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ÍNDICE
Dicionário Bíblico Conciso
H. C. Anstey
Things New and Old
J. N. Darby
W. T. P. Wolston
Christian Friend
W. J. Prost
W. T. Turpin
Christian Friend
E. Dennett
Poema
Hino 129
Nuvens
Como o véu celestial da presença de Deus, as nuvens ocupam um lugar importante na Escritura – Sua carruagem e o esconderijo de Seu poder. Agradou a Deus manifestar Sua presença a Israel em uma nuvem. A coluna de nuvem guiou o povo de Israel através do deserto (Êx 40:34-38). Quando construíram o tabernáculo, Jeová prometeu aparecer na nuvem sobre o propiciatório (Lv 16:2). Em ocasiões especiais, Jeová descia em uma nuvem e falava com Moisés (Nm 11:25). Na dedicação do Templo, “a nuvem” encheu a casa para que os sacerdotes não pudessem ministrar por causa dela, “porque a glória de Jeová enchera a Casa de Jeová” (1 Rs 8:10-11 – JND). Este símbolo visível da glória de Deus é muitas vezes chamado de Shekinah. A palavra não ocorre na Escritura, mas é frequentemente usada como referindo-se a morada ou local de descanso de Jeová. No monte da transfiguração, uma nuvem cobriu os presentes, “E saiu da nuvem uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado; a Ele ouvi” (Lc 9:34-35). Na ascensão, uma nuvem recebeu o Senhor fora da vista dos discípulos. No arrebatamento, os mortos e os santos vivos serão arrebatados nas nuvens para encontrar o Senhor nos ares. Quando vier para julgar, Ele virá com nuvens. O poderoso Deus que habita na luz inacessível, ao homem manifestou sua presença coberta por nuvens.
Dicionário Biblico Conciso
O Arco na Nuvem
“E acontecerá que, quando eu trouxer nuvens sobre a Terra, aparecerá o arco nas nuvens” (Gn 9:14).
Neste dia da graça, há sempre um arco na nuvem. Nós podemos estar, e às vezes estamos, tão ocupados com o que é mais manifesto (a nuvem) que não discernimos seu acompanhamento celestial, mas ele está lá. Luzente e fascinante, se projeta do céu à Terra. “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8:28). Sim, todas as coisas, este é o arco na nuvem. Que grande extensão essas palavras “todas as coisas” abrem para nós! Até mesmo a dor é serva de Deus para o bem de um crente, assim como um terremoto no mundo, ou mesmo uma convulsão moral ou heresia na Igreja (1 Co 11:19).
Um grande e forte vento pode “fender os montes” e “quebrar as penhas diante do Senhor” (1 Rs 19:11). Isso pode ser seguido por um terremoto, e o terremoto, por um fogo, e embora possamos dizer que tudo isso é “a nuvem visível”, não devemos estar totalmente ocupados com ela. A questão para nós é: O que o Senhor tem a nos dizer com isso? O objetivo para Ele é o Seu povo, e devemos ouvir a “voz mansa e delicada”. Este é o arco na nuvem. Se Deus varreu o homem uma vez no julgamento do dilúvio, a nuvem, qualquer que seja a forma que assuma, está novamente declarando Sua avaliação a respeito do primeiro homem. Se a misericórdia se declarou e nós somos poupados, ainda assim não devemos esquecer que Sua avaliação do que somos permanece registrada, e aquela mesma nuvem testemunha isso novamente. No entanto, o arco na nuvem declara a fidelidade d’Ele à Sua promessa, pois “A Sua misericórdia dura para sempre” (Sl 106:1 – ARA).
O terreno da misericórdia
Estamos no terreno da misericórdia e, se nos esquecermos disso, Ele não Se esquece. “Não depende de quem quer ou de quem corre, mas de Deus usar a Sua misericórdia” (Rm 9:16 – ARA). Nós olhamos para a nuvem, Deus olha para o arco. Que graça há nisso! Ele diz, “E o arco estará na nuvem; e Eu olharei para isso” (Gn 9:16 – JND). O arco fala da imutável fidelidade e misericórdia de Deus quando tudo termina para o homem. Este é o terreno em que estamos com Deus.
“Eu trago uma nuvem [...] Eu coloco Meu arco”. Não podemos separar os dois, nem olhar para um e não para o outro. Se é bom para nós sermos lembrados de que o homem (ele mesmo e suas obras) só é digno de julgamento, é bom também sermos lembrados do que Deus é, ou a alma será dominada pelo desespero. E então, “Afastai-vos […] do homem, cujo fôlego está no seu nariz” (Is 2:22) e vamos olhar para o que Deus vê: “Eu olharei para isso”.
Esta é a maneira de obter os pensamentos de Deus. Vemos que, apesar da nuvem, Deus é “por nós”. Somente quando temos pensamentos tão elevados – os pensamentos de Deus – devemos ser lembrados do que somos, não para nos levar ao desespero, mas para nos manter humilhados e nos apoiar sempre e somente n’Aquele que nos recebeu em graça.
O arco na nuvem
Em todos os exercícios do caminho Cristão, Deus deseja que vejamos o arco na nuvem. Pense nisto em sua provação atual (tudo permitido por Ele), naquela que mais o aflige, e cuja existência talvez nenhum Cristão conheça. Estas palavras foram escritas para você. É uma provação na assembleia, uma provação nos negócios, uma provação no lar ou individualmente com você mesmo? “E acontecerá que, quando eu trouxer uma nuvem sobre a Terra, o arco será visto na nuvem” (Gn 9:14 – KJV). Faça um esforço para vê-lo. Isso o colocará em paz com Deus e, assim, alegrará seu caminho de peregrinação. A nuvem pode ser escura e sombria, mas há uma beleza nela pintada por Suas próprias mãos, e ela lhe diz, apesar de tudo, o que Ele é para você. E, lembre-se, quer você o veja ou não, o arco está lá.
