas de seus crimes, se achegaram a Ele e foram lavados, em Seu precioso sangue, de toda mancha carmesim. Os mais endurecidos homens tiveram seu coração derretido e conquistado por Seu poderoso amor. E por que você ainda assim deveria rejeitá-Lo?


Suplique a Ele; prostre-se a Seus pés agora mesmo; e, oh!, que boas-vindas o pobre filho pródigo irá receber! Que braços de amor irão abraçá-lo! Seus pecados serão todos perdoados, e serão todos esquecidos também. "Todos os que n'Ele crêem receberão o perdão dos pecados" (At 10:43). Rogo a você uma vez mais que tenha cuidado para não tratar levianamente assuntos tão importantes.

'Não resista ao Espírito Santo, Não espere nem mais uma hora;

Pois Deus, que já esperou tanto, Pode encerrar a espera agora!'

E então, uma longa eternidade em desespero naquele "fogo que nunca se apaga" será, com certeza, a sua porção. Que Deus possa, em rica misericórdia, salvá-lo de uma aterradora perdição.


As Ovelhas que Nunca Perecem

Mas pode ser que algum crente, que esteja lendo estas páginas, possa estar dizendo: 'Embora eu possa crer, e realmente creia, que a palavra "nunca" responde à primeira pergunta, não posso aceitar tão prontamente que ela possa ser a resposta à segunda'.


Bem, então, baseado em que você a aceita como sendo a resposta à primeira pergunta? E por que você crê que a condenação é eterna; que o fogo do inferno “nunca se apaga”? Você concorda que quando o Filho de Deus disse "nunca", o assunto estava estabelecido para sempre? Certamente que sim. Quando quer que ele tenha falado, Ele estava simplesmente proferindo "as palavras de Deus"; portanto receber o Seu testemunho é reconhecer “que Deus é verdadeiro” (Jo 3:33-34).


Agora, então, voltemos agora a outras palavras desse mesmo bendito Senhor – palavras que são igualmente claras e inequívocas: "As Minhas ovelhas ouvem a Minha voz, e Eu conheço-as, e elas Me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da Minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de Meu Pai" (Jo 10:27-29).


Pegue agora um lápis e escreva esta importante palavra com que temos nos ocupado em Marcos 9:43, e depois, abaixo dela, escreva a palavra encontrada em João 10:28, da seguinte maneira:

"Nunca"Mc 9:43

"Nunca"Jo 10:28

Olhe para elas e responda, honestamente, como estando diante d'Aquele que um dia as proferiu, e diga qual delas você considera mais digna de crédito. Certamente ambas são igualmente verdadeiras, e portanto igualmente dignas de serem aceitas.


'Ah, sim', você dirá; 'e eu acredito que as ovelhas de Cristo nunca hão de perecer, se…' Pare aí mesmo! Por que você não disse que “o fogo que nunca se apaga”, se…? Ah, leitor, não existe "se" neste assunto! "NUNCA", em Marcos 9:43, e "NUNCA", em João 10:28, são, igualmente, as palavras do Filho de Deus, e devem subsistir juntas, ou juntas cairão. Eu disse que cairão? Mas não acontecerá: "A palavra de nosso Deus subsiste eternamente" (Is 40:8). "O céu e a Terra passarão, mas as Minhas palavras não hão de passar" (Mt 24:35). E ainda, no mesmo capítulo de João 10:35, nos é dito que "a Escritura não pode ser anulada". "Toda a palavra de Deus é pura; escudo é para os que confiam n'Ele. Nada acrescentes às Suas palavras, para que não te repreenda e sejas achado mentiroso" (Pv 30:5-6).


É nossa sabedoria não discutirmos acerca da Sua Palavra; não acrescentarmos ou tirarmos dela qualquer coisa para adaptá-la às nossas próprias idéias, mas sim a recebermos por simples fé, e repousar nela a nossa alma.


Quem são as Ovelhas?

Mas alguém poderá perguntar: 'Quem são as ovelhas de Cristo?' Bem, todo verdadeiro crente é uma "ovelha". O Senhor disse aos judeus incrédulos daqueles dias: "Não sois das Minhas ovelhas" (Jo 10:26). Porém, se o verdadeiro crente é uma ovelha de Cristo, e se o Grande e Bom Pastor nos deu a Sua palavra que nenhuma das Suas ovelhas perecerá, por que não honrar a Sua bendita palavra, e receber o conforto que Ele deseja que você tenha em sua alma temerosa?


