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Governos (Junho de 2021)

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ÍNDICE

O Cristão

W. J. Prost

J. N. Darby

J. N. Darby

G. Cutting

W. J. Prost

F. B. Hole

W. Kelly

Bible Searcher

R. Beacon

Bible Treasury

Bible Treasury

Bible Treasury

E. L. B.

 

Governo


Onde existe pecado, precisa haver governo. Sem ele, a Terra tornou-se tão violenta e corrupta que Deus teve que destruí-la com uma inundação e recomeçar. Para conter o homem, a espada da justiça foi colocada em sua mão. Foi dito para Noé: "Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado." (Gn 9:6). O governo envolve poder, como Pilatos disse ao Senhor Jesus: "Não sabes Tu que tenho poder para Te crucificar e tenho poder para Te soltar?" (Jo 19:10). Quando os filhos de Israel entraram em sua terra da promessa, eles tinham Quem os governava sob o título, "O Senhor de toda a Terra". Com o tempo eles O rejeitaram, querendo ser como as nações ao seu redor. Finalmente, por causa de seus pecados e recusa em se arrepender, Deus se afastou deles e os colocou sob o governo dos gentios, começando com Nabucodonosor. Sendo o pecador que é, dar poder ao homem o leva a se exaltar e se afastar de Deus para a idolatria. Qual é a resposta de Deus para a desordem que o homem fez? “Ao revés, ao revés, ao revés a porei, e ela não será mais, até que venha Aquele a quem pertence de direito, e a Ele a darei” (Ez 21:27). “Um Filho se nos deu; o governo está sobre os Seus ombros; e o Seu nome será: Maravilhoso [...] Deus Forte [...] Príncipe da Paz. Para que se aumente o seu governo, e venha paz sem fim" (Is 9:6-7 ARA). E qual é a nossa resposta à solução de Deus? "Ora, vem, Senhor Jesus!" (Ap 22:20).


O Cristão

 

Governo na Terra


Parece claro, pela Palavra de Deus, que não havia governo na Terra até depois do dilúvio de Noé. Em vez disso, lemos que, "a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente" (Gn 6:5). Mas Deus iria provar o homem sob diferentes formas de Sua ordenação, para ver se havia algo de bom no homem caído. Não porque Deus precisasse ser convencido da ruína total do homem; antes, Deus provaria ao homem qual era sua real condição.


Assim, depois do dilúvio, lemos que, "Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a Sua imagem" (Gn 9:6). Não parece que Deus especificou qualquer forma particular de governo; Ele simplesmente o estabeleceu como um freio aos desejos pecaminosos do homem. Podemos notar, no entanto, que Deus viu em Noé, como chefe de sua família, o líder na execução do governo na Terra renovada. Deus sabia que mesmo a lembrança do terrível julgamento do dilúvio não restringiria o mal no mundo, pois "a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice" (Gn 8:21). Mas o homem, na pessoa de Noé, falhou quase imediatamente, e então mais tarde, o orgulho exibido na construção da torre de Babel, tornou necessária a confusão da linguagem do homem. Isto foi o começo das nações na Terra.


Cidades-estado e pequenas nações


No mundo antigo, havia cidades-estado e pequenas nações, governadas principalmente por reis, embora nações maiores, como o Egito, gradualmente subissem ao poder. Deus, então, escolheu a nação de Israel, que inicialmente era governada pelo próprio Senhor, por meio de homens escolhidos a quem Ele levantou. Mas Israel rejeitou o governo de Deus e insistiu em ter um rei, querendo ser como as outras nações ao seu redor. Naquela época o Senhor lembrou a Samuel: "[...]pois não te tem rejeitado a ti; antes, a mim Me tem rejeitado, para Eu não reinar sobre ele" (1 Sm 8:7). Por fim, Israel falhou sob os juízes, profetas, sacerdotes e depois sob os reis. A história deles, como nação soberana, terminou com a palavra “Lo-Ami “(não Meu povo) sendo escrita sobre eles.


As nações gentias


Seguiu-se, então, os tempos dos gentios, quando o poder e a autoridade no mundo lhes foram confiados. Babilônia, sob Nabucodonosor, foi a primeira nação e é descrita na estátua de Daniel 2 como "a cabeça de ouro". Em grande parte, isso se devia ao fato de Nabucodonosor ser um governante supremo, cuja vontade e palavra podiam sobrepor-se às de todos os demais. Outros governos que se seguiram (como o medo-persa, o grego e o romano) eram de constituição inferior, pois normalmente a vontade de outros entrava no governo.


Ao longo da duração dos “tempos dos gentios” (os tempos em que ainda vivemos), o homem tem tentado várias formas de governo, sempre procurando encontrar algo que funcione perfeitamente. Tais governos geralmente têm sido imperialistas ou democráticos, mas nenhuma das duas formas têm funcionado bem. Os governos imperialistas, embora geralmente tenham um governante supremo, frequentemente têm um pequeno grupo de pessoas que cercam o governante supremo e que também detém o poder. Em sua disputa por influência, o ego assume o controle e a opressão do povo é o resultado mais comum.


Governo democrático


As formas democráticas de governo podem parecer funcionar, mas, como alguém observou, "democracia é liberdade de escolha, mas é a liberdade de serviço autoescolhido e de sacrifício autoimposto". A democracia, de um modo geral, tem funcionado desde que uma porcentagem razoável das pessoas tenha integridade moral, e a influência do Cristianismo no mundo tem muito a ver com isso. Mesmo em nações que não abraçaram amplamente o Cristianismo, a moralidade cristã e o altruísmo surtiram efeito e, portanto, possibilitaram a sobrevivência de formas democráticas de governo. No entanto, isso começou a mudar durante os últimos 50 anos ou mais, e como a Palavra de Deus foi gradualmente removida do domínio público, o impacto da moralidade e virtude cristãs diminuiu. Tal como acontece com os governos imperialistas, o interesse próprio tem sido cada vez mais característico do governo nas democracias ocidentais. Além disso, muitos reconhecem que as administrações democráticas hoje têm estado quase paralisadas e ineficazes, pois procuram satisfazer os interesses amplamente diferentes daqueles que os elegem. Em vez de integridade moral e retidão, a corrupção se instalou, causando mais desilusão ao eleitorado, cuja moralidade geralmente não é melhor do que a de seu governo. Em vez de um forte senso de certo e errado, baseado na irrefutável Palavra de Deus, uma atitude egocêntrica se desenvolveu gradualmente. Assim, as decisões do governo são baseadas em: "O que me tornará popular junto ao eleitorado e me fará eleito novamente?” Entre o eleitorado, a atitude muitas vezes é: "O que isso traz para mim"? em vez de: "O que é certo e o que é para o bem do país"?


