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Revista mensal publicada originalmente em maio/2008 pela Bible Truth Publishers
ÍNDICE
Tema da edição
W. J. Prost
J. N. Darby
Girldle of Truth, 1:232, adaptado
J. N. Darby
H. C. Anstey (adaptado)
J. A. Trench (adaptado)
H. H. Snell (adaptado)
C. H. Mackintosh, adaptado
C. H. Mackintosh, adaptado
W. W. Fereday
J. N. Darby
P. A. Humphreys, Christian Friend, 13:33
P. A. Humphreys, Christian Friend
J. N. Darby, Hinário Little Flock, Hino 270
Nossa Comunhão: O que é isso?
O dicionário Webster define “comunhão” como “um conjunto de interesse, atividade, sentimento ou experiência em comum”. A definição me faz pensar imediatamente no apóstolo Paulo. Seu desejo por comunhão com o Senhor Jesus era tão forte que ele queria passar pela morte, se compartilhar essa experiência o capacitasse a conhecer melhor o Senhor Jesus.
Deus nos criou a fim de que Ele pudesse ter criaturas para amar. Mas não ficou por aí. Ele queria uma criatura com a qual Ele pudesse ter comunhão, então Ele nos fez à Sua semelhança e Ele descia pela viração do dia para visitá-los. O pecado havia destruído a comunhão. Mas isso não mudou Seu coração. Ele enviou Seu Filho para realizar a obra necessária para nos reconciliar a Ele para que a comunhão pudesse ser restaurada e mantida num vínculo de paz.
O Filho tornou-Se Homem para fazer a paz pelo sangue da Sua cruz, e permanece Homem para que Deus e o homem permaneçam juntos para sempre no mais próximo laço de comunhão – para que Deus possa “habitar” com os homens.
Por sua vez, Deus chamou o homem de sua condição perdida em um mundo que não conhece Deus para a comunhão de Seu Filho e, como a assembleia de Deus, para desfrutar e caminhar juntos em seu interesse comum em Cristo e em Sua glória. Como Ele e o Pai são um, assim o Filho deseja “que todos sejam um, como Tu, ó Pai, o és em Mim, e Eu, em Ti; que também eles sejam um em Nós”.
Tema da edição
Comunhão
Sempre foi o desejo de Deus ter comunhão com Sua criatura. Como alguém observou com propriedade: “Deus é suficiente para Si mesmo em tudo, exceto em Seu amor; Ele deve ter objetos para amar”. Sem dúvida, é por isso que, depois de criar os reinos vegetal e animal, Deus disse: “Façamos o homem à Nossa imagem, conforme a Nossa semelhança” (Gn 1:26). Mais do que isso, é evidente que Deus desceu para desfrutar de comunhão com Sua criatura, pois está registrado que depois que eles pecaram, Adão e Eva “ouviram a voz do SENHOR Deus, que passeava no jardim pela viração do dia” (Gn 3:8).
O pecado interrompe a comunhão
Sabemos bem como o pecado do homem interrompeu essa feliz comunhão de Deus com Sua criatura e que, em consequência, ele foi expulso do jardim do Éden depois disso. No entanto, sabemos que muito antes do pecado entrar neste mundo, Deus já havia planejado o remédio para isso, não apenas para trazer o homem de volta à comunhão com Ele mesmo, mas para abençoá-lo muito mais do que se o pecado nunca tivesse entrado neste mundo. Antes de serem expulsos do jardim, Deus anunciou a eles a maravilhosa notícia de que a semente da mulher feriria a cabeça da serpente, sem dúvida referindo-se à vitória final de Cristo sobre Satanás.
Na história que se seguiu do homem, no Velho Testamento, havia comunhão com Deus e vários indivíduos a desfrutaram, em graus variados, embora não fosse característico do homem em geral durante esse período. Homens como Abraão, Moisés, Davi e muitos dos profetas desfrutavam de um íntimo relacionamento com o Senhor. De fato, está registrado que “nunca mais se levantou em Israel profeta algum como Moisés, a quem o SENHOR conhecera face a face” (Dt 34:10). No entanto, as pessoas comuns não foram capazes de acessar a presença de Deus de tal maneira, e assim é registrado que durante esse tempo, Deus disse: “O SENHOR disse que habitaria nas trevas” (1 Rs 8:12). Alguns indivíduos se levantaram acima de sua época e desfrutaram, em alguma medida, de uma íntima comunhão com Deus, mas Deus ainda não havia Se revelado em Sua plena glória e caráter.
Reconciliação
Quando chegamos ao Novo Testamento, encontramos Deus enviando Seu Filho ao mundo, e João Batista pôde dizer: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29). Foi o pecado que interrompeu a comunhão de Deus com o homem, e a obra de Cristo acabaria banindo o pecado de todo o universo. Isso não acontecerá de modo prático até o período conhecido como o estado eterno, mas a obra de Cristo já forneceu a base para que isso aconteça. Isso é mostrado em Colossenses 1:20: “Havendo por Ele feito a paz pelo sangue da Sua cruz, por meio d’Ele reconciliasse Consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na Terra como as que estão nos céus”. Entretanto, o próximo versículo nos mostra que não precisamos esperar que isso aconteça, mas podemos desfrutar da presença de Deus e ter comunhão com Ele agora: “A vós também, que noutro tempo éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora, contudo, vos reconciliou” (Cl 1:21). O crente no Senhor Jesus está agora reconciliado a Deus – trazido de volta à comunhão com Ele, uma comunhão que foi perdida quando o homem pecou.
