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A Recordação do Senhor (Julho de 2005)


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Revista mensal publicada originalmente em julho/2005 pela Bible Truth Publishers

 

ÍNDICE


Tema da edição

C. H. Mackintosh, adaptado de Thoughts on the Lord’s Supper

C. Stanley, de The Lord’s Day

W. J. Prost

W. Kelly, adaptado de The Lord’s Supper

C. H. H. (adaptado de uma carta escrita em novembro de 1891)

D. Scheepsma

P. Wilson

M. S. Cecil

 

A Recordação do Senhor


Ao nos lembrarmos do Senhor como Ele nos pediu para fazer, cumprimos o pedido específico de nosso Senhor: “fazei isto em memória de Mim”. Nosso Senhor deseja que nos lembremos d’Ele em Sua morte, participando de Sua Ceia à Sua mesa, e é nosso privilégio comum fazer isso em Seu dia. Nesta edição, nos concentramos nessa lembrança.


Quando pregamos o evangelho, nós O servimos. Quando participamos de Sua Ceia, fazemos isso para Ele em cumprimento de Seu desejo Pessoal, e isso se torna o maior privilégio que temos na Terra. No céu, em Apocalipse 5, continuaremos nossa lembrança d’Ele – “entre os anciãos um Cordeiro, como havendo sido morto”. Nossa lembrança d’Ele agora em Sua morte é uma antecipação de nossa ocupação com Ele “no meio” como o Cordeiro morto há pouco. Ele mesmo e Sua obra pela Sua morte serão os temas centrais de nosso coração por toda a eternidade.


Que a ocupação de nosso coração e consciência, com essa recordação nesta edição, estimule nossa alma a dar a essa atividade coletiva a prioridade e a estima que Ele merece. Que nos aproximemos d’Ele com nosso coração cheio e nossos “vasos de alabastro” cheios de unguento precioso para derramar sobre Ele com sua doce fragrância ascendendo a Deus para o Seu prazer.


Tema da edição

 

Pensamentos sobre a Ceia do Senhor


1 Coríntios 11:23-26

Desejo fazer algumas breves observações sobre a Ceia do Senhor, com o propósito de despertar a atenção de todos os que amam o nome de Cristo para um interesse fervoroso e afetuoso nesta importante e revigorante ordenança.


Devemos bendizer ao Senhor por Sua consideração graciosa de nossa necessidade em ter estabelecido tal memorial do Seu amor que foi até à morte e também em ter preparado uma mesa na qual todos os Seus membros pudessem se apresentar, sem qualquer outra condição além da indispensável conexão pessoal com Ele. O bendito Mestre conhecia bem a tendência de nosso coração de se afastar d’Ele e uns dos outros, e tratar essa tendência era pelo menos um dos Seus objetivos na instituição da Ceia. Ele reuniria Seu povo em torno de Sua bendita Pessoa – Ele estabeleceria uma mesa para eles onde, em vista de Seu corpo entregue e de Seu sangue derramado, eles poderiam se lembrar d’Ele e da intensidade do Seu amor por eles, e daí, também, poderiam olhar para o futuro e contemplar a glória da qual a cruz é o fundamento eterno. Lá, mais do que qualquer outro lugar, eles aprenderiam a esquecer de suas diferenças e a amar uns aos outros – lá, eles veriam ao seu redor aqueles que o amor de Deus tinha convidado para a festa e aqueles que o sangue de Cristo havia tornado aptos para estarem lá.


Ação de graças e não lamentos

A Ceia é, pura e distintamente, uma festa de ação de graças – ação de graças pela graça já recebida. O próprio Senhor, na instituição da ceia, marca seu caráter dando graças, pois “tomando o pão e havendo dado graças”.


Louvor, e não oração, é a expressão adequada daqueles que se assentam à mesa do Senhor. É verdade que temos muito para orar – muito para confessar – muito para lamentar – mas a mesa não é o lugar para os que choram, pois sua linguagem é: “Dai bebida forte aos que perecem, e o vinho, aos amargosos de espírito”. O nosso é “um cálice de bênção” – um cálice de ação de graças – o símbolo divinamente designado daquele precioso sangue que obteve nosso resgate. “O pão que partimos não é, porventura, a comunhão do corpo de Cristo?” Como, então, poderíamos parti-lo com corações ou semblantes tristes? Poderia uma família, depois das labutas do dia, assentar-se para jantar com suspiros e olhares sombrios? Certamente não. A ceia era a grande refeição em família – a única que certamente reuniria a família inteira. Assim deve ser na Ceia do Senhor. A família deve se reunir ali e, quando reunidos, deveriam estar felizes – sinceramente felizes, no amor que os trouxe para aquele lugar de comunhão. É verdade que cada coração pode ter sua própria história peculiar – suas tristezas secretas, provações, fracassos e tentações, desconhecidas por todos que estão ao redor, mas esses não são os objetos a serem contemplados na ceia. Trazê-los à tona é desonrar o Senhor da festa e fazer do cálice de bênção um cálice de tristeza. O Senhor nos convidou para a festa e nos ordenou, apesar de todas as nossas deficiências, a colocar a plenitude de Seu amor e a eficácia purificadora de Seu sangue entre nossa alma e tudo o mais, e quando os olhos de fé estão cheios de Cristo, não há espaço para nada além.


