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Abrindo o Livro em Nazaré e no Céu

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Abrindo o Livro em Nazaré e no Céu 

 

"Então, pela virtude do Espírito, voltou Jesus para a Galileia, e a Sua fama correu por todas as terras em derredor. E ensinava nas suas sinagogas, e por todos era louvado. E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o Seu costume, na sinagoga, e levantou-Se para ler. E foi-Lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito: O Espírito do Senhor é sobre Mim, pois que Me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-Me a curar os quebrantados do coração, A pregar liberdade aos cativos, e restauração da vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor. E, cerrando o livro, e tornando-o a dar ao ministro, assentou-Se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos n’Ele.  Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos. E todos Lhe davam testemunho, e se maravilhavam das palavras de graça que saíam da Sua boca; e diziam: Não é Este o filho de José?” (Lucas 4:14-22).

 

E, havendo tomado o livro, os quatro animais e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo todos eles harpas e salvas de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos (Apocalipse 5:8).

 

Li essas poucas passagens das Escrituras porque elas trazem diante de nós o nosso Senhor Jesus Cristo de duas maneiras distintas e contrastantes. No Evangelho de Lucas O vemos abrindo o livro, lendo-o e declarando ao seu público o cumprimento da profecia lida. Vemos Ele novamente no Apocalipse avançando e abrindo o livro, e os juízos de Deus se seguem. É a mesma Pessoa graciosa em ambos os casos, mas exercendo duas funções totalmente diferentes.

 

Na primeira ocasião, o Senhor inaugura o dia da graça; na segunda, o dia do juízo. Tanto o evento passado quanto o futuro são igualmente verdadeiros, e ambos são igualmente maneiras de Deus tratar com os homens aqui na Terra.

 

Pode ser proveitoso para nós, esta noite, refletirmos um pouco sobre ambos os assuntos. É bom lembrarmos que, sejam as bênçãos da graça presentes ou os futuros atos de Deus em justo julgamento, é a mesma Pessoa bendita e adorável que os executa. Jesus, o Salvador, o Senhor que conhecemos e a Quem servimos, é o Agente designado da justiça divina. É interessante notar que esses dois grandes temas estão conectados, nas Escrituras lidas, por sua associação com a abertura de livros. O livro implica que o assunto ali escrito foi resolvido de antemão. Os livros de Deus tratam, em grande parte, do futuro e, nesse aspecto, diferem dos livros humanos. O homem escreve sobre o passado; ele escreve história. Somente Deus pode escrever sobre o futuro; Ele escreve profecias. E, portanto, é privilégio dos filhos de Deus possuir conhecimento de certos eventos futuros: embora a forma como os livros que acabamos de ler são apresentados nos mostre que existe apenas Um que pode interpretá-los adequadamente e apenas Um que pode administrar os planos divinos predeterminados no livro de propósitos de Deus.

 

A profecia de Isaías, escrita por aquele profeta evangélico de Judá e Jerusalém a quem todos amamos, embora sejamos gentios por natureza, está repleta de Cristo em graça e glória. Contudo, mesmo a sua profecia permaneceu selada até que chegasse o dia determinado, e então o próprio Messias apareceu em Nazaré para declarar que a Escritura se cumprira naquele dia aos ouvidos deles. “O testemunho de Jesus é o espírito de profecia”. O intérprete deve ser divino. Embora tenhamos recebido as Escrituras como um dom precioso de Deus, nós, no entanto, precisamos da ajuda, do poder e da iluminação do Espírito de Deus para entendê-las, e Ele não nega essa ajuda a nenhuma alma diligente e dependente.

 

A profecia de Isaías se cumpriu 

A ocasião em que nosso Senhor falou naquela sinagoga da Galileia foi muito importante – importante por este motivo. As comunicações de Deus haviam cessado por um período considerável. Desde os dias de Malaquias, nenhuma voz profética havia vindo d’Ele. Este mundo ficou, por assim dizer, sem qualquer comunicação do alto. Deus permaneceu em silêncio por quatro séculos e meio, e isso é um tempo considerável. Retroceda 450 anos em nossa própria história. Como o ano de 1460 parece distante, e que tempo de trevas! As pessoas não tinham Bíblias em inglês para ler há 450 anos. Um período de duração semelhante transcorreu na história dos Judeus sem uma voz do céu. Todas as profecias referentes a Israel haviam se cumprido. Deus não tinha mais nada a dizer ao Seu povo até que João Batista apareceu – uma voz clamando no deserto, anunciando a vinda do Messias.

