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Revista mensal publicada originalmente em novembro/2006 pela Bible Truth Publishers
ÍNDICE
Tema da edição
H. C. Anstey
C. H. Mackintosh, adaptado de Living by Faith
Autor desconhecido
J. N. Darby, adaptado de Collected Writings, vol. 12: 393-403
J. N. Darby, adaptado de Collected Writings, vol. 16: 277-278
W. J. Prost
J. G. Bellett, adaptado de Musings on Scriptures
W. W. Fereday
Mary Burns Warmenhoven
Fé
A palavra “fé” significa receber o testemunho de outro como verdadeiro. João 3:33 dá a definição da Escritura: "Aquele que aceitou o Seu testemunho, esse confirmou que Deus é verdadeiro". Fé não é apenas receber o testemunho (aquilo que é dito) como verdadeiro, mas, importante, envolve receber aquele que dá o testemunho. Em outras palavras, nossa fé no que uma pessoa diz depende da nossa fé na pessoa. Precisamos não apenas ter confiança no que Deus diz, mas confiar no próprio Deus – "Deus é verdadeiro".
Como seria de se esperar, essa questão tem muito a ver com a fé de Abraão, pois “[ele] creu, a saber, [em] Deus, o Qual vivifica os mortos e chama as coisas que não são como se já fossem. O qual, em esperança, creu contra a esperança que seria feito pai de muitas nações, conforme o que lhe fora dito: Assim será a tua descendência" (Rm 4:17-18).
Quando o homem desistiu pela primeira vez de sua inquestionável confiança no próprio Deus, ele desistiu de sua confiança no que Deus disse. Logo ele desobedeceu a Deus; ele estava "perdido" e precisando de salvação. Deus em graça fez tudo o que era necessário para restaurar a fé do homem n'Ele, pois se um homem morre na incredulidade, ele está perdido para sempre.
Que nós, que fomos salvos pela fé, possamos continuar a aprender a "viver pela fé". Que possamos viver pelo simples lema: "Eu creio em Deus".
Tema da edição
Fé e Deus
Devemos lembrar que a fé começa com Deus, e aquele que está caminhando realmente em um caminho de fé sempre traz Deus consigo, e esta é a diferença entre fé e incredulidade; a descrença sempre deixa Deus de fora. Novamente, a fé é a alma individual a sós com Deus, e qualquer intervenção de um terceiro a destrói. Qualquer atuação de motivos secundários não é fé. Deve ser Deus e Sua Palavra somente diante da alma para que o ato seja um ato de fé.
A fé cresce. Isso pode ser aprendido na história dos filhos de Deus e detalhado em Hebreus 11. Trazer Deus para todas as situações é um privilégio de Seus filhos. Não há nada muito pequeno em nosso caminho diário para Ele notar, pois Ele é Quem numerou até mesmo os cabelos de nossa cabeça. É o trazer Deus para todas as nossas questões que produz a caminhada, a vida de fé, a qual é o assunto do capítulo a que me referi.
E é exatamente o trazer Deus para nossos assuntos que nos revela o verdadeiro caráter deles, pois "Deus é luz, e não há n’Ele treva nenhuma". Assim, isto, quando se torna o hábito contínuo da alma, se torna ao mesmo tempo um poder de preservação para ela, no meio de todas as trevas e incredulidade de nosso coração natural.
O princípio para o Cristão agora é encontrado nas palavras: "ficou firme, como vendo o invisível". Nós devemos ver Deus em tudo.
Nos exemplos de Hebreus 11, vemos que eles contavam com Deus. Isso é fé e isso é o que caracteriza cada um deles. No ato de Abel, a reivindicação de Deus é aceita, e no sacrifício, Abel confessa que ele merecia a morte como pecador. Ele se aproxima da maneira que foi provida e é aceito, “dando Deus testemunho dos Seus dons”. Portanto, Deus está diante de Enoque, de Noé, de Abraão, de Moisés e dos outros. Isso resolveu tudo para cada um em seu dia.
É importante apreender de maneira simples o que é a verdadeira fé. Ela começa com Deus e continua num relacionamento com Deus, e que é intensamente individual. Nós estamos contentes e agradecidos por encontrar outros no caminho da fé conosco, mas esse relacionamento individual com Deus agora é o poder que nos sustenta no caminho ainda se outros falharem, e ainda produz as obras visíveis em uma vida de fé. Quando uma provação chega, se não tiver havido essa comunhão individual com Deus, frequentemente descobriremos que estávamos sendo apenas imitadores de outros. Nós então, seremos como Efraim, “armados e trazendo arcos, retrocederam no dia da peleja” (Sl 78:9). Mas se tivermos o hábito de trazer Deus para dentro das situações, nos voltaremos para Ele no dia da batalha, e nos voltar para Ele não significa dar as costas para o inimigo.
"E esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé" (1 Jo 5:4).
H. C. Anstey
Viver Pela Fé
"Mas o justo viverá da fé". Esta declaração de peso ocorre em Habacuque 2:4, e é citada em três epístolas, que são as epístolas de Romanos, Gálatas e Hebreus, com uma aplicação distinta em cada uma delas.
Em Romanos se aplica à grande questão da justiça. O apóstolo declara que não se envergonha do evangelho, “pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego. Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé” (Rm 1:16-17).
