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Um Caminho Solitário (Novembro de 2017)




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Revista mensal publicada originalmente em setembro/2017 pela Bible Truth Publishers

 

ÍNDICE


Tema da Edição

Autor desconhecido

W. J. Prost

The Bible Treasury

R. Elliott (adaptado)

W. J. Prost

H. Durbanville, de “The Best Is Yet to Be”

Christian Truth (adaptado)

E. Dennett (adaptado)

C. S. C. Panton


 

Um Caminho Solitário


“Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele” (Gn 2:18).


Deus fez o homem para companhia. Ele o criou para ter comunhão Consigo mesmo. Sem isso, a natureza do homem não pode descansar. O pecado e os seus resultados, como a morte, separaram o homem de Deus e muitas vezes o homem de outros homens. O resultado foi solitude e solidão (N. do T.: Solitude é um estado de isolamento voluntário e positivo; já a solidão é uma condição associada à dor e à tristeza), que todos experimentaram de vez em quando. O Homem perfeito, o Senhor Jesus, muitas vezes esteve sozinho entre os homens, pois eles não entendiam Seus pensamentos, sentimentos e motivos. Mas, exceto pelo abandono na cruz, Ele nunca esteve sozinho ou sentiu solidão em sua comunhão com Deus. Nós também experimentamos estar sozinhos e ficar sem companhia às vezes entre os homens. Mas Aquele que perfeitamente conhece e compreende nossos sentimentos e necessidades, nos disse: “Não te deixarei, nem te desampararei” (Hb 13:5). Que possamos dar gozo ao Seu coração, não voltando as costas ao Seu amor, conforto e companheirismo e não quebrando a comunhão com Ele através do pecado. Devemos aprender a não ignorar Sua presença por ocupação própria com nossos relacionamentos fracassados ou quebrados com os outros, que levam aos sentimentos de amargura e pensando de que ninguém se importa. Ele é e sempre será o “Amigo mais chegado do que um irmão” – Aquele que diz: “Sou Eu; não temais”.

Tema da Edição

 

Um Caminho Solitário


Há um mistério nos corações humanos, E apesar de estarmos rodeados por uma tropa Daqueles que nos amam verdadeiramente e são amados, Para cada um de nós, de tempos em tempos, Chega uma sensação de absoluta solidão; Nosso querido amigo é “estranho” para a nossa alegria, E não pode perceber a nossa amargura. “Não há ninguém que realmente entenda, nenhum que possa entrar em tudo o que sinto” Tal é o clamor que cada um de nós tem; Nós vagamos em “um caminho solitário”. Não importa qual ou onde nossa sorte possa estar; Cada coração, misterioso até para si mesmo, Deve viver sua vida de solidão interior. E você saberia qual a razão disso? É porque o Senhor deseja nosso amor; Ele deseja ser o Primeiro em cada coração; Ele então mantém a chave secreta somente com Ele, para abrir todas as suas câmaras, e abençoar Com simpatia perfeita e santa paz Cada alma solitária que vem a Ele. Então quando sentimos esta solidão, é A voz de Jesus dizendo, "Vinde a Mim"; E todas as vezes que não "entendemos" É um chamado para que nós venhamos novamente: Porque apenas Cristo pode satisfazer a alma; E aqueles que caminham com Ele todos os dias Nunca podem ter “Um caminho solitário”. E quando estiver desmaiando debaixo de uma cruz pesada E disser "Eu não posso suportar isso sozinho” Você fala a verdade; Cristo fez isso propositalmente Tão pesado para que você pudesse retornar para Ele Quão maior o luto, que "ninguém compreende” Traz uma mensagem secreta da parte d’Ele Suplicando que você volte para Ele novamente. O “Homem de dores” entende isso muito bem; “Em tudo tentado”, Ele pode sentir contigo; Você não pode dizer vim muitas vezes, ou muito perto; O Filho de Deus é infinito em Sua graça; Sua presença satisfaz a alma que anseia; E aqueles que caminham com Ele todos os dias Nunca terão “um caminho solitário”.


Autor desconhecido

 

Estar Sozinho e Estar Solitário


Um filósofo do século XX certa vez fez a afirmação um tanto perspicaz de que "a solidão expressa a dor de estar sozinho e a solitude expressa a glória de estar só". Para alguns, sozinho e solitário são palavras sinônimas; ficar sozinho é ficar solitário. Para outros, a interação social é valorizada como uma experiência ocasional, mas a maior parte deles é mais feliz quando vive e trabalha em solitude. Contudo, o próprio Senhor disse: “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2:18), pois Deus criou o homem com uma necessidade básica de ser amado e compreendido. Apesar das variações de personalidades e preferências, estar demasiadamente sozinho afeta todos nós de forma desfavorável. Nas prisões, uma forma bem conhecida de punição, é o ato de colocar presidiários em confinamento solitário por um período.