Se alguma vez um sentimento de tristeza pudesse ter prevalecido na celebração dessa ordenança, certamente teria sido por ocasião de sua instituição. No entanto, o Senhor Jesus pôde “dar graças” – a onda de gozo que fluía por Sua alma era profunda demais para ser perturbada pelas circunstâncias que a rodeavam. Ele teve um gozo, mesmo sendo Seu corpo ferido e quebrantado e no derramamento de Seu sangue, que estava muito além do alcance do pensamento e sentimento humanos. E se Ele podia Se regozijar em espírito e dar graças em partir aquele pão, que seria para todas as futuras gerações de fiéis o memorial de Seu corpo entregue, não deveríamos nos regozijar nisto – nós que estamos nos abençoados resultados de toda Sua labuta e paixão? Sim, convêm-nos regozijar.


A preparação para a ceia

Mas, podemos perguntar: É necessária alguma preparação? Certamente precisamos de preparação, mas é a preparação de Deus e não a nossa própria preparação. É a preparação que é aceita na presença de Deus, que certamente não é o resultado de suspiros ou lágrimas humanas, mas o simples resultado da obra consumada do Cordeiro de Deus declarada verdadeira pelo Espírito de Deus. Aprendendo isso pela fé, apreendemos sobre o que nos faz perfeitamente adequados para Deus. O sangue do Cordeiro tirou todos os obstáculos para nossa comunhão com Deus, e, em prova disso, o Espírito Santo desceu para batizar os crentes na unidade do corpo e reuni-los em torno da Cabeça ressurreta e glorificada. O vinho é o memorial de uma vida derramada pelo pecado; o pão é o memorial do corpo entregue pelo pecado, mas não estamos reunidos em torno de uma vida derramada, nem de um corpo entregue, mas ao redor de um Cristo vivo, que não morre mais, que não pode mais ter Seu corpo entregue ou Seu sangue derramado.


“O pão que partimos não é, porventura, a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, sendo muitos, somos um só pão e um só corpo; porque todos participamos do mesmo pão”. É um ato pelo qual nós não apenas anunciamos a morte do Senhor até que Ele venha, mas pelo qual também expressamos uma verdade fundamental: que todos os crentes são “um só pão e um só corpo”. É a morte do Senhor e a vinda do Senhor que são trazidas proeminentemente diante de nossa alma na Ceia do Senhor.


As circunstâncias solenes

As circunstâncias sob as quais a Ceia do Senhor foi instituída eram particularmente solenes e tocantes. O Senhor estava prestes a entrar em um terrível conflito com todos os poderes das trevas – enfrentar toda a inimizade mortal do homem e esvaziar até a última gota do cálice da justa ira de Jeová contra o pecado. Ele tinha um terrível amanhã diante d’Ele – o mais terrível que já havia sido encontrado pelo homem ou anjo. No entanto, apesar de tudo isso, lemos “que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão”. Que amor altruísta está aqui! Naquela mesma “noite” – a noite de profunda tristeza – a noite de Sua agonia e suor de sangue – a noite de Sua traição por um, Sua negação por outro e Sua deserção por todos os Seus discípulos – naquela mesma noite, o amoroso coração de Jesus estava cheio de pensamentos sobre a Sua Igreja – naquela mesma noite Ele instituiu a ordenança da Ceia do Senhor. Ele estabeleceu o pão para ser o emblema de Seu corpo entregue e o vinho para ser o emblema de Seu sangue derramado, e assim eles são para nós agora, todas as vezes que participamos deles, pois a Palavra nos assegura que “todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha”.


Enquanto o cálice da justa ira de Jeová contra o pecado estava sendo enchido para Ele, do qual Ele estava prestes a ser o Portador, ele podia, todavia, ocupar-Se conosco e instituir uma festa que seria a expressão de nossa conexão com Ele e com todos os membros do Seu corpo.


Na preciosa e mais revigorante instituição da Ceia do Senhor, encontramos o pão partido e o vinho bebido – os expressivos símbolos de um corpo entregue e do sangue derramado. O vinho não está no pão, assim como o sangue não está no corpo, porque, se assim fosse, não haveria “remissão”. Em uma palavra, a Ceia do Senhor é o memorial distinto de um sacrifício eternamente realizado. Ninguém pode se comunicar com inteligência e poder sobre isso, salvo aqueles que conhecem a completa remissão de pecados. Não é que, de maneira alguma, tornemos o conhecimento do perdão um termo de comunhão, pois muitos dos filhos de Deus, por meio de maus ensinamentos e várias outras causas, não conhecem a perfeita remissão dos pecados. Se fossem excluídos desse terreno, seria o mesmo que fazer do conhecimento um termo para comunhão, ao invés de vida e obediência. Ainda assim, se eu não sei, experimentalmente, que a redenção é um fato consumado, verei apenas pouco significado nos símbolos do pão e do vinho. Além disso, correrei o grande risco de atribuir uma eficácia aos próprios memoriais que pertence apenas à grande realidade para a qual eles apontam.


C. H. Mackintosh, adaptado de Thoughts on the Lord’s Supper

 

Com Corações Desejosos


Se uma criança se deleita em fazer a vontade de seus pais, simplesmente porque descobriu o prazer de seus pais, muito mais seguramente, no verdadeiro espírito de filiação, teremos prazer em agradá-Lo no primeiro dia da semana. E amando-O porquê Ele nos amou de tal maneira, desejaremos, com corações ansiosos, fazer a vontade d’Aquele que nos salvou pela Sua graça.