Então, em Gálatas, onde o apóstolo está procurando lembrar aquelas assembleias errantes os fundamentos do Cristianismo, ele diz: “E é evidente que, pela lei, ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé” (Gl 3:11).
Finalmente, em Hebreus, onde o objetivo é exortar os crentes a manterem sua confiança, lemos: “Não rejeiteis, pois, a vossa confiança, que tem grande e avultado galardão. Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, possais alcançar a promessa. Porque ainda um poucochinho de tempo, e o [Aquele – ARA] que há de vir virá e não tardará. Mas o justo viverá da fé” (Hb 10:35-38). Aqui, temos a fé apresentada não apenas como a base da justiça, mas como o princípio vital pelo qual devemos viver, dia após dia, desde o ponto de partida até o objetivo do percurso Cristão. Não há outro caminho de justiça, nenhum outro modo de viver, além de ser pela fé. É pela fé que somos justificados e pela fé é que vivemos. Pela fé nós permanecemos e pela fé caminhamos.
Para todos os Cristãos
Agora isso é verdade para todos os Cristãos, e todos devem procurar entrar nisso plenamente. Todo filho de Deus é chamado a viver pela fé. É um grave erro, de fato, destacar certos indivíduos que, por acaso, não têm nenhuma fonte visível de recursos temporais e falam deles como se só eles vivessem pela fé. De acordo com essa visão da questão, noventa e nove de cada cem Cristãos seriam privados do precioso privilégio de viver pela fé. Se um homem tem uma renda estabelecida, se ele tem um certo salário, se ele tem o que é chamado de um chamado secular pelo qual ele ganha pão para si mesmo e para sua família, ele não tem o privilégio de viver pela fé? Ninguém vive pela fé salvo aqueles que não têm recursos visíveis de apoio? A vida de fé deve ser confinada às questões de confiar em Deus para obter comida e vestimentas?
Que rebaixamento da vida da fé é essa, de confiná-la a estas questões de suprimentos temporais! Sem dúvida, é muito abençoado e algo muito real confiar em Deus para tudo, mas a vida de fé tem um alcance muito maior e mais ampla do que meras necessidades corporais. Abrange tudo o que de alguma forma nos diz respeito, no corpo, alma e espírito. Viver pela fé é andar com Deus – se apegar a Ele, se recostar sobre a Ele, extrair de Suas fontes inesgotáveis. É encontrar nossos recursos n'Ele – conhecê-Lo como nosso único recurso em todas as dificuldades e em todas as nossas provações. Nossa fé deve ser absoluta, completa e continuamente focada n'Ele, para sermos indivisivelmente dependente d'Ele, além e acima de qualquer confiança na criatura, de toda esperança humana e de toda expectativa terrena.
Essa é a vida da fé. Que nós possamos entender isso. Ela deve ser algo real, ou não é nada. Não basta falar sobre a vida de fé. Devemos vivê-la e, para vivê-la, devemos conhecer a Deus na prática – conhecê-Lo intimamente, no profundo segredo de nossa própria alma. É totalmente vaidoso e ilusório professar estar vivendo pela fé e olhando para o Senhor, enquanto na realidade nosso coração está olhando para algum recurso da criatura.
Acessórios humanos
Quantas vezes as pessoas falam e escrevem sobre sua dependência de Deus para satisfazer certas necessidades, e pelo simples fato de torná-las conhecidas a um companheiro mortal, elas estão, em princípio, se afastando da vida de fé! Se eu escrevo para um amigo ou comunico para a assembleia local o fato de que estou olhando para o Senhor para atender a uma certa necessidade, estou virtualmente fora da base da fé nesse assunto. A linguagem da fé é essa: “Ó minha alma, espera somente em Deus, porque d’Ele vem a minha esperança” (Sl 62:5). Dar a conhecer meus desejos, direta ou indiretamente, a um ser humano, é se afastar da vida de fé e uma desonra direta a Deus. Na verdade, é estar traindo-O. É o mesmo que dizer que Deus falhou comigo, e que devo procurar meu companheiro por ajuda. É colocar a criatura entre minha alma e Deus, roubando assim minha alma da rica bênção e a Deus da glória que é devida a Ele.
Este é uma obra séria e exige nossa atenção mais solene. Deus lida em realidades. Ele nunca desaponta um coração confiante. Mas então, devemos confiar n'Ele. Não adianta falar em confiar n'Ele quando nosso coração está realmente buscando outras formas de ajuda. “Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé?” (Tg 2:14) A profissão vazia é apenas uma ilusão para a alma e uma desonra para Deus. A verdadeira vida de fé é uma grande realidade. Deus Se deleita nela e é glorificado por ela. Não há nada neste mundo que gratifique e glorifique a Deus como a vida de fé.
Sabemos o que é ter o Deus vivo preenchendo toda a gama da visão de nossa alma? Ele é suficiente para nós? Podemos confiar n'Ele para tudo – para o tempo e a eternidade? Ou temos o hábito de tornar conhecidos nossos desejos ao homem de alguma forma? O nosso coração tem o habito de se voltar à criatura para obter simpatia, ajuda ou conselho? Estas são questões que nos sondam, mas não nos afastemos delas. Esteja certo de que é moralmente saudável que nossa alma seja testada fielmente, como na própria presença de Deus. Nosso coração é tão traiçoeiro que, quando imaginamos que estamos nos apoiando em Deus, podemos estar realmente nos apoiando sobre algum objeto humano. Assim, Deus é excluído e somos deixados na esterilidade e na desolação.
