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Deus é Luz (Setembro de 2022)


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ÍNDICE

Tema da Edição

E. L. Bevir

T. Ruga

W. G

E. Dennett

W. J. Lowe

Gospel Gleanings, Vol. 11

T. B. Baines

W. J. Prost

Things New and Old Vol. 25

Faithful Words for Young and Old, Vol. 18

F. B. Hole

Things New and Old Vol. 28

Christian Friend , Vol. 9

Philip P. Bliss


 

Deus É Luz


O homem é um pecador totalmente desqualificado para o céu, mas a verdade e a graça se uniram e isso é um imenso conforto. Os dois nomes essenciais de Deus são, Amor e Luz. Se não tivéssemos amor com a luz teríamos sido condenados, mas temos a luz perfeita na presença do amor perfeito. Nosso conforto é que a luz vem e revela tudo. Sendo da própria natureza de Deus não podemos separar as duas coisas, luz e amor. A luz penetra, mas há um poder que atrai junto com ela. Não existe trabalho real na alma do homem sem o poder que atrai. O Cristão permanece “aceito no Amado”, mas a luz de Deus entra em todos os seus caminhos. Olhe para o filho pródigo: A luz brilha e mostra que ele é um pecador perdido, mas há também um poder que atrai. “Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai”. Veja Pedro, prostrando-se aos pés de Jesus, e dizendo ao mesmo tempo: “ausenta-Te de mim”. Onde quer que o bendito Deus Se revele à nossa alma, nada fica em trevas. Se você tem uma ideia do amor de Deus sem que a consciência seja alcançada, tal ideia pode passar como o orvalho da manhã. Saber que somos levados a Deus, e que tudo está totalmente na luz, é uma coisa abençoada. O bendito Senhor carregou o nosso pecado; havia plena luz e pleno amor na cruz.


J. N. Darby (adaptado)


 

Luz


A luz em si é invisível, mas ela ilumina tudo. O que vemos ao nosso redor no mundo físico não é a luz, mas a matéria iluminada por ela. A própria abóboda celeste (isto é, o ar) é tornada visível pela luz que brilha sobre e através dela, e se pudéssemos ser transportados para o espaço vazio, atravessado como é pela luz, não veríamos a própria luz, embora ela brilhe e se manifeste sobre nós ou qualquer substância que possa estar em seu caminho.


A Palavra de Deus usa isso como uma bela ilustração, ou melhor, uma imagem. “Deus é luz” é a mensagem que recebemos d’Ele, “e não há n’Ele treva nenhuma”. “Deus é luz”: Essa é Sua natureza, e Ele era eternamente luz antes mesmo de haver um universo a ser iluminado (assim como Ele era eternamente amor antes mesmo de haver uma criatura a ser amada). “A luz”, para citar as palavras de alguém, “é perfeita pureza, invisível em si mesma, e manifesta tudo como tudo é diante de Deus”. Da mesma forma, diz-se que Deus habita na luz que nenhum homem pode “se aproximar”, e isso é luz inacessível em si mesma.


A luz entrou no mundo

Mas a luz veio ao mundo, no meio das trevas, quando o Filho de Deus apareceu na Terra na forma de um Servo, como Homem. “Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, este O fez conhecer” (Jo 1:18). E nada é mais interessante, embora, ao mesmo tempo, nada mais humilhante do que o registro no evangelho de João sobre a presença da luz neste mundo de trevas morais e o efeito dessa presença sobre os homens. Nada podia escapar à manifestação, e, embora houvesse carência de olhos para ver, embora a cegueira geral do homem não percebesse nada, ainda assim a luz brilhava e mostrava tão claramente o estado do homem que ninguém era capaz de passar diante dela sem que seus raios fossem interceptados. Fariseus, saduceus, herodianos, blasfemos orgulhosos, ou verdadeiros israelitas, em quem não havia dolo, não importa qual fosse o caráter, todos foram iluminados e manifestados diante de Deus. “A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam” (Jo 1:5). O bendito Senhor deixou um mundo de trevas, de almas cegas, que teimavam dizer que podiam ver e que amaram mais as trevas do que a luz.


A verdadeira luz é aquela que, vindo ao mundo, brilha sobre todo homem. Isso não tem nada a ver com a conversão dos homens, mas se refere ao nosso assunto; isto é, a iluminação exterior dos homens. Não fala de “luz interior”, ou qualquer coisa assim, mas contempla com admiração a presença do Filho de Deus na Terra, no meio das trevas predominantes, e vê tudo iluminado por essa presença, embora as trevas não tenham compreendido a luz. Que campo de estudo são os capítulos oitavo e nono de João, e de fato todo o livro!


Luz no Senhor

Notamos brevemente o efeito da presença da luz neste mundo quando Jesus estava aqui. Mas é dito, quanto ao tempo presente, em Efésios 5, que nós, crentes, somos luz. “Porque, noutro tempo, éreis trevas, mas, agora, sois luz no Senhor” (v. 8); podemos comparar essa passagem maravilhosa com 1 João 2:8, onde nos é dito que possuímos a vida divina em virtude da nossa união com Cristo. “Verdadeiro n’Ele e em vós” (isso não poderia ter sido dito antes de Sua morte e ressurreição): “porque vão passando as trevas [não passaram] e já a verdadeira luz alumia”. Em Efésios 5 a verdade é mais claramente declarada; nós éramos trevas, mas agora somos luz no Senhor. Quão maravilhoso e, ao mesmo tempo, quão abençoado que a vida divina em nós seja tão presente! A exortação para andar como filhos da luz é fundada sobre isso, (v. 9 – ARA) pois o fruto da luz (não “do Espírito”, como em outras versões), consiste em toda bondade, justiça e verdade, provando o que é aceitável (TB) ao Senhor. A diferença essencial entre as trevas e a luz é aqui claramente apresentada e a separação prática das obras infrutíferas das trevas é requerida. No versículo 13, encontramos novamente declarado o verdadeiro caráter da luz, como observamos em outras passagens: “Porque a luz tudo manifesta”, e, muitas vezes fica claro, apesar de toda a debilidade do presente testemunho, que o verdadeiro caráter das pessoas é revelado quando tomam seu lugar com aqueles que estão se esforçando (com todo o fracasso) para andar como filhos da luz. Quantos se afastaram quando a verdade pura foi conhecida, porque a luz expôs seus motivos – tais como egoísmo e ambição – até então escondidos em um mundo de trevas! “Sois luz no Senhor”, diz a Palavra; e “o fruto da luz está em toda a bondade, justiça e verdade”. A justiça e a verdade nunca foram populares, assim como a própria luz. Que possamos entrar mais plenamente no fato de possuir a natureza divina no meio de um mundo em trevas, julgando em nós mesmos tudo o que não é consistente com ela na prática. Podemos comparar 2 Coríntios 4:6 com esta interessante passagem, orando ao Senhor para nos dar entendimento destas grandes verdades.


Assim, durante o presente período de graça, os santos são a luz do mundo, e eles manifestam, por seu andar, o triste estado moral das coisas ao seu redor.


As trevas estão passando

Muito tem sido dito do futuro, a ponto de alguns hesitarem em prosseguir, mas podemos notar que as trevas agora estão passando, que a verdadeira luz já brilha, e quando nosso bendito Senhor for revelado em glória, o dia perfeito terá chegado. A noite é passada e o dia é chegado, e somos chamados de filhos do dia, bem como filhos da luz, pois pertencemos a Cristo, e essa glória será nossa. Durante o reinado de Cristo a luz será manifestada de uma maneira muito diferente daquela que temos observado. É um pensamento solene, mas abençoado, que nós, os santos celestiais redimidos, veremos o Cordeiro como a Lâmpada do interior da santa Jerusalém, e estaremos na própria presença da luz não criada (não há necessidade de Sol ou Lua) e que não ofusca, vendo-O como Ele é. Bem-aventurados aqueles que entendem nossa posição atual na luz como Deus está na luz; mas o que acontecerá depois? Tem sido apontado que a luz será derramada de forma modificada sobre a terra milenar e as nações. Elas andarão à luz da cidade santa, onde todas as glórias da criação redimida – as pedras preciosas – separarão e modificarão os raios que nenhuma criatura não glorificada poderia suportá-los, mesmo por um momento, e assim a própria Terra será iluminada por aquela luz mais gloriosa, porém, suavizada.


