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Graça (Novembro de 2005)


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Revista mensal publicada originalmente em novembro/2005 pela Bible Truth Publishers

 

ÍNDICE


          Tema da edição

          Christian Truth, vol. 7, pág. 96

          W. W. Fereday (adaptado)

          J. N. Darby, Grace the True Source and Support of Practical Righteousness (adaptado)

          Things New and Old, Vol. 1, pág. 177 (adaptado)

         C. D. Maynard

          W. Kelly, The Red Heifer (adaptado)

A. H. Rule , Christian Truth, vol. 7, pág. 23 (adaptado)

Christian Truth, vol. 7, pág. 135

          Christian Truth, vol. 8, pág. 309

          W. J. Prost

          J. G. Bellett

          Hinário Little Flock, Hino 10


 

Graça 


O Velho Testamento termina com uma advertência solene: “Para que Eu não venha, e fira a Terra com maldição”, o Novo Testamento termina com uma declaração bendita: “A graça de nosso Senhor Jesus seja com todos vocês”, e entre essas declarações nos é dito: “a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens”.

 

O amor de Deus descendo para nós em graça é grande de acordo com a miséria e indignidade de seu objeto – que somos nós – e nosso amor subindo em resposta é a afeição da alma de acordo com a dignidade de seu objeto – nosso Deus em Cristo.

 

Certamente cada um de nós pode proclamar: “Pela graça de Deus, sou o que sou”, e posso crer com todo o coração quando nosso Deus sussurra aos nosso ouvido: “A Minha graça te basta”. E que nós, como Paulo desejou a Timóteo: possamos nos fortificar “na graça que há em Cristo Jesus”.

 

O assunto da graça maravilha o coração, pois por meio dela Deus Se revelou na grandeza de Seu amor para conosco. Ele é tão grande e somos tão pequenos que quando Sua graça é derramada sobre nós e em nós, ela enche o vaso até transbordar, de modo que o transbordamento se eleva a Deus como adoração. A medida que estamos ocupados com Sua graça nesta questão e quando chegamos a um hino conclusivo neste tema, que possamos ser encontrados “cantando com graça em nossos corações para Deus”.


Tema da edição

 

Graça e Misericórdia 


Graça e Misericórdia, embora elas possam se tocar em certos pontos, não são a mesma coisa, e por isso não podem ser usadas de forma intercambiável como se fossem palavras com o mesmo valor.

 

Graça simplesmente significa dom gratuito, ou favor gratuito, e ela não levanta necessariamente nenhuma questão a respeito do caráter do indivíduo a quem o dom foi dado ou o favor mostrado. Isso exclui toda a ideia de remuneração ou de reivindicações legítimas da parte do que a recebe (Rm 11:6).

 

Quando, porém, falamos de misericórdia demonstrada a qualquer um, trazemos a tona o verdadeiro desmerecimento da pessoa a quem a misericórdia é estendida. Tanto quem demonstra misericórdia como aquele que a recebe estão conscientes de que outro tipo de tratamento poderia ter sido justamente aplicado.

 

Agora, na bênção da nossa alma, ambas as palavras douradas têm seu lugar. Nos é dito que somos justificados gratuitamente pela graça de Deus, pois é certo que nunca trabalhamos para isso, nem podemos de modo algum remunerar a Deus por um ato de favor tão surpreendente. Pela graça também somos salvos. A salvação é um presente gratuito, que é muito grande, grande demais, inestimável demais, muito além de qualquer alcance humano para nos visitar de qualquer outra maneira. É igualmente verdade que “segundo a Sua misericórdia, nos salvou”, pois nós que somos salvos antes estávamos mortos em nossos pecados e transgressões, eramos servos voluntários de Satanás e do pecado, e eramos por natureza filhos da ira (Efésios 2) Somente a misericórdia poderia atender a nossa situação, e, bendito seja Deus, Ele é rico em misericórdia!


Christian Truth, vol. 7, pág. 96

 

A Graça de Cristo no Dia-a-dia 


A breve epístola a Filemom nos fornece uma bela imagem da maneira pela qual a graça de Cristo opera nos relacionamentos e circunstâncias da vida cotidiana. O apóstolo rogou a seu irmão no Senhor por Onésimo, que, sendo propriedade de Filemom, havia fugido (talvez o roubando primeiro), mas que foi levado a Cristo pelo contato com o próprio Paulo, enquanto era prisioneiro em Roma. Pela lei romana, o mestre tinha ampla autoridade para puni-lo severamente por tal conduta. Seu comportamento também era mais agravante, na medida em que servia um excelente mestre, não um homem tirânico do mundo. Paulo rogava por ele que, no coração de Filemom, a graça e o amor divinos possam triunfar sobre qualquer sentimento de aborrecimento e raiva.

 

Geralmente as epístolas inspiradas de Paulo estão ocupadas com as grandes doutrinas do Cristianismo. Ele era o vaso privilegiado para a revelação dos maravilhosos conselhos de Deus concernentes a Cristo, que haviam sido mantidos em segredo desde o princípio do mundo. Agora ele dá um exemplo do modo como o Cristianismo se ocupa com todos os detalhes práticos da vida cotidiana, para que nestes detalhes a graça de Cristo possa ser expressada por aqueles que creem. Somos assim preservados por meio da operação do Espírito Santo de sermos meros teóricos.