A comunhão na qual somos levados é muito mais do que aquela que Adão e Eva perderam, pois enquanto desfrutavam da presença de Deus na viração do dia, podemos dizer que “a nossa comunhão é com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo” (1 Jo 1:3). Nosso lugar é de uma proximidade muito maior do que Adão desfrutou, pois não apenas temos uma nova vida em Cristo, mas temos o Espírito de Deus habitando em nós, nos dando o gozo de Cristo por meio dessa nova vida. De todo modo, o crente hoje é trazido para mais perto de Deus do que ele poderia ter sido trazido, mesmo se o pecado nunca tivesse entrado neste mundo.
Separação do mundo
Esta comunhão maravilhosa necessariamente separa o crente do mundo. Antes da vinda do Senhor Jesus ao mundo, o homem não era tão responsável como ele é agora, e não havia a mesma diferenciação entre o mundo e aqueles que seguiam o Senhor. É verdade que a separação de outras nações foi imposta a Israel, mas eles acabaram provando que não eram moralmente melhores. Em conexão com a Sua vinda ao mundo, o Senhor Jesus pôde dizer: “Cuidais vós que vim trazer paz à Terra? Não, vos digo, mas, antes, dissensão [divisão – ARA]” (Lc 12:51). Sua vinda causou uma separação irrevogável entre aqueles que O aceitaram e aqueles que O rejeitaram. A ruptura com o mundo foi completa, pois aqueles que têm a nova vida em Cristo não têm um terreno moral comum com este mundo, a menos que voltem ao nível do que eram antes de serem salvos. Mas a nova vida é caracterizada pelo desejo de agradar a Deus, enquanto o velho eu pecaminoso só pode fazer o mal. Assim, o crente, se andar com o Senhor, não pode ter comunhão com o mundo. Ele não deve sair do mundo, mas estando no mundo, ele não é do mundo. Ele é enviado de volta ao mundo como uma testemunha viva da graça que o salvou, mas ele não pode ter comunhão com ele.
Nova vida
Já vimos que a comunhão do crente é “com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo”. No entanto, também lemos que “todo aquele que ama ao que O gerou também ama ao que d’Ele é nascido” (1 Jo 5:1). O crente tem uma nova vida que responde ao amor de Deus e, por isso, também responde a outros crentes. Todos os que “andam na luz” (1 Jo 1:7) fazem parte dessa comunhão, pois todo verdadeiro crente está na luz. Assim, o crente tem o maravilhoso privilégio, não somente de ter comunhão com Deus, mas de ter comunhão com outros crentes, pois eles também são filhos de Deus.
Confissão – Perdão
A palavra “comunhão” significa simplesmente “ter pensamentos em comum”, e é porque temos pensamentos em comum com Deus e uns com os outros que podemos ter comunhão juntos. Entretanto, sabemos bem que essa comunhão pode ser interrompida pelo pecado em nossa vida. Quando pecamos, o Espírito de Deus deve nos ocupar com o pecado até o julgarmos, e assim Ele não pode nos ocupar com Cristo. Nossa comunhão não é restaurada até que tenhamos tratado com o pecado, confessando-o. Então, Deus age em perdão e desfrutamos da comunhão novamente.
A unidade do Espírito
Da mesma forma, nossa comunhão com outros crentes pode ser interrompida, pois o pecado conhecido em nossa vida fará com que outros crentes piedosos nos evitem, até que tenhamos tratado com o pecado. Da mesma forma, a comunhão é baseada no que a Escritura chama de “a unidade do Espírito” (Ef 4:3), e é somente na medida em que caminhamos nessa unidade que temos verdadeira comunhão, seja com Deus ou com outros irmãos crentes. Um crente pode ter comunhão com outro crente apenas na medida em que ambos caminham nesta unidade; assim tal comunhão pode ser em maior ou menor grau. Se um crente possui ou ensina má doutrina quanto à Pessoa e obra de Cristo ou se há pecado moral grave em sua vida, teríamos que recusar ter comunhão com ele até que esse pecado seja confessado e tratado.
Está chegando o dia em que todo impedimento será removido, e a comunhão plena existirá, não somente com o próprio Deus, mas com todos os irmãos da fé. Naquele dia, todos os impedimentos exteriores do mundo e Satanás desaparecerão, e nosso ego pecaminoso também desaparecerá. Nós seremos perfeitamente semelhantes a Cristo, e nas palavras do hino: “Habitaremos com o Amado de Deus, pelo dia eterno de Deus” (Hinário Little Flock, nº 48).
W. J. Prost
Comunhão e Consciência
Para ter comunhão, deve haver paz perfeita em relação à consciência. Não há comunhão na consciência. Eu estou sozinho quanto à minha consciência e você também. Para ter comunhão, devo ter muito mais que consciência, embora uma consciência perfeitamente purificada seja a base da comunhão. Devemos saber que Deus resolveu toda a questão do pecado.
J. N. Darby
Comunhão com o Pai e com o Filho
Em todas as Suas ações em graça, o grande propósito de Deus é nos levar à comunhão com Ele mesmo. “A nossa comunhão é com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo”. Assim, temos o pleno conhecimento de Deus, até onde se pode saber, em plena comunhão Consigo mesmo. Esse conhecimento e comunhão não decorrem da criação, isto é, não apenas como sendo Suas criaturas, mas estão em “união”. Somos feitos participantes do Espírito Santo para que haja poder; “estamos n’Ele, e Ele em nós”. Não pode haver nada mais íntimo.
