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Palavras de Edificação nº 46



Palavras de Edificação, Exortação e Consolação 46

(Revista bimestral publicada originalmente em Maio/Junho 1994)

 

Índice

Editorial — M.Persona (1955–)

O Grande Plano de Deus — Don Rule (1943–)

Estamos Vigiando e Servindo? — H.H.Snell (1815-1892)

O Espírito de Graça — C.Buchanan (1917-2012)

O Salmo 101 e o Mundo — L.LaBenne

Sou do Senhor — E.J.Checkley (1860-1944)

Juventude — Christian-treasury-volume 6

Perguntas e Respostas — Christian-treasury-volume 7

De Toda Dádiva — The Little Flock 1

 

EDITORIAL


EXPECTATIVA é definida por alguns dicionários como uma esperança baseada em probabilidades. Para o cristão, porém, a expectativa quanto ao futuro está fundamentada no que Deus disse. A fé não precisa olhar para as circunstâncias, pois aceita a Palavra de Deus sem questionar.


Todavia, quando vemos a espantosa precisão das profecias bíblicas que já se cumpriram, sabemos que a probabilidade de acerto para as que ainda restam é de 100%! Um exemplo: Em Ezequiel 26:4-5 há uma profecia acerca de Tiro: ela seria destruída e suas muralhas se tornariam, no meio do mar, em enxugadouro de redes. A antiga Tiro era formada por uma cidade à beira mar e, defronte dela, uma ilha fortificada. Nabucodonosor destruiu a cidade, derrubando suas muralhas, porém não conseguiu invadir a ilha. Ainda não era o completo cumprimento da profecia; Tiro continuava a existir na ilha fortificada. Anos depois, Alexandre, o Grande, ordenou que se lançasse ao mar os restos das muralhas, formando um caminho pelo qual seu exército conseguiu alcançar a ilha e destruir a cidade fortificada. Hoje nada mais resta da antiga Tiro, a não ser os restos das muralhas que, no meio do mar, tornaram-se enxugadouro de redes para os pescadores de uma aldeia próxima. Cumpriu-se a profecia.


A precisão da palavra profética é ainda mais espantosa quando lemos acerca do Senhor no Salmo 22. Davi, escrevendo mais de 1000 anos antes do Calvário, dá detalhes impressionantes dos sofrimentos do Messias: Sua sede (v. 15), os malfeitores ao Seu lado, Suas mãos e pés traspassados (v. 16), Seus ossos mantidos intactos (v. 17), os soldados repartindo e sorteando suas roupas (v. 18), etc. Aliás, encontramos nos Salmos 22, 23 e 24 uma seqüência profética: o Senhor morre na cruz (Salmo 22), passa a cuidar dos Seus, como Pastor, enquanto está no céu (Salmo 23), e vem como "Rei da Glória" para reinar (Salmo 24).


A Igreja não aparece na profecia do Velho Testamento. Depois que os judeus rejeitaram o seu Messias, Deus interrompeu temporariamente Seu relógio profético, e passou a reunir para Si um povo celestial, a Igreja. A qualquer momento Cristo virá nos arrebatar para levar-nos ao céu, nosso destino final. É esta a nossa expectativa presente. Então os ponteiros proféticos retomarão seu curso, dando início a um período de sete anos, na metade do qual Satanás será lançado na Terra. É a grande tribulação. Muitos judeus, que não escutaram o evangelho no período da igreja, se converterão formando um remanescente fiel. O evangelho do reino será então pregado por todo o mundo e muitos gentios também o aceitarão. O remanescente fiel será perseguido, e muitos serão martirizados. Então Cristo voltará do céu com Seus anjos e santos (nós que subimos no arrebatamento) para reinar por mil anos. Nesse período Satanás estará preso e Israel habitará na Terra desfrutando do cumprimento de todas as promessas que encontramos no Velho Testamento. Quanto a nós, estaremos reinando juntamente com Cristo.


No final dos mil anos, Satanás será solto por um tempo e serão revelados os que não eram genuínos dentre os habitantes da Terra. Haverá então o juízo descrito em Apocalipse 20:11-15. Quando tudo tiver se cumprido, haverá novos céus e nova Terra, onde estarão, respectivamente, o povo celestial e o povo terreno de Deus. "A Palavra que falei se cumprirá, diz o Senhor Jeová." (Ez 12:28).


Em tudo isso, há uma expectativa feliz para o crente, mas, para o que não crê, resta apenas "uma certa expectação horrível de juízo, e ardor de fogo" (Hb 10:27). Qual é a sua expectativa, leitor?

M. Persona (1955–)

 

O GRANDE PLANO DE DEUS


Algumas Dicas Proféticas

É tão fácil abrir a Palavra de Deus para encontrar versículos ou assuntos que tenham relação com nós mesmos – como podemos desfrutar das bênçãos, como o Senhor pode resolver algum problema particular ou guiar-nos em uma decisão a tomar. No entanto, se realmente desejamos conhecer o coração de Deus, é extremamente importante que desfrutemos, com Deus, de Sua Palavra – não apenas de alguns fragmentos, mas de toda ela.


Uma quantidade enorme da Palavra de Deus traz em si mesma um caráter profético. Vamos examinar algumas coisas que nos ajudarão a estudar a profecia. Há muito para se desfrutar e para se aproveitar com o caráter profético da Palavra de Deus.

Quando foi que você leu pela última vez os livros proféticos, começando com Isaías até o final do Velho Testamento? Sua resposta lhe dirá se você está ou não desfrutando de uma grande porção da Palavra que Deus deu para seu proveito.


Três Destinos

Todos os homens se deparam com um dos três destinos eternos: o céu, a Terra ou o inferno. Seu destino é o céu com Cristo, ou o inferno com Satanás. Deus está agora preparando um povo celestial para Seu Filho. Se você aceitou a Cristo como seu Salvador, seu destino é o céu, e se você O rejeitou, é o inferno. Mas há pessoas cujo destino não é nem o céu nem o inferno, pois Deus está preocupado em também preparar para Si um povo terreno. A profecia diz respeito à terra e às ações de Deus para com o Seu povo terreno, isto é, Israel e todas as outras nações que povoarão a terra num dia vindouro.


