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Cristo para o Coração (Outubro de 2007)

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Revista mensal publicada originalmente em outubro/2007 pela Bible Truth Publishers

 

ÍNDICE


          Tema da edição

          G. V. Wigram (adaptado)

          P. Jackson

          A. Miller

          Christian Truth, vol. 8:5-6

          J. N. Darby (adaptado)

          G. V. Wigram

          H. Smith (adaptado)

          E. Dennett

          Adaptado de Words of Truth, 1871

          Adaptado de Words of Truth, Vol. 7: 155-157

          F. C. Blount (adaptado)

          G. V. Wigram

          J. N. Darby, 1872

 

Cristo para o Coração 


Água é essencial. Nós não podemos viver sem ela. A mulher de João 4 tinha o poço de Jacó e seu reservatório de água para a satisfação temporária de sua sede. O poço era profundo e, sem o Senhor ter nada para tirar a água, a mulher concluiu que Ele precisava que ela atendesse a essa Sua necessidade vital.

 

Como ela, precisamos ter água para viver. E como ela, estamos procurando por água. Mas onde estamos buscando nossa água? Estamos nós, como ela, usando um balde de água para extrair dos poços desta Terra feitos pelo homem?

 

Quando ela conheceu o Senhor, ela descobriu n'Ele uma nova fonte de água – uma fonte eterna de refrigério colocada dentro dela. Ela não precisava mais do poço de Jacó. Ela não precisava mais do seu cântaro de água e o deixou para trás. Ela tinha Cristo como o Objeto que satisfez o seu coração. Ela não precisava e não queria mais nada para si mesma.

 

Paulo descobriu que Cristo satisfazia tão plenamente seu coração que, em comparação, todo o resto era “lixo” e facilmente é deixado de lado. Quando o olho está fixo em Cristo, o coração está tão cheio que é fácil abandonar todo o resto.

 

Como leremos nesta edição de Cristo como o Objeto que satisfaz o nosso coração, que possamos ser como a mulher ao poço e o apóstolo Paulo. “Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz” (Mt 6:22).

 

Tema da edição

 

“Porque para Mim o Viver é Cristo” 


A mente do Espírito para você e para mim hoje é que devemos ser canais para o fluir da vida eterna que está em Cristo, no meio do mundo. Ele quer ter uma corrente fluindo de nós, falando sobre o Deus que é sua fonte e de Cristo que a fornece.

 

Por que razão Cristo mostra que tudo o que Ele possui é nosso? Apenas para que possamos ser salvos? Não! Ele poderia então ter esperado até a décima primeira hora antes de ter nos chamado. Não, Ele quer que a vida eterna seja proclamada em um mundo onde Satanás é o senhor, de modo que Ele possa dirigir anjos, principados e poderes para a Igreja, para que aprendam por meio de nós a multiforme riqueza da graça de Deus. Permita-me perguntar a você, como filho da casa do Pai, que tem conhecido o seio do Pai, que é membro do corpo da Cabeça gloriosa no céu: o caráter da Cabeça é visto em você? Você está procurando fazer o deserto ressoar, não apenas com o nome do Senhor Jesus, mas com vidas conformadas ao Seu caráter e à vida do Senhor Jesus Cristo no céu? Deus tem os Seus desejos para os Seus santos, e será que o meu coração não responderá aos Seus desejos? Veja até que ponto Paulo levou isso. Para alguns parece uma coisa estranha pressionar a vida de Cristo nas pessoas, mas de que valor é um belo relógio sem os pulsos? E o que é um santo se não mostrar a Cristo, ou uma videira se não produz uvas?

 

Morrer é ganho 

O apóstolo disse: “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho” (Fp 1:21). O que Paulo estava fazendo quando escreveu essas palavras? Ele sentiu que ele era para Cristo, e somente para Ele, seja em vida ou na morte. Ele poderia dizer: “Eu tenho apenas um objeto – Cristo. E eu tenho apenas um desejo – que Cristo seja engrandecido em meu corpo”. Se, portanto, eles decapitaram Paulo, ele teria perdido alguma coisa? Não! Cristo ainda assim foi engrandecido em seu corpo. Que tipo de testemunho foi aquele na corte de César? Um romano sabia enfrentar a morte como demonstração de coragem. No entanto, para avançar com o pensamento de que a morte era ganho, porque havia um Jesus que havia sido crucificado entre dois ladrões, que era o gozo do coração de um homem, algo que um romano natural não poderia ter entendido. Vou fazer uma pergunta: Desde que você conheceu a Cristo, o coração de Cristo, o próprio Cristo, seu tesouro, sua vida, Cristo, tudo o que Deus pôde lhe dar – seu pensamento tem sido: “Para mim, viver é Cristo e morrer é ganho”? É nosso privilégio passar por essa cena. Como isso muda a morte, se morrer é ganho, Cristo sendo engrandecido nela! É isso que uma vida de comunhão com Deus dá a um homem. Ele é enobrecido por Deus, verdadeiramente. Se a vida de Cristo está fluindo por meio de mim, sou como os ponteiros de um relógio pelo qual a vida das obras interiores se mostra. Isso é escravidão? É legalismo para Cristo dizer: “Seus corpos são templos do Espírito Santo, e eu espero que vocês mostrem isso”? Se isso é escravidão, quisera Deus que houvesse dez mil vezes mais. 