Conhecimento ou ciência não tem nada a ver com isso, pois se é a mente humana trabalhando nas coisas de Deus, é apenas “os conselhos e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus”. Os recém-convertidos em Cristo possuem essas coisas; eles não têm que procurar por elas, pois eles estão na posse delas, embora, é claro, eles tenham que crescer no conhecimento delas. O mero conhecimento é insuficiente, mas sendo humilhado, o Espírito de Deus pode agir sobre a alma e dar conhecimento em comunhão com Deus.
A epístola de João
Embora a epístola de João seja muito abstrata, ainda assim é abstrata sobre as coisas que o mais frágil dos santos em Cristo conhece. Deus é trazido à nossa natureza, pois Deus pode descer a nós em nossa fraqueza, em Cristo. João fala da natureza do próprio Deus. O propósito e objetivo de Deus é nos levar à plena comunhão com Ele mesmo. Há três coisas que eu notaria aqui:
Primeiro, há a obra de Deus pela qual podemos estar em Sua presença perfeitamente livres de qualquer questão de pecado, para que possamos desfrutar de tudo o que Deus é.
Segundo, há a justificação pela fé e aceitação no Amado – a perfeita purificação da consciência, sabendo que somos aceitos para poder estar diante d’Ele em perfeita paz.
Em terceiro lugar, há o novo nascimento. Deve haver uma nova natureza capaz de ter afeições para com Deus. Um órfão, que nunca conheceu seus pais, tem a afeição de um filho e é capaz de amar um pai e é frequentemente muito infeliz porque não tem nenhum objetivo para quem essas afeições possam fluir naturalmente. Portanto, a capacidade de amar a Deus é aquela que obtemos sendo participantes da natureza divina. O Espírito Santo nos dá competência para desfrutar dessas coisas. Temos a unção do Santo, nos permitindo desfrutar do que Deus nos deu.
Vasos da Sua plenitude
Lembre-se, recebemos a vida da maneira mais humilde e simples. Aquele que veio ao mundo para salvar os pecadores, Ele nos fez vasos da Sua plenitude. Assim, temos comunhão com o Pai e com o Filho e nós manifestamos isso. “Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com Seu Filho, Jesus Cristo”. O efeito é que temos o Pai e o Filho, e não nos falta nada. Eu tenho o Pai e o Filho. Eu posso ter mais para aprender. Se um homem está no oceano, pode haver muito a descobrir a respeito dele, mas ele não precisa chegar lá; ele está lá. Assim sou eu na verdade. Tenho muito a aprender, mas estou no Pai e no Filho, e estou na verdade. Se eu estou nela eu não preciso procurá-la. Eu tenho o Deus eterno em Quem eu habito – eu vim para o Pai.
Quando há uma consciência disso, oh, que conforto! Que paz! Isso não apenas nos protege dos males exteriores, mas também nos dá descanso espiritual. “Estas coisas vos escrevemos, para que o vosso gozo se cumpra”. Este é o lugar para onde Deus traz o santo quando há humildade. E se não houver humildade, nós tropeçaremos. Quando perdemos o sentido da presença de Deus (digo o sentido dela, porque, na verdade, estamos sempre em Sua presença), estamos a ponto de pecar. Meu caráter natural, ou a carne, se mostrará se eu estiver fora de Sua presença. Existe algo como a consciente morada do santo na presença de Deus sem medo. Se há alguma coisa entre mim e Deus, minha consciência estará em ação, mas quando o Espírito não está entristecido, a alma está na presença de Deus para regozijo – aprendendo santidade, é verdade, mas em gozo, porque estamos ocupados com a comunhão, em vez de estarmos ocupados com a detecção, e isso é algo ótimo. Existe tal coisa como estar em Sua presença em perfeito gozo e sem que a consciência tenha que ser exercitada. “Deixo-vos a paz, a Minha paz vos dou”. Isto era a plena paz de coração com Deus. Cristo foi divinamente perfeito – todas as Suas afeições estavam sempre em sintonia com Deus. Agora, por meio da graça e poder de Deus, podemos ser levados a isso. Cristo tendo sido revelado à alma, o mundo é expulso e Cristo é tudo, e há perfeito gozo. Muitas vezes, isso é nossa experiência depois da conversão, mas depois o amor a Cristo se torna menos fervoroso – o mundo se infiltra pouco a pouco e temos menos gozo.
A posição Cristã
Há três coisas nesses versículos de 1 João 1 que caracterizam um Cristão.
Primeiro, ele está na luz como Deus está na luz. Ora, Deus disse a Israel que Ele “habitaria nas trevas”, e no Sinai Ele disse a eles que se afastassem. Havia muita bondade ali, mas Ele estava em Sua tenda de trevas, e não era visto. Deus agiu em relação a Israel, mas não Se mostrou. Agora o véu é rasgado de alto a baixo e tudo é luz. Deus é agora manifestamente revelado, e aquele que vem através do véu rasgado permanece na luz da santidade de Deus, pureza perfeita em si mesma. A luz mostra tudo que não é puro.
Em segundo lugar, há “comunhão uns com os outros”. Estamos lá juntos e todos temos comunhão pelo mesmo Espírito Santo que habita em nós.