“Sendo necessário”
Deus vê como “sendo necessário” (1 Pe 1:6) as provações que permite à Igreja. Devemos estar com Ele para aprender isso. Toda a experiência do deserto é para aprendermos o que somos e o que Deus é. A inclinação natural do coração é sempre crescer orgulhoso e independente. Deus, que conhece o coração, vê isso. A respeito do coração do homem, “quem o conhecerá? Eu, o Senhor esquadrinho o coração” (Jr 17:9-10). Ele o conhece, nos revela a nós mesmos, nos corrige, e tudo para o bem – “para nosso proveito”. Que possamos, cada um de nós, ser assim com Ele, a fim de apreendermos Sua mente em qualquer provação, pois o bem vem de Deus, mesmo quando está sob a forma de sofrimento. Se o coração se afastar do Senhor (e isso acontece quando confiamos no homem), seremos “como o arbusto solitário no deserto” (Jr 17:5-6 – ARA), e não veremos vir o bem. Devemos olhar para uma provação e falar sobre ela como sendo “apenas outra nuvem”, caso contrário, não veremos o bem nas mãos que certamente está trabalhando por meio da prova a nosso favor, nem que isso seja, “porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe” (Hb 12:6). A palavra para nós é: “Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará” (Tg 4:10). Tudo vem d’Ele, “para te humilhar, e para te provar, e, afinal, te fazer bem” (Dt 8:16). Lembremo-nos de Sua Palavra: “E o arco estará na nuvem; e Eu olharei para isso”. “Nós mudamos; Ele nunca muda.”
H.C. Anstey (adaptado)
O Arraial e a Nuvem
“E no dia em que foi levantado o tabernáculo, a nuvem cobriu o tabernáculo sobre a tenda do testemunho; e à tarde estava sobre o tabernáculo com uma aparência de fogo até à manhã. Assim era de contínuo: a nuvem o cobria, e de noite havia aparência de fogo. Mas sempre que a nuvem se alçava de sobre a tenda, os filhos de Israel partiam; e no lugar onde a nuvem parava, ali os filhos de Israel se acampavam. Segundo a ordem do SENHOR se alojavam, e segundo a ordem do SENHOR partiam [...] cumpriam o seu dever para com o SENHOR, segundo a ordem do SENHOR por intermédio de Moisés” (Nm 9:15-18, 23 – ACF).
É impossível conceber um quadro mais adorável de absoluta dependência da orientação divina do que o apresentado no parágrafo anterior. Não havia pegadas nem ponto de referência em todo aquele “grande e terrível deserto”. Eles foram totalmente comandados por Deus, em cada passo do caminho.
Confiança em Deus
Aqui está a verdadeira essência de toda a questão. Será que Deus é conhecido, amado e tem nossa confiança? Se assim for, o coração se deleitará na mais absoluta dependência d’Ele. Do contrário, tal dependência seria perfeitamente insuportável. O homem não renovado adora pensar que é independente, mas isso é mera ilusão. O homem não está livre: Ele é o escravo de Satanás. Sim, Satanás mantém o homem natural em terrível escravidão. Ele o governa por meio de suas luxúrias, suas paixões e seus prazeres e, mais cedo ou mais tarde, essa escravidão se tornará evidente. Não há liberdade senão em Cristo, pois é Ele quem diz: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. E novamente: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8:32, 36).
Dependência
Aqui está a verdadeira liberdade, é a liberdade que a nova natureza encontra em andar em Espírito e fazer as coisas que são agradáveis aos olhos de Deus. O serviço ao Senhor é liberdade perfeita, mas esse serviço envolve a mais elementar dependência do Deus vivo. Assim foi com o único Servo perfeito que já pisou nesta Terra. Ele sempre foi dependente. Cada ato, cada palavra, foi o fruto da mais absoluta dependência e sujeição a Deus.
Assim era Jesus quando viveu neste mundo, e somos chamados a seguir Seus passos e viver uma vida de simples dependência de Deus no dia a dia. Desta vida de dependência, temos um gráfico e um belíssimo tipo que a ilustra no final de Números 9. Israel seguiu o movimento da nuvem. Eles tinham que olhar para cima para buscar por orientação. O homem foi feito para virar seu rosto para cima, em contraste com o animal, que olha para baixo. Israel era inteiramente dependente do movimento da nuvem.
Assim deve ser conosco. Estamos passando por um deserto sem rastros, um deserto moral. Não saberíamos andar, não fosse por aquela preciosa frase que saiu dos lábios de nosso bendito Senhor: “Eu sou o caminho” (Jo 14:6). Aqui está a orientação divina e infalível. Devemos segui-Lo, pois “quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8:12). Esta é uma orientação para a vida, é seguir um Cristo vivo. É manter os olhos fixos em Jesus, ter os traços de Seu caráter impressos em nossa nova natureza e reproduzidos em nossa vida e hábitos diários.
Não há lugar para nossas vontades
Imediatamente, isso, certamente, envolverá a rendição de nossa própria vontade; devemos seguir a nuvem; devemos esperar apenas em Deus. Todos os nossos movimentos devem ser colocados sob o poder regulador daquela única sentença de comando, muitas vezes pronunciada levianamente por nós: “Se o Senhor permitir” (N. T.: ou, “Se Deus quiser”). Quantas vezes imaginamos em vão e afirmamos com segurança que a nuvem está se movendo exatamente na direção que se adapta à inclinação do nosso coração. Assim, em vez de sermos guiados divinamente, estamos enganados. O verdadeiro segredo de ser guiado por Deus é ter nossa própria vontade totalmente subjugada. “Guiará os mansos retamente; e aos mansos ensinará o Seu caminho” (Sl 25:9). E novamente: “Guiar-te-ei com os Meus olhos” (Sl 32:8).