 

G. V. Wigram (adaptado)

 

“Para Conhecê-Lo”

 

Estas palavras saíram da pena e do coração do apóstolo Paulo (Filipenses 3:10). Ao meditar sobre elas com fé na presença de Cristo, meu próprio coração também suspira: “Oh, para que eu possa conhecê-Lo”. Pode parecer estranho que tais palavras sejam escritas por Paulo, que:

 

  1. Ao viajar para Damasco para perseguir e aprisionar os santos, foi preso pelo Senhor, que falou do céu e o atraiu para Si mesmo em arrependimento sincero (At 9);

  2.  Foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis (2 Co 12:4);

  3. Foi muitas vezes preso por Cristo (Fp 1:13);

  4. Pôde dizer “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho” (Fp 1:21);

  5. Considerava que as coisas que naturalmente significam ganho para ele, como perda por Cristo (Fp 3:78);

  6. Declarou: “Eu sei em Quem tenho crido e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia” (2 Tm 1:12).


Certamente ninguém conhecia o Senhor Jesus Cristo como Paulo! Foi porque Ele O conheceu e O amou com profunda devoção que desejou conhecê-Lo completamente, mesmo em conformidade com a Sua morte. Podemos muito bem perguntar: “Quem é essa pessoa que o apóstolo desejava conhecer?”

 

Na eternidade passada Ele estava com o Pai – “era cada dia as Suas delícias, folgando perante Ele” (Pv 8:30), enquanto “n’Ele foram criadas todas as coisas” (Cl 1:16). Na plenitude dos tempos Ele tinha vindo do Pai ao mundo (Jo 16:28) e, enquanto estava nele, deleitou tanto o coração do Pai que Ele declarou desde o céu a respeito d'Ele: “Este é o Meu Filho amado, em Quem Me comprazo; escutai-O” (Mt 17:5). Em João 10:17, lemos as palavras do Senhor: “Por isso, o Pai Me ama, porque dou a Minha vida para tornar a tomá-la”. Por Sua própria vontade, Ele foi para a cruz em nosso lugar – “Levando Ele mesmo em Seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro” (1 Pe 2:24). Antes de Ele inclinar a cabeça e entregar o espírito, Ele disse: “Está consumado” (Jo 19:30).

 

Agora, nosso precioso Salvador está vivo para todo o sempre, e entrou no próprio céu, tendo obtido eterna redenção (Hb 9:12). Ele agora aparece na presença de Deus por nós (Hb 9:24). Em breve Ele virá e nos levará para o céu para estarmos com Ele e sendo como Ele para sempre (1 Ts 4:13-18). Que maravilhoso Salvador Ele é e quão profundamente nós devemos amá-Lo e desejar conhecê-Lo mais! Se estivermos dispostos, Ele nos atrairá para Si mesmo, em uma esfera onde tudo é de Deus. Ali aprendemos na preciosidade do Seu amor; ali ansiamos por morar para sempre com o Senhor. Se já estivermos lá em espírito, haverá a resposta correspondente enquanto permanecermos aqui. Haverá fluxo de adoração ao Pai, aceitável por Cristo Jesus nosso Senhor; haverá amor um em relação ao outro como aqueles que são membros de Sua assembleia; também haverá ministério de Cristo entre nós, seguido pela proclamação das boas novas no poder do Espírito Santo. Que a verdadeira linguagem do coração de cada um de nós possa ser “para conhecê-Lo”!

 

P. Jackson 

 

 O Segredo da Força


O segredo de nossa força é o conhecimento de Cristo e de ter o coração ocupado com Ele. Aprendemos a dizer, em tais circunstâncias, que Cristo é isso para mim, Cristo é aquilo para mim, Cristo é tudo para mim, assim isto é tudo e somente Cristo. E não há melhor escola para nos ensinar a vigilância e dependência n'Ele. A experiência é boa, aprendemos nossa própria fraqueza e tolice no meio daqueles que se regozijam no menor compromisso, e nos tornamos cada vez mais dependentes de Cristo e aprendemos mais e mais das profundezas de Sua graça, o valor de Sua Palavra e a glória de Sua Pessoa. O apóstolo João diz desta maneira: “Eu vos escrevi, jovens, porque sois fortes, e a Palavra de Deus está em vós, e já vencestes o maligno” (1 Jo 2:14).

 

A. Miller 

 

Devoção do Coração (João 14:13)

 

Quantas bênçãos são perdidas pelas almas por estarem ocupadas com algumas ações ou bênçãos vindas de Cristo, em vez de fazer d'Ele mesmo o alvo e Objeto de seu coração. Em João 14, de maneira notável e bela, Ele pressupõe que nada pode animar o coração durante Sua ausência, a não ser Ele mesmo – que o vazio deixado por Sua ausência nunca pode ser preenchido de outra maneira. Ele, portanto, promete vir por nós! Nenhuma palavra mais doce poderia ser dita quanto Ele estava por partir do que essas “Eu voltarei”! Era uma promessa cheia de todo gozo para os corações solitários daqueles que Ele estava deixando para trás. E ainda tem mais: Ele acrescenta: “Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós” (v. 18). Ele promete vir por nós, e enquanto esperamos por este momento, Ele virá para nós; o que mais o coração poderia desejar? É muito precioso. Ele virá por nós e virá para nós – em Pessoa (por nós), e pelo Espírito Santo (para nós) que Ele estava prestes a enviar. Mas “voltarei” é a palavra que Ele usa para animar e sustentar nosso coração. O coração que mais conhece a respeito de Sua vinda para nós mais verdadeiramente desejará e esperará pela Sua vinda por nós.

