top of page

Ovelhas e Cordeiros (Outubro de 2023)

Baixe esta revista digital nos formatos:


Revista mensal publicada pela Bible Truth Publishers

 

ÍNDICE


Tema da edição

H. H. Snell, The Evangelist, Vol. 1, 1867 (adaptado)

W.T. Turpin (adaptado)

H. F. Witherby

F. B. Hole (adaptado)

J. W. S. (adaptado)

W. J. Prost

G. H. Hayhoe (adaptado)

Monthly Subjects

Messages of God’s Love, 22/08/1965 (adaptado)

J. G. Bellett

Christian Truth, Vol. 33

Young Christian, Vol. 27, 1937

 

Ovelhas e Cordeiros


Deus, em amor, proveu para Si mesmo e para nós um Cordeiro, um Cordeiro a ser oferecido como holocausto e como oferta pelo pecado para fazer expiação por nós, removendo justamente o pecado e os pecados de Sua vista e nos reconciliando a Ele próprio. O que o Cordeiro fez? “Quanto mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, Se ofereceu a Si mesmo imaculado a Deus, purificará a vossa consciência das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?” (Hb 9:14). Você e eu agora somos ovelhas e cordeiros. Nossa consciência foi purificada das obras mortas, de modo que agora somos chamados a “servir ao Deus vivo”. Ele, o Cordeiro, serviu oferecendo-Se a Si mesmo. E nós? Nós, que agora somos Suas ovelhas somos exortados a agir como Ele, que agora é nosso Pastor. “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rm 12:1).


Tema da edição

 

Quem São as Ovelhas de Cristo?


“As Minhas ovelhas ouvem a Minha voz, e Eu conheço-as, e elas Me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará das Minhas mãos” (Jo 10:27-28).


Quando o Senhor Jesus falou essas palavras, havia pessoas religiosas por toda parte, mas elas eram ovelhas de Cristo? Essa era a pergunta mais importante. Havia “o mercenário” também e “o ladrão”“o estranho” e “o lobo”, mas oh, quão diferentes eles eram do bom Pastor! Não devemos esquecer que ainda há muitas ovelhas ao nosso redor que são muito queridas ao coração de Jesus. Ele chama Suas ovelhas de “as Suas ovelhas”. Ele disse: “O bom Pastor dá a Sua vida pelas ovelhas”. Que amor surpreendente!


Uma característica das ovelhas de Cristo é que elas ouvem Sua voz. Não importa quem possa ser o instrumento, a questão com eles é: Essa é a voz de Cristo? “Elas não conhecem a voz de estranhos”, mas conhecem bem a voz do Pastor. Quando Paulo foi a Tessalônica, eles receberam seu testemunho porque era a verdade de Deus. Eles não estavam ocupados com o servo, mas com a mensagem que ele trouxe. Nela ouviram a voz do bom Pastor, que deu a Sua vida pelas ovelhas. Eles, portanto, “dos ídolos vos convertestes a Deus, para servir ao Deus vivo e verdadeiro e esperar dos céus a Seu Filho, a Quem ressuscitou dos mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura” (1 Ts 1:9-10).


Quando Paulo foi aos cidadãos requintados de Corinto, ele não usou “palavras persuasivas de sabedoria humana”. “Porque”, disse ele, “nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo e Este crucificado” (1 Co 2:2). Assim, eles ouviram a voz de Jesus, o bom Pastor, por meio de Paulo.


A pergunta é: O que o Senhor Jesus, que está assentado à direita de Deus nos céus, está dizendo agora? Se Ele estivesse falando agora em voz audível, não seria, “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a Minha Palavra, e crê n’Aquele que Me enviou tem a vida eterna”? (Jo 5:24). O crente olha para o céu, ouve Sua Palavra e recebe Seu testemunho. Muitos conhecem o caminho da salvação, mas não receberam a Cristo como seu Salvador. “Mas vós não credes”, disse Jesus, “porque não sois das Minhas ovelhas” (Jo 10:26).


Cristo conhece Suas ovelhas, e o conhecimento é mútuo. “Ele conhece os que confiam n’Ele” (Na 1:7). Muitos professos virão naquele dia, dizendo: “Não profetizamos nós em Teu nome?” Mas Jesus lhes dirá: “Nunca vos conheci; apartai-vos de Mim”. Eles nunca tiveram nenhum conhecimento de Cristo, nunca foram Suas ovelhas.


Outra característica das ovelhas de Cristo é que elas seguem a Cristo. Isso não é seguir credos ou ordenanças, mas Cristo. Não é seguir homens, por mais piedosos que sejam, mas apenas na medida em que eles estejam seguindo a Cristo. Satanás odeia isso e tenta impedir, mas Cristo nos deixou um exemplo para que sigamos Seus passos. Somos mantidos aqui para seguir a Cristo e por nenhum outro objetivo além desse. Isso marca as ovelhas de Cristo. Estamos examinando as Escrituras para descobrir Seus passos, para que possamos segui-Lo? Estamos nós, por honra e desonra, buscando somente agradá-Lo? A Escritura não diz que “devemos seguir” a Cristo, mas que “seguimos” a Cristo. Isso nos manifesta como ovelhas de Cristo.


Observe a segurança das ovelhas de Cristo

Primeiro, elas têm vida eterna. “Dou-lhes a vida eterna”. “O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6:23). A vida eterna, então, vem até nós na forma de dom. Não é vida por um dia ou um ano, mas para sempre – vida eterna. Sua vida está escondida com Cristo em Deus. Cristo é a nossa vida. Cristo é o Doador; o pecador é o receptor. “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna, mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece” (Jo 3:36).


Segundo: “Nunca hão de perecer”. Que descanso e paz perfeitos isso dá à alma! Ele que prometeu é Fiel; não pode negar a Si mesmo. O verdadeiro crente não precisa ter receio quanto ao futuro. Aquele que é Onipotente quanto ao poder e perfeito em amor disse, “nunca hão de perecer”. Observe que isso é absoluto e incondicional: “nunca hão de perecer”. O que mais podemos necessitar para nos dar descanso perfeito de alma?