Porém pode haver quem ainda conteste isto dizendo: 'Porventura não pode acontecer que algumas dessas “ovelhas”venham depois a se tornar muito más, e caiam profundamente em triste pecado?' Não temos dúvida de que isso possa ocorrer. Mas há uma outra questão que pode ser de auxílio para considerarmos primeiro, ou seja: O Pastor, que proferiu tais palavras de segurança acerca de Suas ovelhas, não sabia, naquele momento que as proferiu, como cada uma dessas ovelhas “sairia”? Com toda a certeza Ele sabia. Este mesmo capítulo é testemunha disso; quando Ele diz "Dou a Minha vida pelas ovelhas" (Jo 10:15), será que Ele estava pensando somente em Seus discípulos de então? Veja o versículo seguinte: "Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco” (o aprisco judeu); “a essas também Me importa conduzir, e elas ouvirão a Minha voz; e haverá um rebanho e um Pastor" (Jo 10:16 – AIB). "Me importa conduzir". Por que este "importa"? Ah! existe, nesta pequena palavra, a benévola retenção do Seu próprio amor; assim como havia uma necessidade justa, em razão da santidade de Deus e de nossa culpa, na mesma palavra dita a Nicodemos: "Importa que o Filho do homem seja levantado" (Jo 3:14). Oh, que Salvador Ele é!


Sem dúvida, naquele momento, Ele tinha em mente todo o Seu rebanho. E, permita-me perguntar, iria Ele morrer por eles sem conhecer os seus pecados de antemão? Impossível! Ele não fez Pedro entender que Ele conhecia seus pecados de antemão? No entanto, de Pedro como dos outros, Ele podia dizer: "Nunca hão de perecer" (Jo 10:28). Sem dúvida Satanás desejava ardentemente arrebatar aquelas ovelhas das mãos do Bom Pastor. "Mas", disse Jesus, "Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça" (Lc 22:32). Que preciosa garantia! Observe aqui, de passagem, temos três pessoas distintas colocadas diante de nós: "o Pastor", "uma ovelha" e o "leão que ruge", “procurando alguém para devorar”, como o próprio Pedro se refere a Satanás mais tarde (1 Pe 5:8 – ARA). Surge agora a pergunta: Quem ficará com essa “ovelha”? O "Pastor" ou o "leão"? "Satanás vos pediu" (Lc 22:31), foi o que o Senhor disse a Pedro. Mas será que Satanás pode realizar o seu desejo? Aí está a questão vital. Ele tentou? Sim, ele tentou. E, no que diz respeito à "ovelha", Satanás teria saído vitorioso; pois Pedro não podia guardar a si mesmo, embora ele pensasse poder fazê-lo. Porém Aquele que estava para entregar Sua vida pelas “ovelhas” sabia bem como restaurar, por Sua intercessão, tanto quanto como salvar por Sua morte. "Eu roguei por ti" (Lc 22:32), "O Senhor é o meu Pastor" (Sl 23:1); Ele "refrigera (restaura) minha alma" (Sl 23:3).


Satanás não poderá jamais pegar nem a mais débil, e nem a mais defeituosa, das ovelhas de Cristo. Bendito seja Deus por isso! Se nos tivesse sido falado que até mesmo apenas uma poderia ser levada e devorada, cada um de nós deveria estar dizendo: 'Temo que esta ovelha serei eu'. Mas não é assim.


As Ovelhas – um Presente Recebido do Pai

O Pai deu a Ele as "ovelhas" (Jo 10:29). E Ele diz duas coisas da maior importância acerca delas, em conexão com o fato de elas serem um presente dado a Ele por Seu Pai:

  1. Ele diz que ELE DÁ “A VIDA ETERNA” a todos quantos o Pai Lhe deu (Jo 17:2).

  2. Ele diz: "Tenho guardado aqueles que Tu Me deste, e nenhum deles se perdeu" (Jo 17:12).

E mais adiante, "dos que Me deste nenhum deles perdi" (Jo 18:9). E qual é o segredo de serem mantidos assim? Será o amor ou a fidelidade deles? Não! Mil vezes, NÃO! Não é o amor deles, mas o amor d'Ele. "Como havia amado os Seus, que estavam no mundo, amou-os até ao fim" (Jo 13:1).


Pedro poderia cair – e ele caiu, apesar de si mesmo. Ele desmoronou totalmente, e isso quando ele pretendia fazer o seu melhor. Mas acaso o amor de seu bendito Mestre foi quebrado em consequência daquilo? Não, não! A palavra de Pedro, também, caiu ao chão. Deverá a palavra do Senhor cair igualmente? Nunca!


Seria compreensível se escutássemos Pedro dizendo, quando “cantou o galo” naquela significativa manhã, e quando pensou acerca de seu pecado despencando sobre si com todo o seu esmagador poder: 'Agora, meu Mestre irá virar Suas costas para mim para sempre!'. De modo nenhum, Pedro. Ele fez exatamente o contrário. Veja, que graça! Ora, Sua face volta-se imediatamente na direção de Seu discípulo desviado, e aquele amoroso olhar – sem palavra alguma mas cheio de significado – partiu o coração de Pedro, e ele “saindopara fora, chorou amargamente” (Lc 22:60-62).


