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Jonas (Maio de 2017)

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ÍNDICE


Tema da Edição

J. A. von Poseck (adaptado)

F. B. Hole (Adaptado)

W. J. Prost

W. W. Fereday (adaptado)

Autor desconhecido

W. W. Fereday (Adaptado)

J. N. Darby (Adaptado)

W. J. Prost

F. J. Exley

 

Jonas


As instruções ao servo eram simples, claras e fáceis de entender: “Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive”. O servo também entendeu o que havia no coração de seu Senhor: Sei que és “Deus piedoso e misericordioso, longânimo e grande em benignidade”. Então o que acontece quando o coração e a vontade do Senhor não coincidem com o coração e a vontade do servo? O servo nos dá a resposta: “me preveni, fugindo”. Fugir significa “descer”. Ele desceu para Jope, desceu ao navio, desceu ao porão do navio e o Senhor o fez descer às profundezas, até aos fundamentos dos montes. Quando ele desceu por sua própria vontade ele adormeceu, porém quando o seu Senhor o fez descer ele desfaleceu. Mas recebeu um chamado para que despertasse e então respondeu, “Do SENHOR vem a salvação”. Quando retornou à terra, a simples e clara instrução foi repetida: “Levanta-te, e vai à grande cidade de Nínive”. Ele foi, pregou, e Nínive foi poupada. E ele estava feliz? Não! Por que não? Continue a leitura.

 

Jonas, o Servo


Existem dois requisitos essenciais que cada um dos que creem precisa ter para adquirir aptidão prática e serem úteis no serviço do Senhor. Estes são:

1. Uma vontade quebrantada;

2. Um coração quebrantado.


Quando nossa vontade própria está quebrantada somos capazes de discernir a vontade de Deus, quer seja para as dificuldades práticas do nosso dia-a-dia, quer para Seu serviço e ministério. Se na escola das profundas provações e tristezas temos aprendido a julgar nossa própria vontade perversa, seremos, então, capazes de experimentar “qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12:2).


Quando nosso coração, com suas próprias inclinações, tem sido quebrantado de uma maneira prática, Deus pode revelar a nós Seu próprio coração cheio de graça, amor e terna compaixão.


Uma vontade subjugada nos torna aptos a servir ao Senhor, porém um coração quebrantado nos faz servir a Ele “segundo o Seu coração”, em espírito e verdade.


Jonas, embora sendo um corajoso servo de Deus, ainda não havia aprendido essas coisas. Ele estava ocupado com sua própria importância – com sua própria dignidade como um profeta – e se esqueceu de que era um profeta de Deus. Logo após receber um mandamento de Deus, tentou “fugir diante da face SENHOR”. Porém o Senhor logo mostrou a insensatez de tal tentativa e Jonas teve que aprender algumas lições extremas – duas delas na barriga de um peixe e a terceira debaixo da aboboreira.


O que Jonas aprendeu na barriga do peixe

Os primeiros dois capítulos do livro de Jonas nos ensinam duas verdades importantes. Primeiro aprendemos que não existe nenhum lugar no qual o braço de Deus não possa nos alcançar; Segundo, aprendemos que não existe nenhuma prisão da qual as mãos de Deus não possam nos libertar.


Talvez alguém suponha que Jonas, sendo profeta do Senhor, não fosse muito inteligente e temente a Deus, para executar a vã tentativa de fugir da presença do Senhor. Não vamos tratar o profeta de maneira tão dura, pois quão frequentemente seguimos, como Jonas, as incitações dos nossos desejos naturais! É fácil esquecer esta verdade tão importante na vida prática da fé, como expressa no Salmo 139:7: “Para onde me irei do Teu Espírito ou para onde fugirei da Tua face? Se subir ao céu, Tu aí estás; se fizer no Seol (que é abismo ou lugar dos mortos) a minha cama, eis que Tu ali estás também”. Foi exatamente esta verdade esquadrinhadora que Jonas praticamente esqueceu.


Aparentemente ele deve ter pensado assim: “Deus deve ter intenções graciosas a respeito de Nínive, me enviando com esta mensagem de aviso, e como resultado os ninivitas irão se converter de suas obras más e irão se arrepender. Deus então irá Se arrepender do julgamento anunciado contra eles e eu serei exposto como um profeta mentiroso”. A tentação no caso de Jonas não era pequena, mas onde estava sua fé? Onde estava sua confiança em Deus, e o olho e coração focados na simples obediência pela fé? Será que Deus não era capaz de cuidar do caráter de Seu profeta?


Oh que coisa miserável é o “ego”, especialmente no serviço e ministério do Senhor! Seria melhor deixar milhões de almas de ninivitas perecerem do que o caráter do profeta de Deus ser difamado! Nesta dispensação da Graça, a história da Igreja nos dá testemunho dos tristes frutos de tal orgulho não julgado em alguns que são vistos como servos do bendito Senhor. Oh, que possamos aprender a ser pequenos diante d’Ele que uma vez foi o menor de todos os Servos e que agora está exaltado à direita de Deus!


Jonas aprendeu duas coisas muito importantes na barriga do peixe:

1. “Os que observam as vaidades vãs deixam a sua própria misericórdia”;

2. “Do SENHOR vem a salvação”.

A vaidade mais enganadora não está no mundo lá fora, mas dentro de nós mesmos. Jonas, em meio aos constantes apelos de seu serviço como profeta, não permitiu a si mesmo tempo suficiente para aprender, na luz da presença de Deus, a traiçoeira profundeza do seu próprio coração mau. Se tivesse aprendido, não teria tentado fugir da presença do Senhor e não seria achado na barriga do peixe. Jonas teve que aprender isso na profundeza dos mares, onde ele tinha a “sentença de morte” em si mesmo, para que ele não confiasse em si mesmo, “mas em Deus, que ressuscita os mortos” (2 Co 1:9). Ele teve a mesma experiência que o apóstolo Paulo teria no futuro, embora que não na mesma altura e profundidade da medida Cristã que o apóstolo tinha. Mas, mesmo um servo de Deus como Paulo, o apóstolo da glória, não podia ser poupado desta lição. Assim como aconteceu com Jonas e com o apóstolo, da mesma forma é com cada um de nós. Ter “a sentença de morte” em nós mesmos deve ser experimentado, antes que a vitoriosa e triunfante certeza da fé possa nos tornar superiores às dificuldades que nos rodeiam.


