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Os Nomes Dispensacionais de Deus (Março de 2012)

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Revista mensal publicada originalmente em março/2012 pela Bible Truth Publishers

ÍNDICE

 

          Tema da edição

          Walter Scott – Bible Handbook (adaptado)

          Bible Student, 2:25

          Christian Truth, 21:29

          E. Dennett (adaptado)

          J. N. Darby

          W. Kelly

          I. Watts, Hinário Little Flock, Hino 228

Nomes Dispensacionais de Deus

 

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“Eu lhes fiz conhecer o Teu nome, e lho farei conhecer mais, para que o amor com que Me tens amado esteja neles, e Eu neles esteja” (Jo 17:26). Desde a criação do homem, Deus Se deu a conhecer ao homem por diferentes nomes e títulos. Esses nomes refletem os diferentes tempos e maneiras pelos quais o homem foi colocado por Deus em relacionamento com Ele. Agora O conhecemos como Pai, mas antes da morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, Ele não era conhecido dessa maneira. Até então, ninguém havia sido trazido à Sua família como Seus filhos. À medida que refletimos sobre nosso Deus e sobre como Ele Se dá a conhecer a nós, passamos a conhece-Lo melhor e, ao fazermos isso, passamos a amá-Lo e honrá-Lo mais. Como alguém já disse: “conhecê-Lo é amá-Lo”.

 

Tema da edição

Nomes e Títulos Divinos

 

A beleza e a precisão dos vários títulos e nomes de Deus na Escritura merecem uma consideração cuidadosa. Veremos alguns dos nomes pelos quais Deus teve o prazer de Se revelar ao homem.

 

Deus (Elohim) 

Existem cerca de 2.700 ocorrências desse nome na Escritura. A palavra é um plural e é traduzida como “deuses” no Salmo 97:7, Salmo 82:6 e João 10:34‑35. Essa palavra, por si só, confirma a plenitude e estabelece a verdade das Pessoas da Deidade, pois foi Deus (Elohim) Quem criou e fez. Em Gênesis 1, onde o assunto é a criação, Elohim ocorre 35 vezes. Esse uso frequente dessa palavra indica suficientemente a ampla extensão e plenitude do nome “Elohim”. A palavra, embora algumas vezes seja usada em um sentido mais inferior quanto aos juízes terrenais de Israel (Êx 21:6), estabelecidos no lugar de autoridade e bênção (João 10:34-35) para anjos poderosos (Sl 97:7; Hb 1:6), sempre envolve a ideia de autoridade e poder. A glória da criação e a plenitude de Deus são reveladas por esse bendito nome.

 

Deus (Eloá) 

Existem cerca de 60 ocorrências desse nome na Escritura, e na maioria dos casos ele é usado em flagrante contraste com os muitos deuses dos gentios. Nosso Deus é Um só e Único em poder, sabedoria e bondade. É a forma singular da palavra “Elohim”. A grande verdade confiada a Israel, que deveria ter constituído o tema central de seu testemunho em meio a um mundo idólatra, é encontrada em Deuteronômio 6:4: “Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR”. Essa verdade está na raiz de todo testemunho dado em favor de Deus (Mc 12:29).

 

O contraste entre Eloá (Deus, singular) e Elohim (Deus, plural) é surpreendentemente apresentado em Neemias 9:17-18. “porém tu, ó Deus [Eloá] perdoador, clemente e misericordioso, tardio em irar-Te, e grande em beneficência, tu não os desamparaste. Ainda mesmo quando eles fizeram para si um bezerro de fundição, e disseram: Este é o teu deus [deuses, elohim], que te tirou do Egito; e cometeram grandes blasfêmias” (veja também Deuteronômio 32:15‑17). Nesses versículos, Deus (Eloá) e deuses (elohim) são contrastados de uma maneira clara e distinta.

 

Somente depois de terem sido totalmente declaradas as poderosas obras de Deus na criação e os ainda mais maravilhosos atos e modos de exibição moral no Egito, no Mar Vermelho e no deserto; até que os grandes e eternos princípios do bem e do mal fossem traçados até suas respectivas fontes, e até que os vários relacionamentos do homem e Israel com Deus tivessem sido estabelecidos, é que a palavra “Eloá” ocorre pela primeira vez. A excelência e plenitude da Deidade são mantidas da maneira mais completa possível, antes que Deus (Eloá) confronte os deuses dos incircuncisos, o que Ele faz pela primeira vez em Deuteronômio 32:15.

 

SENHOR (Jeová) Deus 

A primeira ocorrência desse título duplo está em Gênesis 2:4. Os relacionamentos do homem com Deus foram estabelecidos na inocência (cap. 2) e foram mantidos apesar da queda (cap. 3); portanto, nesses dois capítulos, o título “SENHOR Deus” ocorre 20 vezes. As responsabilidades do homem para com Deus, para com sua esposa e para com a criação não são de modo algum comprometidas do lado divino por causa da incapacidade do homem de cumpri-las. A cruz de Cristo estabelece para sempre a questão da responsabilidade da criatura em toda a sua amplitude, em favor de todos os que creem, e Cristo ressuscitado dos mortos e ascendido é a nossa fonte de nova vida, a qual tem novas responsabilidades. O homem não caído (Gênesis 2) e o culpado (Gênesis 3; Salmo 14:1-2) assim como Israel (como ensinam os Salmos, sem dúvida) são instruídos que o “SENHOR” (Jeová) com Quem eles estão em relacionamento moral não é outro senão o próprio Deus, cujo poder e glória formam o tema do cântico e do testemunho da criação (Sl 19; Sl 145). Assim, Deus (Elohim), supremo em poder, único na glória da criação e na absoluta plenitude de Seu Ser, ficou satisfeito em trazer o homem e Israel a um relacionamento positivo Consigo mesmo.

 

SENHOR ou Jeová 

Este título, tão familiar aos Judeus, expressa existência absoluta. É muito mais difícil de ser entendido por uma mente de um gentio do que por uma mente de um Judeu; portanto, o nome é explicado a nós, gentios salvos, em Apocalipse 1:8 (ARA): “Eu Sou o Alfa e Ômega, diz o Senhor Deus, Aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso”. Aprendemos o caráter absoluto do Seu Ser nas palavras “Aquele que é” (compare com João 8:58), enquanto a relação de Jeová com o passado é expressa em (Aquele) que era” e Sua relação com o futuro nas palavras “e (Aquele) que  há de vir“.