Ah! Não, querido companheiro Cristão; ninguém é capaz de nos arrancar de Sua poderosa mão ou de nos roubar um lugar em Seu amoroso coração! De fato, Ele fala de Suas “ovelhas”, de certa forma, do mesmo modo como fala de Sua própria vida (compare Jo 10:18, 28). De Sua própria vida Ele diz: "Ninguém Ma tira de Mim" (Jo 10:18). De Suas ovelhas Ele diz: "Ninguém as arrebatará da Minha mão" (Jo 10:28). E em outra passagem Ele diz: "Porque Eu vivo, vós também vivereis" (Jo 14:19 – ARA). Colossenses 3:4 afirma que Ele “é a nossa vida”; e no versículo que antecede, "vossa vida está escondida com Cristo em Deus" (Cl 3:3-4). E, mais uma vez, em 1 João 5:11, "Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em Seu Filho".


Então, quão eternamente segura, é cada ovelha de Cristo! Não é surpresa para Ele quando, por assim dizer, suas ovelhas comportam-se mal. Ele sabia tudo acerca delas desde o princípio; e, apesar de tudo, morreu por elas. E agora Ele 'nunca' tira Seus olhos de uma delas sequer, mas vive para ampará-las em suas fraquezas, e para interceder por elas, como seu “Advogado”, se elas pecarem (1 Jo 2:1). Essa Sua constante e predominante intercessão, como Advogado, é o meio que Ele usa para levar um crente desviado ao arrependimento e confissão de seus pecados, e assim, restaurar sua comunhão.


Mas o conhecimento de tão grande e imutável amor não nos torna descuidados em nosso andar? Ocorre exatamente o contrário. É "o amor de Cristo" que "constrange" aqueles que verdadeiramente experimentaram a bênção celestial desse amor, a não viverem para si mesmos, como faziam antes, mas para Ele que morreu pelos Seus, para depois ressuscitar (2 Co 5:14-15). E se, ainda assim eles, tola e obstinadamente, continuam a se extraviar de Sua protetora companhia, com toda certeza Ele 'nunca' descansará até que os tenha trazido de volta, embora tenha que discipliná-los com Sua mão, e dar-lhes duros golpes a fim de conseguir isso; e tudo por causa do que Eles significam para o Seu coração e para o coração do Seu Pai.


Quão bendito é, então, sermos assim guardados e cuidados através de toda a jornada desta vida, até que em glória encontremos Aquele que morreu por nós; e tudo, eu repito, por causa do Seu amor, embora Ele conhecesse, desde o princípio, tudo o que deveríamos ser!


Que nunca nos esqueçamos, até àquele dia, que Ele é poderoso para nos guardar de cair, e para nos apresentar "irrepreensíveis, com alegria, perante a Sua glória" (Jd 1:24). E Ele não é somente "poderoso para vos guardar" (Jd 1:24), mas "pode também salvar perfeitamente os que por Ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles" (Hb 7:25).


Serão Todos Ovelhas?

Finalmente, que nenhum daqueles que meramente professam a fé Cristã, frios e sem vida, dizem ser de Cristo, sonhe que estas preciosas certezas se apliquem a si. Judas professava esplendidamente, e externamente fez uma apresentação melhor do que a de Pedro. O amigável beijo de Judas tinha uma aparência melhor, muito melhor, que o juramento quebrado de Pedro. No entanto, Aquele que sonda todos os corações disse de Judas: "Um de vós é um diabo" (Jo 6:70). E no fim lemos: “que Judas se desviou, para ir para o seu próprio lugar" (At 1:25).


Vivemos numa época de frívola religiosidade exterior, na qual é, com frequência, mais fácil e mais popular professar a Cristo, ou dizer que é Cristão, do que colocar-se ao lado daquele que é abertamente infiel e profano. O sucesso nos negócios está também, frequentemente (e dói dizer isto), em estreita conexão com o fato de se ocupar o banco de uma igreja ou capela. Mas solenemente exorto que não é a tais pessoas que o "nunca hão de perecer" se aplica (Jo 10:28). Um outro "nunca", encontrado em Mateus 7:22-23 se aplica a tais pessoas: "Muitos Me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em Teu nome? E em Teu nome não expulsamos demônios? E em Teu nome não fizemos muitas maravilhas?" Isto era o que eles diziam. Agora ouça o que Cristo diz: "E então lhes direi abertamente: NUNCA vos conheci: apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade".


Mas, como vimos, se esses tivessem sido "ovelhas", Ele certamente não poderia dizer deles: "NUNCA vos conheci". Por outro lado, Ele diz em João 10: "As minhas ovelhasEu conheço-as". Você crê nisto, leitor?


Deus permita que você possa ser levado a ver e sinceramente confessar que o "nunca" da graça é uma realidade tão grande quanto o "nunca" do juízo; e, por outro lado, que a eternidade da condenação do incrédulo é tão claramente assinalada na “Palavra de Deus” como a eternidade da bênção do crente.

George Cutting (1843–1934)

 

UM VIGIA, UM SANTO

Estava vendo isto nas visões da minha cabeça, na minha cama; e eis que um vigia, um santo, descia do céu” (Dn 4:13).


