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Palavras de Edificação 23

(Revista bimestral publicada originalmente em Setembro/Outubro 1989)

 

ÍNDICE


 

TELEVISÃO:

Deveria ter lugar no lar dos Cristãos?


Sentimo-nos obrigados a examinar o assunto da televisão no lar, especialmente como afeta o Cristão. Com este (último) gigante do mundo do entretenimento crescendo rapidamente, e com o apelo aos Cristãos em abrirem os seus lares para esta obra-prima da invenção humana aumentando, cremos que é hora de encarar o assunto de frente.


Sendo assim, seria apropriado que nos lembrássemos de uma pergunta que fez o profeta Isaías ao rei Ezequias: "Que viram em tua casa?" (2 Rs 20:15). Este moderno meio de comunicação irá trazer ao lar uma variedade de cenas e imagens como um alimento cotidiano para seus habitantes e hóspedes. Será para a glória de Deus? Aumentará nossa ocupação com as coisas celestiais? Poderá nos ajudar a crescer no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo? Ou será algo mais para desviar nossa atenção do Único que é digno de nossa ocupação principal?


Talvez a maior ameaça que a televisão traz, diz respeito à infância e juventude. Nos lugares onde a televisão já se instalou, a juventude tem se entregue completamente a esta forma de diversão. Ela tem uma atração toda especial sobre as crianças e jovens, e suas mentes, tão impressionáveis, são facilmente influenciadas por ela. E o que assistem com tanto prazer? Loucuras, crimes, corrupção moral e muitas outras coisas. Tudo aquilo que tem corrompido a juventude do mundo nos cinemas, e que fomentou grande parte da delinquência e desordem juvenil, está agora sendo difundido em muitos lares, hora após hora e dia após dia. Essa influência acelerará, e já está acelerando, a chegada das condições de degradação moral no mundo, à semelhança dos dias de Noé e de Ló, como prenunciou nosso Senhor (Lc 17:26-30).


Nos assim chamados "programas para crianças", se demonstra quase todas as maneiras imagináveis de matar. A representação constante, de tais crimes diante da juventude de um país, resultará ou em um estado de medo insano, ou numa fria indiferença e falta de sensibilidade – uma diminuição do valor dado à vida humana e um desprezo por toda a virtude. Será que alguém se atreveria a dizer que Satanás não está por detrás de tudo isso?


Pais Cristãos, evitem a televisão por amor de seus filhos amados! Sei que vocês não desejariam receber esta preciosa herança do Senhor, que são os filhos, para então levá-los às discotecas, teatros, estádios, ruas e poços de iniquidade deste mundo. Então trariam vocês as imagens de tudo isso para sua própria sala de estar? Talvez alguém venha a dizer que; à medida em que os filhos forem crescendo irão fatalmente se deparar com essas coisas, e que não será possível protegê-los delas. Isto contém um certo grau de verdade, mas será que vocês não têm uma responsabilidade bem definida perante Aquele que confiou a vocês o cuidado dos filhos? O único período da vida de seus filhos que vocês poderão ajudar a formá-los e instruí-los nos caminhos do Senhor é durante a infância e juventude. Vocês acham certo perder esses dias, que passam tão rápido, levando-os a conhecer a ficção e as fábulas, o crime e o horror em vez da verdade? Se vocês protegem o corpo de seus filhos dos venenos químicos, como deixarão de proteger suas mentes tão facilmente impressionáveis? O Senhor dirá naquele dia: "Dá contas de tua mordomia" (Lc 16:2).


Pare então, querido Cristão, e considere isto seriamente, antes de dar um passo e tornar disponíveis tais coisas em seu lar. O seu trabalho de criar seus filhos no perfeito caminho do Senhor nunca foi tão difícil como nos dias de hoje. É preciso uma medida especial de graça e sabedoria celestial. As instruções de Deus são para que você crie seus filhos "na doutrina e admoestação do Senhor" (Ef 6:4), mas como irá fazê-lo se permitir a televisão em seu lar? Como podem os pais ensinarem os caminhos do Senhor enquanto os filhos estão aprendendo da televisão todo tipo de crimes, corrupção moral e os mais baixos princípios deste mundo?


Suponhamos o caso de um lar onde se permitiu a entrada da televisão. Os filhos estão absorvendo toda a emocionante, e até mesmo aterradora, ação de um programa quando o pai diz: "Desliguem a televisão pois vamos ler a Palavra de Deus". Agora, pergunto, será que aqueles filhos serão capazes de se sentarem tranquilamente e escutarem com calma a leitura da Palavra de Deus? Responder que sim mostraria uma completa falta de entendimento da natureza humana. Eles tiveram que desligar o aparelho, mas estejam certos de que a corrente de pensamentos não foi desligada de suas mentes.


Trazer um aparelho de televisão para o seu lar é como plantar, entre as suas flores mais raras e preciosas, uma erva daninha das mais nocivas e venenosas, na esperança que a erva daninha não cresça. Alguns de nossos leitores talvez argumentem que de um modo ou de outro os seus filhos acabarão por assistir tais coisas em outros lugares. Talvez este perigo possa ser eliminado, ou ao menos reduzido de modo significativo, se eles forem instruídos corretamente naquilo que agrada ao Senhor. De qualquer maneira, eles irão aprender que vocês não aprovam a televisão, e que não a permitirão em seu lar. Se o seu vizinho cria serpentes venenosas em casa, isto não quer dizer que você tenha que fazer o mesmo. Seria uma loucura criar esses répteis venenosos para que seus filhos aprendam a domá-los.