Mas vamos refletir sobre a admoestação: “Não sejais como o cavalo ou a mula, sem entendimento, os quais com freios e cabrestos são dominados; de outra sorte não te obedecem” (Sl 32:9 – ARA). Se nosso semblante estiver voltado para cima para captar o movimento do “olho” divino, não precisaremos de “cabresto e freio”. Mas muitas vezes não vivemos suficientemente perto de Deus para discernir o movimento de Seus olhos; a vontade está em atividade. Assim foi com Jonas. A Providência parecia apontar na direção de sua vontade, mas então ele teve que descobrir seu dever no ventre do grande peixe. Foi lá que ele aprendeu a amargura de seguir sua própria vontade. Ele teve que aprender o verdadeiro significado de “cabresto e freio”, porque ele não seguiu a orientação gentil do “olho”.
Orientação de Deus
Contudo nosso Deus é tão gracioso, tão paciente! Ele quer ensinar e guiar Seus filhos errantes. Ele Se ocupa continuamente conosco, a fim de que sejamos afastados de nossos próprios caminhos e andemos em Seus caminhos.
Não há nada mais profundamente abençoado do que viver uma vida de dependência habitual de Deus e esperar n’Ele para tudo. Esse é o verdadeiro segredo da paz e nos eleva acima da independência de natureza humana. A alma que pode realmente dizer: “Todas as minhas fontes estão em Ti” (Sl 87:7), é elevada acima de toda a confiança e esperança humanas e expectativas terrenas. Não é que Deus não use a criatura para tratar conosco, mas se não nos apoiarmos n’Ele, mas na criatura, não teremos proveito para nossa alma.
Circunstâncias e coisas secundárias
Devemos refletir profundamente sobre esta distinção. Muitas vezes, imaginamos estar apoiados em Deus, quando, na realidade, existe uma quantidade espantosa do fermento da autoconfiança. Quantas vezes falamos de viver pela fé e de confiar apenas em Deus, quando, ao mesmo tempo, se apenas olharmos para o fundo do nosso coração, encontraremos lá uma grande medida de dependência das circunstâncias e recorrendo a coisas secundárias.
Cuidemos para que nossos olhos estejam fixos somente no Deus vivo, e não no homem. Vamos esperar n’Ele. Se estamos desorientados em alguma coisa, podemos recorrer a Ele de forma direta e simples. Estamos sem saber o que fazer, para onde devemos ir, que passo devemos dar? Lembremo-nos de que Ele disse: “Eu sou o caminho” (Jo14:6); podemos segui-Lo. Não pode haver trevas, perplexidade ou incerteza, se o seguirmos, pois Ele disse: “Quem me segue não andará em trevas” (Jo 8:12). Nenhuma escuridão pode pousar no caminho bendito ao longo do qual Deus conduz aqueles que, com um olhar simples, procuram seguir Jesus.
Perplexidade e incerteza
Mas alguns podem dizer: “Estou perplexo quanto ao meu caminho. Eu realmente não sei para que lado seguir ou que passo dar”. Se essa for a nossa situação, podemos nos perguntar: “Estou seguindo a nuvem?” Aqui está a raiz de todo o problema. A perplexidade ou incerteza muitas vezes é fruto da operação da vontade. Oramos sobre isso e não obtemos resposta, porque Deus quer que fiquemos quietos e simplesmente esperemos n’Ele.
Esse é o segredo da paz e elevação calma. Se um israelita no deserto tivesse pensado em fazer algum movimento independente da nuvem, podemos ver facilmente qual teria sido o resultado. E assim será sempre conosco. Se nos movermos quando devemos descansar, ou descansarmos quando devemos nos mover, não teremos a presença divina conosco. É uma realidade a ser conhecida, não uma mera teoria a ser falada. Que possamos provar isso durante toda a nossa jornada!
Things New and Old, Vol. 11 (adaptado)
A Manhã Sem Nuvens
“[Ele] será como a luz da manhã, quando sai o sol, da manhã sem nuvens, quando, pelo seu resplendor e pela chuva, a erva brota da terra” (2 Sm 23:4).
Na primeira das duas canções de Davi em 2 Samuel, há uma alusão notável a toda a história da maneira que Deus lida com Israel, pela qual Davi sentiu o poder moral em si mesmo. Temos uma variedade maravilhosa de circunstâncias passadas, futuras e em torno dele, reunindo toda a história de Davi e seus triunfos, revelando as empatias de Cristo com o coração dele em tristeza, até que ele foi feito a cabeça dos pagãos, e seu povo abençoado sob seu reinado.
Em 2 Samuel 23, temos “as últimas palavras de Davi”, e aqui aprendemos onde seus olhos e coração repousavam, em meio à consciência de seu próprio fracasso e do fracasso de sua casa. Ele esperava a “manhã sem nuvens” – Aquele que deveria governar os homens no temor do Senhor – que deveria construir a casa de Deus e em quem a glória deveria se manifestar. Existia a profunda consciência de toda a ruína, mas o efeito da manhã que se aproximava estava brilhando nela. O efeito sobre o coração de Davi da vinda do Filho de Davi e o fracasso de tudo ao redor, o levou a avançar em espírito para o triunfo completo daquele dia quando todos deverão estar cheios de bênçãos.
Afeições sagradas
Da mesma forma, não devemos viver em busca de bênçãos aqui, à parte da manifestação futura d’Aquele em quem a bênção vem na “manhã sem nuvens”. Até que o poder do mal seja posto de lado, o efeito da energia do Espírito é nos fazer gemer e sofrer em proporção à “manhã”. Nosso gemido, como santos, deve ser sempre o do espírito, por causa da santidade da mente estando no meio do mal, e não por causa do nosso próprio mal. Era assim com Jesus: Ele gemeu por causa de afeições sagradas, e não por causa das profanas. Até que o poder do mal seja posto de lado, quanto maior a energia do Espírito, mais o indivíduo fica exposto à fúria de Satanás.
