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Revista mensal publicada originalmente em outubro/2008 pela Bible Truth Publishers
ÍNDICE
Tema da edição
Things New and Old, 4:86
Things New and Old, 24:87
The Christian Friend
W. J. Prost
Dicionário Bíblico Conciso
H. C. Anstey, Christian Friend, 15:113
J. Kilcup, Christian Truth, 37:62-64
E. S. Allan
Autor desconhecido
J. N. Darby
Anônimo
Propósito e Direção para a Vida
“Porque d’Ele, e por Ele, e para Ele são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém” (Rm 11:36). Alguém disse: “A glória de Deus é o objetivo e o fim de todos os tratamentos de Deus com os homens”. Existimos para a glória de Deus. Nosso lugar é nos regozijar e nos submeter aos Seus propósitos a nosso respeito. Quando confessamos Jesus como Senhor, reconhecemos que nosso Senhor é Supremo em Seu lugar sobre nós e somos totalmente para Ele e Seus propósitos.
Quando Jesus Se tornou Homem, tomou o lugar apropriado de dependência e obediência do homem em relação a Deus e Seus propósitos. Como Homem, Seu lugar e propósito na vida era fazer a vontade do Pai, e ao fazê-la, Ele pôde dizer no final de Sua vida: “Eu glorifiquei-Te na Terra, tendo consumado a obra que Me deste a fazer” (Jo 17:4). Seu propósito era glorificar a Deus e Sua direção era fazer a obra que o Pai Lhe deu para fazer.
Como nosso Senhor, nosso propósito na vida é viver para a glória de Deus e nossa direção para a vida é fazer a obra que Ele nos dá para fazer. Paulo resumiu isso em seis palavras: “Para mim o viver é Cristo”. Se tentarmos viver para Deus e para nós mesmos ao mesmo tempo, a Escritura diz de nós: “O homem de coração dobre é inconstante em todos os seus caminhos” (Tg 1:8). Que possamos viver, pela graça de Deus, uma vida focada, nos apegando ao Senhor com um propósito de coração.
Tema da edição
Propósito Satisfeito
Com propósito de coração, eles se apegaram ao Senhor, e Ele Se revelou a eles de acordo com a necessidade de cada um. Não há coração que tenha realmente desejado conhecer a Pessoa do Senhor ao qual Ele não tenha Se revelado. E não há alma que tenha realmente desejado conhecer a obra do Senhor, que não estará para sempre, no pleno mérito dessa obra finalizada, diante do trono de Deus. Todo desejo do coração para com Cristo é do Espírito Santo e, no devido tempo, será plenamente satisfeito. A alma que teve um vislumbre de Cristo sempre desejará conhecer mais d’Ele. Nada jamais irá satisfazê-la, senão Ele.
Things New and Old, 4:86
Vida sem Propósito
Para os Cristãos, ter uma vida sem sentido, sem propósito é terrível. Deveríamos ter a busca constante de um propósito que caracterize aqueles que saem para encontrar o Noivo. Isso deve caracterizar as origens e os motivos de nossos caminhos. Isso dará uma aparência celestial a tudo o que fazemos. Quando um homem vai encontrar um amigo íntimo, ele continua sua jornada até que eles se encontrem. Ele procura o amigo ao longo do caminho, mas nada impede seu curso; por terrenos ásperos e suaves, morros e vales, ele segue seu caminho. O propósito fixo de seu coração é que nada o deterá até que ele encontre aquele que ele saiu para encontrar. E assim é conosco. Quando o Senhor está diante de nós, como o Objeto brilhante e bendito, que, pela graça, fez todo o resto parecer pobre, como podemos seguir nosso caminho para o céu, procurando agradá-Lo, honrá-Lo, sofrer por Sua causa, e sair para encontrá-Lo? Ao seguir esse caminho, haverá a negação da impiedade e da concupiscência mundana; pode haver a perda de amigos e coisas desta vida, a língua da calúnia pode ser usada contra nós ou o dedo do desprezo apontado para nós, mas quando houver um verdadeiro propósito de coração de se apegar ao Senhor, não seremos abalados por estas coisas e deixaremos de lado todos os impedimentos e superaremos todos os obstáculos que possam estar no caminho do nosso encontro com Ele. Quando o próprio Senhor tem Seu devido lugar em nosso coração, de bom grado perseguimos nosso propósito a todo custo.
Things New and Old, 24:87
Entendendo os Propósitos de Deus
O grande Intérprete e Aquele que explica todos os propósitos de Deus é nosso Senhor Jesus Cristo, e é conforme apreendemos, conhecemos e temos sentimentos comuns com Ele que somos capazes de compreender a que os conselhos e caminhos de Deus estão se direcionando, pois Deus irá glorificá-Lo e estabelecê-Lo em plena manifestação em todas as excelências que agora são parciais e debilmente apreendidas por nós, mas, na proporção em que isso é apreendido, somos capazes de compreender Seus caminhos e obras e de estar de maneira prática no mesmo sentimento – em comunhão – com Ele. Esta é uma participação de Sua mente, por assim dizer, um entendimento e uma resposta a ela, e compartilhando Seu julgamento sobre as coisas.
The Christian Friend
O Objetivo na Vida do Cristão
O mundo de hoje é muito complicado. As várias opções colocadas diante de nós podem nos deixar confusos e nos fazer questionar em que direção devemos seguir. As livrarias oferecem os best-sellers sobre propósito de vida, alguns do ponto de vista natural, outros sob uma perspectiva Cristã. As pessoas estão obviamente interessadas, pois as vendas estão na casa dos milhões. No entanto, muitos hoje parecem viver sem rumo, sem nenhum objetivo real. A mentalidade deles parece ser: “comamos e bebamos, que amanhã morreremos” (1 Co 15:32). Mas quão melhor é poder dizer: “para mim o viver é Cristo” (Fp 1:21).