O presente é um momento de grande significado na história do mundo. Frequentemente nos referimos a outras épocas como tendo sido fortemente caracterizadas, e de grande importância no progresso do caminho do homem, e no desdobramento dos propósitos de Deus. Se estivéssemos na devida posição, de modo a vê-los corretamente, os acontecimentos presentes seriam vistos por nós igual a qualquer daqueles acontecimentos em sua importância e significado.


O homem está preparando a grande exibição de si mesmo, por meio da qual o mundo todo está para ser enredado e enganado para sua própria e completa ruína. Muitos acontecimentos semelhantes no passado corresponderam, como em miniatura, a um tal estado de coisas, e nada escapou ao engano a não ser os que têm "a mente de Cristo" (1 Co 2:16), ou seja, “o homem de Deus” (2 Tm 3:17), guiado pelo Espírito em meio às ilusões e ao engano generalizado.


Esta Grande Babilônia

Havia, no passado, uma árvore cuja "folhagem era formosa, e o seu fruto abundante;a sua altura chegava até ao céu; e foi vista até aos confins da Terra;havia nela sustento para todos; debaixo dela os animais do campo achavam sombra, e as aves do céu faziam morada nos seus ramos, e toda a carne se mantinha dela" (Dn 4:11-12). Foi, desta forma, a admiração e a jactância de todos: o desejo de todos era em direção a isso; e o coração do homem que a plantou clamava acerca dela como sendo seu gozo e glória – "Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei?" (Dn 4:30), disse o rei Nabucodonosor.


Assim foi, esta árvore formosa e luxuriante. Toda carne estava satisfeita, e o coração do homem se deleitava nela; os confins da Terra a contemplavam, e assim teve a aprovação de tudo aquilo que havia no homem ou que provinha do homem.


Em pouco tempo, porém, o céu a visitou; o céu tinha um julgamento completamente diferente a respeito dela. Um Vigia, Um Santo desceu, como o próprio Senhor havia feito nos dias antigos de Babel e de Sodoma, e este Visitante vindo do céu inspecionou a árvore cujo crescimento era tão belo e maravilhoso. Mas para Ele não havia nada a ser admirado ou adorado. Ele não foi levado a cobiçar sua beleza. Em Seus pensamentos aquela não era uma árvore boa para alimento, ou agradável à vista, ou desejável para qualquer finalidade, como era vista nos pensamentos de toda a carne. Ele olhou para ela como algo maduro para o justo juízo, e disse a respeito: "Derrubai a árvore, e cortai-lhe os ramos, sacudi as suas folhas, espalhai o seu fruto" (Dn 4:14).


Isso era algo solene, em um momento de exaltação unida e universal, quando as bestas do campo, os pássaros do ar, e toda carne estavam se gloriando naquilo que o céu assim condenava à destruição. Mas Daniel era o único dentre os homens daquela época que tinha a mente do céu, a mente do Vigia e do Santo, a respeito desta árvore – mas somente Ele. O santo sobre a Terra tem em si a mente do céu. É este o nosso lugar. Toda a carne pode se alimentar disso, da qual a fé, ou a mente de Cristo em nós, vê o fim sob o firme julgamento de Deus.


Elevado entre os Homens

O perigo moral e a tentação assediam o nosso coração. "O que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação" (Lc 16:15). O santo está, hoje em dia, em grande perigo de ter mais da mente do homem em si do que da mente de Deus. Veja o exemplo de Samuel. Quando Eliabe colocou-se diante dele, Samuel disse: "Certamente está perante o Senhor o Seu ungido" (1 Sm 16:6). Mas ele olhava onde o Senhor não olhava. Ele via o aspecto exterior do homem, o porte de sua estatura, enquanto o Senhor via o coração. E nós também, nestes dias de atrativos, tanto seculares como religiosos, corremos o perigo de confundir Eliabe com o ungido do Senhor (veja 2 Co 10:7).


Paulo foi desprezado em Corinto devido à “presença do corpo”, a qual era “fraca” (2 Co 10:10). Ele não era Eliabe; faltava-lhe a “aparência” (2 Co 10:7), e até mesmo os discípulos em Corinto foram iludidos e levados a se afastar de Paulo. Tudo isso é um aviso para nós nesta época solene e significativa, quando a exaltação do homem por si mesmo cresce rapidamente, e as coisas são julgadas segundo a mente humana, e em sua importância no desenvolvimento do mundo.


Admiração Religiosa

Enquanto os discípulos nutrem a admiração, a admiração religiosa, pelos edifícios do templo, temos ocasião semelhante para repreensão do pensamento do homem encontrar o pensamento de Deus. "E, saindo Ele do templo, disse-Lhe um dos Seus discípulos: Mestre, olha que pedras, e que edifícios! E, respondendo Jesus, disse-lhe: Vês estes grandes edifícios? Não ficará pedra sobre pedra que não seja derribada" (Mc 13:1-2).


Isso contém o mesmo caráter moral. É o julgamento errôneo do homem, desperdiçando sua admiração e deleitando-se naquilo a que o justo juízo de Deus já renunciou. O Senhor (posso dizer?) era o Vigia e o Santo referido pelo profeta, proferindo do céu a sentença sobre o orgulho e a jactância do coração do homem, encontrado também no meio religioso. Será que isto não chega aos ouvidos da geração atual?