O efeito prático de tudo isso em nosso coração e nossa consciência é lançar-nos na primeira parte da história de Davi. Se formos fiéis em singeleza de olhos no acampamento de Saul, logo nos encontraremos na caverna de Adulão, tendo comunhão nos sofrimentos de Cristo como a porção de nossa alma. É nessas circunstâncias que teremos tornado boas para nós as mesmas afeições secretas de coração que foram desenvolvidas em Davi quando ele estava humilhado. Quando foi um participante prévio dos sofrimentos e aflições de Cristo, na caverna de Adulão, caçado como uma perdiz nas montanhas, Davi foi cercado por canções de libertação.
O Senhor nos deu singeleza de olhos, no poder de Sua ressurreição, para termos comunhão com Seus sofrimentos.
J. N. Darby (adaptado)
Entrando na Nuvem
No relato de Lucas sobre a transfiguração, lemos: “E eis que estavam falando com Ele dois varões, que eram Moisés e Elias, os quais apareceram com glória e falavam da Sua morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalém” (Lc 9:30-31). Poderia alguma coisa ser mais maravilhosa? Eles estavam conversando com o Senhor sobre Sua morte. Que tema notável naquele monte de glória! Aqueles dois homens estavam conversando com Jesus sobre a Sua morte, quando num momento O viram glorificado. Mistério maravilhoso! Ele disse a eles, como havia dito a Seus discípulos alguns dias antes, que Ele deveria morrer, porque não há caminho para você e eu entrarmos na presença de Deus, exceto por meio de Sua morte. Não há vida para você e para mim, exceto pela morte – a morte de Alguém sobre quem a morte não tinha direito. E Moisés e Elias estavam conversando com Ele sobre Sua morte.
Redenção por meio da morte
Qual é o cântico de Apocalipse? “Digno és de tomar o livro e de abrir os seus selos, porque foste morto e com o Teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo, e nação” (Ap 5:9). Cântico eterno de louvor dos redimidos! O amor de Cristo irá evocá-lo, pois embora Ele tenha dito: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos” (Jo 15:13), ainda assim, Cristo deu a Sua vida por nós quando nós não éramos Seus amigos, mas quando estávamos em plena oposição a Ele, e quando não O amávamos. É por Sua morte que nossa redenção é garantida. É por Sua morte que o pecado é eliminado. É por Sua morte que o poder de Satanás é quebrado, e por meio dela você e eu somos levados a Deus.
E então, nos é dito que, naquele momento, Pedro, Tiago e João acordaram, pois “estavam carregados de sono e, quando despertaram, viram a Sua glória e aqueles dois varões que estavam com Ele” (Lc 9:32). Haverá reconhecimento na casa do Pai. Os discípulos conheciam Moisés e conheciam Elias. Não acho que quando, em breve, passarmos para a eternidade, deixaremos de nos reconhecer, pois o reconhecimento após a ressurreição é claramente visto aqui. Os relacionamentos da vida são temporários, mas a individualidade é claramente mantida por toda a eternidade, e é uma coisa muito abençoada para nós que assim seja. Pedro, sempre impetuoso e movido por esta visão maravilhosa, mas sem saber o que dizer, exclamou: “Mestre, bom é que estejamos aqui”. Isso era absolutamente verdadeiro. Foi muito bom para ele ver a glória do Senhor.
A nuvem os envolveu
O coração de Pedro começou a esquentar. Ele viu o Messias, o legislador e o reformador juntos e ficou encantado. Em Moisés ele considerou o legislador; ao seu lado estava Elias, o profeta e reformador; e, acima de todos, então, ele enxerga o Messias, e para sua mente judaica a cena era tão bela que ele queria perpetuá-la. Ele falou precipitadamente enquanto Moisés e Elias saiam de cena. Mateus e Marcos não observam esta circunstância, mas Lucas registra quando Pedro disse estas palavras tolas: “E aconteceu que, quando aqueles se apartaram d’Ele, disse Pedro a Jesus: Mestre, bom é que nós estejamos aqui e façamos três tendas, uma para Ti, uma para Moisés e uma para Elias, não sabendo o que dizia” (v. 33). E o que ele tinha dito? Ele tinha colocado o Filho de Deus, o Messias, Moisés, o legislador, e Elias, o reformador, no mesmo nível; Ele os tinha igualado. Ele achava que aquela cena deveria ser perpetuada e, para mantê-los, daria a eles um tabernáculo para cada um. Mas, “dizendo ele isso, veio uma nuvem que os cobriu com a sua sombra; e, entrando eles na nuvem, temeram”. Pedro, Tiago e João estavam com medo. E o que foi a nuvem? A Shekinah – a glória de Deus. A nuvem que havia habitado com Israel nos dias do deserto, reaparece para guardar a Pessoa do Filho de Deus. Essa nuvem falava da presença imediata do Pai e era, de fato, a expressão da casa do Pai, e para ela vão Moisés e Elias. Graças a Deus, é para lá que você e eu, irmãos Cristãos, estamos indo, e não precisamos ter medo de ir para lá. Se você tem os pensamentos do Pai sobre o Filho, está tudo bem. Moisés e Elias tiveram os pensamentos do Pai sobre o Filho. Pobre Pedro! “Façamos três tendas; uma para Ti, uma para Moisés e uma para Elias”, foi sua estimativa do valor comparativo de seu Mestre. Você entenderá que o Pai não poderia tolerar esse insulto a Seu Filho. E imediatamente saiu da nuvem esta voz: “Este é meu Filho amado; a Ele ouvi” (v. 35). Ah! Ouça-O! Ouça Moisés? Não! Seu dia se foi. Nem Elias? Não! Seu dia também se foi. Ouça Jesus, e somente Jesus. Este é o dia de Jesus.
