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Água (Novembro de 2018)


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Revista mensal publicada originalmente em novembro/2018 pela Bible Truth Publishers

 

ÍNDICE


E. Dennett (adaptado)

W. J. Prost

Christian Truth (adaptado)

G. H. Hayhoe

W. H. S. Fosbery

W. J. Prost

Christian Thuth (adaptado)

Christian Thuth (adaptado)

A. J. Pollock (adaptado)

J. N. Darby

Things New and Old

 

Água


Existem três princípios das ações de Deus em relação ao homem. O primeiro é: “A quem quer que tiver sede, de graça lhe darei da fonte da água da vida” (Ap 21:6). Deus é um Doador [compare, “Jesus respondeu e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus e Quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu Lhe pedirias, e Ele te daria água viva... mas aquele que beber da água que Eu lhe der nunca terá sede, porque a água que Eu lhe der se fará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna” (Jo 4:10,14)]. O segundo: Ele dará a toda alma sedenta, e Ele lhe dará não somente da água da vida, mas da própria fonte. O anúncio é feito tendo em vista o resultado de recebê-Lo, ou seja, a satisfação eterna e bem-aventurança. O terceiro: Ele dará de graça, gratuitamente – sem dinheiro e sem preço. Verdadeiramente nosso Deus é o Deus da graça!


E. Dennett (adaptado)

 

A Água na Palavra de Deus


Um irmão mais velho, há muito tempo com o Senhor, certa vez comentou que seria muito difícil expor todos os significados da água na Bíblia. Isto certamente é verdade, mas como a água é mencionada tantas vezes na Escritura e simboliza tantas coisas diferentes, é importante que tenhamos pelo menos algum entendimento básico de como ela é usada na Palavra de Deus.


A água forma, em grande medida, a maior parte da nosso planeta, especialmente aquela parte dela contida nos oceanos. De fato, se os oceanos fossem esvaziados e os vários rios da Terra continuassem a fluir, estima-se que levaria 40.000 anos para os oceanos serem reabastecidos. Deus fez quase toda a vida na Terra ser dependente da água, e todos estamos conscientes de quão necessária ela é para a vida humana. O pensamento da água traz à nossa mente refrigério e limpeza, bem como um meio de transportar a nós mesmos e nossos bens de um ponto para outro.


A Palavra de Deus

Na Palavra de Deus, descobrimos que a água é geralmente uma figura da Palavra de Deus em si. O próprio Senhor Jesus disse a Nicodemos que “aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3:5). Essa mesma verdade nos é dada no Velho Testamento, pois lemos: “Eu espargirei água limpa sobre vós... e Eu porei Meu Espírito em vós, e farei com que andem em Meus estatutos” (Ez 36:25-27 – JND). Está claro no contexto e de outras Escrituras que a água aqui não se refere ao batismo, como alguns ensinam, mas sim que a nova vida que é transmitida pelo Espírito de Deus, usando a Palavra de Deus. Isso é verdade hoje e era verdade desde o início da história do homem. Deus precisa começar Sua obra pelo Seu Espírito, usando a Sua Palavra, se for para o homem pecador receber nova vida.


Limpeza

Entretanto, esta não é a única obra que a Palavra de Deus realiza. Em Efésios 5:26 lemos: “com a lavagem da água, pela Palavra”. Isto é mostrado em figura no Velho Testamento pela água da purificação usada com as cinzas da bezerra ruiva em Números 19, e também pela pia, na qual o sacerdote deveria lavar suas mãos e pés antes que entrasse para servir no tabernáculo. Aqui a água purifica os crentes (não os incrédulos), que figuradamente estão em contato com a imundície enquanto estão passando pelo deserto deste mundo pecaminoso. O próprio Senhor está ocupado com essa obra e também temos o privilégio de fazer nossa parte um pelo outro, como lemos em João 13:1-17. Embora nunca precisemos de uma segunda aplicação do sangue de Cristo, é muito importante que os santos tenham essa aplicação diária da Palavra de Deus, purificando nossos pés da contaminação deste mundo, mesmo que não tenhamos nos envolvido em pecado conhecido.


O Espírito de Deus

Isso nos leva a outro significado simbólico muito importante da água. Se há água dentro algum recipiente (a pia, o vaso que é aludido em Números 19 e a bacia de João 13) isso geralmente fala da Palavra de Deus, já quando se fala da água fluindo normalmente se está referindo ao Espírito de Deus. Isto é claramente mostrado em João 4, onde o Senhor Jesus diz à mulher que estava junto ao poço: “a água que Eu lhe der se fará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna” (Jo 4:14) Aqui claramente vemos que é o Espírito de Deus que está sendo retratado, não dando vida por meio da Palavra neste momento, mas como sendo o gozo e a energia da nova vida que já é possuída pelo crente.


Contudo, este gozo não deve ser meramente apreciado pelo crente. Em João 7:38 lemos: “Quem crê em Mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre”. Uma vez que tenhamos apreciado as coisas de Cristo e meditado nelas (figurado pelo ventre), o Espírito de Deus Se deleita em um transbordamento de bênçãos para os outros, tanto incrédulos quanto crentes. Deus é um Doador e Ele deseja que o crente tenha o mesmo coração para com os outros.


Rios

Isto nos faz pensar no significado dos Rios na Escritura. De maneira geral, um rio na Escritura fala de continuidade, de um fluir contínuo de bênçãos. Podemos ver isso sendo trazido à tona no rio do Éden (Gn 1:10-14), que se dividia em quatro braços e fluía em benção para o mundo daquela época. Dois destes rios existem ainda hoje, que são: Hidéquel (o rio Tigre) e o Eufrates, que nos mostra que mesmo que o jardim do Éden tenha sido banido, Deus ainda pensa nas bênçãos e refrigério de Sua criação. Depois vemos o rio terrenal no Milênio relatado em Ezequiel 47, que será um rio de verdade, com dois braços, e que trará bênçãos para o mundo durante o dia do Milênio. Finalmente, temos o “rio de água da vida” de Apocalipse 22, que, saindo do trono de Deus, sustenta a árvore da vida em ambos os lados dela. Sem dúvida, Cristo é a árvore da vida e, portanto, Ele está em ambos os lados deste rio de bênção celestial. Este glorioso rio simboliza o desfrute de Cristo e o eterno desfrute da vida no poder do Espírito de Deus, a porção dos santos celestes. Enquanto apenas as folhas da árvore são necessárias para a cura das nações, o fruto é sem dúvida figura da porção superior dos santos celestiais, que compartilham a glória de Cristo manifestada naquele dia.