 

O poder unificador da graça 

O poder unificador da graça divina deve ser observado nesta epístola a Filemom. Após a saudação habitual de graça e paz do apóstolo, seu coração irrompe em agradecimento a Deus. Ele reconhece com gratidão todo o bem que há em seu querido irmão. Ele bendiz a Deus pelo amor e fé de Filemom para com o Senhor Jesus e para com todos os santos. As entranhas dos santos foram reanimadas por causa dele. Podemos sempre observar essa maneira graciosa nas epístolas de Paulo. Nos casos em que havia muito a reprovar, se algo de Cristo pudesse ser visto, ele alegremente reconhecia e dava graças por elas – uma lição importante para a nossa alma aprender na escola de Deus neste dia. Há tanto para entristecer o Espírito e para expor nossos protestos e repreensões que estamos inclinados a negligenciar a medida do fruto do Espírito que está realmente presente. O amor de Filemom por todos os santos estava prestes a ser severamente testado. Onésimo era agora um santo; será que ele o amaria? Não é fácil amar aqueles que nos causaram dano, mas nada menos está de acordo com Cristo. Este amoroso reconhecimento da graça em Filemom é a base desta epístola. Paulo prossegue neste terreno e apela ao coração de seu companheiro de trabalho.

 

Como suplicar por outro 

Paulo procurou por reciprocidade. Tendo reconhecido Cristo em Filemom, Paulo esperava que Filemom fizesse o mesmo em relação a si próprio e reconhecesse o direito que a graça tinha dado a Paulo. O pobre prisioneiro teria grande gozo e consolo por causa do amor deste excelente colossense.

 

Tendo aberto o caminho, tendo atingido acordes aos quais ele tinha certeza de que o coração de Filemom responderia, o apóstolo prossegue para defender a causa daquele que havia errado. Ele não usaria de autoridade. “Ainda que tenha em Cristo grande confiança para te mandar o que te convém, todavia, peço-te, antes, por caridade (amor).

 

Ele não se colocaria na posição de autoridade que o Senhor lhe tinha dado na assembleia, pretendendo que isso agisse sobre Filemom, a fim de que Filemom não permanecesse em sua posição sobre aquele que o servia. Suponha que ele tenha enviado Onésimo de volta com um mandato apostólico. Sem dúvida teria sido obedecido, e o fugitivo perdoado e reintegrado. Mas isso teria satisfeito seu coração? Onde, então, será que teria sido a preciosa manifestação da graça de Cristo que se eleva acima de tudo, mesmo sobre o mais profundo mal, e não apenas perdoa, mas acolhe o transgressor em seu seio para sempre? Nada menos que isso satisfaria o desejo daquele coração que desejava acima de tudo ver Cristo manifestado em todos os Seus membros aqui abaixo.

 

Ele então apresenta duas outras considerações.

 

Uma maneira digna de Deus 

Primeiro, Onésimo era seu próprio filho na fé, alguém por quem ele tinha grande afeição. Ele também acrescentou: “que gerei nas minhas prisões”. Em tempos passados, ele não era útil para Filemom, mas agora era útil para ele e para Paulo em todos os sentidos. O apóstolo desejava grandemente mantê-lo com ele, que por parte de seu mestre ele poderia ministrar a si próprio nos laços do evangelho, mas Paulo não iria ignorar os direitos de Filemom. Que ninguém suponha que isso concede qualquer sanção à escravidão. O caso abre o caminho para que Filemom permita que Onésimo sirva com base no relacionamento de um irmão. O Espírito, nesta epístola, não se pronuncia de modo algum sobre o certo ou errado da questão. O dia não chegou para corrigir o mundo. Quando a glória irromper e o Senhor Jesus reinar, a ordem de Deus será realizada por todo o universo, mas até esse dia, as instruções divinas são dadas aos santos de como a graça supera a desordem nas relações terrenas. Paulo queria que Onésimo fosse recebido de uma maneira digna de Deus, não agora como um mero escravo, mas como um irmão no Senhor. Onésimo poderia ser uma ajuda para Filemom agora, em contraste com seu comportamento no passado. Parece que ele também mostrou aptidão no serviço do Senhor. Sendo o filho de Paulo por meio da graça, ele deveria ser recebido como a Paulo mesmo, e se ele devesse ao seu senhor qualquer coisa, Paulo pagaria. Fruto poderoso da graça e do amor divinos! Onde é que Paulo aprendeu isto, se não com Aquele que, na mais profunda graça, empreendeu a causa do Seu povo e pagou as suas grandiosas dívidas? “Eu pagarei” era a linguagem de nosso Salvador, por assim dizer, quando Ele foi para a cruz por nós. O coração frio e egoísta do homem nunca pode produzir tais sentimentos, mas eles são naturais para aqueles que nasceram de Deus.