No entanto, o ponto que acima de tudo devemos nos fixar no momento, é aquele em Lucas 19, onde a multidão estava seguindo o Senhor em Seu caminho de Jericó a Jerusalém. Ali nos é dito, acerca deles, "que o reino de Deus se havia de manifestar-se imediatamente" (Lc 19:11 – ARA).


Isto nos fala, novamente, da expectativa do coração do homem. O povo julgou que aquela situação, o mundo sob o controle do homem, poderia receber a aprovação de Deus. Eles pensavam que o reino seria estabelecido imediatamente. Mas isso nunca pode acontecer. Cristo não pode adotar o mundo humano. Através do arrependimento e fé, o homem deve se unir com o mundo de Cristo, e não pensar que Cristo una-Se com o mundo do homem. O reino não pode vir até que o juízo tenha limpado a esfera das iniquidades e contaminações do homem. Mas isso não é exatamente o que o homem planeja. Ele julga que o reino possa aparecer imediatamente – aparecer ou ser estabelecido – sem qualquer purificação, sem mudança: tudo o que está faltando são mais alguns passos de avanço, como de Jericó a Jerusalém; um pouco mais de progresso no cenário que se desenvolve, e tudo se tornará no reino pronto para que Deus venha adotá-lo.


O Mundo do Homem

Este é o pensamento da geração presente – como aqueles que, no capítulo de Lucas 19, pensaram, "que o reino de Deus se havia de manifestar-se imediatamente" (Lc 19:11 – ARA). As coisas estão tão avançadas, tão refinadas, tão cultivadas por uma multitude de energias renovadas – moral, religiosa e científica – que sob o sucesso e progresso de tais energias, o mundo estará pronto para Cristo em pouco tempo. Mas não, continua sendo o mundo do homem, e nunca estará pronto para Cristo. Você pode varrer e enfeitar a casa, mas ainda é a casa de seu velho proprietário, e apesar de todo o esforço dispendido com ela, apenas a tornou mais adequada aos propósitos do velho dono, e de maneira alguma ficou mais adequada aos grandes e gloriosos propósitos de Deus.


Jesus sobe a Jerusalém, mas encontra ali um campo cheio de espinhos e sarças; havia cambistas e vendedores de pombas no templo de Deus. A casa de oração era um covil de salteadores. Os governantes, os principais sacerdotes e os escribas buscavam destruir o Justo. A religião do lugar era a principal das ofensas. Jesus chorou sobre Jerusalém. Em vez de todos estarem prontos para a manifestação imediata do reino, tudo estava pronto para o juízo, para o imediato clamor das pedras. E assim, a cidade, como a ela Se referiu Jesus, seria em breve sitiada e cercada de trincheiras, e derribada completamente, em vez de ser a habitação da glória, e testemunho do reino de Deus.


Esta Geração

Mais uma vez vem a pergunta: Não é esta a voz dirigida aos ouvidos nesta geração? "O que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação" (Lc 16:15). Jesus, como o Santo e o Vigia, uma vez mais, como em Mateus 24:1-2, inspecionou a árvore de adoração e gozo plantada pelo homem, e em espírito Ele disse: "Derrubai a árvore, e cortai-lhe os ramos, sacudi as suas folhas, espalhai o seu fruto" (Dn 4:14). Assim, minha alma está profundamente segura do que Ele está fazendo neste momento, no tocante a todo o progresso, avanço, obras de jactância e sucessos da época atual. Aquele que está sentado nos céus tem outro pensamento de tudo que é produzido pela vã imaginação do homem. Ele não está pronto a dar Sua aprovação, mas a julgar, o mundo neste seu dia, um dia muito próximo, em que o mundo considera como sendo de grande progresso e exaltação.

J.G.Bellett (1795-1864)


"O mundo inteiro se espantou depois da besta".

Não devo pensar no mal;

Devo confiar em Deus para frustrar Satanás.


 

NOSSA LUTA


Deus ainda não está julgando as nações, e nem ainda introduzindo um governo justo na Terra sob a direção do "Seu Ungido". Não; pelo contrário, em soberana graça e bondade, Ele está salvando pecadores dentre as nações antes que caia o juízo. Portanto, nós que somos santos com uma vocação celestial totalmente acima e fora deste mundo, não devemos nos preocupar com os assuntos mundanos, e sim com o "reino de Deus, eas coisas pertencentes ao Senhor Jesus Cristo" (At 28:31). "…que o caco lute com os cacos da Terra" (Is 45:9KJV).


Ló participou nos negócios da culpada Sodoma; sentou-se como juiz à porta da cidade. O que aconteceu com ele? Quando os quatro reis lutaram contra cinco, Ló, sua família e todos os seus bens tornaram-se parte do espólio de guerra. É bem verdade que seu tio Abraão, um homem separado (de Sodoma), o resgatou, mas Ló nunca exibiu um caráter de peregrino, que era o apropriado para um santo de Deus naqueles dias. O mundo tinha um poder vitorioso sobre sua alma; ele se estabeleceu novamente em Sodoma, e ali afligiu sua alma justa até o exato dia da terrível condenação. Querido santo de Deus: CUIDADO!


