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Direção Para um Dia de Ruína (Janeiro de 2012)

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Revista mensal publicada originalmente em janeiro/2012 pela Bible Truth Publishers

ÍNDICE

 

          Tema da edição

          Christian Truth, Vol. 24

          J. N. Darby (adaptado)

          P. Fournier

          W. J. Prost

          J. B. Dunlop (de uma pregação para crentes)

          W. J. Lowe (extraído de uma carta)

          J. N. Darby (adaptado)

          F. G. Patterson (adaptado)

          A. H. Rule (de uma carta)

          Christian Truth

          Selecionado

Direção Para Um Dia de Ruína

 

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Deus colocou como fundamento para nós uma Pedra, uma Pedra aprovada, uma Pedra preciosa, um fundamento seguro. O homem não pode mover ou destruir esse fundamento. “Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (1 Co 3:11).

 

Não importa qual seja o estado de ruína, o fundamento permanece. E sobre esse fundamento podemos descansar e sobre ele podemos continuar a construir com ouro, prata e pedras preciosas até o dia terminar.

 

Para nós, nosso Senhor diz: “E por que Me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que Eu digo? Qualquer que vem a Mim e ouve as Minhas palavras, e as observa, Eu vos mostrarei a quem é semelhante: É semelhante ao homem que edificou uma casa, e cavou, e abriu bem fundo, e pôs os alicerces sobre a rocha; e, vindo a enchente, bateu com ímpeto a corrente naquela casa, e não a pôde abalar, porque estava fundada sobre a rocha. Mas o que ouve e não pratica é semelhante ao homem que edificou uma casa sobre terra, sem alicerces, na qual bateu com ímpeto a corrente, e logo caiu; e foi grande a ruína daquela casa” (Lc 6:46‑49).

 

Tema da edição

Sua Imutável Fidelidade

 

Na carta à Filadélfia, é dito: “Eis que diante de ti pus uma porta aberta” (Ap 3:8). O espírito do mundo, e especialmente em arranjos religiosos, quer fechar a porta contra Deus; daí a necessidade da porta aberta, pois Ele tem o direito de passagem até toda alma: “As Minhas ovelhas ouvem a Minha voz”.

 

O estado de Filadélfia e o da pobre viúva que depositou no tesouro suas duas últimas moedas são parecidos. Este ato de devoção é encontrado no final do fracasso e da ruína dos Judeus. Há ali uma mulher que Lhe dá tudo o que tem. Sua oferta, embora pequena, recebe a aprovação do Senhor.

 

Filadélfia apresenta uma fase da Igreja encontrada no final de sua história aqui. O primeiro amor deixado em Éfeso termina em Laodicéia, vomitada, renegada como testemunha de Deus. As últimas quatro Igrejas seguem juntas até o fim. Filadélfia e Laodicéia são estados muito opostos. Em Filadélfia, Cristo é tudo para eles. Em Laodicéia, Cristo não é nada para eles; existe um “eu” grande e autocomplacente e Cristo está do lado de fora. Isso mostra como estão as coisas hoje.

 

Quero falar um pouco do fundamento da esperança da Igreja, isto é, a vinda do Senhor. Nos escritos de Lutero e de muitos outros escritores Cristãos, não encontramos menção a isso. Mas nos últimos duzentos anos, isso foi ensinado e trazido a um grande destaque. Deus trabalhou para reviver a esperança que havia sido perdida.

 

Interesses de Deus: a viúva (Lucas 21:1-4) 

“E viu também uma pobre viúva lançar ali duas pequenas moedas” (A passagem de Lucas e Filadélfia ocupam uma posição um pouco semelhante). A viúva tinha em seu coração os interesses de Deus naquele tempo. A sua alma toda estava ligada ao templo. Diante dela estava o que o templo é nos pensamentos imutáveis de Deus para a bênção de Israel. Eles fizeram dele uma “casa de venda”; ela, porém, tinha o templo diante de si, de acordo com a avaliação da fé, e lançou ali todo o seu sustento. O Senhor viu o valor de seu ato, e em um momento de fracasso e ruína tal que, pouco depois disso, diz: “Eis que a vossa casa se vos deixará deserta”. “Dizendo alguns a respeito do templo” (v. 5), o Senhor disse que tudo deveria ser derrubado. Eles estavam olhando para a coisa exterior – as formosas pedras e dádivas. Estamos tentando manter as coisas exteriores? O templo, como a viúva o apreendeu com sua fé, deveria permanecer. O estado interior visto pelo Senhor na viúva e o exterior e visível visto pelos discípulos estavam em grande contraste. Filadélfia é semelhante à viúva. A viúva é vista no final da apostasia e ruína judaica – Filadélfia no final da ruína da Igreja.

 

A graça de Deus 

Entendemos a ruína total em que a Igreja se colocou sob a responsabilidade do homem? Mas Deus é ativo em graça, acima de todos os fracassos, e dirige o coração do Seu povo a Cristo, Quem é tudo e é Quem está vindo. “Guarda o que tens”. O incentivo para isso é: “Eis que venho sem demora”. Você verá o valor do “o que tens” quando notar o estado em que a Filadélfia foi encontrada: “Não negaste o Meu nome”. Isso marca apego a Cristo. “Minha paciência” é a associação com Ele em Sua paciência e espera. Filadélfia, portanto, não precisava da palavra “Eis” (ou, Atenção), pois “Venho sem demora” expressa o desejo de Seu coração de ter Seu povo com Ele, e “sem demora” é tão vivo e verdadeiro hoje como sempre foi.

 

Devoção 

“O que tens” é ter Cristo e ter devoção que sustenta alguém diante de um mundo que rejeita a Cristo. O que a viúva fez seria de pouco valor diante dos homens, mas de grande valor “diante de nosso Deus e Pai”. “Lembrando-nos sem cessar da obra da vossa fé, do trabalho do amor, e da paciência da esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, diante de nosso Deus e Pai” (1 Ts 1:3). O que ela fez não foi encontrado em um jornal nem teria destaque no mundo, mas atraiu a apreciação d’Ele.