 

“De graça recebestes, de graça dai” 

Em segundo lugar, ele lembra a seu irmão Filemom que ele devia tudo a ele: “Ainda mesmo a ti próprio a mim te deves”. Aqui alcançamos, por assim dizer, o topo da escala. Filemom era ele mesmo um monumento da graça salvadora. Paulo havia trazido Cristo para ele. Tendo recebido livremente, Filemom deve agora dar livremente. Tendo sido perdoado dez mil talentos, ele agora deve de bom grado perdoar os cem centavos. Como Paulo disse a Tito, devemos ser gentis e mansos e devemos agir no espírito de graça para com os homens, porque nós mesmos já fomos tolos, vivendo com malícia e inveja, odiando uns aos outros, mas somos agora recipientes da graça, bondade e amor ao nosso Deus Salvador.

 

Paulo desejou que Filemom lhe desse regozijo, para que ele reanimasse seu coração no Senhor (v. 20). Se isso assim reanimou o servo de Deus, Paulo, para contemplar essa demonstração da graça divina, quanto mais ao Senhor! Ele gosta de ver a Si mesmo reproduzido de maneira prática nos Seus que estão no mundo. Paulo agora deixa o assunto, confiando em seu amado irmão que faria mais do que ele havia dito. Ele procurou a superabundância da graça divina. Ele contou com ele que assim seria.

 

Que o Espírito de Deus escreva essas coisas em nosso coração! Isso é Cristianismo de fato. É um grande poder, formando o coração e permeando todas as nossas circunstâncias, nos elevando inteiramente acima de todas as considerações humanas e nos dando, de maneira prática, “dias dos céus sobre a Terra” (Dt 11:21).


Adaptado de W. W. Fereday

 

Graça e Governo 


Qualquer que seja o poder onipotente da graça de Deus, precisamos ser lembrados de que Ele sempre mantém Seus princípios morais. Seja qual for o amor e a misericórdia de Deus ao abraçar uma alma, Ele nunca deixa essa alma em seu mal, nem lida superficialmente com a impiedade. Contudo, a bendita verdade do evangelho é que Deus é por nós, embora contra nosso mal. Assim, em Seu amor, Ele mantém Sua autoridade em nossa alma, Seu ódio ao pecado e Seu deleite no que é bom. Ele se compromete a produzir a reflexão de Sua própria santidade em cada alma que Ele liberta do julgamento vindouro. Porque Deus é verdadeiro, Ele continua o trabalho vigilante de Seu amor em mudar nossa alma para a imagem de Cristo quando passamos pelo deserto.

 

Os imutáveis princípios morais de Deus 

É importante para nós trazer nossa alma continuamente a este padrão. É impossível superestimar a importância da graça e nosso conhecimento dela, mas quanto mais a valorizamos, mais nos preocupamos em não sacrificar os princípios morais de Deus por causa da graça que Ele nos mostrou. Com isso em vista, encontramos as seguintes palavras no final da epístola aos Gálatas: “Não erreis: Deus não Se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito do Espírito ceifará a vida eterna. E não nos cansemos de fazer o bem, porque a Seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.  Então, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé” (Gl 6:7-10).

 

Se não estamos fundamentados na graça, podemos achar esses versículos um pouco surpreendentes. Se retirados de seu contexto, podem parecer à primeira vista apoiar o pensamento de que nossa salvação depende de nossa caminhada. É claro em outras partes da Escritura que esse pensamento é totalmente falso e que o único fundamento sobre o qual podemos estar é Cristo. Esse fundamento não é a obra do Espírito em nós, mas a obra de Cristo por nós, e ela está inteiramente fora de nós mesmos. Mas há uma obra do Espírito em nós – uma obra constante e séria. Pode ser interrompida ou mesmo eclipsada de tempos em tempos de maneira prática, mas Deus nunca permite que Seu filho escape do governo e disciplina de Seu coração e mão, de modo a produzir uma conformidade moral com Sua própria vontade. Ele não nos trataria como filhos se nos deixasse escapar.

 

Uma colheita mista de bem e de mal 

Este princípio é universalmente verdadeiro, seja do incrédulo ou do crente: “Tudo o que o homem semear, isso também ceifará”. O incrédulo semeia para nada além de si mesmo e colhe o julgamento de Deus sobre si, onde não há uma única coisa boa que possa permanecer diante de Deus. Mas e quanto aos crentes? É aí que entra a dificuldade, porque o crente tem uma mistura de bem e de mal. Satanás se aproveita do mal não julgado de nosso coração para nos levar ao pecado. Pode não ser sempre um pecado grosseiro, mas a rebeldia de nossa natureza que prefere uma pequena gratificação presente do ego, em vez da obediência e glória de Cristo. O que Deus faz? Com aquilo que nos permitimos desfrutar, Deus lida conosco nessa mesma coisa. Sofremos naquilo em que nos agradamos, e aquilo em que nos poupamos de julgar se torna a vara de nossa correção. Sejamos gratos por isso acontecer assim, pois temos a certeza de que somos realmente filhos de Deus.