Se a vida dissoluta, e o linguajar sujo dos habitantes de Sodoma, afligiam a alma justa de Ló diariamente, que influência não teve isto sobre os seus filhos! O efeito desmoralizante sobre eles foi grande – alguns pereceram em Sodoma, e outros chegaram a ser uma vergonha e desgraça. A mesma história se repete com frequência com os pais que permitem algo que lhes aflija, enquanto assistem a degradação de seus filhos.


O contraste dessa influência destrutiva pode ser visto no vale de Manre. Ali Abraão, o "amigo de Deus" (Tg 2:23), vivia em separação de Sodoma e ali gozava de comunhão com Ele. Acaso não teria sido ele também corrompido se as palavras e os atos dos pecadores de Sodoma tivessem sido televisionados para sua tenda? Se assim fosse, poderia ele estar em uma condição decente para receber ao Senhor como hóspede? E não é certo que sua família também teria sido influenciada?


Ló chegou até Sodoma aos poucos; o declínio é sempre gradual. Primeiro a cobiçava com seus olhos, então foi armando sua tenda cada vez mais próximo dela, e logo estava dentro da cidade – não mais em uma tenda, mas já morando em uma casa – e finalmente chegou a ser um juiz municipal, e tudo isso para sua tristeza e ruína. Da mesma maneira, a televisão com suas cenas, que não somente mostram a imoralidade mas que também a ensinam, além de toda sua conversação corrupta, acaso não entorpecerá os sentidos do Cristão, até que, por fim, torne sua sensibilidade espiritual fria e endurecida? Devemos perguntar a nós mesmos se desejamos ser como Abraão ou como Ló. Se quisermos ser como o primeiro, então não devemos trazer para os nossos lares qualquer coisa que nos coloque em conexão direta com Sodoma.


Certamente, muitos argumentarão que o que temos escrito só trata de um lado do assunto, e que também existem coisas boas que podemos aprender com a televisão. Recentemente tivemos a oportunidade de examinar um livro que tratava de avaliar o que há de bom e de mau na televisão. Foi escrito por Edward John Carnell, Professor Assistente de Teologia Sistemática do Seminário Teológico de Passadena, Califórnia – EUA. Em seu livro ele fala bastante das coisas más que há na televisão, mas as coisas aparentemente boas que citou nada mais são do que os mesmos elementos do mundo que se encontra sob a influência do maligno. Como podem os Cristãos se esquecerem das características deste mundo? Concertos, orquestras, filmes religiosos e coisas semelhantes estão no lado limpo do caminho largo. Esse caminho é largo o bastante para acomodar tudo – tem seu lado limpo e seu lado imundo. E, podemos acrescentar aqui que, cremos que os filmes de caráter religioso são uma das piores formas de ficção, pois invariavelmente torcem a Palavra de Deus e acabam por apresentar uma mentira. Trata-se de algo especialmente enganoso.


Presumimos que Sodoma também tivesse suas "coisas boas" – talvez houvesse coisas que Ló apontasse com um certo orgulho cívico, mas tudo se encontrava sob a sentença de juízo, e só servia para enganar o povo. Do mesmo modo, o mundo de Caim (Gn 4) tinha algumas coisas boas. Esse assassino adornou sua cidade com comércio, indústria, artes e ciências (Gn 4:17-22); mas poderiam os filhos de seu irmão assassinado (se os tivesse tido) apreciar qualquer coisa que viesse de Caim e de seu mundo?


Este mundo matou o Filho de Deus – o seu Salvador e meu também, querido irmão. Iremos mudar de lugar a mobília de nosso lar, abrindo espaço para que o mundo ali entre? Não nos esqueçamos de que este mundo está manchado com o sangue precioso de nosso Redentor. Satanás é o deus e “príncipe deste mundo” (Jo 12:31), e por essas coisas está enganando os homens e os levando à destruição. A "concupiscência dos olhos" e a "soberba da vida" – as coisas que são consideradas melhores neste mundo – são colocadas na Palavra de Deus lado a lado com as coisas mais vergonhosas das "concupiscências da carne" (Ef 2:3; 1 Jo 2:15-16).


O Senhor ensinou Seus discípulos a orar: "Não nos induzas à tentação" (Mt 6:13), e disse a Seus discípulos no jardim do Getsêmani: "Vigiai e orai, para que não entreis em tentação" (Mt 26:41). O Cristão que traz tal tentação para o interior do seu lar só pode ser atrevido, orgulhoso ou tristemente indiferente para consigo mesmo, para com seus filhos ou seus hóspedes. Isso nada mais é do que introduzir a tentação e deliberadamente fazer pouco caso de suas consequências.


Existem pessoas que crêem poder controlar a televisão no lar. "Aquele pois que cuida estar em pé, olhe não caia" (1 Co 10:12). Não cremos que possa ser controlada, mas suponhamos que vocês pudessem controlar um veneno mortal; será que iriam correr o risco de deixá-lo em casa, quem sabe até na mesma prateleira com os alimentos? Além disso, a posse de um televisor pode ser um tropeço para outros que talvez vejam em você um exemplo. "Seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao irmão" (Rm 14:13).


Temos ouvido alguns dizerem que a televisão é como as outras invenções – como rádio, automóvel, etc. – as quais inicialmente foram de difícil aceitação por parte dos Cristãos que, por fim, acabaram por aceitá-las. Este raciocínio não tem fundamento. O mundo tem muitas invenções que o Cristão não deve usar; por exemplo, o teatro e o cinema já são bem conhecidos e já foram aceitos por muitos dos que professam ser Cristãos. Mas será que são apropriados a um verdadeiro filho de Deus? O fato de o tempo passar não altera o que não convém, ainda que cada vez mais Cristãos se rendam à sua tentação, e se esqueçam do tipo de pessoas que deveriam ser.