Terceiro, podemos estar ali porque “o sangue de Jesus Cristo... nos purifica de todo pecado”. Quanto mais profundamente estivermos na luz, mais ela mostra que não há mancha em nós por causa desse sangue. Isto não poderia ser dito de um Judeu no Velho Testamento, mas agora a justiça de Deus é estabelecida e nós somos trazidos para a luz como Ele está na luz. Isto nos dá gozo.
Se nosso coração for verdadeiro, nos alegraremos com a luz que detecta quaisquer trevas em nós. “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos. E vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno”. Nós não queremos escapar da luz, e sim, sermos sondados por ela – não com a pretensão de que não temos pecado, mas com a consciência de que o sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo pecado, porque o efeito de estar na luz é que confessamos nossos pecados. Há duas coisas aqui, a confissão e o amor.
O vínculo da comunhão
O poder das afeições da nova natureza forma um elo de comunhão com Deus e, somente à medida que nos mantemos na luz, conheceremos o desfrute prático disso. Devemos estar na luz para que os maus pensamentos possam ser excluídos, para que possamos ter comunhão com Deus. Em muitas coisas, em nosso relacionamento com os outros ou com o mundo, o “eu” entra e não é julgado por nós. Existe uma consciência prática no Cristão de que ele não pode continuar sem Deus, então ele se julga, espera e confessa, confiando em Deus, e assim seu coração é mantido calmo e em paz.
Há duas coisas importantes: a manifestação da vida eterna que nos foi anunciada e, segundo, somos participantes dela – temos comunhão com o Pai e o Filho. Ele nos comunicou essa natureza para que possamos nos deleitar em Sua comunhão.
Que o Senhor nos conceda que nos conservemos no amor de Deus – em Sua presença, na luz, detectando tudo o que não é d’Ele, julgando essas coisas e, assim, desfrutar de Seu amor.
Girldle of Truth, 1:232, adaptado
A Intimidade da Comunhão
A alma deveria se aproximar de Deus de uma maneira muito mais íntima do que faria com qualquer outra pessoa. A comunhão com os santos é preciosa, mas devo ter comunhão íntima com Deus acima de tudo, e a comunhão dos santos fluirá da comunhão com Deus. Então a alma, entrando neste maravilhoso lugar de comunhão com Deus, toma Sua semelhança. “Mas nós todos, olhando para a glória do Senhor, com o rosto desvendado, somos transformados na mesma imagem de glória em glória, assim como pelo Senhor, o Espírito” (2 Co 3:18 – JND). Embora haja dependência em Deus aprendida por necessidade, ainda há uma coisa mais profunda, uma formação da alma à imagem de Deus ao se aproximar d’Ele, encontrando seu deleite n’Ele.
J. N. Darby
Nossa Comunhão
As palavras “nossa comunhão” são encontradas em 1 João, mas como foram usadas por alguns com um significado muito diferente daquele que o Espírito de Deus lhes dá ali, gostaria de dizer uma palavra sobre o assunto.
A base da comunhão entre os homens deste mundo é extremamente simples. É porque o mundo “ama o que é seu” e “como na água o rosto corresponde ao rosto, assim o coração do homem ao homem” (Pv 27:19).
Mas existe outra comunhão mencionada por João que é igualmente simples. A Escritura nos dá o verdadeiro testemunho quanto a essa outra comunhão, como também dá da primeira, mas a luz do Espírito é necessária para entender ambas.
A origem da comunhão
A origem e a base presente da comunhão que é segundo Deus é encontrada no próprio Deus – daí sua estabilidade. Deus Se agradou plenamente de Se revelar completamente no Cristianismo. O Cristianismo tirou a posição do Judaísmo na Terra, onde Ele não pôde ser totalmente conhecido, visto que não havia Se revelado nele. Agora Ele Se revelou ao homem. O homem que não conhece a Deus precisa ser trazido para a comunhão, porque fora dela é a esfera onde Deus não é conhecido. Isto nos é apresentado mais claramente na Primeira Epístola de João, que é a epístola da comunhão. É a epístola da comunhão porque insiste no fato de que Deus quer ter participantes agora em Seu próprio gozo e naquilo que Lhe convém, e isto também fora de tudo o que há neste mundo. Fora dessa comunhão é “o mundo”; toda a cena moral que se opõe a Deus. “Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo” (1 Jo 2:16). É muito importante manter isso distinto. “E sabemos que já o Filho de Deus é vindo” – isso é conhecimento Cristão. Tendo falado em tempos passados aos pais pelos profetas, Ele nos últimos dias nos falou “na Pessoa do Filho” (JND).
A base e a constituição da comunhão estão no próprio Deus. Há progresso no entendimento do que ela é por aqueles que são trazidos à ela. Há nela filhinhos, jovens e pais, mas todos eles são trazidos a ela (e de uma vez por todas) pela única recepção da verdade do evangelho. Deus é dado a conhecer, e pela comunhão, sendo assim introduzida, eles crescem no conhecimento de Deus.
A epístola da comunhão
A primeira epístola de João é a “epístola da comunhão”. Observe alguns pontos que deixam isso claro. O Espírito no evangelho leva os homens a Cristo, e Cristo é o Revelador e o Condutor ao Pai. Creio que é assim que Deus é conhecido e que somos levados a essa comunhão.
João escreve sua epístola para que tenhamos comunhão com ele, e essa comunhão dos apóstolos era “com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo”. O que obtemos, então, nesta comunhão?
O Pai e o Filho são conhecidos no poder do Espírito. “E vós tendes a unção do Santo e sabeis tudo”.
A luz entra e é apreciada, em contraste com as trevas morais que existem ao nosso redor.