C. Stanley, de The Lord’s Day

 

“Fazei isto em memória de Mim”


O maior privilégio na Terra

A recordação do Senhor é o maior privilégio do crente na Terra. Aquele que renunciou a tudo para que a vontade do Pai pudesse ser feita, para que a questão do pecado pudesse ser resolvida e para que pudéssemos ser trazidos para a bênção, nos pediu para nos lembrarmos d’Ele. Certamente esta lembrança preciosa deve produzir a mais profunda afeição em nosso coração e atraí-lo em adoração. É realmente uma antecipação do céu, pois Cristo – tudo o que Ele é e tudo o que Ele fez – será nossa ocupação lá por toda a eternidade. Deus em Sua graça nos deu o privilégio de experimentar um pouco desse gozo aqui embaixo.


Ao considerar este maravilhoso privilégio, existem elementos que não devem fazer parte dele, e há coisas que devem estar diante de nosso coração. Vejamos primeiro algumas coisas que não devem estar relacionadas com a recordação do Senhor.


Vir para dar

Primeiro de tudo, devemos lembrar que não é uma reunião em que chegamos para receber. Pelo contrário, é nosso privilégio vir para dar. Isso é mostrado em figura em João 12:2, onde diz: “Fizeram-Lhe, pois, ali uma ceia”. Embora isso, sem dúvida, se refere a uma refeição real, a passagem é uma figura da ceia que fazemos para o Senhor quando nos lembramos d’Ele. Se chegarmos esperando receber, ficaremos desapontados, pois estamos perdendo o verdadeiro privilégio da reunião. Em outras reuniões, como uma reunião de oração, uma reunião aberta ou uma reunião de leitura, podemos esperar receber, e com razão. Deus alimenta o Seu povo por meio daqueles a quem Ele proveu e no poder do Espírito de Deus. Mas o Senhor Jesus disse: “Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber” (At 20:35). Em graça, Ele nos deu a melhor parte e nos permitiu o privilégio de nos reunirmos para dar.


Naturalmente, temos que dizer, como Davi antigamente: “Porque tudo vem de ti, e da tua mão To damos” (1 Cr 29:14). É o Espírito que conduz nosso coração em ações de graças, louvor e adoração, e somente esperando verdadeiramente n’Ele é que podemos dar a Deus corretamente. Então, ao nos reunirmos esperando dar, nós iremos receber. Descobriremos que, como “encheu-se a casa do cheiro do unguento” (Jo 12:3), nosso coração ficará cheio de Cristo e seremos encorajados.


Pelo que acabamos de dizer, é evidente que a reunião de recordação não é um lugar para o exercício dos dons. Os dons são para edificação, exortação e consolação, mas eles não têm lugar na adoração. O gozo e apreciação de Cristo transcende o dom e leva cada santo ao lugar de um adorador.


É sobre Ele, não nossas bênçãos

É também uma reunião em que não devemos nos ocupar com nossas próprias bênçãos. Sem dúvida, os resultados benditos da obra de Cristo para nós virão à mente e atrairão nossas ações de graças e louvores. Quanto maior nossa apreciação e desfrute dessas bênçãos, mais nosso coração será cheio de louvor e adoração. Contudo, nossos pensamentos e coração devem ser dirigidos Àquele que nos trouxe essas bênçãos, não às próprias bênçãos.


Da mesma forma, não nos reunimos para orar no sentido de levar nossas necessidades diante do Senhor. Este é propriamente o caráter de uma reunião de oração, em que viemos “pela oração e súplicas, com ação de graças” para que nossas “petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus” (Fp 4:6). Na recordação do Senhor, nossas próprias necessidades devem ser esquecidas, pois temos nossos pensamentos e coração voltados para Ele.


O esforço humano não deve ter lugar na reunião de recordação. O fluxo de ação de graças, louvor e adoração deve ser no poder do Espírito, e se o Espírito tiver liberdade para liderar e guiar, haverá aquela energia de louvor e harmonia de pensamento e expressão que é apropriada. Quando o poder do Espírito não é sentido, há tendência para a energia humana tentar tomar o seu lugar. Isso resulta em serviços feitos pelo homem que podem atrair o coração natural, mas que não resultam naquilo que agrada a Deus. Nunca devemos nos reunir com um senso de dever, pois o resultado será então que iremos embora satisfeitos, supostamente cumprindo nosso dever. Um velho irmão, há muito tempo com o Senhor, certa vez comentou: “Que a preciosa lembrança do Senhor nunca se torne um ritual religioso, mas que possa estar sempre fresca em nossas mentes!” Lembremo-nos de que Deus não está buscando adoração, mas busca adoradores (Jo 4:23).


Adoração coletiva

Da mesma forma, pensamentos peculiares a si mesmo não devem ser apresentados, pois quando ele participa, ele o faz como porta-voz da assembleia. Assim, o que é expresso deve ser o que pode ser apreciado e aprovado pela assembleia de adoradores. A adoração nas Escrituras é reconhecida como sendo coletiva e, portanto, um indivíduo não deve forçar aquilo que somente ele pode desfrutar.