Há outros significados ocasionais e menos proeminentes dos rios na Escritura. Por exemplo, o rio Eufrates tem sido frequentemente considerado como a fronteira entre o oriente e o ocidente neste mundo, de modo que Apocalipse 16:12 fala do “sexto anjo” que “derramou a sua taça sobre o grande rio Eufrates; e a sua água secou-se, para que se preparasse o caminho dos reis do Oriente”. Em outra Escritura, lemos sobre “uma nação que mede e pisa aos pés, cuja terra está dividida pelos rios” (Is 18:2 - TB), sem dúvida referindo-se a como outras nações se aproveitaram de Israel durante seu tempo em que ela foi rejeitada pelo Senhor.


Julgamento

Mas há outro significado da água como figura sobre o qual não falamos. Deus usa a água para falar de julgamento. O “abismo” mencionado em Gênesis 1:2 pode representar um julgamento antes da criação atual, mas a primeira menção verdadeira da água em julgamento na Escritura é o dilúvio de Noé, onde o Senhor disse: “Eu trago um dilúvio de águas sobre a Terra, para desfazer toda carne” (Gn 6:17). Este tema percorre toda a Palavra de Deus, incluindo o terrível julgamento na cruz, onde nosso Senhor poderia dizer profeticamente: “Livra-Me, ó Deus, pois as águas entraram até à Minha alma” (Sl 69:1) e novamente no Salmo 42:7, “Um abismo chama outro abismo, ao ruído das Tuas catadupas: todas as Tuas ondas e vagas têm passado sobre Mim”. No entanto, nos é dito em Cantares de Salomão: “As muitas águas não poderiam apagar esse amor nem os rios afogá-lo” (Ct 8:7), pois certamente na cruz: “onde o pecado abundou, superabundou a graça” (Rm 5:20). No entanto, em um dia vindouro, muitos entrarão sob os julgamentos que cairão sobre este mundo depois que a Igreja for chamada para casa, e estes são anunciados pela voz do Senhor Jesus – “Sua voz, como a voz de muitas águas” (Ap 1:15).


Morte

Esse mesmo tema é usado no assunto do batismo e, especialmente, no batismo Cristão. Nosso Senhor foi para a morte (figurado pela água) e ressuscitou. Por isso Ele “uma vez morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus” (Rm 6:10). Somos vistos como “sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida” (Rm 6:4). Ao passar pelo batismo Cristão, somos vistos em posição como estando em terreno de ressurreição com Cristo e nos consideramos mortos para o pecado – aquilo que nos caracterizava como filhos de Adão. A água sob a qual nos batizamos é novamente uma figura de julgamento – a justa estimativa de Deus que o homem na carne não merece nada além da morte.


Outras aplicações da água poderiam ser mencionadas, como as nações deste mundo, que são frequentemente caracterizadas pelo mar em incessante movimento – “bramido do mar e das ondas” (Lc 21:25). Além disso, lemos em Apocalipse 17:1 da “grande prostituta que está assentada sobre muitas águas”. Isso é explicado no versículo 15 dizendo: “As águas que viste, onde se assenta a prostituta, são povos, e multidões, e nações, e línguas”.


O assunto da água nas Escrituras – e seus significados como figura – é amplo, mas um estudo disso mais profundamente nos recompensará, em nosso entendimento da Palavra de Deus.


W. J. Prost

 

O Caminho da Paz


O Salmo 23:2 nos diz que Ele “guia-me mansamente a águas tranquilas”. Ao lado das águas tranquilas! Que lugar para se deitar, amado, neste mundo de problemas, de inquietação, de corações agitados e inquietos! Quantos o Pastor conduziu através deste vale da sombra da morte e os proveu de uma fonte invisível! Pedro foi instruído pelo Sumo Pastor a alimentar os cordeiros e as ovelhas, e ele pôde dizer: “ao Qual, não O havendo visto, amais; no Qual, não O vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso” (1 Pe 1:8). Essa é a doce porção daqueles que estão experimentando a provação de sua fé.


Você está em apuros? Seus bens não estão aumentando suficientemente? Seus amigos não te estimam muito? Você teme pelo amanhã? Você está em dívida, doente ou em luto? Por acaso o que você temia chegou até você? A mão do Senhor parece pesada sobre você?


A linguagem da fé

Ó amado, por quem Cristo morreu, Deus, por essas mesmas provações, está, em amor infinito, abrindo um caminho para você de profundo gozo, e Satanás faria uma lista com suas dúvidas e medos apenas para pressioná-la contra você. Em qual caminho você andará, aquele caminho de fé ou o da vista? “Não atentando nós nas coisas que se veem”, diz Paulo (2 Co 4:18).


A linguagem da fé é sempre linguagem corajosa, porque confia em Deus e as coisas que se veem não ocupam a mente. Devo dar toda a atenção aos meus problemas ou dar ouvidos à voz do Pastor? Há provações no caminho de fé, mas, amado, a provação é a porta para as lições de gozo e de paz em Cristo. Não hesite na entrada. Nosso próprio Senhor, pelo gozo que Lhe estava proposto, suportou a cruz. “Porque deveras há um fim bom; não será malograda a tua esperança” (Pv 23:18).


Quais foram as coisas que os homens viram Paulo passando? Elas estão registradas em 2 Coríntios 4, como “em tudo somos atribulados”. Ele não poderia ter escolhido um caminho mais fácil? Quantos o fizeram, mas diante dos olhos de Paulo ali se abriu, não o temor de novas provações no futuro, mas o peso muito maior e eterno de glória. Desta forma, confirmamos nosso chamado e eleição, e o coração se familiariza com a perspectiva da glória. Como o velho guerreiro Paulo poderia dizer: “por cuja causa sofro essas coisas, mas não estou envergonhado, porque eu sei em Quem tenho crido e estou persuadido de que Ele é capaz de guardar para aquele dia o depósito que tenho confiado a Ele” (2 Tm 1:12 – JND).


As provações

As provações são apenas para trazê-lo para perto das águas tranquilas em companhia com o Pastor. Se o problema tirou sua felicidade no Senhor, em que sua felicidade estava baseada? O lugar quieto e refrescante não é encontrado pela libertação dos problemas, mas por um caminho mais curto e mais rápido: “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que, a seu tempo, vos exalte, lançando sobre Ele toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós” (1 Pe 1:6-7).


Então o cântico surgirá: “O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará”. As lições das provações (podem ser amargas) ensinaram à alma essa doce confiança, e um relacionamento pessoal é reconhecido entre o indivíduo e o Senhor. Não é mais “o Senhor é o Pastor”, como Ele sendo Pastor para todos, mas aprendi com deleite que Ele é o meu Pastor. Não é um argumento seco ou um raciocínio, mas uma doce confiança confirmada no fundo do coração. Que sustento para a alma! O Senhor, o Todo-Poderoso, é Quem zela por mim. É verdade que é na fraqueza que temos que aprender essa confiança, porque confiar é reconhecer a fraqueza, e nós temos uma tendência a fugimos disso. A carne não pode fazer isso, mas quando a lição é aprendida e o coração se contenta em confiar, que fonte de força o filho de Deus tem! “Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em Ti; porque ele confia em Ti” (Is 26:3).