Uma parte integral da vida
Na Palavra de Deus, e especialmente no Novo Testamento, vemos claramente que o propósito era uma parte integral do caráter daqueles que eram salvos e andavam de modo a agradar o Senhor. Este sentimento de ter um propósito era necessário tanto para os novos convertidos quanto para aqueles que já estavam andando com o Senhor por um tempo. Quando os crentes gentios foram salvos em Antioquia, Barnabé “exortou a todos a que, com firmeza [propósito – ACF] de coração, permanecessem no Senhor” (At 11:23). No final de sua vida, Paulo lembrou a Timóteo de sua “doutrina, modo de viver, intenção [propósito – ARA], fé, longanimidade, caridade, paciência, perseguições e aflições” (2 Tm 3:10-11). Paulo correu a carreira “não como a coisa incerta”; ele não lutou “como batendo no ar” (1 Co 9:26). Ao contrário, ele tinha uma percepção da vontade do Senhor e da coroa incorruptível no final.
O segredo de se ter um propósito
Qual é então o segredo de se ter um propósito em nossa vida, e como podemos obtê-lo? Sem dúvida, é algo que todos queremos, mas de alguma forma parece iludir muitos. Eu sugeriria que a Escritura nos dá algumas diretrizes definidas sobre o assunto.
Em primeiro lugar, devemos lembrar que o propósito de nossa vida não é encontrado olhando dentro de nós mesmos. No mundo de hoje, somos frequentemente instruídos a avaliar nossas habilidades, estabelecer uma meta realista e depois lutar por ela. No entanto, o pensamento humanista que permeia o mundo hoje tende a concentrar tudo isso em nós mesmos, enquanto deixa Deus de fora. O homem é visto como um fim em si mesmo, sendo seu próprio prazer um parâmetro suficiente para estabelecer uma meta. Como mencionamos anteriormente, isso tendeu a produzir uma mentalidade que pensa em satisfação própria, geralmente mais imediata que a longo prazo. Acostumamo-nos a obter resultados instantâneos, e o sofrimento é visto como algo que não deve ser tolerado. Este não é o caminho de Deus.
Como mencionado em outros artigos desta edição, Deus tem Seus propósitos com respeito à honra e glória de Seu Filho, e por Sua graça, esses propósitos incluem aqueles a quem Ele escolheu para ser associado a Seu Filho. O homem foi criado para o prazer de Deus, mas, em vez de trazer prazer a Deus, o homem escolheu crer em Satanás e trouxe o pecado ao Jardim. Por milhares de anos (no Velho Testamento), Deus testou o homem, mas isso apenas provou que a “imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente” (Gn 6:5). É claro “que não é do homem o seu caminho, nem do homem que caminha, o dirigir os seus passos” (Jr 10:23). Agora, Deus escolheu revelar Seu Filho Jesus Cristo, revelar Seus propósitos n’Ele e nos levar para a bênção com Ele. Se quisermos ter um propósito e direção em nossa vida, devemos buscar a vontade de Deus e trabalhar de acordo com Seus propósitos, não com os nossos.
Desistindo do interesse próprio
Isso não envolve apenas olhar para Deus, mas também desistir de todos os meus pensamentos, ambições e ideias egocêntricas. Envolve buscar a glória de outro – do Senhor Jesus Cristo. Pouco antes de ir à cruz, o Senhor Jesus pôde dizer aos Seus discípulos: “Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem, neste mundo, aborrece a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna” (Jo 12:25). Aqueles que seguem sua própria vontade neste mundo (sejam incrédulos ou crentes) podem obter a aprovação do mundo, mas irão perder eternamente. Aqueles cujo propósito está fora de si mesmos e, portanto, maior que eles mesmos, talvez percam suas vidas aqui embaixo, mas terão aquilo que durará por toda a eternidade.
A pergunta pode surgir: “Se eu sigo o Senhor e me rendo a Ele, isso significa que não posso gozar a vida?” Não, pois se começamos com nós mesmos, Deus é sempre desonrado e perderemos Suas bênçãos. Se começamos com Deus, Ele é honrado e glorificado, e somos muito mais abençoados. O maior pensamento de Deus foi Se tornar conhecido e, ao fazer isso, Ele declarou os conselhos de Seu coração. Sem Deus, o homem pode adquirir uma certa quantidade de conhecimento na criação, mas ele não pode descobrir Deus. Se nos ocupamos com nossos próprios interesses, falhamos em descobrir os de Deus, e então não temos um propósito real em nossa vida. Mesmo como crentes, podemos olhar para o Senhor em busca de misericórdia, de ajuda em circunstâncias difíceis e até Lhe pedir que abençoe e realize nossos propósitos para nossa bênção. Isto é perder a oportunidade de ver as coisas de acordo com Seu ponto de vista e trabalhar de acordo com Seus propósitos, não com os nossos.
Tomando os interesses de Deus
Se tomarmos os interesses de Deus em nossa vida, qual será o resultado? Haverá um verdadeiro sentido de propósito, não apenas para o tempo, mas por toda a eternidade. Não estaremos vagando sem rumo, mudando de um interesse para outro, mas entendendo “qual seja a vontade do Senhor” (Ef 5:17). Mais do que isso, haverá entusiasmo e energia, pois o Espírito de Deus dá energia para aquilo que está de acordo com a vontade de Deus. Quando estamos trabalhando “em sincronia” com Deus, há uma sensação de ter Seus interesses diante de nós – interesses que transcendem este mundo atual. Há gozo em nosso coração que provém d’Ele, o mesmo gozo de que se fala em Hebreus 12:2 – “O qual, pelo gozo que Lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-Se à destra do trono de Deus”. Experimentamos o mesmo gozo que nosso bendito Mestre teve, pois d’Ele era o gozo de fazer a vontade do Pai e antecipar a exaltação que se seguiria.