 

Se não fosse assim, quais seriam as consequências? Eu teria que sofrer no inferno por isso. O que é contrário a Deus deve ser julgado. Se Deus não continuasse com Sua disciplina em minha alma agora, teria que ser julgado no inferno. “Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo” (1 Co 11:32). O mundo sentirá o julgamento de Deus num dia vindouro, mas o crente sente Sua mão castigando-o agora. Não importa o que seja – posso pensar que seja apenas um pequeno pecado – é impossível que Deus possa ter comunhão com aquilo que não é de Cristo. Que misericórdia que agora é o tempo quando Deus trata com o que não procede do Seu Espírito! Isso Pode ser que isso tenha que se manifestar mais tarde no tribunal de Cristo, mas agora é o momento em que a vara está sobre nós. Se, por enquanto, não parece que Deus está observando nossos caminhos, Ele apenas está esperando para lidar conosco de uma maneira mais eficaz.

 

Os tratamentos de Deus com nosso estado prático 

Não pensemos que nosso Pai é duro. Pode alguma coisa muito pesada vir de tal Deus – Aquele que deu Seu próprio Filho para morrer para que pudéssemos ser redimidos? Sabemos que somos filhos de Deus para sempre e nada pode alterar essa preciosa verdade. Mas quanto ao lidar de Deus com nossas almas neste tempo presente, muito depende de nosso estado e conduta prática. É impossível que Deus possa sancionar o que é contrário a Cristo e devemos agradecê-Lo por isso. Faz parte do esquema de Sua perfeita bondade para conosco.

 

Assim, vemos que graça e governo são verdades paralelas, e uma não elimina a outra. Graças a Deus, Sua graça nunca muda, seja salvando, mantendo ou restaurando a nós. Mas uma percepção daquela graça em nossa alma nos fará abominar o mal que Deus abomina. O contraste entre essa graça e o que estava em nós que despertou essa graça nos atrairá para Deus e toda a Sua bondade. Se falharmos nisso (e a tendência está em cada um de nós, em maior ou menor grau), Deus trata conosco em Seu governo.

 

Que o nosso desejo seja que Cristo seja formado em nós em tudo, não apenas para que tenhamos vida eterna, mas que nosso coração esteja de acordo com o coração d’Ele. Isto é o que Deus tem diante d’Ele, e deveria ser o objetivo de nossa alma. E de acordo com isso “não nos cansemos de fazer o bem, porque a Seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido”.


Adaptado de J. N. Darby, Grace the True Source and Support of Practical Righteousness

 

Graça, Piedade e Glória


A graça, a pura graça de Deus, é o único poder de uma caminhada santa e piedosa neste mundo. Como o Senhor disse a alguém que estava passando por profunda provação: “A Minha graça te basta, porque o Meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Co 12:9). É somente pela graça que podemos ornamentar a “doutrina de Deus, nosso Salvador, em tudo. Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens, ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente” (Tt 2:10-14). A lei exige obediência perfeita e não cederá em nenhum ponto, mas não dá poder para obedecer. O favor divino, que é nossa única força, flui para nós por meio do canal de nosso gracioso e bendito Salvador. Ele é a regra da vida do crente, e a graça de Deus é seu poder para segui-Lo. “Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (Jo 1:17). Desta porção em Tito aprendemos as três coisas seguintes:

 

Primeiro: A GRAÇA traz salvação – livramento completo. No momento em que a graça de Deus, em Cristo Jesus, é recebida por fé, há completa salvação para a alma – uma libertação total do pecado e de todas as suas consequências. A condição do pecador aos olhos de Deus é imediatamente mudada. Ele “passou da morte para a vida” – de uma condição de morte para uma de vida eterna. Esta é também a fonte e poder da santidade. O crente, estando vitalmente conectado com Cristo – um participante da natureza divina e habitado pelo Espírito Santo – produz frutos para Deus.

 

Segundo: A mesma graça que traz salvação leva à PIEDADE verdadeira e prática. “Ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente”. Ou seja, a graça nos ensina a negar tudo o que é diferente de Deus e desagrada a Ele, e também a negar as tendências do nosso próprio coração de sair em busca das coisas do mundo. Mas a graça nos ensina a fazer o que é bom e correto, bem como a negar o mal e o que é errado. Devemos viver “sobriamente” – grande sobriedade, moderação, equilíbrio mental, temperamento e conduta devem caracterizar cada crente. Além disso, devemos viver de maneira "justa” – justa e honestamente para com os homens – e “piedosos” – em toda a santidade de coração e vida para com Deus. Esta é a verdadeira santificação, a saber, a separação do mundo – separados para Deus. Tais são os felizes frutos da soberana e ilimitada graça de Deus para os pecadores perdidos e arruinados neste presente século mau – o mundo maligno atual..