Cedo ou tarde, cada um de nós, como foi com Jonas, tem que passar uma temporada na barriga do peixe (frequentemente até mesmo várias temporadas), para aprendermos, como ele, esta difícil, mas tão importante verdade que “os que observam as vaidades vãs deixam a sua própria misericórdia”.


Do SENHOR vem a Salvação

Porém havia outra, mas não menos importante verdade, que Jonas tinha que aprender em sua prisão. Como temos visto, a primeira grande verdade teve que ser aprendida por ele nas profundezas do mar, quando ele estava desprovido de qualquer ajuda humana. Tão logo Jonas aprendeu essa lição por completo, a segunda foi aprendida em seguida que é: “do Senhor vem a salvação”.


Quando os israelitas chegaram ao Mar Vermelho e todos os meios de livramento humano terminaram, então somente as seguintes palavras foram ouvidas: “Não temais; estais quietos, e vede o livramento do SENHOR, que hoje vos fará” (Êx 14:13). Somente quando o homem, em Romanos 7, convertido, porém ainda legalista, na barriga do peixe, reconheceu inteiramente o seu fracasso a respeito de suas próprias forças, é que ele percebe que a salvação e o livramento devem vir do Senhor, e então exclama, “Dou graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 7:25).


Assim foi com Jonas. Ele primeiro teve que aprender que “os que observam as vaidades vãs deixam a sua própria misericórdia”, e então, que “do SENHOR vem a salvação”. Imediatamente, “falou, pois, o SENHOR ao peixe, e ele vomitou a Jonas na terra” (Jn 2:10).


O que Jonas aprendeu debaixo da aboboreira

Jonas tinha que aprender agora, pelo murchar de seu próprio coração neste desapontamento, o que são a terna piedade e misericórdia do coração de Deus. Isto ele aprendeu debaixo da aboboreira milagrosa. O Senhor preparou esta aboboreira para o conforto de Jonas – uma aboboreira que se formou em uma noite. Entretanto, o conforto que a aboboreira trouxe para Jonas durou pouco. “Mas Deus enviou um bicho, no dia seguinte, ao subir da alva, o qual feriu a aboboreira, e esta se secou. E aconteceu que, aparecendo o Sol, Deus mandou um vento calmoso, oriental, e o Sol feriu a cabeça de Jonas e ele desmaiou, e desejou com toda a sua alma morrer, dizendo: Melhor me é morrer do que viver” (Jn 4:7-8). Em resposta à pergunta de Deus sobre sua ira, a linguagem do profeta assume um caráter desafiador: Ele responde, “É justo que me enfade a ponto de desejar a morte” (Jn 4:9).


Mas o que Jonas estava fazendo debaixo da aboboreira? Não estava ele esperando pelo julgamento de Deus, enquanto Deus estava esperando para demonstrar graça? Mas o profeta ainda não tinha entendido esta mensagem de graça. A aboboreira deveria então ser despojada de suas folhas, para que então o profeta, desprovido da sombra que o beneficiava, pudesse aprender, por seu próprio sofrimento, a sua própria necessidade daquela compaixão da qual ele tinha falta e pouco conhecimento de como apreciá-la.


O coração

Este exercício de consciência e de coração não pode ser evitado nem mesmo pelo mais excelente santo de Deus. A consciência deve ser alcançada na barriga do peixe, porém o coração deve ser tocado pelo murchar da aboboreira. Era a intenção de Deus que o coração, assim como a consciência de Seu profeta (como todos Seus servos) devessem ser exercitados. Existem crentes cuja consciência tem sido verdadeiramente exercitada, mas por falta de exercício em seu coração, conhecem pouco sobre a compaixão de Cristo. Jonas entendeu, ainda que em pouca medida, a terna misericórdia de Deus; Ele tinha, entretanto, que aprender pelo sofrimento a sua própria necessidade dela.


“E disse o SENHOR: Tiveste compaixão da aboboreira, na qual não trabalhaste, nem a fizeste crescer; que, em uma noite, nasceu e, em uma noite, pereceu; e não hei de Eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que estão mais de cento e vinte mil homens, que não sabem discernir entre a sua mão direita e a sua mão esquerda, e também muitos animais?” (Jn 4:10-11). Jonas lamentou a súbita morte de uma aboboreira, porque isso o privava do alívio que ela tinha provido a ele. E não deveria ter Deus piedade de uma cidade como Nínive, com seus milhares de bebês (Deus sabia o número deles) que não podiam discernir sua mão esquerda da sua mão direita, e muitos animais? Assim então Deus tinha alcançado o coração de Jonas, e seu coração deveria ser quebrantado e moldado pela percepção da graça e misericórdia de Deus.


O fato de o próprio profeta ter escrito este livro, registrando, dessa forma, seu próprio pecado e vergonha, nos prova completamente como não somente sua vontade, mas também seu coração, foram quebrantados e humilhados pela percepção da graça de tão grande Deus. Que nós possamos também receber a instrução que Deus pretende nos passar, porque as coisas que aconteceram com Jonas foram escritas para aviso nosso.

J. A. von Poseck (Adaptado)

 

Serviço Efetivo


Cristãos são sempre, em maior ou menor medida, afetados pelo espírito que predomina no mundo que os cerca. Nos primeiros dias do Cristianismo isto foi ilustrado pelos Coríntios, que vivendo em uma cidade conhecida pela luxúria e libertinagem, logo tiveram esses males aparecendo em seu meio. Uma das características mais marcantes dos nossos dias é essa superficialidade geral e a falta daquele firme propósito que a profunda convicção produz, e em nenhum lugar isso é mais dolorosamente proclamado do que na Igreja de Deus.