O propósito de Deus para cada um de nós
Lembremos que Deus tem um propósito para cada um de nós – algo que Ele tem para nós fazermos. Para alguns, pode ser um trabalho que nos coloca à vista do público, enquanto para outros pode ser simplesmente “servir a Cristo, o Senhor” (Cl 3:24) em nosso trabalho cotidiano. No entanto, lembremo-nos de que esse propósito não é para nós mesmos, mas para Aquele que nos amou e morreu por nós. Energia de propósito para os crentes vem do Espírito de Deus, mas também vem de nossas afeições estando engajadas. A Escritura não conhece outro motivo, exceto que “o amor de Cristo nos constrange” (2 Co 5:14). Esse amor desfrutado na alma deu energia e propósito àqueles como Paulo, e assim tem sido através dos tempos. Muitos queridos crentes abriram mão de sua vida por Cristo, e continuam nesse caminho, devido à atração desse amor em seus afetos e a percepção do propósito de Deus na vida deles. É possível para cada um de nós, por Sua graça, ter isso também!
W. J. Prost
O Propósito do Próprio Deus
Deus tem Seu próprio propósito diante d’Ele; devemos sempre lembrar disso ao fazer planos. Por trás de todos os atos exteriores de Deus para com Seu povo Israel, Seu tratamento com as nações da Terra e Sua disciplina dos santos que formam a Igreja, Ele tem um propósito relacionado a todos eles. Tudo é feito para dobrar e ajustar sua realização de uma maneira magnífica, independentemente de quão oculto possa estar à vista do homem. “O SENHOR dos Exércitos jurou, dizendo: Como pensei, assim sucederá; e, como determinei [propus – JND], assim se efetuará... Este é o conselho que foi determinado [proposto – JND] sobre toda esta Terra; e esta é a mão que está estendida sobre todas as nações. Porque o SENHOR dos Exércitos o determinou [propôs – JND]; quem pois o invalidará?” (Is 14:24-27). Não é um propósito formado porque os eventos ocorreram como aconteceu na história do mundo, mas os eventos que aconteceram servem para realizar o propósito de Deus, pois Seu propósito é um propósito eterno. Quando a Igreja é mencionada, diz: Ele “faz todas as coisas, segundo o conselho da Sua vontade” e “segundo o eterno propósito que estabeleceu em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Ef 1:11; 3:11 – ARA) . Um bom entendimento do que Ele revelou no Novo Testamento com relação a esse propósito nos capacitará a fazer planos e tomar decisões que se ajustem com Seu plano e que certamente permanecerão.
Concise Bible Dictionary
Atentando para o Seu Fim
“Tomara eles fossem sábios, que isso entendessem e atentassem para o seu fim!” (Dt 32:29). Na vida de um homem de propósito, tudo se reveste do caráter do fim a ser atingido. E se é assim na vida natural, certamente deve ser no exercício da vida divina. A esperança – ou seja, algo além – é a primavera da vida humana do berço ao túmulo, mesmo quando a visão de um homem é limitada a este mundo. A verdadeira esperança tem a ver com Deus e Seu propósito.
Aprendendo ao longo do caminho
Quando o fim a ser alcançado é claramente visto pelo crente e o propósito de Deus é aceito pela alma, ainda assim, penso, ele precisa aprender outra coisa no caminho da vida cotidiana: a natureza sempre resiste ao propósito de Deus para nós, e temos que aprender que a estimativa de Deus dela é a mesma que a da carne. Acho que descobriremos que não há outro caminho a seguir. Existe uma saída para nós, e Deus certamente nos trará para fora e cumprirá Seu propósito em todos nós, mas eu devo passar pelo processo, por mais doloroso que seja, em que aprendo o que é carne e que o coração de Deus está posto no fim a ser alcançado para mim, e não no necessário presente processo de rejeição da carne pelo qual estou passando. Ele quer que meu coração esteja no fim também. Nada O desvia, e tudo segue em minhas circunstâncias, as quais Ele organizou, em direção à realização de Seu propósito para mim. O que quer que aconteça comigo no caminho, o coração de Deus tem em vista o fim, onde não haverá carne nem mal em ação. Ele deseja, à medida que trilhamos o Seu caminho para nós (as circunstâncias cotidianas de cada vida humana), que estejamos em comunhão com Sua mente sobre isso. Ele deseja nos ocupar com quais são Seus propósitos e conselhos finais a nosso respeito.
Os propósitos e conselhos de Deus
Quando um pobre pecador considera seu “fim” como um pecador, ele é levado à escuridão e ao horror do desespero. E é justamente nesse ponto que o evangelho entra com toda a sua luz bendita que dissipa as trevas. “Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é Quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo”, Vejo aqui que está tudo resolvido, tudo acabado para mim, um pobre pecador culpado. “Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores”. E aquela glória que brilha agora e que vejo na face de Jesus Cristo é a garantia e o descanso para minha alma vindos de Deus. “A verdadeira luz alumia”. Tudo está feito. Assim, o coração é colocado em repouso quanto à questão dos pecados e do julgamento. Mas ainda tenho que aprender com Deus o que é a carne e sua corrupção. Esse é o processo em que aceitei o propósito e o conselho de Deus ao meu respeito e, como aceitei um, tenho que aprender o outro. Mas Deus me ensinaria a natureza incurável da carne que existe em mim, não me ocupando com ela, mas sim com o Seu propósito que me diz respeito. Sou privilegiado em dizer, onde quer que eu esteja no caminho, “sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por Seu decreto” (Rm 8:28). Posso dizer: “Pouco importa o preço do caminho, desde que eu saiba com segurança e clareza o que me aguarda em casa”. O desejo de Deus é nos ocupar com o que nos espera lá. Cristo está lá, e o regozijo dessa cena é o que Ele é.
Nós seremos exatamente como Cristo.