 

Ah, que haja mais afeição pessoal por Ele! Por amor pessoal ao próprio Cristo, alguém pode admirá-Lo e sentir a necessidade d’Ele sem ter a sensação de estar abrindo mão de qualquer coisa aqui. Isto é devoção – é o coração ver tal valor em Cristo que deixa de lado e considera como embaraço [peso – ARA] aquelas coisas que impedem o desfrute da alma d'Ele.

 

Christian Truth, vol. 8:5-6 

 

Cristo Morando no Coração

 

“Estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento” (Ef 3:17-19). Se estou andando no “eu”, não consigo enxergar além das pequenas coisas deste mundo, mas quando chego além da região do “eu”, sou capaz de julgar o pecado e os pecados, ter um julgamento verdadeiro sobre tudo, e eu sou capaz de entender a largura, comprimento, profundidade e altura. Ele não diz de o quê – isso precisa ser preenchido. Mas, para tornar tudo prático, preciso “conhecer o amor de Cristo”. Se eu estivesse entrando na presença de uma rainha, como ficaria feliz se alguém me dissesse o que fazer! Bem, esse conhecimento do amor de Cristo é exatamente o que acalma meu coração quando penso na imensidão da glória que deve ser revelada em mim. Cristo está ao meu lado. Eu o tenho conhecido intimamente aqui e também já ressuscitado, pois Ele é exatamente o mesmo que era quando Ele disse: “Filhos, tendes alguma coisa de comer?” Quando eu li que a glória de Deus ilumina a cidade, isso é muito deslumbrante para meus olhos?

 

As próximas palavras que eu li são que “o Cordeiro é a sua lâmpada”. Você vê, o coração entra em uma condição onde está em casa e, portanto, o mais pobre e mais simples santo está bastante à vontade em toda essa glória, porque Cristo está em tudo, e Cristo está em seu coração. Eu posso ser um pobre vaso de barro, mas eu tenho o tesouro lá dentro. Pela fé no meu coração Ele fala comigo, Ele Se manifesta para mim como não faz para o mundo. É uma coisa maravilhosa para mim dizer que eu conheço o amor de Cristo, ao mesmo tempo em que também posso dizer que esse amor excede todo entendimento. E agora o apóstolo, tendo mostrado aos santos a posição exaltada, se eleva a ela e diz que é “para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus”. Lugar maravilhoso! Que maravilhoso propósito do amor de ter me trazido aqui! Agora como devo ver a tribulação? Oh, eu posso me gloriar nela! Eu posso me regozijar em Deus, não apenas me regozijar entre as circunstâncias, mas regozijar no próprio Deus.

 

“Ora, Àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos” (Ef 3:20). Isso é muitas vezes erroneamente dito como se dissesse: “capaz de fazer por nós” (é bem verdade, é claro, em seu lugar, porque Ele é capaz e faz por nós), mas não é o pensamento Aqui; é “capaz de fazer em nós” – “segundo o poder que em nós opera” (v. 20). A Igreja tem sido vista como tudo o que temos falado, a fim de que Cristo seja glorificado em nós “quando vier para ser glorificado nos Seus santos e para Se fazer admirável, naquele Dia, em todos os que creem” (2 Ts 1:10), embora o apóstolo não esteja aqui (isto é, em Efésios) olhando para o que acontecerá no futuro, mas o que já acontece agora por fé. Moisés refletiu em seu rosto a glória de Deus quando desceu do monte; assim a Igreja deveria refletir a glória de Deus agora. Os anjos estão olhando; há sabedoria na Igreja, embora muito fraca. Os anjos devem ver nos santos a glória de Deus, mas quão pouco, amados amigos, quão terrivelmente pouco pode ser visto! Como tudo o que foi colocado nas mãos do homem tem falhado, no que diz respeito ao homem – a lei, o Filho de Davi, Nabucodonosor, a Igreja! O homem estragou tudo, tanto quanto ele tinha o poder para fazê-lo.

 

E, queridos amigos, quem dera que soubésseis que sois fracos. Então seriam mais capazes de dizer: “Agora, seja para Ele a glória”. Quando Paulo disse: “E eu estive convosco em fraqueza”, aprendemos que Deus tinha “muito povo nesta cidade”. Precisa haver fraqueza no vaso. O objeto conhecido é Cristo; o lugar, nosso coração, Deus quer que Cristo seja conhecido por nós e Deus glorificado em nós, não apenas Cristo habita em nós, pelo Espírito Santo, mas em nosso coração – meu coração; meus pensamentos, meus sentimentos, sendo os mesmos de Cristo. O Senhor nos faz saber como Deus nos tratou, para que possamos conhecer a obrigação do coração de amar e essa obrigação não é legalista.

 

J. N. Darby (adaptado) 

 

O Coração e o Céu


Eu não tenho o pensamento do que faremos na glória. Meu pensamento é que Cristo estará lá. O fluxo total de Suas afeições fluirá e espalhará bênçãos por toda parte, “Sua plenitude” foi derramada para preencher todo coração, e todo coração perfeitamente cheio e satisfeito com isto.