Gratidão por agentes humanos
E, no entanto, Deus usa a criatura para nos ajudar e abençoar, pois Ele o faz constantemente. O homem de fé será profundamente consciente deste fato e verdadeiramente grato a todo agente humano que Deus usa para ajudá-lo. Deus consolou Paulo pela vinda de Tito, mas se Paulo estivesse olhando para Tito, ele teria tido pouco conforto. Deus usou a pobre viúva para alimentar Elias, mas a dependência de Elias não estava na viúva, mas em Deus. Assim é em todos os casos. Tenhamos nossa total confiança em Deus e então nosso coração continuará em paz. Então aceitaremos de bom grado o que Deus nos dá por meio de outros, mas Deus estará continuamente entre nós e a criatura, em vez de a criatura sutilmente se colocar entre nós e Deus.
C. H. Mackintosh, adaptado de Living by Faith
Fé e a Vontade
A fé pode levar à dificuldade, mas tenho o consolo de dizer que Deus existe e que a vitória é certa. Caso contrário, na minha apreensão, existe algo mais forte que Deus. Isso exige uma prática e perfeita submissão da vontade. Deus pode permitir que o mal tenha seu curso e nos testar a fim de que possamos entender que o objetivo da fé não está aqui de modo nenhum, e ver que nas circunstâncias mais difíceis Deus pode intervir, como no sacrifício de Abraão e na ressurreição de Lázaro. Demorar-se nas circunstâncias é incredulidade; Satanás está por trás das circunstâncias para nos atacar, mas por trás de tudo isso, Deus está lá para quebrar nossa vontade.
Autor desconhecido
Fé e Seus Passos: Hebreus 11
Por toda a história do homem, independentemente de quem tenha obtido um “bom testemunho”, foi pela fé. Homens nos considerarão como tolos. Podemos dar como uma definição de loucura: um homem agindo de forma mais consistente por um objeto que ninguém vê e ninguém acredita ser verdadeiro. A garantia do santo é a Palavra de Deus. No momento em que ele age sobre qualquer objeto que se possa ver, ele deixa de agir como Cristão. Cristo viveu, nesse sentido, a vida da fé. É a vida da fé que temos aqui, não a salvação, ou a descoberta da paz no caminho da fé. Aqui a fé é vista como o poder pelo qual ele andou.
Há duas coisas na fé: primeiro, paz de alma e, segundo, poder para andar. Se falo de fé, posso estar me referindo a acreditar em um testemunho – uma pessoa me diz uma coisa e eu acredito nele. Mas há outro sentido em que posso ter fé nesse homem; isto é, eu coloco minha confiança nele. Muitas vezes confundimos essas coisas. Existe o testemunho de Deus em que tenho que crer e a confiança em Deus, que é o poder da minha caminhada. Aquilo que me dá paz é receber o testemunho de Deus. Preciso de confiança em Deus para poder caminhar, mas não devo confundir essa confiança em Deus com Seu testemunho.
A fé de Abraão
Nós encontraremos as duas coisas em Abraão. Deus chamou Abraão e mostrou-lhe as estrelas do céu e disse: “Assim será a tua semente”, e Abraão “creu em Deus”. Na oferenda de Isaque (Gn 22:9) não houve o recebimento de um testemunho, mas crença “em Deus”.
Abraão foi fortalecido pela manifestação prática e ativa do poder da fé. Ele confiava, por assim dizer, cegamente em Deus. Deus o chamou por Sua graça, e ele saiu, sem saber para onde ia. Existe confiança em Deus; não simplesmente no recebimento de um testemunho, mas a confiança cega e implícita em Deus. Uma pessoa poderia dizer: Se eu soubesse quais seriam as consequências de agir assim, eu poderia confiar em Deus. Então você nunca irá confiar. Olhe para Adão. Como Adão agiu? Ele tinha coisas exteriores presentes, mas ele aceitou a palavra do diabo com fé. Deus se volta e diz: Você acreditou no diabo quando tinha todas as Minhas coisas boas; agora você deve confiar em Mim. Você sai sem saber para onde vai, por confiar na pessoa que está te guiando. Deus dará luz suficiente para dizer: Deus quer isso e eu não vejo outro passo. Quando você virar a esquina, você verá o que está lá ao virar da esquina.
Além disso, quando dermos um passo, descobriremos que o Senhor nunca nos satisfaz: Ele abençoa, mas não satisfaz. Quando Abraão entrou no lugar que ele deveria receber depois por herança, o que ele obteve? Nada. Ele ainda é um estrangeiro. O coração não gosta disso. Daí surgem as decepções muitas vezes experimentadas. Quanto às nossas perspectivas, temos nossos próprios pensamentos sobre elas; estamos pensando talvez no que vamos fazer daqui a vinte anos. Deus nos levará para o Seu descanso.
Ele traz Abraão para a terra, e então ele começa a levar seus pensamentos para outro país. Ele se aproxima de Deus e é colocado em uma plataforma de fé suficientemente alta para ver que tudo o que ainda está diante dele. O Senhor Se revela a ele em comunhão, fala com ele, revela para ele Seus propósitos, e Abraão adora. Ele tem sua tenda e seu altar.