W. T. P. Wolston (adaptado)
A Transfiguração
O monte santo da transfiguração não é apenas a cena da visão futura, ou a presente contemplação da glória, mas dá aos discípulos uma porção próxima a Cristo. Pedro, que poucos dias antes havia incorrido no desagrado do Senhor, foi levado, pela graça, com seus companheiros onde o homem nunca havia entrado. Uma nuvem cobriu os discípulos e eles entraram nela com Jesus. Para um judeu, era uma coisa terrível. Como eles poderiam fazer outra coisa senão temer penetrar na nuvem que era o sinal da presença de Jeová? Como não estremecer ao lembrar-se de que até o sumo sacerdote, para não morrer ao entrar no santuário de Deus, teve de se envolver com uma nuvem de incenso? Mas os discípulos podiam ficar tranquilos; a nuvem não era mais para eles a morada do Jeová de Israel, mas a casa do Pai. A presença de Cristo com eles na nuvem foi o meio de revelar-lhes o nome d’Aquele que nela habitava. Eles se tornaram companheiros não apenas do Filho do homem em Sua glória, como Moisés e Elias, mas do Filho na casa do Pai. Habitar na glória é, de fato, uma bênção futura que nem mesmo um dos santos alcançou, nem mesmo os que já adormeceram; habitar na casa do Pai é tanto uma porção presente como futura. Se posso dizer, ao falar do futuro, “[...] e habitarei na casa do SENHOR para todo o sempre” (Sl 23:6 – ARA), eu também posso clamar, ao falar do presente: “Uma coisa pedi ao SENHOR e a buscarei: que possa morar na Casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do SENHOR e aprender no Seu templo” (Sl 27:4). O filho pródigo foi levado para a casa do Pai quando foi convertido; vestido com o melhor manto e com a dignidade de um filho, foi lhe dado participar de todos os bens do Pai e da alegria que Ele tinha em comunicá-los ao filho. Esta casa é a morada secreta da comunhão.Muitas coisas atraíram o olhar dos discípulos na transfiguração: o rosto de Cristo brilhando como o sol; Sua vestimenta branca como a luz; Moisés e Elias, dois homens célebres, aparecendo em glória. Não havia nada disso na nuvem. Assim como Paulo não disse nada sobre o que ele poderia ter visto quando foi arrebatado ao paraíso, os discípulos não viram nada na nuvem, pois Moisés e Elias desapareceram. Mas isso aconteceu para que os discípulos pudessem dar atenção total a uma palavra na qual toda a mente de Deus está resumida: “Este é meu Filho amado; a Ele ouvi” (Lc 9:35).
Pedro esqueceu a preeminência de Cristo quando viu Moisés e Elias. Ele disse: “Façamos três tendas”. Ele queria colocar a lei e os profetas no mesmo nível de Cristo, associando-os a Ele, e há muitos Cristãos que, inconscientemente, fazem o mesmo. Pobre Pedro! Quão indigno ele se mostrou da visão! Sua linguagem, seu sono e seu medo traíram o estado de sua alma, e quanto mais a perfeição de Jesus brilhava, mais as imperfeições de Pedro se multiplicavam. Constatamos isso a cada passo, até que ele tenha se julgado completamente. O Espírito dá poder; a carne o priva disso. O Espírito ilumina seu entendimento; a carne mostra sua ignorância, sobretudo, a respeito da cruz. O Espírito dirige seu olhar para a glória do reino; a carne rebaixa essa glória ao nível do homem decadente. A mesma coisa aconteceu na cena do tributo em dinheiro, na ceia, no Getsêmani e na corte do sumo sacerdote, até que Pedro aprendesse o que é a carne e recebesse poder do alto. A glória excelente, longe de repelir os discípulos, atraiu-os a Cristo e os pôs a Seus pés como discípulos, dizendo-lhes: “A Ele ouvi”. Assim, Pedro, com os demais, foi levado a desfrutar dos pensamentos do Pai para com o Filho do Seu amor, e a casa do Pai foi o cenário dessa revelação. Os discípulos, como já dissemos, ouviram uma palavra, a breve expressão do que a presença do Filho suscitou dos lábios do Pai, mas é uma palavra que nos deixa entrar no segredo do Seu coração: “Este é meu Filho amado; a Ele ouvi”.
Christian Friend, Vol. 17
Este Mesmo Jesus
Em Atos 1:9-11, encontramos registrado, pelo Espírito Santo, um relato da ascensão de nosso Senhor Jesus Cristo ao céu. Se juntarmos essa passagem com o que lemos em Lucas 24:50-51, descobrimos que este evento ocorreu em Betânia, pois diz: “E levou-os fora, até Betânia [...] e [...] Se apartou deles”. Geograficamente, Betânia ficava cerca de três quilômetros a leste de Jerusalém, na encosta leste do Monte das Oliveiras, na estrada para Jericó. Quando nosso Senhor subiu de volta ao céu, lemos que “uma nuvem o recebeu, ocultando-O a seus olhos” (At 1:9). Mas então os discípulos, que estavam olhando para o céu, viram dois homens em trajes brancos (evidentemente anjos), que lhes deram uma promessa preciosa: “Este mesmo Jesus […] virá da mesma maneira que O vistes ir para o céu” (v. 11 – KJV). A qual evento isto se refere?
Na Palavra de Deus, encontramos dois outros versículos que se referem à volta de nosso Senhor, ambos usando a palavra “nuvem” ou “nuvens”. Quando essa palavra é usada na Escritura, com muita frequência, e talvez na maioria das vezes, é indicativa da presença divina. Em 1 Tessalonicenses 4:17, onde Paulo nos dá detalhes sobre o arrebatamento dos santos, somos informados que “depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor”. Então, em Apocalipse 1:7, referindo-se à volta de nosso Senhor a este mundo para julgamento, lemos: “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da Terra se lamentarão sobre Ele. Sim! Amém!”. Esses dois eventos são distintos e são separados por pelo menos sete anos. A qual deles o Espírito de Deus se refere em Atos 1?