Terceiro, “e ninguém as arrebatará das Minhas mãos”. Isso nos mostra que nenhum poder será capaz de nos separar da proteção de Cristo. Que segurança perfeita isso dá! Certamente é um cordão de três dobras que nunca pode ser quebrado.


Nem todos os queridos filhos de Deus entram no gozo dessas preciosas realidades. Eles leem livros de homens e abraçam as opiniões dos homens, em vez de ir apenas à Escritura em busca da mente de Deus e descansar em Suas preciosas palavras sobre Jesus, que nunca podem passar.


H. H. Snell, The Evangelist, Vol. 1, 1867 (adaptado)

 

Minhas Ovelhas Ouvem Minha Voz e Me Seguem


Se há nas almas uma falta mais acentuada do que muitas outras é a fraqueza de entendimento quanto a estes dois grandes pontos – ouvir e seguir.


A quietude da comunhão é pouco conhecida, para não dizer pouco apreciada, nestes dias agitados e ocupados. Quão verdadeiramente o momento fala em alta voz de inquietação e ilusão, e quão pouco se sabe, mesmo entre os santos, desse profundo, pessoal e indizível gozo em Cristo.


A satisfação do coração com a proximidade pessoal de Cristo – estar em Sua companhia pela simples alegria disso – é a verdadeira comunhão. Assim, somos nós que temos pensamentos comuns com Ele, que é o significado da comunhão. Quando este é o caso, conhecemos a mente de nosso Senhor e Mestre, e é isso que nos qualifica para cada serviço como servos de confiança de Cristo. É bom ter em mente que a quantidade de serviço ou a diligência de nosso trabalho não nos torna, por si só, servos de confiança.


Há uma conexão muito íntima entre as duas atitudes da alma que estamos considerando; na verdade, elas aguardam uma pela outra. É muito abençoado ver o poder de produzir e manter que o ouvir e seguir a Cristo tem. Em uma palavra, é Cristo, pois Ele e somente Ele é a fonte abençoada e a nascente de tudo o que tem sua origem e satisfação em Si mesmo. Para ser um bom ouvinte, é preciso estar livre e em repouso.


O seguir a Ele parece surgir como uma consequência do que temos tido diante de nós: “Minhas ovelhas ouvem Minha voz... e Me seguem. Como é a voz do Pastor que é ouvida e conhecida pelas ovelhas, assim é o próprio Pastor que elas seguem. Ele é Quem vai adiante delas. Em João 10, encontramos o bendito Senhor, desprezado e repreendido, deixando o antigo aprisco do judaísmo e, assim, indo adiante de Suas ovelhas. Ele é a segurança para todos os Seus, pois Seu caminho é o verdadeiro caminho, bem como a autoridade para as ovelhas segui-Lo. Ele é o esconderijo delas do perigo e o salvo-conduto para o caminho.


É muito abençoado ver como elas conhecem a Sua voz (vs. 4-5). Elas podem não conhecer todas as vozes falsas de estranhos, mas a segurança delas está em conhecer a voz d’Ele, e elas também O seguem porque a conhecem. É muito abençoado ter permissão para servir, mas muitos servem quem não estão seguindo. Tomara que houvesse mais pessoas dispostas a seguir um Senhor e Mestre rejeitado, e a estimar como seu maior gozo trilhar o caminho em que Ele andou! Pode ser difícil, mas foi trilhado por Ele próprio, que deixou Sua própria marca em cada rosa e cada espinho.


“Um pouco de tempo, Ele virá novamente!

Que possamos remir as preciosas horas;

Nosso único pesar é causar-Lhe dor,

Nosso gozo é servi-Lo e segui-Lo.”


W.T. Turpin (adaptado)

 

Vida Com Abundância


“Eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância” (Jo 10:10). Nessas palavras, o Senhor Jesus está falando de Suas ovelhas – que conhecem a Sua voz e são conhecidas d’Ele. Ele deu Sua vida pelas ovelhas. Ele veio para que elas pudessem ter vida. Ele morreu para que elas pudessem viver. E, sejam quais forem as ovelhas e em qualquer época da história do mundo em que vivam, devem a Jesus a vida eterna que possuem. Todas creem e se regozijam com isso.


Mas a quem, ou a que época, o Senhor Se refere quando diz que elas podem ter essa vida “com abundância”? Sem dúvida, refere-se às Suas ovelhas, mas as palavras se relacionam a todas as ovelhas?


Essas palavras realmente se relacionam a todos os que O recebem e elas descrevem a vida que Ele dá. Ele veio, como Ele diz, para que elas pudessem ter vida, e tê-la com abundância. Há uma plenitude de bênçãos para as ovelhas, declaradas em João 10, que nem a lei nem os profetas jamais manifestaram, e isso está de acordo com a própria missão e dignidade do Senhor. Ele veio para proferir palavras que nenhum de Seus mensageiros jamais havia falado. Ele é a vida, e o registro d’Ele na Terra é: “porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada” (1 Jo 1:2). Ao ler as próprias palavras do Senhor, devemos esperar coisas mais maravilhosas do que aquelas trazidas a nós pelos servos de Deus que precederam Seus passos. O “com abundância” se refere, sem dúvida, a todas as ovelhas que O conhecem, desde que Ele veio a esta Terra.


Mas a que tempo as palavras se referem? Apontam para o estado futuro em que o crente, tendo deixado este mundo, habitará na presença de Cristo no paraíso, ou para aquele dia em que, após a ressurreição, ele será revestido da glória de Cristo e habitará no céu com Ele? Sem dúvida essa será, então, vida, e vida com abundância para todos. Vida e glória estarão então unidas. A vida eterna em sua plenitude será então regozijada. Será que “com abundância” refere-se apenas a um dia ainda não presente?


Certamente isso fala de nossos próprios dias, deste tempo presente, quando o corpo está fraco, quando o mundo é forte, quando as tentações cercam os filhos de Deus e quando, no íntimo, o coração afunda muitas vezes nelas. Sim, mesmo agora, neste dia, no tempo desta vida, uma vez que Aquele que é a vida veio, somos nós que possuímos a vida que Ele dá, tendo-a, como Ele diz, até “com abundância”.