É reconfortante saber que o Senhor está acima de toda essa aparente confusão, pois lemos em Daniel 4:17 que, "o Altíssimo tem domínio sobre os reinos dos homens; e os dá a quem quer e até ao mais baixo dos homens constitui sobre eles". A história dos tempos dos gentios mostra claramente que, na maioria das vezes, Deus cumpriu Seus propósitos ao permitir que o mais vil dos homens governasse.


A ascensão da besta


Pelo menos no Ocidente, eventualmente, tudo isso culminará com a ascensão da besta, o chefe do Império Romano revivido, que terá autoridade suprema, mas de uma forma perversa. Em sua associação com o anticristo, ele controlará o mundo ocidental por um curto período. Mas Deus terá a palavra final. Como lemos em Daniel, "Estavas vendo isso, quando uma pedra foi cortada, sem mão, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro e os esmiuçou. Então, foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o cobre, a prata e o ouro, os quais se fizeram como a pragana das eiras no estio, e o vento os levou, e não se achou lugar algum para eles; mas a pedra que feriu a estátua se fez um grande monte e encheu toda a terra" (Dn 2:34-35). A pedra é, obviamente, nosso Senhor Jesus Cristo, que em Sua manifestação destruirá todos os reinos dos homens e instituirá um governo justo na Terra durante o Milênio. Então, por 1.000 anos, o homem viverá sob um regime perfeito e justo, com prosperidade e justiça.


O milênio


Mas o homem ficará satisfeito com isso? Não! No final daquele Milênio maravilhoso, Satanás será solto novamente e instigará uma rebelião contra Cristo que assumirá proporções terríveis. Os números envolvidos serão “como a areia do mar” (Ap. 20:8), enquanto procurarão derrubar o único governo justo que o mundo já teve. Mas eles serão destruídos, pois "desceu fogo do céu e os devorou" (Ap 20:9).


Em seguida, virá o que muitas vezes é chamado de “Estado Eterno”, onde Deus será “tudo em todos”, onde o pecado será banido para sempre e onde nenhum governo será necessário. O reino de Deus em seu pleno efeito moral estabelecido, porém nenhum reino de governo evidente. Haverá "novos céus e nova terra, em que habita a justiça" (2 Pe 3:13).


Por enquanto, Deus reconhece até mesmo governos injustos e ordena que Seu povo os obedeça, a menos que eles nos ordenem que façamos o que desonra a Deus (Rm. 13:1-2). Mas, nas palavras de um hino: "Esperamos por Ti, ó Filho de Deus, e ansiamos pela Tua Aparição!" (Hino nº 325, Hinário Little Flock).


W. J. Prost

 

O Fracasso de Israel Sob Governo


Eli era o sumo sacerdote, o juiz e chefe de Israel, mas a glória de Israel foi lançada por terra (1 Sm 4:11), a arca de Deus foi tomada, e os dois filhos de Eli, Hofni e Fineias, foram mortos. Nos versículos 18-21, o próprio Eli morreu, e sua nora chamou a criança que nasceu dela, Icabô, dizendo: "Foi-se a glória de Israel, porquanto a arca de Deus foi levada presa e por causa de seu sogro e de seu marido".


Depois disso, Deus levantou Samuel, o primeiro dos profetas, e governou Israel por ele, mas Israel logo o rejeitou (1 Sm 8:7-8). "E disse o SENHOR a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te disser, pois não te tem rejeitado a ti; antes, a Mim Me tem rejeitado, para eu não reinar sobre ele. Conforme todas as obras que fez desde o dia em que o tirei do Egito até ao dia de hoje, pois a Mim Me deixou, e a outros deuses serviu, assim também te fez a ti". Foi então que Deus "deu-lhes um rei em Sua ira", e sabemos o que aconteceu ao rei da escolha do povo. O julgamento é pronunciado: "Porém Samuel disse a Saul: Não tornarei contigo; porquanto rejeitaste a palavra do SENHOR, já te rejeitou o SENHOR, para que não sejas rei sobre Israel" (1 Sm 15:26).


Davi é levantado no lugar de Saul: Deus fez essa escolha em Seu trato em graça. Davi, uma figura de Cristo, pois ele é o pai de Cristo segundo a carne, foi o presente de Deus para Israel. Assim, é unicamente pela bondade de Deus que Israel se torna rico e glorioso sob Davi e Salomão. Mas, ainda assim o povo transgrediu novamente sob esses dois príncipes: "Pelo que o SENHOR se indignou contra Salomão, porquanto desviara o coração do SENHOR, Deus de Israel" (1 Rs 11:9). No entanto, por causa da promessa de Deus a Davi, uma luz foi preservada em Judá até o tempo de Zedequias.


O desgosto do homem por Deus


É um assunto infeliz pensar nessa constante aversão do coração do homem por Deus, sob todas as condições em que ele é colocado; esta é a lição que devemos tirar da história dos filhos de Israel. Posteriormente, eles se dividiram em duas partes distintas, e as dez tribos tornaram-se totalmente infiéis. Foi na pessoa de Acaz que a família de Davi, o que tinha humanamente restado das esperanças de Israel, começou a se tornar idólatra (2 Rs 16: 10-14). O pecado de Manassés foi o golpe final em todas as suas más condutas (2 Rs 21:1-16). Tal foi, em poucas palavras, o comportamento de Israel, e mesmo de Judá, até o cativeiro. O Espírito de Deus resume a história dos crimes do povo e de Sua paciência nesta linguagem impressionante: "E o SENHOR, Deus de seus pais, lhes enviou a Sua Palavra pelos seus mensageiros, madrugando e enviando-lhos, porque se compadeceu do Seu povo e da sua habitação. Porém zombaram dos mensageiros de Deus, e desprezaram as suas palavras, e escarneceram dos seus profetas, até que o furor do SENHOR subiu tanto, contra o Seu povo, que mais nenhum remédio houve" (2 Cr 36:15-16).


Este foi o fim da existência do povo judeu na terra de Canaã, onde foram introduzidos por Josué. O nome de “Lo-Ami” (não Meu povo) foi finalmente escrito neles.


J. N. Darby (adaptado)

 

Governos Contrastantes: Israel e Gentios


Quando a queda da nação judaica foi completa, Deus transferiu o direito de governo aos gentios, mas com esta diferença: Esse direito foi separado do chamado e da promessa de Deus. Em Israel, as duas coisas estavam unidas - o chamado de Deus e o governo na Terra. Essas coisas se tornaram distintas a partir do momento em que Israel foi posto de lado. Em Noé e Abraão eles eram distintos; governo em um, chamado em outro.