Nossa falha na vereda de nosso testemunho sobre a Terra normalmente não é por causa da falta de conhecimento, mas por que não estamos completamente possuídos por Ele, e consequentemente ficamos pouco sensíveis. Somos como um lago largo, porém raso, ao invés de um poço pequeno em circunferência, porém profundo. O homem mais efetivo no serviço do Senhor é aquele de maior profundidade e sensibilidade.


O exemplo de Esdras

Tomemos Esdras como exemplo de um homem que poderosamente influenciou seus companheiros. Falhas e transgressões começaram a aparecer no quebrantado remanescente de Israel que retornou da Babilônia e o velho pecado de misturar-se com o povo da terra ameaçou arruiná-los novamente. Era de fato uma emergência. Esdras não chamou nenhum comitê; não trouxe nenhum elaborado plano de reforma para este abuso; ele simplesmente sentiu essas coisas diante de Deus e como elas afetavam a Deus. Ele as sentiu de tal forma que rasgou suas roupas, raspou sua cabeça, e sentou-se perplexo, até que, percebendo a total extensão das coisas, caiu de joelhos e começou uma oração de confissão memorável, dizendo: “meu Deus! Estou confuso e envergonhado, para levantar a Ti a minha face, meu Deus” (Ed 9:3-6).


Então, assim como Esdras se comoveu, outros se comoveram com ele (Ed 9:4). De fato, à medida que a obra de Deus, em arrependimento e confissão, se aprofundou nele, também o poder de Deus irradiou a outros por meio dele até que “ajuntou-se a ele de Israel uma mui grande congregação de homens e mulheres e de crianças, porque o povo chorava com grande choro” (Ed 10:1). O resultado foi uma purificação nacional das suas falsas associações e assim a calamidade parou. Que contraste entre o barulhento e ineficaz mecanismo feito pelos homens e o movimento suave e pacífico vindo dos céus. Porém este movimento foi produzido por um homem que sente as coisas como Deus.


O testemunho de Jonas

Jonas ilustra outra fase da mesma coisa. Ele era um dos pregadores mais efetivos da antiguidade. Mesmo que direcionando a pregação a um povo de grande impiedade e carregando uma mensagem de julgamento – sempre impopular – ainda assim suas simples palavras produziram resultados surpreendentes. Toda a cidade de Nínive procurou a face de Deus e se converteu de seus caminhos maus (Jn 3:5-9).


Por que havia tão extraordinário poder em sua mensagem? Não seria porque o homem que proclamou, “ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida”, se tornou um exemplo prático de sua missão, por ele mesmo ter sido há pouco tempo subvertido? Jonas aprendeu na prática o que significa ser subvertido por Deus. Quando, na barriga do peixe, todas as ondas e as vagas de Deus passaram sobre ele, a agonia disso deve ter queimado em sua alma de uma maneira que jamais seria apagada. Quando então este homem prega uma subversão, existe um poder, uma aflição, uma urgência celestial em suas palavras que seriam desconhecidos se ocorresse de outra forma.


É melhor para nós, conhecer bem uma lição da escola de Deus do que amontoar para nós uma multidão de conhecimentos de uma maneira superficial.

F. B. Hole (Adaptado)

 

Jonas – Uma Figura de Cristo


Em outros artigos desta revista, consideramos Jonas tanto como um servo quanto uma figura da nação de Israel. Ambos os caráteres de Jonas, quer seja como Seu servo individualmente ou como Seu povo terrenal coletivamente, nos oferecem uma imagem real dos maravilhosos caminhos de Deus. Mas sem dúvida a mais preciosa figura retratada em Jonas é a que ele reflete o próprio Cristo.


À primeira vista, mal podemos pensar em alguém tão inadequado como sendo uma figura de Cristo. Cristo foi o perfeito, o Servo obediente; Jonas era intencionalmente desobediente. Cristo disse: “Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a Tua vontade” (Hb 10:9); Jonas claramente fez sua própria vontade. Cristo veio em amor e misericórdia para com aqueles que eram Seus inimigos; Jonas preferia ver a destruição de milhares de pessoas, bem como dos animais, ao invés de “ser humilhado”. Cristo jamais fez uma coisa sequer para agradar a Si mesmo; já o coração de Jonas estava ocupado consigo mesmo.


Na morte e na ressurreição

Ainda assim nosso bendito Senhor, enquanto andava na Terra, estava satisfeito em comparar a Si mesmo com Jonas de uma forma notável. Jonas nos mostra, numa ilustração visível, a obra de Cristo. Se o caráter e comportamento natural de Jonas estavam muito distantes dos do nosso bendito Senhor Jesus, ainda assim, neste único aspecto, ele seria uma figura da morte e ressurreição do nosso Senhor Jesus Cristo.


Quando nosso Senhor estava prestes a rejeitar Israel e alcançar as nações, Ele pôde Se lembrar de que “uma geração má e adúltera pede um sinal, porém, não se lhe dará outro sinal senão o do profeta Jonas” (Mt 12:39). Jonas era um sinal para a nação de Israel de duas formas. Primeiramente ele era um sinal em sua pregação aos ninivitas. Nosso Senhor lembrou aos judeus que “os homens de Nínive se levantarão no juízo com esta geração, e a condenarão; pois se converteram com a pregação de Jonas; e eis aqui está Quem é maior do que Jonas” (Lc 11:32). Jonas pregou um simples sermão por um único dia, ainda assim isso resultou em arrependimento de centenas de milhares de pessoas. E a contínua pregação do Senhor Jesus por aproximadamente três anos e meio trouxe somente poucos israelitas ao arrependimento. Entretanto nosso Senhor também era um sinal para eles em Sua morte e ressurreição. Ele pôde dizer-lhes: “Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da Terra” (Mt 12:40 – ARA). (Alguns argumentam que nosso Senhor não esteve tanto tempo na sepultura, mas ao fazer este comentário a Seu respeito, o Senhor Jesus simplesmente aderiu à maneira judaica de calcular o tempo, que contava parte de um dia como um dia completo).