O capítulo em que essas palavras ocorrem nos ajuda a entender o termo “com abundância” que Jesus conecta à vida. Nas palavras registradas em João 10:4, há uma abundância mencionada na vida antes desconhecida. “Ele”, o próprio bom Pastor, “vai adiante delas”. Nem profetas, sacerdotes ou reis, mas Jesus é o Líder e o Guia, e na presença da vida que Ele dá, “as ovelhas O seguem”. Essa prazerosa proximidade, essa paz real e esse amor pessoal nunca foram conhecidos até que Ele veio. Aqui, em seu desfrute, está a vida “com abundância”, mais do que era conhecida por Seu rebanho até que Ele, o bom Pastor, viesse.


O rebanho “entrará e sairá, e achará pastagens” (v. 9). Essas dádivas de liberdade e de alimento eram conhecidas pelas ovelhas antes que o bom Pastor viesse? Não, não poderiam ser, mas são nossas agora! Ele tirou Suas ovelhas do aprisco do judaísmo legalista e as trouxe para a liberdade da graça e para a pastagem de Sua própria provisão. A vida “com abundância” é assim vista como a porção das ovelhas. E aquelas que têm definhado por anos nos lugares estéreis da legalidade, conhecem, em sua alma, o significado de uma vida passada de angústia espiritual, e uma vida presente de abundância espiritual, quando tirados dessa esterilidade para os verdes pastos de Sua graça.


E ainda observamos mais um fruto da vida abundante, como ensinado em Suas Palavras: “Eu sou o bom Pastor, e conheço as Minhas ovelhas, e das Minhas sou conhecido. Assim como o Pai Me conhece a Mim, também Eu conheço o Pai” (Jo 10:14-15), pois é assim que essas maravilhosas palavras de vida devem ser lidas. Nunca, até que saíssem de Seus próprios lábios, tais Palavras foram ouvidas nesta Terra! Elas ensinam a perfeita intimidade que existe entre o Senhor e os Seus. Não há distância entre o bom Pastor e o rebanho e, embora experimentalmente, podemos dizer, sabemos muito pouco sobre a intimidade, mas, mesmo assim, ela existe.


A vida – e a vida com abundância – é a nossa porção, e nossa hoje. Ao nos aproximarmos de Jesus, nosso Senhor, ouviremos com ouvidos vivificados Suas Palavras e, assim, descobriremos qual é a abundância da vida.


H. F. Witherby

 

Ovelhas para o Matadouro


Gostaria de abordar o tema do poder na paciência, não de forma doutrinária, mas sim de forma prática, pois ele está relacionado à nossa caminhada nos dias de hoje.


Deus nos deu o poder de sermos feitos filhos (Jo 1:12). Foi Seu imenso poder que nos tirou da condição de morte e nos assentou nos lugares celestiais em Cristo Jesus (Ef 1:3). É esse mesmo poder a capacidade interior que nos permitirá viver uma vida e trilhar um caminho que estejam de acordo com o nosso relacionamento com Deus e a nossa posição em Cristo.


Fortalecidos com todo poder

Passemos para Colossenses 1:11: “corroborados em toda a fortaleza, segundo a força da Sua glória, em toda a paciência e longanimidade, com gozo”. Quão distante estão nossos pensamentos dessa preciosa verdade apresentada aqui! “Toda a fortaleza” e “a força da Sua glória” estão ligadas à simples e discreta graça da paciência – aquele atributo do amor, que é “longânimo” e “benigno” (1 Co 13:4 – TB). Essa é a mais rara das flores agora. Deus não vai conceder poder para nos tornar famosos ou ilustres no mundo ou nos círculos religiosos, pois o homem pode ser tudo isso na energia meramente natural. Percorrer o caminho solitário, sem reputação e insignificante, que não é notado nem apreciado, exigirá mais do que a atividade da piedade na carne. O homem inquieto não pode suportar isso; ele exige o redemoinho embriagador de inimigos vencidos e vitórias conquistadas. Eu não quero desencorajar ninguém, como também não quero encorajar um espírito de preguiça. Porém, a palavra para hoje é: “Guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa” (Ap 3:11). Infelizmente, quão poucos estão nesse ponto, e quantos, em busca de mais, deixaram escapar aquilo que Deus já tornou nosso.


Pela fraqueza e pela derrota

Muitos hoje perdem o gozo que poderiam desfrutar simplesmente porque não percebem que seu privilégio é guardar, e não conquistar. Como regra geral, onde há conquista, a vitória resulta da derrota. Portanto, os seguidores do Senhor podiam dizer: “Duro é este discurso; quem o pode ouvir?” (Jo 6:60), quando Ele lhes disse que, somente por meio de Sua morte, poderia haver bênção para eles. Sem dúvida, essa é a expressão de muitos corações zelosos. Eu só posso responder, “Olhe para a cruz”:


“Pela fraqueza e derrota,

Ele ganhou o galardão e a coroa”.


Vamos olhar além em nosso caminho, pois estamos no caminho da Sua vitória. Eu sei como é instigante pressionar o inimigo, mas quão poucos têm o poder para “havendo feito tudo, ficar firmes” (Ef 6:13) quando os inimigos nos pressionam. É muito fácil gritar – “Vitória!”, com o inimigo incapacitado e nós mesmos possuidores dos despojos; é algo completamente diferente conseguir dizer, “por amor de Ti somos entregues à morte todo o dia: fomos reputados como ovelhas para o matadouro”, e em seguida ser capaz de acrescentar, “mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores”. E como é isso? “Por Aquele que nos amou” (Veja Romanos 8:36-37). Somos vencedores, ainda que no presente sejamos como ovelhas para o matadouro. Aleluia! O amor e o louvor pertencem a Cristo.