Nossa luta continua ininterruptamente (incansavelmente). Não há licença (dispensa). O diabo e seus exércitos bem organizados não cederam. A única guerra que Deus reconhece como a guerra dos Cristãos ("irmãos santos" com uma "vocação celestial"Hb 3:1) não somente não cessou, como está crescendo em intensidade à medida em que esgota-se o tempo para o diabo.


"No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do Seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo. Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. Portanto tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau, e, havendo feito tudo, ficar firmes" (Ef 6:10-13).


Transcrevo um trecho de uma carta recebida de um servo do Senhor: "O diabo está ocupado levando o coração e entendimento cego cada vez mais longe. Satanás continua sendo o enganador e conhece bem o seu ofício. Parece haver um aumento do número de demônios trabalhando em todos os lugares". A "grande casa" (2 Tm 2:20) da Cristandade está ficando cheia deles; porventura, não degenerará na "grande Babilôniamorada de demônios, e coito de todo espírito imundo, e coito de toda ave imunda e aborrecível"? (Ap 18:2).


Despertai! amado irmãos em Cristo, despertem! "Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá" (Ef 5:14). Oh, pense no que Ele fez para Sua própria glória e para nós, e naquilo que temos o privilégio de ser para Ele neste mundo! Somos poupados do juízo divino assim como os filhos de Coré (Nm 26:11), comprados pelo sangue do próprio Filho de Deus, e feitos sacerdócio santo para oferecer sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus por Jesus Cristo. Temos um sacerdócio real para demonstrar as excelências d'Aquele que nos chamou das trevas para Sua maravilhosa luz, e são levados em Seu coração em recordação contínua na intercessão do Sumo Sacerdote (como as doze pedras eram levadas no peitoral do sumo sacerdote em Israel).


Somos a favor introduzidos no Amado, como Mefibosete foi levado para o seio do círculo real de Davi por amor de Jônatas – chamados a andar numa senda de rejeição neste mundo, buscando a glória de nosso Senhor Jesus Cristo. É exatamente como aqueles que compartilharam dos anos de rejeição de Davi no deserto: mais tarde eles compartilharam de toda a glória de seu reino. Somos co-herdeiros de tudo que o Pai deu a Seu Filho (assim como Rebeca teve parte em tudo o que Abraão dera a Isaque), pois "o Pai ama o Filho, e todas as coisas entregou nas suas mãos" (Jo 3:35).


Somos assim levados aos mais íntimos relacionamentos de amor, ao círculo de eterno amor entre o Pai e o Filho – amados como o Filho é amado – e agora participantes daquela natureza divina que é amor. Deixados aqui por pouco tempo, devemos representá-Lo diante de todos os homens, "irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio duma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo; retendo a palavra da vida" (Fp 2:15-16).


Somos justificados pelo sangue de Cristo, santificados (separados para Deus) por intermédio da verdade e da toda-poderosa intercessão d'Aquele que Se separou a Si mesmo para nós; a glória com Cristo nas alturas é nossa porção eterna, na qual em breve entraremos. A Terra e o céu, o universo, sob os Seus (e nossos) pés, e o eterno e inefável amor, compõem a porção a nós destinada! Que tipo de homem "convém ser em santo trato, e piedade" (2 Pe 3:11).

J.H.Smith (1903-1978)


 

QUATRO PASSOS


Há quatro passos que levam o crente a escorregar para o mundo:

  • ter “a amizade do mundo” (Tg 4:4);

  • não “guardar-se da corrupção do mundo” (Tg 1:27);

  • amar “o mundo”, …e não “…fazer a vontade de Deus” (1 Jo 2:15-17);

  • se conformar “com este mundo” (Rm 12:2).

Portanto, convém-nos atentar, com mais diligência, para as coisas que já temos ouvido, para que, em tempo algum, nos desviemos dela” (Hb 2.1).

 

ONDE ESTÁ SUA FÉ?


O vento e a chuva que estragou seu piquenique trouxe, ao mesmo tempo, alívio a muitos, e uma produção maior para os campos dos fazendeiros da vizinhança. Há um velho ditado que diz: "Um vento que não sopra o bem de alguém, a ninguém convém". A Palavra de Deus diz: "Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu" (Ec 3:1).


A temporada de furacões ocorrem quase sempre no final do verão ou início do outono. Os ciclones tropicais no hemisfério Oeste são chamados de furacões, e no hemisfério Leste são chamados de tufões. As tempestades tropicais são geradas em áreas de baixa pressão atmosférica sobre mares muito quentes. No hemisfério Norte o efeito Coriolis desvia o vento para a direita (sentido horário), mas para a esquerda (sentido anti-horário) no hemisfério Sul.