Nosso assunto é a luz, e temos observado muito brevemente a sua exibição em diferentes circunstâncias. Que possamos ser encontrados andando em um caminho de verdadeira separação de tudo o que é das trevas e sempre lembrar que somos (agora) luz no Senhor.


E. L. Bevir (adaptado)


 

Luz e Trevas – Quão Sério É Este Assunto?


Na Palavra de Deus, luz é usada para representar o bem, e trevas para representar o mal. Lidar com espíritos malignos não está de acordo com a Palavra de Deus e, portanto, é errado. Na verdade eles são demônios, seres malignos, e pertencem às trevas. Mas a pergunta pode ser feita: “Quão sério é realmente para o Cristão estar envolvido com coisas que estão erradas e são das trevas?” Como resposta a essa pergunta, veremos como a Escritura vê a luz e as trevas e a relação entre elas.


Deus é Luz

Em primeiro lugar, descobrimos que a própria natureza de Deus é luz em 1 João 1:5, onde diz: “Deus é luz, e não há n’Ele treva nenhuma”. A partir desse versículo, vemos que há uma separação absoluta dessas duas coisas e uma completa ausência de trevas (ou mal) na natureza de Deus. Esse caráter de Sua natureza é tão importante que Seu primeiro ato de criação, no primeiro dia, foi dizer: “Haja luz” (Gn 1:3). O que Deus fez a seguir não é apenas notável, mas também é vital para todos os crentes prestarem muita atenção a isso. Ele diz em Gênesis 1:4, “E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas”. Este foi o Seu primeiro ato com relação a esta criação – Ele introduziu a luz e, em seguida, imediatamente separou a luz das trevas! Satanás e o homem têm tentado misturar e confundir as duas desde então, mas elas estão para sempre separadas por Deus. Observe o que o Senhor diz sobre aqueles que misturam luz e trevas em Isaías 5:20: “Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; os quais põem trevas por luz e luz por trevas, e mudam o amargo em doce e o doce em amargo!” (TB). Aqui temos a mesma ligação: bem = luz; trevas = mal. E o Senhor diz: “Ai dos que” misturam essas coisas.


Luz moral

Assim como a luz física foi introduzida no mundo na criação, a luz moral foi introduzida no mundo quando o Senhor Jesus nasceu nesta Terra. Em João 1:1-9 diz que Ele era “a luz dos homens”. E sendo a luz, aprendemos que, “a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam”. O Senhor Jesus foi o Exemplo perfeito e Testemunha de tudo o que era certo e bom neste mundo, mas o sistema do mundo ficou inalterado por aquela Luz brilhante. E o mundo, estando nas trevas e encabeçado pelo seu príncipe, Satanás, recusou a Luz e determinou Sua extinção. Nos propósitos de Deus, Ele permitiu que o mundo seguisse seu curso, e assim o Senhor Jesus foi entregue nas mãos deles. Ele disse as seguintes palavras em Lucas 22:53: “Tenho estado todos os dias convosco no templo e não estendestes as mãos contra Mim, mas esta é a vossa hora e o poder das trevas”. E assim, na cruz do Calvário, eles levantaram suas mãos perversas contra o Senhor Jesus Cristo e fizeram a Ele o seu pior. Também aprendemos que, em três horas de trevas, Deus O castigou por nossos pecados lá. Agora, nos é dito que, porque Ele foi entregue àquelas trevas, Deus agora “nos tirou da potestade [do poder – TB] das trevas e nos transportou para o reino do Filho do Seu amor” (Cl 1:13).


O poder das trevas

Mas qual é esse poder das trevas do qual fomos libertados? Já vimos isso como o sistema mundial que é encabeçado por seu líder, Satanás, e se opõe a Cristo. A respeito de Satanás está escrito em 2 Coríntios 4:4 “nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus”. Assim, vemos que Satanás é ativo no mundo, cegando as mentes para manter os homens nas trevas e apagar a luz do evangelho. E os homens estão bastante dispostos a que assim seja, pois diz em João 3:19: “E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más”. Os homens continuam voluntariamente nestas trevas, desfrutando de suas más ações, e são bastante indiferentes ao fato de que eles estão presos sob o poder de Satanás. Quando somos salvos, descobrimos a realidade daquilo de que fomos libertados. É dito em Atos 26:18 que, “das trevas” fomos convertidos “à luz, e do poder de Satanás a Deus”. Em Efésios 5:8 nos é dito: “Porque, noutro tempo, éreis trevas, mas, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz”. E, assim como nosso Senhor era a Luz do mundo, agora Ele diz: “Vós sois a luz do mundo”, e, “assim resplandeça a vossa luz diante dos homens” (Mt 5:14,16).


A luz do evangelho

Como vimos em 2 Coríntios 4:4, foi o brilho do evangelho glorioso de Cristo que trouxe essa luz. Assim como Deus disse: “Haja luz”, na criação do mundo, assim Ele começa o novo nascimento com a luz do evangelho. A fonte contínua da nossa luz é também a Palavra de Deus, pois diz no Salmo 119:130: “A entrada das Tuas palavras dá luz” (ACF).


Deixar que a nossa luz brilhe inclui o fato de não termos nada a ver com as trevas. Assim como a luz física dissipa completamente e afasta as trevas onde quer que brilhe, assim a luz moral que os Cristãos são chamados a emitir ao seu redor dissipa as trevas morais. Em Efésios 5:11 nos é dito: “não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as” (ARA).


A comunhão

Agora, vejamos o que as Escrituras têm mais a dizer sobre o crente e sua relação com a luz e as trevas. Talvez a denúncia mais forte da mistura dessas duas coisas seja declarada em 2 Coríntios. Toda a passagem é dada abaixo:


“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei e entre eles andarei; e Eu serei o Seu Deus, e eles serão o Meu povo. Pelo que saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor, e não toqueis nada imundo; e Eu vos receberei, e Eu serei para vós Pai, e vós sereis para Mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso. Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus” (2 Co 6:14-18; 7:1).


Novamente, vemos a conexão estabelecida entre a justiça, a luz e Cristo. Por outro lado, a conexão também é estabelecida entre a injustiça, as trevas e Belial (Satanás). Essas coisas são colocadas em oposição umas às outras em termos mais fortes: “Que sociedade... que comunhão... que concórdia (acordo)?” Não há absolutamente nenhuma! E assim diz: “Pelo que saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor, e não toqueis nada imundo”. Temos ideia de como isso é importante?


A promessa

Qual é a promessa imediatamente a seguir? Ele diz: “Eu vos receberei, e Eu serei para vós Pai, e vós sereis para Mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso”. Você tem um relacionamento vivo e diário com Deus como seu Pai – Aquele que cuida de você e está envolvido em todas as circunstâncias da sua vida? Se você está envolvido com espíritos malignos, ocultismo ou qualquer uma das obras das trevas, você não pode desfrutar desse relacionamento com Ele. Deus é o Pai de todos os que creem (Jo 1:12), mas é impossível desfrutar desse relacionamento com Ele a menos que estejamos separados das trevas, pois Sua natureza é luz e n’Ele não há trevas.


Observe também que Ele é citado como o “Senhor Todo-Poderoso”. Muitos seguem com as obras das trevas sem temor, mas nosso Pai que anseia por caminhar conosco em um relacionamento tão vivo e próximo é o “Todo-Poderoso”. Não há necessidade de temor, e a fé se eleva acima de tudo para n’Ele confiar.


T. Ruga


 

Luz e Amor


As Escrituras dizem que Deus é luz e amor, mas a luz é tristemente ignorada pela maioria nestes dias de rejeição da verdade, sendo o amor aceito de bom grado de forma nominal por muitos. Mas se a afirmação da Palavra de Deus de que Ele é amor é tão importante que deve apelar a todo coração humano, quão igualmente importante deve ser a declaração das Escrituras de que “Deus é luz”.