 

Ora, o homem (Gênesis 4) e Israel (Êx 6:3), porém não os patriarcas, estavam em um relacionamento moral com Jeová – Aquele que existe por Si mesmo. Em Gênesis 7, temos um exemplo da precisão do Espírito ao registrar os nomes “Deus” e “Senhor”. Nos versículos 1-5, é “SENHOR”; nos versículos 7‑9, é “Deus”. Assim, diz no versículo 5: “E fez Noé conforme a tudo o que o SENHOR lhe ordenara”, enquanto no versículo 9 diz: “como Deus ordenara a Noé”. Nesta última passagem, a ideia é o direito de Deus na criação; portanto, um par de animais e aves deveriam ser trazidos para a arca para a propagação das espécies e a preservação da criação. Assim, a adequação do título “Elohim” como o Criador é evidente por si mesma. Por outro lado, onde se tratava de uma relação moral, sete pares de animais e aves limpos seriam trazidos para a arca, pois seriam necessários para o sacrifício; daí o título apropriado “SENHOR” (Jeová).

 

No primeiro livro dos Salmos (1‑41), Jeová ocorre mais de 270 vezes; Elohim cerca de 50 vezes. No segundo livro (Salmos 42‑72), existem apenas cerca de 26 ocorrências do uso do título divino Jeová, enquanto Elohim ocorre cerca de 200 vezes. Por que estas diferenças? Judá em sua terra, e especialmente em Jerusalém, é o assunto do primeiro livro dos Salmos e, portanto, o uso frequente do nome de aliança Jeová, enquanto no segundo livro o estado de exílio de Judá fora de sua terra, e especialmente de Jerusalém, é o grande tema, e, portanto, Elohim, não Jeová, é o título predominante nesse livro.

 

Adonai 

O termo Adonai é outro nome divino. Na versão inglesa King James (e nas versões ACF, ARC e ARA), é traduzida como “Senhor” com letra inicial maiúscula e as demais minúsculas, enquanto Jeová é traduzida como “SENHOR” com uso de maiúsculas. Adonai significa, quanto à raiz da palavra, Mestre, Governante ou Proprietário. Adonai é usado apenas para Deus e a Ele como Aquele que assumiu o poder e está no relacionamento de Senhor para com aqueles que invocam o Seu nome. É, portanto, especialmente aplicado a Cristo, em Sua exaltação à direita de Deus. Isso pode ser visto em uma referência ao Salmo 110 e à citação que o Senhor faz dele ao confundir Seus adversários: “Disse o SENHOR (Jeová) ao meu Senhor (Adonai): Assenta-Te à Minha mão direita, até que ponha os Teus inimigos por escabelo dos Teus pés” (Sl 110:1). Em Mateus 22, o Senhor aplica expressamente esta Escritura a Si mesmo e a emprega para demonstrar que o Filho de Davi também era o Senhor de Davi – que, em uma palavra, Ele era a raiz e a descendência de Davi.

 

Todo Poderoso Deus 

Esse título é usado pela primeira vez em Gênesis 17:1. “Todo-Poderoso”, usado isoladamente ou em conjunto com outros nomes divinos, ocorre cerca de 60 vezes na Bíblia. Metade dessas ocorrências será encontrada no Livro de Jó, e todos eles se referem exclusivamente a Deus. Existem apenas duas ocorrências no Velho Testamento do título composto “Deus Todo-Poderoso”. No primeiro caso, Abraão foi chamado para andar com Deus – “o Deus Todo-Poderoso” – o recurso seguro do homem de fé contra um mundo perverso e idólatra. Em Apocalipse 19:15, encontramos o título novamente: “Ele mesmo é O que pisa o lagar do vinho do furor e da ira do Deus Todo-Poderoso”. Se em Gênesis fala de um Deus que é Todo-Sustentador, Todo-Gracioso, Apocalipse fala de um Deus Todo-Consumidor – Todo-Poderoso em ira e julgamento.

 

Em Êxodo 6:3, diz: “Eu apareci a Abraão (Gn 17:1), a Isaque (Gn 28:3), e a Jacó (Gn 48:3), como o Deus Todo-Poderoso; mas pelo Meu nome, o SENHOR (Jeová) não lhes fui perfeitamente conhecido”. É verdade que frequentemente encontramos o nome “Jeová” antes da redenção de Israel para fora do Egito, especialmente quando o relacionamento moral está em questão, mas esse não é o ponto nesta passagem. Os pais do povo devem estar familiarizados com o título “Jeová”, mas Deus não Se revelou a eles como Jeová, mas como Deus Todo-Poderoso. Abraão, Isaque e Jacó eram peregrinos? Então Deus Se revela a eles como Todo-Poderoso, falando ao coração deles a respeito dos infinitos recursos de Deus e do poder que tudo sustenta. Se alguém é chamado a sair de um mundo julgado agora como Cristão (2 Co 6:14-18), da adoração falsa e idólatra e da comunhão profana, ele também conhecerá praticamente os infinitos recursos de amor, sabedoria e poder em “o Senhor Todo-Poderoso”.

 

Deus Altíssimo 

Este belo título ocorre quatro vezes em Gênesis 14:18‑24 e várias vezes no livro de Daniel. Em Gênesis, Melquisedeque, como rei e sacerdote, aponta para Cristo – um Sacerdote eternamente segundo a ordem de Melquisedeque (Hb 7), mas um Sacerdote em bênção, não em oferecer sacrifício, como Arão (Hb 9-10), e também como Rei em Sião (Sl 2) e Rei sobre toda a Terra (Zc 14:9). Certamente há apenas Um capaz e digno de sustentar essa dupla glória. Nos dias vindouros do reino, o menor suspiro encontrará os olhos do Sacerdote, enquanto todo caso de ofensa será tratado com justiça pelo poder do Rei. Os mesmos títulos sob os quais o Senhor Jesus foi rejeitado por Judeus e gentios serão aqueles reconhecidos e confessados pelo remanescente Judeu nos próximos dias da restauração de Israel ao seu Deus e sua terra (João 1:49).