Paciência e longanimidade

Estevão foi alguém “cheio de poder” e é o primeiro que surge diante de nós proeminentemente após a ruína se instalar. Sua força foi manifestada naquilo que ele suportou. Na presença do conselho, ele apresenta o rosto como de um anjo, e, quando a multidão brutal faz do seu corpo um alvo para pedras, há alguma retratação? O pobre “vaso de barro” se quebra, mas o “tesouro” – “paciência e longanimidade” – estava lá, pois o ouço dizer, “Senhor, não lhes imputes este pecado”. Cristo em glória manteve seu coração tranquilo (veja Atos 7:55-59).


Paulo e Silas são uma ilustração feliz dessa verdade. Ouça-os cantando louvores a Deus perto da meia-noite, não em uma grande reunião; não, eles estão na prisão, os pés presos no tronco, e as costas sangrando. Mas há perfeita tranquilidade, nem mesmo um clamor por libertação. O poder que os capacitava a suportar era mais doce para eles do que escapar (compare com 2 Co 12:7-10). A “paciência” os possuiu de uma forma tão abençoada que, quando as portas se abriram, não houve pressa. Assim, a graça da longanimidade já os tinha feito livres; no coração, eles tinham abundância de espaço mesmo quando o corpo estava preso numa cela. Estavam em comunhão com Aquele que é hábil em converter prisões em palácios e em fazer pedras ásperas brilharem como rubis. Talvez paredes tão reais e terríveis também nos cerquem; estamos no segredo da força?


Feliz antecipação

Temos procurado por algo grande e estamos prestes a desmoronar porque não o encontramos? Temos antecipado um dia mais brilhante para nós do que este e, por que ele não é chegado, começamos a sentir que estamos fora da corrente de Sua vontade e, portanto, onde não podemos requerer o Seu apoio? Não temam amados; nossa própria fraqueza é o nosso direito a isso. Embora possamos não ter a aparência de um exército com bandeiras, podemos ser vistos saindo do deserto apoiados sobre o nosso Amado. Devemos encarar com suspeita aquilo que agora é de grandes dimensões. Veja, em Filadélfia e Laodiceia, aquilo que, respectivamente, caracteriza o verdadeiro e o falso no final (Ap 3). Deve ser visto por todos que estão familiarizados com o curso do tempo, conforme detalhado na Palavra de Deus, que apenas por um pouco mais de tempo, no máximo, será necessário o exercício da “paciência”. Devemos contemplá-Lo agora como Aquele que está próximo. Portanto, em alegre expectativa, cantemos; pode ser uma canção que não cause um terremoto; os ferrolhos e as barras podem não se soltar, nem os prisioneiros nos ouvirem, mas podemos salmodiar ao Senhor em nosso coração (Ef 5:19).


Podemos cantar apenas para Ele. Os homens podem não ouvir, mas as canções do céu não impedirão essa sinfonia de chegar aos ouvidos d’Ele. “Sede vós também pacientes; fortalecei o vosso coração, porque já a vinda do Senhor está próxima” (Tg 5:8).


F. C. Blount (adaptado)

 

Noventa e Nove Que Não Precisam de Arrependimento


Dos dois versículos que abrem Lucas 15, parece que as palavras de nosso Senhor sobre graça e discipulado atraíram os publicanos e pecadores para Ele, enquanto afastaram os fariseus e escribas. Ele realmente recebia pecadores e comia com eles: Tais ações estão de acordo com a própria natureza da graça. Os fariseus fizeram o comentário como uma provocação, contudo o Senhor o aceitou como um elogio. Ele então prosseguiu por parábolas para mostrar que não apenas recebia pecadores, mas realmente os procurava; Ele também demonstrou que tipo de recepção os pecadores recebem quando são acolhidos.


Primeiro, a parábola da ovelha perdida: Aqui vemos no pastor uma imagem do próprio Senhor. As noventa e nove ovelhas, que representam a classe dos fariseus e escribas, foram deixadas não no aprisco, mas no deserto – um lugar de esterilidade e morte. A única ovelha perdida representa a classe dos publicanos e pecadores. Eles são os que estão perdidos, e sabem disso – o “pecador que se arrepende” (v. 7). O Pastor encontra a ovelha; o trabalho e o esforço são d’Ele. E quando a encontra, Ele a segura e a leva para casa. Os ombros d’Ele se tornam a segurança dela. Ele nunca tem que dizer: “Estou triste, pois perdi a minha ovelha que havia sido achada”.


É impossível encontrar na Terra os “noventa e nove justos, que não necessitam de arrependimento” (v. 7), embora, infelizmente, seja fácil encontrar noventa e nove que se imaginam ser assim. No entanto, se eles puderem ser encontrados, haveria mais júbilo no céu por um pecador arrependido do que por eles. Todas as miríades de santos anjos no céu nunca deram causa a tanta alegria quanto um pecador arrependido dá. Que graça surpreendente é essa!


A parábola da dracma perdida segue o mesmo tema geral, mas com alguns detalhes especiais. A mulher com suas atividades na casa representa a obra subjetiva do Espírito na alma dos homens, em vez da obra objetiva de Cristo. O Espírito acende uma vela dentro do coração escuro e cria a perturbação que termina na descoberta da dracma. Aqui o júbilo é na presença dos anjos; na verdade, não é o júbilo dos anjos, mas da Divindade, diante de Quem eles estão.


Em seguida, segue a parábola do “filho pródigo”. As palavras de abertura do capítulo são muito significativas. O Senhor estava dizendo: “Que homem dentre vós... não vai após a perdida?” (v. 4). “Qual a mulher... não... busca com diligência?” (v. 8). Se um pai tivesse um filho pródigo que voltasse, não poderia agora dizer: “Qual de vocês” não “correrá e se lançará sobre o pescoço dele e o beijará?”. Duvidamos que algum homem chegue ao ponto do pai desta parábola: A grande maioria dos homens certamente não o faria. Esta parábola apresenta a graça de Deus Pai. Mais uma vez, é uma figura do pecador que se arrepende, e agora temos permissão para ver em forma de parábola as profundezas das quais o pecador é alçado e as alturas às quais ele é elevado de acordo com o coração do Pai, pelo evangelho.