Que Ele é luz nunca pode ser contraditado, pois Ele Se declarou neste mesmo mundo como sendo de olhos mais puros que não pode ver o mal, e nem contemplar a iniquidade. Você pergunta, quando e como? Então, pegue sua Bíblia e leia o relato tocante, mas inspirador, da obra da cruz. Nunca Deus declarou Sua absoluta aversão ao pecado, como quando Seu bendito Filho, que nunca pecou, Se sacrificou sob o fardo do mesmo pecado sobre aquela cruz cruel. Feito pecado por um Deus justo, santo e que odeia o pecado, a mão severa de Sua reta justiça, em toda a Sua imaculada pureza, caiu sobre a devotada cabeça do Filho, para que a expiação do pecado fosse feita. Se pecado – essa coisa horrível tão oposta à natureza de um Deus santo – foi encontrado sobre a Pessoa imaculada do Cristo de Deus, isso deve ser feito o assunto do julgamento.


Tu és Santo

Quem dentre os filhos e filhas dos homens tentará sondar as profundezas da humilhação que tal sacrifício significava para o manso e brando Cordeiro de Deus? Que toda a voz seja silenciada enquanto aquela hora terrível é contemplada. E quais são as palavras que se ouve dos lábios daquele bendito Homem em sofrimento? “Porém Tu és santo, O que habitas entre os louvores de Israel” (Sl 22:3). Ele que era um com o Pai, nunca, nem por um momento, esqueceu que era impossível o pecado estar na presença de Deus. Pecado precisa ser julgado; e porque Deus é luz, ele foi julgado e punido na Pessoa adorável de Seu próprio Filho. Toda a ira reprimida da justa indignação de um Deus que odeia o pecado irrompeu sobre Ele que ficou no lugar do pecador, e se consumiu por completo sobre Sua fronte adornada com espinhos. Que momento foi para este mundo! E que momento foi para o meu Senhor! Que bom que as trevas se fecharam em torno d’Ele, ocultando-O do olhar atento da multidão insensível que circundava aquela cruz.


Ousamos alimentar por um momento a esperança de que possamos entrar na presença de Deus com nossos pecados sobre nós? Então, que tal falsa esperança seja destruída, pois nunca poderá ser cumprida. Se não houve escapatória para Aquele que, embora feito pecado, era, no entanto, sem pecado, como então você escapará se essa grande salvação for negligenciada, salvação que Ele garantiu pelo sacrifício de Si mesmo na cruz? Essa cruz se destaca como um testemunho eterno do fato de que Aquele que é luz nunca pode tolerar o pecado.


Entrada gratuita

Toda adoração e louvor, então, seja para Aquele que sustentou a intensidade da luz gloriosa da presença de Deus quando o pecado foi tratado em Sua Pessoa bendita, pela qual o pecado foi justamente tirado para a glória eterna de Deus, sendo a profunda necessidade do pecador satisfeita, o qual agora é livremente convidado a vir, purificado pelo sangue de Cristo, para a presença imediata de Deus sem qualquer dúvida de consciência ou um temor profano escondido no coração.


Uma vez que o Senhor, quando aqui neste mundo era Deus manifesto em carne, Ele podia dizer: “Eu sou a luz do mundo”. E não é essa a razão secreta pela qual o coração humano em trevas e manchado de pecado se aborreceu com Ele, apesar de toda a ternura e graça mostradas às Suas criaturas culpadas? Elas permaneceram insatisfeitas e desconfortáveis até que apagaram a luz, colocando em uma morte vergonhosa Aquele que falou como nunca um homem falou.


Deus é amor

Mas “Deus é amor”, e a própria cena que demonstrou à Terra e ao céu que Ele era luz declarou também a imensidão do amor pelas multidões da humanidade errante, que encheu Seu coração, as quais se regozijaram em sua rebelião culpada contra Ele, e que ressoou o pecado sob suas línguas com o maior prazer.


Deus amou a tais, porque Ele é amor. “Mas Deus prova o Seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5:8). Mas deve-se notar que Ele nunca poderia agir em misericórdia à custa de Sua justiça. Seu amor nunca poderia ser dado a conhecer a um mundo pecaminoso e corrupto até que fosse fielmente declarado que “Deus é luz, e não há n’Ele treva nenhuma” (1 Jo 1:5). Deus disse fielmente ao pecador: “Eu odeio os teus pecados, mas Eu te amo. Castiguei o Meu Filho em teu lugar, pois o pecado não pode ficar impune. Reconhece-O por fé como teu substituto, e eu devo, em sintonia com a Minha própria justiça, abençoar-te e salvar-te; sim, é Meu prazer fazê-lo”.


Que Deus salvador

Que Deus salvador! Bem, podemos exclamar: “O que Deus fez?”. Mas Aquele bendito Homem que, pela Sua morte, revelou tudo o que Deus é, embora rejeitado pelo mundo, e recebido de volta em glória, voltará novamente como o Filho do Homem, com todo o julgamento confiado em Suas mãos, e mais ainda, para repetir a verdade solene que o pecado em todas as suas trevas nunca pode entrar na luz da presença de Deus. Embora Sua vinda seja sem pecado para a salvação daqueles que O esperam, ainda assim, será a ocasião para o julgamento do pecador impenitente, que ousou rejeitar a rica e graciosa provisão de Deus para sua salvação, e que desprezou a compaixão e o amor que levaram o Filho de Deus a Se oferecer para a purificação do pecado. Este será um ato grandioso de justiça por parte de Deus, tanto para entregar às chamas eterna do inferno aos que rejeitaram Sua grande salvação, como para salvar o pecador arrependido pela obra expiatória de Cristo, e tê-lo com Cristo para sempre, para o louvor da glória de Sua graça.


Meu desejo é que nem uma única alma que possa ler isso esteja entre aqueles que, quando forem encontrados não estejam escritos no livro da vida, serão lançados no lago de fogo. Quem quer que você seja, pode, por fé, abraçar a grande salvação de Deus, conhecendo Jesus como seu Salvador, e Ele como seu Deus, que é luz e amor.


W. G.


 

Deus É Luz


As duas expressões que temos em 1 João – “Deus é luz” e “Deus é amor” – são verdades relacionadas. Seguindo a revelação divina do começo ao fim, elas são as duas linhas pelas quais a textura dos conselhos divinos foi tecida. Tudo é luz e amor, pois tudo está servindo à exibição do próprio Deus – perfeito em pureza e perfeito em bondade. Gostaria agora de traçar as expressões da verdade, “DEUS É LUZ”, como elas se mostram nas revelações divinas.


No início, temos a expressão mais forte da santidade e justiça de Deus: “No dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2:17). Aqui o Senhor atribui ao primeiro cometimento do mal nada menos do que separação completa de Si, pois Ele é o Deus vivo. Que forte afirmação, logo de início, da pureza de Deus, da grande verdade de que “Deus é luz, e não há n’Ele treva nenhuma” (1 Jo 1:5)!


Assim Deus Se mostra de imediato, e tudo depois é apenas um abrilhantamento disso. Vemos também que o “amor” terá o seu caminho, mas a “luz” não vai ceder. Em todos os conselhos revelados, em todos os lugares e dispensações, a luz afirma o seu mesmo lugar.


As demandas da luz – Os desejos do amor

Quando o pecado entra, vemos isto: “Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” é agora dito pelo Senhor Deus à serpente sobre a semente da mulher. Todas as demandas de “luz” serão honradas, e todos os desejos de “amor” serão satisfeitos. Essa é a interpretação dessa primeira promessa de Deus depois que o pecado entrou. O homem será redimido, a cabeça da serpente será pisada, porque “Deus é amor”, mas a pena do pecado persistirá, ou o calcanhar da semente da mulher será ferido, porque “Deus é luz”.