O descanso do Cristão
E é isso que Deus faz conosco; Ele nos torna Cristãos, nos traz à terra da promessa e nos faz ver que tudo ainda está diante de nós. Este não é o momento para descansar. O olho se torna claro nos caminhos de Deus, e temos o privilégio de sermos peregrinos e estrangeiros com Deus, e seremos peregrinos e estrangeiros até chegarmos em casa no lar de Deus.
Amados amigos, como isso está em relação a você? Você pode realmente dizer: Minha casa está no lar de Deus (isto é, a casa do seu coração); Não tenho lar até chegar lá e não quero um. Não há nada entre nós e Deus, nenhum pecado entre nós e Deus, pois Cristo os afastou todos. Sua alma está descansando no Senhor Jesus Cristo? Ou vocês estão trabalhando para resolver algo que já foi resolvido? O Senhor quer que confiemos em Seu testemunho e que confiemos em Seu poder.
Apesar das impossibilidades
É algo característico da fé contar com Deus, não simplesmente apesar da dificuldade, mas apesar da impossibilidade. A fé não diz respeito aos meios; ela conta com a promessa de Deus. Para o homem natural, o crente pode parecer desprovido de prudência, no entanto, a partir do momento em que se torna uma questão de meios que tornam a coisa fácil para o homem, não é mais Deus agindo; não é mais o Seu trabalho onde os meios podem ser vistos. Quando há impossibilidade com o homem, Deus precisa entrar em cena, e é muito mais evidente ser a maneira correta, já que Deus só faz aquilo que Ele quer. A fé faz referência à Sua vontade, e somente àquela, portanto, não se refere a meios ou circunstâncias, em outras palavras, não consulta a carne e sangue. Onde a fé é fraca, os meios exteriores são previamente avaliados na obra de Deus. Lembremo-nos de que quando as coisas são factíveis ao homem, não há mais necessidade de fé, porque não há mais necessidade da energia do Espírito. É por isso que os Cristãos fazem muito e tem pouco efeito.
J. N. Darby, adaptado de Collected Writings, vol. 12: 393-403
O Autor e Consumador da Fé
Todas as testemunhas de Deus mencionadas em Hebreus 11 são para obtermos encorajamento no caminho da fé, mas há uma diferença entre elas e Jesus. De acordo com isso, o apóstolo aqui O destaca de todos. Se eu olho para Abraão, que pela fé peregrinou na terra da promessa como em um país estranho, ou Isaque que abençoou a Jacó e Esaú a respeito das coisas futuras, ou a Jacó em seu leito de bênçãos e adoração, todos eles correram a sua carreira antes. Em Jesus temos um testemunho muito mais elevado, e n'Ele há também a graça de nos sustentar na carreira.
Um motivo e fonte de força
Ao olhar para Jesus, temos um motivo e uma fonte inesgotável de força. Vemos em Jesus o amor que O levou a tomar este lugar por nós, que “quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas”. Se uma carreira deve ser feita, precisamos de um que vá na frente. Em Jesus temos um que correu diante de nós e se tornou o Autor e Consumador da fé. Ao olhar para Jesus, atraímos forças para nossa alma. Enquanto Abraão e os demais preencheram seus vários lugares em sua pequena medida, Cristo preencheu todo o curso da fé. Não há posição em que possa estar, nenhuma provação seja o que for que eu possa suportar, além das que Cristo passou e venceu. Assim, tenho Alguém que Se apresenta no caráter que preciso, e encontro n'Ele Alguém que sabe o que é necessário e que suprirá a necessidade. Ele venceu e disse para mim: “Tende bom ânimo; Eu venci o mundo” (Jo 16:33). Ele não disse: "Você vencerá", mas "Eu venci". Foi assim no caso do cego (Jo 9:34-41) que foi expulso da sinagoga. Por que ele foi expulso? Porque Jesus tinha sido expulso antes dele. Agora aprendemos que, por mais dura que possa ser a tempestade, ela apenas nos lança mais profundamente em Cristo, e assim, o que teria sido uma dolorosa prova, apenas nos leva para mais perto d'Ele.
O que quer que desvie nossos olhos de Cristo, é apenas um obstáculo para a nossa carreira que está diante de nós. Se Cristo Se tornou o Objeto da alma, deixemos de lado todo embaraço ou peso. Se eu estou numa corrida, um casaco, por mais confortável que seja, só atrapalharia e deveria ser eliminado; é um peso que me atrapalharia durante minha corrida. Eu não quero que nada prenda meus pés. Se estou olhando para Jesus na carreira proposta, devo colocar o casaco de lado; do contrário, pareceria estranho jogar fora uma roupa tão útil. Mas há um lado positivo e negativo em tudo isso. Se há algo a ser deixado de lado, há Alguém a Quem procurar. Embora haja muito encorajamento na história das testemunhas fiéis em Hebreus 11, nossos olhos devem estar fixados em Jesus, o Verdadeiro e Fiel. Não há uma provação ou dificuldade pela qual Ele não passou antes de mim e encontrou Seus recursos em Deus, o Pai. Ele fornecerá a graça necessária ao meu coração.