Acompanhando a história de Israel, podemos, através das espantosas revelações do Velho Testamento, aprendemos sobre o que acontecerá no futuro. O que quero dizer com isto? Jeová colocou diante de Seu povo certas promessas e lhes disse que, se fossem obedientes, Ele cuidaria deles, mas se não obedecessem, certas coisas iriam acontecer. E elas aconteceram. Os caminhos morais de Deus nunca mudam. E assim, as lições que o Seu povo terreno não aprendeu no passado, deverão ser aprendidas no futuro. E as promessas de Deus, ainda não cumpridas, serão cumpridas.


Dois Inimigos

Aprendemos, na história do povo terreno de Deus, que eles tinham dois inimigos poderosos. O primeiro inimigo era chamado de Assíria. O segundo era a Babilônia. Distinguir estes dois inimigos é muito importante na compreensão dos caminhos de Deus no futuro. Quando a Assíria era o inimigo do povo, Deus Se relacionava com Seu povo e os tinha como um povo todo Seu. Quero enfatizar isto: quando a Assíria era o inimigo do povo de Deus, Jeová Deus reconhecia-os como o Seu povo. Ele podia chamá-los de Seu servo, e usar a Assíria para castigá-los, para puni-los por serem infiéis a Ele. Mas, ainda assim, Ele considerava-os como Seu povo, e Judá nunca poderia ser conquistado pela Assíria.


Mas chegou um tempo em que o Senhor teve que dizer: Não os reconheço mais como Meu povo. Então, Ele escreveu sobre eles a palavra, “Lo-ami”, que significa "Não–Meu–Povo” (Os 1:9 - ARA). Após Ele escrever tais palavras sobre Israel, eles tiveram um novo inimigo, a Babilônia. Nabucodonosor, o rei de Babilônia, veio e conseguiu conquistar totalmente a terra de Israel, e levar o povo para fora da terra em cativeiro. Isto é algo importante na compreensão dos caminhos de Deus, porque Deus vai voltar a tratar com Seu povo terreno e, quando O fizer, Ele irá tratar também com os mesmos dois inimigos.

Primeiro, o inimigo será formado pelos descendentes do império babilônico, e dos impérios que se seguiram a esse. Durante esse período, Israel ainda terá escrito sobre si, “Lo-ammi… "Não–Meu–Povo” (Os 1:9 - ARA). O inimigo terá poder sobre o povo professo de Deus enquanto Ele não os reconhecer como Seu.


Mais tarde, Deus reconhecerá Israel novamente como Seu povo, mas irá, no futuro, assim como fez no passado, usar mais uma vez a Assíria para castigá-los. Ainda assim, Ele dirá que aquele é o Seu povo, e que a Assíria não poderá fazer o que quiser. Deus irá usá-los para punir e ensinar o povo de Israel por meio do castigo, mas o inimigo não poderá conquistar o povo de Deus.


A Divisão em Israel

O que mais vemos na história do povo de Deus? Ele os levou para uma terra maravilhosa, e disse a eles que eram o Seu povo; Ele os amava e Ele cuidaria deles. Mas depois descobrimos que aquelas mesmas pessoas, em sua infidelidade, dividiram-se em dois grupos. Dividiram-se em duas partes, e tornaram-se as dez tribos que são chamadas de Israel, e as duas outras tribos que são chamadas de Judá. Em meio àquelas duas partes, entre as dez e as duas tribos, havia também um número pequeno de pessoas de todas as doze tribos que eram vistas como fiéis ao Senhor. Eram vistas como um remanescente do povo. Assim como foi no passado de Israel, assim também no futuro de Israel vemos uns poucos fiéis – um remanescente do povo. À medida que lemos e desfrutamos da palavra profética, vemos o remanescente que segue o Senhor sendo conduzido e tratado de uma forma especial pelo Senhor.


O Bem Ordenado Caminho de Deus

Nos caminhos de Deus com o homem, Ele é muito ordenado. Deus trata com diferentes grupos em diferentes épocas. Quando lemos nossas Bíblias, precisamos notar cuidadosamente para quem ou de quem é que Ele está falando.


Em Seus caminhos com Seu povo terreno, Deus trata primeiro com o remanescente, depois com as duas tribos de Judá e Benjamin, depois as dez tribos, e finalmente Ele faz com que sejam novamente uma nação unida formada por doze tribos.


Deus faz distinção entre a terra e o mundo; como dito em Isaías: “Havendo os teus juízos na terra, os moradores do mundo aprendem justiça” (Is 26:9). A terra inclui Israel, o império romano e as outras nações que tiveram algo a ver com Israel no tempo que nosso Senhor Jesus esteve aqui. O mundo inclui todo o restante dos povos do planeta Terra. Na profecia vemos Deus julgando a terra enquanto o resto do mundo assiste e aprende justiça. Em Apocalipse[1], a expressão “a quarta parte da terra” significa Israel, e “a terça parte da terra” significa o império romano.


Nos caminhos de julgamento de Deus, é como se Ele dissesse a uma nação: “Agora é a sua vez; venha”. Ele os traz para Sua terra e trata com eles ali. Então Ele chama outro grupo de nações e diz: “Agora é a sua vez”; e trata com eles ali. É dessa forma que Ele trata com toda a terra.


Os caminhos de Deus para abençoar são como uma pedra lançada dentro de um lago. As ondas começam em um ponto, e então vão se crescendo em círculos. As bênçãos começam no Monte Sião, e então se espalham para a amada cidade do Senhor, Jerusalém. Então, Ele tem um círculo um pouco maior chamado Judá, as duas tribos e onde Ele viveu, depois toda a terra de Israel, então a terra, e finalmente, o mundo todo é incluído na bênção. Conforme lemos a palavra profética e buscamos compreender os pensamentos e o coração de Deus a este respeito, é extremamente importante, e digno também prazeroso, vermos qual é o círculo com que Deus está tratando naquele momento.


Isaías e o Apocalipse

O mais abrangente livro da profecia é Isaías. O Apocalipse, por outro lado, é mais específico como um livro profético. Ele completa a palavra profética por tratar de assuntos que não podiam ser conhecidos antes que Cristo viesse e a Igreja fosse formada. Os profetas do Velho Testamento nos apresentam a profecia vista da Terra, enquanto João, no Apocalipse é levado, em espírito, ao céu para que possa ver a profecia como vista do céu.