 

De toda parte da verdade que possuímos, podemos muito bem perguntar, foi ela ensinada a nós por Deus? Vivemos um dia de intelectualidade, e nada mais tende a destruir espiritualidade do que isso. Nós devemos possuir a verdade no poder espiritual. Que o Senhor nos encoraje hoje ao ver Sua fidelidade imutável. Filadélfia tinha pouca força, mas era uma força positiva, embora pequena. Tomemos para nós essas palavras: “Eis que venho sem demora” e “guarda”. O próprio fato de sermos instruídos a guardar o que temos mostra o poder do mundo, a carne e o diabo em ação para nos roubar disso. Ele diz: “guarda”, mostrando que isso pode ser feito. O poder está com Ele.

 

Christian Truth, Vol. 24

A Ruína e a Presença do Senhor

 

O que senti desde o princípio, e com o que comecei, foi isto: O Espírito Santo permanece, e, portanto, o princípio essencial da unidade com Sua presença, pois “onde estiverem dois ou três reunidos em Meu nome, aí estou Eu no meio deles” (Mt 18:20). Quando isso é realmente buscado, certamente haverá bênção por Sua presença. No entanto, sempre que houver uma tentativa de manifestar a posição e a unidade, haverá inevitavelmente confusão e falha. Deus não tomará tal lugar conosco. Devemos entrar no lugar de Sua mente para obter Sua força, e isso é agora o reconhecimento do fracasso da Igreja. Mas ali Ele estará conosco. Não limitamos o que o bendito Espírito pode fazer por nós neste estado baixo, mas devemos tomar o lugar onde Ele possa fazê-lo.

 

Onde dois ou três estiverem reunidos ao Seu nome, Cristo estará ali. O Espírito de Deus é, necessariamente, a única Fonte de poder, e o que Ele faz será abençoar por meio do senhorio de Cristo. Mas há aqui um ponto de suma importância – não podemos suprir a falta por meio de arranjo ou sabedoria humanos; nós devemos ser dependentes. O Espírito Santo é sempre plenamente capaz de agir nas circunstâncias em que o povo de Deus se encontra. O segredo não é fingirmos estar além delas. A vida e o poder divino estão sempre presentes ali, mas devemos confessar que estamos em um estado imperfeito. Mas então a unidade do corpo continua necessariamente, qualquer que seja sua condição dispersa, porque depende da existência da Cabeça e de sua união com ela. Nisto, o Espírito Santo é necessariamente supremo.

 

J. N. Darby (adaptado)

Direção Para um Dia de Ruína

 

Os livros de Esdras, Neemias, Ageu, Zacarias, Ester e Malaquias tratam do período subsequente aos setenta anos de cativeiro profetizados por Jeremias, o profeta. Durante esse período, Deus tratou com um remanescente do povo em graça, chamando de volta à terra aqueles que tinham um coração pronto a ir. Os poucos que retornaram não viram o poderoso poder de Deus trabalhando abertamente em seu favor, como havia sido visto quando eles saíram do Egito. Mas o Senhor cuidou deles: “A mão do nosso Deus é sobre todos os que O buscam, para o bem deles; mas o Seu poder e a Sua ira contra todos os que O deixam. Nós, pois, jejuamos, e pedimos isto ao nosso Deus, e moveu-Se pelas nossas orações” (Ed 8:22-23). Não havia grande demonstração exterior do poder de Deus, mas havia os meios providenciais de Deus em preservá-los do inimigo.

 

Um dia de pequenas coisas 

Há quem diga: “É um dia de pequenas coisas porque não pensamos grande”. No entanto, as bênçãos chegaram àqueles que continuaram em obediência, apesar das condições. Em Esdras, vemos como o avivamento começou e, então, cessou. Tudo começou pelo rei Ciro, mandando: “edifique a casa do SENHOR Deus de Israel (ele é o Deus) que está em Jerusalém” (Ed 1:3). Despertados por esta oportunidade, um pequeno remanescente de 42.360 mais 7.337 servidores retornam com Zorobabel. Eles começam bem, porque “firmaram o altar sobre as suas bases” (Ed 3:3), e há um grande consolo nessas palavras. A cidade havia sido arrasada muitos anos antes, mas o inimigo não tinha sido capaz de destruir as bases daquele altar. Em 2 Timóteo, um livro escrito para um dia semelhante de ruína, diz: “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade” (cap. 2:19). O poder de Deus para manter o fundamento é maior que a ruína reconhecida do testemunho.

 

Alegria e choro 

O trabalho de reconstrução da casa do Senhor prosseguiu com considerável vigor no início, embora não sem o reconhecimento de sua fraqueza em comparação com o templo de Salomão. “E todo o povo jubilou com altas vozes, quando louvaram ao SENHOR, pela fundação da casa do SENHOR. Porém muitos dos sacerdotes, e levitas e chefes dos pais, já idosos, que viram a primeira casa, choraram em altas vozes quando à sua vista foram lançados os fundamentos desta casa; mas muitos levantaram as vozes com júbilo e com alegria” (Ed 3:11-12). Qual grupo estava certo? Eu sugeriria que ambos estavam certos; a tristeza era apropriada quanto à ruína que sua desobediência havia provocado, assim como a alegria pelo fato de o fundamento, ainda que em fraqueza, haver sido estabelecido novamente. Certamente, não se espera uma atitude menor de nós que procuramos ser fiéis ao Senhor em um dia semelhante de ruína.

 

O trabalho parou 

Mas, conforme lemos no Livro de Esdras, descobrimos que o que havia começado com tanto entusiasmo logo foi abandonado diante de uma grande oposição. “Então, depois que a cópia da carta do rei Artaxerxes foi lida perante Reum, e Sinsai, o escrivão, e seus companheiros, apressadamente foram eles a Jerusalém, aos Judeus, e os impediram à força e com violência. Então cessou a obra da casa de Deus, que estava em Jerusalém” (Ed 4:23-24).

 

O que o remanescente que havia retornado deve fazer após este edital? Ageu mostra que a resposta estava no estado de espírito do povo, além da oposição do poder gentio. “Assim fala o SENHOR dos Exércitos, dizendo: Este povo diz: Não veio ainda o tempo, o tempo em que a casa do SENHOR deve ser edificada. Veio, pois, a palavra do SENHOR, por intermédio do profeta Ageu, dizendo: Porventura é para vós tempo de habitardes nas vossas casas forradas, enquanto esta casa fica deserta?” (Ag 1:2‑4). Observe que Ageu nunca menciona a oposição do povo da terra ou do poder gentio – apenas o estado descuidado e indiferente do remanescente sobre a casa de Jeová. O verdadeiro problema estava no coração deles, pois investiram muitas horas melhorando suas próprias casas, uma atividade que não levantou oposição dos pagãos. Acaso isso tem alguma palavra de aviso para nós neste dia de fraqueza? Confio que seremos estimulados a meditar nas semelhanças entre este remanescente e os nossos dias.