Na melhor roupa vemos o símbolo de nossa aceitação no Amado; no anel, o símbolo de um relacionamento eterno estabelecido; nas sandálias, o sinal de filiação, pois os servos entravam nas casas de seus senhores com os pés descalços. O bezerro cevado e a alegria expunham o júbilo do céu e a gozo do Pai em particular. O filho estava morto moral e espiritualmente, mas agora ele era como alguém ressuscitado para uma nova vida.


Se o filho mais novo retrata o pecador arrependido, o filho mais velho representa, com precisão, o espírito do fariseu. Um estava com fome e entrou, o outro estava com raiva e ficou de fora. A chegada da graça sempre divide os homens nessas duas classes – aqueles que sabem que não são dignos de nada e aqueles que se imaginam dignos de mais do que têm. Disse o filho mais velho: “nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos” (v. 29). Assim, ele também encontrou companhia e prazer num círculo de amigos fora do círculo do pai. A única diferença estava no caráter dos amigos – os do filho mais novo eram de má reputação, enquanto os do mais velho, presumivelmente, eram respeitáveis. O religioso justo aos seus próprios olhos não está mais em verdadeira comunhão com o coração do Pai do que o pródigo, e ele acaba do lado de fora enquanto o pródigo é trazido para dentro.


F. B. Hole (adaptado)

 

Quatro Aspectos do Cordeiro


Vejamos quatro aspectos diferentes do Senhor Jesus Cristo sob o título de “Cordeiro”. João Batista disse: “Eis o Cordeiro de Deus” (Jo 1:29). Um cordeiro é o símbolo de mansidão, gentileza, e humildade, de modo que o bendito Senhor Jesus foi caracterizado por essas qualidades. Ouça Suas próprias palavras: “Sou manso e humilde de coração: e encontrareis descanso para a vossa alma” (Mt 11:29). Mais do que isso, o Senhor poderia desafiar Seus inimigos com a pergunta: “Quem dentre vós Me convence de pecado?”. Havia absoluta perfeição n’Ele.


A caminhada do Cordeiro

Traçar o caminho do Senhor atrai o coração em louvor e adoração. Foi “olhando para Jesus enquanto Ele andava” (JND) que fez brotar de João a exclamação: “Eis o Cordeiro de Deus”. Ele viu a dignidade e a beleza moral de Seu andar, e Seus caminhos proclamaram Sua Divindade. No ministério, apresentar a Pessoa do Senhor Jesus sempre traz consigo uma bênção.


Primeiramente O temos habitando com o Pai desde toda a eternidade. Então, tendo em vista a obra da redenção, Ele Se tornou um Homem. Ele não desprezou o ventre da virgem, nem a manjedoura em Belém, nem as circunstâncias de vergonha e sofrimento incidentais ao Seu caminho de amor abnegado. Ele é reconhecido pelo idoso Simeão nas memoráveis palavras: “Já os meus olhos viram Tua salvação.


Mais uma vez, vemos Jesus aos 12 anos de idade, na presença dos anciãos, “ouvindo-os e interrogando-os”. Passam anos, e O encontramos batizado por João no Jordão, e uma voz do céu Lhe dizendo: “Este é o Meu Filho amado, em Quem Me comprazo”. E, por último, temos Seu maravilhoso testemunho de três anos e meio, em que Ele continuamente andou fazendo o bem. Ele Se tornou um Homem para que pudesse revelar o Pai.


A obra do Cordeiro

No segundo aspecto, é a mesma introdução, apenas outro elemento é revelado – o de Emissário do pecado. Ele era o Cordeiro de Deus, o Cordeiro provido por Deus para atender às reivindicações de Deus. Podemos pensar que foram nossos pecados que O trouxeram, mas foi Deus Quem O deu. O amor está do lado de Deus, e Ele deu Seu Filho.


O sacrifício se liga à palavra “cordeiro” na Escritura, e o Cordeiro de Deus Se tornou o Emissário do pecado. O Senhor Jesus carregou os pecados dos crentes, mas aqui lemos sobre o “pecado do mundo” – um pensamento mais amplo do que os pecados dos crentes. Assim, lemos em Colossenses 1:20, “E que, havendo por Ele feito a paz pelo sangue da Sua cruz, por meio d’Ele reconciliasse Consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na Terra como as que estão nos céus”. Assim, em Hebreus 9:23, “as figuras das coisas que estão no céu assim se purificassem”. Isso ajuda a explicar a expressão “pecado do mundo”. A obra para realizar isso foi feita, mas no novo céu e na nova Terra a justiça habitará. Então veremos os resultados completos da cruz, a expulsão eterna do pecado daquela nova criação onde “tudo provém de Deus”.


Enquanto isso, por meio da obra do Cordeiro de Deus, o perdão dos pecados é pregado, e todo aquele que n’Ele crê é justificado de todas as coisas.


A adoração ao Cordeiro

Em Apocalipse 5:11-12, encontramos o terceiro aspecto do Cordeiro: “E olhei, e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos anciãos; e era o número deles milhões de milhões, e milhares de milhares, que com grande voz diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças”.


Esta é uma cena diferente; não é um Cordeiro sobre o altar, mas um Cordeiro adorado pelas hostes do céu, mas o mesmo Cordeiro. Outrora objeto de desprezo e ódio, Ele é agora o centro da adoração universal!


Uma vez dobraram os joelhos diante d’Ele em zombaria e desprezo orgulhoso; agora se prostram diante d’Ele em adoração. Certa vez, quando na cruz do Calvário “assentados, O guardavam ali”; agora círculos concêntricos de criaturas vivas, anciãos e miríades de anjos se prostram diante do entronizado Cordeiro de Deus. Ele estava em fraqueza aqui, mas exerce poder lá. Que mudança para o Cordeiro! Da cruz de vergonha ao trono da glória. Ele merece tal exaltação!