A justiça é praticada no meio de uma cena de injustiça (cap. 2:29-3:12).
O amor, a manifestação da natureza de Deus, é desfrutado e apreciado (cap. 3:14-5:3).
Finalmente, essa comunhão na Terra é onde a vida eterna é conhecida e desfrutada (cap. 5:6 até o final da epístola).
Eu adiciono uma palavra a mais. A comunhão que existe entre os homens no mundo é plenamente reconhecida pelo apóstolo. “Todo o mundo está no maligno”. João escreveu suas epístolas depois das de Paulo, e ele tem em vista a comunhão que entrou no que chamamos de Cristandade, e que nenhum colapso da Igreja (como definido aqui em responsabilidade) pode tocar. Paulo nos dá, em 2 Timóteo 2, a maneira pela qual o colapso é enfrentado por indivíduos, que, não obstante, permanecem no bem do que João apresenta mais tarde como a comunhão que existiu no “princípio”.
A Segunda Epístola de João é escrita para advertir os santos sobre aqueles com quem eles não devem ter comunhão e a Terceira foi escrito para exortá-los quanto àqueles com quem eles devem ter comunhão.
Eu não conheço qualquer porção da Palavra tão ocupada com a questão do que eu posso chamar de comunhão divina, e com o que pertence e é encontrado nela, como as três epístolas de João. Deus é visto lá vindo para estabelecer o que Lhe convém. Ele é o Originador disso na revelação de Si mesmo em Cristo. Ele forma uma esfera para o homem, que se adapta a Si mesmo, e duas coisas caracterizam essa esfera. É exclusivo de todos e de tudo o que é contrário Àquele que é revelado nela; é inclusivo de tudo que é nascido d’Ele, e de tudo, portanto, neste mundo que é agradável a Ele. É uma condição de bênção para a Terra com Deus como seu centro, onde tudo está em conformidade moral com Aquele de Quem tudo deriva. Sendo os apóstolos os primeiros a entrarem nela, eles a tornam conhecida. Assim, ela é chamada de “nossa comunhão”.
Que o Senhor nos conduza para a realidade desta santa comunhão à qual somos chamados que, como santos, podemos ser de ajuda uns para os outros.
H. C. Anstey (adaptado)
A Comunhão de Seu Filho
Esta é uma realidade muito abençoada, quando vista em seu verdadeiro caráter. A graça nos concedeu isso, mesmo aqui embaixo, e nós temos o poder e as condições necessárias para o seu desfrute. Vejamos o que define esta comunhão em seu plano mais elevado. “Mas, se andarmos na luz... temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1 Jo 1:7). É uma declaração maravilhosa da posição Cristã. Devemos sempre ter em mente que nos escritos de João, a luz é Deus totalmente revelado e conhecido, enquanto trevas é Deus desconhecido.
Capacidade
Caminhamos, então, na clara luz dessa revelação maravilhosa, e temos comunhão com todos os nossos companheiros irmãos, desfrutando da mesma luz e participando da mesma vida e natureza d’Aquele que é luz. Isso nos dá capacidade para tal comunhão. E então, a base de toda a posição é exposta na terceira parte que declara o valor infinito do sangue de Jesus – “nos purifica de todo pecado”, de modo que, embora “noutro tempo, éreis trevas”, agora são justamente introduzidos nessa posição.
Poder
O poder para desfrutar dessa comunhão é o Espírito de Deus, dado para habitar em nós. Portanto, 2 Coríntios termina com as palavras: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com vós todos”. E Filipenses 2:2 nos faz ver a prática disso na caminhada dos santos, como o apóstolo se refere com tanta atenção a ela em seu apelo: “Portanto, se há algum conforto em Cristo, se alguma consolação de amor, se alguma comunhão no Espírito... completai o meu gozo, para que sintais o mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa”. Este é o efeito normal do poder do Espírito, onde Ele não está entristecido em nós. Ele produz essa unidade entre os Cristãos, onde o “eu” não pode ter lugar.
Privilégio
Será útil também olhar para essa comunhão à luz do chamado de Deus. Encontramos no prefácio da primeira epístola aos santos coríntios. “Fiel é Deus” – ele não podia dizer que eles eram fiéis, como sabemos muito bem pelo resto da epístola. Mas isso não impede o apóstolo de lançá-los sobre a fidelidade de Deus – “pelo Qual fostes chamados para a comunhão de Seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor”. Aqui, novamente, a achamos colocada mais alta do que se limitássemos nossos pensamentos a respeito dela como “a comunhão dos santos”. É a comunhão do Filho de Deus que é o maravilhoso privilégio daqueles que possuem a vida eterna e que a encontramos em 1 João 1:14. Essa comunhão com o Pai e com Seu Filho, Jesus Cristo, é individual e verdadeira para cada filho de Deus, se não houvesse outra comunhão para se entrar na Terra. E o objetivo expresso da epístola de João era que pudéssemos ser trazidos para o que inicialmente tinha sido o privilégio dos discípulos, que tinham ouvido e visto a Palavra da Vida quando manifestada no mundo. Mas em Coríntios é o privilégio da assembleia de Deus como tal. O Filho de Deus tem essa comunhão d’Ele, na Terra, e todos os Cristãos são chamados a ela.