 

Então, vemos o próprio Bendito aparecer e vir diante dos homens daquela maneira tranquila e despretensiosa que era tão característica d’Ele nos dias de Sua vida terrenal. Quão estupenda é a Sua missão! Ele vem para falar em nome de Deus. Ele vem para Se apresentar neste mundo como Porta-voz de Deus. Ele vem para fazer o anúncio que trará vida eterna a milhões de almas preciosas. Ele vem para derramar o amor de Deus neste mundo tenebroso e perverso. Ele dissipará as trevas e libertará os homens das correntes que os mantêm escravizados ao pecado. Mas Ele vem silenciosamente ao lugar obscuro de Sua criação, Nazaré, onde habitou por muitos anos, onde era conhecido como Filho de José, o carpinteiro. Ele entra na sinagoga, como era Seu costume, toma o livro das Escrituras do principal da sinagoga e Se levanta para ler.

 

Amados amigos, não deixemos de mencionar a lição prática que se encontra aqui. Pois devemos sempre buscar o ensinamento que se extrai quando nossos lábios se esforçam para falar da graça e da glória do Senhor Jesus Cristo. Aqui, notamos Sua humildade. E precisamos aprender a imitar essa humildade. A mansidão é muito apropriada quando um homem está fazendo a vontade de Deus, pois, ao cumprir Seu propósito, ele não precisa de ostentação. Para este Homem bendito, bastou que Ele viesse proclamar as palavras de Deus, e assim Ele Se levantou para ler na sinagoga de Nazaré. Portanto, o livro foi aberto por Ele não em Jerusalém, mas na pequena cidade de Nazaré, da qual, diziam, nada de bom poderia vir – uma pequena aldeia à beira do Mar da Galileia, obscura naquela época e agora.

 

Lendo a profecia a respeito de Si mesmo 

Jesus Se levantou para ler as profecias evangélicas dadas por Deus. Elas haviam sido escritas 750 anos antes, e agora Ele estava de pé para ler essas predições a respeito de Si mesmo. Esta foi, de fato, uma época maravilhosa na história deste mundo. O cumprimento do que Ele estava prestes a ler traria vida e bênção, gozo e paz aos homens em todos os lugares, e nós, aqui esta noite, somos os recipientes das bênçãos que começaram a ser proclamadas naquele dia.

 

A maneira como o Senhor anunciou a Sua obra foi simples. Contudo, havia algo n’Ele que Lhe conferia poder sobre o Seu público. Ele havia percorrido a Galileia no poder do Espírito, e foi como um Homem cheio do Espírito que Ele Se apresentou diante deles, “cheio do Espírito Santo”. A Galileia e a Judeia já haviam testemunhado os Seus feitos e ouvido as Suas palavras no poder do Espírito. Agora, na sinagoga de Nazaré, cheio desse mesmo Espírito, Ele abriu o livro do profeta Isaías e leu as Escrituras referentes a Si mesmo. O cumprimento da cláusula inicial do livro é visto no grande fato de que o Espírito do Senhor estava sobre Ele.

 

Creio que há algo de profunda importância prática que podemos entender neste evento. Consideremos que o Espírito de Deus, a Palavra de Deus e a Pessoa do Cristo prometido Se encontram juntamente neste momento específico.

 

O bendito Senhor, de pé diante da multidão, segurava em Suas mãos a Palavra escrita e Ele próprio estava cheio do Espírito de Deus. Podemos ter certeza de que não há poder neste mundo que possa resistir a uma tal coalizão como essa. O poder de Satanás jamais poderá resistir ao poder de Cristo e do Espírito Santo, e assim como esse grande poder atuava para o mal naquela época, também atua agora. Mas há um poder ainda maior de Deus para a salvação, que está trazendo os homens deste mundo à vida e à bênção por meio da Palavra do evangelho.

 

Que não negligenciemos as coisas vitais que ainda permanecem na Igreja de Deus. Há muitas coisas que existiam nos primeiros tempos e que não as temos hoje, mas temos as Escrituras, temos o Espírito Santo, temos, bendito seja o Seu nome, o Senhor Jesus Cristo. E feliz é o Cristão que, em Seu serviço, se contenta em ser conduzido por essas forças. Elas estão, se me permitem dizer com reverência, à disposição de todo crente sincero no Senhor Jesus Cristo. O Espírito de Deus, se você for submisso, o usará para a glória de Cristo e para a bênção de seus companheiros Cristãos. Ele é o mesmo Espírito que encheu Cristo quando Ele falou em Nazaré naquele dia.

