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Palavras de Edificação 40

(Revista bimestral publicada originalmente em Maio/Junho 1993)

 

ÍNDICE


O Vínculo Matrimonial – G.H.Hayhoe (1911-2003)

Três Coisas Diárias – S.B.Anstey (1954)

Considerai a Jesus Cristo – W.Potter (1847-1937)

Mateus 24 – M.Persona (1955)

O Dia do Senhor – G.C.Willis (1889-1973)

Perguntas e Respostas – W.Kelly (1821-1906)

O Livro dos Resultados – H.H.Snell (1815-1892)

O Homem de Sicar – Autor desconhecido

Pensamentos – Autores diversos

 

QUATRO TESTEMUNHOS REJEITADOS


Em João 5:31-40, temos a rejeição de quatro testemunhos acerca do Senhor Jesus.

  1. O testemunho de João Batista – (vs. 32 e 33). Todos reconheciam que “João (Batista) era profeta” (Lc 20:6), e durante seu ministério ocupou-se unicamente em dar testemunho de Cristo, …e foi rejeitado.

  2. O testemunho de Suas próprias obras – (v. 36). As obras que o Senhor Jesus fazia davam testemunho de que Ele era o Filho de Deus, pois somente Deus poderia fazer o que Ele fez: expulsar demônios, curar, ressuscitar, etc. Mas Suas obras foram rejeitadas. Temos, como exemplo, a cura do endemoninhado no evangelho de Mateus, capítulo 12:22, onde a graça e o poder de Deus foram manifestados salvando aquele pobre homem das garras do inimigo e, embora vendo isso, os fariseus consideraram que eram feitas pelo poder de “Belzebu, príncipe dos demônios” (Mt 12:24). E quanto às ressurreições que operou, ninguém podia negar que era obra de Deus, mas mesmo assim foram rejeitadas (Jo 12:9-11).

  3. O testemunho do Pai – (v. 37). Temos o testemunho audível que o Pai proferiu acerca do Filho: "Este é o meu Filho amado" (Mt 3:17; Mc 9:7; 2 Pe 1:17), e temos também o testemunho na consciência das pessoas, como quando a multidão retirou-se a lamentar, "batendo nos peitos" (Lc 23:48), certos de que algo muito solene tinha ali acontecido e que fatalmente haviam se comprometido com Deus. J.N.Darby diz, em um de seus escritos sobre o evangelho de Lucas: 'Profundamente impressionado por tudo o que tinha passado, o pobre centurião (tal é o efeito da cruz sobre a consciência!), reconhece que Aquele que ele tinha crucificado era verdadeiramente Justo'.

  4. O testemunho da Escritura – (v. 39). Nos impressiona notar que os escribas e fariseus julgavam ter na Escritura a vida eterna, e por esta razão as examinavam. Mas, o orgulho foi o que os impediu de enxergar que todos os escritos davam testemunho d'Ele (Jesus). A vida está no Filho – “Quem tem o Filho tem a vida” (1 Jo 5:12). Penso em como é precioso o Filho aos olhos do Pai, pois Deus escreveu todo o Seu Livro para falar de uma Pessoa: Seu Filho!

  5. A Palavra de Deus é muito rica e nos dá muitos ensinamentos para o nosso dia a dia, temos muito o que aprender nela, pois é a vontade de Deus para nossa vida e fazemos bem em praticá-la. Mas, acima de tudo, devemos entender que tudo foi escrito para dar testemunho do Filho, pois mesmo quando encontramos versículos que falam de nossa vida prática ou de nossas fraquezas e falhas, estes mesmos serão para nos mostrar que a perfeição e a fonte de nossa energia espiritual estão em Cristo. Quando lemos acerca das Profecias, ficamos muito animados em ver e entender o que irá acontecer e como acontecerá, mas devemos ter primeiramente diante de nós o testemunho que João ouviu: "O testemunho de Jesus é o espírito da profecia" (Ap 19:10). Creio que, o objetivo de Deus haver dado e revelado os acontecimentos futuros, foi mostrar o que Ele vai fazer, com o fim de exaltar Aquele que é digno de toda a honra e de toda a glória. Bendito seja o Seu nome!

Caro leitor, gostaria de perguntar: 'Qual é o seu testemunho acerca de Jesus?'

L.D.S.Campos


 

O VÍNCULO MATRIMONIAL

O Que Diz a Escritura Acerca de Divórcio e novo Casamento


Introdução

É importante reconhecer que "casado" (1 Co 7:33), significa uma posição assumida por um tempo definido, e de uma forma que é reconhecida como tal pelas "potestades que há" (Rm 13:1). Quando um homem e uma mulher se unem, eles tornam-se "uma só carne" (1 Co 6:16), mas isso não é exatamente o matrimônio no sentido bíblico (Jo 4:18). O matrimônio é algo legal (“bodas”); algo que conta com um certo reconhecimento público do evento, como em João 2:1. O relacionamento matrimonial é a consumação do matrimônio. É fornicação se um homem e uma mulher têm um relacionamento fora do casamento (Gn 34:1-31; 1 Co 6:15-18). Até mesmo a esposa de Caim já era sua mulher quando tiveram uma relação (Gn 4:17).


Se uma pessoa casada comete adultério, seja homem ou mulher, torna-se “uma só carne” com o outro (1 Co 6:16), mas não é isso, em si, que rompe o matrimônio. É um pecado muito sério aos olhos de Deus, e exige a ação da assembleia (Gn 39:9; Pv 6:32-33; 1 Co 5:11-13). É também um sério pecado contra o cônjuge, pois rompe o vínculo que existe entre marido e mulher. Isso também derruba o solene governo de Deus (2 Sm 12:10), porém, legalmente, o matrimônio permanece, a menos que seja rompido diante das "potestades que há" (Rm 13:1). Portanto, a questão que gostaríamos de considerar neste artigo é esta: A Escritura nos permite que o matrimônio seja rompido diante das "potestades que há" (Rm 13:1), e com que fundamento? Deus permite um novo casamento, se o matrimônio for rompido de acordo com a Escritura? Em espírito de oração, as passagens na Escritura a seguir, mostrará a vontade de Deus neste assunto, mas cada caso é único e deve ser considerado diante do Senhor, o Único que pode dar a sabedoria necessária. É isto que significa discernimento sacerdotal (Lv 13:5-6), pois "o Senhor é o Deus da sabedoria, e por Ele são as obras pesadas na balança" (1 Sm 2:3).


Há, talvez, mais um ponto que deva ser mencionado aqui. É a questão de saber se a pessoa foi salva por ocasião de seu divórcio ou novo casamento. Se ele ou ela professou a salvação na ocasião, são considerados sob a responsabilidade da "casa de Deus" (1 Pe 4:17).