Separação
As condições para desfrutar dela serão encontradas em 2 Coríntios 6, onde somos ordenados a não nos colocarmos debaixo de um julgo desigual com os incrédulos. Deve haver separação do mundo. “Porque que sociedade [participação (JND) como é a palavra aqui] tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos?... Pelo que saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e Eu vos receberei; e Eu serei para vós Pai, e vós sereis para Mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-poderoso” (2 Co 6:14-18).
Assim, vemos o quão real é a comunhão dos santos. Nada do que é da carne entra nela. É caracterizada pela natureza da vida divina que possuímos em Cristo e só pode ser conhecida e desfrutada no poder do Espírito e na separação do mundo.
J. A. Trench (adaptado)
A Comunhão da Igreja
Ao olhar para o assunto da comunhão, não há pensamento de ir além da verdade da responsabilidade individual do crente para com o Senhor, que tantas vezes é trazida diante de nós na Escritura. Pelo contrário, não pode haver dúvida de que a verdadeira comunhão no Espírito flui da dependência pessoal no Senhor e percepção da obrigação em relação às Suas reivindicações.
O princípio
É interessante observar que quando o Espírito Santo desceu no dia de Pentecostes, um novo e distinto caráter de coisas foi produzido. Entre outros, lemos que os santos estavam em “comunhão”. Isso não era conhecido antes, porque a redenção não havia sido realizada. No Pentecostes, os crentes foram batizados em “um só corpo”. As pessoas na Terra eram assim, pelo dom e a habitação do Espírito Santo, unidas a uma Cabeça no céu formando um só corpo. Cristo não Se envergonhou de chamá-los de “irmãos”. Agora eles estavam, pelo Espírito Santo, unidos a Cristo e uns aos outros, em uma unidade divinamente formada. Todos eram participantes da vida ressurreta em Cristo, redimidos pelo mesmo sangue e formados em um só corpo por um só Espírito. Havia agora uma base e um poder pelo qual os santos poderiam agir juntos e caminhar em comunhão, como nunca poderia ter sido conhecido antes. Por isso, lemos que os crentes “perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão” (At 2:42). Isso não significa que sua responsabilidade individual para com o Senhor foi diminuída, pois, quando Paulo se dirigiu aos anciãos em Éfeso, ele os admoestou a “Olhai, pois, por vós” antes de dizer a eles que deveriam cuidar dos outros.
Temos comunhão Cristã como resultado da redenção feita por nosso Senhor Jesus Cristo, por meio do dom da vida eterna e da habitação do Espírito Santo e sendo feitos membros de um só corpo. Suas atividades são espirituais. A comunhão é livre e irrestrita em sua operação, mas não dá licença para leviandade ou orgulho. É algo sério e não dá ocasião para a carne. É uma obra divina realizada.
Todo crente é, por graça, chamado por Deus para esta comunhão. “Fiel é Deus, pelo Qual fostes chamados para a comunhão de Seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor” (1 Co 1:9). Relações amistosas e associações, mesmo entre Cristãos, que se comportam aquém desse chamado, devem ser mantidas a distância. É fácil ter uma comunhão de pessoas conectadas por diferentes motivos e objetivos, que vem de interesses benevolentes ou filantrópicos comuns.
Expressando a comunhão
À mesa do Senhor, a comunhão é particularmente expressa. A cruz traz diante de nós o fundamento da comunhão. Por isso que o sangue de Cristo é mencionado primeiro e depois o corpo de Cristo neste capítulo (1 Co 10:16-21). O sangue é a base dessa ordem divina de comunhão e é desfrutada por aqueles que conhecem o poder pacificador do sangue, que foi derramado por muitos para a remissão de pecados. Portanto lemos: “Porventura, o cálice de bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo?” Isto é comunhão: “[Nós] abençoamos”. Embora nossas histórias possam ser todas diferentes, todos nós éramos pecadores, todos precisávamos de expiação e agora, pela obra consumada de Cristo, todos são colocados no mesmo terreno para adorar e apresentar ações de graças a Deus. Nós agradecemos a Ele juntos, adoramos a Deus no Espírito e nos regozijamos em Cristo Jesus. Os fracos e os fortes na fé, os mais velhos e os mais jovens, encontram aqui um terreno comum de comunhão e louvor.
Pelo único pão na mesa, o caráter da nossa comunhão é estabelecido. É a participação no único corpo. É diferente de tudo que precedeu a Igreja ou que seguirá depois dela, pois há apenas “um corpo”. Ao partir e comer o mesmo pão, expressamos nossa comunhão ou participação conjunta n’Ele: “O pão que partimos não é, porventura, a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, sendo muitos, somos um só pão e um só corpo; porque todos participamos do mesmo pão” (vs. 16-17). Assim, toda vez que nos assentamos à mesa do Senhor e nos lembramos d’Ele, expressamos tanto a base quanto o caráter de uma comunhão divinamente formada, baseada em uma redenção realizada. O princípio da independência é a negação disso e resulta quando as pessoas se unem em alguma outra base que não seja o reconhecimento prático do corpo e do Espírito.
A unidade do Espírito Santo
Nós não somos chamados a criar uma unidade, mas a manter na prática o que Deus tem formado. Devemos nos esforçar para manter a unidade do Espírito no vínculo da paz, com toda humildade e mansidão, suportando uns aos outros em amor (Efésios 4:24). Nada menos do que isso poderia satisfazer o coração do apóstolo, porque ele estava certo de que era o caminho pelo qual o Espírito de Deus estava trabalhando.