Alguns podem não saber o que é adoração. Você acha que é apenas ficar de joelhos e fazer suas orações, ou vir ouvir o evangelho ser pregado? Na oração, você pede o suprimento da necessidade e, ao ouvir, vem para receber instruções. Mas na adoração a alma dá a Deus aquilo de que Ele é digno. Cristãos talvez ajam mais como pedintes do que como adoradores. Podemos ter nossas necessidades, mas a adoração é o prazer da companhia de Deus – é devolver a Ele o que Ele me deu primeiro. O Pai conhece nossa necessidade, mas procura adoradores. Queridos companheiros Cristãos, que nosso coração flua com correntes de gratidão.


A ira do Cordeiro

O quarto aspecto está em Apocalipse 6:12-17. Não é a caminhada, nem a obra, nem a adoração, mas a ira do Cordeiro que encontramos aqui. “E os reis da Terra, e os grandes, e os ricos, e os tribunos, e os poderosos, e todo servo, e todo livre se esconderam nas cavernas e nas rochas das montanhas e diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós e escondei-nos do rosto d’Aquele que está assentado sobre o trono e da ira do Cordeiro”. O quê! A ira do Cordeiro? Sim, uma contradição, mas um fato espantoso; uma aparente incoerência, mas uma verdade terrível! Aquela mão que os homens pregaram na cruz empunhará o cetro. Aquela testa que os homens feriram com a coroa de espinhos usará o diadema de glória. Aquele que foi conduzido como um Cordeiro ao matadouro Se assentará como um Juiz no trono.


A mansidão não é fraqueza; a gentileza não é debilidade; a humildade não é impotência. Aquele que nos dias de Sua carne exibiu a graça do Cordeiro exibirá então a onipotência do Juiz de todos. Inútil será o clamor daqueles para as montanhas, vão o seu grito para as rochas! Os montes não cairão e as rochas não esconderão; a terrível visão da justa ira do Cordeiro deve ser vista por todos. “e todo olho O verá... e todas as tribos da Terra se lamentarão sobre Ele” (Ap 1:7). Aqueles que olham para Ele agora encontrarão n’Ele um Salvador, mas aqueles que O rejeitam agora, encontrarão n’Ele um Juiz.


J. W. S. (adaptado)

 

O Pastor do Dia de Nuvens e de Escuridão


Em Ezequiel 34, o Senhor aborda a questão dos pastores de Israel, que evidentemente abusaram da confiança e autoridade deles sobre o povo e que se alimentaram em vez de alimentar o rebanho. Como resultado, as ovelhas “se espalharam, por não haver pastor” (v. 5). Parece que havia pelo menos três razões pelas quais as ovelhas se espalharam.


Em primeiro lugar, como já observei, os pastores tinham sido egoístas, de modo que o Senhor tinha que dizer que eles “se apascentam a si mesmos e não apascentam as Minhas ovelhas” (v. 8). A negligência com o rebanho fez com que as ovelhas se desgarrassem, provavelmente em busca de pasto. Elas “andam desgarradas por todos os montes e por todo o alto outeiro, sem haver quem as procure” (v. 6).


Em segundo lugar, algumas das ovelhas estavam doentes, quebradas ou “espalhadas”, e os pastores não lhes deram o cuidado especial de que precisavam. Eles não haviam dedicado tempo para procurar aquelas que estavam perdidas e trazê-las de volta.


Terceiro, as ovelhas foram espalhadas “no dia de nuvens e de escuridão” (v. 12). Se o tempo estivesse claro e ensolarado, elas poderiam ter permanecido como um rebanho completo, mas quando a visão delas estava embaçada sob nuvens e escuridão, era fácil para elas se afastarem e se perderem.


O Senhor estava muito descontente com os pastores que haviam tratado Seu rebanho assim, e Ele disse: “Eis que sou contra os pastores; das suas mãos requererei as Minhas ovelhas, e farei que cessem de apascentar as Minhas ovelhas” (v. 10 – TB). Então o próprio Senhor buscaria Seu rebanho, as traria de volta e “em bons pastos” as apascentaria “nos altos montes de Israel” (v. 14).


Não há dúvida de que tudo isso se refere ao julgamento inicial de Deus sobre Israel por sua infidelidade, e depois Sua reunião novamente com eles em bênção milenar. A indignação de Deus aqui é principalmente contra os pastores, mas como sabemos da história de Israel, as ovelhas não eram melhores do que os pastores na maioria dos casos, e eram muito suscetíveis a serem desviadas. As ovelhas tiveram que arcar com parte da responsabilidade por estarem perdidas.


Eu diria que tudo isso tem um paralelo nos nossos dias, na história da Igreja. Deus levanta líderes entre Seu povo e lhes dá responsabilidade e autoridade como “subpastores”, para alimentar Seu rebanho, cuidar daqueles que estão doentes e procurar aqueles que podem ter se afastado. Suas responsabilidades são trazidas diante de nós particularmente em 1 Pedro 5, mas também em outras passagens da Escritura. Em Atos 20:28, Paulo exorta os anciãos da Igreja em Éfeso a “apascentardes a Igreja de Deus, que Ele resgatou com Seu próprio sangue”. Como Ele fez em Israel, na Igreja, o Senhor responsabiliza os pastores pela maneira como fizeram o trabalho que lhes foi dado.


Em particular, precisamos perceber que os pastores podem ser aqueles que causam o “dia de nuvens e de escuridão” e que deixam as ovelhas em uma posição de não saber qual caminho tomar. Alguém descreveu isso muito bem: “Enquanto os líderes estão ocupados escurecendo o céu com suas controvérsias, o inimigo está ocupado espalhando as ovelhas. Enquanto os pastores discutem, as ovelhas vagueiam. Podemos espalhar, mas que pouco poder temos para livrar!” (H. S.).


Surge então a pergunta: As ovelhas não têm nenhum recurso quando se encontram em dia de nuvens e de escuridão? Devem estar à mercê de pastores que não se importam com elas? Não, elas não estão sem um recurso, pois o próprio Senhor, o Sumo Pastor, nunca deixa de cuidar de Suas ovelhas. Se os líderes escureceram o céu e as nuvens dificultam o caminho, há sempre Aquele que está acima de tudo. Assim como o Senhor intervirá e reunirá Israel e as fará “voltar de todos os lugares por onde andam espalhadas no dia de nuvens e de escuridão” (v. 12), assim os olhos do Senhor estão sempre sobre Suas ovelhas. Ele não apenas as buscará e as trará de volta, mas também é capaz de impedir que sejam espalhadas, mesmo na escuridão.