Embora Deus use a natureza, Ele está acima dela e não é limitado por ela. Ele "faz todas as coisas, segundo o conselho da Sua vontade" (Ef 1:11). O salmista diz: "vento tempestuoso que executa a Sua palavra" (Sl 148:8). Às vezes a natureza é usada para provar o homem, como vemos no caso de Jó: "Estando ainda este falando veio outro, e disse: Estando teus filhos e tuas filhas comendo e bebendo vinho, em casa de seu irmão primogênito, eis que um grande vento sobreveio dalém do deserto, e deu nos quatro cantos da casa, a qual caiu sobre os mancebos, e morreram; e só eu escapei, para te trazer a nova" (Jó 1:18-19).


O Senhor prova o coração, e Jó certamente foi testado de diversas maneiras, mas o pequeno livro de Tiago explica tudo isso plenamente: "Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó, e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso" (Tg 5:11). Isso é declarado também em Jó onde é dito: "E assim abençoou o Senhor o último estado de Jó, mais do que o primeiro" (Jó 42:12-17).


Há tempestades em nossa vida? Muitos irão concordar que sim, e temos que descansar em Deus e saber que Ele está no total controle. O objetivo que Ele tem em vista é sempre de bênção para Seus filhos.


Outras razões para Deus permitir tempestades como tornados são encontradas no livro de Jó. “Das recâmaras do Sul sai o pé de vento, e do Norte o frio. Pelo assopro de Deus se dá a geada, e as largas águas se endurecem. Também com a umidade carrega as grossas nuvens, e esparge a nuvem da Sua luz. Então ela segundo o Seu prudente conselho, se espalha em roda, para que faça tudo quanto Lhe ordena sobre a superfície do mundo habitável; seja para correção, ou para a Sua terra, ou para beneficência, que a faça vir” (Jó 37:9-13). O último versículo menciona "correção", mas em seguida fala de "beneficência". No chamado "corredor dos tornados", do centro-oeste norte-americano, temos visto que as amostras do juízo de "correção" dado por Deus têm feito com que os homens pensem seriamente acerca das coisas eternas. Se assim for, a misericórdia de Deus está disponível para todos, pois Ele é rico em misericórdia e não quer que ninguém pereça.


A pergunta que o Senhor fez àqueles que estavam no barco com Ele após ter repreendido o vento e a fúria da água, foi: "Onde está a vossa fé?" (Lc 8:25). Porventura nós, que temos comunhão com Ele, temos fé naquele mesmo Senhor que tem total controle sobre tudo o que nos cerca, enquanto estamos de passagem pela vida? Nada acontece por acaso para o crente. Ao contrário, "todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por Seu decreto" (Rm 8:28).


Ele "faz cessar a tormenta, e acalmam-se as ondas. Então se alegram, com a bonança; e Ele assim os leva ao porto desejado" (Sl 107:29-30).


Há mil e novecentos anos uma tempestade tropical no mar Mediterrâneo durou duas semanas. Duzentas e setenta e seis pessoas encontravam-se em um navio em meio àquela tempestade. Um deles era o apóstolo Paulo que disse: "creio em Deus" (At 27:25); n'Aquele que deu a ele a vida de todos quantos navegavam consigo no navio. E assim foi que todos eles escaparam seguros em terra firme.


As tempestades estão aí, e como crentes todos somos provados, mas lembremo-nos da pergunta do Senhor: "Onde está a vossa fé?".

C.Buchanan (1917-2012)

Texto Original “Editorial: Where's your faith?”

Christian Treasury, Volume 6

 

PERGUNTAS E RESPOSTAS

Alma e Espírito


P. Qual a diferença entre "alma" e "espírito"?


R. O homem é composto de alma e corpo, embora em certos casos o termo “espírito” seja adicionado. Tanto a “alma” quanto o “espírito” são colocados em contraste com o corpo, significando a parte incorpórea do homem; mas há uma distinção entre “alma” e “espírito”. A “alma” é frequentemente empregada para expressar a parte moral imortal do ser humano, e às vezes é usada para significar a pessoa; como “todas as almas que vieram com Jacó ao Egito” (Gn 46:26); “oito almas” foram salvas na arca (1 Pe 3:20). “A alma que pecar, essa morrerá” (Ez 18:4, 20).


A palavra hebraica comumente traduzida como "alma" é nephesh: em muitos casos, é traduzida como "vida", como em Jonas 1:14: "não pereçamos por causa da vida deste homem", ou por causa da sua “alma”. No Novo Testamento, a palavra ψυχή – psuchē significa “vida” e “alma”: "aquele que quiser salvar a sua 'vida',perde-la-á, e quem perder a sua 'vida' por amor de mim, achá-la-á.Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua 'alma'? ou que dará o homem em recompensa da sua 'alma'?" (Mt 16:25-26).


Distinta do “espírito”, a “alma” é a sede dos apetites e desejos. O homem rico disse: "Direi à minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos: descansa, come, bebe e folga" (Lc 12:19). Naquela noite, sua "alma" foi exigida dele. A salvação da “alma” não pode ser distinguida da salvação da pessoa.