E porque “Deus é luz”, de agora em diante O vemos como um Estranho no lugar em que o pecado e a morte entraram. A habitação do homem tornou-se contaminada, mas Ele visita a Terra para a bênção e orientação de Seu povo, porque Ele é “amor”. Deus não podia descansar em um estrado sujo, e assim descobrimos, quando Ele está prestes a assumir Canaã como Sua morada, que a espada de Josué a livra de seus antigos corruptores. As cidades se tornam malditas ao Senhor. O fruto do gado, dos campos e das árvores são purificados por várias ordenanças. Tudo, conforme os costumes, é assim purificado, antes que o Senhor possa habitar ali.


Santidade ao Senhor

Assim, quando tudo está estabelecido na terra, “santidade ao Senhor” é lida em todos os lugares. Ele mesmo é retirado para aquele lugar que é chamado de “o lugar santíssimo”, e o caminho para aquele santuário é marcado por testemunhos da santidade implacável do Senhor. Tudo fala de “amor” ao estabelecer um caminho – mas o caráter do caminho nos fala igualmente de “luz”. A menor mancha deve ser removida; o toque de uma sepultura, ou mesmo um osso, embora por acidente, direcionava os adoradores para a água purificadora antes que eles pudessem se aproximar do Senhor (Nm 19). “Amor” forneceu esta água, mas “luz” exigiu que ela fosse usada. E assim, o lugar, as ordenanças que o prepararam, o adorador que as usou – tudo ainda falava que “Deus é luz”.


O testemunho da lei

Gostaria agora de observar que a lei, que foi estabelecida ao mesmo tempo, deu o mesmo testemunho. Pois, se o homem se aproximar de Deus pela lei, ele ainda deve aprender que “Deus é luz”; portanto, “Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas que estão escritas no livro da lei para fazê-las” (Gl 3:10). Se o homem estiver diante d’Ele, como no Monte Sinai, e não à porta do santuário, deve trazer com ele aquela “luz” de santidade que é a única digna da presença divina. Nada menos que isso poderia responder à demanda d’Aquele que é “luz”.


Esse é o forte testemunho da lei para a grande verdade que estamos seguindo através das Escrituras. A voz das palavras do alto do Sinai e a voz do santuário aos seus pés igualmente, embora de maneira diferente, proferiram esta verdade: “Deus é luz”.


Mais tarde, o cativeiro de Israel torna-se o testemunho naqueles dias. O povo não tinha permanecido em “todas as coisas” da lei. A dispersão das tribos nos manifesta que “Deus é luz”, como o exílio de Adão do Éden havia manifestado antes. A iniquidade e as transgressões devem se distanciar de Deus. Se Israel andou nas trevas da natureza corrompida, eles precisavam andar fora da presença de Deus.


Tal foi o testemunho de todos os profetas contra um povo desobediente. E tal, novamente, o testemunho de João Batista, no devido tempo; tudo em sintonia. Ele os chama para o arrependimento e para nunca confiarem no fato de serem “filhos de Abraão”, isto é, do povo de Deus. Mas agora chegamos ao relato de outro testemunho (o mais comovente de todos) – a vida e o ministério do Senhor Jesus Cristo.


A vida e o ministério de Jesus Cristo

Tudo o que Ele fez foi um reflexo de Deus; tudo, também, foi “luz” e “amor”. Eles estavam mesclando seus raios e formando aquele elemento perfeito em que Ele viveu e Se moveu nesta Terra. Aqui habitava “a plenitude da Divindade corporalmente”, e tudo o que emanava era “luz” ou “amor”. Ele consentiu em ser ferido em Seu próprio calcanhar, por causa da justiça, porque “Deus é luz”, mas Ele Se comprometeu a ferir a cabeça do inimigo, por causa da graça, porque “Deus é amor”. Isso foi manifestado em Sua morte mais particularmente, mas habitualmente, também, em toda a Sua vida antes da morte. Tudo falava de “luz” e de “amor”, ou refletiam “justiça e paz”, “misericórdia e verdade”. Mas quão gloriosamente a cruz de Cristo manifesta a verdade que “Deus é luz” e que “Deus é amor”! Entender a cruz é entender que ela realmente carrega para nós o testemunho como pecadores. Mas em Seu ensino, o Senhor deu o mesmo testemunho. Se olharmos para Sua vida ou Seu ministério, podemos dizer que “Deus é luz, e não há n’Ele treva nenhuma”.


O testemunho do Espírito Santo

Quando o testemunho de nosso Senhor sobre a “luz” e o “amor” terminou, o Espírito Santo sustentou exatamente o mesmo, embora de uma forma diferente. Seus ensinamentos pelos apóstolos nas epístolas revelam novos mistérios, mas todos afirmam essas verdades. O pensamento de “a doutrina de Cristo” admitir quaisquer trevas ou mal era estranho para a mente do Espírito. “Não sabeis”, diz Paulo, “que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte? ... que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida” (Rm 6:3-4). Assim também, ele interpreta a graça que traz a salvação como aquela que ensina a renúncia da impiedade e das concupiscências mundanas, e um viver sóbrio, justo e piedoso neste mundo presente (Tt 2). Embora agora seja a graça e a salvação, e não a lei que é manifestada, é com igual certeza um testemunho de que “Deus é luz”.


Gostaria apenas de acrescentar que a epístola da qual tiramos as palavras “Deus é luz” e “Deus é amor” tece essas duas verdades juntas. Todos os pensamentos do Espírito Santo parecem passar e repassar entre elas. Consequentemente, está escrito: “qualquer que não pratica a justiça e não ama a seu irmão não é de Deus” (1 Jo 3:10). E por qual motivo? Porque “Deus é luz” e “Deus é amor”, portanto, aquele que não faz justiça não pode ser d’Aquele que é “luz”, nem pode aquele que não ama a seu irmão ser d’Aquele que é “amor”.


A morada do Espírito Santo

Tal, então, é o ensinamento do Espírito Santo. Mas como o Filho, não apenas por Seu ensinamento, mas em Sua vida e Pessoa, deu testemunho desta verdade, assim o faz duplamente o Espírito Santo da mesma maneira. Seu ensino por meio dos apóstolos faz isso, assim como Sua habitação nos santos. Os santos são os templos d’Ele agora. Mas Ele habita nesses templos como um “Espírito Santo”, entristecido por qualquer contradição prática da verdade de que “Deus é luz” (Ef 4:30).


Como tudo isso é perfeito! O Filho e o Espírito Santo, cada um no dia de Sua manifestação, mantêm o mesmo testemunho bendito, tanto por ação quanto por palavra. E temos apenas que acrescentar que a glória, mais tarde, dirá a mesma preciosa e excelente verdade – que “Deus é luz” e que “Deus é amor” – tocando essa nota com uma mão tal que fará com que vibre para sempre. O próprio descanso de todos os que confiaram em Jesus dirá que “Deus é amor”; a entrada para esse descanso e aquilo que o rodeia, dirá que “Deus é luz”. A Terra, que será o estrado na era da glória, deve ser purificada de seus corruptores antes que a glória possa voltar e habitar aqui. E quando for assim purificada, será mantida limpa. “Pela manhã destruirei todos os ímpios da terra”, diz o Senhor da Terra nos dias da sua glória, “para desarraigar da cidade do SENHOR todos os que praticam a iniquidade” (Sl 101:8). E quanto à casa superior – a glória celestial – nada pode se aproximar que possa de alguma forma contaminá-la. “A ela trarão a glória e a honra das nações” (Ap 21:26). Além da esfera que a glória preenche deve desaparecer tudo o que é impuro, tudo o que é a contradição da “luz”, pois as trevas serão então trevas exteriores.


Assim, de fato, desde o jardim do Éden até a glória, temos o testemunho constante, em todos os caminhos de Suas mãos e em todas as revelações de Sua mente, de que “DEUS É LUZ, e não há n’Ele treva nenhuma”.