Fidelidade e obstinação

Jonas era um servo infiel e obstinado, e foi somente pela amarga experiência de estar na barriga do peixe que ele aprendeu a obediência à vontade de seu Senhor. Mas houve Um que veio a este mundo, não somente em obediência a vontade de Seu Pai, mas em feliz obediência. Ele também sofreu muito mais do que Jonas sofreu, e ainda mais, Ele sofreu pelos pecados de outros. Foi por causa de Sua obediência e sofrimento na cruz do Calvário que Deus pôde agir em graça, não apenas para com Jonas, mas também para com milhares na cidade de Nínive. Assim foi que Jonas, enquanto sofrendo o que parecia uma prisão sem esperança na barriga do peixe, pôde ser uma figura da morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus.


Jonas na barriga do peixe corresponde a nosso bendito Senhor debaixo da sentença de morte, então o Espírito de Deus dá a Jonas expressões em sua circunstância que excede em muito qualquer terminologia humana. Por exemplo, ele diz, “do ventre do sheol clamei” (Jn 2:2 – JND); nosso bendito Senhor pôde dizer: “Pois não deixarás a Minha alma no sheol” (Sl 16:10 – JND). Jonas disse, “e a corrente me cercou; todas as Tuas ondas e as Tuas vagas têm passado por cima de mim” (Jn 2:3); nosso Senhor disse profeticamente, “todas as Tuas ondas e vagas têm passado sobre Mim” (Sl 42:7). Jonas disse, “entrou a Ti a minha oração, no templo da Tua santidade” (Jn 2:7); nosso Senhor disse, “Eu, porém, faço a Minha oração a Ti, SENHOR, num tempo aceitável” (Sl 69:13). Todas estas expressões, e outras, eram sem dúvida ordenadas pelo Espírito de Deus, como sendo próprias para quem seria uma figura de nosso Senhor Jesus.


Comparação contrastante

Jonas se assemelha ao Senhor Jesus também de outras formas. Com referência a Jonas, não poderia haver frutos – não poderia haver bênçãos – vindos do primeiro homem. Jonas, agindo na carne, fugiu da presença do Senhor e se recusou a ir a Nínive e pregar a mensagem dada a ele. Foi somente depois de ter passado pela tempestade no mar e passados aqueles terríveis dias na barriga do peixe que ele estava pronto para pregar para o povo de Nínive. Falando em figura, foi somente depois da morte e ressurreição que ele estava apto para dar a mensagem que resultaria em benção para milhares. Assim também aconteceu com nosso bendito Senhor. Ele pôde dizer no final de Seu ministério terrenal, “Importa, porém, que Eu seja batizado com um certo batismo, e como Me angustio até que venha a cumprir-se!” (Lc 12:50). Então Ele também falou a alguns gregos que desejavam vê-Lo: “se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto” (Jo 12:24). Nosso Senhor de fato “instruiu muitos em retidão” (Is 53:11 – JND) durante Seu ministério terrenal, mas foi apenas em Sua morte que Ele foi capaz de “levar suas iniquidades” (Is 53:11). Toda benção, quer no céu como na Terra, flui da morte e ressurreição de Cristo; O tempo de Jonas na barriga do peixe, e em sequência sendo vomitado na terra seca, é uma figura disso.


O poder de Deus

Finalmente, Jonas reconheceu que se ele tinha que ser libertado, isto deveria ser pelo poder do próprio Deus. Depois de todas as expressões em sua oração na barriga do peixe – expressões que, como vimos, se assemelham a linguagem profética de nosso bendito Senhor –, Jonas finalmente diz: “do SENHOR vem a Salvação” (Jn 2:9). Então assim também fez o Senhor Jesus. Como uma Pessoa divina, Ele pôde dizer, “Derribai este templo, e em três dias o levantarei” (Jo 2:19). Como o perfeito, Homem dependente, Ele pôde dizer, “Salva-Me da boca do leão” (Sl 22:21), e, “não Me leves no meio dos Meus dias” (Sl 102:24). Sua ressurreição era o selo de que Deus, Seu Pai, tinha sido plenamente satisfeito e glorificado em Sua obra na cruz.


Sendo mostrado como uma figura de nosso Senhor Jesus, Jonas é acrescentado ao número de crentes do Velho Testamento que tiveram suas falhas registradas para nós. Homens como Isaque, Moisés, Arão, Sansão, Davi e Salomão, para citar alguns, são todos figuras de Cristo de alguma forma ou de outra, ainda que falhos, e algumas vezes falhas sérias foram registradas sobre a vida de cada um deles. Tudo isto somente magnifica a graça de Deus, enquanto nos mostra que Deus procura aquilo que é de Cristo em cada um dos Seus, e Ele ama registrar isto!

W. J. Prost

 

Jonas – Uma Figura de Israel


O Livro de Jonas é profético em seu caráter, mesmo que não contenha discursos proféticos como encontramos em Isaías e Ezequiel. O Cristo que estava por vir é claramente prenunciado nos três dias que Jonas esteve na barriga do peixe, e a história de Israel pode ser claramente percebida na desobediência do profeta e seus resultados para si mesmo e para os outros.