Dependência e afeição indivisa
Havia essas duas características na vida de Cristo aqui embaixo. Primeiro, Ele exerceu dependência constante de Seu Pai, como Ele disse: "Eu vivo pelo Pai". O novo homem é sempre um homem dependente. No momento em que saímos da dependência, entramos na carne. Não é pela nossa própria vida (pois, na verdade, temos apenas a morte) que realmente vivemos, mas por Cristo, por nos alimentarmos d'Ele. No sentido mais elevado possível, Ele caminhou em dependência do Pai, e pelo gozo que foi proposto diante d'Ele, suportou a cruz, desprezando a vergonha. Em segundo lugar, suas afeições foram indivisas. Você nunca encontra Cristo tendo qualquer novo objeto revelado a Ele, de modo a induzi-Lo a seguir em Seu caminho de fidelidade. Paulo e Estêvão, por outro lado, tiveram a glória revelada a eles, o que lhes permitiu suportar. Quando o céu foi aberto para Estêvão, o Senhor apareceu em glória para ele, como depois para Saulo de Tarso. Mas quando os céus se abriram sobre Jesus, não havia nenhum objeto apresentado a Ele, mas, pelo contrário, Ele era o Objeto do céu; o Espírito Santo desce sobre Ele, e a voz do Pai declara: "Este é o Meu Filho amado em Quem Me comprazo". Assim, a Pessoa divina do Senhor está sempre sendo testemunhada. O apóstolo aqui se apega à preciosidade de Cristo na humildade para a qual Ele veio, mas ele nunca perde de vista a glória d'Aquele que de lá veio.
J. N. Darby, adaptado de Collected Writings, vol. 16: 277-278
Acreditando Numa Mentira
Desde o começo da história do homem, Satanás tentou desacreditar Deus. Ao procurar fugir de sua responsabilidade para com Deus, o homem tem sido seu aluno muito disposto. Eva escolheu acreditar em Satanás em vez do que Deus havia dito, e posteriormente seu filho mais velho, Caim, “saiu... de diante da face do SENHOR” (Gn 4:16). Ele então tentou se cercar de tudo o que poderia o deixar confortável e feliz enquanto deixava Deus de fora. O sistema mundial de hoje é simplesmente a extensão do mundo que Caim estabeleceu, e é essencialmente o mesmo em seu caráter moral.
A eternidade e o coração
No entanto, o homem foi feito para a eternidade, não apenas para o tempo. Eclesiastes 3:11 nos diz que “Ele pôs o mundo no coração deles”, e a expressão “o mundo” nesse versículo também pode ser traduzida como “o infinito” ou “o eterno”. Porque ele é feito à imagem de Deus com uma alma que nunca morre, o coração do homem não pode ser satisfeito com tudo o que há neste mundo. Mais do que isso, o homem é um ser moral e ele não pode escapar desse fato, apesar de seus esforços desesperados para tentar fazer isso. Sua consciência diz a ele que existe um Deus a Quem ele é responsável. Se ele desiste do conhecimento do verdadeiro Deus, ele é deixado com um vácuo.
Ao longo dos séculos, o homem procurou preencher esse vazio. O resultado é que ele inventou falsas religiões, sem dúvida sob a tutela de Satanás. Satanás se tornou mestre do homem, usando seus desejos e paixões para governá-lo. Falsas religiões fizeram deuses que eram o produto da própria imaginação do homem e se conformavam aos padrões humanos, não divinos. Esses sistemas falsos também davam licença ao homem para praticar suas concupiscências pecaminosas sob o disfarce de religião, assim, aliviando sua consciência quando estava praticando aquilo que uma consciência pura lhe diria que era um pecado contra Deus. Em Romanos, lemos: “porquanto, tendo conhecido a Deus, não O glorificaram como Deus, nem Lhe deram graças... E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível... Pelo que Deus os abandonou às paixões infames” (Rm 1:21, 23, 26). Também lemos: “E, como eles se não importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convém” (Rm 1:28). A história das falsas religiões por milhares de anos exemplifica essas declarações.
A religião do homem moderno
Onde tudo isso nos deixa no século XXI? O homem moderno zomba da ideia de adorar um ídolo literal e faz piada do espiritismo, do vodu ou de qualquer coisa que diga respeito ao mundo espiritual. Ao tentar negar qualquer coisa que esteja além de sua própria razão e entendimento, ele nega a existência de Satanás, preferindo não acreditar em qualquer coisa que não possa ser “cientificamente” comprovada. No entanto, ele deve ter fé em algo, e Satanás fez providência para preencher esse vácuo também. A religião do homem moderno é o humanismo secular. Essa religião rejeita um Deus sobrenatural e se apega à própria dignidade individual, valor e capacidade de auto-realização através da razão. É triste dizer que isso prevalece mais em áreas que antes gozavam de um forte testemunho Cristão e uma firme base na Bíblia. O humanismo secular não é tão diferente das falsas religiões que adoram ídolos literais, pois, em última instância, todo sistema falso concentra o homem em si mesmo e faz do homem, não de Deus, o centro de seus pensamentos.