É dessa maneira que eu aprendo o que é a carne, não por estar ocupado com ela, mas estando ocupado com o propósito e o conselho final de Deus para mim. Eu me pergunto: “Esse é o propósito de Deus para me conformar à imagem de Seu Filho? Quão diferente d’Ele sou agora! Que coisa miserável é essa carne em mim – nada além de rebelião o tempo todo!” Isso é verdade, mas ao fixar seus olhos para o fim e para aquele Objeto bendito (ao Qual, lembre-se, é o propósito de Deus conformar você, e não você se conformar a si mesmo a Ele), você é “transformado de glória em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor” (2 Co 3:18).
Ocupação com Cristo
Não foi quando o apóstolo Paulo estava olhando para si mesmo que viu como ele era imperfeito, mas foi quando ele estava olhando para Cristo. “prossigo para o alvo”. “Não que já a tenha alcançado ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar [me apossar – JND] aquilo para o que fui também preso [apossado – JND] por Cristo Jesus” (Fp 3:12). A perfeição aqui é completa semelhança com Cristo em glória. Este foi o propósito de Deus para Paulo, e nada mais é o Seu propósito para cada um de nós. Mas ver o que era, alcançá-lo no íntimo de sua alma, apenas fez o apóstolo correr mais rápido na carreira. Eu “prossigo para o alvo”. Isso era claro e distinto diante de seus olhos, e eclipsava todo o resto para ele. “Para que eu possa ganhar a Cristo”. Isso se tornou o objeto que eclipsa tudo o mais para todos nós?
Ocupação consigo mesmo
Satanás sempre está procurando me ocupar comigo mesmo. Essa ocupação nunca leva a um verdadeiro julgamento de mim mesmo, embora lamentar minhas inconsistências possa parecer para alguns algo piedoso e humilde. O verdadeiro objeto está do lado de fora, e como eu estou envolvido com ele e com os propósitos de Deus que dizem respeito a mim, moldo meu caminho e me julgo a mim mesmo como uma obstrução a esses propósitos. Mas Satanás pode fazer como que um bom homem se ocupe consigo mesmo. Jó é um exemplo disso, e em vinte capítulos ele expressa isso, mas Deus teve que esvaziá-lo de tudo isso (Jó 42:56).
O objetivo do inimigo é fazer com que você se ocupe completamente consigo mesmo, como se os propósitos de Deus a seu respeito fossem inexistentes. Aqui estava a base de todo o fracasso de Israel no deserto. Eles estavam, em incredulidade, olhando para sua própria força ou com fé para os propósitos de Deus para eles, quando pensaram nos gigantes de Anaque?
Prosseguindo para o alvo
Eu serei semelhante a Cristo em glória e, quando olho para Ele, sou “transformado de glória em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor”. O desejo de Deus, então, para mim, como expresso em Deuteronômio 8:16 e 32:29, é que eu considere o fim – Seu fim para mim, e é semelhante ao que Paulo considera em Filipenses 3. Ele diz: “Prossigo para o alvo”.
H. C. Anstey, de Christian Friend, 15:113
Estabelecendo Prioridades
Recentemente, um amigo Cristão compartilhou comigo o que sentiu ser a causa de sua falha gradual em ser um crente feliz. Ele disse: “Começou com as pequenas coisas que surgiram e roubaram meu tempo da Palavra e da oração”.
Em nossa leitura da Bíblia há pouco tempo, lemos este versículo: “Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6:33). Aqui descobrimos que o segredo da vitória é estabelecer nossas prioridades corretamente. Como Cristãos, temos que colocar os princípios do reino de Deus em primeiro lugar em nossa vida. Fomos escolhidos como soldados de Jesus Cristo e, como tais, não devemos nos enredar nas coisas desta vida. Os primeiros Cristãos foram exortados a que “com firmeza de coração, permanecessem no [se apegassem ao – KJV] Senhor” (At 11:23).
Descuido
Nosso perigo não é tanto que possamos nos tornar criminosos, mas que podemos nos tornar Cristãos descuidados e à deriva. As tentações que minam o poder espiritual em nossos dias incluem os bons livros seculares, a televisão, a poltrona e o cartão de crédito. Nós avançamos ou recuamos nesses pequenos momentos de decisão aparentemente inocentes. Se quisermos viver para o nosso Senhor, devemos eliminar certas coisas para que possamos nos concentrar. Devemos estabelecer prioridades e colocar os antolhos[1] (Pv 4:25-27). Isso elimina a desordem, para que em todas as coisas nosso Senhor tenha a preeminência (Cl 1:18).
[1] N. do T.: Antolho é um acessório geralmente de couro que se coloca na cabeça de animal de montaria ou carga para limitar sua visão e forçá-lo a olhar apenas para a frente, e não para os lados, evitando que se distraiam ou se espantem e saiam do rumo (Cf. Wikipédia).
O profeta do Velho Testamento, Elias, descobriu que Deus fala em voz mansa e suave, e não em um furacão. O mesmo acontece hoje. Para ouvir essa voz mansa e suave, precisamos de um tempo a sós com nosso Senhor. Separar momentos tranquilos envolve disciplina e controle próprio (fruto do Espírito - Gl 5:22-23), mas podemos obter isso d’Ele. Podemos sair da cama a tempo. Podemos definir o tom do dia, em vez de ficarmos fora de sintonia e deixar o dia nos controlar.
Quando colocamos muito valor em algo, vamos ter muitos problemas com isso. Quanto prezamos os momentos de comunhão com nosso Salvador? Temos apreendido a maravilhosa verdade de que Ele deseja essa comunhão, e não apenas o nosso patrocínio? Quanto compreendemos que vivemos, não apenas de pão, mas de “toda palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4:4)?
Organizamos nossas prioridades para atender às nossas necessidades. Temos que decidir que precisamos desses momentos a sós com o Senhor – que não podemos continuar sem eles. Mas se esses momentos de quietude são uma obrigação e não uma escolha pessoal, eles serão apenas um ritual e, finalmente, serão abandonados.
A avaliação de Deus
Outro aspecto vital de tudo isso é encontrado em 1 Coríntios 3:13. Já reparamos que Deus colocará Sua avaliação no que fizemos em nossa vida Cristã? O tribunal de Cristo testará os tipos de materiais que usamos para construir sobre esse fundamento, que é Cristo.