Não é nosso desejo divulgar qualquer novo ensinamento com relação a este assunto, mas uma vez que é colocado diante de nós pela pressão do triste colapso do matrimônio por todos os lados, procurou-se reunir o que tem sido ensinado por homens de Deus no passado que tremeram diante da Palavra de Deus. Gostaríamos de encomendar isto à consciência dos santos de Deus, desejando que possamos ser "unidos em um mesmo sentido e em um mesmo parecer" (1 Co 1:10).

O Vínculo Matrimonial – e …Divórcio e novo Casamento

Quando o assunto é o vínculo matrimonial, hesita-se em trazer à tona o pensamento acerca do divórcio e novo casamento, pois é muito mais desejável falar do plano de Deus para um matrimônio feliz. Além disso, é de grande encorajamento saber que há muitos casamentos assim, e para eles a própria palavra "divórcio" é desagradável e repulsiva (repugnante). De fato, lemos na Palavra de Deus que "o Senhordiz que aborrece o repúdio" (Ml 2:16). Podemos dizer, logo no princípio deste artigo, que a Palavra de Deus nunca fala de alguém estar 'livre' para se divorciar, ou 'livre' para casar-se novamente. Deus “permitiu” (Mt 19:8), isto sob certas circunstâncias, mas é algo que nunca deve ser tratado levianamente.


Sob a lei, "por causa da dureza do vosso coração" (Mt 19:8), isto é, por ter sido a lei dirigida a Israel como nação, na qual muitos não tinham uma fé viva (Hb 4:2), Deus permitiu o divórcio por diversas razões (Dt 24:1). Agora, no Cristianismo, todo crente possui uma nova vida, e, sendo assim, o padrão torna-se muito mais elevado, como veremos nas várias passagens que serão consideradas aqui. Gostaríamos de falar antes do verdadeiro significado do matrimônio, pois quando temos isto diante de nós, passamos a ver o matrimônio na forma como ele é estabelecido por Deus, e não de acordo com as várias opiniões dos homens.


O Plano Original de Deus

O matrimônio foi instituído por Deus antes que o pecado entrasse no mundo – “deixará o varão o seu pai e sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne” (Gn 2:24), – e por esta razão, quando os fariseus perguntaram ao Senhor acerca do divórcio e novo casamento em Mateus 19, Ele os levou de volta ao plano original de Deus quando formou Eva para Adão. O fato de Deus colocar um padrão diante de nós – a Sua vontade – é um princípio no caminho de Deus, e embora Ele possa permitir à fraqueza do homem (sem, contudo, ignorar), Ele julgará tudo de acordo com Seu padrão original. E por quê era o plano original para o matrimônio tão importante? Era uma figura de um plano elaborado muito antes no coração de Deus, pois aprendemos que era o “eterno propósito” de Deus (Ef 3:11), que Cristo tivesse uma noiva, e o matrimônio é uma figura disso (Ef 5:22-23). Também é usado como uma figura do relacionamento de Jeová com Israel, Seu povo terrenal (Is 54:5).


Quando vemos isso na Escritura, uma nova luz é lançada sobre o assunto do matrimônio – como nos mostra Efésios 5 – e torna o assunto do divórcio mais humilhante. Jeová mudará todas Suas promessas para Israel? E num dia vindouro, deixará Ele de regozijar-Se, apesar de toda a infidelidade, “como o noivo se alegra da noiva”? (Is 62:5). Não apresentará Cristo, em um dia vindouro, Sua noiva “a Si mesmosem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante" (Ef 5:27), apesar de toda sua infidelidade? Pensamentos como estes nos humilham, porém com certeza coloca sobre o matrimônio um caráter que não veríamos ou consideraríamos se o víssemos meramente do ponto de vista humano.


Um Matrimônio Feliz

Para se ter um matrimônio feliz precisamos pensar no amor que Cristo tem por Sua Igreja. Que tipo de Igreja Ele ama? Certamente, com frequência falhamos em corresponder ao Seu amor, mas Seu amor, por nós, sempre permaneceu o mesmo. O que Ele fez por Sua Igreja? Ele deu a Si mesmo por ela. Nenhum sacrifício foi grande demais para Ele nos ganhar para Si, e ter-nos como Sua eterna companhia em glória. Sem dúvida, se lembrássemos desse amor e desse sacrifício voluntário, muitas dificuldades no matrimônio seriam superadas, e o amor de um para com o outro iria se aprofundar em vez de enfraquecer. Tendemos a buscar por amor em vez de demonstrá-lo; esperarmos que nosso cônjuge faça sacrifícios, em vez de nós mesmos fazermos sacrifícios.


Então também, há o perdão, que Cristo nos mostra em tempos de fracasso. Aquele que carregou nossos pecados em Seu próprio corpo sobre o madeiro – “levando Ele mesmo em Seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro” (1 Pe 2:24), – vive agora por nós como nosso Grande Sumo Sacerdote para nos ajudar em nossas fraquezas, e como nosso Advogado para nos restaurar quando falhamos. Estamos prontos para perdoar um ao outro, em vez de considerar o rompimento de um matrimônio? Temos assim um padrão perfeito para o relacionamento no casamento na Palavra de Deus, e, acima de tudo, o poder do Espírito Santo para realizar, em nossa vida, todas as coisas que são agradáveis ao nosso Senhor e Salvador. Se alguém, ao ler estas linhas, estiver passando por algum problema no casamento, rogo a você considerar estas coisas diante do Senhor, e se parecer difícil, lembre-se do que diz a Escritura: Ele"dá maior graça" (Tg 4:6).


“Pois das Suas infinitas riquezas em Jesus,

Ele dá, e dá, e dá novamente.”

O Lugar do Homem e da Mulher

Há mais uma coisa a ser considerada, por mais impopular que pareça em nossos dias, que é o lugar do homem e o lugar da mulher na criação de Deus e no casamento. Deus colocou o homem como cabeça da mulher e requer que a mulher lhe esteja sujeita, assim como “Cristo é o Cabeça da Igreja” e o lugar da Igreja é de submissão a Cristo (Ef 5:22-24). Não se trata do homem ter assumido o lugar de cabeça, e sim de ter sido colocado nesse lugar por Deus. O homem pode falhar – e falhou em ocupar seu lugar, por não guardá-lo com sabedoria e amor – mas ainda assim é o seu lugar. Uma esposa sábia procurará ajudar seu marido a ocupar o lugar que pertence a ele, e não tentará tomar para si mesma esse lugar. Uma esposa pode falhar em ocupar seu próprio lugar como uma auxiliadora para seu marido, mas um marido sábio procurará ganhar o respeito de sua esposa a fim de tornar mais fácil para ela se submeter. Todas estas coisas são como o "óleo nas engrenagens" que faz com que as coisas funcionem suavemente. Às vezes nós também temos que colocar um pouco de óleo! O óleo, sem dúvida, é o amor, feito eficaz pelo Espírito Santo.