 

Terceiro: A graça ensina o crente a procurar GLÓRIA. Alguém pode ser um Discípulo negligente, mas a lição é bastante clara. “Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo”. Aqui colocamos diante de nós o próprio Cristo, a esperança do nosso coração e da glória vindoura – a plena manifestação da glória milenar de nosso Deus Salvador. A graça que traz salvação e leva à piedade nos coloca na posição de esperar, vigiar e aguardar o Senhor do céu. Infelizmente essa bendita esperança é tão pouco entendida e tem tão pouca influência em nosso coração. O que pode ser mais claro? A graça que traz a nossa salvação e a coloca diante de nós é adequada e destinada a governar nossas afeições e formar nosso caráter para o bendito Senhor. Sua primeira Aparição foi em graça. Sua segunda Aparição será em glória. Nesta passagem nossa salvação e caminhada são docemente conectadas com ambas.

 

Que sejamos levados a um conhecimento mais profundo da GRAÇA, a um caráter mais elevado de PIEDADE e a uma mais transformadora esperança da GLÓRIA.

 

Things New and Old (adaptado), Vol. 1, pág. 177

 

Não Se Esqueça!


Agora, esses dois princípios da graça e do governo encontram uma exposição na família de Deus, e é muito importante que nos lembremos de que Deus age em relação a nós como Seu povo em ambos os princípios.

 

Se eu esquecer de Sua graça quando tiver falhado, talvez eu me desespere. Se eu esquecer de Seu governo, eu poderia crescer descuidado, não lembrando que “se viverdes segundo a carne, morrereis” (Rm 8:13), e nossa colheita depende da nossa semeadura.

 

C. D. Maynard

 

A Graça Restauradora


Talvez em nenhum outro momento a graça de Deus seja mais evidente do que quando nos purifica das contaminações durante o caminho de fé ou nos restaura quando falhamos. É realmente uma coisa triste quando falhamos na fidelidade ao nosso bendito Mestre, pois não temos desculpas depois de recebermos a graça que nos foi mostrada em nos salvar de nossos pecados. Mas se somos suscetíveis a contaminação e ao pecado, Sua graça é capaz de nos encontrar e nos restaurar a comunhão com Ele.

 

Temos uma bela ilustração de graça restauradora na novilha vermelha de Números 19 – uma provisão distinta para as contaminações que são encontradas à medida que caminhamos por este mundo. Por um lado, é impossível que entendamos plenamente o valor do derramamento do sangue de Cristo pelos nossos pecados. Por meio dele não temos mais “consciência dos pecados” (Hb 10:2). Por outro lado, tal graça é o mais forte motivo pelo qual não podemos tocar naquilo que é contaminado. Se já estamos purificados perfeitamente diante de Deus, não devemos permitir uma mancha em nossa vida diante dos homens.

 

A bezerra vermelha deveria ser “sem defeito, que não tenha mancha, e sobre que não subiu jugo” (Nm 19:2). Certamente esta é uma imagem impressionante de Cristo, pois a exigência não era apenas a perfeição na ausência de qualquer defeito, mas também nunca deve ter conhecido o jugo, isto é, a pressão do pecado. Como isso fala de Cristo sendo sempre perfeitamente aceitável para Deus!

 

Restaurando a comunhão 

O sangue deveria ser levado e aspergido sete vezes diante do tabernáculo, pois a grande verdade da expiação pelo sangue deve ser mantida. Sempre que o pensamento do pecado ocorre, o sangue vindica a Deus. É importante notar que essa aspersão de sangue nunca foi repetida. Então a bezerra deveria ser levada e totalmente queimada, junto com pau de cedro, escarlate e hissopo. O pau de cedro e o hissopo talvez se referissem a toda a extensão do homem em sua natureza, seja em grandeza ou fraqueza, enquanto o escarlate traz diante de nós o orgulho do mundo. Estes, sem dúvida, falam dos meios ou da fonte da contaminação. As cinzas de tudo isso, junto com as da novilha, deveriam ser colocadas em um lugar limpo, fora o arraial. Elas deveriam ser mantidas como uma “água da separação; expiação é [é purificação pelo pecado – JND] (Nm 19:9). Aqui não é uma questão de estabelecer relacionamento (o que já tinha sido estabelecido), mas é no terreno do relacionamento que já existia que o israelita não deveria permitir que nada estragasse a santidade que convinha ao santuário do Senhor. Assim é para o crente hoje. Tal purificação do pecado é claramente com um sentido de restaurar a comunhão quando quebrada.

 

A magnitude do pecado e da graça 

Tocar um cadáver é trazido aqui como uma figura da contaminação em suas várias formas e graus. Se alguém tocasse o cadáver de um homem, ele seria imundo sete dias. Deus providenciou a purificação, mas vários pontos devem ser notados.

 

Primeiro de tudo, Deus não faz pouco caso do pecado. Ele dá à alma o proveito de ser exercitada sobre isso. Deve haver purificação tanto no terceiro dia quanto no sétimo dia. O que se contaminou não pôde dizer: “Eu já estou aspergido com o sangue – estou limpo: Por que eu deveria me preocupar mais com o pecado?” Da mesma forma, ele não podia começar a se purificar no primeiro dia – ele deveria esperar até o terceiro dia. Quando há contaminação em nossas vidas e a comunhão com Deus é interrompida, é importante que percebamos completamente nossa ofensa. Para o israelita não havia restauração repentina, mas sim a dor de permanecer por dois dias sob o peso de seu pecado. Deve haver a constatação e percepção do pecado na presença da graça que provê contra ele. Portanto, o terceiro dia é a percepção da magnitude de pecado na presença de graça.  No Cristianismo não é uma questão de dias, mas sim do tempo necessário para obter uma noção real do pecado aos olhos de Deus. Uma expressão apressada de tristeza não prova um genuíno arrependimento do pecado. Em vez disso, o fato de já estarmos aspergidos com o sangue de Cristo é o motivo mais forte para a vergonha e a humilhação.