Estamos servindo a nós mesmos ou a Cristo. Se buscarmos Sua comunhão agora, há benefícios maravilhosos e positivos aqui, além de muito, muito mais naquele dia futuro. É uma bênção perceber também que nosso Senhor inicia esse tipo de comunhão. Ele diz ao crente, por assim dizer: “Tudo o que tenho é seu. Toda a Minha justiça te dou. As riquezas da glória são suas”. O que podemos dar em troca, exceto nossos pecados, nossos fracassos, nossas inabilidades – nós mesmos? Então o crente recebe perdão, amor constante, amizade! Aleluia, que Salvador!
Prioridades corretas
Todos somos devedores ao amor de Deus, e somente o deus deste mundo pode nos privar de desfrutar da Fonte de tudo naqueles momentos calmos. Meus amigos Cristãos, por Sua graça, estabeleçamos nossas prioridades em ordem. “Buscai primeiro” e sejam tão zelosos para que as “raposinhas” (Ct 2:15) não roubem esses momentos ternos com nosso Senhor Jesus.
Ao não estabelecer prioridades corretas, meu amigo Cristão causou dor e angústia incalculáveis a si próprio e aos outros, e muita desonra ao Senhor. Ele daria qualquer coisa para ter seu tempo novamente e ser capaz de fazer as coisas de maneira diferente. Mas não há reprises – temos apenas uma chance de passar por essa vida. Não podemos voltar no tempo; tudo o que temos é “o tempo que nos resta”.
Em outro dia mau, um homem de Deus disse: “Escolhei hoje a quem sirvais... porém eu e a minha casa serviremos ao SENHOR” (Js 24:15). Que nós também ecoemos essas palavras com vidas que demonstram que foram conquistadas e são controladas pelo amor de Cristo. O que fazemos com o que temos recebido prova nossa satisfação com a dádiva.
J. Kilcup, Christian Truth, 37:62-64
O Propósito do Coração de Daniel
À medida que a vinda do Senhor se aproxima, encontramos o mundo marcado por mudanças cada vez maiores que afetam a todos nós como crentes. A questão é: como devemos enfrentá-las? O Senhor usa essas ocasiões para nos ensinar lições, e levaremos os resultados por toda a eternidade. Vemos isso ilustrado particularmente na vida de Daniel.
Ele começou sua vida em uma posição privilegiada. Ele era “da linhagem real, e dos nobres, jovens em quem não houvesse defeito algum, formosos de aparência, e instruídos em toda a sabedoria, e sábios em ciência, e entendidos no conhecimento, e que tivessem habilidade” (Dn 1:3-4). Vemos que ele não era apenas de sangue real, mas possuía as capacidades físicas e mentais necessárias para desempenhar suas funções.
Um cativo
Mas tudo isso estava prestes a mudar. Zedequias, o último rei de Judá, foi destronado pela invasão dos caldeus, e Daniel, embora poupado de uma morte prematura, encontrou-se cativo na Babilônia. Como Daniel reagiu a essas circunstâncias? Ele desistiu e aproveitou a vida da melhor maneira possível? Não – a Bíblia nos diz que “Daniel assentou [propôs – ACF] no seu coração não se contaminar com a porção do manjar do rei, nem com o vinho que ele bebia” (Dn 1:8). Ele decidiu permanecer separado da idolatria que o cercava. Como resultado, ele fez progresso moral e espiritual, o que lhe deu um poder extraordinário na oração que logo seria provada.
Exaltado
Nabucodonosor teve um sonho e insistiu que os sábios da Babilônia não apenas o interpretassem, mas também recordassem o sonho em sua memória. Daniel e seus três amigos oraram com toda a seriedade sobre o assunto. Eles obtiveram uma resposta notável que não apenas satisfez o rei enfurecido, mas o levou a prestar homenagem a Daniel, confessando a suprema glória do Deus de Daniel e fazendo dele “governador de toda a província de Babilônia, como também por principal governador de todos os sábios de Babilônia” (Dn 2:48).
Daniel estava mais uma vez em uma posição exaltada, mas essa reviravolta não o corrompeu, como vemos no quarto capítulo. Com grande coragem, obtida por uma caminhada próxima a Deus, ele repreende Nabucodonosor e lhe diz o que aconteceria com ele, independentemente do fato de que “a quem queria matava e a quem queria dava a vida; e a quem queria engrandecia e a quem queria abatia” (Dn 5:19). Daniel não temia a possibilidade de ser removido pelo rei, mas o aconselhou a abandonar seus pecados pela “justiça... usando de misericórdia para com os pobres” (Dn 4:27). Somente um homem que praticou essas virtudes em sua própria vida poderia dar esse conselho ao rei.
Em obscuridade
Após a restauração de Nabucodonosor a seu trono, parece que Daniel caiu na obscuridade por vários anos. Talvez Nabucodonosor tivesse morrido e Daniel tenha sido esquecido, mas por qualquer motivo, não voltamos a ouvir dele até o capítulo 5. Belsazar com milhares de seus senhores está festejando e zombando do Deus do céu quando veem a letra manuscrita na parede. A rainha se lembra de Daniel e fala dele quase na mesma linguagem na qual ele é descrito no capítulo 1, dizendo que nele havia “luz, e inteligência, e sabedoria, como a sabedoria dos deuses” (Dn 5:11). Quão maravilhoso foi seu piedoso testemunho para o mundo! Daniel não participou da vida tumultuada de Belsazar e permaneceu completamente separado do mau comportamento da corte real. Além disso, foi nesses últimos anos que Daniel recebeu aquelas visões surpreendentes registradas no sétimo e oitavo capítulos de seu livro, que mostram que durante esse período de relativa obscuridade, Daniel continuou a desfrutar de estreita comunhão com Deus. Apesar do pronunciamento solene de Daniel a Belsazar, sobre a destruição de seu reino e sua recusa em aceitar as recompensas do rei, Daniel se viu promovido a terceiro governante no reino. Mais uma vez ele estava em uma posição de destaque, embora soubesse bem que seria por um momento na melhor das hipóteses! Naquela mesma noite, Belsazar foi morto, Dario, o medo, tomou a cidade e Daniel voltou a cair na obscuridade.