Era uma grande honra para Jonas ser selecionado para levar a mensagem de Deus para Nínive, a imponente capital da maior potência da Terra em seus dias. Jonas deveria ter se esforçado para entrar nos pensamentos de Jeová a respeito deste assunto, para que ele fielmente O representasse em meio às trevas pagãs. Nisto o profeta falhou da maneira mais miserável. Da mesma forma, a nação de Israel foi divinamente escolhida para ser o canal de Deus para a benção de todos os povos da Terra. “Vós sois as Minhas testemunhas, diz o SENHOR, e o Meu servo, a quem escolhi” (Is 43:10). Aquele que lê o Velho Testamento, mesmo da maneira mais superficial, não pode deixar de perceber que Israel ocupava o lugar central naquele momento. Aproximadamente quatro séculos depois do dilúvio, quando todas as recém-formadas nações se renderam à idolatria, Deus chamou a Abrão e o abençoou, mas isto tinha em vista uma benção universal. “E em ti serão benditas todas as famílias da Terra” (Gn 12:3). Esta palavra foi confirmada e expandida depois da oferta de Isaque: “e a tua semente possuirá a porta dos seus inimigos; E em tua semente serão benditas todas as nações da Terra” (Gn 22:17-18).


Um modelo a seguir

Nunca foi pretendido que este suprimento grandemente favorecido fosse exclusivo. Até mesmo seu santuário deveria ser chamado de “casa de oração para todos os povos” (Is 56:7). Não parece que Israel deveria ser um povo missionário, propagando de maneira sincera o que eles sabiam sobre o único e verdadeiro Deus, mas eles certamente deveriam ser um povo modelo. Possuindo leis que eram perfeitas, sendo recebidas diretamente do céu, todos os seus caminhos deveriam ser de grande gozo para Deus e uma repreensão para as nações ao seu redor. Porém, tristemente, eles não foram verdadeiros quanto a sua posição privilegiada de separação para Deus; copiaram os maus caminhos de seus vizinhos, e assim trouxeram para si mesmos uma severa repreensão– “o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vós” (Rm 2:24). Será um grande dia para todo o mundo quando Zacarias 8:23 se tornar verdade: “Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Naquele dia, sucederá que pegarão dez homens, de todas as línguas das nações, pegarão, sim, na orla da veste de um judeu, dizendo: Iremos convosco, porque temos ouvido que Deus está convosco”.


Tão certo como a infidelidade de Jonas trouxe a tempestade sobre os marinheiros pagãos, também a infidelidade de Israel trouxe grande aflição sobre as nações em geral, assim como para suas próprias cabeças culpadas. Quando Jeová não mais suportou a iniquidade do povo escolhido, Ele enviou Nabucodonosor para castigar ambos, Seu povo e as nações ao seu redor. Todo o sistema das nações, na qual Israel era o centro estabelecido divinamente, foi quebrado. Assim a semente de Abraão se tornou uma maldição para a Terra e não uma benção.


A paciência de Jeová

A paciência de Jeová tanto para com Jonas quanto para com sua nação é notável. Quão graciosamente Ele argumentou com Seu profeta obstinado! E quão graciosamente Ele suportou a hipocrisia do remanescente judeu desde os dias de Esdras até a vinda do Senhor Jesus! Ainda assim, em plena vista do ódio deles, Ele pediu para que a figueira infrutífera tivesse mais um ano (Lc 13:6-9). Mas o testemunho adicional do Espírito Santo, depois que nosso Senhor retornou ao céu, foi todo em vão, e mais uma vez o povo foi retirado de sua terra e espalhado entre as nações. O lançamento de Jonas ao mar nos tipifica isto. O povo escolhido é agora um povo indesejável e um problema entre as nações. Toda a Terra foi afundada em confusão e desastres por sua terrível transgressão contra o Senhor na qual Israel assumiu a posição de liderança.


A graça de Deus

Mas a transbordante graça de Deus não é restringida pelo pecado do homem; Assim, enquanto Israel continua sem se arrepender, o Espírito Santo está trabalhando entre os gentios, reunindo de entre eles milhares para receberem as bênçãos celestiais. Todos estes estarão em um relacionamento com Cristo como Seu corpo e Sua noiva para sempre. A queda de Israel se transformou em riqueza para o mundo, e sua diminuição, a riqueza para os gentios (Rm 11:12). Enquanto centenas de milhares de pessoas em Nínive estavam regozijando na misericórdia de Deus, Jonas estava descontente e irado. De maneira similar, quando um número de gentios crentes em Antioquia estavam cheios de gozo e do Espírito Santo, os judeus “encheram-se de inveja e, blasfemando, contradiziam o que Paulo dizia” (At 13:44-52).


Uma mudança maravilhosa

Uma grande e maravilhosa mudança está vindo. A cegueira de Israel não é total; quando a plenitude dos gentios for reunida, “todo o Israel será salvo” (Rm 11:25-26), isto significa o remanescente fiel, “Nem por serem descendência de Abraão são todos filhos” (Rm 9:7). Os rebeldes obstinados serão lançados fora (Ez 20:38). A nação restaurada se levantará diante do mundo como se fosse ressuscitada dos mortos. A visão de Ezequiel do vale de ossos secos nos mostra isso (Ez 37). Daniel 12:2 nos ensina a mesma coisa. Os mortos fisicamente não estão em questão; e sim a nação como tal que é mencionada. Depois de séculos de degradação no pó, eles virão à tona no cenário político mais uma vez (como agora, desde quando Fereday escreveu este artigo). O remanescente fiel irá desfrutar da vida eterna (em condições terrenais), e os rebeldes serão entregues a vergonha e ao desprezo eterno. O reaparecimento de Jonas, depois de ter ficado “três dias no coração dos mares”, é figura disso. Romanos 11:15 e Oséias 6:2 também devem ser lidas neste contexto. Estando, então, no gozo da misericórdia, o povo, diferentemente de Jonas, irá com alegria distribuir benção a outros. O Salmo 67 nos dá sua linguagem de regozijo naquele grande dia. Note as palavras todos os povos”; todas as extremidades da Terra”; “Louvem-Te os povos todos”; “cantai ao SENHOR um cântico novo, cantai ao SENHOR toda a Terra” (Sl 96:1). Ai! Jonas não estava disposto a cantar enquanto contemplava a bondade de Deus para com os Ninivitas!