 

“Deus Altíssimo” é um título milenar, que expressa o poder e bênção sobre os céus e a Terra. O sacerdócio e a realeza, exercidos de modo mediador, sustentarão as glórias dos dias milenares. O reino será recebido do Pai; por mil anos, o Senhor Jesus empunhará o cetro em justiça e porá todos os inimigos abaixo de Seus pés; e no final de Seu glorioso reinado, Ele entregará o reino a Deus (1 Cor 15:24‑28). Assim, o reino será mediador em poder, assim como o sacerdócio será em bênção (Gn 14:19-20).

 

“Altíssimo” é usado cinco vezes em Daniel 4 e cinco vezes em Daniel 7, mas nesta última Escritura a expressão ocorre três vezes na forma plural e refere-se aos lugares celestiais, o mesmo que em Efésios 1:3 e 6:12. Pode ser traduzido como “lugares altos”. Daniel 7:25 aplica o título a Deus; as outras passagens do capítulo se aplicam à esfera da bênção, e não à bênção. O versículo 27 mostra a conexão futura entre o céu e a Terra: “E o reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo [dos lugares altíssimos – JND]; o Seu reino será um reino eterno, e todos os domínios O servirão, e Lhe obedecerão”. Embora o domínio e a glória terrenais sejam confiados aos santos Judeus na Terra e a glória celestial seja desfrutada pelos santos celestiais, a conexão entre os santos no céu e na Terra é mantida de forma bendita. Apocalipse 21:12, 24, 26 mostra claramente que as esferas celestiais e terrenais de glória estarão em íntima comunhão, como também encontramos em Oséias 2:21-23.

 

Senhor de toda a Terra 

O título “Senhor de toda a Terra” ocorre pela primeira vez em Josué 3:11, 13; ele também é usado em Zacarias 6:5. Ao tomar posse da Terra (da qual Canaã era um penhor e Josué uma figura), Deus escolheu esse título adequado, mas quando Seu povo conectou Seu nome ao mal, Deus deixou a Terra e não tinha mais um lar ou trono (Ez 1‑9). O poder governamental, portanto, passou das mãos de Seu povo para as dos gentios, e nesse ponto começaram “os tempos dos gentios” (Lucas 21:24; Daniel 2). A glória e presença de Jeová passaram para o céu (veja Ez 1-9), pois Deus não podia sancionar pela Sua presença o poder conferido aos gentios, enquanto o Seu povo permanecesse cativo sob esses poderes. Portanto, quando a causa de Israel for retomada, o título será reafirmado (Ap 11:4; Zc 4:14; 6:5).

 

O título está relacionado à afirmação, por parte de Deus, de Seus direitos e títulos sobre a Terra; necessariamente isso trará dias de terror e ira sobre aqueles que se recusaram a reconhecer Seus direitos. Então eles estarão dispostos o suficiente a dar glória ao Deus do céu (Apocalipse 11:13), porque isso mantém Deus à distância deles, mas quando Ele anuncia Seu propósito novamente de retomar posse desta Terra, os homens se recusam a confessar o título “Senhor de toda a Terra”. Assim, o juízo varrerá este mundo culpado, até que se diga: “O reino do mundo de nosso Senhor e do Seu Cristo é vindo” (Ap 11:15 – JND).

 

Deus dos céus 

Temos cerca de 20 ocorrências desse título interessante e divino. É usado apenas duas vezes no Novo Testamento, e apenas em Apocalipse. É encontrado no Livro de Esdras 8 vezes, pois, embora Deus graciosamente tenha permitido que os remanescentes de Seu povo retornassem à sua terra, eles o fizeram sob o patrocínio e a proteção dos gentios. Eles receberam bênção vinda de Deus, mas não a presença de Deus. Portanto, nos cinco livros pós-cativeiro – Esdras, Neemias, Ageu, Zacarias e Malaquias – eles não são chamados de “Meu povo”, exceto quando vistos profeticamente. Os sacrifícios puderam ser retomados de acordo com a lei de Moisés, o templo pôde ressoar com cânticos de louvor e os muros caídos de Jerusalém puderam ser reerguidos, mas a presença do Senhor não pôde ser concedida ao povo. Deus não estava interferindo ativamente em favor de Seu povo a partir do trono em Jerusalém, nem habitando no meio deles no templo, e, daí, a adequação do título “Deus dos céus”. Deus age no céu e a partir do céu, e não sobre Terra, e controla e dirige tudo para a bênção dos Seus. Quando Ele começar a agir publicamente em favor de Seu povo, fará isso sob o Seu título dito por Josué, “Senhor de toda a Terra”.

 

O ponto agora para a fé reconhecer é que Deus, embora invisível, está agindo para a presente bênção de Seu povo. O Livro de Ester, no qual o nome de Deus não ocorre nem uma vez, mostra a providência secreta de Deus exercida em bênção pelo monarca persa em relação aos do Seu povo, que eram tão indiferentes aos interesses de Jeová que preferiam permanecer na terra dos gentios em vez de retornar à sua própria cidade. Ester mostra, assim, o povo fora do país da promessa, mas vigiado e protegido pelo próprio Deus; os livros de Esdras e Neemias nos mostram Ciro cuidando das pessoas na terra, sendo Deus reconhecido como o “Deus dos céus”.

 

Pai 

De todos os nomes e títulos divinos, não há um tão tocante para o Cristão como “Pai”. É eminentemente o título de Deus no Novo Testamento. É a linguagem do filho (1 João 2:13); é a expressão de um relacionamento consciente (Rm 8:15), mas um amor e um relacionamento apenas realmente desfrutado onde há separação prática do mundo (1 João 2:15-16). Em João 14, o Senhor Jesus prepara um lugar na casa do Pai para nós – no capítulo 17, Ele fala a Seu Pai sobre nós, enquanto no capítulo 20 Ele declara o nome de Seu Pai para nós.

 

“Pai” é o nome acima de todos os outros que desperta sentimentos e desperta as mais ternas afeições do coração. É um nome totalmente declarado somente após a obra da cruz; somente então o Senhor Jesus poderia falar em declarar o nome de seu Pai a Seus irmãos. Então Ele disse: “Então declararei o Teu nome aos Meus irmãos” (Sl 22:22, comparado com João 20:17). Ressuscitado dentre os mortos, Ele declara o nome de Seu Pai a Seus irmãos e transmite a eles a virtude de Sua nova condição. O primeiro homem introduziu pecado, morte e lágrimas; o Segundo Homem tratou com o pecado, introduziu vida eterna e, em breve, enxugará todas as lágrimas.