A Responsabilidade do Crente

Tendo falado do segredo de um casamento feliz, devemos falar agora do que Deus ordenou acerca do divórcio e novo casamento. Se um dos cônjuges ou ambos, em questão, fosse incrédulo na ocasião, não seriam tão responsáveis como os crentes, pois a Escritura diz: "ao que muito se lhe confiou muito mais se lhe pedirá" (Lc 12:48). Sabemos que um incrédulo não possui uma nova vida, e não é habitado pelo Espírito Santo, portanto vemos que, enquanto, Deus não diminui o padrão de Sua santidade – NUNCA, – Ele faz provisão, como fez em Corinto, pelo que aqueles ali haviam feito, antes de serem "lavados" (1 Co 6:9-11). Alguns tiveram tristes e terríveis recordações antes de serem salvos, e quando receberam Cristo como seu Salvador, não somente foram “lavados” de todo pecado no precioso “sangue de Jesus Cristo” (1 Jo 1:7), mas receberam a "lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo" (Tt 3:4-7). Eles começaram de novo, como nova criatura em Cristo – “em Cristo, nova criatura é” (2 Co 5:17), – e embora possam ter que colher muitas tristezas, “porquesemeia na sua carne” (Gl 6:7-8), foram recebidos na assembleia em Corinto em uma nova posição de responsabilidade, pois “comece o julgamento pela casa de Deus” (1 Pe 4:17).


Aqueles que fizeram uma profissão de fé em Cristo colocaram-se sob o governo da casa de Deus, e lemos no Salmo 93:5, "Mui fiéis são os Teus testemunhos: a santidade convém à Tua casa, Senhor, para sempre". Assim, também, a colheita passa a ser muito mais séria, pois "ao que muito se lhe confiou muito mais se lhe pedirá" (Lc 12:48). Deus disse a Israel, "de todas as famílias da Terra a vós somente conheci; portanto, todas as vossas injustiças visitarei sobre vós" (Am 3:2). Quando olhamos para os padrões de Deus no que concerne ao divórcio e novo casamento, devemos ter em mente que se uma pessoa coloca-se nessa posição (divórcio e novo casamento) como um crente professante, ele tem muito mais responsabilidade do que um incrédulo. Sente-se que este é um ponto sério e importante a considerar em relação à medida da culpa. A Escritura diz, "o servo que soube a vontade de Seu Senhor, e não se aprontou, nem fez conforme Sua vontade, será castigado com muitos açoites, mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado" (Lc 12:47-48). A assembleia terá que considerar estas coisas quando alguém pede para ser recebido à mesa do Senhor.


Nos comentários que se seguem, procuramos as várias passagens do Novo Testamento que falam do divórcio e novo casamento, e fizemos alguns poucos e simples comentários naquilo que acreditamos ser o que a Palavra de Deus ensina, e como se aplica à assembleia. É importante ter em mente que, se um casamento é chamado “adultério” de acordo com a verdade de Deus, então o tempo não o mudará – ele subsistirá, até que a morte rompa o vínculo anterior. Quão importante é considerar isto antes de entrar num relacionamento não permitido por Deus. Quão sério é isto diante de Deus! Que perda de privilégio Cristão isso traz!

DIVÓRCIO E NOVO CASAMENTO

Sem dúvida alguma as passagens seguintes aplicam-se tanto ao homem como à mulher; 'ele' ou 'ela'. Isto é confirmado por Marcos 10:2-12.


Sob a lei, ao homem era permitido dar à sua esposa uma "carta de divórcio", se ele assim o desejasse, e, deste modo, “repudiar sua mulher”.


O Senhor Jesus disse nessa passagem da Escritura que, se agora um homem “repudiar sua mulher” por qualquer outra razão “a não ser por causa de prostituição [fornicação – JND], faz que ela cometa adultério". Isto é, ele é moralmente responsável perante Deus se, após “repudiar sua mulher” (exceto “por causa de prostituição” [fornicação – JND]), ela cometer adultério. No original grego, em que foi escrito o Novo Testamento, a palavra traduzida como "repudiar" é a mesma palavra grega usada para “divórcio”.

Isto é muito solene, e nos mostra que não se trata de como o homem “repudiar sua mulher” (uma vez que "repudiar" e "divórcio" são uma mesma palavra grega), se ele a “repudiar” por qualquer outra razão “a não ser porprostituição [fornicação – JND], ele é a causa se ela, posteriormente, cair em pecado. Nesse caso ela é responsável por cometer adultério, mas o Senhor Jesus disse que ele também é culpado por “causar” isso. Isto nos faz compreender a seriedade de uma separação legal permanente que, se conseguida como uma forma moderada de repúdio, poderia fazer alguém moralmente responsável diante de Deus pelo pecado de adultério (Leia 1 Co 7:5). O Senhor Jesus disse também que se alguém se casar com a mulher culpada, ele cometeria adultério por tal casamento.


Ao homem não é permitido “repudiar sua mulher” por nenhuma outra razão “a não ser porprostituição [fornicação – JND]. Se ele a repudiar por qualquer outra razão, e então casar-se novamente com outra, ele torna-se culpado de adultério nesse casamento.


Se alguém viesse a se casar com a pessoa repudiada por causa de fornicação, esse se tornaria culpado de adultério nesse casamento.


O inocente, (isto é, não aquele que quebrou o laço matrimonial por fornicação), não está proibido de casar-se novamente. O Senhor não recomenda um tal matrimônio, mas disse, quando questionado pelos discípulos sobre esta situação: "Quem pode receber isto, receba-o" (Mt 19:12). Creio que o Senhor estava ensinando que um crente pode muito bem hesitar se deve julgar sábio um casamento assim, mas não é proibido.


Em Marcos 10, notamos que o Senhor fala de ambos, marido ou esposa repudiando seu ou sua parceira, mostrando que Suas instruções referentes ao divórcio aplicam-se a ambos, homem ou mulher. Nenhuma destas passagens da Escritura menciona a única exceção (fornicação), pois creio que é importante perceber que o Senhor “aborrece o repúdio” (Ml 2:14-16), embora as outras duas passagens da Escritura, citadas anteriormente em Mateus, mostrem que Ele permitiu isso no caso de fornicação. A razão de sua omissão aqui é, sem dúvida, por Ele querer nos ensinar a nunca olharmos de maneira leviana para o laço matrimonial, pois é uma figura de Cristo e a Igreja. Como Cristãos possuímos uma nova vida, de forma que o cônjuge ofendido pode perdoar em vez de divorciar. Este é, sem dúvida, o "caminho ainda mais excelente" (1 Co 12:31; 13:1-8).