O amor do Senhor

As suas circunstâncias são tão terríveis que você não pode encontrar conforto nelas? Então saiba que o Senhor está te cercando, para que você seja forçado a olhar para cima, pois você não pode ver além ou através da dificuldade. Se isso machucar seu orgulho e desapontar suas expectativas, tenha certeza de que o Senhor tem uma coisa melhor para você. Podemos desconfiar d’Ele, mas Ele não descansa até que Ele abra nossos olhos para que possamos ver o Seu amor.


É uma grande coisa ser persuadido [ou, constrangido] pelo amor do Senhor. Isso realmente enche o coração e dá tranquilidade a cada momento. Porque Ele me amou, Se deu por mim. As fontes estão n’Ele mesmo. Assim posso me esquecer de mim mesmo, e me deter somente em Seu amor.


Não vamos, então, procurar andar por vista. Não estejamos cansados da fé, pois para a fé tudo é brilhante, e os pés permanecem firmes sobre a base sólida e eterna da promessa de Deus. O tempo que tivermos nessa vida, permaneceremos assim pela “vontade de Deus”. Existe alguma coisa a que não podemos nos submeter, visto que é a Sua vontade? Só por pouco de tempo temos o problema, “Porque ainda um poucochinho de tempo, e o que há de vir virá e não tardará” (Hb 10:37). Amados, Ele é Quem conduz, não nós, e Ele é Quem restaura a alma. Nem um pouco de cuidado pertence a você, mas deixe que o coração seja livre para desfrutar do Seu amor e então declarar o Seu louvor.


Christian Truth (adaptado)

 

O Poço do Juramento


Os servos de Abimeleque tomaram violentamente o poço de água de Abraão, e pouco depois Abimeleque desejou fazer aliança com Abraão (Gn 21:22-27). Abraão estava disposto a fazer o pacto apenas com uma condição – o poço de água deveria ser devolvido a ele. Nós também temos um “poço de água” em Cristo – um lugar de descanso para nossas almas sedentas que o inimigo nos tirará com violência, se puder. Sejamos cuidadosos em não fazer “alianças” para “habitar” com aqueles que nos roubariam nosso gozo no Senhor. Talvez eles não tenham a intenção de fazer isso e, como Abimeleque, eles o ignoram, mas mesmo assim Abraão não fez sua aliança até que o poço lhe fosse devolvido.


A aliança que foi feita com Abraão dando sete cordeiras que falariam da perfeição da obra de Cristo – o Cordeiro de Deus. É somente por meio de Sua obra consumada no Calvário que temos possessão de nosso poço de água viva. O Senhor Jesus disse: “Porque a água que Eu lhe der se fará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna” (Jo 4:14).


Abraão plantou um bosque (ou árvore) ali. Esta árvore seria uma lembrança constante dos sete cordeiros e da aliança feita ali, pois Deus nunca nos deixaria esquecer o custo da nossa redenção. Foi nesse lugar também que Abraão invocou o nome do Senhor. A obra consumada no madeiro do Calvário é a base para a verdadeira adoração. Ele chamou o lugar de Berseba (o poço do juramento), e assim temos agora a promessa de Deus de que temos a vida eterna pela fé em Seu Filho.


G. H. Hayhoe

 

Águas Refrescantes


De tempos em tempos, diferentes assembleias são capazes de agir de acordo com a palavra do Senhor a Moisés. “Ajunta o povo, e lhe darei água” (Nm 21:16). Estando assim reunidos, os santos são dependentes de Deus e precisam clamar: “Sobe, poço” (Nm 21:17). Esta é uma cena do deserto, e os nobres estão lá com varas em sinal de seu caráter de peregrino, e no comando do legislador eles cavam a areia do deserto. Isso seria totalmente fútil em circunstâncias comuns, mas na bondade de Deus as águas refrescantes surgem e um cântico irrompe.


Acsa era uma mulher de fé que esperava, tal fé que Deus Se deleita em reconhecer, dando abundantemente além do que pedimos ou pensamos. Ela fez com que seu marido, Otniel, pedisse um campo a seu pai. Calebe deu-lhes uma boa porção da terra do sul. Mas uma terra do sul sem água logo estaria seca, então ela pede mais. “Dá-me também fontes de águas” (Js 15:18-19). Então ele deu a ela as fontes superiores e as fontes inferiores.


As fontes superiores

Deus nos trouxe aos raios do sol de Seu favor, e Ele também dá fontes superiores e fontes inferiores para manter nossa alma em frescor e fertilidade no gozo desse favor, apesar de tudo o que viesse para secá-las. Nós bebemos das fontes superiores quando olhamos para cima e encontramos tudo em Deus. O salmista no Salmo 87:7 diz: “Todas as minhas fontes estão em Ti”. Ele estava retratando sem reservas as fontes superiores que são inesgotáveis. O mesmo aconteceu com o apóstolo Tiago quando escreveu: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em Quem não há mudança, nem sombra de variação” (Tg 1:17).


As fontes inferiores

Que Deus nos dê de beber profundamente em nossas fontes eternas, para que possamos nos gloriar “em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5:11). Mas nós estamos em um mundo que é contrário a nós, onde a doença, a tristeza e sofrimentos abundam e às vezes afetam a nós mesmos e aos nossos entes queridos. Então precisamos recorrer às fontes inferiores e encontrar Deus em tudo. Paulo teve certeza disso quando escreveu em Romanos 8:28: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto”. Nosso coração deve ser suprido dessa mesma bendita garantia. Estas coisas que parecem mais dolorosas e tristes, e que podem parecer tão diferentes d’Ele, estão entre “todas as coisas” em que Ele está e que Ele está trabalhando em conjunto para o nosso bem.


Ezequias aprendeu que sua doença e suas lágrimas amargas estavam entre as coisas pelas quais “vivem os homens”, e em que estava a vida de seu espírito (Is 38:16 – TB). Nós pensamos muito em nossas bênçãos temporais, mas Deus, enquanto suprindo nossas necessidades, tem especialmente em vista nosso bem-estar espiritual. Ele nos faria encontrar, em circunstâncias tristes e dolorosas, aquelas fontes inferiores pelas quais nosso bem-estar espiritual é mantido e aumentado. Isto é evidenciado no Salmo 84:5-7, pois o homem cujo coração está nos caminhos de Deus, enquanto passa pelo vale de Baca, ou chorando, faz dele um poço. Sendo assim revigorado, ele vai de força em força, fazendo das provações e tristezas, por assim dizer, trampolins para uma maior proximidade com Deus.