O reino a Israel
Quando nosso Senhor ressuscitou dentre os mortos, os discípulos evidentemente não tinham certeza de como os eventos neste mundo se desenvolveriam, e sendo judeus piedosos, eles perguntaram a Ele: “Senhor, restaurarás Tu neste tempo o reino a Israel?” (At 1:6). Mas a resposta de nosso Senhor foi: “Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo Seu próprio poder” (v. 7). As palavras “tempos e estações” referem-se a eventos neste mundo, e nosso Senhor não iria revelar tudo isso aos Seus discípulos naquele momento. Deus, de fato, permitiria que o evangelho fosse pregado à nação de Israel, a partir de um Cristo ressurreto em glória, pelo poder do Espírito de Deus. Como consequência da ascensão de Cristo, o Espírito Santo desceria para habitar nos crentes na Terra, e em Seu poder mais uma oportunidade seria oferecida aos judeus. Mas o Senhor sabia muito bem que eles enviariam uma mensagem após o Senhor Jesus, no apedrejamento de Estêvão, dizendo: “Não queremos que Este reine sobre nós” (Lc 19:14). Depois que isso aconteceu, tudo estava acabado para os judeus naquele momento, embora Paulo e outros com ele continuassem a pregar para eles em primeiro lugar, dando-lhes todas as chances de crer no evangelho. Mais tarde, também, Paulo poderia dizer aos tessalonicenses: “Irmãos, dos tempos e das estações, não necessitais de que se vos escreva” (1 Ts 5:1). Àquela altura, tudo estava claro, pois Paulo deveria “completar a Palavra de Deus” (Cl 1:25 – JND). Na verdade da assembleia, que foi dada a Paulo, todos os conselhos de Deus foram revelados. Mas, antes de Paulo entrar em cena, os discípulos não estavam totalmente esclarecidos quanto a todos os eventos que aconteceriam na Terra.
Contudo, uma coisa era clara: o Senhor Jesus tinha dito a eles, em João 14 que se Ele fosse embora, Ele voltaria e os receberia para Si mesmo. No entanto, o relato em Atos 1 não corresponde exatamente à descrição de Paulo da vinda do Senhor em 1 Tessalonicenses 4. Eu sugeriria que tudo isso apenas mostra a perfeição da Palavra de Deus. A partir da descrição dada sobre a ascensão de nosso Senhor do Monte das Oliveiras, é claro que a declaração dos anjos sobre Seu retorno “da mesma maneira” refere-se ao Seu aparecimento na Terra no final da Grande Tribulação, conforme predito em Zacarias 14:4: “Naquele dia, estarão os Seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente; o monte das Oliveiras será fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um vale muito grande; metade do monte se apartará para o norte, e a outra metade, para o sul”. Depois do terrível juízo da Grande Tribulação, nosso Senhor voltará para restabelecer Sua comunhão com Seu povo terrenal e descerá no mesmo Monte das Oliveiras de onde Ele ascendeu.
A implicação moral
Entretanto, a implicação moral daquela declaração dos anjos está certamente conectada com o arrebatamento – a vinda do Senhor para nós. Se os discípulos ficaram tristes com a partida do Senhor, eles tiveram a certeza de que Ele voltaria. Por um breve momento esperavam que o reino fosse estabelecido, e assim Pedro pôde dizer-lhes: “[...] e envie Ele [Deus] a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado, o qual convém que o Céu contenha até aos tempos da restauração de tudo” (At 3:20-21). Mas como a nação judaica rejeitou o evangelho de um Cristo ressuscitado em glória, ficou claro que o reino seria adiado. Por fim, Deus permitiu que a cidade de Jerusalém fosse destruída pelos romanos. A verdadeira esperança de cada crente deveria ser que nosso Senhor viesse novamente, para recebê-los para Si mesmo, em um reino celestial. Verdadeiramente podemos dizer com Paulo: “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os Seus juízos, e quão inescrutáveis, os Seus caminhos!” (Rm 11:33). De forma alguma a declaração dos anjos aos discípulos contrariou a revelação de nosso Senhor sobre o arrebatamento em João 14. Em vez disso, Israel recebeu mais um teste, com uma promessa que teria sido realizada se eles tivessem crido. “Conhecidas por Deus são todas as suas obras desde o princípio do mundo” (At 15:18 – KJV).
W. J. Prost
Eis Que Venho! Nas Nuvens
“O próprio Senhor descerá do céu com grande alarido, à voz do arcanjo e ao som da trombeta de Deus: e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; então nós, que estivermos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, para encontrar o Senhor nos ares: e assim estaremos para sempre com o Senhor” (1 Ts 4:16-17 – KJV).
Aonde Ele vem, nos é dito claramente – “nos ares”. Se nós estivermos entre aqueles mencionados na passagem citada de 1 Tessalonicenses, então “seremos arrebatados juntamente nas nuvens, para nos encontrar com o Senhor nos ares”.
Como Ele virá nos ares? Ele descerá dos céus como o glorioso Homem ressuscitado, para chamar à casa do Pai, no alto, a companhia abençoada de todos os santos. “O próprio Senhor”, diz a Escritura, e essas palavras ganham o coração. Ele mesmo, Jesus a Quem amamos, virá.
Como Ele descerá? “Com alarido”. Este chamado da assembleia, este brado de ajuntamento, esta voz do Senhor, cada um de Seu povo, dormindo ou acordado, ouvirá, e todos responderão a ela em um momento, num piscar de olhos.
“Com a voz do arcanjo”. O homem mortal é fraco; os anjos “superam em força”; naquele dia, o mais poderoso deles repercutirá a Palavra do Senhor e verá os homens que dormem em Cristo deixar o pó da Terra e subir vitoriosamente às nuvens.
“Com a trombeta de Deus”. “Porquea trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados”. “Tragada foi a morte pela vitória”.
Mas quando serão essas coisas? “Certamente venho sem demora” (Ap 22:20). Pode parecer muito tempo, mas Ele diz: “Cedo venho”. Que nosso coração responda à Sua Palavra segura, em vigilância diária, com nosso: “Amém. Ora, vem, Senhor Jesus!”
W. T. Turpin (adaptado)
Vestido com Uma Nuvem
Em Apocalipse 10 a 11:1-14, temos uma escritura entre parênteses, na qual há dois assuntos tratados: primeiro, a ação do “anjo forte” em Apocalipse 10, e segundo, o estado do templo e de Jerusalém, junto com o testemunho das duas testemunhas, conforme Apocalipse 11:1-14.