 

G. V. Wigram

 

 Carta de Cristo (2 Coríntios 3)

 

Em 2 Coríntios 3, Paulo traz Cristo diante de nossa alma de três maneiras – primeiro, como escrito no coração dos crentes, em segundo lugar, como manifestado a “todos os homens”, e em terceiro, como uma Pessoa viva na glória – o Objeto diante de nós. É a intenção de Deus que, durante a ausência de Cristo deste mundo, haja reuniões de crentes na Terra que tenham Cristo escrito em seu coração, Cristo manifestado na vida deles e Cristo diante deles como um Objeto na glória.

 

Ao lermos as últimas tocantes instruções do Senhor aos Seus discípulos e reverentemente ouvimos Sua oração ao Pai, estamos conscientes de que, por traz, tanto dos discursos quanto da oração, há sempre diante de nós a grande verdade de que os crentes são deixados neste mundo para representar Cristo – o Homem que foi para a glória. É a intenção de Deus que, embora Cristo pessoalmente não esteja mais aqui, ainda assim, Cristo, moralmente, ainda deve ser visto em Seu povo. Todas as epístolas nos chamam a atenção ao nosso privilégio e responsabilidade como crentes para representar o caráter de Cristo a um mundo que O rejeitou e expulsou.

 

Nas cartas às sete Igrejas em Apocalipse, vemos o Senhor andando no meio das Igrejas, avaliando sua condição e nos dando o Seu julgamento sobre até que ponto elas corresponderam ou falharam em sua responsabilidade. Aprendemos que a grande massa daqueles que professam Seu nome não apenas falhou em representar Seu caráter perante o mundo, mas se tornou tão desesperadamente corrupta e indiferente a Ele que no final eles serão vomitados de Sua boca. No entanto, também aprendemos que em meio a essa vasta profissão haverá alguns que, embora tenham pouca força, responderão à Sua mente expondo algo da amabilidade de Seu caráter. Vendo então que ainda é possível, mesmo num dia de ruína, expressar algo do caráter de Cristo, certamente todo aquele que ama o Senhor dirá: “Eu gostaria de ser contado entre aqueles que, em uma pequena medida, manifestam algo dos belos traços de Cristo para o mundo ao redor”. É verdade que é possível para o mundo formar alguma estimativa de Cristo a partir da Palavra de Deus, mas à parte da Palavra – que eles podem questionar ou não entender, mesmo que lida – é a intenção de Deus que na vida de Seu povo haja uma apresentação de Cristo “conhecida e lida por todos os homens”. Lembremo-nos de que, quaisquer que sejam as circunstâncias, nossa única ocupação deve ser apresentar o caráter de Cristo.

 

Cristo escrito no coração 

Primeiro, então, notemos que Paulo fala desses crentes como “a carta de Cristo”. Ele não diz as “cartas”, mas a “carta”, pois ele não está pensando simplesmente no que é verdadeiro nos indivíduos, mas em toda a assembleia, embora, obviamente, a assembleia seja composta de indivíduos. Então, podemos observar que ele não diz: “Vós deveis ser a carta de Cristo”, mas que “vós sois a carta de Cristo”. Se tivermos o pensamento de que devemos ser a carta de Cristo, trabalharemos para nos tornar a carta por nossos próprios esforços. Isso não apenas nos levaria à ocupação legalista com nós mesmos, mas também impediria a obra do “Espírito do Deus vivo”. O fato é que nos tornamos carta de Cristo, não por nossos próprios esforços, mas pelo Espírito de Deus escrevendo Cristo em nosso coração.

 

Um Cristão é aquele a quem Cristo Se tornou precioso por uma obra do Espírito no coração. Não é simplesmente um conhecimento de Cristo no intelecto (que um homem não convertido pode ter) que constitui um homem Cristão, mas Cristo escrito no coração. Como pecadores, descobrimos nossa necessidade de Cristo e estamos sobrecarregados com nossos pecados. Encontramos alívio ao descobrir que Cristo, por meio de Sua obra propiciatória, morreu por nossos pecados e que Deus estabeleceu Sua aceitação dessa obra assentando Cristo em glória. Nós descansamos na satisfação de Deus com Cristo e Sua obra, e nossas afeições são atraídas para Aquele pelo qual fomos abençoados. “E assim para vós, os que credes, é preciosa”. Assim, Cristo está escrito em nosso coração e nos tornamos a carta de Cristo. Se não somos a epístola de Cristo, não somos Cristãos de forma alguma.

 

Cristo manifestado a todos os homens 

Tendo estabelecido a verdadeira companhia Cristã como composta de crentes em cujo coração Cristo foi escrito, Paulo apresenta a segunda grande verdade quando diz: “Já é manifesto que vós sois a carta de Cristo... conhecida e lida por todos os homens”.

 

Uma coisa é uma assembleia de crentes ser uma carta de Cristo, e outra bem diferente é que a assembleia esteja em tal condição correta que manifeste a todos os homens algo do caráter de Cristo. A responsabilidade de qualquer assembleia de santos não é andar bem a fim de se tornar uma carta, mas, visto que eles são uma carta de Cristo, andar bem a fim de que a carta possa ser lida por todos os homens. Se alguém escrever uma carta de recomendação, é para recomendar a pessoa citada na carta. Assim, quando o Espírito de Deus escreve Cristo no coração dos crentes, é para que eles juntos possam se tornar uma carta de recomendação para recomendar Cristo ao mundo ao seu redor – que, por sua caminhada santa e separada, seu amor mútuo um pelo outro, sua humildade e mansidão, e sua gentileza e graça, possam demonstrar o caráter amável de Cristo.