 

Cerrando o Livro 

O Senhor leu a Escritura e cerrou o livro. Quero que vocês, em seu tempo livre, examinem a profecia de Isaías e observem a sabedoria de nosso Senhor Jesus Cristo, que cerrou o livro no momento correto, assim como o abriu no momento correto. E, embora amemos ver como Ele abriu o livro e com que bela passagem Ele começou, também devemos amar ver como Ele o cerrou e deixou de ler as terríveis palavras que se seguem: “o dia da vingança do nosso Deus”.

 

O ano aceitável havia chegado; o tempo da libertação e da pregação do evangelho aos pobres; os cegos teriam a visão restaurada; mas o dia da vingança ainda não havia chegado. Jesus cerrou o livro, e o dia da condenação ainda não chegou. O dia da graça, o dia da alegria e da paz começou com nosso Senhor Jesus Cristo aqui, em humilhação. Pois Ele era um Homem que veio para manifestar o amor de Deus; para passar dia após dia, nos lugares mais comuns, e por meio de Suas palavras de amor e poder, por meio de Suas obras de cura e misericórdia, mostrar aos homens o amor de Deus por este mundo. O Senhor era a luz que brilhava nas trevas. Você consegue imaginar por um instante qual seria a terrível condição deste mundo se a revelação feita por Cristo fosse repentinamente retirada de nós?

 

Haveria então um retrocesso ao tempo anterior à leitura destas Escrituras pelo Senhor, quando tudo era trevas e escuridão. O meio-dia se tornaria meia-noite. Agora, a luz da plena salvação brilha, e sabemos que Deus é cheio de amor pelos homens na Terra e que Ele Se alegra quando os homens se arrependem. Sabemos que, em Sua infinita graça, Ele envia as palavras da vida eterna a todos os homens na Terra, atraindo-os, por meio delas, ao nosso Senhor Jesus Cristo. Sabemos dessas coisas pelo Novo Testamento.

 

Mas foi aqui em Nazaré que começou este dia da graça. Começou então e continua há mil e novecentos anos. Pensem na considerável extensão da história da humanidade que isso representa. Retrocedamos dezenove séculos antes de Cristo, e Abraão estava apenas deixando a Mesopotâmia. Quase todos os eventos registrados na história do Velho Testamento aconteceram durante esse período, mas quando chegamos ao Novo Testamento, encontramos o registro de um espaço muito mais breve. Ali temos o relato de um número relativamente pequeno de eventos que ocorreram durante cerca de cinquenta anos. Então, as comunicações inspiradas de Deus cessaram; mas, desde aquele dia até hoje, o poder invisível do Espírito de Deus tem conduzido os homens a Deus e a Cristo por meio da Sua Palavra. Tem havido um poder, um grande poder, operando em todas as direções, conduzindo os homens à alegria do evangelho. Ah! Que pudéssemos conhecer mais profundamente o valor do dia em que vivemos, a liberdade espiritual que temos, as coisas valiosas e preciosas que nos foram reveladas pela graça!

 

Os limites do dia da graça 

Mas este dia da graça deve ter seu fim. Não estamos na eternidade; não passamos para aquela glória majestosa onde não haverá mudanças, mas aqui na história deste mundo ainda há um evento maior a ser realizado. Agora a graça reina. O pecado não é repreendido abertamente por Deus. Há as repreensões silenciosas do Espírito por meio da Palavra, mas não há eventos providenciais marcantes que mostrem o desagrado específico de Deus com os maus caminhos dos homens. Ele já não disse o suficiente? Sua Palavra não basta? Certamente que sim, amados amigos. Deus disse tudo o que precisava ser dito para mostrar aos homens deste mundo qual é a Sua vontade e quais são os Seus sentimentos em relação aos seus caminhos diante d’Ele. Além disso, a mesma Palavra declara que haverá um tempo de julgamento retributivo para os homens na Terra. Chegará o tempo em que o Justo Governador deste universo exercerá Seus direitos sobre o homem rebelde de maneira inequívoca.