Toda a Terra será completamente abençoada na Aparição do Senhor Jesus, e Israel, completamente limpo do espírito de Jonas, irá se regozijar nisto. Deus será conhecido, não meramente como Criador, mas em Sua fidelidade – Jeová que cumpre Suas alianças. “Assim, Eu Me engrandecerei, e Me santificarei, e Me farei conhecer aos olhos de muitas nações; e saberão que Eu Sou o SENHOR” (Ez 38:23). Este bendito resultado foi alcançado nos marinheiros do navio de Jonas. Eles se converteram de seus deuses vãos, e eles “ofereceram sacrifício ao SENHOR, e fizeram votos” (Jn 1:16).


Quando Israel, depois de anos de oposição contra Deus e Seus benditos caminhos, perceber quão maravilhosamente Ele tem trabalhado, eles irão dizer como o apóstolo, “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os Seus juízos, e quão inescrutáveis os Seus caminhos!” (Rm 11:33). Em deplorável imitação dos irmãos de José, os judeus intentaram o mau em tudo o que eles fizeram para com Cristo e Seus santos. Mas Deus, em Sua perfeita sabedoria, transformou isso em bem (Gn 50:20). Ele será vitorioso no final, acima de todas as obras do inimigo, e cada propósito de Sua graça alcançará um glorioso cumprimento.


O profeta murmurador

É triste que o livro de Jonas termine com o profeta murmurando fora da cidade, enquanto dentro da cidade havia regozijo e paz. Nisto ele não foi uma figura de sua nação. Na futura era de bênçãos universais, Israel será o centro e coração de tudo isso. Com o Cristo, que outrora foi rejeitado e agora honrado em seu meio, o povo estará feliz e se deleitará em ver todos felizes ao seu redor até mesmo nas partes mais distantes da Terra.


Que o Deus de toda a graça nos conceda toda verdadeira grandeza de coração. Assim poderemos entender e comprovar Seus caminhos e encontrar gozo e proveito n’Ele para nosso coração.

W. W. Fereday (Adaptado)

 

Jonas – Graça para os Gentios


A profecia de Jonas está no meio de sua própria história. Isso nos mostra que o profeta personificou em si mesmo o testemunho de Deus por meio de Israel para com os gentios (compare Mt 24:14), bem como o importante fato de que Deus leva em consideração o arrependimento e conversão do mal de uma cidade ou nação. Jonas foi ordenado que fosse e clamasse contra aquela grande cidade de Nínive, mas ao invés de obedecer, ele fugiu da presença do Senhor. Ele mesmo nos diz o porquê de ter fugido – ele sabia que Jeová era gracioso: se ele predissesse a destruição da cidade e Deus os poupasse, ele iria perder sua reputação (Jn 4:2). O mesmo ocorreu com Israel: eles não podiam suportar que a graça fosse também demonstrada aos gentios (compare At 13:45; 1 Ts 2:16). Jonas era um servo de Deus, mas infiel: Sua infidelidade o levou a profundeza do julgamento, mas então ele personificou a verdade do testemunho que ele pregaria, e ainda que proclamasse o julgamento, ele não estava preparado para a extensão da misericórdia para com os gentios. Deus o impediu em seu curso, e mesmo que ele estivesse dormindo, os marinheiros o chamaram para prestar contas. Depois de terem clamado a seus deuses, eles lançaram sorte e ela caiu sobre Jonas. Ele teve que confessar que estava fugindo de Jeová, o Deus dos céus, que fez o mar e a terra seca. Assim Jeová foi feito conhecido entre aqueles marinheiros gentios. A obstinação dos judeus somente abriu mais ainda a porta para a graça que iria chegar até os gentios. Podemos esperar que Jonas tenha se humilhado a si mesmo antes de ter sido usado pelo Espírito para escrever sua própria história – uma história que nos mostra como era o coração, mesmo de um servo de Deus, e os meios empregados por Deus para ensiná-lo.

Autor desconhecido

 

A Profecia de Jonas


“O profeta Jonas”. Esta foi a descrição do próprio Senhor em Mateus 12:39, mas aquele que lê de maneira mais superficial pode perguntar “onde estão as profecias?” Certamente o livro de Jonas difere em caráter daqueles como Isaías e outros profetas. Suas ricas e completas manifestações de glórias ainda por vir estão faltando nos capítulos de Jonas, todavia a profecia está lá. O fato é que o próprio homem e o notável tratamento com que Jeová lidou com ele constitui a profecia, e uma profecia de caráter profundo e interessante. Nesta testemunha infiel, Deus nos ilustra Seus caminhos com a nação infiel à qual o profeta pertencia. Então existe tanto uma profecia quanto instruções morais no livro de Jonas. É uma profecia em figura.


A Palavra do Senhor

“E veio a palavra do SENHOR a Jonas, filho de Amitai, dizendo: Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até Mim” (Jn 1:1-2). Mensagens já haviam sido confiadas a Jonas da parte de Jeová para Israel (2 Rs 14:25). Agora ele tem a função específica de ser mandado “aos gentios de longe” (At 22:21).


É uma honra indizível ser mensageiro de Deus em qualquer momento. Jonas, entretanto, não estava contente de ser mandado para pregar aos gentios. Ele, de bom grado, havia sido o porta-voz de Deus para proclamar coisas boas para sua própria nação, mas à uma nação estrangeira – um poder perigosamente hostil para Israel – já era outra questão! Mesmo depois de o Espírito Santo ter vindo do céu depois da exaltação do Senhor Jesus, Pedro tinha dúvidas a respeito de levar a mensagem do evangelho à guarnição romana em Cesareia (At 10). Até mesmo Cristãos, mesmo que divinamente separados do mundo pela graça e unidos a Cristo no céu, são às vezes influenciados pelo que está sendo dito e feito ao seu redor. Quão devagar somos para aprender o bendito significado do “todo aquele” de Deus! O coração de Deus com certeza vai de encontro igualmente a homens de vários países e origens, e Ele deseja que “sejam salvos, e que cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1 Tm 2:4 – TB).