E. Dennett (adaptado)


 

A Necessidade de Santidade


Em Gênesis 3 vemos que foi pela queda que o homem adquiriu uma consciência, e o primeiro efeito da ação dessa consciência foi fazê-lo procurar cobrir a nudez que sua desobediência lhe mostrara, e então, assim que ouviu a voz de Deus, procurou esconder-se de Sua presença. Essa foi a consequência inevitável do conhecimento do mal, misturado com o sentimento de que ele tinha cometido esse mal, e que, consequentemente, era desqualificado para comparecer diante de um Deus que poderia, nesta circunstância, somente ser um juiz que deve condenar o pecador.


Consciência e inteligência

A consciência nos fala do nosso estado e nos faz senti-lo, mas a inteligência humana, cega por Satanás, procura desculpar o mal e justificar tudo colocando Deus inteiramente de lado. Em princípio, essa é a repetição do que nossos primeiros pais fizeram – ou seja, procurar se cobrir e se esconder de Deus. Todos esses esforços resultam no enfraquecimento do pensamento de santidade na alma. O homem, quando é guiado apenas pela sua razão, é irracional e vai cada vez mais longe da verdade. Ele está em trevas, mas sendo também cego, não pode discernir entre luz e trevas. Portanto, está escrito: “Por causa do seu orgulho, o ímpio não O busca; todos os seus pensamentos são: Não há Deus.” (Sl 10:4 – AIBB). E a este respeito, o pensador não é melhor do que os outros (Rm 2:1-11). Se o fundamento do seu raciocínio é falso, como pode o edifício que ele ergue sobre o fundamento permanecer? Daí a verdade desta afirmação muitas vezes repetida: “Não há moralidade separado da revelação”. Que aqueles que negam a Deus nos digam, se puderem, quais são os princípios morais que pretendem possuir, à parte do que Deus nos revelou nas Escrituras.


Moralidade

Mas a Palavra de Deus não nos oferece simplesmente um código moral, isto é, um sistema de princípios de ação tão estruturado que os homens possam viver juntos em paz e que a sociedade seja sustentada e mantida unida. Ela também mostra que a única fonte de verdadeira felicidade para o homem está naquela mesma presença da qual ele foge e que ele sempre tenta evitar. Deus não desejou ser apenas o Juiz do pecador. Em Sua graça Ele vem buscar o homem; no entanto, Ele o faz com base no princípio da justiça. Ele Se revela como um justo Deus e um Salvador. Atraindo a Si, em graça e na paz, Sua criatura caída, a quem o pecado havia posto à distância, Deus manifesta Sua glória ali mesmo onde o inimigo triunfou. Consequentemente, Deus não pode trazer uma criatura pecaminosa para Sua bendita presença sem dar-lhe a percepção e a consciência da santidade divina. Deus não pode mudar Seu caráter nem baixar o padrão de Sua santidade, a fim de trazer o homem para o relacionamento com Ele. A moralidade pode ser suficiente entre os homens, mas deve haver santidade para o relacionamento com Deus. A Escritura insiste nisso.


Graça e fidelidade

Mas essa grande lição de santidade supõe outra lição, sem a qual ela não poderia ser aprendida por um pecador à distância de Deus. Referimo-nos à revelação da graça e fidelidade de Deus. Eu devo conhecer a Deus como um Deus Salvador antes que minha alma possa estar em condições de entender o que Sua santidade requer. Portanto, as primeiras linhas da Escritura declaram Sua infinita bondade, preparando assim o caminho para a igualmente importante revelação de Sua santidade. Deus é amor e Deus é luz. A cruz de Cristo é a explicação dessas duas grandes verdades e é também a expressão mais elevada delas, enquanto ao mesmo tempo elas alcançam em uníssono a ressurreição de Cristo (particularmente no que diz respeito à santidade), pois Ele foi “declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição de [entre] os mortos” (Rm 1:4).


A bondade fiel de Deus

Em conexão com o que dissemos, vemos que o primeiro livro da Bíblia – Gênesis – revela diferentes fases da bondade fiel de Deus, Seus propósitos de graça para com o homem, mas sempre, é claro, com base na santidade, ainda assim apresentados de modo a atrair o coração daquele que não conhece a Deus e produzir confiança em alguém a quem o pecado tornou desconfiado de Deus. Os dois livros seguintes, pelo contrário, estão especialmente ocupados com a santidade. Êxodo estabelece as bases, e Levítico com mais alguns capítulos em Números desenvolve os detalhes em conexão com a ordem nacional e sacerdotal dos filhos de Israel.


Com uma exceção, e que é em referência à instituição do sábado (Gn 2:3), a palavra “santidade” ou “santificar” não ocorre em Gênesis. Na verdade, este livro não trata da redenção ou da habitação de Deus entre os homens. Deus sai para buscar o homem; Ele o chama e o mantém na graça fiel; Ele o justifica e cumpre todos os Seus propósitos para com ele; Ele produz fé em sua alma e a alimenta e prova, e assim faz com que Seus servos caminhem em comunhão com Ele. Tais são algumas das preciosas verdades quanto aos caminhos de Deus, que devem ser encontradas neste primeiro livro e que são características dele, mas não está em nenhum lugar neste livro que o pensamento de Deus é descer e habitar entre os homens.


Os primeiros 22 versículos de Hebreus 11 fazem uma revisão dos ensinamentos deste livro no que diz respeito à fé. Em Gênesis há duas grandes divisões. A primeira fecha com o capítulo 11 e desenvolve os grandes princípios do governo de Deus; a segunda, que começa com a história de Abraão, fala do chamado de Deus e Sua graça soberana para com Seus eleitos. Homens santos de Deus foram mantidos em comunhão com Ele, a fé deles foi alimentada pelas comunicações que Ele fez a eles, e eles, confessando que eram “estrangeiros e peregrinos” na Terra, procuraram uma “pátria melhor”, uma “cidade celestial”, assim Deus não Se envergonha de ser chamado de “seu Deus” (Hb 11:16). Ainda na primeira parte do livro encontramos um deles, Enoque, que recebeu testemunho durante sua vida que ele andou com Deus, e ele não foi encontrado, pois Deus o havia trasladado.


Redenção e um santuário

Êxodo entra no grande assunto da redenção. Deus terá um povo para Si para que Ele possa habitar entre eles; consequentemente, esta nação deve ser santa, porque Deus é santo. (Veja Êxodo 19:6; 29:43-46.) Portanto, o estado em que a graça de Deus formou esse povo é dado em detalhe, bem como a sua condição moral e a atitude do coração deles para com Deus. Sua libertação do Egito e do poder de Faraó ocupa uma grande parte do livro, e isso prepara moralmente o caminho para o estabelecimento do santuário no qual Deus Se dignou a habitar no meio deles. (Veja Êx 15:17; 25:8)


Santidade absoluta de Deus

Moisés foi o vaso escolhido levantado e preparado por Deus para a libertação de Seu povo Israel. Para ele, Deus revelou o único fundamento sobre o qual Ele poderia colocar o homem em relação Consigo – o da santidade absoluta. Ele mostrou isso a Moisés antes de enviá-lo aos israelitas. A chama de fogo do meio da sarça no deserto era a figura adequada para capacitar Moisés a apreender a grande lição que Deus tinha para ensiná-lo, e fazer com que as palavras que lhe eram ditas penetrassem profundamente em sua alma: “Não te chegues para cá; tira os teus sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa” (Êx 3:5). O Deus que estava aqui revelando-Se a Moisés foi o mesmo que guiou os patriarcas em Sua graça perfeita e poderia, portanto, dizer-lhe: “Eu Sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó”, para que suas afeições fossem atraídas a Deus pela lembrança de Sua bondade para os patriarcas. Assim Moisés estava preparado para receber todo o ensinamento expresso na sarça ardente. Vemos também ao longo de toda a sua história subsequente quão profundamente esta lição foi gravada no seu coração e como ela formou a base de todas as suas relações com Deus. (Compare Êxodo 33; Deuteronômio 4:24; 9:3). Deus lhe disse: “Tenho visto certamente a aflição do Meu povo, ...e eu estou descendo para livrá-los” (KJV). Isso envolveu o relacionamento próximo do povo com Deus, um relacionamento que só poderia existir no terreno de santidade. Deus é amor e Deus é luz.