Identificado com seu povo
Essa foi a terceira vez que Daniel foi abatido em sua carreira, mas foi um período de grande proveito. Ele tinha um amor intenso por Jerusalém, onde habitava a honra de Deus, e também tinha um profundo afeto pelo povo de Deus. Isso o levou a estudar as profecias de Jeremias e a descobrir que as desolações de Jerusalém seriam limitadas a setenta anos. O efeito dessa descoberta o levou a se ajoelhar, se identificando com o estado de seu povo, confessando seus pecados e intercedendo por eles quanto ao perdão e restauração. Sua oração é cheia de esperança e arrependimento, e quem lê essas palavras não pode deixar de ser tocado pelo espírito de Daniel. Como Elias, outro homem justo em um dia anterior, sua oração fervorosa foi rapidamente respondida. Os ouvidos de Deus estão sempre abertos às orações do Seu povo e Ele Se deleita com a súplica de Seu servo. Como resultado, Daniel recebeu a profecia das “setenta semanas” que predisseram claramente o tempo exato da morte do Messias de Israel e nosso Senhor e Salvador.
Coragem e força na velhice
Não sabemos as circunstâncias, mas Dario, o novo governante da Babilônia, ouviu falar das excelentes qualidades de Daniel e o promoveu a se tornar o chefe dos três presidentes sobre os príncipes e o próximo ao rei em autoridade. Nesse momento, Daniel deveria já ser um homem muito velho, com mais de oitenta anos de idade. Nesta nova posição, Daniel continuou a andar pela fé e em obediência à Palavra de Deus com graça e mansidão. Ele mostrou sua coragem e força espiritual em um momento de grande crise, continuando exatamente no mesmo caminho “como também antes costumava fazer” (Dn 6:10). Não houve nenhuma tentativa de fazer concessões ou alterar seu curso. Todos sabemos aonde esse propósito do coração o levou; ele foi jogado na cova dos leões. Com que rapidez ele foi derrubado de sua posição elevada para um lugar de degradação e perigo! Mas Deus estava com ele e, na manhã seguinte, Dario mais uma vez o elevou a alturas ainda maiores do que antes, para a grande glória de seu Deus! Ele deveria continuar neste lugar exaltado até o reinado de Ciro e provavelmente até o fim de sua vida.
Durante esse último período da vida, Deus permitiu que Daniel visse o cumprimento da profecia de Jeremias e o decreto emitido que permitia a reconstrução da casa de Deus em Jerusalém. No capítulo 10, ele também recebeu uma visão final do grande rio Hidéquel (provavelmente o Tigre), onde foi proclamado duas vezes como “um homem muito amado”.
Sua morte e profecias finais
Em Daniel 12, a visão chega ao fim e Daniel é informado de mais um ponto baixo em sua vida que foi maior do que qualquer outro que ele teve que enfrentar. Foi-lhe dito que a morte o alcançaria antes do cumprimento da glória futura. Mas mesmo o anúncio solene de sua morte tinha uma perspectiva brilhante. Depois de um longo período de descanso na sepultura, ele não estaria ausente quando surgisse o alvorecer da glória, pois foi declarado que ele “repousarás e estarás na tua sorte [te levantarás na tua herança – ACF], no fim dos dias” (Dn 12:13) Ali Daniel viu a esperança certa da ressurreição antes que seus olhos se fechassem na terra. Naquele dia vindouro, Daniel olhará para trás em sua vida e perceberá que todos os seus reveses eram para bênção eterna, pois assim ele conheceu a Deus de uma maneira muito mais rica e completa do que se nunca tivesse tido essas experiências.
Ao enfrentarmos novas mudanças até o Senhor nos chamar para o lar, que possamos mostrar mais do espírito de Daniel. É possível, com a ajuda do Senhor, ter um verdadeiro propósito de coração hoje, mesmo em nosso mundo em rápida mudança.
E. S. Allan
O Centro dos Propósitos de Deus
O Espírito de Deus invariavelmente dá a Cristo o primeiro lugar e o lugar central. Ele é o Alfa e o Ômega de todos os propósitos e planos de Deus. Ele é o centro de Deus, a fundação, a principal pedra angular e a pedra principal da esquina. Jesus precioso! “O Qual é sobre todos, Deus bendito eternamente”, louvores eternos serão ao Teu nome.
O Propósito de Deus
“Descobrindo-nos o mistério da Sua vontade, segundo o Seu beneplácito, que propusera em Si mesmo, de tornar a congregar [de encabeçar – JND] em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na Terra” (Ef 1:9-10).
Tudo o que Deus é – toda a plenitude da divindade – tem o prazer de habitar em Cristo, e é o propósito ou “bom prazer” de Deus que ela seja mostrada n’Ele, um propósito rico em bênçãos. Tentaremos elucidar uma pequena parte desse propósito – a parte visível – e mostrar como Deus logo o exibirá. Deus tem o prazer de fazê-lo visivelmente, nos levando a Sua confiança, a fim de nos preservar de substituir as andanças de nossa mente pela santa manifestação que Ele nos deu de Si mesmo e de Sua glória. Efésios 1 expressa Seu desejo de que sejamos esclarecidos quanto a isso e, em Efésios 3, que sejamos “corroborados com poder”. Apreciamos as grandes verdades reveladas no capítulo 1 na medida em que sentimos pessoalmente seu poder no capítulo 3.