Que Deus impeça, em Sua graça, que a televisão seja aceita pelos filhos de Deus! "Espantai-vos disto, ó céus, e horrorizai-vos! Ficai verdadeiramente desolados, diz o Senhor. Porque o meu povo fez duas maldades: a Mim Me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas" (Jr 2:12-13).


Resta ainda um ponto a considerar: o uso da televisão para a divulgação e propaganda religiosa. Alguns defendem que este é um poderoso instrumento para a propagação do evangelho, mas nos opomos a isso. Será que Deus aprova a televisão, "comparando as coisas espirituais com as espirituais" (1 Co 2:13)? Acaso não é o homem, com seus feitos, sua arte, seus testemunhos, o que predomina diante dos espectadores? E isso não enaltece mais ao homem do que a Deus? É certo que a televisão pode atingir muitas pessoas, mas tenhamos firme em nossa mente que não é a quantidade de pessoas que ouve, e nem a habilidade da apresentação, mas é somente “a Palavra de Deus no poder do Seu Espírito” que traz resultados espirituais verdadeiros. Além disso, os que se utilizam da televisão para propósitos religiosos têm que executar uma apresentação cada vez mais atraente para competir com os outros programas. Terá o Senhor Jesus usado alguma vez atrações naturais em Sua pregação? Nunca; jamais! Vemos que o apóstolo Paulo rejeitou as armas carnais, não querendo misturá-las com a admoestação para que as pessoas fugissem da ira vindoura. Sempre buscou esconder a si próprio e colocar Cristo em evidência. Em sua segunda epístola a Timóteo lemos no capítulo 2, versículo 5, "se alguém também milita, não é coroado se não militar legitimamente" (2 Tm 2:5). E isso, foi escrito para nós, também.


Acrescentaremos, todavia, um pouco sobre a soberania de Deus. Ele pode, se quiser, utilizar algo que alguém ouve para sua salvação, mesmo que isso esteja misturado com coisas que não Lhe agradam; mas isto de forma alguma irá anular os princípios estabelecidos. Ele é soberano e pode fazer o que quiser, porém nós somos Seus servos e devemos seguir em estreita obediência aos princípios divinos.


Que Deus nos dê as balanças do santuário, com as quais possamos avaliar corretamente, as coisas com as quais nos deparamos nos últimos dias. Nem tudo edifica, nem tudo convém. Necessitamos de olhos ungidos para discernir as coisas excelentes e rejeitar as demais.


Acaso não é a televisão a obra-prima de engano utilizada por Satanás? Não é evidente que ela combina todos os requisitos necessários – "a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida" (1 Jo 2:16) – com os quais engana os homens?


Os filhos de Israel "tinham luz em suas habitações" (Êx 10:23), enquanto os egípcios só tinham densas trevas. Você, querido Cristão, é filho da luz e seu lar deve caracterizar-se pela presença da luz de Deus. Se você introduz a televisão em seu lar, trará junto com ela "as obras infrutuosas das trevas" (Ef 5:11). Cuidado com as artimanhas do diabo. Com a ajuda do Senhor, tome a firme decisão de não permitir a entrada em seu lar senão daquilo que seja para a glória de Deus. "Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus" (1 Co 10:31).


Apresentamos, a seguir, alguns versículos que podem ser aplicados ao nosso tema:

  • "Declara-me que é o que tens em casa" (2 Rs 4:2).

  • "Entra e vê as malignas abominaçõespintados na parede" (Ez 8:9-10).

  • "Não meterás pois abominação em tua casa, para que não sejas anátema, assim com ela: de todo a detestarás, e de todo a abominarás, porque anátema é" (Dt 7:26).

  • "Amadospurifiquemo-nos de toda a imundícia" (2 Co 7:1).

  • "Abstende-vos de toda a aparência do mal" (1 Ts 5:22).

  • "Atendei ao que ides ouvir" (Mc 4:24).

  • "Não toqueis nada imundo" (2 Co 6:17).

  • "não é do Pai, mas do mundo" (1 Jo 2:16).

  • "porque não sois do mundo" (Jo 15:19).

  • "Que comunhão tem a luz com as trevas?" (2 Co 6:14).

  • "Sê o exemplo dos fiéis" (1 Tm 4:12).


Terminamos, deixando para meditação, o versículo no Salmo 119:37 que deixa claro ao Cristão a posição que deve tomar em relação à televisão: "Desvia os meus olhos de contemplarem a vaidade".

Paul Wilson (1899-1966)


 

Uma Carta Sobre "LOUVAR A HOMENS"

Carta escrita no século passado (XIX) por John Nelson Darby,

ao editor de um de seus livros


"Meu caro amigo e irmão em Jesus Cristo,


Deu-me muita satisfação ver sua tradução de meu livro. Tive o grato prazer de lê-la, ou melhor dizendo, de ter alguém que a lesse para mim, naqueles momentos dos quais o Senhor nos diz, como disse aos apóstolos, "Vinde vós, aqui à parte, a um lugar deserto, e repousai um pouco" (Mc 6:31). Mas não posso deixar de dizer-lhe, meu caro amigo, o prazer que a aparência do seu trabalho me trouxe foi, em certa medida, abatido pela opinião demasiado favorável que você expressou a meu respeito no prefácio. Antes que tivesse lido uma palavra sequer de sua tradução, presenteei a um mui querido e sincero amigo com um exemplar, e ele mencionou o que você escreveu em seu prefácio louvando minha piedade. O texto produziu em meu amigo o mesmo efeito que viria a produzir em mim, mais tarde, quando o pude ler. Espero, entretanto, que você não leve a mal o que vou dizer a respeito do assunto, o que é fruto de uma experiência razoavelmente longa.