W. J. Lowe


 

“Eu Odeio o Desagradável Sol!”


“Odeio o desagradável Sol; ele mostra toda a sujeira”, disse uma faxineira resmungando à outra, inconscientemente fazendo o melhor comentário possível sobre mais de uma passagem da Palavra de Deus, pois não muitos reconheceriam tão francamente sua aversão àquilo que revela sua própria negligência em seu dever; no entanto, no fundo de cada coração que não foi exposto à luz da presença de Deus, está o pavor da descoberta e o consequente ódio pelo que mostraria as coisas como elas realmente são. Enquanto havia sombra e escuridão, a jovem sabia que os quartos meio varridos, os cantos negligenciados e as prateleiras empoeiradas podiam escapar da percepção, mas uma vez que o Sol entrasse – então seu descuido se tornava óbvio para todos. “E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal aborrece a luz e não vem para a luz para que as suas obras não sejam reprovadas” (Jo 3:19-20).


Por quê?

Por que os homens expulsaram e mataram o Cristo de Deus? Porque Ele veio como luz ao mundo, e as obras deles eram más. O objetivo da luz do Sol não é mostrar faxineiras negligentes, embora isso possa ser sua consequência; ele brilha como a fonte de luz e calor para o mundo. “Deus enviou o Seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo” – esse não era o objetivo da vinda de Cristo - “mas para que o mundo fosse salvo por Ele” (Jo 3:17). “O Pai enviou Seu Filho para Salvador do mundo” (1 Jo 4:14). O Filho amado de Deus é o esplendor de Sua glória; quando Ele vem, então, Ele é necessariamente a luz – a verdadeira luz que vindo ao mundo, ilumina a todo homem.


Mas os homens amavam o pecado e odiavam a luz, e até onde foi possível, eles expuseram isso no Calvário. Eles extinguiram a luz que os expôs e penduraram o Senhor da glória em uma cruz! “Houve trevas em toda a Terra até a hora nona, escurecendo-se o Sol” (Lc 23:44-45). Desprezível, como os homens a consideraram, mas então a luz estava brilhando o máximo. Isso estava mostrando toda a enormidade da culpa do homem, todo o peso do pecado dele; tudo foi exposto na presença de Deus, e o “pecado” eternamente condenado. A luz detectou tudo; a luz julgou tudo. E dos lábios do Santo Sofredor irrompeu o clamor: “Está consumado”, e Ele inclinou a cabeça e entregou o Seu espírito.


A luz brilhou novamente

Então a luz voltou a brilhar. “Quando já despontava o primeiro dia da semana”, a luz, que o homem pensava ter sido apagada por sangue no Calvário, ressuscitou, e agora a luz do conhecimento da glória de Deus brilha na face de Jesus Cristo. E o crente em Jesus sabe que tudo o que ele é e tudo o que ele fez já foi exposto e julgado; quanto mais brilhante a luz, mais brilhante o testemunho ao sangue precioso e à obra perfeita que a tudo levou.


“Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus” (Jo 3:21). Se você já veio a Ele, o anseio d’Ele por você é aquele que Seu servo Paulo orou pelos filipenses – “a fim de que sejais sinceros e sem ofensa para o dia de Cristo” (Fp 1:10 – TB). Alguns dizem que o significado da palavra aqui traduzida como “sincero” é “julgado pela luz do Sol”. Se você sabe que todos os seus pecados foram expostos pela luz, a fim de que todos eles possam ser perdoados, será seu prazer levar tudo à prova dessa luz, para tudo confrontar, julgando a si mesmo e aos seus caminhos pela luz do Sol até que o “Sol da justiça nasça”.


Gospel Gleanings, Vol. 11


 

Filhos da Luz


Os crentes são exortados a serem “imitadores de Deus, como filhos amados” (Ef 5:1). Deus Se revelou como Amor e Luz. Nos versículos anteriores, Deus é visto como Amor e, portanto, nos é dito para “andar em amor”. Aqui, Deus é visto como Luz, e por isso nos é dito para andarmos “como filhos da luz” (Ef 5:8).


O princípio universal é que os crentes devem “andar dignos da vocação com que fostes chamados” (Ef 4:1). Visto que os crentes são santos (Rm 1:7; 1 Co 1:2), eles são exortados a uma caminhada santa porque são santos por meio do chamado de Deus. Esses crentes já haviam andado nas concupiscências da carne, mas agora, tendo a vida de Cristo, deveriam mostrar essa vida em sua caminhada. Quão impróprio para aqueles assim santificados andarem na imundícia! E isso não somente nas ações, mas em palavras, pois os crentes devem agir “como convém a santos”. A leviandade de coração que se expressava a si mesma no velho homem, poderia agora no novo homem encontrar uma expressão adequada nas “ações de graças”.


Mas outro motivo é adicionado. “Porque bem sabeis isto: que nenhum fornicador, ou impuro, ou avarento, o qual é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus” (Ef 5:5). Se for para termos parte “no reino de Cristo e de Deus”, devemos ser moralmente adequados a ele em caráter. Como vistos em Cristo, já fomos feitos para “participar da herança dos santos na luz” (Cl 1:12), mas aqui a questão não é tanto de posição como de conduta.


Fracasso não altera o princípio

Não há dúvida de que muitas vezes há um fracasso grave, mas isso não altera o princípio. O que distingue um Estado bem governado é a ordem e a obediência à lei. O que distingue o reino de Deus é a santidade e a pureza da caminhada. Em um Estado bem governado, pode haver casos de desordem e desobediência à lei; entre os membros do reino de Deus, pode haver casos de impiedade e um andar impuro. Mas, em ambos os casos, isso é um desvio da ordem normal. Assim, a libertinagem e a imoralidade são condenadas igualmente pela graça e pelo governo de Deus, e o apelo ao crente, tanto como santo quanto como membro do reino de Cristo e de Deus, é que ande como é digno da vocação pela qual é chamado.


A vã filosofia do homem pode realmente procurar perverter a doutrina da graça em um consentimento de imoralidade, mas a tolice do ensino que consentiria tais práticas é vista imediatamente pelo fato de que estas são as mesmas práticas pelas quais o julgamento de Deus vem sobre os filhos da desobediência (Ef 5:6). Eles mesmos tinham estado nessa condição, mas Deus os havia chamado para fora dela. Como Ele poderia suportar que eles andassem nos mesmos atos dos quais foram libertos? “Porque,” Ele argumenta, “noutro tempo, éreis trevas, mas, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz” (Ef 5:8).


A luz da vida

Cristo veio para revelar Deus como Luz, como em todos os outros meios. Daí Ele fala de Si mesmo como “a Luz do mundo”, e declara que “aquele que Me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8:12). A Escritura não conhece tal pensamento de um homem que está na luz andando em trevas. Ela dá numerosos exemplos do fracasso dos crentes, e mostra como a carne, onde permitida agir, é tão ruim no convertido como na pessoa não convertida. Mas, por tudo isso, o pensamento humano de que um crente pode continuar a andar e se deleitar no pecado é totalmente oposto ao ensino da Palavra de Deus: “Se dissermos que temos comunhão com Ele e andarmos em trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1 Jo 1:6-7). As duas grandes classes são, portanto, o incrédulo, que anda em trevas e não tem comunhão com Deus; e o crente, que anda na luz e tem comunhão. Os convertidos de Éfeso já tinham pertencido à primeira classe, mas agora estavam na segunda. Como filhos da luz, deviam mostrar o que era aceitável a Deus e produzir o fruto da luz.