 

Assim foi com os santos coríntios. Eles tinham estado andando de uma maneira desordenada, mas, como resultado da primeira carta de Paulo, eles haviam se alimpado do mal para poderem dizer que eram uma carta “conhecida e lida por todos os homens”. A escrita pode se tornar indistinta, e os Cristãos são frequentemente como a escrita em alguma antiga lápide – tão desgastada que dificilmente é possível decifrar o que foi escrito. Assim acontece conosco hoje em dia. Quando primeiro o Espírito escreve Cristo sobre os corações de uma companhia de santos, suas afeições são calorosas e sua vida coletiva fala claramente de Cristo. A escrita, sendo nova e clara, é conhecida e lida por todos os homens. Mas, à medida que o tempo passa, a menos que haja vigilância e julgamento próprio, a inveja, a contenda e a amargura podem se infiltrar e a reunião pode deixar de dar qualquer impressão verdadeira de Cristo.

 

No entanto, apesar de todos os nossos fracassos, os Cristãos são a carta de Cristo, e sempre é verdade que é a grande intenção de Deus que todos os homens vejam o caráter de Cristo demonstrado em Seu povo. Aqui, então, temos uma bela descrição da verdadeira companhia Cristã. É uma companhia de crentes em cujos corações Cristo foi escrito, não com tinta, mas “com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração”. Como nas tábuas de pedra de antigamente, os homens podiam ler o que a justiça de Deus exigia do homem sob a lei, então agora, na vida do povo de Deus, o mundo deveria ler o que o amor de Deus traz ao homem sob a graça.

 

Cristo, o Objeto em glória 

Como, então, a escrita de Cristo nos corações do povo de Deus deve ser mantida clara e legível, de modo que o caráter de Cristo possa ser manifestado a todos os homens?

 

A resposta a essa pergunta nos leva à terceira grande verdade do capítulo. Cristo será manifestado a todos os homens apenas na medida em que temos diante de nós o Cristo vivo na glória como nosso Objeto. O apóstolo escreve “E todos nós, contemplando a glória do Senhor, com o rosto descoberto, somos transformados de acordo com a mesma imagem de glória em glória, como pelo Senhor, o Espírito” (2 Co 3:18 – JND). Há um poder transformador em contemplar o Senhor em glória. Esse poder transformador está disponível para todos os crentes – tanto o mais jovem quanto o mais velho – “todos nós”, não apenas “nós apóstolos”, contemplando a glória do Senhor “somos transformados... na mesma imagem”. Essa mudança não é efetuada por nossos próprios esforços, nem por nos cansarmos de tentar ser como o Senhor, nem é alcançada pela busca de imitar algum santo dedicado. Pelo contrário, é contemplando a glória do Senhor. Não há véu em Sua face e, quando O contemplamos, não apenas todo véu de trevas passará do nosso coração, mas moralmente nos tornaremos cada vez mais semelhantes a Ele, mudando de glória em glória. Contemplando o Senhor em glória, somos elevados acima da fraqueza e do fracasso que encontramos em nós mesmos e no mal ao redor, para descobrir e nos deleitar em Sua perfeição. Como a noiva de Cantares pôde dizer: “Sento-me com grande gozo à sua sombra, e o seu fruto é doce ao meu paladar” (TB).

 

O amor de Cristo 

No decorrer desta epístola, Paulo nos dá uma amostra de algumas dessas frutas preciosas. Abrindo em 2 Coríntios 5:14, lemos que “o amor de Cristo nos constrange”. Aqui, o amor de Cristo é apresentado como o verdadeiro motivo para todo ministério, seja para santos ou pecadores. Com tal amor diante de sua alma, o apóstolo pôde dizer “os que vivem não vivam mais para si, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou”. À luz desta Escritura, podemos desafiar nosso coração quanto ao motivo que nos impulsiona em todo o nosso serviço. É o amor de Cristo que nos constrange ou é o nosso amor próprio? Outro disse: “Ai! Quantas vezes temos que nos censurar por seguir um ciclo de dever Cristão, fiéis na intenção geral, mas não fluindo de uma renovada percepção do amor de Cristo à nossa alma”.

 

A graça de nosso Senhor 

Passando a 2 Coríntios 8:9, chegamos a outra característica encantadora de Cristo. Ali lemos sobre “a graça de nosso Senhor Jesus Cristo”. Paulo está rogando em favor dos pobres crentes judeus, exortando os mais ricos santos coríntios a ajudar a atender suas necessidades. Nos dois versículos 6 e 7, ele fala de dar como “graça”. Então ele coloca diante de nós Cristo como Aquele em Quem temos o Exemplo transcendente da graça de dar. Ele era rico, extremamente rico e, no entanto, para satisfazer as nossas necessidades profundas, Ele não apenas dá, mas tal é a Sua graça que Ele Se torna pobre para dar. “Sendo rico, por amor de vós Se fez pobre, para que, pela Sua pobreza, enriquecêsseis”. O próprio momento em que Ele está nos enriquecendo com uma fonte de água jorrando para a vida eterna, Ele mesmo Se tornou tão pobre que teve que pedir um copo de água (Jo 4:7, 14).