"O orgulho é o maior de todos os males que nos afligem, e de todos os nossos inimigos, não apenas é o mais difícil de morrer, como também o que tem a morte mais lenta; mesmo os filhos deste mundo são capazes de discernir isto. Madame De Stael disse, em seu leito de morte, Sabe qual é a última coisa que morre em uma pessoa? É o seu amor próprio". Deus abomina o orgulho mais do que qualquer coisa, pois o orgulho dá ao homem o lugar que pertence a Deus, que está acima de tudo. O orgulho interrompe a comunhão com Deus, e atrai Sua repreensão pois "Deus resiste aos soberbos" (1 Pe 5:5). Ele irá destruir o nome do soberbo, pois nos é dito que "a altivez do homem será humilhada, e a altivez dos varões se abaterá, e só o Senhor será exaltado naquele dia" (Is 2:17). Como você mesmo irá sentir, meu caro amigo, estou certo de que não há maior mal que uma pessoa possa fazer a outra, do que louvá-la e alimentar seu orgulho. "O homem que lisonjeia a seu próximo, arma uma rede aos seus passos" (Pv 29:5) e "a boca lisonjeira obra a ruína" (Pv 26:28). Você pode estar certo, além do mais, que nossa vista é muito curta para sermos capazes de julgar o grau de piedade de nosso irmão; não somos capazes de julgar corretamente sem a balança do santuário, e ela está nas mãos d'Aquele que sonda o coração. Não julgue nada antes do tempo, até que o Senhor venha, e torne manifestos os conselhos do coração, e renda a cada um o devido louvor. Até então, não julguemos nossos irmãos, seja para bem seja para mal, senão com a moderação que convém, e lembremo-nos que o melhor e mais certo juízo é aquele que temos de nós mesmos quando consideramos aos outros melhores do que nós.


Se eu fosse lhe perguntar como sabe que eu sou "um dos mais avançados na carreira Cristã, e um eminente servo de Deus", sem dúvida você iria ficar sem saber o que responder. Talvez você viesse a mencionar minhas obras publicadas; mas será que você não sabe, querido amigo e irmão – você que pode pregar um sermão edificante tanto quanto eu – que os olhos vêem mais do que os pés alcançam? E que, infelizmente, nem sempre somos o que são os nossos sermões? "Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós" (2 Co 4:7).


Não lhe direi a opinião que tenho de mim mesmo, pois se o fizer, é provável que enquanto o faça procure minha própria glória, e, enquanto estiver buscando minha própria glória, possa parecer humilde, o que não sou. Prefiro dizer-lhe o que o nosso Mestre pensa de mim – Ele que sonda o coração e fala a verdade, que é o Amém e a fiel Testemunha, e que tem falado frequentemente no mais íntimo do meu ser, pelo que agradeço a Ele. Creia-me, Ele nunca me disse que sou um "eminente Cristão e avançado nos caminhos da piedade". Ao contrário, Ele me diz bem claramente que se eu procurasse o meu próprio lugar, iria encontrá-lo como sendo o do maior dos pecadores, pelo menos dentre os que são santificados. E devo dar mais crédito ao julgamento que Ele faz de mim, meu caro amigo, do que aquilo que você pensa a meu respeito.


"O mais eminente Cristão", é um daqueles de quem nunca se ouviu falar, algum pobre trabalhador ou servo, para quem Cristo é tudo, e que faz tudo para ser visto por Ele, e somente por Ele. O primeiro deve ser o último. Fiquemos convencidos, meu caro amigo, de louvar somente o Senhor. Só Ele é digno de ser louvado, reverenciado e adorado. A Sua bondade nunca é demasiadamente celebrada. O cântico dos abençoados (Ap 5:9) não louva a ninguém senão Àquele que os redimiu com o Seu sangue. Não há no cântico uma única palavra de louvor a qualquer dos redimidos – nenhuma palavra que diga que são eminentes, ou que não são eminentes – toda as distinções estão perdidas no título comum, "os redimidos", que expressa a alegria e glória de todo o Corpo. Empenhemo-nos em trazer nossos corações em uníssono com aquele cântico, ao qual todos esperamos que nossas débeis vozes venham se unir. Esta será a razão da nossa alegria, mesmo enquanto estivermos aqui, e contribuirá para a glória de Deus, a qual é lesada pelo louvor que os Cristãos frequentemente prestam uns aos outros. Não podemos ter duas bocas – uma para louvar a Deus e outra para louvar o homem. Possamos, então, conhecer o que os serafins fazem, quando “com duas asas cobriam os seus rostos”, como um sinal de sua confusão diante da santa presença do Senhor; “e com duas cobriam os seus pés”, como se tentassem esconder de si mesmos os seus próprios passos; “e com duas voavam” para executar a vontade do Senhor, enquanto proclamam, "Santo, Santo, Santo é o Senhor dos exércitos: toda a Terra está cheia da Sua glória" (Is 6:2-3).


"Perdoe-me por estas poucas linhas de exortação Cristã, as quais tenho certeza, irão, cedo ou tarde, se tornar úteis para você, passando a fazer parte da sua própria experiência. Lembre-se de mim em suas orações, enquanto rogo para que a bênção do Senhor possa pousar sobre você e seu trabalho. Se você porventura vier a imprimir uma outra edição – como espero que aconteça – por gentileza, exclua as duas frases para as quais chamei sua atenção; e me chame simplesmente "um irmão e ministro no Senhor". Isto já é honra bastante, e não é preciso mais".