A Profecia e o Cristianismo

Deus introduziu o Cristianismo na Terra; era algo desconhecido nos tempos do Velho Testamento. Os profetas nada tinham a dizer sobre isso, então Deus, para completar Sua palavra profética, nos dá um livro extra no Novo Testamento. Ele nos mostra como Deus trata com a Igreja professa e como ela se encaixa em outros acontecimentos na Terra. Nas sete igrejas de Apocalipse 2 e 3, vemos a história moral da Igreja sobre a Terra. Mas depois que o Senhor Jesus nos chamar e a todos os crentes para o lar celestial, haverá ainda um grande grupo de pessoas na Terra professando ser a Igreja. Então, Deus toma esse grupo e nos mostra o que lhes irá acontecer. Lemos sobre um falso profeta e lemos sobre a grande Babilônia, coisas que a Igreja se tornou aqui na Terra, e sobre os vários líderes que se relacionam com ela. O livro de Apocalipse nos mostra como Deus trata com ela em juízo até trazê-la ao seu fim.


Apocalipse

Você pode dividir o livro de Apocalipse bem no meio. Há vinte e dois capítulos. Tome os onze primeiros e você descobrirá que estão em ordem cronológica; isto é, o Espírito de Deus coloca os eventos um após o outro à medida que Ele vai tratando com a Terra. Do décimo segundo capítulo até o final Ele apresenta as coisas por tópicos, não cronologicamente. Às vezes, o tópico é uma pessoa ou uma nação, e às vezes é um tema, tal como a vinda do Senhor e quais serão as consequências daquela vinda para a Terra, ou uma descrição de como Jerusalém e Israel parecerão no futuro.


Isaías

Vamos dar uma olhada em Isaías – “Visão de Isaías, filho de Amós, a qual ele viu a respeito de Judá e Jerusalém” (Is 1:1). Temos uma chave bem aqui. Deus diz que Ele vai contar a eles quais são os Seus propósitos concernentes a Judá e Jerusalém. “Nos dias de Uzias, Jotão, Acaz, e Ezequias, reis de Judá. Ouvi, ó céus, e presta ouvidos, tu, ó Terra, porque fala o Senhor: Criei filhos, e exalcei-os; mas eles prevaricaram contra mim” (Is 1:1,2). Deus nos diz que Ele tomou a Jerusalém, Judá e Seu povo e os alimentou e cuidou deles e zelou por eles, e ainda assim eles se rebelaram contra Ele. Portanto, Ele trata o caso deles como um povo rebelde.


O Final da História

Alguma vez aconteceu de você começar a ler um livro e, na metade, disse: “Não posso esperar mais; tenho que ver; como irá terminar?” Então, você vai ao último capítulo e vê como termina, e então continua a ler o livro. Não temos tempo aqui para ler todo o livro de Isaías, mas vamos descobrir como ele termina. Abra no último capítulo de Isaías, versículo 10: “Regozijai-vos com Jerusalém, e alegrai-vos por ela, vós todos os que a amais: enchei-vos por ela de alegria, todos os que por ela pranteastes… Porque assim diz o Senhor: Eis que estenderei sobre ela a paz como um rio… E trarão todos os vossos irmãos, dentre todas as nações, por presente ao Senhor, sobre cavalos, e em carros, e em liteiras, e sobre mulas, e sobre dromedários, ao Meu santo monte, a Jerusalém” (Is 66:10, 12, 20).


Vemos que tudo acabará bem para Israel, mas também notamos estas palavras: “Porque com fogo e com a Sua espada, entrará o Senhor em juízo com toda a carne; e os mortos do Senhor serão multiplicados” (Is 66:16). Este é o caráter daquilo que está reservado para a Terra, e é assim que Isaías nos apresenta. À medida que se lê o livro de Isaías, verá como Deus toma diferentes grupos de povos e nações e nos apresenta, dizendo-nos que Ele irá testar esse povo e ver o que eles são. É o teste do fogo e do julgamento na Terra. Nossas obras serão provadas pelo fogo de Deus, para ver que tipo de obra elas são, se são ouro, prata e pedras preciosas; ou madeira, feno e palha. Assim também as nações da Terra serão colocadas sob o fogo da mão de Deus, e Ele as provará para ver que tipo de povos são.É dito que muitos serão os mortos do Senhor – isto é, muitos não passarão no teste que terão que enfrentar.


Daniel

A profecia de Daniel cobre o período em que Deus diz, acerca de Israel, “Lo-ami” (“não Meu povo” – ARA). Quando Ele diz isso, o império Babilônico e os três outros impérios mundiais, que o seguiam, são colocados diante de nós. Nesse período, chamado de “os tempos dos gentios” (Lc 21:24). Deus remove Israel do centro de Seu governo terreno, e permite que os poderes dos gentios assumam o reino sobre a Terra. Os três poderes que se seguiram ao poder Babilônico foram: o medo-persa, o grego e o romano. Alexandre, o Grande, reinou apenas por alguns anos, e quando morreu, seu império grego foi dividido em quatro partes. Duas partes, a parte norte e a parte sul, continuaram na história e na profecia. Da profecia de Daniel aprendemos que esses reis, o rei do norte e o rei do sul, irão se levantar outra vez perante Deus e perante o homem.


Quando o Senhor Jesus estava aqui, o quarto império, o império romano, encontrava-se no poder. O que Deus vai fazer? Deus irá restaurar a Terra do jeito que estava aos Seus olhos na época em que Seu Filho foi crucificado.


Então Ele revive o império romano e estabelece o seu poder na terra. Além disso, o Seu povo também estava na terra quando Seu Filho foi crucificado, mas estavam apóstatas; eles O rejeitaram. Portanto, esse povo é trazido de volta e colocado no palco. Mas são um povo que nada tem a ver com Ele, assim como quando o Senhor Jesus esteve aqui.


Um Remanescente

Em meio a esse povo há um pequeno grupo que tem fé no Senhor. Não é muito grande. Sempre me impressiono ao ler a respeito de Ana em Lucas 2:36. Ela era uma mulher com mais de cem anos de idade, e ainda assim é dito dela que falou a todos em Jerusalém que estavam esperando pelo Senhor. Se uma mulher daquela idade podia falar a todos os que estavam esperando pelo Messias, não deviam haver muitos. Mas havia aqueles poucos, e o Senhor os desejava e os valorizava tanto que alguns deles foram lembrados por seus nomes. O Senhor terá alguns poucos fiéis que formarão um testemunho para Ele quando recompor o cenário para vir tratar com a Terra.