Israel falhou e deixou de ser capaz de manifestar o princípio do governo de Deus, porque Deus em Israel agiu em justiça. O Israel injusto não poderia mais ser o depositário do poder de Deus.


O chamado terrenal de Israel


Mesmo assim, quanto à vocação terrenal, Israel continuou a ser o povo chamado, "porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis" (Rm 11:29 ARA). De fato, existem aqueles que são chamados de entre as nações, mas é para os céus que eles são chamados. O chamado terrenal de Deus nunca será transferido para as nações; ele permanece com os judeus. A partir do momento em que a igreja perde de vista sua vocação celestial, humanamente falando, ela perde tudo.


O que aconteceu às nações por terem o governo entregue a elas? Elas se tornaram os “animais” opressores do povo de Deus, sobre os quais é falado em Daniel, capítulo 7. O quarto império, Roma, consumou seu crime no mesmo instante em que os judeus consumaram o seu, matando Aquele que era Filho de Deus e Rei de Israel. O poder gentio está em um estado decaído, assim como o povo chamado, judeus. O homem falhou em lidar com o governo e com o chamado, e o julgamento está escrito em ambos, nas mãos do homem.


Os judeus, o povo chamado, tornaram-se rebeldes. As nações estão se tornando igualmente rebeldes, mas o governo permanece com elas, embora em estado de ruína. Mas a paciência de Deus está sempre operante, até a união da igreja com o Senhor nos lugares celestiais. O governo do quarto império ainda existirá, mas sob a influência e direção de seu último chefe, e os judeus se unirão a ele, em estado de rebelião, para fazer guerra ao Cordeiro.


A Igreja levada para o céu


No final, quando a igreja for reunida e chamada para o alto, Deus tomará as coisas em Suas próprias mãos. Ele começará a agir para restaurar tudo de acordo com Sua própria ordem. Consequentemente, assim que a igreja for recebida por Cristo, haverá uma batalha no céu, a fim de que o poder do governo seja removido de Satanás, o agente ativo dos males da humanidade e de toda a criação. Satanás será expulso do céu e lançado à Terra. Daí em diante, o poder será estabelecido no céu de acordo com a intenção de Deus.


Mas na Terra será completamente diferente, pois quando Satanás for expulso do céu, ele incitará toda a Terra e levantará, em particular, a parte apóstata dela, que se revoltou contra o poder de Cristo vindo do céu. Então, os céus criados serão ocupados por Cristo e Sua igreja, e Satanás, em grande ira sobre a Terra, terá apenas um curto período de tempo. Sob a conduta do anticristo, o quarto império se tornará a esfera na qual a atividade de Satanás será exibida, que unirá os judeus ao império apóstata contra o céu. Jesus Cristo destruirá o poder de Satanás naquele governo, o qual, vimos, foi confiado aos gentios. Tanto a besta romana quanto o Anticristo serão destruídos pela vinda do Senhor dos senhores e Rei dos reis, e Cristo ocupará o lugar principal de governo em Jerusalém, que se tornará o local do trono de Deus na Terra.


Israel restabelecido na Terra


O Senhor, então, purificará Sua terra de todos os iníquos. Isso será feito pelo poder de Cristo em favor de Seu povo, restabelecido por Sua bondade. As pessoas serão colocadas em segurança na terra, e então Cristo mostrará a Si mesmo, não como o Cristo do céu, mas como o Messias dos judeus.


A bênção para os gentios será a consequência da restauração dos judeus e da presença do Senhor. A Igreja terá sido abençoada; a apostasia do quarto império não existirá mais. O iníquo será eliminado, assim como os judeus incrédulos, e a terra de Israel estará em paz.


Posteriormente, haverá o mundo vindouro, preparado e introduzido por esses julgamentos e pela presença do Senhor, queocupará o lugar do iníquo. Todas as promessas de Deus sendo cumpridas e o trono de Deus sendo estabelecido em Jerusalém, esse trono se tornará a fonte de felicidade para toda a Terra.


O governo nos céus


Neste momento, Satanás estará preso. Em vez do adversário e seu governo nos lugares celestiais, Cristo e Sua igreja estarão lá, fonte e instrumento de bênção. O governo nos lugares celestiais será a segurança, e não o obstáculo, da bondade de Deus. A igreja glorificada encherá os lugares celestiais com sua alegria e, em seu serviço, constituirá a felicidade do mundo, para a qual será o instrumento da graça da qual desfrutará ricamente.


Enquanto isso, sobre a Terra estará a Jerusalém terrenal, centro do governo e do reino da justiça de Jeová, seu Deus. Ela será o lugar de Seu trono, o centro do exercício da justiça. Nesse estado de glória terrenal, a cidade será a testemunha do caráter de Jeová, assim como a Igreja é do Pai. Deus também efetuará toda a força deste nome – "O Deus Altíssimo, Possuidor dos céus e da terra" (Gn 14:19 JND). Cristo cumprirá todas as funções de Sumo Sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque que, depois da vitória conquistada sobre os inimigos do povo de Deus, bendisse seu Deus em nome do povo e o povo em nome de Deus (Gn 14:18-20). A verdadeira separação do mundo deve ser o fruto do entendimento de todas essas profecias!


J. N. Darby (adaptado)

 

Governo Gentio e Seu Final


Há uma grande diferença entre legislar e governar. A lei expressa a vontade de um governante; o governo exige cumprimento. Após o dilúvio de Noé, Deus instituiu o governo; a partir do qual a violência deveria ser contida e a vida humana deveria ser respeitada. "Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado" (Gn. 9:6). A inquisição por sangue foi colocada nas mãos do homem, e Deus o apoiou nisso.


A necessidade de governo


A necessidade de governo aponta para seu uso: a contenção da ilegalidade e o apoio àquilo que é correto. "Sujeitai-vos, pois, a toda ordenação humana por amor do Senhor; quer ao rei, como superior; quer aos governadores, como por Ele enviados para castigo dos malfeitores e para louvor dos que fazem o bem" (1 Pe 2:13-14).


Para apreciar corretamente o presente uso do governo por parte de Deus, devemos ter em mente que é apenas uma provisão temporária até que o cetro seja dado ao "Príncipe da Paz". "Seu reino não terá fim" (Lc 1:33). Nesse ínterim, Deus tem dois objetos de interesse na Terra - Israel e a Igreja. Mas Israel, a semente natural de Abraão, deve esperar até que a Igreja seja reunida em casa. Paulo podia dizer: "O Senhor [...] guardar-me-á para o seu Reino celestial" (2 Tm 4:18). Mas um remanescente da nação judaica será preservado para o reino terrenal.