 

Jesus 

Esse nome de maravilhosa doçura ocorre quase 700 vezes no Novo Testamento, e em nenhum caso, até onde sei, está escrito com um adjetivo. “Jesus” não precisa de adjetivo para manifestar Sua glória. As glórias da Sua Pessoa, a perfeição moral de Seus caminhos e as glórias das Suas obras revelam Quem e o que Ele é.

 

O nome raramente é usado isoladamente em Atos e epístolas, e a razão é que a posição de Jesus foi mudada. Como o Homem entre os homens, com Sua glória divina oculta e andando como o “Homem de dores”, ele era conhecido como “Jesus”, pois esse era o Seu nome pessoal como Homem nascido no mundo (Lucas 1:31; Mateus 1:20‑21). Era um nome que falava de desonra, sofrimento e vergonha. Os homens olhavam friamente para Ele; Israel O desprezou e rejeitou Suas reivindicações, e a criação não O reconheceu.

 

Então as nuvens do juízo se ajuntam e a tempestade se abate sobre Ele, pois o pecado deve ser julgado. Deus é luz, então a tormenta da ira divina e justa se derrama sobre Ele. O clamor de desolação e abandono: “Deus Meu! Deus Meu! Por que Me desamparaste?” conta a sua própria história mais terrível. Como Deus responde a tudo isso? No sepulcro vazio, a glória do Pai é exibida (Romanos 6:4) e o poder de Deus é manifestado ao ressuscitar dentre os mortos – Jesus. Onde está Ele agora? No trono de Seu Pai. Onde está o Homem a Quem Deus Se agrada honrar? Assentado em meio às glórias dos céus. Como Ele está vestido? Com vestes de glória e ornamento. O que circunda Sua fronte? Uma coroa de glória e honra. O que Ele encabeça? A criação, a providência, a nova criação de Deus e toda glória conhecida e desconhecida. O que Ele é para os anjos? O objeto de sua adoração. O que Ele é para os santos? O objeto de sua adoração e o tema de seus cânticos. Qual é o Seu lugar como Homem? O de poder e supremacia universais. Qual nome despertará o cântico da criação? O nome de Jesus.

 

Mas essas glórias nos preparam para outros nomes e outros títulos, e quando os Atos e as epístolas revelam essas variadas glórias, eles falam d'Ele da mesma maneira. Os doze primeiros capítulos dos Atos têm, por meio do ministério de Pedro e outros, como seu grande encargo, encher a Judéia e Jerusalém com a glória de Jesus (Atos 5:28), e não somente isso, mas “Saiba, pois com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a Quem vós crucificastes, Deus O fez Senhor e Cristo” (Atos 2:36). No capítulo 1, o testemunho é do retorno de Jesus; no capítulo 2, o testemunho é da glória da ressurreição e ascensão de Jesus; no capítulo 3, o testemunho é do poder do nome de Jesus; no capítulo 4, o testemunho é sobre o poder do sofrimento e a demonstração prática da graça de Jesus; no capítulo 5, o testemunho de Jesus é tão enérgico que os líderes religiosos do povo ficam totalmente confusos; nos capítulos 6‑7, o testemunho final é para Israel que o Messias rejeitado – glorificado e em pé à mão direita de Deus – ainda retornará, se Israel apenas se arrepender.

 

Tudo isso é respondido com a violenta morte de Estevão, que é enviado ao céu após seu Mestre com a ousada mensagem: “Não queremos que Este reine sobre nós” (Lucas 19:14). Assim, outras glórias se abrem para nós; outras dignidades serão vestidas por Aquele que passou por esse maravilhoso caminho de morte e ressurreição.

 

Cristo 

Essa designação oficial, “o Cristo”, geralmente é escrita nos Evangelhos precedida pelo artigo. O Messias, tão amplamente mencionado nos escritos do Velho Testamento e com os quais os Judeus estavam tão familiarizados, havia agora chegado e foi apresentado para a aceitação deles. “Cristo” é a palavra grega equivalente à palavra hebraica “Messias”. Jesus Cristo Se ofereceu a Israel como Salvador dos pecados deles e Libertador da dominação dos gentios. Mas Israel não conhecia o dia de sua graciosa visitação; eles rejeitaram Suas reivindicações messiânicas. Quanto à Sua glória moral manifestada em Sua Pessoa e em Seus caminhos, o coração e mente deles estavam cegos. Como consequência de Sua total e final rejeição como Rei de Sião e como o Cristo que teria edificado Sião em sua glória, Deus não está no momento insistindo nas reivindicações Judaicas de Seu amado Filho, mas Ele fará valer essas reivindicações em um dia que está se aproximando rapidamente. Então não dependerá da responsabilidade Judaica ou gentia; antes, Deus operará em poder absoluto para a glória de Seu Filho, seja como o Messias na Judéia ou em Seu título mais amplo como Filho do Homem na Terra.

 

Agora, nossa posição, porção e bênçãos são encontradas n’Aquele rejeitado de Israel, coroado e glorificado no céu. O novo lugar de Cristo como ressuscitado e glorificado determina o nosso lugar; portanto, nos Atos e epístolas, onde nosso lugar é totalmente desenvolvido, “Cristo” também é frequentemente escrito precedido pelo artigo. Nos Evangelhos, como vimos, é um título oficial; nas epístolas é usado para definir nossa posição diante de Deus. Estamos “em Cristo”, o Qual, ressuscitado dentre os mortos, foi colocado sobre todas as obras das mãos de Deus. É dito que os santos individualmente estão “em Cristo” (Ef 1:3‑6); Corporativamente, como Igreja, estamos unidos a Ele em Sua vida, bem-aventurança, glória e futuro domínio sobre todas as coisas.

 

Em 2 Coríntios 12:2, Paulo diz: “Conheço um homem em Cristo”. Quanto à posição e à condição, não estamos diante de Deus no primeiro homem, Adão, e não devemos estar de acordo com a vida e com os modos práticos dele. Deus rejeitou o primeiro homem e trouxe o Segundo. Cristo diante de Deus é a raiz e fonte da vida e da nova responsabilidade para todos na nova criação; ela é fundada sobre Ele. Assim, toda alma viva, ou está em Adão como cabeça da velha criação ou em Cristo como Cabeça da nova criação. Posição e responsabilidade encontram-se relacionadas a um ou a Outro – a Adão ou a Cristo.