 

Considere seus caminhos 

Em face de tal condição, qual é a palavra de Jeová ao Seu povo? “Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Considerai os vossos caminhos. Subi ao monte, e trazei madeira, e edificai a casa; e dela Me agradarei, e serei glorificado, diz o SENHOR” (Ag 1:7-8). Madeira, provavelmente, nos fala da fraqueza humana, em contraste com as grandes pedras caras que distinguiam o templo de Salomão. Nos dias de Salomão estas pedras eram figura da preeminência da nação de Israel num dia milenar, e tal amostra de poder seria inconsistente com a fraqueza dos dias de Zorobabel e Jesua (ou Josué, conforme Ageu). Ainda assim, que palavra profunda de encorajamento vem por meio do profeta Ageu! Mesmo quando a fraqueza é mostrada hoje, podemos ser confortados com as palavras do Senhor: “Trazei madeira, e edificai a casa; e dela Me agradarei, e serei glorificado”.

 

Esforça-te – Eu sou convosco 

Ageu reconhece a tristeza daqueles que choraram pela fraca condição das coisas: “Quem há entre vós que tendo ficado, viu esta casa na sua primeira glória? E como a vedes agora? Não é esta como nada diante dos vossos olhos, comparada com aquela? Ora, pois, esforça-te, Zorobabel, diz o SENHOR, e esforça-te, Josué, filho de Jozadaque, sumo sacerdote, e esforça-te, todo o povo da terra, diz o SENHOR, e trabalhai; porque eu sou convosco, diz o SENHOR dos Exércitos” (Ag 2:3‑4). Ageu então olha para um dia futuro, como forma de encorajamento ao remanescente. “Encherei esta casa de glória, diz o SENHOR dos Exércitos... A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o SENHOR dos Exércitos, e neste lugar darei a paz, diz o SENHOR dos Exércitos” (Ag 2:7‑9). A última glória desta casa será maior, não por causa da glória do templo milenar, mas por causa da presença física do Messias, o Senhor Jesus Cristo. Podemos ter o mesmo incentivo em nossos dias: “Onde estiverem dois ou três reunidos em Meu nome, aí estou Eu no meio deles” (Mt 18:20).

 

Não despreze a reconstrução 

No livro de Esdras, encontramos que as palavras de Ageu tiveram o efeito desejado sob o remanescente letárgico e interessado em si mesmo. “Então se levantaram Zorobabel, filho de Sealtiel, e Jesua, filho de Jozadaque, e começaram a edificar a casa de Deus, que está em Jerusalém; e com eles os profetas de Deus, que os ajudavam” (Ed 5:2). O exercício individual desses dois homens afetou os demais. Tomo a liberdade de traduzir os seguintes versículos da Bíblia em espanhol: “As mãos de Zorobabel têm lançado os alicerces desta casa; também as suas mãos a acabarão; e saberás que o Senhor dos exércitos me enviou a vós. Pois aqueles que desprezaram o dia das pequenas coisas se alegrarão e verão o prumo na mão de Zorobabel com aqueles sete” (Zc 4:9-10). Houve quem lamentasse a colocação da fundação, mas aparentemente também houve quem a considerou uma perda de tempo e a desprezou. No entanto, parece que aqueles que desprezavam o débil trabalho viram a estranha visão de um dos descendentes do rei Davi trabalhando em meio aos escombros com um prumo! E o outro homem que o ajudava, Sealtiel, era filho do sumo sacerdote! Esses dois perceberam que havia trabalho a ser feito e, em obediência, eles o fizeram. Quando outros os viram trabalhando, o coração daqueles que haviam desprezado se alegrou e eles começaram a ajudar. “E os anciãos dos Judeus iam edificando e prosperando pela profecia do profeta Ageu, e de Zacarias, filho de Ido. E edificaram e terminaram a obra conforme ao mandado do Deus de Israel, e conforme ao decreto de Ciro e Dario, e de Artaxerxes, rei da Pérsia” (Ed 6:14).

 

Esses quatro homens, Zorobabel, Jesua, Ageu e Zacarias se comprometeram a realizar um trabalho há muito abandonado; eles não procuraram estabelecer um esforço de grupo ou envolver outros; eles simplesmente começaram a fazê-lo. Eles realmente não tinham um dom especial para fazer o que precisava ser feito, e, no entanto, começaram a fazê-lo em obediência à Palavra do Senhor. Hoje, alguns tendem a desprezar o dia das pequenas coisas. Há queixas de falta de esforço no evangelho, falta de bênção no ministério ou reunião de oração. Quão mais lucrativo é “erguer-se e construir” em vez de lamentar o triste estado das coisas! Então talvez haja outros que “vejam o prumo” em nossas mãos e se levantem para ajudar.

 

Confissão e confiança 

Assim que começaram a reconstruir o templo, a oposição começou. Mas como aqueles homens fiéis combateram a oposição? Confessando o mau comportamento e o mau estado que os levaram a esse ponto! “E esta foi a resposta que nos deram: Nós somos servos do Deus dos céus e da Terra, e reedificamos a casa que há muitos anos foi edificada; porque um grande rei de Israel a edificou e a terminou. Mas depois que nossos pais provocaram à ira o Deus dos céus, Ele os entregou nas mãos de Nabucodonosor, rei de babilônia, o caldeu, o qual destruiu esta casa, e transportou o povo para babilônia” (Ed 5:11-12).  Sua confissão e referência ao “Deus dos céus e da Terra” é muito impressionante. Eles reconheceram o controle de Deus sobre os governantes gentios para permitir que trabalhassem em sua pequena esfera. Também devemos reconhecer essas duas coisas – que somos uma parte da ruína que reduziu o testemunho à fraqueza e que Deus está acima de tudo, trabalhando entre todos os crentes para Sua glória. Somente com humildade podemos esperar representar o princípio aqui na Terra de que, apesar de toda a ruína, “há um só corpo”.