Julgamento antes da Bênção

Primeiro o Senhor deve limpar a terra de todas as suas impurezas e tirar dela, em juízo, todos os que O rejeitaram e seguiram o falso Cristo. O Senhor envia um desolador pela terra, e a esfrega até que fique limpa. Ele precisa remover de Sua terra tudo aquilo que a contamina. Ele não pode trazer Seu povo para a bênção, e nem pode trazer Jerusalém para a bênção com toda a sujeira e abominações permanecendo na terra.


Quando o Senhor foi rejeitado sabemos que Pilatos estava ali; sabemos que Herodes estava ali; sabemos que os líderes judeus estavam ali, mas eram todos contra Cristo. Homens de um mesmo caráter estarão novamente ali, mas o que Ele irá fazer? Ele coloca diante de Seus olhos aquele que conhecemos como a besta e o falso profeta, e diz: “Eu vou removê-los em juízo para fora de Minha terra”. E Ele faz isso.


Vemos alguns desses eventos em Daniel, mas lembre-se de que Daniel não podia ver todos os acontecimentos até o fim. Se você for ao último capítulo de Daniel, encontrará que ainda havia muito a ser feito, além daquilo que Daniel podia ver, além daquilo que chamamos de “a septuagésima semana de Daniel”. A visão de Daniel termina com “naquele tempo, livrar-se-á o Teu povo, todo aquele que se achar escrito no livro”, e, “Bem-aventurado o que espera” (Dn 12:1;12). Devemos buscar nos outros profetas para vermos como o povo é libertado de seus últimos inimigos e feitos o centro das bênçãos para toda a Terra.


Os Salmos

Muitos de nós lemos os Salmos, encontrando aqui e ali versículos que desfrutamos e que aplicamos a nós. Isso é bom. Mas ao mesmo tempo, espero que aprendamos a lê-los vendo que são os pensamentos e sentimentos do povo de Deus quando Deus, naquele dia ainda futuro, estiver tratando com Sua terra e com Seu povo em juízo. Os Salmos expressam as esperanças do povo, seus sentimentos, sua insegurança, e seu louvor à medida que passam por tudo e olham para trás vendo a maneira de Deus tratar com eles, primeiro castigando e, então, abençoando.


Você não encontrará pensamentos genuinamente Cristãos nos Salmos, pois eles não expressam a posição do Cristão em Cristo. Você e eu podemos, e devemos, desfrutar agora mesmo de uma paz já estabelecida, paz esta que eles não poderão desfrutar naqueles dias futuros de agonia e incerteza, enquanto o Senhor estiver tratando com eles.


Ensinando Confiança

Deus toma Seu povo e diz: “Sei como se sentem”. E assim, eles são levados a ter confiança no Senhor. Então, Ele escolhe uns poucos dos que são Seus e o Senhor Jesus volta para os Seus, e Se revela a eles secretamente, e diz: “De agora em diante ficarei com vocês. Vocês serão Meu povo e Eu estarei com vocês; mas há algumas coisas que terão que aprender primeiro”.


Então, novamente, Ele traz a Assíria ao palco, por assim dizer, e diz: “Esta é a vara da Minha ira. Esta é aquela que Eu usei para discipliná-los, e ainda vou usá-la”. Assim, Ele traz de volta à cena a Assíria, pois devem sentir a mão do Senhor disciplinando-os.


Tempo de Angústia para Jacó

Jeremias diz: “E estas são palavras que disse o Senhor, acerca de Israel e de Judá” (Jr 30:4). Novamente, observe que isso diz respeito a Israel e Judá. Não é a cidade Jerusalém que está diante d'Ele, mas é Israel e Judá. “Porque assim diz o Senhor: Ouvimos uma voz de tremor, de temor mas não de paz” (Jr 30:5). Ele quer que entendamos como eles estão se sentindo. O Seu povo agora está na terra, e o Senhor está realizando Sua obra de juízo com aquela terra e todas as nações queao redor. Eles estão tremendo. Há medo e perturbação. Alguns desses sentimentos são expressos nos Salmos. Então lemos: “Ah! porque aquele dia é tão grande, que, não houve outro semelhante! e é tempo de angústia para Jacó: ele porém será livrado dela” (Jr 30:7).


Para entendermos este capítulo precisamos lembrar o que foi o tempo de angústia de Jacó. Ele foi um homem que buscava a bênção de Deus, não era mesmo? Mas qual era o problema em sua vida? Jacó desejava a bênção de Deus, mas pensava que poderia consegui-la por seus próprios esforços. Ele até usou de meios enganosos para tentar consegui-la. Talvez você tenha passado pela mesma angústia de Jacó também. Talvez você sinta que pode ganhar ou que merece a bênção de Deus, e então você vai em busca dela gastando toda a energia de sua natureza. Jacó planejava conseguir a bênção, mas Deus teve que ensinar a Jacó que ele nunca poderia obter a bênção lutando por ela. Ele teve que aprender que Deus é O que abençoa em conformidade com Seu próprio coração de terno amor. O homem só consegue angústia quando luta por si próprio.


O povo terreno de Deus ainda não aprendeu essa lição. Agora estão tentando manter a posse da terra e de suas bênçãos por seus próprios esforços. Mas todas as doze tribos serão trazidas para a terra e então chegará um tempo de medo, grande tremor e fraqueza na expectativa de todos os inimigos que vêm em direção à sua terra. Eles estão lá e o Senhor está lá, e eles aprendem que o Senhor está com eles. O Senhor lhes diz em Jeremias: “Não temas, pois tu, servo Meu Jacó, diz o Senhor, nem te espantes, ó Israel; porque eis que te livrarei” (Jr 30:10).


Caros Cristãos, aprendemos as lições que Israel aprenderá através da angústia de Jacó? Israel tem que passar por isso, e conforme lemos a Palavra de Deus, podemos aplicar estas coisas a nossa própria vida. A profecia não é algo árido, e de difícil compreensão. Dela aprendemos os princípios morais de Deus para com o Seu povo e para conosco.


Aqui Ele diz: “Eis que te livrarei”. Eles precisam aprender a confiar n'Ele para que os salve. Talvez você também precise aprender isso; talvez eu precise aprender isso em minha vida. Quando eles aprendem a confiar no Senhor e não em si mesmos, então, apesar da aparente posição de impotência com o inimigo se aproximando e eles com suas cidades desprotegidas e sem muros, lemos: “Jacó tornará, e descansará, e ficará em sossego, e não haverá quem o atemorize” (Jr 30:10). Por que? “Porque Eu sou contigo, diz o Senhor, para te salvar; porquanto darei fim a todas as nações entre as quais te espalhei; a ti, porém, não darei fim, mas castigar-te-ei com medida, e de todo, não te terei por inocente” (Jr 30:11).