Estes versículos referem-se ao adultério, enquanto o vínculo matrimonial ainda existe. O assunto da fidelidade no matrimônio é apresentado aqui como figura de uma verdade espiritual. Deus pretendia que o vínculo matrimonial fosse quebrado somente pela morte (ou pela vinda do Senhor), e a questão do divórcio não é considerada aqui. No entanto, os versículos em Mateus 19, nos mostram que a fornicação rompeu o vínculo, e portanto o divórcio foi permitido quando o vínculo foi quebrado pela fornicação. O divórcio era, então, o procedimento legal, porque "as potestades que há foram ordenadas por Deus" (Rm 13:1), e perante Deus, a fornicação já havia rompido o vínculo. O divórcio, nesse caso, não era requerido, mas permitido. A graça de Deus poderia capacitar alguém a perdoar o cônjuge culpado em vez de repudiá-lo ou divorciar-se. "Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo" (Ef 4:32).

Nesta passagem é tratado o assunto da separação, e está evidente que o Cristão é instruído a não deixar o seu cônjuge. Se ele ou ela “se apartar, que fique sem casar” (1 Co 7:11). Se, no entanto, o cônjuge incrédulo “se apartar”, lemos que "neste caso o irmão, ou irmã, não está sujeito à servidão" (1 Co 7:15). A expressão "não está sujeito" está se referindo ao versículo 39, onde lemos que "a mulher casada está ligada pela lei todo o tempo que o seu marido vive". Se, no entanto, o marido ou a esposa é intencionalmente abandonado e divorciado pelo cônjuge incrédulo, aquele não continua mais “ligado” ao relacionamento matrimonial.


Certamente, cada caso deve ser examinado diante do Senhor, para que se veja se foram feitas todas as tentativas de efetuar uma reconciliação, e se o cônjuge não foi levado a isso em virtude de um tratamento cruel, mas se o cônjuge incrédulo de intencionalmente abandonar o seu parceiro ou sua parceira, e se divorciar, o Cristão, então, “não está sujeito” ao relacionamento matrimonial, e nem há aqui qualquer mandamento (como havia no caso do versículo 11) proibindo um novo casamento nesse caso.


Se o divórcio (e talvez o novo casamento) aconteceu antes da pessoa ter sido salva, deveria ser explicado claramente a ele ou a ela (ou ambos), que como Cristãos eles deveriam entender a ordem de Deus quanto ao divórcio e novo casamento. O passado poderia não estar totalmente esquecido, pois colhemos aquilo que semeamos – “tudo o que o homem semear, isso também ceifará” – (Gl 6:7). No entanto vemos isso, na assembleia de Corinto, havia muitos pecados cometidos no tempo em que não eram salvos, que exigiriam disciplina da assembleia se já fossem salvos, pois “comece o julgamento pela casa de Deus” (1 Pe 4:17). Eles foram recebidos como estavam, quando salvos, como novas criaturas em Cristo, tendo sido salvos "pela lavagem da regeneração" (Tt 3:5). Agora era para "aplicar-se às boas obras" (Tt 3:3-8), e estavam sob a disciplina da assembleia de Deus* (1 Co 5:12).

{N.T. O termo "assembleia de Deus" é usado aqui no sentido da Igreja conforme encontrada na Escritura.

Nada tem a ver com a denominação adotada por certa organização religiosa.}

 

É importante ver que nossa obediência deve ser "de todo o coração" (Cl 3:23). Deus deseja obediência por amor a Ele. Um caso pode estar tecnicamente claro de acordo com a Escritura, mas podem existir circunstâncias, como uma atitude que afaste o parceiro, ou mesmo violência, ou tentativa de forçar o outro, que pode perturbar um lar, assim um Cristão pode fazer seu cônjuge o abandonar, ou mesmo obter o divórcio. Exige-se um discernimento sacerdotal em cada caso, como era o sacerdote em Israel quando tinha que discernir se a lepra estava ativa quando as aparências eram incertas (Lv 13:4-8), de forma que a santidade da casa de Deus é mantida em cada detalhe. "Mui fiéis são os Teus testemunhos: a santidade convém à Tua casa, Senhor, para sempre" (Sl 93:5).


Não se trata de sermos superiores ao mal em nós mesmos, mas porque Aquele que é o Centro "o Que é santo, o Que é verdadeiro" (Ap 3:7). Em todas as instâncias em que tais casos tenham que ser levados à assembleia, devíamos tomar nosso lugar como fazendo parte do fracasso e comer da oferta pelo pecado “no lugar santo” (Lv 6:26; Lv 10:17). Nunca devemos esquecer que o Senhor “aborrece o repúdio” (Ml 2:14-16), e que o divórcio foi permitido “por causa da dureza do vosso coração” (Mt 19:8 – ARA). O amor no matrimônio pode superar – e superará – muitas dificuldades.


Que o Senhor possa nos guardar nesses últimos dias, no caminho da obediência, sabendo que "um pouco de fermento faz levedar toda a massa" (1 Co 5:6), e que qualquer mal não julgado contamina a assembleia que permite que permaneça sem julgamento. O inimigo procura destruir o lar Cristão e a assembleia de Deus, e precisamos da Palavra de Deus para nos dirigir, do amor de Cristo para nos constranger, e do poder de Deus para nos guardar.

G.H.Hayhoe (1911-2003)

 

Ó Cordeiro de Deus continua nos guardando

Perto do Teu lado traspassado;

É só lá em segurança

e paz que podemos permanecer”

L.F. 318.


 

TRÊS COISAS DIÁRIAS


Há três coisas diárias que formam a base para uma vida Cristã feliz e cheia de frutos. Todos os Cristãos encontrarão um final feliz, mas nem todos os Cristãos têm uma vida feliz. A causa principal da perda do gozo e da profusão de frutos que Deus pretende para nossas vidas como Cristãos pode ser identificada como tendo sua origem na negligência de uma destas três coisas. O Cristão deve entender a importância de se estabelecer uma rotina diária de leitura da Escritura, oração e obediência ao Senhor.


Buscando diariamente a Escritura

"Examinando cada dia nas Escrituras" (At 17:11) implica mais do que a simples leitura da Bíblia. Trata-se de um estudo diligente, organizado. O próprio Senhor Jesus é sempre o nosso exemplo: "E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que d'Ele se achava em todas as Escrituras" (Lc 24:27). Isso demonstra, que Ele fazia uso das Escrituras de uma forma ordenada. Às vezes temos o hábito de ler apenas nossas passagens favoritas, mas o Senhor lia "todas as Escrituras". “Tudo que dantes foi escrito para nosso ensino foi escrito” (Rm 15:4). Aceitar as palavras das Escrituras implica, também, em mais do que apenas lê-las; implica em recebê-las dentro de si – "esconderes contigo" – (Pv 2:1), e aplicá-las em sua própria vida de uma maneira prática.