Os resultados desse tipo de pensamento permearam os processos de pensamento do mundo moderno. Embora muitos admitam a existência de Deus, a maioria pensaria em termos de um deus que fosse pequeno o suficiente para o homem entender. Um colega médico me disse há alguns anos: "Acredito em um deus, mas duvido que ele se preocupe com o fato de eu declarar ou não meu imposto de renda". O humanista liberal do mundo moderno formou uma religião para si mesmo, quer esteja disposto ou não a admitir isso. Ele talvez negue que seja uma religião, mas tem todos os princípios da religião e é a resposta de Satanás ao vazio que somente Deus pode preencher.
Esse pensamento gera sérios problemas. Na tentativa de negar a moralidade e, finalmente, negar a Deus, o homem deve negar o que ele é na essência do seu ser. Há alguns anos, um homem chamado J. Budziszewski foi contratado como professor pela Universidade do Texas para desenvolver um sistema de governo que não exigia moralidade. No processo, ele quase cometeu suicídio e finalmente desistiu, porque isso não pode ser feito. Como resultado da experiência, ele escreveu um livro intitulado “O que não podemos saber” [What We Can't Not Know]. Ele foi forçado a perceber que o homem é um ser moral e, como tal, não pode conviver em um mundo moral separado de algum padrão de moralidade. Mas o homem moderno está tentando fazer exatamente isso. Onde irá acabar esta história?
Uma religião disfarçada
O humanismo secular do mundo moderno tem todos os ornamentos da religião, embora seja praticamente sem deus. Ao procurar ser não-religioso, o homem organizou um sistema de crenças que, nas palavras de outro, “tem sua própria cosmologia, seus próprios milagres, suas próprias crenças no sobrenatural, suas próprias igrejas, seus próprios sumos sacerdotes, seus próprios santos, sua própria cosmovisão total e sua própria explicação da existência do universo”. Mais do que isso, o sistema que adota essa linha de coisas está buscando forçá-lo a outros com tanto vigor quanto as religiões conhecidas deste mundo. Referências a Deus foram tiradas de escolas e outras esferas da vida pública, enquanto as crianças são frequentemente submetidas a cursos vulgares de educação sexual que são exigidos em algumas escolas públicas. Ao ensinar as crianças sobre a origem do universo, Deus não pode ser mencionado, mas a teoria da evolução é propagada como se fosse um fato. Somos bombardeados com esse pensamento amoral em grande parte da mídia, e qualquer tentativa de falar contra isso é considerado um ataque à liberdade. No ano passado, no Canadá, quando o casamento entre pessoas do mesmo sexo estava em processo de legalização, o Dr. John Patrick, médico respeitado e professor universitário, foi convidado a falar no Senado por uma hora sobre o assunto. Como seus pontos de vista não coincidiam com o pensamento daqueles Senadores, ele foi repetidamente interrompido, forçado a encurtar seu discurso e, eventualmente, parou imediatamente. Alguns senadores ficaram tão enfurecidos que mal conseguiam falar.
Onde isso irá acabar
A Palavra diz ao crente onde tudo isso terminará. Esse movimento, que está ganhando cada vez mais força, está condicionando muitas pessoas a acreditar em mentiras. Tem sido demonstrado repetidamente que os proponentes da teoria da evolução não têm qualquer escrúpulos em mentir para promover suas ideias. A imprensa liberal distorce as notícias para criar as falsas impressões desejadas, e quando os relatos são dados aos Cristãos e ao Cristianismo, as mentiras não são incomuns. Qualquer coisa que apoie Deus ou as Suas reivindicações sobre o homem é muitas vezes distorcida para dar um impressão errada sobre isso. Em um nível mais individual, mentir se tornou algo comum em nossa sociedade e agora é aceito por muitos. Satanás é o autor de tudo isso, pois “é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8:44). No entanto, Deus "que não pode mentir" (Tt 1:2) terá a última palavra em tudo isso.
A operação do erro
Depois que o Senhor vier, sem dúvida as maiores mentiras já ouvidas neste mundo serão divulgadas, e os homens que rejeitaram o evangelho crerão nelas. Nós lemos em 2 Tessalonicenses 2:11-12: "E, por isso, Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira, para que sejam julgados todos os que não creram a verdade; antes, tiveram prazer na iniquidade". Aqueles que acreditarem nessa terrível ilusão serão principalmente aqueles que viveram e ouviram a Palavra de Deus, mas a rejeitaram. Será “porque não receberam o amor da verdade para se salvarem” (2 Ts 2:10). A necessidade interior do homem pela fé em algo fora de si mesmo culminará em sua crença naquilo que Deus chama de "a operação do erro".
Que nós, que conhecemos o Senhor, evitemos cuidadosamente ter qualquer parte neste pensamento. Enquanto vivemos e nos movemos em um mundo que é cada vez mais caracterizado pelo humanismo e um foco no homem pecador, é fácil para os nossos próprios valores morais se tornarem distorcidos. Nosso único recurso é a Palavra de Deus, que nos dá a verdade e a sabedoria para cada situação que podemos encontrar. Por outro lado, nosso coração possa ir em direção àqueles que, presos na teia de Satanás, estão indo para o seu terrível destino. Que possamos usar todas as oportunidades para trazer Cristo diante deles e apontá-los para o único que é digno de nossa fé.
W. J. Prost
Fé e Carne
Gênesis 3, 4 e 5 são capítulos muito importantes. Eles nos mostram a produção das duas grandes energias que, até hoje, animam toda a cena moral ao nosso redor. Essas duas energias são a energia da carne e a energia da fé, isto é, da velha natureza e da mente renovada.