 

No terceiro dia há a aspersão da água de purificação – água que foi misturada com as cinzas da novilha. O que elas representam? O poder do Espírito de Deus (a água) trazendo diante de mim a lembrança dos sofrimentos de Cristo (as cinzas). As cinzas são a prova completa do julgamento e da memória do custo envolvido. O efeito de tudo isso é que adquirimos um conhecimento mais profundo da graça de Deus do que tínhamos antes e um conhecimento prático do engano do pecado e de nosso próprio coração. A percepção do pecado está ligada não apenas à amargura da comunhão perdida, mas à graça que o tirou. Isso dá uma sensação mais profunda de pecado em conexão com a graça.

 

A magnitude da graça e do pecado 

Mas tudo isso, por mais necessário que seja, não é uma restauração completa. A consciência deve ser trazida a exercício e o mal ser julgado, mas isso não é a plena comunhão com Deus. Deve haver mais um período de tempo até o sétimo dia, quando mais uma vez o homem deve ser aspergido com a água da purificação. Quando a obra completa é feita e a purificação está completa, a graça em relação ao pecado é totalmente entendida, e pensamentos de pecado são deixados para trás. O sétimo dia traz diante de nós a magnitude da graça na presença do pecado. Assim, as duas aspersões são o inverso uma da outra. Se o pecado permitido em nossa vida trouxe vergonha à graça, agora vemos que a graça triunfou sobre o pecado. Deus nunca me ocupa com o pecado, exceto para me levar ao ponto de julgá-lo. Então Ele me ocupa Consigo mesmo e com a Sua graça. A graça que nos purificou, ao nos fazer julgar o pecado de acordo com a graça, nos faz agora desfrutar da graça sem pensar mais no pecado – em uma palavra, desfrutamos de Deus. A comunhão é totalmente restaurada e na plena aceitação da oferta de Cristo, compreendida e desfrutada. O pecado como objeto dos meus pensamentos é deixado para trás. Este é o sétimo dia. Quão perfeitamente a graça restaura a alma!

 

Adaptado de W. Kelly, The Red Heifer

 

A Graça Prática


Hebreus 12 fala de dois montes – um que fala da lei e a outro que fala da graça. E é uma questão importante para nossa alma, para qual desses montes somos trazidos, pois em conexão com um, temos que tratar com Deus fazendo exigências sobre nós, enquanto em conexão com o outro, nos relacionamos com Deus agindo em graça.

 

Deus age conosco em graça. Só nesse princípio podemos seguir com Deus. Esta é uma imensa verdade para nossa alma apreender, pois somente quando nos apegamos a isso, podemos compreender o caráter de nossos relacionamentos com Deus e uns com os outros como Cristãos, e os princípios que devem nos governar nos nossos caminhos uns para com os outros. Nossos pecados foram purificados por meio do sangue de Cristo. Isso é pura graça.

 

Mas a santidade não é necessária? Sim! Somos informados no versículo 14 que sem santidade, nenhum homem pode ver o Senhor. Isto também é graça? A necessidade de santidade certamente não é graça, mas se o caráter e a natureza de Deus são tais que ninguém pode estar em Sua presença sem santidade, Ele a fornece para nós em graça, bendito seja o Seu nome!  Nós não temos santidade de nós mesmos ou em nós mesmos, mas Ele nos torna “participantes da santidade”, mesmo que Ele tenha que nos castigar a fim de quebrantar nossas vontades e nos levar a esse exercício de alma em que nós podemos receber tudo d’Ele. Toda bênção flui d’Ele em perfeita graça, e nosso lugar diante d’Ele é de recebedores sujeitos.

 

Imitadores da graça de Deus 

Mas agora, se Deus age em nosso favor no princípio de graça, devemos ser imitadores d’Ele, como filhos queridos. A graça é o princípio sobre o qual devemos agir, um em relação ao outro. Percebemos isso suficientemente em nossa alma a fim de agir de acordo com os princípios divinos?

 

Todos nós estamos peregrinando juntos e, como em um rebanho de ovelhas, há os fracos e os coxos, não para serem deixados para trás, mas para serem ajudados. Há “mãos cansadas” e “joelhos desconjuntados”. Como devemos agir em relação a isso? A passagem é simples: “Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados, e fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que manqueja se não desvie inteiramente; antes, seja sarado”. Este não é o monte terrível que queimava em fogo; é a pura graça de Deus.