 

A mansidão de Cristo 

Abrindo em a 2 Coríntios 10:1, encontramos alguns frutos mais reconfortantes que marcaram a vida de Cristo. Primeiro lemos da mansidão de Cristo. O apóstolo está corrigindo o espírito de rivalidade que havia estado operando entre os santos coríntios, por meio do qual alguns dos talentosos servos estavam se medindo uns com os outros e procurando se elogiarem. Para corrigir sua vaidade e autoafirmação, ele traz diante deles a mansidão de Cristo que nunca afirmou Seus direitos ou Se defendeu. Seria bom para nós se, na presença de difamação e insultos, pudéssemos captar algo do espírito do Senhor e mostrar a mansidão que se recusa a afirmar nossos direitos, sustentar nossa dignidade ou nos defender.

 

A benignidade de Cristo 

Então o apóstolo fala da “benignidade de Cristo” (v. 1) – outra qualidade bela que Ele sempre exibiu na presença de oposição. Se procurarmos manter a verdade, logo descobriremos que há aqueles que se oporão e levantarão questões que levam a conflitos. Mas o “servo do Senhor não convém contender”, mas procura agir no espírito do Senhor e ser “mas, sim, ser manso [benigno – JND] para com todos, apto para ensinar, sofredor”. A benignidade de Cristo fala da maneira como Ele agia e falava. Quantas vezes conosco, mesmo que nossos motivos sejam corretos e os princípios que defendemos sejam verdadeiros, tudo é arruinado porque nossa maneira de agir carece de graciosidade e benignidade. Lembremo-nos das impressionantes palavras do salmista. “A Tua condescendente benignidade me fez grande” (Sl 18:35 – JND). Nossa veemência pode facilmente se degenerar em violência pela qual nos depreciamos aos olhos dos outros, mas a benignidade nos fará grandes. A violência atrai a violência, mas a benignidade é irresistível. “O fruto do Espírito... é benignidade”.

 

O poder de Cristo

Finalmente, em 2 Coríntios 12:9, lemos de “o poder de Cristo”. Paulo está falando de enfermidades corporais, insultos, necessidades, perseguições e aflições. Ele aprendeu por experiência que todas essas coisas só se tornam uma ocasião para a manifestação do “poder de Cristo” para preservar o crente através das provações e elevá-lo acima delas. Assim, aprendemos que qualquer que seja a provação, Sua “graça... basta” e Seu “poder se aperfeiçoa na fraqueza”.

 

Ao olharmos para Cristo em glória e admirarmos esses belos traços morais, demonstrados em toda a sua perfeição em Cristo, encontramos Seu fruto doce ao nosso paladar e, quase inconscientemente para nós mesmos, começaremos a exibir algo de Seu caráter gracioso e assim seremos transformados segundo a Sua imagem.

 

H. Smith (adaptado)

 

 Um Coração Satisfeito


Se você estudar a Palavra na presença do Senhor, você será guiado por ela para uma intimidade cada vez mais próxima de comunhão com Ele, e ao traçar Suas infinitas perfeições e glórias que são reveladas a nós e apreendidas pelo Espírito de Deus, Suas afeições serão levadas adiante em um sempre crescente fervor, e seu coração, agora satisfeito, transbordará em adoração a Seus pés. 

 

E. Dennett 

 

Conformidade com Cristo 


É a fé e a esperança que nos impulsionam, mesmo nesta vida. Você semeia, porque espera por uma colheita. Um homem é ambicioso, porque ele espera conseguir poder. É sempre a coisa esperada que caracteriza o homem, se ele for um homem consistente e enérgico. Se espero ser como Cristo, terei o caráter de ser tão parecido com Cristo, quanto possível. O resto é um peso, e no momento em que isso toma o caráter de ser um peso, é a coisa mais simples se livrar dele.

 

A carne tem que ser superada porque gosta dessas coisas. Onde Cristo realmente toma posse da alma, a dificuldade desaparece. Meu coração talvez se importe com algo, enquanto minha consciência diz: “Você deve fazer isto ou aquilo”, mas meu coração não concorda. A Palavra atingiu minha consciência, mas não atingiu o meu coração. Se realmente estivermos empenhados em glorificar a Cristo, a morte operará em nós. Já opera por nós, e o efeito da morte operando em nós é que nada, a não ser a vida de Cristo, opera de nós para com os outros.

 

Se Cristo é, na verdade, o Objeto, todo o resto é escória e embaraço. Não tenho nada a fazer com isso senão jogar fora. É fácil jogar fora um peso quando é apenas um peso. Não que não haja conflito, mas é fácil quando Cristo é tudo! 

 

Adaptado de Words of Truth, 1871 

 

Cristo em Tudo

 

Quão poucos de nós abrimos a Bíblia com a mesma ânsia com a qual abrimos uma carta! Quão poucos de nós não podem viver sem correspondência diária com Jesus! Eu quero dizer uma comunhão sincera, viva e pessoal com Ele, como Cantares de Salomão descreve. É vê-Lo em toda a Sua beleza e contemplar a glória de Deus na face de Jesus Cristo, que nos torna fortes, gozosos e santos.