A energia da carne
A mentira da serpente prevaleceu para produzir a primeira delas. A serpente chama a atenção da mulher com palavras em que havia alguma sugestão prejudicial ao seu Senhor e Criador. Era uma mentira, embora sutilmente transmitida – o único instrumento pelo qual ele poderia alcançar e tentar Eva. Ela ouve e responde, e suas faculdades, assim alistadas, logo estão em ação na causa de seu sedutor. O princípio que é chamado de “carne” é produzido e começa a funcionar imediatamente.
O caso de Caim
Mas o funcionamento desse mesmo princípio (assim produzido em Adão pela mentira da serpente) se manifesta de outras maneiras depois em Caim. "Caim, que era do maligno". Ele se torna um lavrador do solo. Mas ele o cultiva, não como sujeitado a uma pena, mas como alguém que tiraria algo desejável do solo, embora o Senhor o tenha amaldiçoado. Ele desejava conseguir algo por si mesmo, independente de Deus.
Nada é mais piedoso, mais de acordo com a mente divina, a nosso respeito, do que comer o nosso pão com o suor do nosso rosto, obter alimento e vestuário com trabalho duro e honesto. É uma bela aceitação da punição do nosso pecado e uma reverência aos justos pensamentos de Deus. Mas obter das produções do solo amaldiçoado o que deva ministrar para nosso deleite, nossa honra e nossa riqueza, no esquecimento do pecado e do julgamento de Deus, está apenas perpetuando nossa apostasia e rebelião.
Existe a inimizade da semente da serpente contra a Semente da mulher. “Caim, que era do maligno e matou a seu irmão. E por que causa o matou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas". Essa foi a causa. Foi a inimizade do pecado contra a piedade, a inimizade da mente carnal contra Deus, a cobiça do velho homem, a cobiça da carne contra o Espírito; foi o ódio do mundo a Cristo, porque Ele testificou que "as suas obras são más". Não é "a mente da carne é inimizade contra Deus”?
Tal é a carne, a velha natureza, na história de sua produção e no curso e caráter de suas ações. Ela é agora exatamente como era antes. Ela rege “o curso deste mundo” sob Satanás, mas também é encontrada em cada um de nós, se houver provisão para ela. Mas devemos conhecê-la – conhecê-la de onde veio e como funciona e mortificá-la em seu princípio e em seus atos, em todas as suas próprias energias nativas que continuamente assediam a alma.
A atividade da fé
Mas agora nos voltamos para as outras atividades que encontramos produzidas e atuantes nesses maravilhosos capítulos – a atividade ou energia da fé produzidas pela Palavra de Deus por meio do poder oculto, mas efetivo, do Espírito.
Enquanto Adão estava na condição que o pecado o havia reduzido, enquanto ele ainda era o homem acusado e culpado sob as árvores do jardim, a palavra do evangelho – a notícia do Conquistador morto, que sofreu a penalidade, a Semente da mulher – chegou ao seu ouvido, e ele nasceu de novo da semente incorruptível, a palavra da verdade do evangelho.
Ele sai assim como ele era. Mas ele surge no sentido da salvação e da vitória, que a graça de Deus havia produzido para ele. De acordo com isso ele fala da vida. Ele chama a esposa de "a mãe de todos os viventes". Há algo verdadeiramente maravilhoso e excelente nisso. Morto, como ele mesmo era, em ofensas e pecados, ele fala de vida, mas fala disso em conexão com Cristo e somente com Ele. Ele não se dá nenhum memorial vivo. Ele não se liga ao pensamento ou menção à vida, mas apenas à Semente da mulher, de acordo com a palavra que tinha acabado de ouvir. Não, ele insinua que ele sabia muito bem que havia perdido todo o título e poder da vida, e que estava inteiramente em Outro, que estava na Semente prometida para ele. Que a vida encontrada em Outro era para seu uso, ele não tinha nenhuma dúvida, a prova disso é que ele sai do lugar de vergonha e culpa para o lugar de liberdade e confiança e para a presença de Deus.
A fé recupera Deus
Ele recupera a Deus. Ele O havia perdido e se afastou d'Ele. Ele O perdeu como seu Criador, mas agora O reconquistou como seu Salvador, na Semente da mulher, em Cristo, Sua justiça. Essa simplicidade e ousadia da fé são exatamente segundo a mente de Deus. Nada poderia ter sido tão gratificante para Ele assim, e, consequentemente, em penhor disto, Ele primeiro faz uma túnica de peles para Adão, e então com Suas próprias mãos Ele cobre seu corpo nu.
Cristo é agora tudo para esse pecador perdoado. Da mesma forma, pela fé, Eva exulta na promessa. É o gozo e a expectativa de seu coração, e a religião de Abel é inteiramente formada por isso. As penalidades de suor do rosto e a tristeza de coração parecem ter sido esquecidas. E o que é profundamente a ser considerado é que a terra é segurada levemente enquanto Jesus foi firmemente agarrado. Adão recuperou o próprio Senhor, e parece nunca mais voltou a ser um cidadão do mundo, mas um mero lavrador do solo de acordo com a designação divina por um período para depois deixá-lo e compartilhar o fruto pleno da graça e redenção no qual ele agora confiava, em outros mundos.