O tratamento dispensacional e os concertos de Deus com o homem variam com a época, mas Seus princípios morais são sempre constantes. Conforme se estuda a profecia, você aprende os Seus caminhos com os homens, inclusive com você mesmo.


D. Rule (1943–)

 

ESTAMOS VIGIANDO E SERVINDO?


LUCAS 12

Ao meditar nas palavras de nosso Senhor nos evangelhos, devemos lembrar que Ele disse: “Importa, porém, que Eu seja batizado com um certo batismo, e como Me angustio até que venha a cumprir-se!” (Lc 12:50). Isto é, ali Ele ainda não poderia revelar toda a verdade, pois Sua morte e ressurreição ainda não haviam se cumprido. Ele estava angustiado. É por esta razão que a vinda do Senhor como nossa esperança não pôde ser apresentada claramente, como foi posteriormente nas epístolas. Ali encontramos a distinção feita entre a vinda de nosso Senhor por nós, e a revelação ou a aparição do Senhor na vinda do céu para reinar com Ele. Isso não pôde ser revelado até que a nação de Israel, sob a lei, tivesse rejeitado seu Messias, e fosse colocada sob o tratamento judicial de Deus.


Agora que temos a instrução das epístolas, podemos voltar e traçar, na parábola das virgens e no início do discurso de despedida de nosso Senhor, uma alusão à Sua vinda por nós, quando somente aqueles que são verdadeiramente Seus serão arrebatados.


Em Lucas 12, após o Senhor haver falado bastante sobre Sua vinda, Pedro pergunta: “Senhor, dizes essa parábola a nós, ou também a todos?” E o Senhor responde: “Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor pôs sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração?” (Lc 12:41-42). Sabendo muito bem que Ele seria rejeitado, Sua vinda por nós foi antecipada por Ele. Isso também mostra que a coisa mais importante que nosso Senhor busca agora é cuidar de Seus servos durante Sua ausência.


Essa pergunta de Pedro nos lembra também de nosso Senhor tão gentilmente permitiu ser interrompido por perguntas às quais respondia graciosamente, voltando depois ao Seu discurso. No final de João 13 e 14 nosso Senhor foi interrompido por Pedro, Tomé, Filipe e Judas, todos com perguntas que Ele respondeu de uma só vez. Vemos o mesmo em nosso capítulo. O Senhor começou dirigindo-Se “aos Seus discípulos” na presença de uma multidão de pessoas; então, no versículo 13 nos diz que “um da multidão” pediu-Lhe que dissesse a seu irmão que reparta a herança com ele. A resposta do Senhor a isso estendeu-se até o final do versículo 21, quando Ele mais uma vez volta a Se dirigir “aos Seus discípulos”. É doce observar essa maneira graciosa de nosso adorável Senhor!


Pequeno Rebanho

Seus discípulos eram um “pequeno rebanho”. Eles eram poucos, de fato, quando comparados com a multidão professa do povo de Deus; mas não deviam temer. Eles teriam o reino, que agora está postergado. Essa promessa será desfrutada por aqueles a quem os discípulos representam nesta passagem como os que receberam o Messias com a esperança de Seu reino no monte Sião. Será do agrado de Seu Pai dar-lhes o reino (Lc 12:32).


É apenas necessário acrescentar que aqueles que formam a Igreja, o corpo de Cristo, esperam por uma herança celestial, e o reino com Ele como Seu povo celestial. O estado de nosso coração é a pergunta que tudo busca agora. Porque, “onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração” (Lc 12:34). Até que Ele venha, Ele deseja que estejamos vigiando e servindo.


Desse discurso marcante aprendemos que é a vontade de nosso Senhor que sejamos servos cingidos. “Estejam cingidos os vossos lombos” (Lc 12:35), sempre prontos para serem enviados aqui ou ali, conforme Ele orientar. Em muitas grandes empresas há homens prontos para cuidar de qualquer emergência que seu patrão ordenar. “Portanto, estai vós também apercebidos” (Lc 12:40). Os lombos cingidos indicava que estavam preparados. As vestimentas longas daquela época, dobradas e enroladas ao redor da cintura, mostravam que estavam prontos para colina ou vale, ou mesmo para passar por espinhos e sarças. Um servo cingido está pronto para partir, apenas aguardando que lhe digam quando e onde. Que possamos ser verdadeiramente servos cingidos.


Servos Que Brilham

Também devemos ser servos que brilham – “acesas, as vossas candeias” (Lc 12:35). Em vez de suas lâmpadas se apagarem, elas estão bem abastecidas com óleo, aparadas e brilhando intensamente. Isso implica dependência, fé, comunhão com Cristo, e não entristecer o Espírito com nosso andar. Deve haver também um inabalável juízo-próprio. João (Batista) foi mencionado por nosso Senhor como “ele era a candeia que ardia e alumiava” (Jo 5:35).


Assim deveríamos ser, como o apóstolo tão claramente nos instrui: “Para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio duma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo; retendo a palavra da vida” (Fp 2:15-16). Devemos, portanto, ser servos que brilham. Nossa luz deve brilhar diante dos homens, e assim fará se permanecermos em nosso Senhor Jesus. “Porque, noutro tempo, éreis trevas, mas, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz” (Ef 5:8).


Servos Que Esperam

Semelhantes aos homens que esperam o seu senhor” (Lc 12:36); também devemos ser servos que esperam. Os servos deveriam estar esperando o retorno de seu mestre durante a noite. Eles não sabem quando, mas esperam. Eles não vão a lugar nenhum, mas esperam. Eles não vão descansar, mas simplesmente esperam, para que possam abrir a porta logo que ouvirem seu senhor bater. Nosso Senhor Jesus deseja que sejamos servos que esperam, aguardando para qualquer momento a Sua vinda.


Servos Vigilantes

Nosso Senhor não só quer que esperemos, mas vigiando por Sua vinda. Ele procura servos vigilantes. A medida que a noite avança, e vigília após vigília passa, tais servos sabem que não deve faltar muito até a vinda do Mestre. Eles aguçam seus ouvidos com maior atenção. Assim são os servos vigilantes, e é assim que nosso Senhor deseja. Ele diz: “Em verdade vos digo que se cingirá, e os fará assentar à mesa, e, chegando-se, os servirá” (Lc 12:37). Pode, porventura, haver algo que exceda esse testemunho de nosso Senhor a respeito dos servos que Ele encontra vigiando? Colocamos isso em nossa consciência como deveríamos? É porque agrada a Seu amável coração que esperamos e vigiamos?