Até que Seus desígnios para ambos sejam cumpridos, Deus fará com que o mundo seja mantido em uma medida de ordem, embora, se achar necessário, Ele pode permitir perseguições, conflitos nacionais ou levantes comerciais para impedir que tanto os judeus como a Igreja se estabeleçam aqui na Terra, pois, nenhum deles ainda está na posição para a qual foram destinados. O lugar de Israel é Canaã; a casa da Igreja é o céu, e Deus está nos bastidores agindo por ambos.


O ideal de Deus no governo


O ideal de Deus no governo é ter todo o poder colocado nas mãos de um homem - o único Cabeça (Ef 1:10; Sl 2:6-8). Ele deu a Nabucodonosor o controle absoluto, mas em vez de usá-lo para a glória de Deus e a bênção do homem, ele usou tal controle para sua própria glória e destruição do homem. Em pouco tempo o domínio absoluto será dado a outro homem - Cristo. Então a vontade de Deus "será feita na terra como é no céu", e "os homens serão abençoados n’Ele" (Sl 72:17,19).


Considere a estátua no sonho de Nabucodonosor. Nela, vemos num relance todo o propósito do governo gentio como Deus previu até o seu fim. Quatro potências imperiais são representadas na estátua pelos quatro materiais principais que a formam (Dn. 2:38-43). A cabeça é de ouro fino, o peito e os braços de prata, o tronco e as coxas de cobre, as pernas de ferro, com uma combinação de "barro de oleiro" na extremidade mais baixa — "seus pés parte de ferro e parte de barro" (v. 33).


A cabeça de ouro


O poder de Nabucodonosor foi absoluto. Ouro fino representa isso (Dn 2:38; 5:18-19). "Tu és a cabeça de ouro." Os poderes posteriores vão ficando cada vez mais inferiores, até os dedos dos pés. É importante notar isso, pois podemos medir a presente posição do governo gentio apenas à luz do verdadeiro segredo de seu declínio.


Diz-se de Nabucodonosor, rei da Babilônia, "A quem queria matava e a quem queria dava a vida" (Dn 5:19). Mas Dario o medo-persa não tinha tal autoridade suprema. Ele tentou ao máximo libertar Daniel da cova dos leões, mas falhou (Dn 6). Por quê? Pela interferência de outros interesses. Esse princípio tem se desenvolvido gradualmente desde sempre, até hoje não são poucos os interesses apoiados por consentimento real (ou outro chefe de estado), mas milhões de interesses - fortes e fracos (ferro e barro). Esses interesses estão fazendo sua voz ser ouvida por representação, para fazer leis que se adéquem a eles mesmos, e as quais o rei (chefe de estado) deve colocar seu selo! “Quando os súditos governam e os reis se submetem, nós estamos nos aproximando do exato oposto do ideal de Deus e, de acordo com a estátua, o fim do governo gentio”


Mas, pare aqui um momento para notar uma coisa. A figura do “barro de oleiro” está associada na Escritura com a supremacia da vontade de Deus sobre o homem. "Não tem o oleiro poder sobre o barro?" (Rm 9:21), Deus terá a última palavra; Aquele que estabeleceu o governo gentio irá, em Seu próprio tempo, colocá-lo de lado para sempre. É quando a extremidade máxima da "estátua" é alcançada, que a "pedra cortada sem mão" destruirá completamente a estátua inteira, e os átomos serão levados como palha (Dn 2:35).


A pedra


A pedra que fere a estátua encherá toda a Terra. Davi nos Salmos (Sl 118:22), Isaías (Is 8:14-15), e os apóstolos Pedro (At 4:11-12) e Paulo (Rm 9:33), todos declararam que a “Pedra” é Cristo. E isso é confirmado pelo próprio Senhor, pois Ele diz: "[...]e aquele sobre quem ela [Pedra] cair, será feito em pó" (Lc 20:18).


Se ter comunhão com a estátua e a “Pedra” será uma impossibilidade absoluta portanto, por que tentar isso agora? Gastar o nosso melhor naquilo que certamente será demolido não é verdadeira sabedoria e só pode diminuir nosso interesse pelo Reino "que jamais será destruído" (Dn 2:44). É muito melhor seguir o conselho do bendito Salvador: "Buscai primeiro o reino de Deus, e a Sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas" (Mt 6:33). Uma grande ajuda para isso é ver a importância do sonho de Daniel no capítulo 7 do seu livro.


O sonho de Daniel


Neste sonho, os mesmos quatro poderes são apresentados a nós, mas dessa vez sob a figura de quatro animais. O "animal" neste contexto é o símbolo de Deus do governo terrenal, mas a figura não tem a intenção de sugerir qualquer desprezo pessoal pelo próprio rei (ou governante), pois Deus diz: "Honrai o rei" (1 Pe 2:17). Os primeiros três poderes são claramente identificados: babilônico, medo-persa e grego. O quarto e último, o Império Romano, é identificado no Novo Testamento (Lc 2:1). Esse poder prevaleceu durante a vida do Senhor e de Seus apóstolos. Foi criado um pouco antes da primeira Aparição de Cristo e será encerrado por Sua segunda Aparição. Esse grande império foi dividido em muitos reinos, mas será novamente unido sob um chefe político, chamado em Apocalipse 13 de besta que emerge do "mar". A massa saudará de bom grado seu advento como o homem certo que estavam procurando!


Os animais


Na “estátua” de Daniel 2, o pensamento proeminente parece ser a soberania da vontade de Deus no governo terrenal. Nos "animais", é mais a devastação da vontade do homem. O símbolo é simples. Com exceção do quarto animal, eles são todos animais predadores: impuros, mas com poder de dominar.


Um animal segue naturalmente a inclinação de sua própria vontade, sem qualquer referência a Deus, ou mesmo ao homem, a não ser para sua própria proteção. O próprio Senhor fornece-nos uma chave para o entendimento dessa figura de um animal. O juiz injusto em Lucas 18 "nem temia a Deus, nem considerava o homem", e um juiz é claramente representante do poder governante. Por questão judicial, o juiz ignorou o recurso da viúva. Foi só quando ela lhe importunou, que ele interferiu por ela. Quanto à motivação, ele quis servir a si mesmo; como resultado, ele a serviu. Assim acontece com esse símbolo de Deus.


Os homens no poder podem pensar que suas políticas servem seus próprios fins. Mas eles esquecem que, muito antes do esquema deles ser pensado, Deus tinha Seus próprios desígnios secretos para o futuro. Por meio da vinculação oculta com o plano deles, pode dar cumprimento aos Seus próprios desígnios. “Se os poderes governantes não realizarem, por escolha, a vontade de Deus conscientemente, eles deverão, pela força de suas próprias vontades, realizá-la inconscientemente”.