 

P. Fournier

Vencendo nos Últimos Dias

 

Há encorajamento para nós, até ao último livro da Bíblia! É geralmente aceito (e isso já foi mencionado em outras partes desta edição) que as sete assembleias mencionadas em Apocalipse, capítulos 2‑3, não são meramente descrições aleatórias das assembleias que existiam naquele dia. Tomadas em ordem consecutiva, elas nos dão um panorama histórico das várias épocas da Igreja professa, desde o momento em que os apóstolos foram levados para casa até a vinda do Senhor.

 

Cristo como Vencedor 

A última assembleia mencionada é Laodicéia, mostrando a condição das coisas que existirão em grande parte da Cristandade, pouco antes da vinda do Senhor. É um comentário bastante sombrio sobre o orgulho do homem – um orgulho que coloca Cristo do lado de fora e exalta a si mesmo. No entanto, como nas outras assembleias, há uma palavra de encorajamento para o vencedor, pois sempre há a oportunidade para aqueles que desejam ser fiéis se elevarem acima das condições ao redor. Contudo, há um caráter particularmente tocante no apelo ao vencedor aqui, pois Cristo é trazido como um Vencedor – algo que não é feito nas cartas às outras seis assembleias. Isso dá uma qualidade muito comovente ao chamado, pois há Alguém que percorreu o caminho diante de nós e que foi Vitorioso. Tendo percorrido este mesmo mundo que nós, Ele venceu e agora está no trono do Pai. Que incentivo para aqueles que buscam ser fiéis nestes últimos dias!

 

Mas de que maneira o Senhor Jesus foi um Vencedor? Nas outras seis assembleias mencionadas, a vitória está relacionada à igreja professante e a sua condição naquele momento específico. Sem dúvida, esse tipo de vitória também era necessário em Laodicéia, mas devemos lembrar que o caminho do Senhor Jesus na Terra está à vista, e naquela época a formação da Igreja ainda era futura. Sua vitória foi em uma área mais fundamental e que transcende qualquer época específica da história da Igreja. Aqui, a Sua vitória tem uma voz direta e prática para nós hoje.

 

Se nos voltarmos para os evangelhos, encontramos duas referências diretas ao Senhor Jesus como Vencedor. Em Lucas 11:21-22, lemos: “Quando o valente guarda, armado, a sua casa, em segurança está tudo quanto tem; Mas, sobrevindo outro mais valente do que ele, e vencendo-o, tira-lhe toda a sua armadura em que confiava, e reparte os seus despojos”. A referência é claramente às tentações do Senhor Jesus por Satanás, antes de Ele começar Seu ministério terrenal. Naquela época, Satanás atacou o Senhor Jesus com todos os meios que ele havia usado com tanto êxito para o homem caído – a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba (o orgulho) da vida. Em vez de usar Seu poder como Deus para tratar com Satanás, o Senhor Jesus o venceu simplesmente citando a Palavra de Deus, e Satanás foi obrigado a se afastar d'Ele por um tempo.

 

Confiança plena na Palavra de Deus 

Isso tem uma verdadeira lição para nós hoje, quando a sabedoria do homem é exaltada e o espírito de orgulho e soberba de Laodicéia é tão desenfreado. À medida que encontramos o mundo, e especialmente a Cristandade, se afastando cada vez mais longe da Palavra de Deus, é importante que os crentes estejam cada vez mais familiarizados com a Escritura e usá-la sem reservas como guia. Observamos que, quando o Senhor Jesus foi apresentado às várias tentações, Ele não as discutiu com Satanás nem procurou argumentar com ele; a Palavra de Deus foi suficiente. Um irmão mais velho, agora com o Senhor, costumava nos lembrar: “Nunca somos mais sábios do que a Escritura”. Outro irmão, também com o Senhor, costumava nos exortar: “Leia a Palavra de Deus até ficar tão saturado com ela que você passa a pensar conforme a linguagem da Escritura”. Assim como o Senhor não deixaria o caminho da dependência, também devemos confiar plenamente na sabedoria da Palavra de Deus e não confiar na sabedoria humana.

 

Nova armadura 

Ao dizer isso, percebemos que o mundo está mudando constantemente e que novos desafios se apresentam continuamente. Isso aconteceu com Davi. Quando jovem, ele matou Golias, mas posteriormente em sua vida um dos filhos do gigante foi “cingido com nova armadura” (2 Sm 21:16 – JND), e Davi evidentemente não estava familiarizado com ela. Como resultado, o sobrinho de Davi, Abisai, teve que vir em seu auxílio e matar o gigante por ele. Portanto, cada geração deve enfrentar novas dificuldades, e precisamos de nova sabedoria e graça do Senhor para fazê-lo. No entanto, tudo isso enfatiza apenas a necessidade da Palavra de Deus, pois ela é sempre nova, viva e atualizada.

 

À medida que a moralidade declina nesses últimos dias, o mundanismo pode furtivamente infiltrar-se em nossos pensamentos e na nossa vida, e podemos facilmente adotar atitudes e práticas que estão de acordo com o espírito de Laodicéia. Não há dúvida de que muitos dos problemas que os crentes hoje enfrentam coletivamente têm suas raízes em um estilo de vida caracterizado por ceder às tentações de Satanás, em vez de resistir a elas. Muitas das dificuldades nas quais os crentes se encontram hoje estão diretamente relacionadas à falta de obediência à Palavra de Deus, e não ao desconhecimento da verdade da Igreja. A familiaridade e a obediência à Palavra de Deus serão nossa salvaguarda contra isso.

 

Um mundo melhor 

Encontramos o Senhor Jesus falando de Si mesmo como um Vencedor, mais uma vez, pouco antes de ir à cruz. No evangelho de João, no chamado “ministério do cenáculo”, o Senhor Jesus disse aos Seus discípulos: “no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo”.  O Senhor Jesus estava prestes a sofrer, morrer, ressuscitar e subir de volta ao céu, e os discípulos seriam deixados neste mundo. Ele havia prometido a eles “o Consolador”, o Espírito Santo, que desceria, mas então Ele usa o exemplo de Si mesmo para encorajá-los ainda mais.