A Igreja e Israel
A Igreja e Israel são os respectivos centros da glória celestial de Deus e de Sua glória terrenal em Cristo; esses são os dois grandes assuntos de todas as porções da Escritura que se referem ao Milênio – as esferas celestial e terrenal da glória. O Filho, imagem e glória de Deus, é Seu centro comum – o Sol que ilumina ambos. As nações “trarão a glória e honra” para o centro terrenal e para o centro celestial, e andarão em Sua luz – desfrutando de Suas bênçãos. Quando tudo estiver cumprido, Deus será tudo em todos, e Seu tabernáculo estará com os homens – o Deus deles.
A Igreja e Israel, as esferas celestial e terrenal, lançam sobre si um brilho mútuo de bênção e gozo, mas cada um tem sua própria esfera à qual todas as coisas respectivas estão subordinadas: à Igreja, anjos, principados, poderes – tudo o que pertence ao céu; para Israel, as nações e tudo mais abaixo.
“No princípio era o Verbo” (Jo 1:1) proclama o fundamento de uma glória duradoura, superior à da primeira criação, e sobre a qual repousa sua restauração da ruína que o homem lhe trouxe. Deus descansou por um breve momento naquilo que era, “muito bom”, e veio de Sua mão. Seu descanso, e o homem com Ele, passaram como o orvalho da manhã, pela fraqueza de seu cabeça, Adão, mas devem ser restaurados na bênção de Deus em uma base infinitamente mais alta pela exibição da glória do último Adão, pois o propósito de Deus é encabeçar todas as coisas n’Ele (Ef 1:10).
Cristo como Herdeiro
Pela ressurreição de entre os mortos, Cristo é Herdeiro de todas as coisas; todas as coisas são encabeçadas por Ele, e a Igreja é coerdeira. Esta é a nossa própria esperança e nosso lugar exaltado n’Ele até que Deus seja tudo em todos. “N’Ele... também fomos feitos [obtivemos – JND] herança” (Ef 1:11) n’Aquele que é o “Herdeiro de tudo” (Hb 1:2). Nós somos “Herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo” para aquele dia abençoado (Rm 8:17).
Adão “é a figura d’Aquele que havia de vir” – o Último Adão – Cristo. Quão abençoadamente é para nós ver isso em Efésios 5:25-32. Adão (cabeça da criação), depois de acordar do “sono profundo” (simbólico da morte), recebeu a noiva e a coerdeira; ela foi tirada do lado dele, o lugar de afeição. Assim, ela foi feita dele, somente depois que ele levantou (não da criação que existia antes dela). Ela é sua companheira na liderança da herança, o paraíso, o “jardim das delícias”. Assim também Cristo recebe a Igreja, Sua Noiva, por meio da morte, mas em ressurreição, para compartilhar Sua glória vindoura.
Deus “chamou o nome deles de Adão” (Gn 5:2 – JND). Eles eram um, como Cristo e a Igreja (Ef 5:30), um corpo místico. A Igreja é Cristo – 1 Co 12:12.
O Salmo 8 é a passagem chave quanto ao Seu domínio. “Tu... de glória e de honra o coroaste... todas as coisas Lhe sujeitaste debaixo dos pés”. Hebreus 2:7-9 mostra que isso ainda não foi cumprido, mas que Jesus foi coroado de glória e honra, e assegura que Ele, como Homem, terá tudo sob Seus pés. Ele está assentado à direita da majestade nas alturas, na paciência de Deus nesta dispensação, até que Seus propósitos atuais sejam cumpridos e até que Seus inimigos que governam a injustiça se tornem escabelo de Seus pés.
Efésios 1:17 a 2:7 mostra a Igreja unida a Ele agora e para sempre pelo poder que O ressuscitou da morte. O capítulo 2:7 é o motivo abençoado de Deus nisso, e no capítulo 1:22, onde o Salmo 8 é citado, acrescenta-se: “O constituiu como Cabeça da Igreja, que é o Seu corpo, a plenitude d’Aquele que cumpre tudo em todo”.
O fato de Ele possuir a Igreja como ressuscitado da morte é especialmente apresentado em 1 Coríntios 15, que novamente cita o Salmo 8. “Porque, assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um Homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo, as Primícias; depois, os que são de Cristo, na Sua vinda. Depois, virá o fim, quando tiver entregado o Reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo império e toda potestade e força. Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de Seus pés... também o mesmo Filho Se sujeitará [como o último Adão, o Homem ressuscitado] Àquele que todas as coisas Lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos”.
Cristo reinará milenarmente sobre um reino que Ele mais tarde entregará, para que “Deus seja tudo em todos” – para que a glória de Deus, simplesmente, seja universal.
A rejeição da semente natural
A rejeição da semente natural, Israel, deu oportunidade para a introdução da semente espiritual nos lugares celestiais como herdeiros. Israel estava em melhor posição dentre todas as nações para recebê-Lo quando Ele veio, pois “Ele veio para os que eram Seus”. Foi para eles que Ele havia sido prometido. O tempo e o local de Seu nascimento foram previstos na Escritura, mas, quando descobrem que Ele veio, “perturbou-se... toda a Jerusalém” e procuram matá-Lo. Esse foi um desejo que eles logo cumpriram. Assim desapareceu a última esperança do descanso de Deus nesta criação. Provou que “todo homem, por mais firme que esteja, é totalmente vaidade” (Sl 39:5).
Mas isso abriu caminho para uma dispensação infinitamente mais gloriosa. Israel e a glória terrenal são adiados enquanto o propósito de Deus, escondido n’Ele desde a eternidade, é revelado – a reunião de indivíduos judeus e gentios em um corpo, o corpo de Cristo, assentado nos lugares celestiais. A Noiva do Rejeitado, mas Ressuscitado, é reunida de todas as nações, enquanto o Noivo está assentado na mais alta glória de Deus. Ela será radiante na mesma glória que Ele quando aparecer ao mundo (Cl 3:4).