As regras mais elevadas


Se os governantes são homens tementes a Deus, tanto melhor, mas enquanto as coisas estão em desordem, Deus não se limita a homens bons para o governo terrenal. "O Altíssimo tem domínio sobre os reinos dos homens, e os dá a quem quer, e até ao mais baixo dos homens constitui sobre eles" (Dn 4:17). Como exemplo, sabemos que uma das maiores bênçãos da história britânica veio para a nação por meio de um dos mais indignos de seus reis. Quando, para seus próprios fins, Henrique VIII desafiou a autoridade papal, a própria Bíblia, que condenava sua maldade, foi aberta a milhões de seus súditos. Pela vontade de Deus, por mais sombrio que fosse o motivo do monarca, o resultado brilhante foi uma Bíblia aberta e plena liberdade para lê-la. "Como ribeiros de águas, assim é o coração do rei na mão do SENHOR: a tudo quanto quer o inclina" (Pv 21:1).


Ainda que seja uma combinação de poderes, é tudo o mesmo. Se dez reis finalmente se unirem para dar seu poder à besta e destruir a prostituta, será porque Deus colocou no coração deles cumprir Sua vontade (Ap 17:16-17). Foi assim com nosso bendito Senhor. "[...] se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel." Eles fizeram isso para seus próprios fins perversos, mas nos desígnios de Deus tudo aconteceu para "fazerem tudo o que Tua mão e Teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer" (At 4:27-28). Em todas as coisas é assim: "quem quer que Ele queira", "para onde quer que Ele queira", e “tudo o que Ele predeterminar".


G. Cutting (adaptado)

 

O Fracasso do Governo Hoje


Em outra parte desta edição de O Cristão, comentamos sobre o fracasso do governo nas mãos do homem ao longo dos tempos. Mas agora estamos verdadeiramente no que a Escritura chama de “últimos dias” - dias que são descritos como “tempos trabalhosos” (2 Tm 3:1). De fato, houve tempos complexos no passado, mas Deus em Sua graça permitiu restabelecimentos. No entanto, é um princípio de Deus que a luz rejeitada sempre traz um estado de coisas pior do que se a luz nunca tivesse sido dada. A luz de Deus, nesta dispensação da graça, excedeu em muito qualquer outra que já foi dada ao homem antes, e assim, quando esta luz for abandonada, a devastação resultante será pior do que qualquer coisa vista antes. A descrição dos últimos dias dada em 2 Timóteo 3:1-8 não descreve o mundo pagão; não, é a Cristandade que agora tem "uma aparência de piedade", mas nega o poder dela. E como a Cristandade teve uma influência para o bem neste mundo, então, nestes últimos dias, seus males também afetam o mundo inteiro.


Democracia


Isso nos traz de volta à questão do governo e seu fracasso hoje. Alguém disse com propriedade que, em uma democracia, as pessoas geralmente obtêm o caráter do governo que merecem. Há uma grande medida de verdade nessa afirmação, pois aqueles que são eleitos refletem os valores e a moral daqueles que exercem o voto. Como exemplo disso, em um país ocidental, um líder que fez campanha há alguns anos contra um governo corrupto e incompetente perdeu a eleição, não porque alguém questionasse sua competência para governar, mas por causa de seu “conservadorismo social”. Suas visões conservadoras (e bíblicas) sobre questões como aborto, homossexualismo e casamento entre pessoas do mesmo sexo, não combinavam com muitos e, portanto, ele foi rejeitado. Essa tendência tem sido geral nas democracias ocidentais, embora alguns países sejam mais afetados do que outros. Alguém escreveu o seguinte sobre os EUA:


"Os sinais mais óbvios de decadência moral na América são a prevalência de nascimentos fora do casamento, a separação de famílias, a amoralidade da educação pública e a erupção de atividades criminosas. Mas também há outros sinais: o declínio da civilidade, a falta de integridade na vida pública e privada e o crescimento do litígio como a principal forma de resolver disputas”.


O mesmo autor também escreveu o seguinte:


"Não se pode culpar o governo por todos os males da sociedade, mas não há dúvida de que a legislação econômica e social dos últimos 50 anos teve um impacto negativo sobre a virtude. Os indivíduos perdem sua postura moral quando se tornam dependentes do bem-estar, quando são recompensados por terem filhos fora do casamento e quando não são responsabilizados por seus atos. A bússola moral interna, que normalmente orienta o comportamento individual, não funcionará mais quando o estado minar os incentivos para a conduta moral e obscurecer a distinção entre certo e errado”.


A queda do Império Romano


Uma situação semelhante se desenvolveu na Europa. Um autor europeu, escrevendo há pouco mais de dois anos, fez uma comparação entre a queda do Império Romano e a condição atual da Europa. Ele ressaltou que o Império Romano caiu porque era corrupto; corrupção moral era o conceito essencial. Os princípios da lei foram contornados ou francamente ignorados. Todos cuidavam de seus interesses pessoais e negligenciavam totalmente o povo em geral. Ele, então, observou que os romanos daquela época não se sentiriam desorientados na atual União Europeia. Outro autor escreveu a respeito da União Europeia:


"A verdadeira educação começa com o conhecimento de Deus, mas [na Europa] isso está sendo substituído por uma agenda secular que ensina justiça social, neutralidade de gênero [...] inclusão sexual, direitos LGBT, aborto sob demanda, um estado de bem-estar, direitos, reescrita da história Cristã [...] e outras ideologias de esquerda.


A educação europeia rejeitou completamente os valores judaico-cristãos que lhes foram legados durante a Reforma Protestante. Os grandes princípios Cristãos da Reforma moldaram a paisagem europeia, mas os liberais modernos hoje, estão descrevendo o período da Reforma como um tempo de discriminação, ódio, racismo, escravidão, homofobia, misoginia, colonialismo, genocídio e anarquia”.


A finalidade do governo


Poderíamos continuar, mas essas citações são suficientes para vermos para que lado as coisas estão indo. Na Palavra de Deus, lemos que o governo é um "ministro de Deus e vingador para castigar o que faz o mal" (Rm13:4). Na medida em que os governos cumprem esse mandato, podemos ser gratos, pois é o governo estabelecido por Deus que é referido em 2 Tessalonicenses 2:6: "Vós sabeis o que o detém". Mesmo os homens maus gostariam que o mal alheio fosse controlado, deixando-os livres para praticar seus próprios erros.