Razões por que um Cristão deve ler a Escritura

  1. Para aprender mais acerca de Cristo (Jo 5:39; Lc 24:25-27, Lc 24:44; At 17:2-3, At 7:11-12).

  2. Para aprender a extensão das bênçãos que são suas, através da obra consumada de Cristo, pela qual o crente é também edificado e firmado na mais santa fé (At 20:32; Jd 1:20; Rm 16:25-26; 2 Tm 3:16; Jo 8:32).

  3. A Escritura enche o seu coração com louvor e gratidão (Sl 119:171).

  4. Para aprender princípios práticos para a vida, podendo ser guiado, dirigido e mantido seguindo as pegadas de Cristo (Sl 119:105; Sl 17:4; Sl 19:7"sabedoria").

  5. Para limpar sua alma das impurezas. Ao passar pelo mundo, o Cristão se contamina, mas a Escritura têm o efeito de lavá-lo e purificá-lo. Se ele estiver andando na senda do pecado, a Escritura revela o seu mau estado de alma, e agem em sua consciência para produzir arrependimento e confissão que leva à restauração (Sl 119:9; Ef 5:26; Sl 19:7).

  6. Para receber conforto quando passar em meio às tribulações e tristezas (Sl 119:49-50, Sl 119:76).

  7. Para crescer espiritualmente – crescer em graça, enquanto torna-se mais semelhante a Cristo (1 Pe 2:2; 2 Pe 3:18).

  8. Para dar gozo ao seu coração, a Escritura faz o crente feliz e encorajado (Jr 15:16; Sl 19:7; 2 Cr 31:4).

  9. Para conhecer os acontecimentos futuros. O propósito de Deus é de glorificar a Si mesmo em Seu Filho em duas esferas – céus e Terra. A profecia mostra como Ele fará isso (2 Pe 1:19,21; Ap 1:1,3). Consequentemente, é dada ao Cristão uma perspectiva inteligente acerca do mundo.

  10. Para o Cristão ser movido a viver para Cristo, confessar a Cristo e servir a Cristo (2 Pe 3:1-2).

Clamando ao Senhor em oração diariamente

Clamar “todo o dia” ao Senhor em oração é outra coisa importante na vida do Cristão (Sl 86:1,3). A oração é simplesmente falar com Deus. Pode ser tanto audível como silenciosa. "A ti clamo todo o dia" (diariamente), demonstra que deveríamos ser fervorosos e genuínos quando oramos. "As vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração" (Fp 4:6), demonstra que temos que ser específicos na oração. Nada é pequeno ou grande demais para apresentarmos a Ele. Nossas orações deveriam ser também em Nome do Senhor (Jo 16:23-24; Ef 5:20).


Razões por que um Cristão deve orar

  1. Para ter comunhão com o Pai e com o Filho (1 Jo 1:3). Orar é, na verdade, falar reverentemente ao Senhor. Precisamos confiar no Senhor, assim como confiaríamos em nosso melhor amigo. Ele quer que derramemos nosso coração diante d'Ele (Sl 62:8; Ct 2:14).

  2. Para expressar dependência no Senhor em assuntos da direção e do rumo de nossa vida (Sl 16:1; Pv 3:5-6).

  3. Para pedir a Deus aquilo que precisamos em nossa vida (Jo 14:13-14; Jo 16:23-24).

  4. Para interceder por outros, sejam eles Cristãos ou pessoas perdidas (1 Tm 2:1-2; Ef 6:18; Hb 13:3, Hb 13:18-19).

Tomando a cruz diariamente e seguindo a Cristo

Tomando a cruz, e seguindo a Cristo diariamente, é a terceira coisa essencial na vida Cristã (Lc 9:23-26). O Cristianismo não é algo popular. Levar a cruz é uma expressão figurada, implica em aceitar a rejeição que advém do fato de se estar identificado com o Cristo rejeitado. Não é suficiente lermos as Escrituras e orarmos; devemos andar nas coisas que aprendemos e desfrutamos. Seguir a Cristo implica em obediência na senda da fé (At 5:29; Rm 6:16).


Razões por que um Cristão segue a Cristo

  1. Ele sabe que se viver sua vida para si próprio irá desperdiçá-la, pois somente o que é feito para Cristo será recompensado (Lc 9:24). Jim Elliot, que foi martirizado no Equador em 1956, escreveu: "Não é tolo aquele que desiste do que não pode guardar, para ganhar o que não pode perder". 'Nesta breve vida, que vai logo passar, Somente o que é feito para Cristo irá durar'.

  2. Ele sabe que mesmo se vivesse apenas para esta vida e acumulasse para si riqueza e honra, assim mesmo não poderia levá-las consigo quando deixasse este mundo (Lc 9:25; 1 Tm 6:7).

  3. Ele sabe que irá perder o gozo da comunhão com o Senhor se escolher não segui-Lo no caminho de fé (Sl 66:18). Existe um gozo em seguir a Cristo na senda de fé, que é conhecido somente daqueles que andam nela (Jo 14:23). Ele conclui que não vale a pena seguir o seu próprio caminho por esta vida. O senso de consciência da aprovação do Senhor, e o gozo da comunhão com Ele significa mais para o crente do que o aplauso deste mundo (Hb 11:24-27).

S.B.Anstey (1954)


 

"CONSIDERAI A JESUS CRISTO"


A superioridade humana sobre outras criaturas encontra-se na mente e no coração. Os anjos se sobressaem em força, e nunca é mencionado que eles sejam feitos à imagem de Deus. O coração do homem é muito amplo, e há apenas Um que pode preenchê-lo. Quando o Senhor encontra-Se diante de nós, temos Aquele que pode preencher, e preenche, o coração e a mente.


As passagens citadas acima colocam o Senhor diante de nós de duas, ou talvez três, maneiras diferentes. Ele nos é apresentado de diversas maneiras nas Escrituras. Às vezes, O vemos em Sua glória eterna; então, em sua Humanidade, e logo a seguir em Sua glória novamente. Sua glória é magnífica, e muitas são as Suas glórias. O pai de José o amava, e lhe fez uma “túnica de várias cores” (Gn 37:23, Gn 37:32). Aplique isto em tipo ao Senhor Jesus. Ele tem glórias pessoais, e glórias que Lhe foram dadas.