Muitos anos atrás, alguns do povo do Senhor foram dispersos em “dia de nuvens e de escuridão”, e o Senhor graciosamente permitiu que um deles fosse trazido de volta por meio de um fiel subpastor que o procurou e foi uma ajuda para ele. Alguns anos depois, quando outra dificuldade séria confrontou o povo de Deus, o filho do irmão que havia sido trazido de volta perguntou: “Pai, o que vamos fazer?” O pai, tendo aproveitado sua experiência anterior, respondeu sabiamente: “Filho, neste momento não sei. Mas oremos para que, quando chegar a hora de tomar uma decisão, estejamos perto o suficiente do Pastor para ouvir Sua voz”.


Sim, aqueles que estão em posições de responsabilidade devem responder a Deus, se foram os instrumentos usados para escurecer o céu, mas as ovelhas não precisam ser espalhadas, se elas olharem para Aquele que nunca as esquece e que sempre liderará e guiará, por mais escuro que seja o dia.


W. J. Prost

 

A Porta das Ovelhas


Há uma bela imagem do povo de Deus, Israel, nos livros de Esdras e Neemias, e como eles valorizavam o lugar onde Ele havia colocado Seu nome. Jerusalém era a cidade que Ele escolhera. Sabemos que, por causa do fracasso deles, Deus permitiu que fossem levados para o cativeiro, e eles estiveram na Babilônia por 70 anos. Quando esse tempo acabou, Deus em Sua bondade levantou aqueles que se importavam com Seu nome e com Jerusalém. No livro de Esdras, temos um grupo dessas pessoas voltando e construindo a casa (o templo). Em Neemias temos a construção do muro. Deus despertou o coração de Neemias, e de outros também, para reconstruir o muro, porque o inimigo nunca deixaria o povo de Deus em paz. Ele sempre procurava atacar, então Neemias e outros foram incitados a reconstruir o muro. Mais de 130 anos antes, tudo havia sido destruído, e foi necessária uma verdadeira energia de fé para a reconstrução.


A primeira coisa que eles fizeram (no primeiro versículo) foi: “Eles construíram a porta das ovelhas” (ARA). Tenho certeza de que todos nós podemos ver o significado disso, porque o Senhor Jesus é o bom Pastor que deu Sua vida pelas ovelhas. Não havia fechaduras e barras naquela porta. Como é maravilhoso que a mensagem do evangelho chegue a quem quiser, indicando aos pecadores o caminho da salvação e como eles podem entrar pela porta das ovelhas. Eles podem vir como ovelhas perdidas e serem acolhidos e abençoados por Aquele que é o bom Pastor. Então, nós os vemos construindo a porta das ovelhas.


Talvez isso traga diante de nós, irmãos, a grande importância da obra do evangelho, porque todos nós que estamos aqui esta noite que somos salvos (e confio que todos somos salvos) tivemos que começar assim. Qual foi o começo? Foi entrar pela porta das ovelhas, para vir como ovelhas perdidas ao bom Pastor que deu Sua vida pelas ovelhas. Assim eles construíram aquela porta das ovelhas e então é dito: “Eles a consagraram até a Torre de Hananel. E, junto a ele, edificaram os homens de Jericó”. Sabemos que Jericó, na Bíblia, era a cidade da maldição e Deus pronunciou uma maldição sobre aquele que reconstruísse aquela cidade depois que os filhos de Israel entraram em Canaã e destruíram Jericó. Deus trouxe uma maldição sobre este mundo também, e ele está sob o julgamento de Deus. Quando o Senhor Jesus estava subindo a Jerusalém, Ele pronunciou juízo sobre este mundo. Ele disse: “Agora, é o juízo deste mundo” (Jo 12:31). O juízo foi proferido. O juiz foi nomeado. Deus, “porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do Varão que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-O dos mortos” (At 17:31).


Mas graças a Deus a mensagem da graça ainda é enviada, e assim como naquela cidade de Jericó antes de cair o juízo, havia um lugar de abrigo para quem quisesse entrar. É lindo que em Josué lemos que na casa de Raabe, a prostituta, onde estava a linha escarlate, quem quer que estivesse lá estaria seguro. Quem não estivesse lá seria exposto ao julgamento que caiu sobre a cidade (Js 2:18). Então, diz em nosso capítulo, os homens de Jericó a construíram. Isso é o que você e eu éramos, mas Deus nos salvou. Ele nos trouxe das trevas para a luz, do poder de Satanás para Deus. Não são maravilhosas estas palavras: “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8:1)? Não diz que há fechaduras e grades naquela porta em particular, porque Deus está sempre disposto e desejando a bênção de todos. “E quem quiser tome de graça da água da vida” (Ap 22:17).


G. H. Hayhoe (adaptado)

 

Animais Usados Simbolicamente na Escritura


Todo animal que representa o crente também tem, de alguma forma, características de Cristo. Existem sete animais que são usados dessa forma dupla: o cordeiro, o bezerro, a pomba, o cervo, o leão, a ovelha e a serpente. Vamos olhar para cada um brevemente.


O cordeiro representa Cristo no sofrimento (levado para o matadouro) na morte (o Cordeiro morto) e na glória (o Cordeiro é a sua luz). Representa o crente na fraqueza e dependência (como cordeiros entre lobos), também os jovens crentes especialmente (“apascenta os Meus cordeiros”).


O bezerro geralmente representa Cristo na morte, e especialmente Ele como a melhor coisa que o coração de nosso Pai pode nos dar como alimento. Também é figura da prosperidade daqueles que formam o remanescente judeu e que temem ao Senhor, a quem Cristo Se levantará com “cura em Suas asas” (Ml 4:2 – TB).