 

É ao coração que busca a Jesus que Deus ministra Jesus, e é a alma diligente que é engordada. Em 2 Pedro 1, nos é dito que acrescentemos à nossa fé a virtude e todas aquelas outras graças. Mas por quê? Não apenas para as termos para o louvor de Deus e para nossa bênção, mas para não sermos ociosos nem infrutíferos no conhecimento de Jesus. Ah, isso é tudo, como Paulo diz, “para conhecê-Lo” e, novamente: “pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor”. Outro tipo conhecimento, mesmo sobre a Palavra, tende a inchar, mas isso mantém a alma como um bebê no seio de sua mãe e opera em nós a própria graça, benignidade e amor do próprio Jesus. A testemunha Maria, que se assentou a Seus pés. Note também que a graça de Cristo é uma coisa ativa, não meramente a contemplação ociosa de uma bela imagem. É o poder de viver para o conforto e o bem dos outros.

 

Isso é importante, pois podemos nos deleitar com a Palavra – honestamente, na verdade, e ainda assim, não conectando isso com Jesus, é como o maná que cheira mal. Podemos nos deleitar com a Palavra simplesmente porque nos dá conforto. Isso é uma coisa boa, até onde vai, pois a Palavra se destina a nos dar conforto. Contudo, é possível, mesmo recebendo conforto da Palavra, ter o coração em si mesmo e não em Cristo. Sob tais circunstâncias, pode ser uma canção muito bela, mas deixa apenas uma lembrança de ter sido ouvida. Quando é o próprio Jesus que estamos buscando, Ele nos leva para a casa do banquete, e não podemos deixar de nos unir a ela. Deus não quer que sejamos inválidos em Sua casa durante toda a nossa vida, alimentando-nos de nossas tristezas e alegrias, mas como crianças amorosas, que vêm ao café da manhã pela manhã, com toda a alegria de Seu sorriso e o regozijo da família. Então, cada um sai para trabalhar duro e de boa vontade por Ele durante todo o dia, voltando para jantar e para contar como passou seu tempo em recomendar a Cristo, por sua caminhada e caminhos.

 

A única coisa necessária é estar perto de Jesus e ouvir Suas Palavras – tudo o mais se seguirá.

 

Adaptado de Words of Truth, Vol. 7: 155-157 

 

Eu Ainda Te Amo

 

Há uma tendência crescente para frouxidão e relaxamento entre os crentes, e isso geralmente assume a forma de mundanismo nas diversões, no vestuário, no mobiliário de nossa casa, nas nossas afiliações e nossas companhias.

 

Outrora nos gloriamos na cruz, como estando crucificados com Cristo, vendo de um lado um mundo morto, e do outro lado um “eu” morto. Agora vemos a cruz simplesmente como a transação na qual nossos pecados foram postos de lado, e ali paramos, não inclinados a aceitar a cruz como o fim de nós mesmos para o mundo e o fim do mundo para nós. “Mas longe esteja de mim gloriar-me” (Gl 6:14) deixou de ser a nossa oração. Não queremos ver o mundo como um objeto de desprezo e vergonha para nós, nem queremos ser vistos assim pelo mundo. No entanto, é aqui que a cruz nos deixa.

 

O começo do declínio 

Temos perdido Cristo, talvez não como o Objeto de nossa fé, mas como o Objeto de nossas afeições. Todo o declínio começa aqui. Para muitos de nós parece ser suficiente conhecê-Lo como nosso Salvador. Estamos dispostos a usar Sua aflição e sofrimentos para nos separar de nossos pecados, mas não queremos que eles nos separem de nós mesmos e daquilo que nos cerca. Com o indivíduo assim como com a Igreja, estamos sobre a acusação de “que abandonaste o teu primeiro amor”, e somos solenemente exortados: “Lembra-te, pois, de onde caíste” (Ap 2:4-5). Deve haver muito em nós que Ele possa elogiar, mas se Ele perdeu o Seu lugar em nosso coração, se as afeições são afastadas, nós estamos “caídos”. Isto nos sonda e temos uma solene acusação! E o que é a Sua Palavra para nós? “Arrependa-se”!

 

Não é o bastante estarmos “no terreno” e “ter a verdade” . Repetimos o pecado dos fariseus quando nos tornamos satisfeitos e complacentes com o exterior. A verdade deve nos dar um estado que atenda e concorde com o lugar no qual estamos. Se isso é efetuado, não andaremos da mesma forma que o mundo do qual Sua Cruz nos separou.

 

Terá o bendito Espírito sido tão entristecido que já não pode mais fazer valer aquilo que é verdadeiro para nós em Cristo? Será que perdemos o sentido de Sua preciosidade para nossas almas (1 Pe 2:7)? Qual disposição ou desejo podem ser satisfeitos longe de Cristo em Quem toda a beleza, todo o encanto, e toda a glória são encontradas? Tudo deve ser decepcionante, efêmero e vazio. Corremos o risco de deixar para traz o gozo que estamos procurando, quando viramos as costas para Ele. Outrora considerávamos as paixões e prazeres deste mundo, o seu ouro e a sua glória nada mais é do que perda por causa da excelência do conhecimento de Cristo Jesus nosso Senhor. “Qual é, logo, a vossa bem-aventurança?” (Gl 4:15). A Iniquidade é abundante, e o amor de muitos está esfriando.