 

Por um lado, a graça nos leva a ministrar ajuda aos fracos e aos débeis. Por outro lado, ela nos levará a sermos vigilantes, atentos aos nossos próprios caminhos, para que o coxo não seja desviado do caminho. Há coxos no rebanho, e eles não se saem bem, mas o chicote não seria um remédio para eles. Não devemos agir em relação a eles no princípio dos feitores e exatores de Faraó para com os filhos escravos de Israel. Este não é o caminho de Deus. Ele age conosco em graça e nos ajuda em nossas fraquezas, ou se Ele castiga, quando necessário, é “para sermos participantes da Sua santidade”. O que devemos pensar de um pastor que dá chicotadas em uma ovelha pobre e fraca? No entanto, quantas vezes isso é feito entre o rebanho de Cristo! O chicote em vez de graça! Monte Sinai em vez do Monte Sião! A Palavra de Deus é: “antes, seja sarado”.

 

Não é que a santidade possa ser dispensada e, portanto, está escrito: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”. Somente nos lembremos, o chicote e o monte ardente não curarão nem produzirão santidade. Só a graça pode fazer ambas as coisas, e assim é acrescentado: “tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus”. Se eu perder em minha alma a percepção daquela graça em que Deus está sempre agindo em relação a mim, fracassarei em manifestar graça para com meus irmãos. E quem pode dizer qual será a perda e dano aos santos? Alguma raiz de amargura surge, e surge o problema, e muitos são assim contaminados. Que tristeza às vezes é causada na assembleia de Deus, porque alguém – um líder, pode ser – fracassou na graça de Deus e agiu no espírito da lei em vez do Espírito de Cristo! Ou alguém, por ganância, fez um algo autoritário ou defraudou seu irmão! Ou alguma palavra foi falada inadvertidamente, e uma semente má foi semeada em algum coração, que surge como raiz de amargura, produzindo problemas, que passa de boca em boca, contaminando muitos. Certamente tal conduta é muito triste, totalmente contrária ao Espírito de Cristo, e se não for julgada de forma severa por aqueles que assim agem, trará a mão do Senhor na disciplina.

 

Oh, perceber em nossa alma mais íntima que somos salvos pela graça, que estamos em graça, e que é graça a cada passo do caminho até o fim! E perceber que somos chamados a viver e agir em relação ao outro no poder da mesma graça em que Deus agiu e sempre age conosco.]


A. H. Rule , adaptado de Christian Truth, vol. 7, pág. 23

 

Caído da Graça


Jó tinha a bênção, mas estava trabalhando para mantê-la. Ele não conhecia totalmente a graça, e ele era infeliz.

 

Deus enviou toda a provação para ensiná-lo sobre a graça, para que ele pudesse saber que ele não merecia a bênção, nem poderia mantê-la. Esta lição, quando aprendida, fez de Jó um homem feliz.

 

Quantos são como Jó!

 

Se obtive a bênção sem a merecer, é claro que nunca poderei perdê-la por falta de mérito. Esta é a graça, na qual estamos firmes (Rm 5:2). Trabalhando para manter a bênção – com esse objeto – é ter caído da graça (Gl 5:4).


Christian Truth, vol. 7, p. 135

 

A Graça Esteja Convosco


É interessante observar como o apóstolo Paulo encerra suas epístolas com esse desejo do seu coração: “A graça seja com todos vós”. E, de fato, o que pode estar mais de acordo com a “graça e a verdade” que veio de Jesus Cristo, de Quem somos seguidores, do que desejar que isso aconteça em um mundo como este e em meio às muitas distrações da Cristandade?

 

Ela não se baseia em nossos direitos, pois quais direitos nós temos? Se aquilo que merecemos nos for dado, o que poderia nos resultar, além do “lago de fogo”? Mas a graça soberana e imerecida foi manifestada para aqueles que não a mereciam, e do começo ao fim somos devedores à misericórdia. Onde há o devido sentido disso na alma, não seremos feitores ou exatores, mas sim benfeitores. Não exigiremos, mas seremos felizes em servir, assim “como o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e para dar a Sua vida em resgate de muitos”.

 

Oh! Quão bendito é servir em toda a humildade de mente, pois servimos ao Senhor Jesus Cristo e aos objetos de Sua graça aqui embaixo. Paulo diz: “Tudo suporto por causa dos eleitos, para que também eles obtenham a salvação que está em Cristo Jesus, com eterna glória”.

 

Será que esperamos que as coisas corram bem? Somos chamados para suportar uns aos outros em amor (Ef 4:2). E para fazer com que nós mesmos não “nos privemos da graça de Deus”.

 

Que nos consideremos uns aos outros para nos provocar ao amor e às boas obras, e suplicar, quando chamados, pela “mansidão e benignidade de Cristo”. Nossa palavra deve ser “sempre agradável, temperada com sal”. Não é bom ter muito tempero, mas o amor nunca falha e nunca é inconsistente com o “amor na verdade”.

 

Que Sua graça sempre repouse sobre nós pelo amor de Seu nome. Amém!