Finalmente, a adoração verdadeira não pode ser feita se o Espírito de Deus estiver entristecido. Esta é uma coisa muito delicada que nem sempre pode ser definida, mas certamente pode ser sentida. Muitos de nós podemos lembrar de ocasiões em que nos reunimos, esperando que o Espírito conduzisse nosso coração em adoração, apenas para descobrir que havia uma evidente e sentida falta da liberdade do Espírito para fazê-lo. Se o pecado em nossa consciência não tiver sido julgado diante do Senhor, ou se o pecado em alguém estiver presente, é suficiente para sufocar a liberdade do Espírito, pois o Espírito deve nos ocupar com o pecado até que nós o confessemos. A liberdade do Espírito pode ser reduzida por graves atos de pecado, mas também pode ser afetada por maus pensamentos, sentimentos pessoais contra os outros, mundanismo, uma atitude descuidada e muitas outras coisas. Que possamos ser sensíveis à presença d’Aquele que está em nosso meio e cujo amor e graça merecem o melhor de nós!


Lembrando d’Ele em Sua morte

No lado positivo, é uma reunião onde chegamos para lembrar d’Ele, e lembrar d’Ele em Sua morte. A Páscoa trouxe os pecados à lembrança, mas agora que não temos mais a “consciência de pecado” (Hb 10:2), podemos nos lembrar d’Aquele que tirou todos aqueles pecados. Ele sabia com que facilidade nos esqueceríamos d’Ele, ocupando-nos com nossas bênçãos em vez de nos ocuparmos com Aquele que as trouxe para nós. Mais que isso, Ele sabia com que facilidade seríamos levados a nos ocupar com Seu poder manifestado em nós. Durante o ministério terrenal de nosso Senhor quando os setenta retornaram de sua missão, eles vieram com alegria, exclamando: “Senhor, pelo Teu nome, até os demônios se nos sujeitam” (Lc 10:17). Enquanto o Senhor apreciava e compartilhava dessa alegria, Ele gentilmente lembra-lhes, “alegrai-vos, antes, por estar o vosso nome escrito nos céus” (Lc 10:20). Até mesmo desfrutar do Seu poder usado por meio de nós não é um tema tão alto quanto Aquele que nos trouxe para esta posição. A lembrança d’Ele se concentra no que Ele fez, não no que poderíamos ter feito, mesmo em Seu poder.


Lembremo-nos sempre de que, quando nos reunimos para nos lembrarmos d’Ele, é para nos encontrarmos com Ele. A presença de nossos irmãos, a alegria de cantar e louvar juntos, o prazer de desfrutar “o odor do unguento” – tudo pode contribuir para a nossa apreciação da ocasião. Mas lembremo-nos de que é Ele Quem está em nosso meio e que Ele é Aquele a Quem chegamos para encontrar!


Neste contexto, lembremo-nos também de que Ele deseja e valoriza a lembrança muito mais do que nós. Na noite em que essa lembrança foi instituída, Ele pôde dizer: “Desejei muito comer convosco esta Páscoa, antes que padeça” (Lc 22:15). Profeticamente Ele pôde dizer a respeito de Seus sofrimentos: “Minha alma, certamente, se lembra e se abate dentro de Mim” (Lm 3:20). A Sua apreciação e lembrança de Seus sofrimentos são sempre perfeitos e excedem em muito a nossa. No Jardim do Getsêmani, Ele pôde dizer aos Seus discípulos: “A Minha alma está cheia de tristeza até à morte; ficai aqui e vigiai Comigo” (Mt 26:38). Tal como acontece com os discípulos, muitas vezes somos encontrados dormindo quanto ao que Ele passou. Ele podia dizer: “Vigio, Sou como o pardal solitário no telhado” (Sl 102:7 – ACF), mas Ele nos pediu para vigiarmos com Ele.


Nós nos lembramos d’Ele na morte, pois Ele está vivo agora. Se Ele não tivesse ressuscitado dentre os mortos, não somente não poderíamos nos lembrar d’Ele na morte, mas não teríamos nenhum Salvador. Mas, porque desfrutamos da comunhão com um Cristo glorificado, podemos nos lembrar de Sua humilhação e morte. É porque estamos unidos a um Cristo ressurreto que podemos olhar para o Calvário. Nossa lembrança de entes queridos mortos é agora como eles eram na vida, pois quanto a este mundo eles estão mortos. Com nosso bendito Senhor é diferente, pois já que Ele está vivo agora, podemos nos lembrar d’Ele em Sua morte.


“Anunciais a morte do Senhor”

Mais do que isso, Paulo diz: “Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha” (1 Co 11:26). Ao nos lembrarmos de nosso Senhor na morte, anunciamos a morte para o mundo e testemunhamos o fato de que Ele ressuscitou. Então, também, é somente até que Ele venha, pois no céu não precisaremos do pão e do cálice como emblemas de Seu sofrimento e morte. Antes, as marcas em Seu corpo nos lembrarão por toda a eternidade que Ele sofreu por nós.


Quando nos reunimos para responder ao pedido de nosso Senhor, nenhuma preparação é necessária, exceto a preparação do coração, e isso é talvez o mais difícil. A energia humana, como dissemos, não pode ter lugar, mas sim a verdadeira espera no Espírito de Deus para conduzir e guiar. Ele guiará de acordo com nossa apreciação de Cristo, adaptando essa liderança de acordo com a maturidade espiritual e entendimento dos presentes. Se qualquer pecado conhecido em nossa consciência tiver sido confessado, então Deus nos encontrará onde estivermos e a adoração fluirá como resultado. Por outro lado, se nossa vida ao longo da semana tiver sido caracterizada pelo mundanismo e egoísmo, nosso estado se demostrará em um Espírito entristecido e consequente falta de adoração.