 

O que Ele quer dizer ao afirmar que venceu o mundo? Satanás nos ataca de duas maneiras. Às vezes é por meio de tentações, como aquelas que ele usou contra o Senhor Jesus no deserto. Ele usará o que for necessário, até “todos os reinos do mundo” (Lc 4:5), se necessário, para tentar nos afastar. Isso pode ser chamado de a sedução dele quanto ao crente. Mas se a sedução não é eficaz, ele também age por ataque direto – por tribulação – e isso pode assumir várias formas. Em alguns casos, há feroz perseguição aos crentes – prisão, perda de propriedade, sofrimento físico e até martírio. Esse tem sido a porção de muitos crentes através dos tempos, e ainda hoje muitos milhares entregam sua vida todos os anos pelo nome de Cristo. Tudo isso é calculado para fazer com que o crente desista, ou pelo menos comprometa sua fé.

 

Graça para a tribulação 

No entanto, existem outras formas de tribulação. Em Tiago 1:12, lemos que o homem que suporta a tentação “receberá a coroa da vida” – a mesma coroa prometida ao mártir em Apocalipse 2:10. Alguns precisam suportar problemas constantes em seu trabalho secular neste mundo, e Satanás usa tudo isso para tentar desencorajar o crente. Ele nos tenta a buscar um caminho mais fácil por meio de comprometimentos para evitar a tribulação. Outros talvez sejam assediados por dificuldades familiares, e é um exercício constante tratar com elas de uma maneira piedosa, pois a pressão para se conformar a este mundo é muito forte. Então, também, Satanás cria dificuldades entre o povo de Deus coletivamente, e estas às vezes parecem se suceder umas às outras, como ondas do mar. O bombardeio constante de tais coisas pode “desgastar os santos” (Dn 7:25 – JND), assim como Satanás procurará fazer aos piedosos em Israel em um dia futuro.

 

Como o Senhor Jesus venceu o mundo? Ele o fez tomando tudo como vindo do Seu Pai e levando tudo ao Seu Pai. Se nos ressentirmos de nossas circunstâncias ou nos irritarmos com elas, seremos impedidos de levá-las ao Senhor. Mas se nos humilharmos “debaixo da potente mão de Deus” (1 Pe 5:6), seremos capazes de lançar toda a nossa ansiedade sobre Ele, como encontraremos no próximo versículo. A tribulação pode não ser removida, mas encontraremos a graça necessária, não apenas para suportá-la, mas para ser como Paulo, que poderia dizer: “também nos gloriamos nas tribulações” (Rm 5:3). Deus nos dará a graça, não apenas para aceitar a tribulação, mas para aprender com ela, para sermos vencedores e para glorificá-Lo nela. Temos a certeza de que a aflição que parece tão difícil é realmente “leve... tribulação” e que “produz para nós um peso eterno de glória mui excelente” (2 Co 4:17).

 

O Senhor Jesus já venceu e agora está no trono de Seu Pai. Logo Ele tomará Seu lugar de direito e Se assentará em Seu próprio trono. Mas Ele não tomará esse lugar até que Ele nos leve a estar com Ele mesmo, e então nos assentaremos naquele trono com Ele. Como o hino nos lembra: “Valerá a pena tudo quando virmos Jesus”.

 

W. J. Prost

Uma Palavra de Exortação

 

“Já a vinda do Senhor está próxima” (Tg 5:8), e uma das maiores provas disso é o estado geral morno entre os crentes – mornidão para com o próprio Cristo, manifestada de muitas maneiras. A maioria das pessoas “buscam o que é seu e não o que é de Cristo Jesus”, isto é, Ele não tem o lugar que Lhe é devido em nosso coração. Nossas próprias coisas estão tomando Seu lugar. Essas coisas podem não ser erradas em si mesmas, mas o coração está excessivamente ocupado com elas, e o Senhor Jesus, como Objeto pelo qual viver e servir, se perde. Afastamo-nos de Sua presença, e a alma, talvez inconscientemente, está a uma distância d'Ele. O discernimento espiritual está obscurecido e o poder espiritual está quase acabando.

 

Permitam-me, então, queridos irmãos, pressionar em você e em mim também, a verdade de que não somos de nós mesmos, mas fomos “comprados por bom preço”. E a que preço! Ele Se entregou por nós – Ele mesmo! Não somos deixados aqui embaixo apenas para viver vidas decentes, morais e respeitáveis, cuidar de nossos negócios e famílias e tentar progredir no mundo até que o Senhor venha. Estamos aqui para viver para Ele, em nossas famílias e negócios, como testemunhas d’Ele e, de alguma maneira, para servir uns aos outros e às almas ao nosso redor, apresentando nosso corpo como sacrifício vivo a Deus. Deveria ser um sacrifício diário para Ele – nosso serviço racional, não sendo “conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento”.

 

Como podemos ter Cristo como um Objeto para nosso coração, como Ele deveria ser? É ao perceber que somos um objeto de Seu coração – que Seu coração está sempre pensando em nós e cuidando de nós. É tão verdadeiro a respeito d’Ele, como é para nós, que “onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”. Oh, que possamos assimilar mais disso! Que peçamos a Deus que permita que nosso pobre e entorpecido coração receba o grande, maravilhoso e incessante amor de Cristo por nós, como realmente Seu tesouro, e nós O encontraremos Se tornando um Objeto para nosso coração. É isso que atrai afeição espiritual por Ele, a Quem tanto devemos.

 

Não deixe que nada o afaste da Palavra de Deus escrita. Se você tem pouco tempo para ler e se vê lendo periódicos ou ministérios e não a sua Bíblia, leia sua Bíblia. Sempre leia a Palavra de Deus juntamente com os periódicos; honre a Palavra de Deus primeiro. Estou cada vez mais convencido da importância de examinar a própria Palavra pura de Deus por si mesmo, apesar de agradecer e não desprezar qualquer ministério escrito. E se, em nossa leitura, obtivermos alguma luz ou ajuda, ou despertarmos, ou trouxermos coisas para nossa lembrança, oremos a Deus para nos permitir viver o que recebemos d'Ele, para que Ele seja glorificado e nossa alma realmente e verdadeiramente abençoada durante o “poucochinho de tempo” que ainda podemos ser deixados nesta cena.