"Pelo que, irmãos santos, participantes da vocação celestial". Quanta coisa há nestas poucas palavras! "Considerai a Jesus Cristo, Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão” (Hb 3:1). Seu apostolado foi na Terra; Seu sumo sacerdócio é no céu. Consideremos estas duas coisas: primeiro, qual é a nossa confissão? É esta – Deus é conhecido, é revelado, não está mais oculto, não está mais envolto numa escuridão. "Deus é luz, e não há n'Ele trevas nenhumas" (1 Jo 1:5). Em 1 João 4 temos "Deus é caridade [amor – ARA]" (1 Jo 4:8, 1 Jo 4:16), duas vezes, mas no primeiro capítulo está que "Deus é luz".


A próxima coisa a considerar é onde Deus está, ou seja, "na luz" (Jo 1:1-9). Há muitas coisas que Ele disse aos profetas da antiguidade acerca de Si mesmo, – “Deus nunca foi visto por alguém” – mas quando Ele Se revela, o faz somente na pessoa de Seu Filho (Jo 1:18).


O Apóstolo da nossa confissão

Hebreus 1, onde temos o Senhor como o Apóstolo de nossa confissão, começa: “Deus, tendo falado muitas vezes e de muitas maneiras anteriormente aos pais nos profetas, no fim destes dias nos falou na pessoa do Filho" (Hb 1:1-2 – JND). E, depois de haver chamado a nossa atenção para aquela Pessoa, diz, "O qual, sendo o resplendor da Sua glória, e a expressa imagem da Sua pessoa, e sustentando todas as coisas, pela palavra do Seu poder, havendo feito por Si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-Se à destra da majestade nas alturas" (Hb 1:3). Tal é a nossa confissão, da qual o Senhor é o Apóstolo. Que assunto para considerarmos!


Grande Sumo Sacerdote

Como “Grande Sumo Sacerdote” (Hb 4:14), nós O vemos no céu, como Aquele que é qualificado para nos sustentar nas circunstâncias da fé. Também O vemos como Aquele que vive dentro do véu, e “que não possa compadecer-se das nossas fraquezas” (Hb 4:15). Sua Advocacia (1 Jo 2:1) é outra coisa; é a graça que restaura nossas almas se extraviamos e pecamos. "Se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo". Ali está o Senhor como restaurador de nossa alma, Ele leva a alma de volta à comunhão do parentesco ao qual fomos introduzidos.


Como “Sumo Sacerdote”, Ele nos sustenta em meio às dificuldades, e somos exortados a considerá-Lo em Sua capacidade. Em Hebreus 5, o sacerdócio é a posição à qual Ele foi chamado, e ali Ele nos sustenta. Quão precioso isto torna o Senhor para nós; Ele que sentiu o que sentimos, passou por tudo o que passamos. Acaso sabemos o que é considerar o Senhor sob este aspecto? Trata-se de uma verdade das mais sustentadoras, quando em meio à dor, conhecê-Lo assim; Àquele que vive em simpatizante amor por nós.


Filho sobre a Casa de Deus

Outro assunto, é a posição que Ele ocupa na casa de Deus. Deus tem uma casa neste mundo. "Para que saibais como convém andar na casa de Deus" (1 Tm 3:15). O lugar da habitação de Deus sobre a Terra encontra-se em meio ao Seu povo. O lugar que o Senhor Jesus ocupa na casa não é o lugar de um servo na casa, mas Ele é Filho sobre ela. Moisés era um servo na casa, e foi fiel Àquele que o chamou. O Senhor Jesus é um Filho sobre a casa, e "fiel ao que O constituiu" (Hb 3:2). Nós O temos em Apocalipse, capítulos 1 ao 3, como Filho sobre a casa nas mensagens às Igrejas. "Não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus" (Ap 3:2). É o Senhor tomando conta daquilo que está acontecendo à casa de Deus.


Autor e Consumador da fé

Em Hebreus 12, encontramos o Senhor, não como Apóstolo e nem como Sumo Sacerdote, mas como “Autor e Consumador da fé” (Hb 12:2). Ele começou e completou aquele caminho em toda a perfeição.


Nestes três aspectos somos chamados a considerá-Lo: como “Apóstolo”, “Grande Sumo Sacerdote”, e como "Autor e Consumador da fé, o Qual pelo gozo que Lhe estava proposto suportou a cruz, desprezando a afronta e assentou-Se à destra do trono de Deus" (Hb 12:2).


Ele foi mantido naquele caminho de fé; o que O mantinha? Aquilo que estava no fim – "pelo gozo". O que pode nos manter no caminho da fé, tão assolados por dificuldades do começo ao fim? Uma maneira de sermos derrotados é ficarmos ocupados com as dificuldades; precisamos olhar para Ele. Portanto, "Considerai pois Aquele que suportou tais contradições dos pecadores contra Si mesmo, para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos" (Hb 12:3). Se ficarmos ocupados com as circunstâncias, desfaleceremos em nossos ânimos; precisamos ter um alvo diante de nós.


Paulo disse, "para ver se de alguma maneira posso chegar" (Fp 3:11). O alvo estava diante dele. Se alguém, ao subir uma ladeira íngreme, tiver sua mente ocupada com algo mais além, logo alcançará o topo. Mantenha os olhos em Cristo, e o coração estará sustentado.


Se voltarmos ao primeiro capítulo, nós O encontraremos “à destra da majestade nas alturas” (Hb 1:3). Trata-se de outro aspecto.


Com estes poucos pensamentos diante de nós, consideremos a Ele, o “Apóstolo”, “Grande Sumo Sacerdote”, e Aquele que permaneceu firme, para não nos amedrontarmos e desfalecermos em nossos ânimos. Seja longo ou curto, o caminho é difícil. O que nos capacita a suportá-lo, é considerarmos Aquele que foi antes de nós e atingiu o alvo.

W.Potter (1847-1937)

 

Muita confusão tem havido em torno da profecia, por não se discernir o lugar distinto que Israel e a Igreja ocupam na Escritura e nos propósitos de Deus. Temos recebido muitas cartas de leitores com dúvidas acerca do significado do capítulo 24 de Mateus, e de outras passagens que falam da tribulação. De um modo geral, este capítulo trata do futuro, do tempo da tribulação e vinda de Cristo para Israel. A Igreja, que é formada por todos os salvos, será arrebatada antes da tribulação (Ap 3:10).