 

Deus criou este mundo para que os homens pudesse habitá-lo. Ele o povoou com seres inteligentes. Eles têm uma relação definida com Ele, distintos dos animais que perecem. Os homens deveriam governar o mundo; deveriam fazer a vontade de Deus e são responsáveis perante Ele. O dia está chegando em que Deus insistirá no respeito a esses direitos, em que Ele trará ordem, justiça e paz a este nosso mundo, em que este mundo e seus habitantes se moverão juntos em uma harmonia completa e em uma constituição unida, por assim dizer, dando sua glória a Deus acima. Então a Terra apresentará esse espetáculo incomum em sua história: a perfeita harmonia com os céus. Tal dia está chegando; Deus o escreveu em Sua palavra e Ele o cumprirá.

 

Em Quem se pode confiar para governar? 

Quem é competente para governar o mundo dessa maneira? Impérios surgem e impérios caem. Grandes governantes sentam-se no trono, mas seus governos muitas vezes estão longe de serem gloriosos e eficazes. Mas há um Homem que preenche a mente e os propósitos de Deus para um governo perfeito. Há um Homem que Se distinguiu acima de todos os outros na Terra, um Homem que provou plenamente a Sua perfeição. Ele foi o Homem de dores e experimentado nos trabalhos. Ele caminhou por este mundo para a boa vontade de Deus; Ele sofreu neste mundo; Ele provou de todas as provações que este mundo oferece; Ele sofreu todas as formas de sofrimento que o homem pode suportar; Ele mesmo, na cruz, carregou os nossos pecados em Seu próprio corpo e, assim, provou o pleno juízo de Deus contra pecados que não eram Seus.

 

Este Homem, por Sua postura perfeita em meio a vicissitudes sem paralelo, adquiriu para Si o direito de governar e reinar neste mundo e, portanto, o Homem que abriu o livro na sinagoga de Nazaré também o abrirá no dia vindouro.

 

O Apocalipse é singular, como todos sabem – singular neste aspecto: está repleto de algo que era estranho no Velho Testamento e ainda mais estranho no Novo, ou seja, o juízo de Deus. Esse juízo se apresenta de diversas formas e se manifesta em visões. Deus é um Deus de infinito amor e graça, e o juízo é o Seu último recurso. O Apocalipse, o último livro da Bíblia, é o livro que revela os juízos vindouros de Deus sobre este nosso mundo. Ele possui uma analogia com o livro de Daniel, que foi escrito especialmente para o povo de Israel e dizia respeito aos gentios. João foi incumbido de escrever sobre assuntos específicos das igrejas e também sobre os poderes políticos e religiosos da Terra. Portanto, ele nos interessa. Por que nos interessa, você pergunta?

 

A principal razão pela qual este livro deveria ser de especial interesse para nós não é porque satisfaz uma curiosidade natural sobre o futuro, mas porque nos apresenta a glória de Cristo como o futuro Governante de Deus no mundo. Se você ama o Senhor, certamente amará pensar que está chegando o dia em que Ele terá os Seus direitos e será reconhecido e adorado por todos os homens. Você não anseia que todos se prostrem aos Seus pés agora? Eu sei que sim, e o livro do Apocalipse mostra como, no tempo de Deus, todos serão submetidos ao Seu domínio pacífico.

 

A primeira vinda de Cristo para a Igreja 

É importante observar que a abertura do livro selado com sete selos e as visões que se seguem referem-se ao que acontecerá na Terra quando os membros do corpo de Cristo não estiverem mais aqui. O segundo e o terceiro capítulos do livro do Apocalipse aplicam-se, como nos é claramente dito (Apocalipse 1:19; 4:1), às coisas que existem no tempo presente, enquanto a assembleia de Deus está na Terra. Há sete igrejas na Ásia às quais o Senhor dirige Suas epístolas. E nessas sete igrejas, vemos uma sucessão e decadência geral até chegarmos à última, e esta é tão corrupta que é vomitada da boca do próprio Senhor. Essa rejeição ainda não é verdadeira. Sua consumação pode estar muito próxima, mas ainda não aconteceu, e, portanto, ainda não chegamos aos eventos descritos no quarto capítulo e nos seguintes.

 

Estamos aguardando a vinda do Senhor Jesus Cristo, e o resultado de Sua vinda será a remoção de todos os que Lhe pertencem. Eles serão removidos para uma associação celestial com Ele na casa do Pai, e vocês os veem no quarto capítulo sob a figura dos vinte e quatro anciãos. Digo isso apenas para que possamos entender exatamente onde esta seção começa, onde o Cordeiro é visto desatando os selos do livro do mistério.