A pomba é figura de Cristo na morte, sendo a oferta provida para aquele que era pobre demais para comprar um boi ou uma ovelha. O crente também é chamado a ser tão inofensivo quanto uma pomba, enquanto a pomba no Salmo 74:19 representa o povo de Deus em aflição.


O cervo (cervo macho) é lindamente usado em Cantares de Salomão como figura de Cristo, e nos Salmos como figura do desejo sincero da alma do crente. É ainda figura do gozo do crente e da segurança e firmeza daqueles que confiam em Deus.


O leão é um dos títulos de Cristo no Apocalipse, símbolo de força e poder, sem dúvida também indicando a descrição de Judá em Gênesis 49. É ainda usado pelo profeta Miquéias para mostrar a força do remanescente fiel do povo de Deus quando cercado por seus inimigos. Nenhum outro animal é usado em analogias tão variadas como esse, que representa não apenas a Deus, a Cristo, a Judá e ao remanescente fiel, mas também as cidades ímpias de Nínive e Babilônia, o Israel rebelde, os que crucificaram a Cristo e até mesmo o próprio Satanás.


A ovelha em sua mudez e paciência, no momento da tosquia, representa o nosso Senhor em Seus sofrimentos. Também representa todos os crentes, uma vez perdidos, agora encontrados.


A serpente (a última dos sete) feita em bronze e erguida sobre uma estaca representa Cristo como o único Objeto de salvação para os olhos da fé descansarem, enquanto os crentes devem ser “sábios como serpentes”, embora “símplices como as pombas”.


Em nosso estado natural, não é assim. O homem não convertido é comparado em valor a um asno, sendo o dinheiro do resgate para ambos o mesmo; também a um cão em sua impureza e falta de vergonha, mas a nenhum destes Cristo jamais foi comparado.


Monthly Subjects

 

Vendo Que Sou o Cordeiro de Jesus


Uma escola, composta principalmente por crianças judias, estava sob a responsabilidade de uma senhora Cristã. Entre os hinos que ela ensinou a seus alunos havia um doce que começava assim: “Vendo que sou o cordeiro de Jesus”. A maioria dos alunos aprendeu em pouco tempo, e eles gostavam muito de cantar esse hino.


Um dia, no meio do verão, um dos alunos encontrou a professora e disse-lhe que, no dia anterior, um dos alunos da escola havia caído no rio e chegou muito perto de se afogar.


No domingo seguinte, esse amiguinho estava na escola novamente. A professora falou com ele gentilmente e perguntou como ele caiu na água.


Ele disse que estava andando numa prancha à beira do rio, quando tropeçou e caiu na água.


“Você não ficou muito assustado quando se viu na água?”

– Não, senhora.

“Mas o que você pensou quando a água cobriu a sua cabeça?”

“Ora”, disse o menino, e seus olhos brilharam enquanto falava, “pensei nas palavras do belo hino que você nos ensinou:

“Vendo que sou o cordeiro de Jesus,


Ele, eu sei, nunca me perderá;

Quando eu me desviar, Ele me procurará -

A morte é apenas uma nova vida para sempre;

Pai, para o Teu lar nas alturas

Toma-me, pois o cordeiro de Cristo eu sou”


“Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a Sua vida pelas ovelhas... e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará das Minhas mãos. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de Meu Pai. Eu e o Pai somos um” (Jo 10:11, 28-30).


Messages of God’s Love, 22/08/1965 (adaptado)

 

Cordeiros Entre Lobos


“Ide; eis que vos mando como cordeiros ao meio de lobos”. Você não pode transformar um cordeiro em lobo para que ele se defenda... O testemunho é mais brilhante... quando tomo as coisas em silêncio e me submeto, não desejando ser um lobo entre lobos. É extremamente difícil para o coração de alguém se curvar e dizer: “Eu não serei nada além de um cordeiro”, mas esse é o nosso lugar, pois o Senhor diz: “Minha é a vingança”.


J. G. Bellett

 

Apascentar os Cordeiros


Que volume de amor nessas palavras do Senhor ao pobre Pedro: “Apascenta os Meus cordeiros!” Isso foi como se Ele dissesse: “Vou fazer de você um canal para o amor fluir, e estou quebrantando você para que possa apascentar os Meus cordeiros. Você pensou que fosse um discípulo forte, mas estou fazendo você ver a sua fraqueza, dando-lhe um coração partido, para que você possa ser forte”. Ah! Não há nada como um coração partido para um pastor, pois haverá espaço nele para os cordeiros quando ele chegar ao fim do seu ego. O Senhor deve estar sempre quebrantando um pastor para capacitá-lo a apascentar Seus cordeiros.


Christian Truth, Vol. 33

 

Ovelhas Errantes


Ouvimos o apelo para tentar manter

Os cordeiros no caminho estreito,

E bem podemos, mas e as ovelhas –

Serão deixadas se desviar?


‘Era uma ovelha, não um cordeiro, que se afastava,

Na parábola que Jesus contou;

Uma ovelha adulta que se desviou muito

Das “noventa e nove” menos ousadas.


No deserto, no frio,

‘Era uma ovelha que o bom Pastor procurava,

E de volta ao rebanho, com amor indizível,

‘Era uma ovelha que o bom Pastor trouxe.


E por que devemos ansiar fervorosamente pelas ovelhas,

E tão fervorosamente esperar e orar?

Porque há perigo, se elas andarem errado,

Elas levarão os cordeirinhos embora.


Pois os cordeiros seguirão as ovelhas, você sabe,

Onde quer que as ovelhas se desviem;

Se as ovelhas errarem, não demorará muito

Até que os cordeiros estejam tão errados quanto elas.


E assim, com as ovelhas que sinceramente imploramos,

Por causa dos cordeiros hoje:

Se os cordeiros forem perdidos, que custo terrível

Algumas ovelhas terão que pagar!


Young Christian, Vol. 27, 1937

 

“As Minhas ovelhas ouvem a Minha voz, e Eu conheço-as, e elas Me seguem”

(João 10:27)

 



362 visualizações

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page