 

Senhor 

O pensamento principal no uso desta palavra é “autoridade”, em todos os assuntos concernentes ao Cristão. Se eu tenho uma posição imutável “em Cristo”, tenho deveres e responsabilidades correspondentes em relação a Ele como o “Senhor”. O senhorio de Cristo está conectado com os relacionamentos mais próximos e ternos da vida. Assim, o mandamento de se casar “contanto que seja no Senhor” não implica que eu sou livre para me casar com qualquer um que esteja “em Cristo” – isto é, meramente um Cristão. Antes, na obediência ao Senhor e no reconhecimento prático de Sua autoridade, todos os relacionamentos naturais devem ser regulados de acordo com o que é devido a Ele. O Senhorio de Cristo na assembleia Cristã, tanto quanto aos dons espirituais (1 Co 12:3, 5), quanto também à figura da unidade da Igreja, o único pão, é fortemente enfatizado (1 Co 10:21‑28). É também um título que expressa propriedade absoluta e universal. (Compare Mateus 13:38, 44 com 2 Pedro 2 e Judas 8). Cristo, como Homem, foi feito Senhor e Cristo. Jeová Ele sempre foi, mas como Homem, todas as coisas são colocadas aos Seus pés; Ele foi feito Senhor. Toda responsabilidade Cristã está relacionada com esse título divino.

 

Jesus Cristo 

Este título duplo é encontrado 8 vezes em 1 Pedro e uma vez em sua segunda epístola. Em todas as ocorrências, é usado com notável e impressionante precisão. Jesus, o Homem humilde e humilhado na Terra, agora é o Homem glorificado nas alturas. O pensamento é do que Ele foi para o que Ele é. Assim, o título usado conecta Sua vergonha e Sua glória; Seus sofrimentos e Suas glórias estão assim ligados. Essa parece ser a ideia geral na ordem divina das palavras “Jesus Cristo”.

 

Cristo Jesus 

João em sua epístola e em Apocalipse, e Judas em sua breve epístola falam de “Jesus Cristo”, mas não de “Cristo Jesus”. Pedro escreve “Cristo Jesus” duas vezes, e isso em sua segunda epístola. Paulo raramente diz “Jesus Cristo”, seu título favorito é “Cristo Jesus”. As glórias desses títulos divinos são traçadas de modo interessante nos escritos dos apóstolos Paulo, Pedro e João. Está claro na Escritura (e a experiência prova completamente a verdade disso) que o caráter da conversão de um homem se reflete claramente em sua caminhada, testemunho e serviço. A conversão de Paulo é registrada em Atos 9, a de Pedro em Lucas 5 e a de João em João 1. A maneira e o caráter dessas conversões são tão diferentes quanto possível.

 

Pedro, atraído pela graça e convencido do pecado pela manifestação do poder de Jesus, apegou-se a um Messias terrenal, seguindo-O em Seu ministério entre as ovelhas perdidas da casa de Israel e conformando-se ao seu Mestre, até mesmo na morte. A pregação incisiva de Pedro sobre Jesus ressuscitado e exaltado e, que por meio de Seu nome, se obtinha a remissão de pecados, estava em plena harmonia com a cena de Lucas 5. Jesus na Terra encheu os olhos e o coração de Pedro pela maravilhosa demonstração de poder – o dom da milagrosa pesca; então Jesus exaltado e ministrando o perdão dos pecados foi o “dom” recebido em consequência de sua nova posição. Os benefícios recebidos de Jesus na Terra (Lucas 5), do mesmo Jesus ressuscitado e glorificado (Atos 2:38), e do Jesus que virá revelado em Sua glória (1 Pedro 1:13) me parecem uma característica marcante do ministério do apóstolo Judeu.

 

O primeiro conhecimento de Paulo do Homem “Cristo Jesus” aconteceu na glória – com Cristo como o Homem ressuscitado dentre os mortos, Cabeça sobre todas as coisas para a assembleia, e a Quem e com Quem os santos estão eternamente unidos. Isso se tornou a característica principal e marcante do ministério de Paulo. Em contraste, João foi convertido à Pessoa do Senhor – o Filho no seio do Pai e manifestado perante os homens, na infinita perfeição de Seus caminhos como “Filho do Pai” e “Cordeiro de Deus”.

 

Pedro, conhecendo Jesus na Terra, fala d’Ele como “Jesus Cristo”; Paulo, conhecendo Cristo em glória, fala d'Ele como “Cristo Jesus”; João conhecendo o Filho no seio do Pai, fala d'Ele como o Filho que é “Jesus Cristo”. Assim, esses benditos títulos são usados em exata correspondência com o ministério recebido, o qual, por sua vez, reflete o caráter da conversão de cada apóstolo. A individualidade está estampada nas benditas páginas da inspiração, assim como também nos ministérios exercidos na Igreja de Deus.

 

Senhor Jesus Cristo 

Este é o título completo do Senhor. Ele será encontrado na introdução das epístolas de Paulo, exceto na aos hebreus e 2 Timóteo. O título não é usado nas três epístolas de João; de fato, a palavra “Senhor” não ocorre nas cartas de João. Se os pensamentos que apresentamos sob cada título forem considerados em conjunto, a ideia bíblica deste mais completo de todos os títulos do Senhor será facilmente entendida.

 

Filho de Deus 

Este é um título divino de glória pessoal. É de maneira plena revelado somente nos escritos de João. Se Paulo nos fala de segredos celestiais, João nos fala de mistérios divinos. Pedro nos fala da glória e da graça d’Aquele que ressuscitou em conexão com Judá em sua terra e em sua dispersão; Tiago escreve para as doze tribos dispersas, reunidas em grupos em suas sinagogas e apresenta a glória de Jesus Cristo como o grande poder regulador em suas assembleias; Paulo revela as glórias do Homem ressuscitado em conexão com a criação e a Igreja; João revela uma glória mais profunda do que a que se relaciona a Judá, Israel, a criação ou a Igreja, até a glória plena, divina e Pessoal de Jesus Cristo – Filho de Deus – Filho do Pai. “Filho de Deus” é Seu título de dignidade pessoal – um título e posição que eram Seus em toda a eternidade. “Filho do Pai” é a bendita expressão da íntima comunhão entre o Pai e o Filho nas eras eternas que já passaram; enquanto “o Filho unigênito que está no seio do Pai” declara a profundidade e a ternura do amor divino, que eternamente permanece entre o Pai e o Filho. Temos Filho de Deus em Sua dignidade e glória, Filho do Pai em um relacionamento mais próximo e eterno, e “O Filho unigênito... no seio do Pai”, Único no conhecimento dos segredos e amor do seio divino. Que maravilhas se revelam no título “Filho” – dignidade, relacionamento e amor!