 

O cumprimento das visões começará a ocorrer na Terra após o arrebatamento da Igreja de Cristo. Mas quero chamar especialmente a sua atenção agora, não para os eventos proféticos, mas para o impressionante contraste apresentado pelas circunstâncias descritas em Apocalipse em comparação com as circunstâncias descritas em Lucas.

 

O trono e o arco-íris 

Temos o Homem Cristo Jesus ensinando na sinagoga de Nazaré, sem qualquer glória exterior, sem os sinais de dignidade, pompa e excelência tais quais o mundo reconheceria. Mas, quando chegamos às visões apocalípticas, tudo se mostra totalmente diferente. O apóstolo João é levado para longe do mundo. Uma porta se abre, e ele é chamado ao céu, e o que vê é de natureza celestial. Ele vê Alguém assentado no trono, e o trono não é o trono da graça, pois há relâmpagos, trovões e vozes que tendem a manter os homens a uma distância apropriada. Tal caráter não convida à aproximação. Quando o Senhor falou em Nazaré, todos se maravilharam com as palavras graciosas que saíam de Seus lábios; eram gentis e bondosas, atraentes e despertavam o amor do coração dos homens por Aquele que falava. Mas no céu, como no Sinai, há trovões, relâmpagos e fenômenos terríveis, e Aquele que está no trono é glorioso de Se contemplar, como uma pedra de jaspe e uma sardônica.

 

João viu o trono do julgamento, mas mesmo ali viu o símbolo da promessa de Deus ao Seu povo da antiguidade – o arco-íris. Deus não se esqueceu da Sua antiga promessa, e embora em breve devamos ler sobre julgamentos devastadores na Terra, Deus demora a executá-los por completo. Eles são parciais a princípio, pois o arco-íris está lá – um símbolo da misericórdia eterna de Deus (Gênesis 9:16).

 

O rolo lacrado 

O que o profeta viu em seguida? Na mão direita d’Aquele que estava assentado no trono havia um livro ou rolo, selado com sete selos, escrito por dentro e por fora. Estava repleto, por assim dizer, de ais e lamentações. Pense em quantos séculos de pecados se passaram desde os dias de Adão, como os juízos de Deus se acumularam, como a culpa do homem se aprofundou com o passar dos séculos. Você imagina que o homem se tornou melhor neste dia de graça? O coração do homem mudou? Os homens hoje são mais parecidos com Cristo do que em Seu próprio dia? Há menos derramamento de sangue, menos homicídios, menos opressão hoje do que havia há dois mil anos? A resposta deve ser que não houve mudança. A culpa do homem hoje é maior do que nunca, e o coração do homem está mais endurecido. Não há nada que possa purificar o coração dos homens. Eles precisam nascer de novo.

 

Na visão, João viu este livro selado com sete selos, repleto dos juízos de Deus, retido por tanto tempo pela misericórdia longânima de Deus, nas mãos d’Aquele que Se assentava no trono governante da criação.

 

O Leão de Judá 

A questão que agora se coloca nos tribunais celestiais é: Quem é competente para executar esses juízos adiados? Quem os liberará sobre esta Terra culpada? Não pode haver erro; eles não devem ser enviados à Terra cedo demais; deve haver sabedoria infalível no exercício dessa função, e Quem é competente para fazê-lo? E João, enquanto observava e ouvia, percebeu que ninguém havia sido considerado competente para empreender essa terrível tarefa de desatar os selos e liberar os consumadores juízos de Deus sobre os homens. Não havia nenhum ser criado no céu, ninguém na Terra, ninguém debaixo da Terra, como podemos bem entender, que pudesse assumir essa responsabilidade. João chorou muito, mas um dos anciãos veio e disse: “Não chore; eis que o Leão da Tribo de Judá venceu para abrir o livro”. Ele, a Raiz de Davi, Ele é o Único, o Único que pode fazê-lo. Ele é o Único porque, sendo o Filho do Homem, o Pai Lhe deu a autoridade para executar também o juízo. O Pai não executará o julgamento, mas confiou todo o julgamento ao Filho, para que todos honrem o Filho assim como honram o Pai (João 5:22-23, 27).