Mateus 24 trata do remanescente judeu, que testemunhará durante a tribulação, e dos eventos que ocorrerão no mundo naquela época. Ao contrário do que muitos pensam, o termo "levado" que aparece nos versículos 40 e 41, nada tem a ver com o arrebatamento. Muitos tentam aplicar estes versículos ao arrebatamento da Igreja, mas isso é tirá-los de seu contexto. O contexto é o assunto ao qual o Senhor vem Se referindo nos versículos anteriores, ou seja, “o dilúvio” (v.39) que "levou a todos"; um ato judicial – a morte – ceifando vidas. Da mesma forma, quando Cristo vier para reinar (no final da grande tribulação), a morte passará ceifando a muitos; "levando" a muitos. Os vivos entrarão no milênio, mas não serão Cristãos como os conhecemos hoje; serão judeus (ou gentios) que se converterão durante a tribulação e que nunca escutaram o evangelho antes (ou não tinham idade para compreendê-lo).


A palavra "evangelho" (Mt 24:14), que aparece no capítulo é também frequentemente mal aplicada; ali se fala do "evangelho do reino", e não do "evangelho da graça de Deus" (At 20:24). Há muitos que pensam que, é necessário que o “evangelho da graça” seja pregado por todo o mundo, para que Cristo volte para buscar Sua Igreja. Mas não é o que diz a passagem; ali está falando do "evangelho do reino". Cristo, virá buscar Sua Igreja, depois que se converter o último eleito antes da fundação do mundo, para fazer parte dela. Então, Ele virá buscar os que são Seus: os santos celestiais. Aí cessa a pregação do “evangelho da graça”, que é pregado enquanto a Igreja encontra-se na Terra. "Crê no Senhor Jesus Cristo, e serás salvo" (At 16:31), é “o evangelho da graça” que hoje pregamos. "Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus" (Mt 3:2), é “o evangelho do reino”, que foi pregado por João Batista, e que será pregado por um remanescente fiel que se converterá após o arrebatamento, sendo por isso perseguido ferozmente.


Outra idéia errônea, de que alguns crentes menos espirituais ou menos maduros serão deixados para a tribulação, é completamente falsa e cai por terra com apenas uma passagem: "Por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniquidade" (2 Ts 2:11-12). Aqueles que ouviram o evangelho e não creram, não terão uma segunda chance. O próprio Deus fará com “que creiam na mentira” do diabo. Todos os que fazem parte da Igreja têm o Espírito Santo, e, juntamente com o Espírito, serão tirados da Terra quando Cristo vier. Toda a Igreja será arrebatada; Cristo não deixará um 'pedaço' da noiva aqui. Hoje, se alguém não tem o Espírito de Cristo, não é d'Ele; nunca creu e não está salvo.


Alguns tentam usar Apocalipse 12, para dizer que a Igreja passará pela tribulação, mas aquele capítulo não fala da Igreja. Esta (a Igreaja), só aparece até o final do capítulo 3 de Apocalipse, para então só voltar a aparecer no final do livro, nas “bodas do Cordeiro” (Ap 19:7-9). Nesse meio tempo, Deus estará tratando com Israel. A "mulher" é Israel e o "varão" é Cristo, Aquele “que há de regercom vara de ferro;efoi arrebatado para Deus e para o Seu trono” (Ap 12:5).

M.Persona (1955)

 

O DIA DO SENHOR

O Dia Que Pertence Ao Senhor


É bom que os Cristãos se lembrem; que a observância religiosa de dias, não está de acordo com o espírito das "Boas Novas". Considerar um dia diferente de outro é dizer que esse dia é, de alguma maneira, mais santo do que os outros. Mas para o Cristão, todos os dias são santos. É verdade que o Senhor designou para nós o “primeiro dia da semana” como distinto dos outros dias.

  • É o dia da Ressurreição do “Nosso Senhor Jesus” (Mc 16:9);

  • É o dia no qual o “Espírito Santo” foi dado (Lv 23:15At 2:1-4);

  • É o dia no qual os discípulos se reuniam para “partir o pão” (At 20:7).

O apóstolo disse aos Gálatas e aos Coríntios, que nesse dia separassem uma quantia conforme Deus os havia suprido (1 Co 16:1-2). Se nós compararmos com Hebreus 13:15-16, veremos que isto é incluído como um dos sacrifícios que nós podemos oferecer a Deus no “primeiro dia da semana”.


Finalmente, encontramos em Apocalipse 1:10, que o Espírito de Deus chama esse dia de: "o Dia do Senhor". No grego, a palavra "do Senhor" é um adjetivo, portanto nós poderíamos melhor traduzi-la como "Dia Senhoril" (aquele que pertence ao Senhor), ou "o dia dominical" ["dominical" do grego κουριακός – kuriakos (Dicionário Bíblico Conciso); “dominical” = "relativo ao Senhor" cf. dicionário da língua portuguesa]. Esta palavra ocorre, apenas duas vezes no Novo Testamento; no “Dia do Senhor” ["dia senhoril" ou "dia dominical"] – (Ap 1:10), e na “ceia do Senhor” ["ceia senhoril" ou "ceia dominical"] – (1 Co 11:20). Esta palavra (“κουριακός – kuriakos”) conecta maravilhosamente “a Ceia do Senhor” com “o Dia do Senhor”.


Em muitos países o povo do Senhor tem liberdade para dedicar o "Dia Senhoril" para “o Senhor”. Em muitos lugares este dia é separado, como um dia onde podemos ter o privilégio de deixar a nossa ocupação habitual e usá-lo, não para nós mesmos, mas para “o Senhor”. O sábado da antiguidade era um dia de descanso, mas para os Cristãos, “o Dia do Senhor” é, com frequência, o dia mais ocupado na semana.


O sábado da antiguidade foi feito “por causa do homem” (Mc 2:27). “O Dia do Senhor” pertence “ao Senhor”, e nós temos o privilégio de dedicar este dia para Ele próprio. Aliás, na China muitos não têm este privilégio, e deve ser com grande dificuldade que o povo do Senhor, naquele país, pode usar este dia como tal. Porém, lembramo-nos do que o Senhor falou "aos que Me honram honrarei, porém os que Me desprezam serão envilecidos" (1 Sm 2:30).

G.C.Willis (1889-1973)

 

Pensamentos

"A fé sobe as escadas que o amor construiu, e olha pela janela que a esperança abriu"

C.H.Spurgeon (1834-1892)


 

PERGUNTAS E RESPOSTAS


Contradição entre Antigo e Novo Testamento

P. Existe alguma contradição entre o Antigo e o Novo Testamento?


R. O Antigo e o Novo Testamento são perfeitamente harmoniosos! Não há uma linha ou palavra de um que contradiga o outro, mas eles não são a mesma coisa, e nem dizem as mesmas coisas. Deus toma especial cuidado em deixar clara a diferença; na verdade, Ele escreve cada um em uma língua diferente – um está em hebraico, e tem como base a família de Abraão segundo a carne, enquanto o outro está em grego, língua usada quando Deus estava enviando o evangelho aos gentios no caráter de estrangeiros. Assim, o grego era tão representativo daquilo que dizia respeito aos gentios, quanto o hebreu o era relação a Israel. Porém Deus mostra, em tudo, Seu propósito tanto em uma quanto em outra língua.