As citações acima refletem a tremenda mudança nos padrões morais do mundo ocidental durante os últimos 50 anos, e isso, é claro, se refletiu no governo. No entanto, por algum tempo, os valores morais bíblicos que moldaram a cultura, a constituição e as leis do ocidente foram pelo menos “falados”, mesmo que esses valores não fossem seguidos de maneira prática na sociedade em geral. Mas nos últimos 20 anos ou mais, vimos esses velhos valores quase completamente descartados. Princípios de conduta imorais e corruptos foram consagrados na lei, e aqueles que se opõem a tudo isso são rotulados como intolerantes e culpados de "crimes de ódio".


Em tudo isso, vemos o que pode ser chamado de círculo vicioso. À medida que a moralidade do povo declina, o mesmo acontece, inevitavelmente, com a moralidade do governo. Porém, quando o governo promulga leis adequadas às pessoas que governam, o resultado é um declínio ainda maior.


Governos dominantes


Até este ponto, nos concentramos nas democracias ocidentais, mas também estamos vendo mudanças nos governos imperialistas ou "governos dominantes". Apesar das tendências ateístas de muitos desses governos totalitários, como já observamos, a Cristandade teve um efeito benéfico no mundo. O homem não pode negar inteiramente sua consciência. Aqueles que defenderam com firmeza os absolutos de certo e errado impunham respeito, mesmo que não fossem imitados. Mas agora a falta de princípio entre muitos na Cristandade está tendo um efeito adverso nas nações ateístas e pagãs. A falta de retidão exibida pelo ocidente encorajou outros governos a agirem em seus próprios interesses, sem consideração pela moralidade.


Desnecessário dizer que todo o mau comportamento dos governos totalitários não pode ser atribuído ao ocidente. Os chamados "governos dominantes" sempre tenderam a agir sem levar em conta o certo e o errado, mas o declínio da Cristandade e seu efeito sobre os regimes despóticos acelerou essa tendência. A agressividade dos governos ditatoriais e o caráter degenerado das democracias, combinados com o poder terrível das armas disponíveis hoje, produziram um mundo muito perigoso e instável.


Ao falar sobre o caráter maligno dos últimos dias, Paulo escreve: "Não irão, porém, avante" (2 Tm 3:9). Deus intervirá, embora possa suportar a iniquidade por muito tempo. Mas quando isso estiver totalmente maduro [como a seara em Ap 14:15], Deus o julgará e instituirá um governo justo. Isaías profetizou: "e venho [diz o Senhor] para ajuntar todas as nações e línguas; elas virão e contemplarão a minha glória" (Is 66:18 ARA). Hoje os governos e os homens envolvidos neles buscam sua própria glória; naquele dia "[...] anunciarão a minha glória entre as nações" (Is 66:19).


W. J. Prost

 

Democracia à Luz da Escritura


Na atualidade dois grandes pontos de vista prevalecem no mundo, no que diz respeito à vida nacional, política e social. São radicalmente diferentes, mas ainda podem ser reunidos em uma espécie de amálgama, e as Escrituras proféticas confirmam isso. As duas grandes ideias são, respectivamente, a democrática e a imperialista.


A democracia nos é apresentada como produto final da sabedoria de todos os tempos. Após o longo e sombrio registro de experimentos humanos no governo, a ideia democrática evoluiu e agora detém seu domínio entre as nações iluminadas. Usando a frase famosa de Abraham Lincoln, "governo do povo, pelo povo, para o povo". Na prática, significa que o governo está ao lado da maioria do povo (pois eles nunca são unânimes), e, portanto, a minoria deve ceder. Presume-se que "a maioria" deve governar por seus representantes credenciados para o bem de todas as pessoas, e não somente para os interesses da maioria.


A ideia imperialista tem como lema que "união é força". Na vida nacional ela leva a grupos de nações e poderosas alianças e organizações. Na política, ela se expressa nos grupos dos partidos para alcançar unidos o que eles não podem conseguir isoladamente. Socialmente produz fundos gigantes, federações de indústrias e sindicatos. Até ameaça aparecer no mundo religioso na forma de uma federação de "igrejas". É realmente um retorno à velha ideia que animou os pós-diluvianos em seus esquemas em Babel (Gn 11:1-9).


Nossa preocupação atual não é com as vantagens políticas ou desvantagens da democracia; em vez disso, queremos obter a luz que a Palavra de Deus derrama sobre isso.


Incumbência do governo de Deus


Em primeiro lugar, então, devemos buscar na Escritura qual pode ser o caminho de Deus para o governo na Terra. No início, Adão, ainda não caído, foi colocado na posição de autoridade única. Ele era a imagem ou representante de Deus e tinha domínio sobre as classes inferiores dos seres criados (Gn 1:26). Tendo o pecado invadido a criação, houve um longo período durante o qual não havia mais autoridade delegada ao homem por Deus. Essa era termina com o dilúvio.


A era pós-dilúvio foi aberta, no entanto, com uma nova atribuição de autoridade. Noé e seus filhos depois dele, foram responsáveis por manter os direitos de Deus no que diz respeito ao homem, e Deus atribuiu a alguns deles autoridade sobre os homens, até mesmo para a execução da pena capital. Assim, foi estabelecida a autoridade patriarcal.


A ordem patriarcal


Entre aqueles que logo abandonaram o temor de Deus, não se importando "de ter conhecimento de Deus" (Rm 1:28), essa autoridade evidentemente mudou de forma. Não era mais patriarcal em caráter, mas caiu nas mãos de homens de coragem e renome, tais como Ninrode (Gn 10:8-10), e após a confusão de idiomas em Babel, apareceram nações com seus "reis" (Gn 12:15; Gn 14:1).


Moisés, "rei em Jesurum"


No entanto, aqueles que ainda temiam a Deus aderiram à ordem patriarcal até que Deus colocou Sua mão para libertar Israel do Egito e levantou Moisés. Moisés foi investido por Deus com uma autoridade em Israel muito além de qualquer coisa que Noé recebeu. Moisés era de fato “rei em Jesurum” (Dt 23:5), mas era um reinado de uma ordem informal. Corretamente falando, a teocracia foi estabelecida em Israel com Moisés como porta-voz e mediador e, portanto, nesse sentido, rei.


Durante séculos a autoridade em Israel era dessa ordem, mas seu poder declinou; aqueles que a exerciam eram muito inferiores em fidelidade e em força. A fraqueza resultante levou a um clamor por um rei tal como as nações (1Sm 8:5), e após o episódio do rei obstinado, escolhido pelo povo, Deus levantou Davi e estabeleceu a autoridade real em uma base apropriada. A autoridade de Davi era absoluta, e ele deveria governar, mas seu governo deveria ser absolutamente benéfico.