Com certeza não vai demorar muito antes que realmente possamos ver Sua face, e estar com Ele para sempre. Nosso Senhor acrescenta ainda que: “Se vier na segunda vigília, e se vier na terceira vigília, e os achar assim, bem-aventurados são os tais servos” (Lc 12:38). Portanto, quão agradável é para Ele o servo vigilante!


As Vigílias

A respeito das várias vigílias, sabemos que a primeira vigília era das seis (dezoito) às nove (vinte e uma) horas; a segunda das nove (vinte e uma) às doze (vinte e quatro) horas (meia-noite); a terceira da meia-noite às três horas da madrugada, e a quarta das três às seis horas da manhã. É certo que a primeira e segunda vigílias já passaram, pois lemos na parábola das virgens que “à meia-noite, ouviu-se um clamor: Aí vem o Esposo! Saí-lhe ao encontro!” (Mt 25:6). É um fato que há mais de cem anos este clamor foi ouvido. Desde então ele já se estendeu para quase todas as partes do mundo civilizado, e de uma maneira que não era conhecida desde os dias dos apóstolos.


Nos dias de Paulo, os crentes converteram-se de ídolos para servir ao Deus vivo e verdadeiro, e para esperar pela vinda de Seu Filho do céu. Mas de acordo com a palavra profética de nosso Senhor, “tardando o Esposo, tosquenejaram todas, e adormeceram” (Mt 25:5 – TB). Assim, no que diz respeito às vigílias, estamos na terceira vigília, e isto há um tempo considerável. Dizemos que estamos em alguma parte da terceira vigília porque na quarta vigília nosso Senhor virá para o Seu povo da antiguidade (Israel), como o Seu grande Libertador.


Há uma bela ilustração disso em Mateus 14. Nosso Senhor estava no monte orando[2]. Sua posição ali representa Seu lugar atual de ministério no céu. Na quarta vigília da noite o Seu povo terreno encontra-se em grande tribulação e perigo, e Ele vai encontrá-los em meio à sua profunda angústia. Jesus revela-Se como seu Libertador, de modo que quando entra no barco o vento cessa. Eles O adoram como o Filho de Deus, pois no futuro o povo de Israel O conhecerá como “Filho de Deus” e “Rei de Israel”.


Se, portanto, estamos na terceira vigília da noite, e esta já se encontra bem adiantada, e Ele vem para abençoar a Israel na quarta vigília (e é evidente que seremos arrebatados para encontrar o Senhor nos ares antes que Ele liberte Israel, pois quando for fazê-lo viremos do céu com Ele), com toda a certeza só falta “um poucochinho de tempo”[3] para Ele vir; e não tardará.


Servos Fiéis e Sábios

No momento presente nosso Senhor está procurando por servos fiéis e sábios, pois Ele não somente nos colocou em uma posição de quem espera e vigia, mas também nos deu talentos para usarmos para Ele. Ele nos deu graça para ministrarmos a outros e assim fez de nós mordomos (despenseiros – TB). Assim, nosso Senhor acrescentou: “Qual é pois o mordomo (despenseiro – TB) fiel e prudente, a quem o Senhor pôs sobre os Seus servos, para lhes dar a tempo a ração? Bem-aventurado aquele servo a quem o Senhor, quando vier, achar fazendo assim. Em verdade vos digo que sobre todos os Seus bens o porá” (Lc 12:42-44).


É quase impossível que existam outras palavras que pudessem exprimir de forma mais marcante a aprovação que o Senhor dá aos servos que cuidam de Seus santos durante a Sua ausência. É fidelidade a Ele usar para o benefício de Sua família os talentos que Ele nos deu. É também o caminho da sabedoria, pois acumula tesouros no céu. Prestar auxílio oportuno àqueles que formam a “Sua família” durante a Sua ausência é o que distingue os verdadeiros dos falsos que professam o Seu nome.


Servos Saudosos (Desejosos)

Além de tudo isso, sabemos por outra passagem da Escritura, que o Espírito Santo deseja que sejamos servos saudosos (desejosos). Não somente servos cingidos, brilhando, esperando e vigiando, fiéis e sábios, mas também servos desejando ardentemente a Sua vinda. “O Espírito e a Esposa dizem: Vem!” (Ap 22:17). Quando o Senhor Se apresenta como “a resplandecente Estrela da manhã” (Ap 22:16), dizendo, “certamente cedo venho”, qual deveria ser o efeito em nossa alma além de uma resposta sincera: “Ora vem, Senhor Jesus!”. Poucos assuntos são mais solenes, e nenhum mais eminentemente santificador. Pois “qualquer que n'Ele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também Ele é puro” (1 Jo 3:3). Que possamos estar tão ocupados com nosso precioso Salvador lá onde Ele está, que nosso constante clamor seja: “Ora vem, Senhor Jesus!” (Ap 22:20).


Servos Maus

Há outra palavra muito solene que é acrescentada por nosso Senhor. É sobre o servo mau. Talvez ele seja suficientemente fundamental em suas opiniões, e cheio das verdades das Escrituras, mas no coração (oh, que apavorante!), adiando a vinda do Senhor. Ele diz em seu coração: “O meu Senhor tarde virá” (Mt 24:48), e, como resultado disso começa a espancar os conservos e criadas, e a comer, beber, e embriagar-se. Apesar de toda a profissão de seus lábios, ele não amou, pois não provou o amor de Cristo. Sua porção, portanto, quando vier o juízo, deve ser com os incrédulos.


Podemos estar certos de que nosso Senhor não está Se atrasando. Tudo o que é necessário que seja feito antes de Sua vinda está acontecendo em perfeita harmonia com todos os atributos e conselhos de Deus, enquanto Sua longanimidade para com este mundo mau será para Seu louvor e glória eterno. Seu imutável desejo, enquanto está no trono do Pai, é ter-nos junto de Si onde Ele está, para contemplarmos a Sua glória, e compartilharmos da herança e glória que o Pai Lhe deu (Jo 17:24). Quão infinito amor para conosco! Estamos vigiando e servindo?