  

Christian Truth, vol. 8, pág. 309

 

 A Dispensação da Graça


Graça é, sem dúvida, um dos assuntos mais maravilhosos que nos é revelado na Palavra de Deus. Traz diante de nós o imerecido favor de Deus para com o homem e, como tal, lida com todos os homens em uma base comum. A graça nunca passa por cima do pecado, mas, pelo contrário, mostra o horror e o terror dele. Sua própria demonstração confirma toda a ruína do homem, pois se o homem pudesse se aperfeiçoar pelo seu próprio poder, não haveria necessidade de graça. Por outro lado, essa mesma ruína se torna a ocasião de mostrar o caráter de amor de Deus. A graça de Deus vem onde o homem é completamente mau e, em tal condição, nada além da graça pode satisfazer sua necessidade. O supremo triunfo da graça foi visto na cruz, pois onde o pecado do homem atingiu seu apogeu ao crucificar o Filho de Deus, o amor de Deus trouxe a salvação por esse mesmo ato, e a graça de Deus providenciou o perdão por essa mesma rejeição.

 

O evangelho da graça 

A graça caracteriza especialmente a dispensação Cristã, e o evangelho que agora é pregado é apropriadamente chamado por Paulo de “o evangelho da graça de Deus” (At 20:24). A graça é mais que uma convicção pela consciência. Minha consciência pode ser exercida quanto ao pecado, mas um sentimento de pecado sem que o coração seja tocado apenas me afastará de Deus, como fez Adão no jardim. A graça me faz perceber o meu pecado em todo o seu mal, mas então me permite provar que o Senhor é gracioso. Uma percepção de graça atraiu a mulher de Sicar para mais perto do Senhor Jesus, embora ela percebesse que Ele sabia tudo sobre o pecado dela. Fez dela corajosa para ir aos homens da cidade, dizendo: “Vinde e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito” (Jo 4:29). Quando eu não pude ir a Deus, Ele veio a mim e isso é graça.


Continuando em graça 

Isso, no entanto, é apenas o começo, pois a graça toca todos os aspectos da nossa vida Cristã. Paulo e Barnabé poderiam exortar os novos crentes em Antioquia da Pisídia a que “permanecessem na graça de Deus” (At 13:43), pois é a graça de Deus na qual andamos dia a dia. Um senso de graça me manterá feliz, pois ao estar ocupado com Ele, eu desfruto do Seu amor em minha alma. É bom perceber o que sou e ser humilhado por isso, mas se estou ocupado comigo mesmo, nessa medida estou fora do terreno de graça. O gozo e a paz vêm do conhecimento, não tanto do que somos, mas do que Ele é para nós, e isso é graça. No entanto, devo permanecer na presença de Deus, pois Sua graça é tão vasta que não posso aprendê-la fora d’Ele. Graça separada de Deus se torna uma desculpa para o pecado.


Graça em serviço 

Da mesma forma, essa mesma graça se mostrará em serviço, pois se eu recebi a graça, eu quero mostrá-la aos outros. A graça me encontrará em provações, permitindo-me passar por dificuldades que, de outro modo, seriam esmagadoras. Ela me manterá humilde, pois um senso de graça me fará perceber que tudo de bênção em minha vida é resultado da graça. Paulo poderia dizer: “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou... trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus, que está comigo” (1 Co 15:10). Essa mesma graça, no entanto, irá ao meu encontro quando eu falhar. Isso me restaurará e me permitirá levantar novamente e continuar. O governo de Deus pode surgir também, mas a graça me diz que Aquele que me salvou sabia exatamente como eu iria agir e me escolheu assim mesmo. Por estas e outras razões, Paulo termina várias de suas epístolas com a exortação: “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós”. Quando a ruína foi chegando, e a verdade foi sendo abandonada, Paulo pôde dizer a Timóteo, “Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus” (2 Tm 2:1). Que seja mais assim conosco, nestes últimos dias da dispensação da graça!

  

W. J. Prost

 

 Estabelecido em Graça

 

A alma que é estabelecida na graça será encontrada meditando sobre o que Deus é em vez daquilo que nós somos. Oh, preciosa ocupação do coração, estar meditando vez após vez sobre a graça e a glória que recebemos d’Ele!

 

J. G. Bellett

 

 Graça é o Som Mais Doce

 

Graça é o som mais doce

Isso já chegou aos nossos ouvidos;

Quando a consciência se culpou e a justiça franziu a testa,

Foi a graça que removeu nossos medos.

  

Ela é a liberdade para o escravo,

É luz e liberdade;

Ela tira do túmulo o seu terror,

Da morte tira sua vitória.

  

A graça é uma mina de riqueza

Aberto aos pobres;

A graça é a fonte soberana da saúde;

Ela é a vida para sempre.

  

Da graça então cantemos!

(Um tema alegre e maravilhoso!)

Quem a graça trouxe, trará a glória,

E reinaremos com Ele.

  

Então veremos Seu rosto

Com todos os santos acima,

E cantaremos para sempre de Sua graça,

Para sempre do Seu amor.

  

 Hinário Little Flock, Hino 10

 

"Provai e vede que o SENHOR é bom; bem-aventurado o homem que n'Ele confia"

Salmo 34:8

 

  

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