 

Lucas conecta a filiação de Jesus com a encarnação (Lc 1:35), Mateus com o chamado para fora do Egito (Mt 2:15), Marcos com o ministério público do Senhor (Mc 1:1), mas João rastreia a filiação de Jesus Cristo antes do início do tempo. Eternidade, personalidade, divindade, igualdade divina e criação são atribuídas Àquele que é o “Verbo” – o “Filho” – no breve espaço de 39 palavras (João 1:1-3). Vemos o Filho de Deus com o pecador no evangelho; temos o Filho do Pai com o santo na epístola de 1 João. No evangelho, não há data ou época como um ponto inicial; Na epístola há uma data e uma época claramente marcadas. “No princípio” é o evangelho; “desde o princípio” é a epístola.

 

O título mais pleno e magnífico – por ser distintamente moral e pessoal – é o de Filho de Deus – “Filho do Deus vivo” – e é sobre a glória de Sua Pessoa, divinamente revelada, que Cristo edifica Sua assembleia. Este título grandioso e divino não é nem oficial nem dispensacional. Paulo, de acordo com seu duplo ministério (Cl 1:23-26 – JND), “imediatamente” pregou a Jesus, que Ele é o Filho de Deus (Atos 9:20). A glória divina de Sua Pessoa forma o terreno de todo o seu testemunho quanto ao evangelho e à Igreja. A glória divina do Filho é necessária para o fundamento, bênção e glória da Igreja; este é o grande tema das epístolas de Paulo. A glória divina do Filho quanto à reunião, à bênção, ao caráter e à semelhança moral da família na casa do Pai são os temas de João, que ele próprio conhecia algo das intimidades do seio divino.

 

Filho do Homem 

Este título é usado mais de 100 vezes para Ezequiel e 3 vezes para Daniel. Nunca é aplicado por outros ao Senhor Jesus; Ele sempre usa esse título para Si mesmo. Parece ter sido um título em que Ele particularmente apreciava. Ocorre apenas uma vez nas epístolas, e essa como uma citação do Salmo 8 (Hb 2:6). Na eternidade, a sós com o Pai, Suas delícias estavam com os filhos dos homens, e no tempo, Ele tomou o título expressivo dessas delícias, mais de 60 vezes. Assim como os dois profetas do Velho Testamento mencionados, que encontraram sua esfera de ministério fora de Israel, reconhecida e aprovada por Deus, Jesus toma esse título em consequência de Sua rejeição como “o Cristo” por Israel. Assim, os limites estreitos do Judaísmo são ultrapassados e, em vez de uma glória preenchendo apenas a terra de Emanuel, a cena se alarga, e o domínio do Filho do Homem abrange os céus e a Terra. Em vez de uma glória que margeia as costas da Judéia, a Terra inteira se torna iluminada com Sua glória. Domínio e soberania universais são glórias que dependem desse notável título. O julgamento do homem e também a autoridade para executar tal julgamento são glórias do Filho do Homem (João 5). Vida e poder para comunicar essa vida se referem ao Seu título divino “Filho de Deus” (João 5), mas toda a Terra, e até mesmo o universo, estão incluídos no domínio do Filho do Homem.

 

Filho de Davi 

Esse título Judaico é necessariamente dispensacional, conectando-se à realeza e bênção dentro dos limites circunscritos da Judéia.

 

Filho de Deus é um título divino; Filho do homem, um título terrenal (não, é claro, quanto à sua fonte, mas quanto à sua esfera); Filho de Davi, um título Judaico.

 

Resumo 

Vamos agora resumir brevemente esses títulos:

 

  • Deus (Elohim): Poder e glória na criação.

  • Deus (Eloá): Um único Deus vivo e verdadeiro.

  • SENHOR DEUS: Relacionamentos como Criador.

  • SENHOR ou Jeová: Relacionamento moral.

  • Adonai: Senhor em conexão com aqueles que invocam Seu nome.

  • Deus Todo-Poderoso: Todo-poderoso em graça para os santos e em ira para com o mundo.

  • Deus Altíssimo: Título milenar.

  • Senhor de toda a Terra: Proprietário de toda a Terra.

  • Deus dos céus: Governo providencial sobre a Terra.

  • Pai: Titulo de relacionamento de Deus com Seus filhos.

  • Jesus: O nome pessoal do Senhor.

  • Cristo: O exaltado; nossa posição.

  • Senhor: Autoridade e Poder.

  • Jesus Cristo: O Humilhado que foi exaltado.

  • Cristo Jesus: O Glorificado, que um dia foi humilhado.

  • Senhor Jesus Cristo: O título completo do Senhor.

  • Filho de Deus: Título divino de glória pessoal.

  • Filho do Homem: Título de glória terrenal.

  • Filho de Davi: Título de glória Judaica.

     

Adaptado de Walter Scott – Bible Handbook

O Nome “Jesus”

 

Vamos considerar brevemente, mas com reverência, o maravilhoso significado que reside no nome “Jesus”. É a forma grega de Josué, que em si mesma é uma contração de Jeosué, ou seja, “a ajuda de Jeová”. Esta palavra ocorre em Números 13:16, na ocasião da mudança do nome de um dos doze espias, de Oséias (ajuda) para Je-osué (a ajuda de Jeová). O nome “Jesus” foi expressamente dado por ordem divina ao Senhor, e é Seu único nome pessoal, sendo todos os outros, títulos; podemos então certamente considerá-lo digno de nosso cuidadoso pensamento.

 

Jesus é Jeová 

Podemos primeiro observar que, embora esse nome seja eminentemente humano e dado a Cristo como Homem, ele também O proclama como Deus sobre todos, bendito para sempre. A primeira sílaba de Jeosué – “Je” ou “Jeo” – fala de autoridade divina – o maravilhoso fato de que nosso Jesus é Jeová, o “EU SOU”. Que transbordar de conforto e bênçãos pertence ao conhecimento desse fato único, que Ele, que levou Seu povo sobre asas de águias durante todos os dias antigos e os trouxe a Si mesmo, é o nosso Jesus. Oh! Que conheçamos mais das maravilhosas provisões contidas nesse nome. Esta primeira sílaba nos fala de Sua Divindade eterna, de Seu relacionamento de aliança, de seu grande poder, de seu amor cuidadoso; todas as glórias, todas as virtudes vistas no Jeová de outrora; elas são agora nossas em Jesus. Ela demanda nossa reverência; dá-nos pensamentos elevados e adequados de Cristo como o Elevado e Santo que habita a eternidade: Jesus, a ajuda ou salvação do Senhor.