Cavando poços

Recebemos palavras de advertência e encorajamento em Gênesis 26:15-20. Isaque viu que os poços que seu pai havia cavado, os filisteus tinham tapado com terra. O mundo procuraria ocupar o crente com as coisas terrenais, de modo a sufocar os poços de refrigério e instrução nas verdades de Deus, que os santos, que agora estão em casa com o Senhor, cavaram para nós, conforme registrado em seus escritos. Escave-os novamente, para que possamos tirar o bem daquilo que o Espírito lhes revelou. Mas não pare para escavar outra vez os poços velhos; Isaque escavou novos. O inimigo tentou se opor e impedi-lo, como sempre faz, mas a energia espiritual triunfou, e o poço Reobote deu a ele paz e abundância.


Devo agora exortar meus jovens irmãos e irmãs não apenas a ler os escritos valiosos dos homens ensinados por Deus, mas a estudar diligentemente a Palavra com a orientação do Espírito. A água destes novos poços abertos por você, na dependência e comunhão com Deus, será ainda mais doce e fresca do que as que outros cavaram para você.


Fontes de águas

“Manancial fechado, fonte selada” (Ct 4:12). Tal é a esposa do noivo. Até agora estivemos considerando o que Deus é para nós e quais fontes de água viva Ele nos provê, mas este versículo nos dá o que nós, como esposa, somos para Cristo. O pensamento em “fechado e selado” é semelhante ao do “jardim fechado” – algo reservado para o Seu deleite especial, algo para ser compartilhado e usado quando e como Ele Se agrada. Em João 4:14, nosso Senhor Jesus fala da fonte de água que jorra para a vida eterna. Aqui a fonte que Ele colocou dentro do crente é aberta, ou deslacrada, e no poder do Espírito Santo brota até Deus sua fonte, em adoração no Espírito e na verdade que Ele procura e que dá refrigério ao Seu coração.


Que privilégio que o transbordamento de corações como o nosso, preenchidos por Ele mesmo, possa surgir naquilo que dá gozo a Ele, até mesmo nossos louvores, adoração e ação de graças! Em João 7:37-38 o Senhor Jesus promete dar ao sedento que vem a Ele, água viva em abundância. Quando Ele abre as comportas, “rios de água viva” fluem para os sedentos ao redor do poder do Espírito Santo que Ele lhes daria quando Ele tivesse sido glorificado. Assim, no jorrar e fluir para fora, o Senhor é revigorado e glorificado.


Rios que fluem

Em conexão com os rios que fluem de um centro, veja como em Gênesis 2:10 nos é dito que o rio de Éden fluía, dividindo-se em quatro braços, levando bênçãos e refrigério a todos. Este é o oposto dos rios da Terra, onde vários pequenos se unem para formar um grande. Já com as fontes ou os rios de Deus, a plenitude é tão infinita que pode se separar e, ao mesmo tempo, fluir com plenitude e poder inalterados. Que aprendamos cada vez mais a nos regozijar em tudo o que Deus é em nós e para nós. Assim, encontramos em ambas as fontes superior e inferior, a porção satisfatória e que sustentará nossa alma. Como resultado, Cristo pode receber as águas que fluem de adoração e ser glorificado pelos rios que estão fluindo em serviço para Ele por Sua ordem.


W. H. S. Fosbery

 

Águas do Julgamento


Vimos em outro lugar nesta edição que a água é usada várias vezes na Escritura como uma figura de julgamento. Às vezes é usada em conexão com o julgamento de Deus contra o homem, mas em outras ocasiões, traz diante de nós o julgamento de Deus contra o pecado na cruz. Pelo menos uma vez isso é figura do ódio do homem por Cristo.


O dilúvio

Se deixarmos de lado, por um momento, o que quer que tenha feito com que a Terra estivesse coberta de água em Gênesis 1:2, então encontramos a primeira menção real do julgamento pela água no dilúvio de Noé. A água em juízo tem dois caráteres na Escritura – sua profundidade e sua violência. No dilúvio de Noé, é a profundidade da água que é proeminente, pois lemos que “E as águas prevaleceram excessivamente sobre a terra; e todos os altos montes que havia debaixo de todo o céu foram cobertos. Quinze côvados acima prevaleceram as águas; e os montes foram cobertos” (Gn 7:19-20). Estas águas foram o julgamento direto de Deus sobre o homem por sua maldade – por encher a Terra com violência e corrupção (Gn 6:11). Toda a carne morreu: “Tudo o que tinha fôlego de espírito de vida em seus narizes” (Gn 7:22). Ele não apenas destruiu o mundo daquele dia, mas Deus o fez como uma advertência para o homem hoje, pois lemos em 2 Pedro: “Eles voluntariamente ignoram isto: que pela Palavra de Deus... pereceu o mundo de então, coberto com as águas do dilúvio… Mas os céus e a Terra que agora existem pela mesma Palavra se reservam como tesouro e se guardam para o fogo” (2 Pe 3:5-7). Mas, como nos dias de Noé, havia uma arca preparada para aqueles que tinham fé, então hoje os homens podem se voltar para Cristo para obterem a salvação; não há necessidade de cair naquele terrível julgamento que virá sobre este mundo.


A profundidade do julgamento

Mas se Deus, em Sua santidade, tivesse que julgar a iniquidade do homem no dilúvio de Noé, havia, em figura, uma profundidade nas águas de outro julgamento – uma profundidade que não podia ser medida. Na cruz, todas as profundezas do julgamento de Deus contra o pecado se levantaram contra o Senhor Jesus. Lemos em Josué 3:15: “O Jordão transbordava sobre todas as suas ribanceiras, todos os dias da sega”. Mais tarde, no Salmo 42:7, lemos profeticamente sobre os sofrimentos de nosso Senhor: “Um abismo chama outro abismo, ao ruído das Tuas catadupas; todas as Tuas ondas e vagas têm passado sobre Mim”. Além disso, no Salmo 88:16-17: “A Tua ardente indignação sobre Mim vai passando; os Teus terrores fazem-Me perecer. Como águas Me rodeiam todo o dia”. Tudo isso nos lembra das palavras de um hino: “A profundidade de todos os Teus sofrimentos, nenhum coração poderia conceber.” Nunca conheceremos a profundidade dos sofrimentos de nosso Senhor durante as três horas de trevas, quando Deus lidou com Ele em relação a toda a questão do pecado. A melhor imagem que a linguagem humana pode usar é a das profundezas da água no mar.