J.N.Darby (1800-1882)


 

A VINDA DE CRISTO


O Senhor Jesus prometeu: "Na casa de Meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, Eu vo-lo teria dito: vou preparar-vos lugar. E, se Eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para Mim mesmo, para que onde Eu estiver estejais vós também" (Jo 14:2,3). Ele também disse: "Certamente cedo venho" (Ap 22:20). A esperança própria ao Cristão é aguardar o Senhor para qualquer momento. Há muitas indicações que nos levam a concluir que a vinda do Senhor está prestes a acontecer; o Senhor Jesus poderá vir ainda hoje! (Hb 10:37).


É da maior importância, notarmos a diferença que existe nas Escrituras entre o arrebatamento, e a vinda de Cristo. O arrebatamento não deveria ser confundido com a vinda de Cristo, pois, embora o Senhor venha dos céus em ambas ocasiões, o arrebatamento, e a vinda de Cristo, são eventos completamente diferentes.


O arrebatamento ocorrerá quando o Senhor vier para os Seus santos (Jo 14:2-3); na Sua vinda, Cristo virá com os Seus santos, os quais foram levados para a glória no arrebatamento (Jd 1:14; Zc 14:5).


O arrebatamento pode acontecer a qualquer momento, enquanto que, a vinda de Cristo não acontecerá até cerca de sete anos depois do arrebatamento. No arrebatamento o Senhor virá secretamente, “num abrir e fechar de olhos” (1 Co 15:52); na Sua vinda Ele virá publicamente, “e todo olho O verá” (Ap 1:7).

  • No arrebatamento Ele virá para livrar a Igreja (1 Ts 1:10); na Sua vinda Ele virá para livrar Israel (Sl 6:1-4).

  • No arrebatamento Ele virá encontrar a Sua igreja nos ares, pois trata-se do Seu povo celestial (1 Ts 4:15-18); na Sua vinda Ele voltará para a Terra (no Monte das Oliveiras), para Israel, pois é o Seu povo terrenal (Zc 14:4-5).

  • No arrebatamento, é o próprio Senhor Quem reunirá os Seus santos (1 Ts 4:15-18; 2 Ts 2:1); na Sua vinda os ímpios serão tirados do mundo, pelos anjos, para julgamento e os que crêem (aqueles que se converteram por meio do evangelho do Reino, que será pregado durante a tribulação) serão deixados para desfrutar de bênçãos sobre a Terra (Mt 13:41-43; 25:41).

  • No arrebatamento Ele virá para livrar Seus santos (a Igreja) da ira vindoura (1 Ts 1:10); na Sua vinda Ele virá para derramar a ira (Ap 19:15).

  • No arrebatamento Ele virá como Noivo, para receber Sua noiva, a Igreja (Mt 25:6-10); na Sua vinda Ele virá como o "Filho do Homem" em juízo sobre os que O rejeitaram (Mt 24:27-28).

  • No arrebatamento Ele virá como a "Estrela da Manhã" que aparece logo antes do dia raiar (Ap 22:16); na Sua vinda Ele virá como o "Sol de Justiça", que é o próprio amanhecer (Ml 4:2).

  • No arrebatamento Ele virá sem quaisquer sinais, pois o Cristão "anda por fé e não por vista" (2 Co 5:7); a Sua vinda, será acompanhada de sinais, "porque os Judeus pedem sinal" (Lc 21:11, 25-27; 1 Co 1:22).

As Escrituras nunca dizem que, no arrebatamento, o Senhor virá "como o ladrão de noite". Na vinda do Senhor, isto sim, Ele virá "como o ladrão de noite" (1 Ts 5:2; 2 Pe 3:10; Mt 24:43; Ap 16:15; Ap 3:3).


Em um certo sentido, existem três vindas; Sua vinda para o que era Seu (quando veio ao mundo, Jo 1:10-11; Hb 10:7), Sua vinda para os que são Seus (no arrebatamento, Jo 14:2-3; 1 Ts 4:15-18), e Sua vinda com os que são Seus (na vinda de Cristo – Jd 1:14).

Extraído de "Esboço dos Acontecimentos Proféticos"

"Outline of Prophetic Events" – B. Anstey


 

A VERDADE SOBRE O NATAL


"Deveria eu agradar a multidão profana,

Rebaixando Tua verdade,

Ou tornando em lisonjas

O que de minha língua emana?"

John Wesley


Quase todas as pessoas na cristandade celebram o natal, trocando presentes e desejos de "boas festas" ou "feliz natal", e se alegrando com a idéia de que estejam agindo corretamente. Na verdade, esta se tornou a tradição favorita entre os Cristãos, e é tão bem aceita que qualquer tentativa de se buscar sua origem, a qual pode ser facilmente encontrada nas enciclopédias e em documentos imparciais da história da igreja, tende a ser mal recebida. A Palavra de Deus não justifica esta celebração anual, mas a condena severamente em Gálatas 4:10-11: "Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de vós, que não haja trabalhado em vão para convosco". Sendo assim, a observância de uma data, mesmo que ela seja de caráter piedoso e adornada com rituais, é condenada. O bendito Salvador não veio com o objetivo de tornar popular o Seu Nome, ou a suposta data do Seu nascimento. "Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores" (1 Tm 1:15). "Cristomorreu a seu tempo pelos ímpios" (Rm 5:6).