Louvor e adoração

Finalmente, se estamos em um estado correto diante de Deus, tudo o que Cristo é para Deus se manifestará diante de nós. O que Ele é para nós despertará nossas ações de graças e louvores, mas o que Ele é para Deus nos levará à verdadeira adoração, onde somos esquecidos na adoração d’Aquele que, em perfeita obediência e submissão, não apenas satisfez, mas glorificou a Deus em Seu caminho aqui e Sua obra na cruz.


Que nosso coração valorize o privilégio de recordar nosso bendito Senhor em Sua morte, pois é um privilégio que não teremos da mesma maneira no céu! Lá em cima, nada impedirá o fluxo total de louvor e adoração por toda a eternidade. Entretanto, aquilo que é apresentado neste mundo onde Ele foi rejeitado e, portanto, apresentado sob circunstâncias adversas, tem um caráter especial que nada pode substituir.


W. J. Prost

 

Uma Recordação Coletiva


Não existe tal coisa na Escritura como um único indivíduo tomando pão e o vinho em memória de Cristo, o fazer seria um erro a ser perdoado. Toda a força e bem-aventurança da Ceia do Senhor consiste nisto, não apenas que é essencialmente um ato em comum, mas que é baseado na verdade do um só corpo de Cristo. Sendo a expressão de nossa adoração comum a Cristo, qualquer coisa que não deixe completo espaço para cada membro de Seu corpo, andando como tal, destrói (até onde vai) o objetivo e caráter da Ceia do Senhor. Não significa, é claro, que em cada cidade todos pudessem comer juntos em um só lugar, mas, ainda que comam em muitos lugares diferentes, será que não deveria ser no mesmo terreno e em verdadeira intercomunhão? O próprio princípio da ceia abrange todos os santos caminhando como tal no mundo inteiro.


Adaptado de W. Kelly The Lord’s Supper

 

Uma Carta Sobre Adoração


Prezado irmão:


O tema da adoração também tem ocupado meu próprio coração. Eu o sinto fortemente, mas não sei se posso expressar corretamente o que sinto. Há reuniões que estão entre minhas mais preciosas lembranças, quando quase se podia ver ou tocar Aquele presente, juntamente com aqueles reunidos em Seu nome. Eu me lembro de uma quando o espírito de adoração nos encheu de tal forma que os corações estavam cheios demais para falar, e a emoção além do controle físico.


Mas quantas vezes deixamos o local de reunião com uma sensação de decepção! Nós “desfrutamos da reunião”, como dizemos, e pode ser que tenhamos sido edificados – mas ainda faltava alguma coisa e “algo” era o que não apresentamos. É difícil falar sobre isso, mas não sentir e reconhecer isso. Como em um buquê ou em frutas, uma fragrância ou aroma pode estar faltando, o que o olho não pode ver, mas apesar de toda a beleza exibida aos olhos não pode compensar o que está faltando.


Agora vou dar-lhe os meus pensamentos sobre a adoração e sobre a reunião de recordação, que eu confio são da Sua Palavra. Deixarei que você traga para eles a delicadeza da fragrância – o sabor das quatro especiarias principais (Êxodo 30:34) que eram somente para Deus. Não podemos fazer essa composição para nós mesmos – é santa para o Senhor – mas podemos prepará-la para Ele. Certamente é o sempre bendito Senhor Jesus, mas o incenso sobe quando o sacerdote o coloca sobre o fogo retirado do altar de bronze.


Antes de sermos salvos, é tudo sobre nós mesmos e nada de Deus, mas quando somos adoradores, é tudo de Deus e nada de nós. Quando “nascemos de novo”, sentimos uma necessidade e pedimos o que queremos, isto é, nós oramos. Então, quando Suas misericórdias abundam e nos tornamos conscientes de Seu reconhecimento amoroso e suprimento de nossa necessidade, agradecemos a Deus pelas misericórdias recebidas.


Aprendendo mais sobre o nosso Deus por meio do Espírito, reconhecemos as glórias da criação e da redenção, da preservação também, e louvamos. Há ainda outro lugar elevado onde estamos, conscientemente, que é “no Santos dos Santos pelo sangue de Jesus” (Hb 10:19 – ARA) e diante de nós está Deus. Nós nos curvamos diante d’Ele (a palavra adorar significa primariamente se prostrar, como em Mateus 2:11) pelo que Ele é em Si mesmo. O “eu” é esquecido para que não oremos ou agradeçamos – nós adoramos! Será nossa feliz ocupação no céu, mas aqui em nossa fraqueza aspiramos a isso mais do que a alcançamos. Nossa adoração aqui será misturada com louvor, seu companheiro mais próximo, e muitas vezes também com lembranças do “eu” – o que Ele fez por nós, e assim também agradecemos a Ele, e rebaixamos ainda a adoração com oração. Mas, se nossos pensamentos se moverem juntos, vamos distinguir um exercício do outro.


Nós nos lembraremos do Senhor Jesus, e os símbolos usados são uma lembrança d’Ele. Comendo o pão partido e bebendo do cálice, mostra Sua morte. Assim, a Ceia do Senhor é uma lembrança de nosso Salvador, de nosso Senhor Jesus, em Sua morte. Este é o principal pensamento da reunião, e nada deve interferir ou obscurecê-lo.