Julgamento vindo do homem

Mas o Senhor Jesus também sofreu nas mãos do homem, pois lemos: “Livra-Me, ó Deus, pois as águas entraram até à Minha alma. Atolei-Me em profundo lamaçal, onde se não pode estar em pé; entrei na profundeza das águas, onde a corrente Me leva” (Sl 69:1-2). Aqui está o ódio do homem por Cristo, energizado por Satanás, que repreendeu e insultou Aquele que é Bendito – que ousou cuspir na Sua face, coroá-Lo com espinhos e oferecer-Lhe vinagre para beber quando estava com sede. O Senhor sentiu tudo isso intensamente, como qualquer homem sentiria. Mas queremos deixar claro que nada disso, apesar de ser terrível, teve algo a ver com o tirar o pecado. Não, foi somente nas três horas de trevas que a obra foi realizada, por meio da qual nossos pecados foram postos de lado. Seus sofrimentos nas mãos do homem nos mostraram o quanto Ele nos amou e permitiu que Ele fosse um Sumo Sacerdote misericordioso e fiel.


A violência da água

Além da profundidade, as águas do julgamento são frequentemente citadas como sendo violentas. Já vimos a expressão “ondas e as vagas” no Salmo 42. No Salmo 88, já referido, lemos: “Sobre Mim pesa a Tua cólera; Tu Me abateste com todas as Tuas ondas” (v. 7). Além disso, lemos em Jonas (que, entre outros significados simbólicos, é um tipo de Cristo), “todas as Tuas ondas e as Tuas vagas têm passado por cima de Mim” (Jn 2:3).


O homem está muito familiarizado com a violência da água, seja em um rio poderoso, durante uma tempestade em um lago ou no mar. Quantas histórias poderiam ser contadas sobre a ferocidade das ondas, contra as quais o homem não tem poder! Eventos recentes, como o tsunami no Oceano Índico em 2004 ou o terremoto e tsunami que atingiram o Japão em 2016, causaram danos incalculáveis e perda de vidas, enquanto furacões e tempestades atingiram as ilhas do Caribe e a costa dos EUA nos últimos anos e fizeram o mesmo. O homem só pode tentar sair do caminho e depois voltar para limpar o dano depois. Tudo isso, em figura, pode nos dar apenas uma pequena ideia do que aconteceu durante as três horas de trevas na cruz, quando a ira de Deus contra o pecado foi desencadeada contra Seu amado Filho.


Graça terminada

Mas Deus não terá uma resposta para tudo isso? Hoje é o dia da graça de Deus, mas como Ele pôde dizer nos dias de Noé: “Não contenderá o Meu Espírito para sempre com o homem” (Gn 6:3), da mesma forma o presente dia da Sua graça não continuará indefinidamente. Está chegando o dia em que nosso Senhor Jesus Cristo aparecerá como o Filho do Homem, pronto para o julgamento, e até mesmo o apóstolo João, que antes se reclinou sobre seio de Jesus, caiu a Seus pés como morto quando O viu naquele caráter. Naquele dia, lemos que Sua voz era “como a voz de muitas águas” (Ap 1:15) – as águas do julgamento prestes a cair neste mundo. Isto começará com distúrbios entre as nações da Terra, com “angústia das nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas” (Lc 21:25). Então, mais tarde, a ira de Deus será derramada diretamente sobre aqueles que rejeitaram a Cristo e continuam a se rebelar contra Deus. Sem dúvida, o epicentro desse julgamento será a terra profética e, especialmente, a terra de Israel, pois lemos: “E regrarei o juízo pela linha e a justiça, pelo prumo, e a saraiva varrerá o refúgio da mentira, e as águas cobrirão o esconderijo” (Is 28:17).


“Como as águas cobrem o mar”

No entanto, quando esse julgamento termina, a água é usada finalmente em um sentido positivo. No dia milenar, quando nosso Senhor Jesus reinará em justiça, lemos: “Não se fará mal nem dano algum em todo o monte da Minha santidade, porque a Terra se encherá do conhecimento do SENHOR, como as águas cobrem o mar” (Is 11:9). Deus terá a vitória no final, e Seu amado Filho, que uma vez sofreu sob as águas do julgamento na cruz, será conhecido em todo o mundo em Sua glória, como as águas cobrem o mar.


W. J. Prost

 

Lavar dos Pés


A ação do Senhor em João 13 é muito preciosa e significativa, pois coloca Jesus diante do coração nas atividades atuais de Seu amor pelos Seus. O que Pedro no momento não entendeu, nós entendemos pelo poder do Espírito Santo. Que sigamos esta ação do Senhor da maneira simples e tocante em que ela se revela.


Era “chegada a Sua hora de passar deste mundo para o Pai”. Aqueles que Ele tanto amava, Ele teria que deixar para trás no mundo, mas eles ainda seriam os objetos de Seu amor. Ele “amou-os até ao fim”. Ele também sabia que todas as suas bênçãos dependiam de Si mesmo. Ele sabia que o Pai “tinha depositado nas Suas mãos todas as coisas”.


Comunhão com Ele

Seu trabalho de amor por eles na redenção estava prestes a ser concluído. A ceia foi a testemunha disso. Mas isso foi apenas parte do que foi dado em Suas mãos; outra parte permaneceu. Ele “havia saído de Deus, e que ia para Deus”. Ele deve trazê-los a Deus também – trazê-los para aquela comunhão e glória na qual Ele estava prestes a entrar.


Ele havia acabado de colocar diante deles o memorial permanente do Seu amor. Sempre que vissem o pão partido e o vinho derramado, pensariam nesse amor. Mas como Ele deve fazer com que eles percebessem sua associação Consigo mesmo no lugar que Ele estava prestes a tomar para eles? “Levantou-se da ceia, tirou as vestes e, tomando uma toalha, cingiu-Se. Depois, pôs água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido” (vs. 4-5).


Que visão para seus olhos admirados. Eles viram o Senhor, cujo poder eles haviam testemunhado tantas vezes, e Aquele que eles conheciam como “o Cristo, o Filho do Deus vivo”, curvar-Se para lavar os seus pés. Bem pôde Pedro exclamar: “Senhor, Tu lavas-me os pés a mim?” Pedro amava seu Senhor, mas, naquele momento, pouco sabia do mistério daquele amor que havia descido para servi-lo. Mal sabia ele quão baixo esse amor teria de se curvar e quão constante o serviço daquele amor teria que ser.


Entendimento

O Senhor lhe diz isto: “O que Eu faço, não o sabes tu, agora, mas tu o saberás depois”. Mas isso não foi suficiente para esse coração ardente; por isso ele exclama: “Nunca me lavarás os pés”. Aqui Pedro, por meio do zelo equivocado quanto à honra do Senhor, teria ficado entre o Senhor e sua própria bênção, de modo que o Senhor simplesmente lhe disse: “Se Eu te não lavar, não tens parte Comigo”, isto é, ele não desfrutaria da comunhão com Cristo na bem-aventurança celestial em que Ele estava prestes a entrar.