 

O Cordeiro que havia sido morto 

Então João procurou o Leão. Ele esperava ver um Ser de poder, majestade e domínio, mas quando olhou, viu o Cordeiro. Creio que esta é uma bela característica da imagem celestial. Todo o poder é dado ao Todo-Manso e Humilde. Ninguém Se rebaixou tanto quanto o nosso Senhor Jesus e, portanto, ninguém era digno de ser exaltado como Ele foi exaltado. Ele pôde glorificar e glorificou a Deus nas partes mais baixas da Terra e Ele é Aquele que pode e irá glorificar a Deus na mais alta. Assim também, se O glorificarmos na hora da provação, O glorificaremos no dia que há de vir (2 Tessalonicenses 1:10).

 

Recordamos a submissão do Senhor quando os reis da Terra se levantaram com poder perseguidor, e os governantes se reuniram contra o Cordeiro. Ele estava então diante dos seus tosquiadores como mudo. Todos naquele dia estavam contra Ele. Feriram-No; cuspiram n’Ele. Mas Ele fez a vontade d’Aquele que O enviou, e não abriu a Sua boca. Houve alguma vez mansidão como a d’Ele?

 

Agora o profeta vê o Senhor no céu como um Cordeiro, e vê-O também como um Cordeiro que havia sido morto. Foi na Sua morte que Ele desceu ao mais profundo estado de humilhação, e essa profunda humilhação está registrada no céu, pois está próximo o tempo em que a Sua glória será manifestada. Portanto, é como um Cordeiro que havia sido morto que Ele é visto no céu. É o mesmo Jesus, em Nazaré, no Calvário, no céu – Jesus Cristo, o mesmo ontem, hoje e para sempre.

 

Certamente, amamos ler estas palavras. Amamos pensar no Cordeiro de Deus no céu como o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, com todo o céu proclamando-O digno de tomar o livro e abrir os seus selos. Você e eu sabemos que, se Ele Se dispuser a fazê-lo, não haverá erro; Ele o fará bem.

 

Às vezes, nos perguntamos sobre o mistério dos juízos de Deus. Há pessoas que amamos que estão sob julgamento (João 18). Nosso coração chora por elas, e oramos para que sejam libertadas da esfera do julgamento e alcancem a graça e a misericórdia de Deus. Mas só podemos orar por elas e deixar o resultado nas mãos d’Aquele que foi morto.

 

Os anfitriões da adoração 

O Cordeiro foi Quem tirou o livro da destra d’Aquele que estava assentado no trono, e é importante observar o efeito desse ato no céu. Deve ter sido algo grandioso para comover toda a hoste celestial. Nós, aqui na Terra, talvez nos comovamos com eventos muito pequenos, mas no céu, no lugar de glória onde tudo é perfeito, precisa ser algo grandioso para despertar um interesse generalizado. Mas quando o Cordeiro tirou o livro, todo o céu foi levado a adorá-Lo. Imaginem o que deve ser a visão para os milhões de almas redimidas, para aqueles que provaram de Sua graça, caminharam, trabalharam e esperaram por Ele neste mundo, e agora são trazidos para a plenitude do Seu amor nas alturas. Quando virem Aquele que amou e morreu por eles estar assim honrado, não podem fazer nada além de louvá-Lo e adorá-Lo. Estão muito felizes por Ele ter entrado naquilo que é Seu próprio. Eles estão muito felizes por Ele ter o lugar de destaque no céu, que ninguém mais é considerado digno de empreender esta obra.

 

O espírito de adoração é sempre o de exaltar a Cristo, de ter nosso coração cheio de Cristo. Deus olha do céu e vê homens e mulheres tão apaixonados por Cristo que sentem que devem adorá-Lo, e que ocupação melhor poderia haver? É a expectativa da nossa principal ocupação no céu. Anciãos, anjos e toda a criação se uniram para adorar o Cordeiro. E os quatro seres viventes disseram: Amém. E os anciãos prostraram-se e adoraram. Todos se unem em louvor e adoração, pois o dia está prestes a chegar, quando o Cordeiro quebrará a opressão e endireitará todas as coisas tortas deste mundo.

 

Quase dezenove séculos se passaram desde a cruz, desde a morte de Jesus, desde que aquele grande sacrifício foi oferecido. Miríades foram lavadas no precioso sangue de Jesus Cristo, Filho de Deus, e receberam os privilégios da graça. Contudo, o pecado não desapareceu deste mundo; a morte ainda está presente; a tristeza abunda. E serão essas tristes verdades insignificantes para Aquele que morreu? Certamente não, elas permanecem diante do Cordeiro de Deus, “que tira o pecado do mundo”. Conhecemos a ternura do Seu coração porque Ele ainda diz: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei”. Ele liberta do pecado por Sua obra de redenção e Sua palavra de perdão.