H. H. Snell (1815-1892)

 

O ESPÍRITO DE GRAÇA


O Senhor prometeu estar perto de nós em certas condições de coração, pois Ele é compassivo. Ele diz, “Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado” (Sl 34:18). Você já experimentou isto? Um coração quebrantado – quanto ele dói! Acaso isto produz um espírito contrito? Se assim for, a promessa é que o Senhor “salva os contritos de espírito. Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livra de todas” (Sl 34:18-19).


Que Espírito Nós Manifestamos?

Há um espírito no homem”, diz Jó (Jó 32:8). Isto é verdadeiro a respeito de cada um de nós. A questão que desejamos considerar é: que espírito nós manifestamos, e que espírito deveria ser visto no Cristão? No mesmo versículo Jó acrescenta, “e o assopro do Todo-Poderoso dá-lhe entendimento” (Jó 32:8 – TB). Quão importante é que busquemos à Palavra inspirada de Deus para o entendimento que todos nós precisamos!


Salomão pediu – e lhe foi dado por Deus – um coração sábio e entendido (1 Rs 3:7-12). Muito daquela sabedoria e entendimento está registrado na Palavra de Deus. Em Eclesiastes 7, ele escreve: “Melhor é o longânimo do que o altivo de coração. Não te apresses no teu espírito a irar-te” (Ec 7:8-9). Muitas vezes o Cristão é provado nestes pontos. Que espírito nós manifestamos?


Outro versículo em Provérbios 16 diz: “Melhor é o longânimo do que o valente, e o que governa o seu espírito do que o que toma uma cidade” (Pv 16:32). Vemos também o oposto, triste figura, em Provérbios 25: “Como a cidade derribada, que não tem muros, assim é o homem que não pode conter o seu espírito” (Pv 25:28). Portanto, quão imensamente importante é, para cada um de nós, ter esse controle sobre nosso próprio espírito. Em 1 Coríntios 14 a palavra é: “Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas” (1 Co 14:32). Um profeta tem controle sobre o seu próprio espírito.


Aos Seus próprios discípulos o Senhor diz em Lucas 9: “Vós não sabeis de que espírito sois” (Lc 9:55). Eles ainda não tinham aprendido o espírito de graça que o Senhor Jesus tinha vindo mostrar a todos. Preciosa, maravilhosa graça e verdade que vieram por Jesus Cristo (Jo 1:17). Bem no começo de Seu ministério, em Sua própria cidade de Nazaré, a graça brilha manifestamente. Ele fica em pé e lê uma porção de Isaías 61, anuncia o evangelho, e então fecha o livro, ficando sem ler os versículos concernentes ao juízo. “E todos Lhe davam testemunho, e se maravilhavam das palavras de graça que saíam da Sua boca” (Lc 4:22). Portanto, assim foi com Jesus ao longo de todo o Seu ministério nos evangelhos. Nele temos um perfeito exemplo de um espírito de graça.


Todos os escritores do Novo Testamento (os apóstolos e profetas) aprenderam algo desse espírito de graça, e do livro de Lucas em diante eles escreveram a respeito disso para nós.


Além do espírito de graça aprendemos em 2 Timóteo que, “Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação” (2 Tm 1:7). Neste pobre mundo é tão importante para nós conhecermos e descansarmos neste completo provimento que temos em Deus.


Também é algo lindo ver que Pedro escreve de um “incorruptível trajo de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus” (1 Pe 3:4). Como encorajamento para aqueles em furiosa tribulação ele escreve no capítulo 4: “Se, pelo nome de Cristo, sois vituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória de Deus” (1 Pe 4:14).


O último versículo de Gálatas nos exorta, “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja, irmãos, com o vosso espírito” (Gl 6:18). Esta mesma exortação é repetida no último versículo de Filemom. Quão importante é isto para nós lembrarmos e praticarmos.

C.Buchanan (1917-2012)

 

O SALMO 101 E O MUNDO


Oito versículos do Salmo 101 que nos falam das influências mundanas de coisas como a televisão.

  1. Cantarei a misericórdia e o juízo; a Ti, Senhor, cantarei”. Será que é algo que amortece nossas responsabilidades para com a Palavra de Deus?

  2. Portar-me-ei com inteligência no caminho reto. Quando virás a mim? Andarei em minha casa com um coração sincero”. Será que essa forma de diversão diminui nossa resistência contra o mal?

  3. Não porei cousa má diante dos meus olhos; aborreço as ações daqueles que se desviam; nada se me pegará”. Será que nos faz tolerar o mal em troca de um pouco de bem?

  4. Um coração perverso se apartará de Mim; não conhecerei o homem mau”. Será que nos faz ter contato com pessoas iníquas, as quais nunca permitiríamos entrar em nossas casas?

  5. Aquele que difama o seu próximo, às escondidas, Eu o destruirei; aquele que tem olhar altivo e coração soberbo, não o suportarei”. Será que nos faz ter acesso ao sistema deste mundo em sua atitude para com Deus?

  6. Os Meus olhos procurarão os fiéis da Terra, para que estejam Comigo; o que anda num caminho reto, esse Me servirá”. Será que nos rouba o tempo livre que Deus nos dá?

  7. O que usa de engano não ficará dentro da Minha casa; o que profere mentiras não estará firme perante os Meus olhos”. Será que na prática faz com que sejamos identificados com o ímpio?

  8. Pela manhã destruirei todos os ímpios da Terra, para desarraigar da cidade do Senhor todos os que praticam a iniquidade”. Será que tem o efeito de nos amortecer, introduzindo em nossa mente novos, e mais baixos, níveis de imoralidade?

L.LaBenne

Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai” (Fp 4:8).

 

SOU DO SENHOR


Não sois de vós mesmosPorque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (1 Co 6:19-20).


Que conforto pode ser encontrado nestas palavras! “Sou do Senhor”. O Senhor Jesus nos redimiu com Seu próprio e precioso sangue (1 Pe 1:18-19), e tendo nos avaliado em tão alto preço, e havendo nos comprado para Si (1 Co 7:23), Ele certamente nos guardará (1 Pe 1:5). Nenhum dos Seus será arrebatado de Sua mão (Jo 10:28). Nossa vida está a salvo muito além de todas as contingências, pois “está escondida com Cristo em Deus” (Cl 3:3). “De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor” (Rm 14:8).


Por mais abalados que possamos estar pelas circunstâncias que sempre mudam, ainda, temos o direito de dizer: “Sou do Senhor”, pode manter a alma em paz duradoura. É o desfrutar do Senhor aqui na Terra.