Certamente não podemos pensar em Sua morte sem associar com ela o propósito e resultados dela, e estes em relação a Deus e a nós. Podemos fazer melhor do que seguir nosso próprio Senhor no Salmo 22 e no Salmo 102? Ele sofre sob a mão de Deus, mas Ele O glorifica, louva e como Líder na grande congregação, os resultados finais ainda estão por ser manifestados em Seu Senhorio sobre a Terra e nas bênçãos de Seu povo.


Não temos nenhum padrão dado para a reunião, exceto conforme ensinado geralmente em Atos 20 e 1 Coríntios 14, de modo que nossos sentidos espirituais devem ser despertados e alertados para fazer o que for adequado e ordenado para nós fazermos. Se tivermos em mente o propósito da reunião e estivermos conscientes da Presença invisível e estivermos sujeitos ao Seu Espírito, estaremos juntos na hora marcada, esperando no Senhor. A assembleia irá louvar ou adorar, exprimindo juntos em um hino de louvor ou adoração, ou por uma voz em expressão audível.


O evangelho de Sua graça, inexplicavelmente precioso como é, não virá à mente. As provações do caminho, nossa peregrinação, serão esquecidas. Nós não temos necessidades, não temos desejos. O coração está cheio, está cheio demais, à medida que a assembleia louva ou adora. Pode ser em silêncio ou em voz – não importa. Para que a “uma boca, glorifiqueis ao Deus e Pai”. Jesus está diante de nós – Sua Pessoa – Sua morte e nossas mãos estão cheias d’Ele. Certamente o entendimento de um pode ser maior que de outro, mas aqui não é questão de quanto de Jesus eu posso possuir. Eu estou cheio, mesmo com pouco que posso possuir d’Ele. O santo mais velho – o pai que andou com Ele por anos e O conhece intimamente – está cheio. O bebê que acabou de começar seu caminho também está cheio. É Jesus que preenche todas as capacidades, seja ela grande ou pequena. Oh, como meu coração deseja estar nessa reunião agora!


Pode haver uma regra, uma ordem de exercício para uma reunião tal como essa? Talvez um hino, ou uma voz expressando a adoração da assembleia, uma porção de Sua Palavra que nos faz desfrutar mais da consciência de Sua presença – isso pode ou não preceder a solene execução do ato único que é ordenado. Agora nós “damos graças”, todos nós, assim que alguém que se levanta e fala por nós. Eu não sei qual, mas se alguém tem dom, que ele hesite o tempo mais longo possível, para que não interfira com o Espírito Santo e em Sua escolha de quem será o porta-voz.


Se o Espírito Santo for deixado livre para mover a assembleia, Ele escolherá aquele aspecto de Jesus que se convém, pois não podemos vê-Lo agora em todas as Suas glórias de uma vez. Então todos – os hinos, a Escritura, a expressão da adoração da assembleia – estarão em harmonia com o tema que Ele escolheu. Nenhum pré-arranjo é necessário – apenas a verdadeira espera n’Ele. Da mesma forma, a reunião posterior estará em harmonia. A palavra, se alguma for dada para edificação ou exortação, não abalará nenhum coração. É sempre uma reunião em direção a Deus e, portanto, não é lugar para o exercício do dom nem para uma longa exortação ou sermão.


Da mesma forma, não entraremos numa rotina de forma ou procedimento de longa duração, nem há qualquer regra em se dirigir ao Pai ou ao Filho à mesa. Que seja como o Espírito guiar. Existe apenas uma regra, e isso é estar sujeito ao Espírito. Então todas as coisas serão feitas decentemente e com ordem. Ele usará aquele que Ele escolher, Deus será adorado, nosso Senhor Jesus recordado, e o santo deixará o lugar como alguém que teve um antegozo do céu.


Mas quão rara é tal reunião, pois se houver nela alguém que não esteja “sintonizado” com o tema do Espírito, a harmonia é manchada, talvez estragada. Isto é especialmente verdade se aquele tomar parte audível – dá um hino inadequado, ou uma porção inadequada da Escritura, ou orar, já que ele não pode adorar.


Então o que o adorador fará? Ele deve guardar sua alma com paciência, juntar-se quando puder, e quando não puder, permanecer com Deus somente.


No amor de Cristo,


C. H. H. (adaptado de uma carta escrita em novembro de 1891)

 

“Vinde e Vede”


Jesus lhes diz: “Vinde e vede”. Estas palavras foram a resposta que o nosso Senhor deu quando dois dos discípulos de João Lhe perguntaram: “Mestre, onde moras?” (Jo 1:38). O apóstolo João pode ter sido um dos dois discípulos. Talvez como um homem idoso, ao escrever o seu Evangelho, ele ainda se lembrava da hora daquele encontro com o Senhor Jesus – “era já quase a hora décima”.


Depois que esses dois discípulos ouviram João Batista dizer: “Eis o Cordeiro de Deus”, eles “seguiram a Jesus”. Depois de seguir a Jesus e vir para onde Ele habitava, eles poderiam ter um tempo maravilhoso ouvindo o Senhor falando sobre a Sua morada no seio do Pai e da Sua missão de tornar o Pai conhecido para eles.


Que possamos estar igualmente impressionados quando somos reunidos pelo Espírito de Deus em Sua bendita presença. Talvez tenhamos conhecido esse lugar por um longo tempo, e vamos lá com os outros para ver o Senhor no meio dos dois ou três reunidos em Seu nome. Mas que nos lembremos de que é obra do Espírito de Deus nos levar até lá.