 

Jesus, o Homem 

Esta segunda sílaba nos fala de Cristo como Homem; fala aos nossos ouvidos de uma vida de paciente graça, uma morte expiatória de sofrimentos infinitos; proclama-nos perdão e paz; abre-nos as portas do céu e nos livra do inferno; faz brotar fontes de gratidão e notas de louvor que jamais se calarão por toda a eternidade. E observe que as duas sílabas estão unidas; “a ajuda” é “a ajuda do Senhor”. Quão segura, então, quão divinamente certa é a nossa salvação! Sobre que Rocha descansa o mais fraco crente quando descansa em Jesus! Quando sua cabeça cansada se reclina sobre esse nome e as feridas de seu coração quebrantado são atadas aqui, ele está descansando no seio do Elevado e Santo que habita a eternidade, e em Sua salvação está sua confiança. Jesus, um nome tão desprezado entre os homens, muitas vezes chamado “de Nazaré” em tom de escárnio, é, às vezes, também usado levianamente pelo crente agora, mas nunca por aquele que se assentou para contemplar suas maravilhas e ouviu a revelação de sua majestade e fragrância, seu profundo e elevado significado.

 

acaso seu coração não descansa ao meditar em Seu nome? Será que você não encontra uma beleza neste nome familiar e tantas vezes repetido, e que não encontra em nenhum outro? Seu alcance é desde o mais elevado céu até a Terra, do trono à cruz, desde a cruz de volta ao trono, de eternidade a eternidade. Ele fala do “ontem” da cruz, do “hoje” da graça e do “eternamente” da glória. Oh! Quão pouco nosso coração apreende o simples fato de que esse nome nos repete: que nosso Salvador, nossa ajuda, é o próprio “Jeová”.

 

Mas, embora o nome tenha um significado tão elevado e santo, ainda era acessível para todos. O mendigo cego de Jericó era bem-vindo a ele, em comum com todos os que, em todos os momentos, têm uma necessidade que ele pode atender. É notável, no entanto, que após a ressurreição, quando o mesmo Jesus foi feito Senhor e Cristo, o nome é usado sozinho apenas cerca de trinta vezes, em todas as outras ocasiões com o prefixo “Senhor” ou algum outro título adicionado. Isso tem um significado para nós; Cristo não é mais o Homem humilde, desprezado e rejeitado. Nós nos regozijamos no fato de que Seus sofrimentos acabaram e que no céu, finalmente, Ele agora tem o Seu devido lugar, como em breve o terá também sobre a Terra, e em conformidade com o Seu novo lugar na glória, o chamamos de “Senhor Jesus”. Esse é o Seu título apropriado agora, embora sem dúvida haja ocasiões em que o nome bendito possa, com toda a reverência, ser usado sozinho.

 

Bible Student, 2:25

O Nome de Jesus – Seu Poder e Valor

 

É realmente edificante seguir as diversas virtudes do nome de Jesus. Vamos nos referir apenas a algumas passagens.

 

  1. Há salvação no nome de Jesus. “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (At 4:12). A alma que confia no nome de Jesus recebe toda a virtude salvadora que pertence a esse nome.

  2. Há vida eterna no nome de Jesus. “Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em Seu nome” (Jo 20:31). A alma que simplesmente confia no nome de Jesus se torna participante de Sua vida, e essa vida nunca pode ser perdida, porque é eterna.

  3. Há remissão de pecados por meio do nome de Jesus. “A este dão testemunho todos os profetas, de que todos os que nele creem receberão o perdão dos pecados pelo seu nome” (At 10:43). A alma que simplesmente confia no nome de Jesus é perdoada, de acordo com o valor desse nome, no julgamento de Deus. Aquele que vem a Deus em nome de Jesus recebe todo o crédito, todo o valor e toda a virtude desse nome, não importando o que ou quem ele seja; ele não poderia mais ser rejeitado, assim como não pode ser rejeitado Aquele em cujo nome ele vem. Se eu entrar em um banco com um cheque assinado por um homem rico e digno de confiança, Eu entro com toda a confiança que a riqueza e crédito desse homem podem conceder. Não importa quem ou o que eu sou; Eu venho em nome dele. Assim é com um pecador que vem a Deus em nome de Jesus.

  4. O nome de Jesus é o poder da oração. “E tudo quanto pedirdes em Meu nome Eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em Meu nome, Eu o farei” (Jo 14:13-14). O crente, vindo a Deus em nome de Jesus, não poderia ser mais rejeitado assim como o próprio Jesus não pode ser.

  5. O nome de Jesus dá poder sobre Satanás e sobre todo tipo de mal. “E estes sinais seguirão aos que crerem: em Meu nome, expulsarão os demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos e os curarão” (Mc 16:17-18) (veja também Atos 3:6; 16:18; Tiago 5:14). Pode-se dizer que esse poder não está mais disponível. Eu respondo que estamos apenas traçando, através do Novo Testamento, o poder e o valor do nome de Jesus. Esse nome tem poder nos céus, poder na Terra, poder sobre o Hades, poder sobre anjos, poder sobre homens e poder sobre demônios. Que a fé use esse nome precioso, incomparável, poderoso e que prevalece sobre tudo.

  6. A assembleia de Deus, onde quer que esteja, é reunida em nome de Jesus. “Onde estiverem dois ou três reunidos em Meu nome, aí estou Eu no meio deles” (Mt 18:20). Observe, ele não diz: “Onde dois ou três se reúnem [ou se encontram]“. Os homens podem se encontrar ou se reunir em qualquer terreno ou para qualquer objeto que desejarem, mas o Espírito Santo reúne ao nome do Senhor Jesus Cristo.

  7. O nome de Jesus será objeto de adoração universal e eterna. “Por isso, também Deus O exaltou soberanamente, e Lhe deu um nome que é sobre todo o nome; Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na Terra, e debaixo da terra” (Fp 2:9-10).