Venha o que vier — dor ou cansaço, pobreza ou perseguição, prisão ou detenção, fogo ou enchente — ainda as doces palavras, “Sou do Senhor”, devem nos permitir dizer “em nada considero a vida preciosa para mim mesmo” (At 20:24 – ARA).


E que força transmite se esta pequena palavra “sou do Senhor”, se torna um pensamento permanente que corre perpetuamente pelo coração! Isso nos separará do mundo mau; nos manterá calmos e pacientes em meio a toda inquietação e luta, e suas agitações tumultuadas e perturbações; nos elevará acima dos vãos prazeres deste mundo, e nos protegerá de suas armadilhas perigososas e ardilosas. Então, em coisa alguma estaremos ansiosos, cuidademos tão somente em agradar ao nosso Pai, pois, quaisquer que sejam os problemas que nos ameacem ou ataquem, podemos seguir com confiança, tornando nossas petições conhecidas de Deus[4], e a Sua própria paz, de acordo com Sua Palavra, “guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus” (Fp 4:7 – ARA).


A própria morte não é morte para o crente; é a entrada para a vida, desimpedida de qualquer obstáculo que nos pressione a ficarmos aqui neste mundo tão inferior. A paz não apenas será a nossa porção, mas o gozo estará sempre jorrando, sabendo que “O que há de vir virá e não tardará” (Hb 10:37), e “assim, estaremos para sempre com o Senhor” (1 Ts 4:17 – ARA).

E. J. Checkley (1860–1944)

 

JUVENTUDE


O Privilégio de Dar ao Senhor os Melhores Dias de Sua Vida.


Eu, teu servo, temo ao Senhor desde a minha mocidade” (1 Rs 18:12). Que declaração abençoada de Obadias! O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e se começarmos nossa vida Cristã com isso, nosso caminho será feliz ao servi-Lo.


Um irmão muito querido certa vez disse a um grupo de jovens Cristãos: — 'Vocês, meus queridos jovens, em todo o frescor e em toda a beleza da juventude, me lembram um belo buquê de flores. Suponhamos que queiram dar um belo buquê de flores a alguém muito querido de vocês. Vocês compram o buquê, e é tão bonito que desejam ficar com ele. Mas no terceiro dia, percebem que ele começa a murchar, então se apressam a dar o buquê murcho ao seu amigo ou amiga. Não tratem o Senhor dessa maneira. Entreguem-se a Ele enquanto estão na força e vigor da juventude. Sirvam a Ele com todo o coração. Lembrem-se do que Ele fez por vocês'.


Oh, quão pouco os jovens Cristãos apreciam a bênção de entregar a Deus sua juventude – seus melhores dias – o tempo mais vigoroso e caloroso de sua breve vida. “Na tua juventude” (ARA)[5], entregue-se a Deus para o Seu serviço e Sua honra. “Na tua juventude” (ARA), seja totalmente para Cristo, um bom soldado para Ele. Não diga em seu coração: Por que não desfrutar do mundo e de seus prazeres como todos fazem? Jesus, o Filho de Deus acena para uma vida mais nobre; Ele chama você para uma vida de devoção e sacrifício-próprio, na qual terão alegrias que vão muito além de tudo o que este pobre mundo já conseguiu dar aos seus servos.


Queridos jovens Cristãos, a vida verdadeiramente feliz é aquela que é entregue ao Senhor. Há mais alegria no serviço de Cristo do que em todos os prazeres do mundo. Atendam agora mesmo, em sua juventude, a este apelo para se dedicarem a Ele.

Christian Treasure – Volume 6

 

PERGUNTAS E RESPOSTAS


P. O que é a “sinagoga de Satanás”?


R. A “sinagoga de Satanás” (Ap 2:9; Ap 3:9) é mencionada nas duas fases da assembléia nas quais não é encontrada falta. É aí que a religião tradicional se opõe à verdade; eles “se dizem judeus” – o povo de Deus – “mas [eles] mentem”. Eles tentam aperfeiçoar a carne e guardar a lei, e dizem haver algo de bom no homem, quando a verdade é que “na minha carne, não habita bem algum” (Rm 7:18). É interessante compararmos a palavra “judeu” (Rm 2:17), que vem de “Judá” e significa “louvor” (Gn 29:35), com aqueles que se dizem Judeus, e louvam a si próprios; que são bons aos seus próprios olhos.

Christian Treasure – Volume 7

 

DE TODA DÁDIVA


De toda dádiva que tens, E Teu amor nos dá! Maior que o sangue, imenso bem, Nunca se achará.


Também a fé, que leva a crer, Nos vem do mesmo amor; Não fosse a graça, a nos valer, Só restaria a dor.


Nós Te louvamos, ó Senhor, E vamos Te adorar; Pelo que deste, Salvador, Que pôde nos salvar.

The Little Flock, nº 1

 

PENSAMENTOS

  • Não é quando o navio está na água, mas quando a água está no navio que ocorre o naufrágio. Do mesmo modo, o perigo não é o Cristão estar no mundo, mas o mundo estar no Cristão.


  • Faz parte da própria natureza do que é nascido de novo amar não apenas a Deus, mas também aqueles que pertencem a Ele. Este amor não conhece limites sectários, mas abrange todo o povo de Deus.


  • Quando John Nelson Darby ministrava sobre a segurança eterna do crente e a impossibilidade de um verdadeiro salvo perder-se, alguém o interrompeu perguntando:

    • Mas suponha que um Cristão vire suas costas para a luz; o que acontecerá então?

    • A luz continuará brilhando sobre suas costas – foi a resposta.


  • Cada Cristão tem o seu próprio ministério a cumprir, e nenhum Cristão está competindo com outro para fazer a vontade de Deus.


  • Leia a Palavra de Deus. Não a fim de encher-se de conhecimento, mas a fim de obedecê-la.


  • Se um crente é mais espiritual do que outro, isto é somente por ele dar maior valor à Pessoa de Cristo. Todo o poder para o andar e testemunho Cristão depende do valor que damos a Cristo.

 

Notas:

1 N.R.: “a quarta parte da terra” (Ap 6:8); "foram lançados na terra, que foi queimada na sua terça parte” (Ap 8:7)

2 N.R.: Mateus 14:23 – “…subiu ao monte para orar”

5 N.R.: Ver Eclesiastes 11:9


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