Podemos testemunhar aos outros desta obra de Deus para conosco? A segunda vez que encontramos as palavras “Vem e vê” está no mesmo capítulo. Felipe diz isso a Natanael em resposta à sua pergunta: “Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?” (v. 46). Não deveríamos dar um testemunho sincero e entusiasta de “Vem e vê” para fazer outros santos interessados em se unirem para vê-Lo? Quão facilmente o mesmo espírito nos arrasta àquilo que encontramos os discípulos quando eles impediram alguém de expulsar demônios em nome do Senhor, porque ele não os seguia (Lc 9:49). Com que facilidade pensamos em nós mesmos e em nossa posição, sem o foco correto n’Ele. Quando nos concentramos no “nós”, o Senhor não é tudo para nós, e nos esquecemos de que tudo vem da graça.


Em João 20, lemos que o Senhor veio e ficou no meio deles e disse-lhes: “Paz seja convosco!” E quando Ele mostrou a eles Suas mãos e Seu lado, então “os discípulos se alegraram, vendo o Senhor” (vs. 19-20). Que essa cena se assemelhe à maneira da reunião quando estamos reunidos no “primeiro dia da semana” para nos lembrarmos d’Ele.


D. Scheepsma

 

Seu Pedido


“Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha” (1 Co 11:26).


Se o Senhor não tivesse pedido que nos lembrássemos d’Ele na morte, de acordo com a Sua maneira prescrita, os Cristãos ainda poderiam ter desejado comemorar Sua morte de alguma forma. Mas se fôssemos deixados para que nós mesmos imaginássemos uma maneira de fazer isso, provavelmente haveria tantos modos ou variações quanto o número de Cristãos que tivessem tal resposta despertada em seus corações. Mesmo como é, com a direção direta e implícita do Senhor em nossas mãos, há muitas inovações e invenções adicionadas ou excluídas de sua simplicidade bela e significativa – um pedaço de pão e um cálice de vinho, o fruto da videira.


Se tivesse sido deixado para os santos na Terra elaborar algum método de se lembrarem d’Ele, alguns poderiam ter estabelecido modos que somente os ricos poderiam manter – como o que Maria fez, cujo precioso unguento custaria cerca de um ano de salário para um trabalhador. A maioria de nós não poderia fazer uma coisa dessas. A casta e a alta sociedade poderiam ter feito essas coisas em outros casos. Mas é abençoadamente simples e não custoso tomar um pão – o que não deixa de nos lembrar de Seu corpo agora composto de todos os verdadeiros crentes na Terra, tendo Ele mesmo como a Cabeça no céu – e assim lembrarmos d’Ele em Seu corpo dado por nós da maneira mais simples como foi a que Ele ordenou. O pão quando partido nos lembra de Seu corpo, o corpo preparado para Ele, no qual Ele sofreu no madeiro maldito. Nós também simplesmente tomamos o cálice, aquilo que nos lembra do Seu precioso sangue que fluiu de Seu lado ferido como o custo de nossa redenção. Nós às vezes cantamos:


Quando o sangue da vítima deveria fluir,

Este Pastor movido por compaixão

Colocou-Se entre nós e o inimigo,

E voluntariamente morreu em nosso lugar.


Mantendo esta lembrança d’Ele desta maneira, sabemos que estamos fazendo o que Ele quer que façamos, pois Ele mesmo a instituiu pouco antes de ir até a cruz e confirmá-la a nós por uma palavra direta do céu por meio do apóstolo Paulo, que disse: “Eu recebi do Senhor” essas mesmas instruções. Que privilégio é, portanto, lembrá-Lo de acordo com a Sua própria maneira prescrita, sabendo que é certamente de acordo com Sua mente e vontade.


“Porque, todas as vezes que comerdes este pão”

Então surge uma questão sobre quando isso deve ser feito. O Senhor deixou o assunto em aberto, dizendo: “todas as vezes que comerdes este pão”. Não é estabelecido por exigências legais como acontecia com os judeus debaixo da lei, quando foi exigido deles que guardassem o sábado. Anos atrás, quando alguns estavam comprometidos, dia após dia, no exame e estudo cuidadoso das Escrituras proféticas, partiam o pão todas as manhãs em lembrança d’Ele em Sua morte. Eles temiam que o estudo da profecia pudesse afastá-los do gozo pessoal de Cristo e de Sua morte, embora considerassem o exame da palavra profética muito importante.


Mas temos um precedente para fazer isso em cada primeiro dia da semana, dado por inspiração divina. Em Atos 20, lemos: “No primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão”. Que tempo apropriado para nos lembrarmos d’Ele – o dia em que Ele, que estava na morte, saiu em poder triunfante. Mas para muitos santos, uma vez a cada três meses, para outros, uma vez por ano, seria o suficiente. Nesse caso, quase precisaríamos ler esse versículo assim: “Porque, quando ‘raramente’ comerdes este pão”.


Seria uma resposta pobre a esse grande amor, estar satisfeito em fazer isso em raras ocasiões e o que é tão calculado para aquecer nosso próprio coração e nos manter revigorados no desfrute do que Ele realizou como a observância semanal desta lembrança de Si mesmo em Sua morte? Certamente nosso pobre coração precisa tê-Lo, portanto, trazido frequentemente à mente.