 

Ele é o mesmo 

Mas Ele é o mesmo e nossas falhas não diminuíram Sua plenitude, que ainda é por nós. Ainda que meu coração esteja frio ou tenho sido rebelde em minha caminhada, posso ouvi-Lo dizer “Eu ainda te amo”! Não existe uma mensagem da cruz, onde a mais doce história de amor foi completamente contada, onde nos tornamos Seus por um preço tão terrível, onde Ele nos comprou tão carinhosamente?

 

“Eu dei tudo por ti; 

O que tens dado por Mim?”

 

Quanto você está perdendo O deixando fora de sua vida! E quanto Ele está faltando! A próxima coisa para estar com Ele lá é tê-Lo conosco aqui, ter Sua presença consciente, e então ter parte com Ele. Quando tudo estava escorregando, Paulo escreveu para Timóteo: “O Senhor Jesus Cristo seja com o teu espírito” (2 Tm 4:22). Será que conseguimos entender isso? É o primeiro passo para já estarmos no céu. Ele foi dado por nós – glória ao Seu nome! Mas será que O perdemos como Aquele que Se entregou por nós? Oh, que perda, já que “Cristo é tudo” (Cl 3:11). Ele, O exaltado, “que subiu acima de todos os céus”, e nós, não apenas o objeto de Suas considerações, mas também de Seu amor!

 

Será que começamos a apreender o quão alto Ele foi elevado, “acima de todos os céus?” Ele tem a preeminência em todas as coisas, e “eu sou do meu Amado, e Ele me tem afeição” (Ct 7:10). Que mistério nós fomos inclusos, um mistério que os anjos não podem conhecer! Que nós possamos esperar diante d'Ele até que Ele nos preencha com Sua própria plenitude. Por um olhar para Ele ali, Paulo considerou “por perda todas as coisas” (Fp 3:8). Não é de se admirar que ele tenha entrado em êxtase e esteve fora de si. Estevão, ocupado com o Senhor e Sua glória, tinha o rosto de um anjo. Olhe longa e demoradamente para aquele rosto que irradia a luz de Sua glória, e isso lançará uma sombra sobre tudo aqui embaixo.

 

Você está deixando tudo isso passar? É sua perda agora e eternamente. Uma vez conhecedores do mistério de Quem Cristo é, as alegrias terrenais se tornam obsoletas, e assim como Sua vinda lança a luz da glória vindoura por um “breve momento”, ela tirará o fardo da nossa cruz e a dor dos espinhos enquanto nos apressamos a encontrá-Lo com um hino nupcial.

 

F. C. Blount (adaptado) 

 

Corações Cheios de Cristo


Onde está nosso coração? Onde ele está? Ele está ocupado com este mundo, ou estamos silenciosamente passando para o céu, ocupado com aquilo que o amor não pode perder de vista – um Cristo vivo no céu?

 

Que riqueza você tem se não tem a Cristo? Se Cristo é o Objeto diante de você, será que todas as coisas que o afligem tirarão Cristo de você? Todas as coisas que você deseja te darão mais de Cristo?

 

Nossas fontes, desde o princípio até o fim, estão em Cristo, e você não pode encontrar nada além de Cristo. Não serve para ficar em qualquer terreno à parte de um Cristo que foi levado ao céu. Aquele que falou como nunca homem nenhum falou é Aquele cuja Palavra deve permanecer por toda a eternidade.

 

Ah! Bendito Senhor! Eu não tenho nada além do Teu amor – um amor que me leva direto para a casa do Pai, para estar Contigo onde a expressão completa desse amor será manifestada. Tal amor é uma coisa poderosa quando entra no coração, para levar os pés a uma caminhada bem diferente da de um homem que não a tem. Eu posso me voltar para aquele Cristo e dizer: Nada pode me perturbar; Aquele Cristo glorificado na presença de Deus é a base da minha paz.

 

 G. V. Wigram

 

Objeto Supremo

 

E será assim, que eu serei como Teu Filho?

É esta a graça que Ele conquistou para mim?

Pai da glória! Pensamento além de todo pensamento,

Trazido em glória à Sua própria bendita semelhança!

 

Ó Jesus, Senhor, quem me amou como Tu?

Fruto da Tua obra! Comtigo, também, lá ver

A Tua glória, Senhor, enquanto as eras sem fim rolam,

Eu mesmo o prêmio e o trabalho de Tua alma.

 

Nem eu sozinho; Teus amados todos, completos,

Na glória em torno de Ti com gozo se encontrarão;

Todos como Tu, para Tua glória como Tu, Senhor!

Objeto supremo de todos, por todos adorado!

 

E, no entanto, deve ser assim! Um estado perfeito,

Para conhecer o perfeito amor de Cristo, o que esperamos;

Os desejos do Espírito, desejos, em nós incrustados,

A nossa presente alegria repleta de bênçãos vivas.

 

O coração está satisfeito, não pode pedir mais;

Todo o pensamento de si mesmo está agora para sempre acabado;

Cristo, seu Objeto inigualável, enche o coração

Em amor abençoado, adorando sua parte infinita.

 

J. N. Darby, 1872

 

“Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho”

Filipenses 1:21

 

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1 Comment


elianeoliveiravila
Aug 05

Quão precioso amor, a Ti nos rendemos e podemos desfrutar de tão precioso tesouro, contido em vaso de barro.😍

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