Embora a verdade de nossa responsabilidade individual para com o Senhor nunca será mantida com a firmeza necessária, nada pode ser mais contrário à mente do Senhor do que andar de maneira independente. Ou seja, se opor à preservação da unidade do Espírito e ignorar a ação prática do um só corpo e de um só Espírito. Independência é a recusa da comunhão dos santos que é produzida pelo Espírito Santo.
Nem a ruína da Igreja, vista em seu lugar de responsabilidade na Terra com suas divisões quase infinitas, pode ser justificadamente argumentada como uma razão para agir com base no princípio do isolamento, muito menos para a formação de associações humanas não de acordo com a mente do Senhor. Deus nos deu o Espírito Santo e revelou em Sua Palavra que Ele formou a unidade de todos os crentes em Cristo. “Em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo” (ARA). Esta unidade é tão verdadeira como sempre foi para todos os membros do corpo de Cristo, diante dos olhos de Deus, porém, quanto à sua manifestação diante dos homens, onde é que ela pode ser vista? Infelizmente o oposto desse caráter divino é visto hoje pelo mundo. Ainda assim, os princípios de Deus para nossa direção não foram alterados por causa do fracasso do homem.
Esforçando-se para mantê-la
A determinação de que deveríamos, com toda a humildade, sermos achados “procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz”, nunca foi revogada. É simplesmente uma questão de cumprir a vontade de Deus. Se dois Cristãos caminham juntos “guardando a unidade do Espírito pelo vínculo da paz”, essas duas pessoas estariam cumprindo a vontade de Deus, mesmo que nenhuma outra pessoa na Igreja esteja fazendo isso. Eles não estariam formando a Igreja novamente, nem reconstruindo o que foi praticamente despedaçado. Se andassem em comunhão com o Espírito, eles humildemente reconheceriam que eram parte de uma Igreja que estava em estado de ruína. Eles tomariam o lugar de reconhecida fraqueza e se lançariam na misericórdia e fidelidade do Senhor. Eles seriam obedientes à Sua Palavra, e eles permaneceriam no verdadeiro caráter da Igreja de Deus – “um só corpo e um só Espírito”.
Deus é fiel. Sua Palavra é tão verdadeira como sempre, Seu Espírito habita, e o Senhor Jesus ainda está no meio de dois ou três, quando reunidos em Seu nome. Ele é a Cabeça do corpo, Aquele que enviou o Espírito Santo, o Filho sobre a Sua própria casa, e Ele logo vem para levar a Igreja inteira a Si mesmo.
Cuidados para todo o corpo
A comunhão não se limita aos privilégios e bênçãos que desfrutamos quando reunidos; ela se estende aos vários detalhes do estado e das circunstâncias de cada membro do corpo. Assim, “se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele” (1 Co 12:26). Somos todos exortados a que sejamos inteiramente unidos no mesmo parecer, como também nos é dito: “Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram”, e também para levar “as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo”, e que aqueles que são “instruídos na palavra reparta de todos os seus bens com aquele que o instrui” (Veja 1 Co 1:10; Rm 12:15; Gl 6:2, 6).
Quando as almas realmente têm comunhão com o Senhor, tudo corre bem; sem Ele nada está certo. Que nós procuremos apenas agradar a Deus! Onde há o conhecimento da verdade divina, um olho simples e uma vontade sujeitada, aí haverá ação para a Sua glória.
H. H. Snell (adaptado)
Verdadeira Comunhão
Comunhão com Deus e comunhão com instituições divinas são coisas muito diferentes. Muitas vezes podemos perder a primeira em nosso zelo pela segunda. Quantas vezes temos mostrado muito zelo lutando a favor de algumas instituições Cristãs, enquanto talvez nossa alma esteja estéril e vazia de comunhão pessoal com o próprio Cristo. Quantas vezes também, como os discípulos indo a Emaús, falamos muito sobre as coisas relacionadas com Cristo, quando, se Ele mesmo Se aproximasse, não O reconheceríamos. Em tais ocasiões, poderia muito bem nos ter sido dito: “Não busque instituições – não busque ordenanças – não busque apenas as coisas que estão ligadas a Cristo, mas busque ao próprio Cristo – Sua própria Pessoa bendita – a realidade divina da comunhão pessoal com o ressuscitado Filho de Deus”. Sem isso, as instituições mais formosas são impotentes e as ordenanças mais solenes são frias e sem vida. Nem tudo isso se aplica apenas às ordenanças humanas, mas mesmo àquilo que é de autoridade divina. Por exemplo, a ceia do Senhor, o ministério da Palavra e comunhão Cristã, todos os quais são como dobras das cortinas que podem ter Cristo por baixo para uma alma que realmente O busca, mas que pode apenas tender a escondê-Lo da visão daqueles que estão engajados e atraídos pela forma exterior, e não pela verdade, pelo espírito e pela vida.
C. H. Mackintosh, adaptado
Comunhão com o Mundo
É possível, mesmo em nossa interação com nossos irmãos Cristãos, esquecer o Senhor. Também é possível em nossa interação com o mundo. Quantas vezes, quando nos encontramos com pessoas não convertidas, entramos na corrente de seus pensamentos e encontramos um tema em comum com eles! Às vezes isso é lamentado e, infelizmente, às vezes é defendido. A defesa é geralmente fundada sobre uma visão errônea da expressão do apóstolo: “Fiz-me tudo para todos” (1 Co 9:22). Isso certamente não significa que ele tenha entrado na loucura e no absurdo dos homens mundanos. De maneira nenhuma. O que então significa a expressão? Isso significa que Paulo negou-se entre todas as classes de homens, a fim de que ele pudesse “para, por todos os meios, chegar a salvar alguns”. Seu objetivo era levar os pecadores a Cristo e não agradar a si mesmo, entrando em seus vaidosos e tolos hábitos de conversação.