Autoridade para os gentios


Com o fracasso dos descendentes de Davi, a glória desse governo se foi e, finalmente, Deus transferiu a autoridade para as mãos dos gentios. Foi confiado em primeiro lugar a Nabucodonosor, conforme declarado em Daniel 2:37-38, e embora o sonho do rei prenunciasse as mudanças que sobreviriam quanto às formas de governo, ainda mostrava que a autoridade que estava por trás do governo, qualquer que fosse sua forma, permaneceria nas mãos dos gentios até a execução da ira divina trazida ao reino que "permanecerá para sempre" (Dn 2:20). Este rápido esboço do curso do governo entre os homens é suficiente para mostrar que a autoridade final é sempre de Deus, e somente de Deus.


Passando agora do governo, conforme nos é apresentado na Escritura, para a sua prática, por aqueles a quem foi confiado na Terra, vemos imediatamente que foi terrivelmente corrupto, como tudo o mais que foi confiado ao homem caído. Tirania e egoísmo floresceram em toda parte, e a história é um registro das lutas longas e dolorosas por meio das quais as nações passaram de uma forma de governo para outra, ou introduziram modificações em seus vários sistemas governamentais, na vã esperança de evolução para condições ideais. De todas essas mudanças, a democracia é a mais recente, e seu advento não é surpreendente para ninguém versado nas arbitrariedades que a geraram.


A vontade do povo


Comparando a vontade do povo, entretanto, não com seus predecessores, mas com os ideais da Escritura, vemos que é mais irremediavelmente condenada do que qualquer outra forma de governo. Ela depõe Deus como a fonte de autoridade e coloca o homem - “o povo” - em Seu lugar. Para o democrata, apenas uma questão realmente importa: Qual é a vontade do povo? O que o povo deseja é considerado a coisa certa, e as funções de um governo verdadeiramente democrático são realizar os desejos do povo, sejam eles certos ou errados.


Neste assunto, como em todos os outros, a cruz de nosso Senhor Jesus Cristo fornece ao Cristão um teste supremo. Naquela hora solene, Pôncio Pilatos era o representante de César, e em seu tribunal autocrático Cristo foi acusado. Ainda assim, em um momento incomum de fraqueza, a autocracia abdicou de suas funções. "Então, Pilatos julgou que devia fazer o que eles pediam" (Lc 23:24). Visto como um estabelecimento de princípios democráticos, isso pode ser aprovado como totalmente correto. Visto de todos os outros pontos de vista, foi o mais ultrajante erro da história do mundo.


Do ouro para o barro


Voltando novamente ao sonho de Nabucodonosor conforme registrado em Daniel 2, podemos agora ser mais capazes de compreender o significado do barro que entrou na estátua quando os pés dela foram alcançados. Deus começou os “Tempos dos Gentios” com uma forma ideal de governo, mas conforme os impérios se desenvolveram, os homens se desviaram do ideal áureo e introduziram modificações humanas. O governo tornou-se prata, bronze e ferro, à medida que os pensamentos divinos foram esquecidos e as políticas humanas vieram à tona.


É, porém, na última fase do Império Romano que encontramos pela primeira vez a introdução do barro. O barro não é uma modificação posterior do antigo império, mas é fundamentalmente diferente. Por causa disso, "o reino será parcialmente forte e parcialmente quebrado" ou "quebradiço". A interpretação de Daniel do barro e do ferro misturados é "[eles] misturar-se-ão com semente humana, mas não se ligarão um ao outro, assim como o ferro se não mistura com o barro" (Dn 2:43). Os “eles” desta passagem parecem ser aqueles em cujas mãos repousa a autoridade.


Não hesitamos em ver aqui uma previsão do levante e prevalência da democracia nos últimos dias. A autoridade que encontra sua fonte em Deus e aquela que encontra sua fonte no homem são tão diferentes uma da outra como o metal é do barro. As duas coisas podem estar mescladas, mas apenas a fraqueza e a fragilidade são impelidas.


No entanto, na prática, a transição das formas democráticas para as imperialistas é muito fácil. Deixe um homem de talento transcendente aparecer, e nada será mais fácil do que ele assumir para si o poder supremo. As pessoas, inconstantes e facilmente guiadas, ficarão satisfeitas com isso. A carreira de Napoleão I, surgida da Revolução Francesa, é um exemplo disso. A vindoura “besta” de Apocalipse 13 assumirá o poder da mesma maneira, e muito provavelmente defenderá as instituições democráticas em teoria enquanto exerce o governo autocrático na prática - ferro misturado com barro.


Sabemos muito bem que nada além da excelência do conhecimento de Cristo Jesus nosso Senhor pode efetivamente elevar nossa alma acima do nível do mundo e de seus pensamentos, mas a exposição da política mundial e dos esquemas à luz da Escritura tem seu valor, e esse tem sido nosso esforço atual.


O sistema mundial está condenado. Fora da catástrofe iminente, almas estão sendo resgatadas pela graça abundante de nosso Senhor. Cabe a nós buscá-las, dando testemunho de nosso Senhor Jesus Cristo. Não percamos tempo, então, em vãs tentativas de sustentar a estrutura vacilante, mas ocupemo-nos da grande obra que nosso Senhor nos designou. Estar totalmente para Ele e Seus interesses é estar totalmente fora do sistema mundial e de suas esperanças. No que diz respeito a esta Terra, não buscamos um sistema perfeito de democracia, mas o estabelecimento, por Deus, do reino do céu, do reino de Cristo, que nunca será destruído, mas permanecerá para sempre.


F. B. Hole (adaptado)

 

Verdade e Retidão


Se há alguma elevação moral a ser encontrada no mundo, se a maré do mal é em qualquer medida estancada, se a sociedade é capaz de se manter unida em algum grau e a vida humana tem alguma segurança ou prazer, a que isso se deve? É devido à medida em que a verdade é respeitada, e a honestidade prática e a retidão cultivadas. Imagine no que o mundo se tornaria, se a verdade e a honestidade desaparecessem, a falsidade e o engano reinassem em toda parte; amoralidade fosse extinta, a maldade triunfasse, laços familiares e sociais fossem dissolvidos. Mas por causa da graça de Deus e à Sua providência o mundo não é assim. Se o governo de Deus cessasse por um breve período, logo ficaria claro o que Satanás faria do mundo. Realmente seria um inferno na Terra.


Vamos então estender esse princípio a todo o universo. Imagine se o mal fosse supremo, a verdade banida, a retidão aniquilada. Que estado de coisas terrível seria! E quem é o juiz, qual é o padrão, que poder mantém a verdade, a retidão e a ordem? Deus é o juiz, a verdade é a norma, e só o poder de Deus garante a manutenção de tudo o que é bom e excelente, e que garantirá o julgamento de todo mal no devido tempo, e seu desaparecimento da cena de governo ordenado. Mas não é ainda, até que o jogo se desenrole, não até que o conflito entre os poderes do bem e do mal cesse, que tudo isso acontecerá em sua plenitude final e eterna. A história de corrupção e violência na face desta Terra chegará ao fim quando a iniquidade estiver completa e os propósitos de Deus cumpridos. O resultado para o agente moral, seja de bênção ou de julgamento, será naquele tempo, no sentido mais estrito, eterno.