Cristo, a Semente de Abraão, é Herdeiro da promessa de Abraão de que nele todas as nações seriam abençoadas. Mas se Ele tivesse Se apossado da herança na Sua primeira vinda, Ele a teria somente para Si, pois “se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto”. Ele herda as promessas das quais Sua Noiva participa, não apenas como tendo vindo à Terra, mas como Ressuscitado depois de redimir a Igreja e no poder dessa vida ressuscitada. O resultado dessa união é que se diz estarem os Seus ressuscitados com Ele.
A Igreja é redimida para estar unida a Ele que, quando Ele tomar posse de todas as coisas publicamente, Ele pode ter uma companheira “idônea para Ele” (Gn 2:18 – ACF), associada a Ele em todas as coisas e em toda a Sua glória e feita como Ele.
Cristo exaltado prepara um lugar para a Igreja
Cristo exaltado acima de tudo prepara um lugar para a Igreja. Ele espera cumprir as promessas a Israel e, enquanto isso, a Igreja é chamada para fora do mundo. Em Sua ressurreição, Ele redimiu a Igreja e garantiu “as firmes beneficências de Davi”, a promessa a Israel. Mas era necessário também que Ele tomasse posse dos lugares celestiais para estabelecer o reino dos céus (Seu domínio sobre a Terra desde o céu), enchendo todas as coisas com Sua glória (Ef 4:10) e associasse a Igreja a Ele nisto. Ele agora está preparando a morada celestial de Sua Noiva e a chamando de todas as nações para reinar com Ele – Seus coerdeiros. “Pois vou preparar-vos lugar. Virei outra vez e vos levarei para Mim mesmo, para que, onde Eu estiver, estejais vós também” (Jo 14:2-3). “Pai, aqueles que Me deste quero que, onde Eu estiver, também eles estejam Comigo, para que vejam a Minha glória que Me deste; porque Tu Me hás amado antes da criação do mundo” (Jo 17:24).
Cristo recebe a herança com Sua Igreja
Na Sua Aparição, Cristo recebe a herança com Sua Igreja. Agora, Ele está escondido em Deus, e nossa vida está escondida com Ele (Cl 3:3). Tendo terminado tudo o que era necessário para resgatá-la, Ele está assentado à direita de Deus, esperando até que o Espírito Santo, que O revela e revela o Pai por meio d’Ele, reúna todos os Seus coerdeiros. Ele está esperando até que Seus inimigos sejam postos como escabelo de Seus pés, esperando tomar posse de todas as coisas publicamente. Esperamos com Ele, e a criação espera “pela manifestação dos filhos de Deus”. “Quando Cristo, que é a nossa vida, Se manifestar, então, vós também sereis manifestados com Ele, em glória” (Cl 3:4). Sabemos que “quando Ele Se manifestar, seremos semelhantes a Ele; porque assim como é O veremos” (1 Jo 3:2).
Seus santos julgarão o Mundo
“Eis que é vindo o Senhor com milhares de Seus santos, para fazer juízo” (Jd 1:14-15). “Virá o SENHOR, meu Deus, e todos os santos Contigo, ó Senhor” (Zc 14:5). Quão abençoado será quando Cristo apresentar a Igreja a Si mesmo gloriosa, vestida em Sua própria glória e formosura com a qual Ele a vestiu, quando vê em seu Senhor toda a glória de Deus, quando está associada à glória de seu Noivo em poder do Seu amor infinito por ela até a morte, quando ela será perfeitamente pura e gloriosa com Ele onde Ele está e como Ele, manifestada naquela glória com Ele, cercada por Suas honras, compartilhando de toda a Sua glória que o Pai Lhe deu, que o mundo possa saber que o Pai a ama como Ele O ama! Associados assim a Ele, julgaremos os anjos e o mundo e dispensaremos a luz e as bênçãos de Seu reino sobre uma criação libertada de todas as suas tristezas, e onde o pecado e Satanás não podem entrar.
O reino do Pai e o dia de Deus
O lugar do amor do Pai na manifestação de toda essa glória é profundamente reconfortante. Jesus ensinou os discípulos a orar pela vinda do reino do Pai, onde os justos “resplandecerão como o Sol” como Cristo, “o Sol da justiça”. Ele aparecerá na glória do Pai – para nós, a coisa mais abençoada. Aqui entramos em águas mais profundas, embora mais calmas, na eternidade – oceano sereno e sem limites, de infinito gozo, sobre o qual conheceremos a largura, o comprimento, a profundidade e a altura, que excede todo o entendimento. Sempre estaremos aprendendo Sua infinita bênção e estudando Sua glória. Agora, temos o privilégio de sentir qual é a Sua graça. Então, seremos a plena manifestação dela para mundos maravilhados, pobres pecadores feitos exatamente como Cristo e manifestados na mesma glória que Ele!
Amado, o que foi exposto acima é apenas um esboço simples da posição da Igreja quando Cristo for revelado em Sua glória. No arrebatamento começa o caminho da glória.
J. N. Darby
Meu Propósito, Não o de Deus
Quantas vezes em vão imaginamos e afirmamos com confiança que a nuvem está se movendo exatamente na direção que atende à inclinação de nossa vontade! Queremos fazer determinada coisa ou fazer determinado movimento, e procuramos nos convencer de que nossa vontade é a vontade de Deus.
“Instruir-te-ei e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com os Meus olhos” (Sl 32:8).
“Segundo o Seu beneplácito,
Que propusera em Si mesmo”...
Herança e bênçãos –
Riqueza insondável! Mas uma vida
Para a Sua glória deve ser vivida
Deixando o “eu” de fora.
Eu desejo por alguma direção;
Meu caminho parece um labirinto?
Um olhar para cima me conecta
Com Seu olhar amoroso e conhecedor;
Seu propósito para o plano da minha vida,
Meus momentos e meus dias.
Uma vida realmente entrelaçada
Com Seu vasto e eterno plano
Nunca terá falta de propósito
Ou tornará um homem desanimado;
Vou ver tudo do ponto de vista de Deus...
Maravilhosa extensão panorâmica!
Anônimo
“Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho”
Filipenses 1:21
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