João diz quanto ao primeiro: “E vi outro anjo forte, que descia do céu, vestido de uma nuvem; e por cima da sua cabeça estava o arco celeste, e o rosto era como o sol, e os pés, como colunas de fogo” (v. 1). Essa é a descrição pessoal deste poderoso anjo, uma descrição que certamente nos aponta para o próprio Senhor Jesus Cristo. Ele está vestido com uma nuvem, e uma nuvem está frequentemente conectada com a presença divina e, portanto, com nosso Senhor. Isso pode ser visto no Novo Testamento, bem como constantemente no Velho. No monte da transfiguração, uma nuvem encobriu tanto Ele quanto Seus discípulos (Mt 17; Lc 9). Quando Ele ascendeu ao céu, uma nuvem o recebeu fora da vista dos Seus (At 1). Quando Ele retornar à Terra, Ele virá nas nuvens do céu (Mt 24:30; Ap 1:7). Em Apocalipse 4, o arco está ao redor do trono divino; aqui está sobre a cabeça do anjo, e o arco é o símbolo da aliança eterna de Deus com a Terra (Gn 9:12-13). Ninguém, portanto, a não ser uma Pessoa divina poderia usar o arco em Sua cabeça. As duas últimas características – “Seu rosto como se fosse o sol e Seus pés como colunas de fogo” – são quase idênticas às apresentadas em Apocalipse 1:15-16. Não pode haver dúvida, portanto, quanto à identificação deste poderoso anjo com Cristo.
A abertura do livrinho
Em sua mão havia um livrinho aberto. Não um livro selado como no capítulo 5, cujo conteúdo não poderia ser conhecido até que os selos fossem rompidos, mas um livro aberto, cujo conteúdo já era conhecido. Isso, sem dúvida, se refere ao fato de que a ação de Cristo ao tomar posse da Terra e do mar, já havia sido divulgada por meio dos escritos proféticos. (Veja, por exemplo, Salmos 72; Isaías 11; 25; 60; Zacarias 14 e outras Escrituras.)
Tendo posto um pé no mar e o outro na Terra Ele “clamou com grande voz, como quando brama o leão; e, havendo clamado, os sete trovões fizeram soar as suas vozes” (v.3). O assunto desse clamor está oculto, pois quando João estava prestes a escrever o que os sete trovões haviam pronunciado, ele recebeu a ordem de selar as coisas que tinha ouvido e não as escrever (vs. 3-4). Todavia, a partir das figuras empregadas, não é difícil discernir que o clamor de Cristo e as vozes dos sete trovões expressam Sua ira, indignação e julgamento justo.
Os próximos três versículos explicam o significado da ação descrita no versículo 2: “E o anjo que vi em pé sobre o mar e sobre a terra ergueu a mão para o céu, E jurou por Aquele que vive para todo o sempre, que criou o céu e as coisas que nele há, e a Terra, e as coisas que nela há, e o mar, e as coisas que estão nele, para que não haja mais tempo: Mas nos dias da voz do sétimo anjo, quando ele começar a soar, o mistério de Deus deverá ser concluído, como ele declarou a seus servos, os profetas” (vs. 5-7 – KJV).
O direito soberano de Cristo
Na ação do poderoso anjo (o próprio Senhor) ao colocar um pé no mar e o outro na Terra, quer se trate do mar e da Terra propriamente ditos, ou se eles são figuras das “massas fluentes do povo” e dos governos ordenados da Terra, o significado é o mesmo. Fala de Cristo que desceu, após Seu longo período de paciência à destra de Deus, para tomar posse de Sua legítima herança (veja Mt 28:18; 1 Co15:24-28; Hb 2). Deve-se observar também que Ele toma posse, não apenas em função do Seu direito adquirido por meio de Sua obra de redenção, mas também em virtude dos direitos soberanos do Criador. É por isso que, levantando a mão ao céu, jura pelo Deus eterno, o Criador universal. Foi o Senhor da criação quem Lhe outorgou o direito e agora Ele vem para torná-lo verdadeiro. Ele, portanto, declara que não haverá mais demora, mas que todos os julgamentos, “o mistério de Deus” (ARA), que diz respeito ao Seu trato com o mundo entre a primeira ressurreição e o aparecimento de Cristo em glória, devem agora ser concluídos, no dia da voz do sétimo anjo. Isso é a preparação para Sua vinda nas nuvens do céu, quando cada olho o verá, para estabelecer Sua soberania sobre toda a Terra.
Christian Friend, Vol. 17 (adaptado)
Uma Nuvem Branca
Em Apocalipse 11:15-18, vemos eventos proféticos na Grande Tribulação chegando ao fim. O Filho varão, arrebatado ao trono de Deus (Ap 12:5), agora retorna para o julgamento. O juízo, apresentado a nós no capítulo 14, é descrito nas figuras de uma colheita e de uma vindima. Primeiro, temos a descrição do Ceifeiro: “E olhei, e eis uma nuvem branca e, assentado sobre a nuvem, um semelhante ao Filho do Homem, que tinha sobre a cabeça uma coroa de ouro e, na mão, uma foice aguda” (v.14). Tanto a maneira de Seu advento (nas nuvens) quanto o título (o Filho do Homem) proclamam inequivocamente a pessoa do Ceifeiro. É o Jesus rejeitado, que, recusado pelos judeus como o Messias, assumiu o título mais amplo de Filho do Homem, sob o qual todas as coisas são colocadas sob Seus pés. A “coroa de ouro” não fala apenas de Sua dignidade real, mas também da glória daquela justiça divina, segundo a qual tudo será provado e julgado, enquanto a “foice” anuncia o objetivo imediato de Seu retorno. Mas, conforme quando aqui embaixo Ele tomou o lugar de servo, assim, quando Ele vier para executar o julgamento, Ele ainda ocupará a mesma posição. Por causa disso, um anjo é apresentado, “E outro anjo saiu do santuário, clamando com grande voz ao que estava assentado sobre a nuvem: Lança a tua foice e ceifa, porque é chegada a hora de ceifar, porque já a seara da Terra está madura” (v. 15 – AIBB).