 

Que Deus, o Espírito Santo, possa revelar em nossa alma mais do poder e valor do nome de Jesus, para que possamos conhecer mais plenamente o que temos n'Ele e sermos capacitados a usar Seu nome com mais santa confiança em todos os momentos, sob todas as circunstâncias e para todos os fins.

 

 Christian Truth, 21:29

O Nome Inefável

 

É evidente que a revelação que Deus teve o prazer de fazer de Si mesmo é gradual e progressiva. Agora, os crentes andam na luz, como Ele está na luz, mas em um dia anterior nuvens e trevas O rodeavam, e necessariamente era assim, enquanto a justiça e o juízo fossem a habitação do Seu trono. Porém, quando Cristo consumou a obra da expiação, Deus pôde, com justiça, sair à plena manifestação daquilo que Ele é, conforme revelado em Cristo, no terreno da redenção. Deus é o mesmo em natureza e atributos, tanto no Velho quanto no Novo Testamento, pois isso é uma necessidade das perfeições de Seu Ser divino, ainda que seja verdade que os aspectos sob os quais Ele é apresentado em diferentes eras variam, e são esses aspectos que estão expressos em Seus vários nomes.

 

A Trindade 

Não foi senão no batismo de nosso bendito Senhor que toda a verdade da Trindade se manifestou. Então Deus falou dos céus; Seu amado Filho estava na Terra, e o Espírito Santo desceu e habitou sobre o Filho. Mas agora que a revelação completa de Deus foi feita, podemos voltar, como guiados e ensinados por Ele, e descobrir muito do que antes não poderia ter sido entendido. O significado latente das Escrituras do Velho Testamento só pode ser apreendido quando se olha para elas a partir do brilho pleno da luz do Cristianismo. Portanto, não há qualquer incongruência ao afirmar que Deus escolheu a palavra especial “Elohim” para expressar a verdade da Trindade. Lemos em Gênesis que Deus criou os céus e a Terra, e no evangelho de João é dito do Verbo: “Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez”. Consequentemente, sabemos que o Filho eterno está incluído na palavra “Deus” em Gênesis, e aprendemos mais sobre a glória da Pessoa de nosso Redentor.

 

El Shaddai 

Deus Se fez conhecido sob outro título aos patriarcas. A primeira menção disso é encontrada em Gênesis 17:1: “apareceu o SENHOR a Abrão, e disse-lhe: Eu Sou o Deus Todo-Poderoso” isto é, El Shaddai – Deus Todo-Poderoso. Diz-se que o significado da palavra El é “força e onipotência” e alguns dizem que Shaddai tem esse mesmo significado e outros preferem traduzi-la como toda-suficiência ou autossuficiência. A combinação das duas palavras significa atributos divinos, já que onipotência e suficiência só podem ser encontradas em Deus. Quando a palavra “Todo-Poderoso” fica sozinha em nossa tradução, geralmente representa Shaddai. Existe uma bela combinação desse nome com o de Jeová em 2 Coríntios 6:17-18: “Eu serei para vós Pai, e vós sereis para Mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso”. O Deus que foi conhecido por Abraão como Shaddai e por Israel como Jeová foi agora declarado como Pai nesse bendito relacionamento no qual Ele introduziu Seu povo em associação com Cristo.

 

E. Dennett (adaptado)

Pai Não é um Nome Dispensacional

 

“Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus” (1 Co 2:12). Todos os outros nomes de Deus – Todo-Poderoso, Jeová, Altíssimo, Adonai – têm a ver com este mundo, e Deus brilha apenas através da nuvem. Mas o Pai é visto no Filho; isto não é algo dispensacional – é o Sol rompendo através desses nomes e Deus sendo conhecido em Seus caminhos de perfeita graça, Ele próprio sendo conhecido. Cristo, o Filho unigênito, O declarou – que bênção! – e nos trouxe ao Seu próprio lugar com o Pai, em breve na própria glória. Nesse nome de “Pai santo”, somos mantidos, e é isso o que devemos procurar – andar de acordo com este lugar como filhos amados. Que possamos nos lembrar que estamos colocados em Cristo diante de Deus – isto é, perfeito – mas, se assim for, Ele está em nós, e estamos colocados diante do mundo para representá-Lo (veja João 14 e Romanos 8). E para fazer isso, “todos nós recebemos também da Sua plenitude”.

 

J. N. Darby

Os Nomes Dispensacionais Desaparecem

 

No estado eterno, todos os nomes dispensacionais de Deus desaparecem. Será apenas “Deus” e “homens”. Não há mais nada a ouvir sobre “nações”; nada resta de países e reinos separados, de tribos ou línguas. É o estado eterno, e Apocalipse 21 é a descrição mais completa desse estado fornecida na Bíblia. Mas 1 Coríntios 15:24‑28 revela uma grande verdade não mencionada aqui, embora bastante consistente com ela, de que, assim como Cristo recebeu o reino milenar como Homem, Ele o entregará quando o objetivo houver sido cumprido. Seus direitos como Deus permanecem imutáveis.

 

W. Kelly

Junte Todos os Gloriosos Nomes

 

“Disseram, portanto, a Ele: Quem és Tu? E Jesus lhes disse: Totalmente aquilo o que também vos falei” (João 8:25 – JND)


Junte todos os nomes gloriosos

De sabedoria, amor e poder,

Que os mortais já conheceram,

Que os anjos já carregaram;

Todos são insignificantes demais para expressar Seu valor,

Insignificantes demais para proclamar o Salvador.

 

Grande Profeta de nosso Deus!

Nossa língua deve bendizer Teu nome,

Por Quem a alegre notícia

Da salvação gratuita chegou;

A alegre notícia dos pecados perdoados,

Do inferno subjugado, da paz com o céu.

 

Tu és nosso Conselheiro,

Nosso Modelo e nosso Guia,

E Tu és nosso Pastor;

Ah! mantém-nos perto de Ti;

Não deixes que nossos pés jamais se desviem,

Para vagar pelo caminho tortuoso.

 

Amamos a voz do Pastor:

Seus olhos vigilantes guardarão

Nossa alma peregrina entre

As milhares de ovelhas de Deus;

Ele alimenta Seu rebanho, Ele chama-as por seu nome,

E guia suavemente os tenros cordeiros.

 

I. Watts, Hinário Little Flock, Hino 228

Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.

Filipenses 2:10-11


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