O “espírito” é distintamente a parte superior do homem, ele marca a individualidade consciente e, portanto, distingue o homem da criação inferior. Deus soprou nas narinas do homem o fôlego da vida, e assim o homem foi colocado em relação com Deus, e não pode ser realmente feliz separado d'Ele, seja na existência presente ou eternamente. As palavras hebraica e grega são ruach e πνεῦμα – pneuma, e são as mesmas constantemente usadas para o Espírito de Deus, o Espírito Santo, e para os anjos como espíritos e para os espíritos malignos.


A Palavra de Deus é “afiada” (Ap 1:16; 2:12 – ARA), e capaz de “dividir alma e espírito” de um homem (Hb 4:12), embora possa não ser fácil para a mente humana perceber essa divisão. O apóstolo orou pelos Tessalonicenses para que o “espírito” (que provavelmente é visto como o sede da obra de Deus), bem como a “alma, e corpo”, fossem santificados (1 Ts 5:23). Na epístola aos Hebreus, lemos sobre os "espíritos" dos justos aperfeiçoados: o lugar deles é com Deus por meio da redenção. Aqui, “espíritos” aparentemente significa as pessoas separadas de seu corpo.


O Espírito Santo dado ao Cristão é nele a fonte de vida em Cristo, e ele é exortado a orar com o “espírito”, cantar com o “espírito”, andar no “Espírito”, de modo que em alguns casos é difícil distinguir entre o Espírito de Deus e o “espírito” do Cristão.

Traduzido do original: Concise Bible Dictionary

George Morrish

 

A LIÇÃO DA VESPA


Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez” (Jo 1:3).


Sentado perto de um grande lago, eu estava meditando acerca do poderoso amor de Deus e bebendo um pouco do Seu imensurável manancial. Uma pequenina vespa veio voando e parou para beber daquele lago – talvez ela tenha bebido apenas um décimo de uma gota d'água, mas continuou seu vôo satisfeita. Então pensei comigo mesmo: 'eu sou aquela vespa'. Posso não compreender o "de tal maneira" do amor de Deus (Jo 3:16) – esse amor não pode ser medido – mas, como a pequena vespa, posso beber dele até ficar satisfeito. E ali, a sós com Ele, eu bebi e minha alma ficou satisfeita! Segui, então, meu caminho buscando mostrar a outros o amor de Deus.

Christian Newsletter 149

Autor desconhecido


 

INTERRUPÇÕES


Quando você estiver irritado, por estar sendo interrompido com muita frequência, lembre-se de que o número de vezes que você é interrompido, denota o valor que sua vida tem para os outros. Somente aqueles que estão fortificados, e têm muito auxílio para dar, é que são afligidos pelas necessidades dos outros. As interrupções de que tanto nos queixamos, são provas de que estamos sendo necessários. O maior erro em que podemos cair – e devemos nos guardar disso – é o de sermos tão independentes, tão inúteis, que ninguém jamais venha a nos interromper. Então seremos deixados tristemente sós.

"E Jesus, chamando os Seus discípulos, disse: Tenho compaixão da multidão, porque já está comigo há três dias, e não tem que comer; e não quero despedi-la em jejum, para que não desfaleça no caminho" (Mt 15:32).

Christian Newsletter – 149

Autor desconhecido

 

PENSAMENTOS


  • Caminhamos sobre terreno perigoso todas as vezes que formulamos alguma doutrina baseada no Antigo Testamento, sem que haja suporte no Novo Testamento.

  • Há um 'índice' onde podem ser lidos todos os assuntos de nosso coração: nossa língua.

  • Se não reconhecermos o senhorio de Cristo, jamais encontraremos o verdadeiro lugar de reunião.

  • Uma pessoa sábia aprende com seus próprios erros, mas será mais feliz se aprender com os erros dos outros.

  • Uma Bíblia que está caindo aos pedaços, geralmente, é de alguém que não está caindo aos pedaços.

  • O diabo, tem o maior prazer em arrumar a cama de quem vai dormir irado. A melhor maneira de cumprir o "irai-vos, e não pequeis" (Ef 4:26), é não irar-se com nada a não ser com o pecado.

  • O fruto do Espírito” (Gl 5:22; Ef 5:9), não é algo que possamos produzir por nossa própria força. Somente a vida de Cristo em nós é que pode produzi-lo.

  • As duas grandes atividades de um santo são a fé e o amor, e ambas são exercidas fora de nós mesmos: fé para confiar n'Aquele que nos ama, e amor para servir àqueles que Ele ama.

  • Dar ao Senhor, e em Seu nome a outros, não se trata de algo que nós fazemos; trata-se do resultado do que somos.

  • Nos caminhos de Deus não há atalhos.

  • 'Nunca prego um sermão sem pensar na possibilidade do Senhor usá-lo para chamar o último dos santos, que completará o número dos eleitos de Deus, e acarretará na volta do Senhor'.

D.L.Moody (1837–1899)

 


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