 

J. B. Dunlop (de uma pregação para crentes)

Somos Um Remanescente?

 

“Nós” não somos um remanescente, exceto no sentido em que o caráter de um “remanescente” moralmente deve caracterizar cada um de nós individualmente. Mas é a verdade que devemos testemunhar, e Deus nos permitirá fazer isso em graça até que Cristo venha. Nosso lugar é o de Daniel na Babilônia, orando com a janela aberta para Jerusalém. Não podemos sair da ruína, mas temos que dar testemunho em nosso coração e em nossa vida daquilo que não está arruinado, e o poder para isso está em se ocupar com as coisas acima de onde Cristo está. Sinto cada vez mais que o que Satanás vem atacando é a presença do próprio Senhor no meio de “dois ou três”, e o efeito que Sua presença deveria ter sobre nossa alma. É a Sua presença que torna a reunião real. Mas, então, se Ele está lá, todo coração que O reconhece deve estar sujeito e, consequentemente, também estar sujeito um ao outro “no temor de Cristo”. Isso aumenta os afetos e produz um exercício de consciência, que nada mais pode fazer da mesma maneira, e um respeito pela consciência dos outros, que é inseparável de uma caminhada no temor de Deus. Isso mantém a alma em paz e quietude também, na presença de todos os problemas que surgem, pois nossa confiança está no “Deus vivo”.

 

Outro dia fiquei muito impressionado com o contraste em 2 Reis 6 – o profeta e o rei, Dotã e Samaria. Exteriormente quem era o que se lamentava? Hoje em dia se fala muito sobre humilhação. Mas aqui vemos que o homem que vestia pano de saco estava em inimizade contra Deus e mostrava a profundidade de sua degradação moral ao buscar a vida do profeta. Isso foi realmente privar-se do único elo existente entre ele e Deus em graça, pois Deus estava agindo em graça, por meio de Eliseu, e vinha fazendo isso o tempo todo. Mas o que fez do rei um verdadeiro queixoso era a ação de Deus em favor do povo. Isso é profundamente solene e explica, acredito, muito do que encontramos hoje em dia.

 

Não é certamente um momento de alegria exuberante, mas devemos nos regozijar no Senhor e andar com Deus na percepção da Sua graça, esperando ver o bem de Sua mão. Isso é o que Eliseu sempre fazia, e ele não estava desapontado. Deus usou a ocasião de fraqueza, tristeza e angústia para mostrar à Sua própria glória, os recursos de Sua graça, e Eliseu foi feito o instrumento abençoado dela. O que fez o rei usar pano de saco só levantou os olhos de Eliseu para onde ele sabia que os carros de fogo e os cavalos de fogo sempre eram encontrados: “Mais são os que estão conosco do que os que estão com eles”. Será encontrado o mesmo nestes dias. As trevas de Satanás se estabelecem moralmente naqueles que esquecem de pensar nas coisas que estão acima, onde Cristo está assentado. Se o luto do rei fosse verdadeiro, ele teria pensado primeiramente em se livrar de seus falsos deuses e em se voltar de coração para o Senhor. Mas ele não acreditava no poder de Deus ou na Sua vontade de ajudar, e era obrigado a confessar, em desespero, sua própria impotência. É uma imagem triste do homem longe de Deus.

 

W. J. Lowe (extraído de uma carta)

Cristo ou o Mundo

 

O dia da apostasia está avançando rapidamente, e o dia está chegando quando o Senhor arrebatará os Seus. Homens piedosos em todos os lugares, que observam os sinais dos tempos, veem aproximar-se o momento que encerrará o dia atual da graça de Deus. Nunca houve na história do mundo um tempo como o presente, e Satanás está mais ocupado do que nunca com os crentes que procuram ser fiéis. Sua ocupação é a mais temível por causa da sutileza de suas operações. Seu objetivo é desviar nossa atenção de Cristo, enquanto supomos que estamos em terreno seguro e não temos nada a temer. Ele procuraria nos destruir usando a própria verdade, pois estamos em terreno seguro somente enquanto Cristo for o nosso tudo em todos. Se algo é interposto entre nossa alma e Cristo, nossa Filadélfia se torna Laodicéia. Nosso terreno seguro se torna inseguro, nossa força se foi e nos tornamos fracos, como qualquer mortal comum.

 

Satanás está de olho em nós com o propósito de interpor o mundo de alguma forma entre nossa alma e Cristo. Ele não se importa com o quão pouco ou de que forma. Se soubéssemos o quão pouco satisfaz seu propósito, ficaríamos alarmados. Não é por nada gritante que ele tenta nos arruinar, mas por pequenas e aparentemente inofensivas insinuações que não chocariam ou ofenderiam ninguém, ainda assim, constituem o traiçoeiro veneno que está destinado a arruinar nosso testemunho. Precisa ser Cristo ou o mundo; não pode ser Cristo e o mundo.

 

J. N. Darby (adaptado)

A Caminhada dos Santos Segundo o Espírito

 

Gostaria de examinar na Escritura o caminho do Cristão no presente momento e nossa responsabilidade em conexão com a presença do Espírito Santo na Terra e como membros do corpo de Cristo. Sabemos que a Igreja professa caiu em ruínas, na qual nós mesmos estamos envolvidos. Mas Deus permitiu que as raízes de todo esse estado fosse expostas nos dias apostólicos, para que pudéssemos ter direção da Sua Palavra sobre tudo isso e Sua direção na cena de confusão que existe ao nosso redor. Não podemos deixar a profissão do Cristianismo e sair para fora dela, nem Deus nos obriga a permanecer em um caminho onde a consciência é violada e a Palavra de Deus desprezada.

 

A Epístola de 2 Timóteo não foi escrita em um dia em que tudo estava em ordem e a Igreja de Deus caminhava no primeiro frescor de poder e bênção. Antes, foi escrita exatamente quando os dias eram mais sombrios nos tempos apostólicos. A decadência gradual, porém segura, começou imediatamente na Igreja primitiva. O joio foi semeado entre o trigo, pessoas falsas foram introduzidas, vindas de fora e o inimigo começou a semear discórdia vindas de dentro. Parte disso é evidente nas epístolas anteriores de Paulo, mas quando chegamos a 2 Timóteo, essas coisas eram atuais e todos os da Ásia haviam se afastado de Paulo. É então que o Espírito Santo prevê o estado dos “últimos dias”, que estavam chegando. Os “tempos trabalhosos” chegariam, e o estado dos Cristãos nominais se tornaria como o dos pagãos, mas com a diferença de “uma forma de piedade”, enquanto negavam o poder disso. A Igreja professa, que havia sido estabelecida na Terra como “a coluna e firmeza da verdade” (1 Tm 3:15), era agora a esfera em que o erro e o mal existiam sem oposição.