Vamos olhar para o próprio Mestre e ver como Ele Se conduziu com os homens deste mundo. Ele alguma vez encontrou um objetivo em comum com eles em sua loucura e pecado? Nunca! Ele estava sempre Se alimentando e preenchido com um objetivo, e daquele objetivo Ele falava. Ele sempre procurou levar os pensamentos dos homens a Deus. Este deve ser o nosso objetivo também. Sempre e onde quer que encontremos homens, devemos levá-los a pensar em Cristo, e se não encontrarmos uma porta aberta para isso, certamente não devemos nos permitir ser levados para a corrente de seus pensamentos. Se temos negócios para tratar com os homens, devemos negociá-los, mas não devemos ter nenhuma comunhão com eles em seus hábitos de pensamento ou conversação, porque nosso Mestre nunca teve. Se divergirmos de Seu caminho quanto a isso, logo nos afundaremos num tom de espírito baixo e não santificado. Seremos como “sal insípido” e, assim, não seremos bons para nada.
C. H. Mackintosh, adaptado
A Comunhão com Seus Sofrimentos
O apóstolo manteve o objetivo diante dele – Cristo. Ele não permitiu que nada desviasse a atenção de seu coração, e assim ele foi energizado e sustentado no caminho de incomparável provação, reprovação e árduo trabalho aos quais o Senhor o havia chamado. Para ele, o fim era tão abençoado, ter Cristo para si e ser encontrado n’Ele, que ele não se importava com quão amargo e áspero pudesse ser o caminho que o levasse a isso. Ele desejava um conhecimento experimental ainda mais profundo de Cristo e o poder de Sua ressurreição (e quem o conhecia melhor do que ele?), e a comunhão de Seus sofrimentos, sendo conformados à Sua morte. Para ele, não era privilégio nenhum beber do Seu cálice e ser batizado com o Seu batismo. De fato, quanto mais profundos seus sofrimentos, mais ele seria como Cristo, e isso era suficiente para ele.
W. W. Fereday
Felicidade na Comunhão
Há mais felicidade em estar em comunhão com Ele do que com as coisas que Ele comunica.
J. N. Darby
Confessando e Pedindo Perdão
“Se confessarmos os nossos pecados” (1 Jo 1:9). Há uma grande diferença entre confessar e pedir perdão. Na confissão, não nos desculpamos. Ao pedir perdão, podemos dizer que as coisas poderiam ter sido diferentes, e se tivessem sido, não teríamos caído assim no pecado.
O primeiro pensamento na alma daquele que está confessando não é o pensamento do perdão. O perdão chega àquele que confessa, mas nós temos que tratar com o próprio Pai, com Aquele contra Quem nós pecamos, e nós pecamos apesar da graça que teria nos mantido.
O primeiro pensamento é: “Eu pequei – pequei apesar da graça, a bendita graça que teria me impedido disso”. É mais profundo, muito mais profundo do que meramente pedir perdão. A graça nos manteria, e se dependêssemos sempre de Sua graça, nunca pecaríamos. Mas se houvermos pecado, o que devemos fazer? “Se confessarmos os nossos pecados” – se vamos diante d’Ele sem fazer qualquer desculpa, a alma se colocando diante d’Ele em toda a percepção bendita do que é o Seu amor – reconhecendo que Sua graça teria nos mantido, mas que nós pecamos.
Bem, eu posso vir e dizer tudo isso a Ele, sem qualquer pensamento que alguma coisa possa mudar o Seu amor para comigo, e assim eu conto tudo a Ele. Isso é confissão, algo muito mais profundo e nos sonda muito mais do que simplesmente buscar perdão. O resultado é o perdão e a comunhão é restaurada.
P. A. Humphreys, Christian Friend, 13:33
Comunhão na Luz
“Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz está” (1 Jo 1:7), aí existe comunhão, de acordo com Deus. Podemos tentar criar uma espécie de comunhão entre nós; Deus não conhece nenhuma comunhão além da que é “na luz, como Ele está na luz”. Sem qualquer reserva, sem guardar coisas, sem ocultar nada, mas estando a própria alma na luz – simples, transparente, sem obscuridade. Não podemos ser assim, se não tivermos em nossa própria alma a apreensão do que Ele é em graça. “Temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado” – esse é o bendito remédio para tudo que a luz torna manifesto. Ela tornará manifesto todos os tipos de coisas, mas o sangue responde e apaga tudo que a luz manifesta.
P. A. Humphreys, Christian Friend
Comunhão Divina
E veremos a Tua face,
E ouviremos a Tua voz celestial,
Bem conhecida a nós na graça presente?
Bem pode o nosso coração regozijar-se.
Contigo em vestes brancas,
Senhor Jesus, caminharemos;
E sem mancha naquela luz celestial,
De todos os Teus sofrimentos falaremos.
Junto ao Teu lado ferido,
Em comunhão divina;
Nenhuma nuvem, nenhuma distância, jamais esconderá
As glórias que então brilharão.
Fruto do Teu amor sem limites,
Que deu a Ti mesmo por nós;
Contigo para sempre provaremos
Que Tu ainda nos amas assim.
J. N. Darby, Hinário Little Flock, Hino 270
“Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal”
2 Coríntios 5:10
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