Segundo J.N.Darby (Col. Writings, Vol. 18, Pág. 191), ninguém sabe o dia em que Cristo nasceu. Clemente, que viveu no segundo século, se referiu às especulações acerca da data de nascimento de Cristo como "superstição". Orígenes, por volta do ano 245 d.C. considerava ridícula a idéia de se fixar uma data natalícia para o Senhor, e se referia a isso como algo "pecaminoso". No quinto século, a igreja de Roma registrou que não existia "um conhecimento seguro" a respeito, e a New International Encyclopedia afirma que "é desconhecido quando isso se originou,… mas é quase certo que 25 de dezembro não pode ser…". Segundo a American Encyclopedia, o natal foi celebrado pela primeira vez pela igreja em Jerusalém no ano 440 d.C., e também registra que "no quinto século a igreja Ocidental (Roma) ordenou que fosse celebrado".


A origem do natal

25 de dezembro era uma data "pagã, podendo ser de origem solar… A saturnal dos romanos a precedia" (Nelson's Encyclopedia – 1906-1907). Era ainda a data "da antiga festa romana em homenagem ao Sol" (celebrando o nascimento do deus-Sol), segundo a American Encyclopedia. "A Saturnal era uma festa de prazeres desenfreados… A data do natal foi fixada na mesma época" (M. de Beugnot – História, Vol. 2, pág. 265 – 1783-1815). "A igreja… voltando ao paganismo… precisava ter suas festas, e acabou por dar nomes Cristãos às festas pagãs já existentes… identificando o natal à pior das festas pagãs… fixaram para aquela data o nascimento de Cristo. (Aquela data) representava um dos piores princípios do paganismo – o poder reprodutivo da natureza… A igreja criou as festas chamadas Cristãs, para substituir as pagãs… paganizando o Cristianismo… a fim de manter satisfeitas as mentes carnais do povo" {J.N.Darby (1800-1882) – Col. Writtings, Vol. 29}. Agostinho registrou que o povo estava tão determinado a ter festas que o clero se sujeitou a isso!


A tradição dos anciãos” (Mt 15:2)

Sendo assim, a tradição que emanava do "deus deste mundo" (2 Co 4:4 – TB), brotou por meio do paganismo, foi transplantada para o Cristianismo por antepassados infiéis, e aperfeiçoada pela igreja de Roma, "a grande Babilônia, a mãe das prostituições e abominações da Terra" (Ap 17:5). Assim como, as crianças são levadas a acreditar em papai noel, a cristandade tem sido enganada por cegos que são guias de cegos (Lc 6:39).

Não deveria isso inundar o coração de vergonha, e nos levar a lamentar e chorar por todas as abominações praticadas na cristandade neste tempo de Laodicéia, que desonram o nome de nosso bendito Salvador? (Sl 119:158; Jr 15:15-17; Ez 9:4; Fp 3:18-19). Como podemos participar de tamanha farsa? O que se dirá disso perante o tribunal de Cristo? Tudo isso nos fala de um "outro Jesus" – um Jesus bem ao gosto do povo, adaptado a este mundo (2 Co 11:4)! O "espírito Natalino" não vem do Espírito Santo, mas trata-se de "outro espírito" (2 Co 11:4). "O espírito do mundo" (1 Co 2:12) "não é do Pai, mas do mundo" (1 Jo 2:16).


Um Mundo Insensível

Quando Cristo, Deus manifestado em carne, nasceu neste mundo "não havia lugar" para Ele (Lc 2:7). "Era desprezado, e o mais indigno entre os homens" (Is 53:3). "Eles bradaram: Tira, tira, crucifica-o" (Jo 19:15). "e o levaram para ser crucificado" (Mt 27:31). Este mundo é culpado pelo assassinato do Filho de Deus!


Havendo se livrado d'Ele, os homens agora se regozijam e se alegram enviando “presentes uns aos outros” (veja Ap 11:10). Isto é o mesmo que edificar os sepulcros dos profetas e adornar os monumentos dos justos, testificando "que sois filhos dos que mataram os profetas" (Mt 23:29-33). É como se Caim, após haver assassinado a seu irmão, fizesse do aniversário de Abel um dia de festa! Assim este mundo, que rejeitou a Cristo, celebra uma grande festa anual na imaginária data de nascimento do Santo Filho de Deus! Fazendo assim, estão tomando emprestado, e profanando o Nome bendito de Cristo como um pretexto para a satisfação de seus prazeres carnais. "O Senhor não terá por inocente o que tomar o Seu nome em vão" (Êx 20:7). Cuidado, frívolo mundo! "Não erreis: Deus não Se deixa escarnecer" (Gl 6:7). Pois, breve Ele virá requerer o sangue do Seu Filho que foi derramado.


Nos aborrece ver a irreverente entrada dos ímpios na cristandade, sem qualquer consciência de seus pecados, e nem tampouco qualquer disposição de coração para com o Senhor. O mesmo pode ser dito acerca da multidão de pessoas batizadas, que professam o Cristianismo, sem nunca haverem passado “da morte para a vida” (Jo 5:24; 1 Jo 3:14). Mas dói ainda mais quando vemos aqueles que são "filhos da luz" (Ef 5:8, 14-17; Fp 2:15; 1 Ts 5:5-10; 1 Pe 2:9) agirem em total ignorância ou indiferença acerca da origem maligna dessa tradição, levados pela corrente, e procurando celebrar tal data da maneira que lhes parece a melhor possível – talvez até mesmo usando alguns versículos das Escrituras, ou ministrando aos necessitados, ou cantando "hinos de Natal" (Dt 12:8; Rm 12:2).