Até que Ele venha

E quanto tempo o Senhor pretendia que esse serviço de comemoração fosse mantido? A resposta é precisa: “Até que Ele venha”. Até o momento de Sua vinda para tomar a Igreja para Si mesmo, esta festa deve ser observada. Agora, quando o fim se aproxima, e o momento de Sua vinda para os Seus pode acontecer a qualquer momento, quão importante é que a cada Dia do Senhor, a menos que sejamos inevitavelmente impedidos (nestes casos Ele sabe todas as coisas a respeito), respondemos a Seu próprio bendito pedido, “fazei isto em memória de Mim”. Que privilégio será recordar d’Ele, como está escrito, no último dia do Senhor antes de Sua vinda! Alguns farão isso; que nenhum de nós esteja disposto a deixar que algo mais tenha precedência sobre essa uma coisa que Ele nos pediu que fizéssemos.


Algumas pessoas, mesmo os Cristãos verdadeiros, podem considerar “desperdício” gastar tempo no Dia do Senhor para se afastar do mundo e se lembrarem d’Ele em Sua morte. Os discípulos chamaram a ação de Maria, ao quebrar aquele vaso de alabastro de unguento caro e usar o conteúdo com Ele de “desperdício”, mas Ele aprovou sua devoção. Será que desejamos a Sua aprovação?


Nos dias de Malaquias, o profeta, as coisas estavam em baixa. O remanescente judeu que havia retornado do cativeiro na Babilônia, nos dias de Esdras e Neemias, havia esfriado, e eles até disseram a Deus: “Em que nos amaste?” Eles chamaram os orgulhosos de felizes e estabeleceram os tentadores de Deus como exemplos a serem seguidos. Em tal condição, havia um débil remanescente que pensava no Senhor e invocava o Seu nome. O que quer que o restante dos judeus pensasse deles, eles tinham a Sua aprovação. Ele, por assim dizer, inclinou-Se para ouvir a conversa deles enquanto falavam d’Ele, e Ele fez com que um memorial especial fosse escrito a respeito deles. Nenhum memorial especial foi escrito para os judeus piedosos nos dias de Salomão, quando era comparativamente fácil ser um judeu piedoso. Vivemos agora em dias comparáveis àqueles em que Malaquias profetizou. Que possamos então tomar coragem que vem da Palavra de encorajamento de Deus escrita naquele tempo.


P. Wilson

 

Nós nos Lembraremos de Ti


Nós nos lembraremos de Ti, ó Senhor,

De acordo com a Tua própria bendita Palavra,

Não pela verdade em que acreditamos,

Nem ainda por tudo o que recebemos

Será o motivo de nos lembrar de Ti.


Não pela parte que temos em Ti,

Nem ainda para tudo o que devemos ser;

Nós nos lembraremos de Ti e provaremos

O poder do Teu amor redentor

Para pecadores como nós.


Lembraremos da mais pequena vergonha,

O menor insulto ao Teu querido nome;

Poderíamos esquecer a Tua agonia

O jardim e o suor como que de sangue?

Senhor, nós nos lembramos de Ti.


O beijo traiçoeiro, a prisão falsa,

O julgamento da injustiça,

O fraco apelo do romano Pilatos

À malícia judaica, ao zelo romano;

Nós nos lembraremos de Ti.


A zombaria, o escárnio cruel de Herodes

Te desprezaram naquela manhã fatal,

E Pilatos cedendo à vontade

Da intriga vil e habilidade astuta;

Senhor, nós nos lembramos de Ti.


Aquela forma adorada pelas hostes angélicas

Foi desnudada e espancada, Jesus Senhor,

A coroa de espinhos, o tribunal comum,

O grito de zombaria dos soldados brutais;

Senhor, nós nos lembramos de Ti.


Tua vestimenta rasgada por aquela horda;

Eles Te despiram, Jesus, Senhor,

As vestes zombeteiras da realeza,

A cabeça curvada, o joelho dobrado;

Nós nos lembraremos de Ti.


Mas ah! Aquela jornada até a cruz,

Curvado sob Tua carga de tristeza e perda;

A turba mais vil pela qual Tu passaste

Dos romanos mais vis, dos judeus mais baixos;

Senhor, nós nos lembramos de Ti.


Em agonia de dor e sede

Os homens fizeram a Ti o pior;

Aquelas horas profundas e sombrias de agonia

A santa face de Deus desviou-se de Ti;

Nós nos lembraremos de Ti.


A sensação de carregar o pecado por mim,

A ira de Deus prestes a cair sobre Ti,

O alto e misterioso grito terrível

“Eli, Eli lamá sabactâni”;

Senhor, nós nos lembramos de Ti.


A entrega da Tua respiração a Deus,

Provando por nós as dores da morte,

O soldado romano com a lança

Trouxe o sangue e a água límpidos;

Senhor, nós nos lembramos de Ti.


Teu sono de morte no túmulo de José

Em meio à mais gentil sombra e escuridão da natureza;

A alegria de Maria, que chorava, compartilhar

A manhã da ressurreição ali;

Senhor, nós nos lembramos de Ti.


E assim seguimos ao Teu nome,

Compartilhando Tua profunda reprovação e vergonha;

Reconhecendo que nós Contigo morremos,

E ressuscitamos Contigo, O glorificado;

Senhor, nós nos lembramos de Ti.


M. S. Cecil

 

“Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha”

1 Coríntios 11:26

 

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