A característica que distingue o Antigo Testamento é o governo de Deus, enquanto que a característica que distingue o Novo Testamento é a Sua graça. Governo e graça são coisas totalmente distintas uma da outra. Governo é sempre uma maneira de intervir no homem, enquanto graça é a revelação daquilo que Deus é, e do que Ele faz. Consequentemente, o governo invariavelmente pressupõe um julgamento, enquanto que a graça é a total exibição de misericórdia e bondade. Tanto o governo, quanto a graça, encontram seu ponto de encontro em Cristo.


Uma vez que Ele é o Rei, é, consequentemente, o cabeça do governo. E como Ele é o Filho de Deus, cheio de graça e verdade, Ele é, consequentemente, o canal singular por onde flui toda a bênção que é peculiar ao Novo Testamento. Sua glória, agora que a tremenda obra da redenção está consumada, contribui para todos os privilégios que nos são característicos.

W.Kelly (1821-1906)

 

LIVRO DE RESULTADOS


O Apocalipse pode verdadeiramente ser chamado de livro de resultados. Nele, embora a fidelidade de Cristo para com os Seus permaneça, o declínio é o que caracteriza as Igrejas. O pecado recebe seu salário eterno – [“o salário do pecado é a morte” (Rm 6:23)]. – A concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos, e a soberba da vida, vistas no seu maior vigor, acabam para sempre – [mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm 6:23)]. – A falsa religião é julgada, sua glória resplandecente é extinta, e tudo o que resta, para todo o sempre, é a fumaça do tormento da meretriz. O homem que permanece em rebelião, é esmagado sob os pés de Jesus, e os mortos são banidos de Sua presença para sempre. O anticristo e seus associados encontram a mais justa e terrível degradação e miséria. Satanás é eternamente condenado ao lago de fogo (Ap 20:10). Os céus e a Terra criados são limpos do mal, e o poder de Cristo é totalmente manifesto, Sua dignidade totalmente reconhecida. A Igreja é vista em glória, em inigualável luz e beleza, e os novos céus e a nova Terra nos falam tão somente de justiça e bênção de Deus para o homem. Trata-se, claramente, de um livro do juízo das coisas da Terra, ainda que profético em seu caráter.

H.H.Snell (1815-1892)


 

O HOMEM DE SICAR


Pouco antes de passar para a presença do Senhor, J.G.Bellett (1795-1864), juntando as mãos, com os dedos já magros, entrelaçados em atitude de oração, passou a dizer com os olhos cheios de lágrimas:


"Meu precioso Senhor Jesus; Tu sabes o quão plenamente posso dizer como Paulo: “tendo o desejo de partir, e estar Contigo, porque isto é ainda muito melhor” (Fp 1:23). As pessoas vêm falar comigo sobre a coroa de glória, a glória dos céus; eu os convido a parar. Não estou querendo coroas; eu tenho a Ti próprio – a Ti mesmo! Eu vou estar Contigo! Ah, com o Homem de Sicar; com Aquele que parou para chamar Zaqueu; com o Homem de João 8; com o Homem que ficou pendurado na cruz; com o Homem que morreu! Oh, estar com Ele antes que as glórias, as coroas, ou os reinos apareçam! É maravilhoso! Só com o Homem de Sicar; e estarei com Ele para sempre! Troque esta triste cena que O expulsou, pela Sua presença! Oh, o Homem de Sicar!" – Algumas das últimas palavras de J.G.Bellett (1795-1864), extraído da Revista “Scripture Quarterly”.


Após ler este testemunho das últimas palavras de J.G.Bellet (1795-1864), coloquei-me a meditar na expressão que ele usou, ”o Homem de Sicar". E, após ler João 4:6, penso haver compreendido um pouco do que se passava no coração daquele irmão. Ao final de sua jornada neste mundo ele estava cansado, usando suas palavras, desta "triste cena que O expulsou!". E a quem melhor ele poderia encontrar, do que Aquele que um dia, "cansado do caminho, assentou-Se assim junto da fonte (de Sicar)" (Jo 4:5-6)? Não há nada melhor, ao final de uma jornada, do que encontrarmos Alguém que já passou por ela; Alguém que sabe o que estamos passando e sentindo: “o Homem de Sicar”.


"Porque não temos um Sumo Sacerdote que não possa compadecer-Se das nossas fraquezas; porém Um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado" (Hb 4:15).

Autor desconhecido

 

Pensamentos

Certo homem caminhava com John Wesley, queixando-se de suas tribulações, e declarando não saber o que fazer com elas. Ao se aproximarem de um muro de pedras, por sobre o qual uma vaca olhava, Wesley perguntou:

  • Sabe por que aquela vaca está olhando por cima do muro?

  • Não sei – respondeu o homem.

  • É porque ela não pode olhar através do muro. E você devia fazer o mesmo com os seus problemas; olhe por cima deles!

Em Cristo, podemos olhar por cima de nossos problemas. Não podemos enxergar através de muitas coisas que temos que carregar nesta vida, mas confiando no Senhor podemos olhar por cima delas, para Jesus Cristo.

 

O ouro é derretido para ser moldado; o barro, amolecido, para ser trabalhado; só a cera liquefeita pode receber o corante; e somente o coração quebrantado pode receber e manter a impressão do céu. Se você encontra-se assim, aguarde pacientemente debaixo da pressão do Espírito Santo. Ele deixará a imagem de Cristo gravada em você.

 

O homem de fé, pode andar tanto sobre águas agitadas como sobre águas mansas. O homem natural não pode andar em nenhuma delas. A questão não está na condição das águas, mas na condição do coração do homem.

 

Não é quando o navio está na água, mas quando a água está no navio que ocorre o naufrágio. Do mesmo modo, o perigo não é o Cristão estar no mundo, mas o mundo estar no Cristão.

 

"Deus não aceitará um coração dividido; Ele deve ser O monarca absoluto. Não há espaço em seu coração para dois tronos. Você não pode misturar a adoração do Deus verdadeiro com a adoração de qualquer outro deus, mais do que você pode misturar óleo e água. Não pode ser feito. Não há lugar para nenhum outro trono no coração se Cristo estiver lá. Se o mundanismo entrar, a piedade sair.

D.L. Moody (1837-1899).

 

Há pessoas que perdem seu tempo considerando o quanto vão perder se seguirem a Cristo, quando deveriam estar considerando o quanto perderão por não segui-Lo.


 

Uma pessoa é sábia se aprende com seus próprios erros, mas será mais feliz se aprender com os erros dos outros.


 


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