O Senhor nunca nos pediu para celebrarmos, anualmente, o Seu nascimento; ou Sua ressurreição, como é o caso da Páscoa, celebrada por muitos Cristãos. Ele expressou Seu desejo que celebrássemos a memória da Sua morte. Cada “primeiro dia da semana” (At 20:7), dia da Sua ressurreição – dia da nova criação – oferece a oportunidade àqueles que são novas criaturas em Cristo, para se reunirem unicamente ao Seu precioso nome (Mt 18:20), “fora do arraial” (ou sistema religioso adaptado ao desejo do homem – Hb 13:13), para anunciar "a morte do Senhor, até que venhaFazei istoem memória de Mim" (1 Co 11:25-26).


E então, quando entre as densas trevas,

Brilha um tênue raio de luz –

Alguns, que sentem sua própria ruína,

Buscam, por fé, caminhar com Jesus.


 

NOSSO SENHOR JESUS CRISTO


"O Seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus forte, Pai da eternidade, Príncipe da paz" (Is 9:6).


A Pessoa do Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, está além da compreensão da mente humana. Ele mesmo disse: "Ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho O quiser revelar" (Mt 11:27). O Filho revelou o Pai, mas ninguém compreende o Filho. A Sua Pessoa é um mistério divino. Como nascido em Belém, Ele era filho de Davi, mas era ao mesmo tempo Senhor de Davi na glória da Sua Pessoa (Mt 22:41-46).


Embora “sendo em forma de Deus,… tomando a forma de Servo” (Fp 2:6-7); quão imensa graça! Assumiu uma vida capaz de morrer, porém não sujeita à morte (Hb 2:9). Ninguém tirou a Sua vida (Jo 10:18). Ele tinha o poder de dar vida (Jo 10:28). Em Sua bendita humanidade Ele foi ao mesmo tempo "sobre todos, Deus bendito eternamente: Amém" (Rom 9:5). "Porque n'Ele habita corporalmente toda a plenitude da divindade" (Cl 2:9). O Pai se refere a Ele como sendo Deus: "Ó Deus, o Teu trono subsiste pelos séculos dos séculos" (Hb 1:8).


A Divindade

Toda a atividade da Divindade é sempre na forma Trinitária. A primeira vez que o nome de Deus é mencionado na Bíblia, a palavra hebraica utilizada é Deus no plural. Na língua hebraica existe singular, dual e plural. A palavra hebraica na forma plural utilizada para Deus é Elohim(i). Esta é a palavra que aparece em Gênesis 1:1.


A palavra hebraica para Deus na forma dual é Elohaim. Nunca é utilizada nas Escrituras. A palavra hebraica para Deus no singular é Eloah. A primeira vez que aparece é em Deuteronômio 32:15-17 onde Deus é apresentado em contraste com os ídolos.


Nas Escrituras a ordem é sempre: Deus Pai em Seu propósito; o Filho, Aquele que executa os propósitos de Deus Pai, e o Espírito Santo, em cujo poder os propósitos são cumpridos. Esta verdade aparece por toda a Palavra de Deus.


Criação

Foi propósito de Deus Pai que a criação, fosse a esfera onde pudesse expor todos os Seus conselhos (Ef 1:9-10).


O Filho é Aquele por meio de Quem tudo é criado e mantido (Jo 1:1-4; Cl 1:16; Hb 1:1-3).


O Espírito Santo é o poder na criação (Jó 26:13; Sl 104:30).


Redenção

Deus Pai, em Seu amor, propôs abençoar ao homem (Jo 3:16) "Deus estava em Cristo reconciliando Consigo o mundo" (2 Co 5:19).


Cristo, na obediência do amor, cumpriu a obra de redenção (Hb 10:7-10). "Cristo, pelo Espírito eterno se ofereceu a Si mesmo imaculado a Deus" (Hb 9:14).


Ressurreição

Deus Pai ressuscitou a Cristo dentre os mortos (At 3:15).


Cristo, o Filho, ressuscitou dentre os mortos (Jo 10:18).


O Espírito Santo ressuscitou a Cristo dentre os mortos (Rm 8:11; 1 Pe 3:18).


Deus, o Filho

Como Homem, Ele pôde sentir fome, sede e temor, para Se compadecer de nós como Sumo Sacerdote.


Como Deus Ele podia deter o vento e as ondas. Ele podia ressuscitar os mortos. Ele podia abrir o entendimento de Seus discípulos. Ele podia (e fez isto) comunicar poder. Ele conhecia os pensamentos daqueles que O cercavam. Ele podia predizer, como o fez, a forma como iria morrer.


Ele é o Eterno "Eu Sou" (Jo 8:58).

Negar a glória da completa Divindade do Senhor Jesus Cristo, é rejeitar o Único Salvador. Aqueles que assim o fazem, morrerão nos seus pecados (Jo 8:24). As Escrituras dizem: "Nenhum deles de modo algum pode remir a seu irmão, ou dar a Deus o resgate dele" (Sl 49:7), mas o Senhor Jesus andou sobre este mundo como Deus perfeito e Homem perfeito. É a Sua Pessoa (Deus Filho) que dá valor à obra de expiação que Ele cumpriu quando “levantado” na cruz (Jo 3:14). Assim vemos que, para se ter o conhecimento da salvação conforme João 3:16, é necessário crer na Pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo.


"Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida; mas a ira de Deus sobre ele permanece" (Jo 3:36).