 

Separação e largueza 

Quais eram os princípios de Deus quando a esfera criada por Ele, em qualquer momento da Terra, foi corrompida? Podemos notar que esses princípios eram Seus antes que o mal entrasse em cena e permanecessem inalterados pelas circunstâncias que se seguiram. Eles eram “separação” e “largueza” – separação para Deus porque Ele é santo e largueza de coração porque Ele é gracioso! Vemos isso muitas vezes na história do homem.

 

O Jardim do Éden era separado do resto da cena, para o homem habitar, e ainda assim, dele fluíam quatro rios para levar suas bênçãos para o resto da Terra. Quando Deus dividiu o mundo em nações em Babel, Deus chamou Abraão para fora delas, separando-o para Si mesmo, porque Ele era santo; todavia, por Ele ser gracioso, prometeu que “em ti serão abençoadas todas as famílias da Terra”. Assim também em Israel: Eles deveriam ser santos para o Senhor, mas deveriam ser o centro do qual a bênção deveria fluir para as nações.

 

Quando Israel, sob Arão, fez o bezerro de ouro, Moisés orou ao Senhor para poupar o povo ou apagar o seu nome do livro que Ele havia escrito. Mas “tomou Moisés a tenda, e a estendeu para si fora do arraial, desviada longe do arraial, e chamou-lhe a tenda da congregação” (Êx 33:7). Aqui, novamente, estava a separação a Deus, mas a largueza de coração para Seu povo e para sua verdadeira bênção.

 

Quando nos voltamos para 2 Timóteo, encontramos esse mesmo princípio aplicado ao nosso caminho. O coração do apóstolo está sobrecarregado com o pecado no qual o povo de Deus estava agora envolvido, mas brilhava no frescor da coragem necessária para elevar alguém acima de tudo. Frequentemente, a alma fica sob o poder e a percepção do mal a tal ponto que fica ocupada com ele, perdendo assim a visão de Deus. Mas, embora consciente do mal, o coração pode voltar-se para Deus e encontrá-Lo superior ao mal; somos chamados a nos separarmos para irmos a Ele.

 

Recuperação individual 

Esse caráter das coisas ocupa a maior parte da epístola. O Espírito de Deus reconhece que não há recuperação eclesiástica para a Igreja de Deus como um todo, mas sempre há recuperação individual pela verdade. Ele estava tratando dos falsos ensinamentos dos “Himeneus” e “Filetos”, e coisas assim, quando acrescenta: “No entanto, o firme fundamento de Deus permanece, tendo esse selo: O Senhor conhece aqueles que são Seus; e todo aquele que profere o nome do Senhor se retire da iniquidade” (2 Tm 2:19 – JND). Quão revigorante é pensar que nenhuma quantidade de corrupção destruiu aquele fundamento seguro de Deus! Mas aqueles ocultos do Senhor devem estar separados do mal para Ele. Que o mal seja moral, doutrinário, intelectual ou religioso, o caminho é o mesmo – “retirar-se da iniquidade” é responsabilidade do santo que profere o nome do Senhor. Somente assim ele “será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor e preparado para toda boa obra” (2 Tm 2:21).

 

A palavra “purificar” é encontrada apenas duas vezes na língua original das Escrituras do Novo Testamento. O primeiro lugar é em 1 Coríntios 5:7: “Alimpai-vos (purificai-vos), pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós”. Isso marcou a responsabilidade de toda a Igreja de Deus, mas ela não fez isso como um todo. Agora vem o segundo uso da palavra. O indivíduo, encontrando-se em meio a “uma grande casa”, cheia de vasos para honra e para desonra, deveria se “purificar” desses, se mantendo afastado deles, para ser um vaso de honra para uso do Mestre.

 

Porém, quando alguém dá esse passo, pode fomentar nele um espírito farisaico, e assim temos: “Busque a justiça, a fé, o amor, a paz, com aqueles que invocam o Senhor com um coração puro” (2 Tim 2:22 – JND). Ele encontraria outros que, como ele, tinham a graça dada para estarem separados para o Senhor, e ele deveria andar com eles, em santidade de conduta e em coração puro.

 

O que devemos abandonar, e a que devemos nos apegar 

Mas essa separação para o Senhor tem, até agora, apenas um caráter de coisas que se devem abandonar. Queremos algo mais; precisamos de um terreno de ação positiva, onde ganhamos, para nossa alma no meio dessa cena. Aqui, então, vem a verdade imutável da unidade do corpo de Cristo, pois é dentro da esfera da Cristandade que o Espírito Santo mantém essa unidade. Exteriormente, está despedaçada e é absolutamente impossível restaurá-la ao seu estado original, mas sou sempre responsável por me colocar em posição correta diante de Deus. Se, como membro de Cristo, me separo do mal, também encontro outros; nos reunimos como Seus membros para adorar o Pai e lembrar de nosso Senhor. Mas é como membros de Cristo e como agindo na verdade daquele “um só corpo” e em nenhum outro fundamento! Estamos assim em uma largueza de verdade que abraça todos os membros de Cristo na Terra!

 

A unidade do corpo 

Não podemos manter nem quebrar a unidade do corpo – que é mantida pelo próprio Espírito, apesar de todas as falhas do homem. Mas devemos continuar esforçando-nos “diligentemente para guardar a unidade do Espírito no vínculo da paz” (Ef 4:3 – TB). O que é, então, essa unidade? É o poder e o princípio pelo qual os santos são capacitados a caminhar juntos em seu próprio relacionamento no corpo e como membros de Cristo. Posso desfrutar com toda alma verdadeira tudo o que ela desfruta na unidade do Espírito. Se uma luz nova atinge a alma de alguém e ele a recusa, nunca devo comprometer a verdade em favor dele. Tudo isso envolve o corpo de Cristo; é o fundamento da ação, porque o Espírito de Deus a mantém.