Somente lavando seus pés Jesus poderia fazer com que os Seus, enquanto estivessem no mundo, desfrutassem da comunhão com Ele no céu. Da glória, Jesus os serviria incessantemente dessa maneira, e assim, em companhia da ceia, Ele dá a Seus discípulos esta preciosa apresentação de Si mesmo como o Servo cingido lavando seus pés com água. Ao perceberem Seu incessante serviço por eles, eles desfrutariam de Sua presença e participariam de Suas próprias alegrias.


Estado e Posição

Pedro, na ânsia de possuir plenamente a bênção proposta nas palavras do Senhor, responde: “Senhor, não só os meus pés, mas também as mãos e a cabeça”. Seu desejo era que não apenas seus pés estivessem limpos, mas toda a sua pessoa estivesse apta a ser associada com seu Salvador. Ele tinha a consciência não apenas de que seus pés precisavam de lavagem, mas de que toda a sua natureza e seu ser necessitavam de limpeza. Ocupado com seus próprios sentimentos, ele ignorava a obra da graça que já fora realizada pelo Senhor. Ele estava confundindo posição com estado.


A resposta de Pedro torna a ocasião o momento certo para o Senhor declarar claramente essa diferença: “Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo. Ora, vós estais limpos”. Aquele cujo corpo está todo lavado (ou banhado) precisa apenas limpar os pés durante o dia, pois onde apenas sandálias são usadas, os pés ficam sujos ao andar. O significado espiritual da resposta do Senhor a Pedro é muito claro. Quanto à lavagem da pessoa, os discípulos estavam limpos. Eles já possuíam uma nova vida e posição diante de Deus. “Nascidos da água e do Espírito”, eles possuíam uma natureza “divina” que os capacitou de uma vez por todas, quanto a suas pessoas, para a presença de Deus. Mas para desfrutar dessa comunhão de maneira prática, eles precisavam lavar os pés das impurezas contraídas em sua caminhada por um mundo maligno. Isto não seria feito pela aplicação da Palavra à pessoa de cada um deles, mas pela aplicação da Palavra pelo Espírito ao coração e consciência deles, para que eles pudessem julgar de maneira prática e separarem-se, em sua consciência, pensamentos e modo de andar, daquilo que era inconsistente com a natureza e caráter de Deus. Assim, eles seriam habilitados a ter parte com Jesus na bênção celestial na qual, como homem, Ele havia entrado por eles.


Lavagem por água

Notamos aqui que não é com sangue que a pessoa ou os pés são lavados. Em ambos os casos, é “a lavagem da água, pela Palavra” (Ef 5:26). No primeiro caso é para a posição– um ato uma vez completo que não pode ser repetido. No outro, é para o estado, que, sendo uma questão de comunhão ou gozo, precisaria ser repetido com a mesma frequência que qualquer contaminação na caminhada fosse contraída.


Uma referência à figura da consagração do sacerdócio em conexão com a pia, da qual este é claramente a abençoada figura, deixará isso claro. Lemos em Êxodo 29:4: “Então, farás chegar Arão e seus filhos à porta da tenda da congregação e os lavarás com água”.


Preparação para o ministério

Sua posição como sacerdotes estava completa, mas sua capacidade prática de entrar no lugar santo e ministrar no altar diante do Senhor dependia do uso diário da pia, como descrito em Êxodo 30:19-21: “E Arão e seus filhos nela lavarão as suas mãos e os seus pés. Quando entrarem na tenda da congregação, lavar-se-ão com água, para que não morram, ou quando se chegarem ao altar para ministrar, para acender a oferta queimada ao SENHOR. Lavarão, pois, as mãos e os pés, para que não morram”. Quando assumiam o ofício de sacerdotes, havia a lavagem de seu corpo no momento da consagração; quando exercitavam seu ofício prático, havia a lavagem de suas mãos e pés na pia em todas as ocasiões de serviço.


O serviço de Cristo hoje

O serviço vivo de Jesus hoje desde a glória separa os “Seus que estavam no mundo”, pela ação da Palavra na consciência deles, da contaminação que eles contraíram em sua caminhada. Assim, eles podem ter parte com Ele no serviço e adoração a Deus, como sacerdotes Consigo mesmo dentro do Santo dos Santos.


Cristo é Aquele que aplica a água; os crentes não lavam seus próprios pés. Ele faz isso por eles. É de acordo com Seu conhecimento do que é adequado à presença de Deus que Ele lava seus pés. Cristo, no entanto, nos dá o privilégio de lavar os pés uns dos outros, pois Ele diz: “Ora, se Eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros” (Jo 13:14). Esta ação, em amor e inteligência, é tudo de Si mesmo. Quando somos restaurados à comunhão e ao poder para o serviço, quando isso foi perdido por descuido, sabemos Quem nos restaurou. Infelizes quando estamos fora da comunhão, sentimos que nossos pés precisam ser lavados; olhamos para Jesus e O encontramos aos nossos pés, nos lavando; nós percebemos Sua graça nesta ação, e novamente nossos corações estão felizes; nós temos “parte” com Ele.


Christian Thuth (adaptado)

 

Rios de Água Viva


No evangelho de João lemos: “No último dia, o grande dia da festa, levantou-Se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a Mim e beba. Quem crê em Mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre” (Jo 7:37-38). A festa referida nesta bela Escritura era “a festa dos tabernáculos”, chamada na abertura do capítulo de “a festa dos judeus. Não podia mais ser chamado de festa de Jeová, pois tinha se tornado uma formalidade vazia – algo em que o homem podia gabar-se, enquanto Deus estava totalmente excluído. Assim foi com o Israel do passado, e assim é com a Igreja professa agora. Todos nós temos que vigiar contra esta armadilha do diabo. Ele usará uma inegável ordenança de Deus como um meio de enganar a alma e excluir completamente a Deus. Mas onde a fé está em vigor, a alma tem a ver com Deus na ordenança, e assim o poder e o frescor são mantidos.


As festas dos Judeus

No Evangelho de João, as festas são designadas como festas dos Judeus, e encontramos o Senhor Jesus abolindo uma após outra dessas festas e oferecendo a Si mesmo como um Objeto para o coração. Assim, na abertura do capítulo 7, encontramos o Senhor Jesus recusando-Se a mostrar-se abertamente ao mundo; Ele Se recusou a exibir-Se na festa dos tabernáculos. Por fim, Ele foi até a festa, mas com que propósito? Ele subiu para servir. Ele subiu para glorificar Seu Pai e ser o Servo voluntário da necessidade do homem.