H.E.Hayhoe


 

POLÍTICA


Após muitos anos, este país volta a ter eleições para presidente, e as mudanças previstas são sempre acompanhadas com grande interesse. A luta pelo poder, domina completamente algumas pessoas, e a disputa que resulta disso tem o efeito de mexer, em graus variados, com as paixões humanas. Milhões são gastos nessa imensa maratona em busca da fama e do poder.


Em um ano de eleições nos Estados Unidos, um irmão escreveu algo que gostaríamos de transcrever aqui, pois cremos que nos será de grande utilidade:


"Quando a campanha política começa a se aquecer, e o mundo é envolvido com clamores contra ou a favor, deste ou daquele candidato, os Cristãos que são conscientes de sua chamada celestial podem continuar serenos; sabendo que os homens, estão tão somente executando o que Deus já predeterminou por Sua mão, e por Seus desígnios. Apesar de Satanás ser o príncipe deste mundo, e estar cegando as mentes daqueles que não crêem em Cristo, Deus continua acima de todas as coisas, e Se move por detrás dos cenários para executar Seus conselhos e propósitos. Talvez não seja o que os homens pensem ser o melhor, mas devemos nos lembrar que este mundo, na forma em que se encontra, não está caminhando para um futuro brilhante, e sim para uma tribulação tal como nunca se viu antes. Este mundo é culpado de haver expulsado o Filho de Deus, e ainda não se arrependeu do que fez; o justo juízo de Deus paira sobre este mundo, pronto para ser derramado assim que os verdadeiros Cristãos sejam tirados daqui.


É um erro, os verdadeiros Cristãos, pensarem que por meio da política, poderão aprimorar este mundo arruinado. Quando o próprio Senhor esteve aqui, Ele não tentou melhorar o sistema do mundo; Ele se recusou a julgar uma causa entre dois irmãos (Lc 12:14), a remover o iníquo Herodes ou a impedir o perverso Pilatos. Ele deixou este mundo assim como o encontrou, exceto pelo fato de que quando saiu daqui, o mundo havia se tornado culpado por rejeitá-Lo. Será que nos achamos capazes de fazer o que o Senhor não fez? Acaso Deus terá mudado Seus pensamentos com respeito a este mundo? Ele enviou o Seu Filho para testificar d'Ele; e foi para isto também, que o Filho nos enviou a este mundo.


Assim sendo, o Cristão que desejasse ajudar na escolha, ou a exercer domínio sobre o poder político estaria agindo de uma maneira completamente diferente da do Senhor. Cristo é o Herdeiro deste mundo e somos co-herdeiros com Ele; poderíamos nós, co-herdeiros, desejar um lugar ou posição aqui, antes mesmo do próprio Herdeiro? Não passamos de seguidores d'Aquele que foi rejeitado, esperando o momento quando Ele nos levará para o lar. Nossa posição é bem parecida à dos israelitas que, protegidos pelo sangue do cordeiro no Egito, enquanto este se encontrava sob a divina sentença, esperavam pela ordem de partir. Seria um absurdo os israelitas se envolverem com a política do Egito, ou buscarem melhorias para aquela terra condenada!


O Cristão é exortado, a respeitar a todos aqueles que se encontram revestidos de autoridade, e tratá-los como tendo sido estabelecidos pelo próprio Deus, mas ao mesmo tempo devem viver como estrangeiros e peregrinos. O lar do Cristão não é aqui; ele está apenas de passagem. Ele se encontra aqui para representar Aquele que está no céu – para manifestar Cristo e Suas obras, que foram sempre tão plenas de graça e verdade.


Um certo escritor traduziu Filipenses 3:20 da seguinte maneira: "Nossa política está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo". Quão grande conforto isto nos traz! E que encorajamento! Este sentimento deveria nos libertar de toda a participação, e até mesmo de qualquer ansiedade em qualquer agitação política, seja ela onde e quando for. Logo, iremos ouvir aquele chamado para partirmos, e nos encontrarmos com nosso Senhor nos ares. Que possamos ser achados buscando em Cristo tudo aquilo que precisamos, o Cordeiro que foi morto e levou todo o juízo em nosso lugar, e por cujo sangue precioso estamos protegidos, enquanto nos encontramos prontos (“vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão”), para partir (Êx 12:8-12).


Se estamos, portanto, aguardando nosso Senhor e Salvador para qualquer momento, podemos agora mesmo deixar que este mundo se ocupe com suas próprias disputas em busca de posição e poder. Para o mundo tudo isso irá durar muito pouco. Por outro lado, quando Cristo vier mais tarde conosco para estabelecer o Seu reino em poder e grande glória, sabemos que irá durar por mil anos".

Paul Wilson (1899-1966)


Cabe aqui uma palavra de esclarecimento. Em nosso país o voto é obrigatório a todos os eleitores, e o não comparecimento aos locais de votação é considerado como transgressão da lei. Como todo Cristão deve estar sujeito à lei e às autoridades (Rm 13:1-7), é conveniente que exerça a sua função de eleitor. Porém o Cristão, como qualquer outro, tem o direito de não escolher um candidato, se assim o desejar. Que cada um pondere estas coisas em seu coração e, diante de Deus, procure obedecer às leis e autoridades de nosso país, e ao mesmo tempo agir conforme a sua condição de estrangeiro e peregrino neste mundo.

 

Pensamento:

A fé, por si mesma, não diminui o perigo, pois sabe qual é a nossa natureza. Por outro lado, a fé não desfalece ao enfrentar o perigo, pois sabe qual é a natureza de Deus.


 

i – [Transliteração: 'ëlôhîym – Pronúncia: el-o-heem']

 

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