A colheita
Há algo de sublime na obediência a este comando: “E Aquele que estava sentado sobre a nuvem passou a sua foice sobre a Terra, e a Terra foi ceifada” (v. 16 – ARA). Quanto ao caráter do julgamento, dois ou três pontos podem ser notados. É a Terra que é ceifada e, portanto, são os homens como homens que estão em questão, não a nação judaica. Em segundo lugar, o anjo que clamou Àquele que estava sentado na nuvem: “Toma a tua foice e ceifa”, saiu do santuário. O julgamento, portanto, deveria proceder de acordo com o caráter revelado d’Aquele a Quem pertencia àquela habitação. Tendo esses pontos em mente, é facilmente compreendido que este julgamento (a colheita) é de caráter discriminatório, juntando o trigo em Seu celeiro e queimando a palha com fogo inextinguível.
A vindima
A cena que se segue, embora relacionada à anterior, tem um caráter diferente. “Então, saiu do santuário, que se encontra no céu, outro anjo, tendo ele mesmo também uma foice afiada. Saiu ainda do altar outro anjo, aquele que tem autoridade sobre o fogo, e falou em grande voz ao que tinha a foice afiada, dizendo: Toma a tua foice afiada e ajunta os cachos da videira da Terra, porquanto as suas uvas estão amadurecidas! Então, o anjo passou a sua foice na Terra, e vindimou a videira da Terra, e lançou-a no grande lagar da cólera de Deus” (vs. 17-19 – ARA). Não há dúvida de que o anjo que executa o julgamento, embora não seja nomeado, também é o Filho do Homem. Mas Ele é visto aqui apenas como um anjo, porque Ele vem como o instrumento divino da vontade de Deus para julgar a videira da Terra. Neste caso, Ele sai para este propósito do santuário, da presença imediata de Deus. Ele é visto como o Filho do Homem quando o julgamento é referente aos gentios, mas aqui, como um Anjo quando particularmente os judeus estão em vista. A figura da videira é familiar. Israel era uma videira tirada do Egito e plantada em Canaã (Sl 80), mas quando Deus esperava que produzisse uvas boas, nada foi encontrado a não ser uvas bravas (Is 5:1-7). Foi por causa disso que o próprio Cristo substituiu Israel como a videira diante de Deus. Ele se tornou a videira verdadeira, da qual os Seus são os ramos (Jo 15). A videira da Terra, portanto, será aquela que deveria ter dado fruto para Deus; é o judaísmo apóstata, com o qual os gentios serão aliados.
O lagar
O caráter do julgamento é exibido pelas palavras, “o grande lagar da ira de Deus”. É, portanto, um julgamento implacável (ver Is 63:1-4) aos adversários do Messias em conexão com o estabelecimento de Seu reino. Mais uma coisa deve ser extraída do último versículo: “E o lagar foi pisado fora da cidade, e saiu sangue do lagar até os freios dos cavalos, pelo espaço de mil e seiscentos estádios” (v 20). O termo “fora da cidade” indica, sem dúvida, que os arredores de Jerusalém será o local desta vingança absoluta. Com isso o profeta Joel concorda (assim como Isaías e Zacarias), que parece combinar em um versículo (Jl 3:2-13) os julgamentos da colheita e da vindima. Ele especifica o vale de Josafá como o lugar onde as nações serão julgadas, bem como os judeus apóstatas com os quais estarão associados. O terrível caráter da vingança daquele dia é visto na espantosa, embora simbólica, declaração a respeito do sangue que saiu do lagar, alcançando os freios dos cavalos e se estendendo por 1.600 estádios; isto é, como alguns observaram, em toda a extensão da terra de Israel.
E. Dennett (adaptado)
Poema:
Apenas Um Dia Comum
“Depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor”. Portanto consolai-vos uns aos outros com estas palavras” (1 Ts 4: 17-18).
Nalgum tempo, algum dia comum passando, Pode ser num dia agitado – com as lutas que travamos Ou de tarefas banais – com elas nos ocupando Que pouco nos importamos e n’Ele pouco pensamos.
Nenhum indício haverá, no dia que está chegando, Nada, nenhum sinal, nem címbalo reverberando; Nenhum rufar de tambores, pois dia normal será Mas será, então, o dia, em que nosso Senhor virá.
Hino:
1.Se buscarmos andar, tendo em Ti nosso olhar,
Nossa senda luzente há de ser;
Se seguirmos Senhor, Teu trilhar, Teu amor,
Nós iremos a Ti comprazer.
Obedecer, sempre em Ti confiar,
É o divino caminho, que devemos trilhar.
2.Toda nuvem de cá, com poder passará,
Sob o Teu cuidadoso olhar;
Com certeza o temor, o suspiro, ou a dor,
Não irão nunca nos derrotar.
Obedecer, sempre em Ti confiar,
É o divino caminho, que devemos trilhar.
3.Não podemos gozar Teus deleites sem par,
Se no mundo buscamos prazer;
Sempre há gozo em fazer, ó Senhor, Teu querer,
Nessa senda que é obedecer.
Obedecer, sempre em Ti confiar,
É o divino caminho, que devemos trilhar.
4.Cargas vamos levar e às vezes chorar,
Mas um dia Tu nos premiarás;
Nem tristeza, nem dor, e nem cruz de amargor,
Roubarão bênçãos que nos darás.
Obedecer, sempre em Ti confiar,
É o divino caminho, que devemos trilhar.
5.Animados por Ti, nesta senda de paz
Seguiremos Teus passos na luz
Já provamos o amor, aos Teus pés, ó Senhor.
Quão precioso é andar com Jesus!
Obedecer, sempre em Ti confiar, É o divino caminho, que devemos trilhar.
“Depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor”
(1 Ts 4:17)
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