“Mas, no meio da festa, subiu Jesus ao templo e ensinava. E os judeus maravilhavam-se, dizendo: Como sabe Este letras, não as tendo aprendido? Jesus respondeu e disse-lhes: A Minha doutrina não é Minha, mas d’Aquele que Me enviou” (Jo 7:14-16). Aqui Sua glória moral como o Servo que Se oculta a Si mesmo brilha. Tal foi Sua resposta para aqueles que se perguntavam de onde Ele havia recebido Seu aprendizado. Seus motivos e Seus objetos estavam muito além do alcance de homens carnais e mundanos. Eles O mediram pelo seu próprio padrão e, portanto, todas as suas conclusões eram totalmente falsas. “Se alguém quiser fazer a vontade d’Ele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se Eu falo por Mim mesmo. Quem fala por si mesmo está procurando a sua própria glória; mas O que procura a glória de Quem O enviou, Esse é verdadeiro, e n’Ele não há injustiça” (Jo 7:17-18).


A Pessoa de Cristo

Mas devemos nos voltar por um momento para as palavras que formam o assunto especial deste artigo. “No último dia, o grande dia da festa, levantou-Se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a Mim e beba” (Jo 7:37). Aqui colocamos diante de nós uma verdade de infinita preciosidade e imenso poder prático. A Pessoa de Cristo é a fonte divina de todo frescor e energia espiritual. É só n’Ele que a alma pode encontrar tudo o que realmente precisa. É para Ele que nós mesmos devemos ir para todo nosso descanso pessoal e bênção. Se a qualquer momento nos encontrarmos enfadados, pesados e estéreis, o que devemos fazer? Fazer esforços “para aumentar o tom”? Não, isso nunca ajudará. E agora? Nosso Senhor diz: “venha a Mim e beba”.


Observe as palavras. Não é: “Vinde a mim e extraia”. Podemos atrair para os outros e ficarmos secos em nós mesmos, mas se bebermos, nossa própria alma é renovada e então haverá “rios de água viva”. Nada é mais miserável do que os esforços incansáveis de uma alma fora da comunhão com o Senhor. Podemos estar muito ocupados, nossas mãos podem estar cheias de trabalho, nossos pés podem estar correndo de um lado para o outro, a cabeça pode estar cheia de conhecimento, mas se o coração não estiver vividamente ocupado com a Pessoa de Cristo, tudo será esterilidade e desolação, no que diz respeito a nós pessoalmente. Não haverá “rios de água viva” fluindo para os outros. Se devemos ser uma bênção para os outros, devemos nos alimentar de Cristo para nós mesmos. Nós não “bebemos” para as outras pessoas; bebemos para satisfazer nossa sede e, enquanto bebemos, os rios fluem. Quando um coração está cheio de Cristo, as mãos estão prontas para o trabalho e os pés estão prontos para correr, mas a menos que comecemos com a comunhão do coração, nossa corrida e nossas obras serão um fracasso miserável. Não haverá glória para Deus, nem rios de água viva.


Beba da nascente

Sim, devemos começar no círculo mais íntimo do nosso próprio ser moral, e estar ocupado, pela fé, com um Cristo vivo, ou então todo o nosso serviço será totalmente inútil. Se quisermos agir pelos outros, se seremos feitos uma bênção em nossos dias e nossa geração, se desejarmos produzir algum fruto para Deus, se quisermos brilhar como luzes em meio à obscuridade moral ao redor, se quisermos ser um canal de bênção no meio de um deserto estéril, então devemos ouvir as palavras do nosso Senhor em João 7:37; devemos beber na fonte. Se eu disser, devo tentar ser um canal de bênção para os outros, apenas provarei minha própria loucura e fraqueza. Mas se eu levar minha vasilha vazia para a nascente e enchê-la, então, sem o menor esforço, os rios fluirão.


Christian Thuth (adaptado)

 

A Visão de Ezequiel


Em Ezequiel 47:1-11, lemos a descrição de um rio que fluirá do templo milenar em Jerusalém. Um maravilhoso fluxo de água flui do altar abaixo do umbral da casa para o oriente, lembrando-nos de sua contraparte celestial, o “rio puro da água da vida, claro como Cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro” (Ap 22:1). Mas existe essa diferença; o rio celestial é puramente simbólico falando da corrente de bênção espiritual que fluirá de Deus e do Cordeiro por meio da Igreja, enquanto este rio terrestre é um rio real com um significado simbólico. Que é um rio real é claro a partir de sua descrição. Sua fonte é o altar, falando do solo sobre o qual somente Deus pode abençoar Seu povo – tendo por base a morte de Seu bem-amado Filho.


O fluxo das águas

As águas fluindo do umbral da casa para o oriente nos fala da glória. Foi pela Porta Oriental que a glória retornou, e é do Oriente que fluem as águas refrescantes e curativas. O altar fala assim do justo canal da morte de Cristo; o umbral do Oriente fala da glória da Sua Pessoa e presença. Tudo está conectado com Cristo.


As águas se aprofundam à medida que fluem; primeiro, até os tornozelos, depois até os joelhos, depois até os lombos, depois há águas suficientes para nadar, um rio que não podia ser ultrapassado. Que corrente de bênçãos (nossa apreensão dela se aprofunda ao contemplarmos essa corrente) é a que flui da morte de Cristo!


Se espiritualmente ou realmente considerado, o fluxo será uma bênção. Que sinal exterior e visível, carregando sua própria influência fertilizante, esta bela corrente será para Israel e para as nações em um dia vindouro! Sua fonte, seu curso e seu término proclamarão em alta voz a generosidade e a presença de Jeová, e todas as bênçãos dependem d’Ele.


Às margens do rio crescem “uma grande abundância de árvores” (Ez 47:7), cuja folha não se desvanece, nem o seu fruto é consumido. O fruto será como alimento e a folha como remédio, lembrando-nos novamente da árvore da vida florescendo na cidade celestial. Conforme as águas fluem, elas carregam virtudes curativas. Onde a verdade e a luz de Deus tocam a alma, elas carregam um resultado curativo e abençoado, mas aqui, até mesmo seu efeito material será a vida e a cura.