 

Essa unidade também exclui mais completamente a individualidade; ninguém pode tomar um lugar isolado. Se ele é chamado para ficar sozinho em alguma localidade, ele ainda está em terreno comum, em todo o mundo, com todos que estão caminhando em tal verdade. Também exclui a individualidade, quando junto com os outros, pois alguém pode ser tentado a agir independentemente dos outros membros de Cristo. Essa preciosa verdade também nos lança fora de todo sistema humano, mas nos mantém naquela unidade que está de acordo com Deus!

 

Ora, aqui está o fundamento divino e positivo sob nossos pés para este dia de ruína. Este não é apenas meramente um caminho negativo. É amplo o suficiente para todos, porque abrange tudo em sua largueza, estejam eles presentes ou não. Exclui o mal de seu meio, pois admiti-lo faria com que deixasse de ser a unidade do Espírito. Não é meramente uma unidade de Cristãos, que o homem procura efetuar, às vezes à custa da verdade do corpo de Cristo. Deus atribui unidade a Cristo, não Cristo à unidade! Então deve ser verdade em natureza para Ele de Quem é o corpo; deve ser praticamente santo e verdadeiro (Ap 3:7).

 

F. G. Patterson (adaptado)

A Verdade Restaurada e Nossa Responsabilidade

 

A fraqueza de que você fala é, acredito, algo muito generalizado; pelo menos é assim neste país. E, ao visitar os locais de reunião, descobrimos que nosso trabalho consiste em grande parte em “fortalecer as coisas que restam” (JND). A situação agora é muito diferente do que era quando vim, pela primeira vez entre aqueles reunidos ao nome do Senhor. Deus levantou um testemunho especial no início e no meio do século, e operou dentro e por meio de vasos que havia preparado especialmente para a obra, mantendo-os em contato Consigo mesmo e abrindo-lhes, nas Escrituras, pelo Espírito, uma vasta gama de verdade preciosa que há muito se perdeu praticamente. E Ele fez isso de tal maneira a trazer diante de toda a Igreja essa preciosa verdade. Nisso, o Espírito de Deus operou poderosamente para restaurar para nós aquilo de que estávamos há tanto tempo privados.

 

Este trabalho foi feito; a verdade foi claramente colocada diante do povo de Deus, e muitos a receberam. Esse testemunho, como me parece, foi concluído. Não é mais uma questão de um trabalho poderoso colocar o povo de Deus na possessão daquilo que eles perderam, mas uma questão de manter firme o que temos. O perigo especial é deixar escapar, e sabemos que temos um inimigo sempre vigilante, que nunca se cansa em seus esforços para roubar o povo de Deus e desonrar a Cristo, de modo que precisamos ser especialmente vigilantes nesse ponto.

 

Nossa responsabilidade 

Obviamente, nossa responsabilidade é prosseguir com a verdade, testemunhando dela conforme temos oportunidade, e nesse sentido o testemunho ainda continua, mas isso é algo muito diferente do testemunho especial de Deus que nos coloca na possessão da verdade, para que possamos segurá-la com firmeza e viver no poder dela. Agora que Deus operou e colocou a verdade em nossas mãos, há uma responsabilidade especial de retê-la firmemente e fazer um uso correto dela, e é aqui que vemos o fracasso se manifestar. Nós não valorizamos a verdade de acordo com seu valor real e, portanto, não caminhamos nela como deveríamos. O resultado é o declínio na alma de um e de outro, e o declínio geral se instala, e as massas seguem a corrente. É isso que dificulta as coisas no momento presente. Ataques são feitos contra a verdade, e as almas não estão em um estado para resistir a elas com energia, e assim o inimigo ganha terreno, e as almas se tornam impotentes, exceto quando Deus intervém em misericórdia soberana para libertá-las.

 

Ah, quanto precisamos buscar a face de Deus em um dia como esse! Graças a Deus, o conflito logo terminará. O Senhor está vindo em breve e, portanto, somos encorajados a “reter firmemente”. Mas não se deve esperar que as coisas se tornem mais fácil à medida que o fim se aproxima. Os esforços de Satanás estão mais desesperados para submergir a verdade à medida que o fim de sua carreira se aproxima, e Deus permite isso para a prova de Seu povo. Precisamos nos lançar sobre Deus, que é nosso recurso em todos os momentos e que não deixará de lado aqueles que com integridade de coração buscam Sua face.

 

A. H. Rule (de uma carta)

Em Dias de Ruína

 

Há uma grande instrução na conduta de Zorobabel relacionada em Esdras 3. O filho e herdeiro de Davi toma seu lugar com um remanescente que volta do cativeiro. Ele está contente em trabalhar em Jerusalém sem trono e sem coroa. Ao construir o altar do Senhor e a casa de Deus, ele simplesmente serviu a Deus em sua própria geração. Herdeiro do lugar que Salomão havia ocupado anteriormente nos dias de prosperidade e glória, ele não fala de seu nascimento nem de seus próprios direitos, mas é fiel em todo o caminho de separação, tristeza e lutas que é obrigado a passar. Que o Senhor nos torne cada vez mais pacíficos e confiantes em Si mesmo nestes dias de provação. “Quando sou fraco, sou forte” é uma lição que Paulo teve que aprender por um processo muito humilhante.

 

Christian Truth

Olhe para Cima; Segure Firme 

“Olhai para cima e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção está próxima”

Lucas 21:28

 

Acima, os céus estão escuros;

Ao redor, as árvores se curvam;

Uma tempestade assustadora nos cerca;

Para onde podemos ir?

 

Cristianismo destruído;

Um mundo inquieto ao redor;

Devemos desmoronar e nos afundar,

Com os olhos no chão?

 

Somos impotentes sozinhos!

Segure Sua mão perfurada por pregos

Para direção sempre sábia através

Da terra que escurece.

 

Olhe para cima; olhe; segure firme;

Suas promessas são verdadeiras:

“Eis que venho sem demora”, Meu filho,

Eu venho por você!

 

Os raios nos céus tempestuosos

Anunciam a estrela da manhã;

Aquele passo final para o céu e para o lar

Não pode estar longe!


Selecionado

“Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo”

1 Coríntios 3:11

 


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