 

O Cordeiro abre os selos, mas não aparece na Terra 

Mas o Cordeiro que remove o pecado pelo sacrifício de Si mesmo também o removerá pelo poder de Sua força irresistível. E a hora pode estar próxima em que o Cordeiro abrirá os selos e os juízos se sucederão sobre a Terra como as pragas sobre o Egito culpado. São juízos providenciais da natureza– fomes, guerras, pestes e morte. Eles caem sobre este mundo à medida que os selos são abertos em série, mas é preciso observar que esses juízos não são exercidos pelo Cordeiro pessoalmente. Ele abre os selos e os juízos se seguem. São claramente o resultado da quebra dos selos pelo Cordeiro, mas Ele próprio não desce do céu para executá-los.

 

Você precisa esperar por Sua Aparição até chegar ao décimo nono capítulo deste livro, quando Ele é visto no céu aberto com uma espada afiada de dois gumes saindo de Sua boca; Ele vem pessoalmente para destruir a injustiça neste mundo. Mas, na abertura dos selos, julgamentos são infligidos à Terra por Sua ordem. E esses julgamentos são figuras do juízo de maior alcance que virá a seguir. Contudo, nas limitações das aflições do período dos selos, vemos uma marca da misericórdia duradoura de nosso Senhor sobre este mundo, que não deseja que ninguém pereça.

 

Durante aqueles dias sombrios e tenebrosos, haverá mensageiros do “evangelho do reino” viajando por toda a parte, chamando os homens ao arrependimento imediato. Mas o coração dos homens, naquele dia, ainda estarão impenitentes. Eles ainda se recusarão a confessar seus pecados, embora a misericórdia de Deus lhes seja apresentada em amorosa súplica.

 

O Alfa e o Ômega 

O caráter imutável do Cordeiro é o que eu gostaria de destacar de forma especial, para concluir. Não haverá mudança no próprio Cristo, embora Seu ofício possa ser diferente. Ele continua sendo a mesma Pessoa bendita, seja testemunhando da graça em Nazaré, seja do juízo nos céus acima. Em tudo o que Ele empreende, Ele não muda a Si mesmo. E nós conhecemos o Cordeiro, amamos a Ele e aguardamos a Sua vinda do céu. Há muitas coisas que nos causam ansiedade aqui, particularmente em uma crise como a atual, mas sempre há Alguém a Quem podemos recorrer com confiança. Podemos não estar totalmente familiarizados com os detalhes da profecia, mas o Cristão não está necessariamente preso ao conhecimento dos detalhes da profecia para ter paz de espírito.

 

A única coisa em que Ele deposita toda a Sua paz e alegria é isto: seja uma questão de graça ou de juízo, Aquele em cujas mãos a questão está colocada é Aquele cujas mãos foram transpassadas. Portanto, temos plena confiança n’Ele. Isto aplica-se tanto a assuntos nacionais como a assuntos pessoais. Todos os nossos assuntos estão totalmente nas mãos do Senhor Jesus Cristo, e essa é a essência da minha mensagem para vocês esta noite. O Senhor Jesus Cristo é o nosso Senhor; Ele é o nosso Salvador; Ele é Aquele em Quem depositamos a nossa confiança e é Aquele em Quem devemos depositar a nossa confiança continuamente.

 

O Senhor preparou o nosso caminho. Na cruz do Calvário, Ele carregou o fardo dos nossos pecados em Seu corpo. Ele agora molda os detalhes da nossa vida para o cumprimento do Seu propósito gracioso, e é com Ele que reside o nosso futuro. O nosso futuro está com Ele, e aguardamos a Sua vinda para que essa esperança se concretize. A Sua vinda significa que então estaremos onde Ele está, e uma vez com Ele, jamais O deixaremos, pois “estaremos sempre com o Senhor”

 

W. J. Wocking 

 

 

1 comentário


Joshua Hill
Joshua Hill
há 4 dias

Depois de semanas só assistindo aos amigos apostarem, resolvi tentar por conta própria. No meio da pesquisa acessei o Betnacional site oficial li sobre as opções e comecei com palpites bem simples, só para aprender sem colocar muita expectativa.

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