Antes, a maldade da humanidade era tão grande e universal que Deus limpou a terra com o dilúvio. Alguns podem ser “voluntariamente ignorantes sobre isso” ou podem negar voluntariamente; para o Cristão é a confirmação mais solene daquelas declarações da Escritura que nos asseguram do julgamento avassalador que virá sobre todos os que não se encontram na verdadeira arca, isto é, em Cristo. Enquanto isso, o evangelho, a grande ordenança de Deus para a salvação dos homens, está sendo proclamado, e felizes são aqueles que temem e aceitam os termos de misericórdia proferidos por Deus. "A piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir" (1 Tm 4:8).


W. Kelly

 

Semeando e Colhendo


Colhemos o que plantamos, não apenas em nossos jardins, mas em nossa vida. A Escritura fornece muitas ilustrações disso. Jacó enganou seu pai, que era velho e não podia ver, mas Jacó foi então enganado pelo pai de Lia. Os filhos de Jacó venderam José para o Egito, mas eles também tiveram que ir para o Egito depois. Eles viram a angústia de seu irmão quando o venderam aos traficantes de escravos midianitas, mas depois sentiram angústia diante de José. Abimeleque matou seus setenta irmãos em uma pedra, e ele mesmo foi morto por ter um pedaço de pedra de moinho lançada sobre sua cabeça. O rei Saul poupou Agague, o amalequita, e finalmente um amalequita tirou sua vida. Davi ofendeu a esposa de Urias e matou seu marido, mas viveu para ver seu filho Amnom enganar Tamar e depois Amnom ser morto por Absalão. No lugar onde os cachorros lamberam o sangue de Nabote, ali os cachorros lamberam o sangue de Acabe. Assim como semeamos colhemos é o princípio geral do governo de Deus neste mundo. No entanto, às vezes Ele pode vir e mostrar misericórdia e não nos recompensar de acordo com o que merecemos. Quando o Senhor Jesus sofreu por nós na cruz, Ele tomou o juízo que merecíamos e nos libertou. Quão grande foi Seu amor por aqueles que eram inimigos pelas suas obras iníquas!


Bible Searcher, abril de 2007

 

Sofrimento e Governo


Remover os sofrimentos deste mundo enquanto o pecado está presente seria uma negação do governo justo de Deus.


R. Beacon

 

O Governo Ainda Não É Justo


Deus ainda não opera um governo na Terra que possa ser uma medida adequada e uma manifestação de Sua justiça. O Cristianismo nem mesmo contempla isso, mas é uma demonstração de Sua graça à fé, chamando almas para a glória celestial. A lei em Israel tinha esse fundamento, mas inevitavelmente falhou por causa da rebeldia do povo. O Milênio será exatamente assim, quando Cristo for exaltado na Terra como no céu, para a glória de Deus Pai.


Bible Treasury, Vol. 8

 

Governos Representantes de Deus


No caso de Israel, o homem foi julgado com base na obediência a Deus, e não foi capaz de obter a bênção que deveria resultar disso. Então, Deus abandonou Seu governo direto no mundo (enquanto ainda acima era o Senhor soberano), e rejeitou Seu povo eleito espalhando-o entre as nações, e Seu próprio trono lá, sujeitando o mundo a uma cabeça. Sob essa nova prova, foi apresentado ao homem um novo teste para ver se reconheceria que Deus faria feliz aos que se sujeitassem a Ele [o governante supremo], capaz de operar Sua vontade no mundo. Isso começou com Nabucodonosor, a cabeça da estátua - o sistema do poder imperial. Nós sabemos que aquele homem falhou aqui também. Mas o Senhor Jesus Cristo reunirá as duas coisas em Sua Pessoa. Ele será o único Homem a quem todo o domínio será dado, e Israel, bem como as várias nações com seus governantes, serão restabelecidos, cada um em sua própria Terra e sua própria herança, como antes da época de Nabucodonosor. Nações tais como Edom, Damasco e Hazor serão excluídas, por terem ocupado o território de Israel. A própria Babilônia (que conquistou e tomou o lugar de todas as outras nações), deve desaparecer pelo julgamento de Deus, para dar a Israel seu lugar novamente.


Bible Treasury, Vol. 8 (adaptado)

 

O Governo Direto de Deus


O primeiro governo dado a Israel foi o mais alto concebível - o governo direto de Deus. Eles verdadeiramente poderiam dizer: O Senhor é nosso Juiz, o Senhor é nosso Legislador, o Senhor é nosso Rei. Que eles se mostrassem indignos dessa honra suprema, desse exaltado governo, que os colocava acima de todas as nações da Terra, talvez pudesse ser esperado; mas que deveriam rejeitá-lo foi a mais vil ingratidão e, cercados como estavam por poderosos inimigos por todos os lados, a maior tolice. Foi essa grave desonra imposta ao Senhor que originou a manifestação que agora chama nossa atenção. "Não te tem rejeitado a ti", disse Deus a Samuel, "antes a Mim Me tem rejeitado, para Eu não reinar sobre ele" (1Sm 8:7).


Bible Treasury, Vol. 18

 

Levantai vossa Cabeça, Eternos Portais


"Do SENHOR é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam" (Sl 24:1)


Levantai vossa cabeça, eternos portais, Pra um amanhecer resplandecente de vitória! O Soberano espera em Salem, em seus umbrais - Ele é o Rei da glória!


Outrora, as palmas em suas mãos ondulavam Os filhos de Judá O bendiziam: “Hosana! Sião será salva”, cantavam Seu gentil Monarca anteviam.


Mas a luz do sol ao meio-dia morreu, Olho as mães de Judá se lamentando, Vendo o Crucificado que tanto padeceu, E todos os vestígios de glória se apagando!


Passaram-se os anos, tempo sombrio, Israel, ainda em luto [...] mas, tremei! O sol nascente como raio luzidio Proclama o retorno do seu Rei.


Levantai vossa cabeça, eternos portais, Pra um amanhecer resplandecente de vitória! O Messias espera em Salem, em seus umbrais: Ele é o Rei da glória!


Estribilho


Ele é o Rei da glória! Ele é o Rei da glória! O grande EU SOU, o Senhor dos Exércitos - Ele é o Rei da glória!

E. L. B (adaptado)

 

"Do SENHOR é a terra e a Sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam"

(Salmos 24:1)


 
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