A atitude de Jonas

Jonas, ao escutar a Palavra de Jeová, traçou sua rota para Jope. Ele iria fugir de Sua presença! Esforços vãos! Mas porque Jonas recusou a comissão divina de ir pregar aos homens em Nínive? A conhecida bondade de Deus era sua dificuldade, como vemos em Jonas 4:2. Ele estava certo de que se os ninivitas se arrependessem de suas impiedades, Deus demonstraria misericórdia. Jonas sentiu que sua dignidade seria afetada se ele proclamasse um julgamento que não fosse executado. Seria preferível deixar uma vasta cidade perecer do que sua credibilidade sofrer danos! Parece quase inacreditável que um homem nascido do Espírito poderia ser tão cheio de si e se comportar de maneira tão desprezível! Esta história, contada de forma tão simples, foi escrita como um aviso para todos nós. Se perdermos a comunhão com Deus, Sua terna compaixão se tornará estranha para nós. Sentimentos endurecidos se formam, e nos comportamos de maneira abominável. Com certeza encontraremos Jonas na glória de Deus em breve (que era um pecador salvo por graça, assim como nós), mas enquanto isso, procuremos ser o mais diferente possível dele em nosso serviço e testemunho para Deus.


Circunstâncias providenciais

Parece ser uma providência que um navio estivesse prestes a partir para Társis quando o desobediente profeta chegou a Jope, mas as circunstâncias nem sempre são um guia seguro para os santos de Deus. Que nunca nos esqueçamos disto! Não se pode concluir, pelo fato de as circunstâncias se encaixarem perfeitamente com nossos desejos, que Deus tenha ordenado tais coisas para nós. Jonas, cansado de sua jornada, desceu ao porão e logo adormeceu. “Mas o SENHOR mandou ao mar um grande vento, e fez-se no mar uma grande tempestade, e o navio estava para quebrar-se” (Jn 1:4). Tempos depois, Paulo foi exposto a uma grande tempestade no mesmo mar Mediterrâneo, mas o contraste entre Paulo e Jonas quando o perigo veio é muito impressionante (At 27). O apóstolo estava viajando em direção a Roma de acordo com a Palavra do Senhor em Atos 23:11, “Paulo, tem ânimo! Porque, como de Mim testificaste em Jerusalém, assim importa que testifiques também em Roma”. Com estas palavras soando em seus ouvidos, Paulo agiu confiantemente. Sua dignidade moral em meio à tempestade foi excepcional. Ele quase tomou o comando do navio, mesmo que o mestre e o piloto estivessem a bordo. “Fora, na verdade, razoável, ó varões, ter-me ouvido a mim”, ainda que Paulo não fosse um passageiro qualquer; ele era um passageiro em custódia! Em contraste, Jonas foi uma figura má entre seus companheiros de navio, e ele mereceu completamente toda a repreensão do mestre (Jn 1:6).


Que nós não percamos a lição deste contraste. Um Cristão que anda em comunhão com Deus está em um nível mais alto, mas um Cristão sem comunhão é uma demonstração degradada. Os homens respeitaram a um, porém desprezaram o outro. Um será uma benção para os homens, mas o outro será uma pedra de tropeço ou até mesmo uma maldição!

W. W. Fereday (Adaptado)

 

Duas Maneiras nas quais a História de Jonas é Usada no Novo Testamento


Devemos destacar que o caso de Jonas é usado no Novo Testamento de duas formas, que não devem ser vistas como sendo iguais. Ele é mencionado como um testemunho para o mundo, pela Palavra de Deus – um serviço no qual o Senhor compara o Seu próprio trabalho; mais tarde, na barriga do peixe – uma circunstância usada pelo Senhor como figura do tempo que Ele estaria na sepultura. Jonas, por sua pregação, foi um sinal para os ninivitas, assim como o Senhor foi para os judeus, que tinham ouvidos e corações mais endurecidos do que os daqueles pagãos que estavam longe de Deus.


Jonas também foi (em relação com o que aconteceu a ele em consequência de sua recusa em dar testemunho) uma figura daquilo que passou sobre Jesus quando tomou sobre Si a pena do pecado do povo. Quando Ele foi ressuscitado dentre os mortos, Ele Se tornou o testemunho da graça, e ao mesmo tempo a ocasião do julgamento para aqueles que O rejeitaram. Vemos em sua história que Jonas é uma notável figura moral de Israel – ao menos da conduta de Israel.

J. N. Darby (Adaptado)

 

“YOLO” – Você Só Vive Uma Vez


Foi somente há pouco tempo que percebi que essa tinha acabado de se tornar uma palavra legítima em inglês. Em uma edição recente da revista Time, um colunista chamou a atenção para algumas palavras novas que tinham sido introduzidas recentemente ao Dicionário Inglês Oxford. Uma destas foi a palavra “yolo”, uma sigla para a frase “You Only Live Once” (Você só vive uma vez). É de fato uma palavra de origens recentes, sendo popularizada pela música “The Motto”, cantada pelo cantor canadense Aubrey Drake Graham em 2011. O impressionante não é o uso da palavra, porque expressões similares já haviam sido usadas inúmeras vezes. Por exemplo, no século XX, a mesma frase, “você só vive uma vez” era geralmente atribuída ao comediante Mae West. Uma frase similar também foi usada pelo compositor Johann Strauss em 1855, e o autor alemão Goethe escreveu, “uma pessoa só vive uma vez neste mundo”, em 1774. Antes disso, a expressão em latim “carpe diem” (literalmente “aproveite o dia”) foi usada durante séculos com a mesma conotação. Porém estas expressões eram pouco conhecidas e usadas se compararmos com o que ocorre atualmente. O que é impressionante é o quão rápido a expressão de Drake pegou e o quanto ela tem sido usada entre os jovens nos últimos anos. De fato, o próprio Drake se desculpou por difundir o uso da frase, dizendo que ele “não tinha ideia que se tornaria tão grande”.