O Mar Morto

O Mar Morto, que tem sido a testemunha de Deus para a Sua aversão ao pecado (pois se acredita que as cidades culpadas da planície – Sodoma e Gomorra – estão afundadas em suas profundezas) serão curadas. No momento, nenhum peixe pode viver em suas águas super salgadas; nenhum pássaro sobrevoa sua triste desolação. Naquele dia “será que toda criatura vivente que vier por onde quer que entrarem esses dois ribeiros viverá, e haverá muitíssimo peixe; porque lá chegarão essas águas [do mar] e sararão, e viverá tudo por onde quer que entrar esse ribeiro. Será também que os pescadores estarão junto dele; desde En-Gedi até En-Eglaim, haverá lugar para estender as redes; o seu peixe, segundo a sua espécie, será como o peixe do mar Grande, em multidão excessiva” (Ez 47:9-10). (Note que a expressão “dois ribeiros” refere-se às duas correntes que fluirão para o leste e para o oeste a partir da cidade santa).


As águas vivas de Jerusalém

Este maravilhoso rio evidentemente inicia-se no templo e flui em crescente volume para o sul, através da parte da terra designada para os sacerdotes. Que isso fluirá através de Jerusalém é provado por Zacarias 14:8 – “Naquele dia, também acontecerá que correrão de Jerusalém águas vivas, metade delas para o mar oriental (o Mar Morto), e metade delas até ao mar ocidental (o Mar Mediterrâneo); no estio (verão) e no inverno, sucederá isso”.


Deixando Jerusalém, o ribeiro se divide em dois, correndo para o leste no Mar Morto (não sendo mais o Mar Morto) e para o oeste, no Mediterrâneo. Mas mesmo no Milênio, a terra não ficará sem algum testemunho da aversão de Deus ao pecado. Ainda falando do Mar Morto, lemos: “Mas os seus charcos e os seus lamaceiros não sararão; serão deixados para sal” (Ez 47:11). Isso ser necessário, mesmo no Milênio, é uma evidência de que, enquanto a justiça reinar naquele dia, o pecado ainda não estará totalmente expurgado deste mundo. Não será até que os julgamentos finais sejam executados para que o pleno efeito do pronunciamento de João Batista seja visto: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29). Somente nesse dia eterno haverá “novos céus e nova Terra, em que habita a justiça” (2 Pe 3:13).


A. J. Pollock (adaptado)

 

Restauração a Comunhão


A bezerra ruiva

Em Números 19, aprendemos o excessivo zelo do Senhor contra o pecado, não no sentido de culpa, mas de contaminação. Isto Ele mede pelo Seu santuário. Temos parte com isso e nada impuro pode ser permitido. Uma vez que somos verdadeiramente salvos, “o todo está limpo” (Jo 13:10), mas a lavagem dos pés é necessária. Nós pertencemos ao santuário e ainda estamos no mundo, embora não sejamos do mundo (Jo 15:19; 17:14); precisamos ter uma correta estimativa de ambos. Mesmo se apenas tocarmos um pouco no mal, um remédio é necessário. Ainda assim, o remédio não é para a questão de justificação, mas da comunhão. O pecado impede a comunhão – impede minha entrada ousada no Santo dos Santos. Como é que isso é possível? O sangue da novilha imaculada, representando a Cristo que não conhecia pecado e Aquele não podia ser subjugado por ele, foi aspergido diante do tabernáculo sete vezes; isto é, diante do lugar da comunhão, não da expiação. A oferta pelo pecado foi queimada fora do arraial, mas o sangue da bezerra ruiva foi aspergido sete vezes onde nos encontramos com Deus em comunhão. Isso marca a plena eficácia do sangue de Cristo quando eu me encontro com Deus. O corpo foi reduzido a cinzas, como Cristo foi julgado e condenado pelo que fui capaz de ser descuidado; mas Deus não é descuidado, e me faria sensível ao pecado. Cristo teve que sofrer por isso, e isso se foi; mas a visão do Seu sofrimento me mostra o horror dele.


Contaminação

Quando alguém se contaminou, lemos: “Para um imundo, pois, tomarão do pó da queima da expiação e sobre ele porão água viva num vaso. E um homem limpo tomará hissopo, e o molhará naquela água, e a espargirá sobre... as almas” (Nm 19:17-18). A água aqui fala da Palavra de Deus, aplicada pelo Espírito, não para dar nova vida, mas para restaurar a comunhão. Nos termos do Novo Testamento, é “a lavagem da água, pela Palavra” (Ef 5:26).


Deus tem um olhar que discerne os pensamentos e intenções do coração, e Ele quer que possamos discernir também, e sem isso não pode haver comunhão. Mas não voltamos à comunhão tão depressa quanto saímos dela. Sete dias decorreram na figura antes que houvesse restauração completa. O Espírito toma e aplica as cinzas na água da purificação (isto é, a lembrança da agonia de Cristo e o que a ocasionou), e nos faz sentir o horror do pecado de maneira prática.


Quando olho para o meu pecado com horror, mesmo no sentido da graça que o encontrou, é um sentimento correto, mas isso não é comunhão, é um julgamento santo do pecado na presença da graça. Assim, houve uma segunda aspersão, não no terceiro dia, mas no sétimo, e após isso há comunhão com Deus. Nós vemos que a perfeita graça por si só mantém o senso de perfeita santidade. O resultado, no final, é que aumentamos no conhecimento de Deus, tanto quanto à santidade e o amor. Provavelmente estivemos fora da comunhão antes de pecarmos, ou não teríamos cedido. Como eu vim a cair? Por causa do descuido que me deixou fora da presença de Deus, e me expôs ao mal de fora e de dentro.


J. N. Darby (adaptado)

 

Rio de Misericórdia


Louvai, louvai vós o nome de Jeová nosso Deus;

Proclamai, oh, proclamai vós, Suas glórias largamente;

Proclamai Sua misericórdia de nação em nação,

Até que as ilhas mais distantes tenham ouvido Sua salvação

Pois Seu amor flui, livre e cheio como um rio,

E Sua misericórdia dura para todo o sempre.


Louvai, louvai ao Cordeiro que pelos pecadores foi morto,

Quem desceu à sepultura e subiu novamente;

E Quem logo voltará, quando esses dias sombrios terminarem,

Para estabelecer Seu reino em glória e poder;

Pois Seu amor flui, livre e cheio como um rio,

E Sua misericórdia dura para todo o sempre.


Então os céus, a Terra e o mar se regozijarão;

O campo e a floresta erguerão a alegre voz;

As areias do deserto florescerão verdejantes,

E a glória do Líbano será derramada sobre a cena;

Pois Seu amor flui, livre e cheio como um rio,

E Sua misericórdia dura para todo o sempre.


O traje nupcial dela e sua vestimenta festiva,

Toda a natureza se vestirá naquele dia glorioso;

Pois seu Rei desce para reinar com Seu povo,

E Sua presença a abençoará com o Éden novamente;

Pois Seu amor flui, livre e cheio como um rio,

E Sua misericórdia dura para todo o sempre.


Things New and Old

 

“A água que Eu lhe der se fará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna”

João 4:14

 

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