Onde a luz está, as trevas desaparecem

Onde a luz está, as trevas desaparecem. Assim, onde se permite que os raios da luz de Deus examine o coração há um verdadeiro e profundo julgamento do mal, assim como uma separação prática dele. Então o apóstolo diz, “E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas, antes, condenai-as” (Ef 5:11). O crente não só caminha na luz, mas ao fazê-lo torna-se uma fonte de luz. Assim, nosso Senhor diz: “Se Eu não viera, nem lhes houvera falado, não teriam pecado, mas, agora, não têm desculpa do seu pecado” (Jo 15:22). As trevas não se descobrem a si mesmas, mas são descobertas pela luz. A mera filosofia, por mais profunda que seja, não pode mostrar as coisas de acordo com os pensamentos de Deus. A vida e a luz devem andar juntas. Somente a alma vivificada pode discernir em Cristo a luz do mundo, e ver todas as coisas na forma e cor em que esta luz as revela.


O nosso andar

Todas as exortações anteriores são assim brevemente resumidas – “Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo, porquanto os dias são maus. Pelo que não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor” (Ef 5:15-17). Loucura e Sabedoria na Escritura não são meramente qualidades intelectuais, mas têm sempre um caráter moral. O crente, como filho da luz, tem “a mente de Cristo”; tem o Espírito Santo para lhe ensinar as coisas profundas de Deus. Mas a carne está constantemente presente para lutar contra o Espírito, e isso exige vigilância constante para andar como sábios e não como tolos. Isso é ainda mais necessário porque os tempos são maus, de modo que cada oportunidade precisa ser aproveitada.


Então, um exemplo particular é dado para ilustrar os princípios assim estabelecidos – “E não vos embriagueis com vinho, no qual há devassidão, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5:18 – AAIB). O gozo do mundo exprime-se de maneira carnal; é mera excitação natural, como a provocada pelo vinho. O crente deve estar em contraste com isso. No deleite mais profundo proporcionado pelo Espírito de Deus e não na euforia proporcionada por causas meramente naturais.


Há uma outra passagem acrescentada que parece um tanto estranha – “sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus” (Ef 5:21). A alegria provocada pelo vinho é hostil e autoritária; não é assim com a alegria do coração derramada pelo Espírito. O profundo senso de graça que suscita louvor e ações de graças a Deus humilha em vez de exaltar. Quanto mais cheio o coração for de louvor a Deus, mais baixo será em sua própria estima e, portanto, a submissão um ao outro; não de fato por simples bondade, mas no sentido profundo do temor de Deus, que nunca deixa de encher o coração ocupado com Sua bondade e amor.


T. B. Baines


 


O Amor Divino Remove o Que a Luz Divina Expõe


“O amor cobre multidão de pecados” (1 Pe 4:8), nos é dado para mostrar o que caracteriza o amor divino e para nos mostrar como devemos agir em relação aos nossos irmãos crentes. Na verdade, as palavras são quase todas citadas no Velho Testamento, em Provérbios 10:12: “O ódio excita contendas, mas o amor cobre todas as transgressões”. Deus era o Mesmo moralmente no Velho Testamento como Ele é nos dias do Novo Testamento; Ele quer que aqueles que pertencem a Ele mostrem Seu amor em cobrir as transgressões dos outros. É claro que o amor de Deus, embora certamente existisse tanto no Velho Testamento quanto no Novo, não foi revelado da mesma maneira. O caráter pleno de Deus não veio à tona até que o Senhor Jesus, como Homem, veio a este mundo para revelar plenamente o caráter de Deus.


Alguém descreveu muito bem a ação do amor divino, cobrindo pecados que não precisam ser abrigados na alma ou transmitidos a outros:


“Se a assembleia está em desacordo, se há pouco amor, se a comunhão entre os Cristãos é restrita e difícil, todos esses males e erros existem diante de Deus. Mas, se há amor, que não comete nem se ressente de algum erro, mas perdoa tais coisas, encontrando naqueles mesmos pecados ocasião para seu próprio exercício, o olho de Deus, então, repousa sobre o amor em vez do mal; a multidão de pecados está coberta”.

“Onde há pecados, o amor se ocupa deles, o ofensor é trazido de volta, é restaurado pelo amor da igreja, e os pecados são removidos dos olhos de Deus; eles estão cobertos.” (J. N. Darby)


Vida em Cristo

Quando Deus traz almas à bênção pela obra de Cristo, elas têm uma nova vida n’Ele – uma vida que não pode pecar. Mas também temos o nosso velho eu pecaminoso – a carne, que nunca melhora. Quando os santos são então reunidos na igreja, e andam em amor e graça, em comunhão com o Senhor, tudo vai bem. Eles encontraram um chamado superior – aquele que os eleva acima das características individuais, inclinações mentais, hábitos, posição social e outras coisas que podem estragar a feliz comunhão deles. Eles encontraram um objeto que transcende tudo o que há neste mundo – Cristo, e tudo o que Ele é. A comunhão Cristã é de fato uma coisa maravilhosa. Mas o potencial de irritação e raízes de amargura está sempre lá. Se deixarmos que essas coisas envenenem nosso coração, elas podem causar sentimentos ruins e conflitos que, talvez mais do que qualquer outra coisa, estragam a paz da assembleia local. Muitas vezes, as coisas que trazem tudo isso são bastante pequenas, mas a irritação se torna tal que pode irromper em ressentimento aberto.


Amor divino

É aqui que o amor divino deve ser demonstrado, cobrindo essas transgressões e não reagindo a elas da maneira errada. A carne em você e em mim não pode responder à carne em outro. Em vez disso, o amor e graça que nos trouxeram a Cristo devem assumir e cobrir o pecado em meu irmão. Se necessário, podemos agir conforme Mateus 18:15-17, indo pessoalmente ao nosso irmão (ou irmã!) e procurando remover a dificuldade. Mas muitas vezes não precisamos nem mesmo ir tão longe; se é um ligeiro desrespeito pessoal ou talvez algum desrespeito ou rejeição inadvertida que ocorreu, podemos esquecê-lo.


O caráter de Deus como luz

Sim, há momentos em que a luz é chamada, em que, na fidelidade ao Senhor, devemos lembrar que “Deus é luz”. É muito importante entender que o exercício do amor divino ao cobrir “a multidão de pecados” não é de forma alguma contrário ao caráter de Deus como luz. Não é honrar ao Senhor, em nome do amor, “varrer para debaixo do tapete” o que é uma grave desonra para Aquele que está no meio da assembleia. O verdadeiro amor deseja a bênção de quem pecou, e isso pode significar abordar o assunto à luz da Palavra de Deus. Mas se isso pode ser feito em particular, quão melhor é do que transmiti-lo publicamente, ou pior ainda, falar sobre isso pelas costas daquele que pecou. Infelizmente, todos sabemos com que frequência isso acontece. Em vez de esquecer o assunto, ou talvez ir diretamente para aquele que nos ofendeu, tendemos a fofocar sobre o problema para os outros. Ao fazer isso, além de espalhar o mal, estamos aptos a contar “um lado da história”, enfatizando o mal que nos foi feito e talvez esquecendo que podemos ter contribuído para o problema.


Um irmão mais velho, há muito tempo com o Senhor, costumava nos lembrar: “Se alguém disser algo desagradável sobre você, não olhe para aquele que disse isso. Pergunte ao Senhor por que Ele permitiu isso”. Esse foi um bom conselho, pois se o Senhor permite algo que nos fere, devemos lembrar que foi cuidadosamente pesado em Seu santuário antes de ser permitido em nossa vida. Vamos procurar aprender o que Ele tem para nós em tudo isso antes de abordar o erro do outro que o disse.


Isenção da dívida

Na lei mosaica, haveria uma isenção (remissão) da dívida a cada sete anos, e um homem pobre que havia tomado emprestado de um homem mais rico era libertado da dívida que ele poderia ter. Qual seria o resultado disso? Uma recompensa do Senhor: “pois por esta causa te abençoará o SENHOR, teu Deus, em toda a tua obra e em tudo no que puseres a tua mão” (Dt 15:10). A questão para um israelita era esta: Ele era rico o suficiente e com fé suficiente na bondade do Senhor para perdoar seu irmão pobre? Em termos do Novo Testamento, você e eu somos ricos espiritualmente o suficiente para perdoar um ao outro e superar pequenos erros? Infelizmente, há muitas vezes muitos Cristãos pobres que parecem incapazes de fazer isso, mas se o fizermos, a promessa do Senhor é que seremos muito abençoados em nossa vida Cristã.