A energia da carne ou da velha natureza é produzida e começa seu trabalho. A energia da fé também é produzida nas almas dos eleitos e exibe seu poder de uma forma muito abençoada. Nós aprendemos nossas próprias lições aqui. Nós carregamos as duas energias em nós. Pela natureza e pela graça, nossa alma tem conexão com Cristo, como Adão, Abel ou Sete. E esperamos pela trasladação de Enoque (Gn 5:24).
J. G. Bellett, adaptado de Musings on Scriptures
Fé – O que é Isto?
Neste dia de dúvida, uma questão é de suma importância para todos nós: O que é fé? Da resposta que podemos dar a essa questão, muito depende, tanto no presente quanto no futuro. Talvez a resposta mais simples nos seja dada nas palavras de Paulo, proferidas durante a violenta tempestade que ocorreu em sua viagem a Roma. As circunstâncias eram as mais angustiantes. Durante vários dias, o navio no qual ele navegava foi jogado para cima e para baixo no Mar Mediterrâneo, com todas as perspectivas de perda total. Quando seus companheiros de viagem estavam em desespero, ele contou a eles a simples mensagem que lhe foi transmitida por um anjo de Deus, que não se perderia uma vida sequer de todos os 276 a bordo do navio. Ele acrescentou: "Portanto, ó varões, tende bom ânimo! Porque creio em Deus que há de acontecer assim como a mim me foi dito" (At 27:25).
"Eu creio em Deus"
Aqui nós temos todo o segredo da fé – "Porque creio em Deus". O primeiro homem e mulher neste mundo perderam a confiança em seu Criador quando no jardim, preferindo receber a palavra da serpente. Desde então tem sido comum para o homem desconfiar e desacreditar do seu Deus. Fé é o retorno da alma à confiança original do homem em seu Criador.
Que a voz de Deus seja ouvida hoje por aqueles que desejam ouvi-la! Certamente! É concebível que o Deus de amor e bondade insondáveis deixaria a vasta família humana sem alguma luz para iluminar suas trevas? O pensamento é antinatural e impossível. Onde, então, a voz divina pode ser ouvida? Nas Escrituras, que são inspiradas por Deus, como Paulo assegurou a Timóteo há muito tempo. Que valorizemos a confiança nos escritos sagrados, aceitando-os como a própria Palavra de Deus. Se desistirmos destes, tudo se foi.
Táticas do inimigo
Nosso arqui-inimigo Satanás sabe bem onde está a chave da situação e, portanto, seus esforços persistentes em todas as épocas para arrancar as Escrituras das mãos humanas. Suas táticas mudam com o passar do tempo, em uma estação despertando as autoridades seculares para uma epidemia de queima da Bíblia, em outra temporada enchendo a atmosfera religiosa com críticas profanas. Mas quaisquer que sejam as táticas, o objetivo é sempre o mesmo – destruir tanto a fé como aquilo em que a fé repousa.
"Varões... eu creio em Deus". Na Bíblia, Deus me fala dos meus pecados, humilhando-me até ao pó. Fielmente, Ele me adverte, em escritos que nunca me enganarão, quais devem ser as consequências do pecado. Mais e melhor do que tudo, Ele revela para mim um coração de afeição infinita, que não impediu até mesmo do sacrifício de Seu próprio Filho amado, que homens pecadores pudessem, em uma base perfeitamente justa, ser salvos e abençoados para todo o sempre. Certamente tal Deus é digno de toda a confiança e amor do meu coração.
W. W. Fereday
O Puxão
Um menino estava empinando sua pipa um dia,
Desaparecendo de vista, longe, longe;
Ele havia subido até que nenhum ponto fosse visto,
Mas ele ficou ali segurando a linha, sereno;
“Como você sabe que tem uma pipa?”
Perguntou um transeunte ao ver a visão
Do menino parado ali olhando para cima,
Seu cabelo todo despenteado pela brisa suave.
“Você tinha uma pipa e uma linha,
Mas onde está a pipa? Você não vê nada!
Talvez tenha desaparecido, levado para longe daqui;
Como você sabe que ainda está lá em cima?
“Eu sei que está aí!” Riu o menino em voz alta,
Seus olhos penetrantes fixos em uma nuvem rendada;
“Eu não preciso vê-la; o vento está forte
E minha pipa está lá em cima – eu sinto o puxão!”
E assim é na vida do Cristão:
Temos uma âncora na direção do vento contra o estresse e a luta;
Pode haver ventos e nuvens podem correr;
Não precisamos duvidar d’Ele, manteremos nosso lugar,
Serenos e firmes, não estamos sozinhos;
Lá em cima está Jesus – Ele está no trono;
Sabemos que Ele está lá. Nosso coração está cheio
De confiança – sentimos Seu puxão!
Invisível Ele está ao olho humano,
E o cético zombeteiro tende a clamar:
"O que você espera? É tudo um sonho –
Um mito nebuloso – você não viu nenhum Cristo!”
Mas podemos continuar serenamente enquanto isso;
Não precisamos vê-Lo; sentimos Seu sorriso!
E logo O veremos, pois a fé é plena
De paz e segurança; sentimos Seu puxão!
Mary Burns Warmenhoven
“Justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo”
Romanos 5:1
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