A frase em si foi tomada pelos jovens logo depois da música de Drake ter sido apresentada, e foi adotada como uma gíria em poucos meses, sem dúvida foi espalhada pelo que pode ser denominado o veículo turbinado das mídias sociais modernas. É em geral utilizada para expressar o ponto de vista de que deveríamos aproveitar o máximo do presente sem ter muitas preocupações a respeito do futuro, e é frequentemente usada como uma justificativa para um comportamento impulsivo, imprudente ou irresponsável.


“Comamos e bebamos”

Do ponto de vista mundano essa expressão é, para a maioria, usada pelos jovens e talvez defina a inclinação adolescente, um tanto comum, de testar os limites do comportamento aceitável. Mas o fato de a expressão ser tão largamente adotada aponta para uma atitude mais profunda, qual seja, uma insatisfação extrema, frustração, e talvez desilusão com o futuro do nosso mundo. Não podemos reviver o passado, e o futuro deste mundo parece sombrio visto por uma perspectiva natural. Um aumento precipitado no comportamento violento, uma escassez de recursos (particularmente comida), nacionalismo combinado com insustentáveis níveis de débitos, sejam eles públicos ou privados, que têm resultado em uma combinação de forças políticas e econômicas com as quais o homem não consegue lidar. Como consequência, muitos estão adotando a atitude que o apóstolo Paulo alertou em 1 Coríntios 15:32: “Comamos e bebamos, que amanhã morreremos”.


Esta mentalidade surge porque o horizonte do homem natural é apenas este mundo; ele vê sua vida aqui como o começo e o fim de tudo. Mas mesmo aqueles que adotam este ponto de vista estão começando a ficar preocupados. Como um escritor secular observou, nós realmente vivemos apenas uma vez, mas também devemos lembrar que morremos apenas uma vez. Até mesmo o mundo reconhece que às vezes um comportamento imprudente é fatal, e então a vida aqui acaba.


“Depois da morte o julgamento”

Mas quão solene é contemplar a verdade da Escritura que nos diz: “E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo” (Hb 9:27)! Mais do que isso, o homem que morre sem Cristo não morre apenas uma vez. A Escritura nos diz que no julgamento do Grande Trono Branco, “a morte e o Hades foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte” (Ap 20:14 – TB). De nenhuma forma isto implica aniquilação, mas ao invés disso, um estado de total banimento da presença de Deus por toda a eternidade. Que pensamento terrível!


Um chamado aos crentes

Mas existe nisso um chamado para o crente? De fato existe, porque nós também “vivemos apenas uma vez,” falando a respeito da vida aqui na Terra. Desde que fomos levados a conhecer Deus por meio de Jesus Cristo e foi nos dada uma nova vida n’Ele, reconhecemos que fomos feitos para a eternidade, e não meramente para o tempo. É triste ver às vezes Cristãos (que deveriam estar vivendo para a eternidade) andando segundo o curso deste mundo e colocando seu coração em coisas terrenais. É verdade que não tememos mais o julgamento para qual chamamos a atenção no parágrafo anterior, mas será que fomos deixados aqui simplesmente para nos divertimos ao máximo, até que o Senhor nos chame para casa? Claro que não! Ao invés disso, fomos chamados para buscar a glória e nos ocuparmos com os interesses d’Aquele que nos ama e deu Sua vida por nós.


Muitos anos atrás, um jovem rapaz, quando pediram a ele que escrevesse em um livro de autógrafos, antes de assinar seu nome escreveu o seguinte:


“O amor que transcende nossas maiores forças,

Requer nossa alma, nossa vida, nosso todo”


Isto foi tirado de um hino escrito há muito tempo por Isaac Watts, e sem dúvida expressa o anseio do seu coração. Mas alguns anos depois a jovem moça que era dona do livro de autógrafos pediu ao pai daquele mesmo rapaz que escrevesse em seu livro. Ele servia ao Senhor já há muitos anos, e enquanto ele examinava o livro, ele viu o que seu filho tinha escrito. Então imediatamente abaixo dele escreveu:


“não sabeis que ... não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus”.


Estas duas citações nos apresentam a soberania de Deus, ao nos escolher, e também nossa responsabilidade, em responder aos Seus direitos sobre nós. De fato não somos de nós mesmos, mas Deus Se deleita na resposta de nosso coração ao Seu amor e em uma vida aqui sendo vivida para a glória de nosso Senhor Jesus Cristo. Nós realmente vivemos aqui somente uma vez, mas durante esta curta vida estamos construindo algo para a eternidade. Que sempre nos lembremos das palavras escritas por outro (C. T. Studd) que abdicou de muita coisa neste mundo para servir ao Senhor:


“Somente uma vida,

Logo terá passado;

Somente o que foi feito para Cristo

Irá permanecer”.

W. J. Prost

 

Passo a Passo


“Eu sei, ó SENHOR, que não é do homem o seu caminho; nem do homem que caminha, o dirigir os seus passos” (Jr 10:23).


Filho do Meu amor, não tema o desconhecido amanhã;

Não temas as novas exigências que a vida te faz;

Sua ignorância não é motivo para tristeza,

Já que o que não conheces é conhecido por Mim.


Tu não consegues ver os motivos ocultos

Dos Meus mandamentos, mas em ti a luz ganhará;

Ande pela fé, inclinado em Minhas promessas;

E à medida que andares, tudo se fará plano;


É um passo que vês – então vá adiante corajosamente;

Um passo é longe o bastante para a fé ver;

Dê o passo, e seu próximo dever será dito a ti;

Porque passo a passo seu Senhor está te guiando.


Não se assuste com os adversários;

Enfrente todos os perigos, menos a desobediência;

Tu marcharás adiante, todos os obstáculos vencendo;

Porque Eu, o Forte, abrirei o caminho.


Portanto, vá alegremente à tarefa a ti designada;

Tendo Minha promessa, e não precisando de nada mais,

Do que apenas saber, onde o futuro te espera,

E em todas as tuas jornadas irei à frente

F. J. Exley


 

“Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da Terra”

Mateus 12:40 – ARA



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