O gozo do amor de Deus em nossa própria alma, juntamente com a percepção do quão grandemente fomos perdoados, nos dará a graça necessária para ignorar muitas coisas que de outra forma poderiam nos irritar e nos transtornar. Que paz dá ser capaz de fazer isso, não apenas por nós mesmos, mas pelo Senhor, cujo olho, então, repousa no amor, em vez de no pecado.


No entanto, não esqueçamos o equilíbrio adequado nas coisas divinas. “Deus é luz”, e enquanto o amor cobre, a luz expõe. Salomão nos lembra que, “Melhor é a repreensão aberta do que o amor encoberto. Fiéis são as feridas feitas pelo que ama, mas os beijos do que aborrece são enganosos” (Pv 27:5-6). O que é devido ao Senhor, em fidelidade a Ele, nunca deve ser ignorado. Mas vamos ter cuidado para que não conectemos a glória do Senhor àquilo que pode ser simplesmente orgulho ferido de nossa parte.


W. J. Prost


 

Convencer e Atrair


“Deus é luz para nos convencer e mostrar o que somos; “Deus é “amor para nos atrair a Si por Seu Filho Jesus Cristo.


Things New and Old Vol. 25


 

A Infidelidade dos Nossos Dias


Deus não é todo luz, nem todo amor, mas luz e amor. Se Ele fosse todo luz, não haveria esperança para o homem pecador; se Ele fosse todo amor, não haveria ódio n’Ele pelo pecado.


A infidelidade de nossos dias, que prevalece entre os Cristãos professos, ataca a própria natureza de Deus, pois praticamente nega que Ele é luz. Infidelidade que recusa a verdade da Escritura: “n’Ele não há trevas”, e afirma que, embora um homem viva uma vida ruim e morra em seus pecados, ainda assim ele pode esperar por misericórdia em Deus no futuro, por causa do amor de Deus. Visto que Deus é amor, diz o evangelho da falsa esperança, todos nós podemos esperar ser salvos, simplesmente porque Deus é amor.


O erro contra a natureza de Deus que prevaleceu em dias antigos, tanto entre os pagãos como entre a igreja católica romana, praticamente negou que Deus é amor. Eles O retratavam como um Ser irado, cuja severidade teve que ser superada pela ternura do coração de Seu Filho. Nos ensinamentos católicos romanos esse erro foi intensificado, pois Deus é retratado como sendo movido a favor dos homens não só pela ternura do Filho do Homem, mas também pela de uma mulher – a virgem Maria!


A verdade é que Deus é luz e amor. Ele não passará de forma alguma pelo pecado ou permitirá o pecado em Sua presença, mas em amor Ele fez um caminho consistente com Sua santidade para os homens não apenas permanecerem em Sua presença, mas por estarem ali para Sua glória – “santos e irrepreensíveis diante d’Ele em amor” (Ef 1:4 – ACF).


Faithful Words for Young and Old, Vol. 18 (adaptado)


 

João Começa com “Deus é Luz”


Em 1 João 1:5 o apóstolo começa sua mensagem. Por onde ele começa? Com este grande fato de que “Deus é luz” e não, como poderíamos esperar, com o fato de que Deus é amor. Toda a ênfase teria sido, sem dúvida, em Seu amor se a manifestação tivesse sido feita em regiões de pureza e luz imaculadas. Como, no entanto, a manifestação foi feita neste mundo, tão imundo com o pecado e cheio de trevas, a primeira ênfase deve ser colocada na luz.


Quanto à luz – quem pode defini-la? Os homens têm formulado teorias para explicar a luz da criação, mas eles realmente não podem explicá-la. Quem então explicará a luz não definida? Sabemos que a luz é necessária para que a vida exista em qualquer das suas formas mesmo nas de mais baixo nível. Sabemos que é saudável, que ilumina e expõe todas as coisas, e que se ela entrar as trevas desaparecem. Em Deus não há trevas, pois as trevas representam o que é removido do efeito da luz, aquilo que é oculto e pecaminoso.


Não só o próprio Deus é luz, mas, como o versículo 7 nos diz, Ele está “na luz”. Uma vez que Deus havia dito “que habitaria nas trevas” (2 Cr 6:1), e o fato de Salomão ter construído uma casa para Ele não alterou isso, pois Sua presença ainda era encontrada no Santo dos Santos, onde tudo era escuro. Isso foi alterado pela vinda do Senhor Jesus, pois n’Ele, Deus entrou na luz. O Deus, que é luz, está agora na luz.


F. B. Hole


 

Onde Estás?


“Onde estás?” (Gn 3:9). O homem deve sair de seu esconderijo; como as folhas da árvore não podiam satisfazer a consciência, agora o homem não pode se esconder de Deus atrás de árvores. E quantas árvores há onde os homens estão escondidos hoje, atrás delas, ocupados em arrancar e unir suas folhas, costurando-as; mas eles não podem suportar “a luz”. Orações, esmolas, atenção a todos os deveres religiosos e seculares, uma reputação imaculada, ocupando o lugar mais alto na avaliação dos outros, um membro desta ou daquela igreja. Nessas e em muitas outras atitudes, e atrás delas, os homens estão se escondendo, e, em atividade inquieta, buscam sufocar a consciência que condena e diz: “não é digno de Deus”. É Deus quem pergunta: “Onde estás?” E Ele fornece a resposta, tanto para o pecador quanto para o crente. O primeiro está em seus pecados, naquela condição terrível e sem vida, “na carne”, e, portanto, incapaz de agradar a Deus em qualquer coisa. Num país distante – onde há fome – sem Cristo, sem esperança, sem Deus no mundo, impuro, injusto, um fora-da-lei, um inimigo; a espada do juízo pairando sobre sua cabeça.


Mas, crente, “Onde estás?” E a Palavra de Deus novamente fornece a resposta. Que mente, por mais capaz que fosse, poderia ter dado origem a tal pensamento? Teria sido blasfêmia expressá-lo, mas Deus falou, e não ouviremos? Não falou ao primeiro homem onde tudo é ruína, mas ao Segundo Homem onde não há nada além de bênção. Falou em Cristo Jesus, onde não há condenação. O Senhor, bendito seja o Seu nome, carregou tudo naquele madeiro, e agora a condenação nunca pode tocar aquele que está em Cristo. “Aceito no Amado”, não apenas em Cristo, embora isso seja verdade – mas “no Amado”, Aquele que é tão querido ao coração de Deus. Na casa do Pai, sentado à Sua mesa, vestindo o melhor manto, o Qual certamente não é outro, senão Cristo.


Things New and Old Vol. 28


 

O Prisma Perfeito


Deus é luz, e a Igreja é o prisma perfeito, no qual a luz de Deus exibe em detalhes, todas as belezas de Sua glória.


Christian Friend , Vol. 9

H. K. Burlingham

 

A Luz do Mundo É Jesus


No mundo inteiro perdido em trevas do pecado, A Luz do mundo é Jesus! Como o Sol ao meio-dia, tem Sua glória brilhado; A Luz do mundo é Jesus!


Venha você pra essa luz, ela está brilhando sim; A luz que tão docemente amanhece sobre mim; Eu estava perdido e cego, até que a Ele vim: A Luz do mundo é Jesus!


Treva nenhuma há se n’Ele permanecemos; A Luz do mundo é Jesus! Caminhamos nessa luz, seguindo o Guia que temos! A Luz do mundo é Jesus!


Ao que habita nas trevas, cego pelo pecado, A Luz do mundo é Jesus! Vá, Ele fala, e se lave, e na luz estará a Seu lado; A Luz do mundo é Jesus!


No céu, a Palavra nos diz, do Sol a luz não virá; A Luz do mundo é Jesus! Só do Cordeiro será a Luz que então brilhará, A Luz do mundo é Jesus!


Philip P. Bliss (adaptado)


 

“Deus é luz, e não há n’Ele treva nenhuma”

(1 Jo 1:5).


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