Visão de Deus

Para olhar para a solidão e estar sozinho na luz correta, devemos nos voltar à Palavra de Deus e ver a visão de Deus sobre ela. Lemos em Apocalipse 4:11: "Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder, porque Tu criaste todas as coisas, e por Tua vontade são e foram criadas". Essa criação inclui o homem – o ápice da criação de Deus. Mais do que isso, lemos que quando Deus criou o homem, Ele disse: “Façamos o homem à Nossa imagem, conforme a Nossa semelhança” (Gn 1:26). O homem não precisava somente de companhia humana neste mundo, mas ele também era capaz de ter comunhão com o próprio Deus. Deus estava criando aqueles que poderiam responder ao Seu amor e às Suas reivindicações. Deus era suficiente para Si mesmo em tudo, exceto em Seu amor, pois Ele queria ter objetos para amar.


Mas todos nós sabemos o que aconteceu. O homem acreditou em Satanás, em vez de confiar em Deus e, ao desobedecer à única ordem que Deus lhe dera, arruinou o seu relacionamento com Deus. A separação resultante entre o homem e Deus, com todas as tristezas que o pecado causou, tem sido a verdadeira causa da mágoa e da dor neste mundo. A solidão tem sido uma dessas consequências do pecado, e é muito comum hoje em dia. A Internet trouxe à luz a magnitude do problema. Estima-se que, a todo momento, existem cerca de um bilhão de pessoas online no mundo. Destes, cerca de metade está realizando negócios ou se correspondendo com amigos, enquanto a outra metade está procurando por um amor e um relacionamento. Mas nossa era de mídias sociais, embora tenha facilitado drasticamente a comunicação com os outros, não aproximou realmente as pessoas, nem resolveu o problema da solidão. Muitas pessoas se sentem mais isoladas e solitárias do que nunca.


E, no entanto, há aqueles que levaram uma vida feliz, produtiva e plena, apesar do fato de terem ficado sozinhos a maior parte do tempo. Embora tais indivíduos tendam a ser raros hoje, é prazeroso conhecê-los. Eles parecem irradiar uma paz interior e energia que não depende dos outros. Eles são capazes de interagir com o mundo e com as pessoas, mas não dependem deles. O companheirismo é bem-vindo quando está disponível, mas se não, eles estão contentes em continuar sozinhos. Essas pessoas também costumam estar ocupadas, e o tempo não “está em suas mãos”.


Solidão e envelhecimento

Naturalmente, alguns podem dizer que tudo isso é bom desde que se tenha saúde, algum dinheiro e talvez alguns interesses reais e pessoais que ocupem o tempo. Mas e aqueles que são mais velhos, aqueles cuja saúde já não é a mesma de antes, aqueles que não podem sair e fazer muitas coisas, ou aqueles que não podem ter um hobby ou correr atrás de seus interesses em particular? Há uma resposta para a solidão que pode facilmente se desenvolver, ou sentimentos de inutilidade e autopiedade que podem se arrastar para nosso coração?


Nós já tocamos neste assunto em um artigo anterior da revista “O Cristão” (setembro 2016), onde destacamos o fato de que, até mesmo o mundo reconhece que devemos ter uma vida com significado, e que precisamos ter uma causa acima de nós mesmos. Este simples fato é tão importante, que talvez não estaria fora de lugar mencioná-lo novamente. O indivíduo que está ocupado consigo mesmo nunca é feliz, nem pode ser. Claro, o mundo nunca vai além do que é em si mesmo, e mesmo uma causa fora de nós, embora possa fornecer uma ajuda tremenda para aqueles que se sentem solitários e precisam de estímulo, nunca pode verdadeiramente satisfazer o coração. O coração do homem é grande demais para que qualquer coisa deste mundo possa preenchê-lo. Deus criou nosso coração, e somente Ele pode preenchê-lo.


Primeiro de tudo, é importante reconhecer que não há uma resposta perfeita aqui, neste mundo. Nós vivemos em um mundo de pecado e, como Cristãos, nossos corpos ainda estão sujeitos ao envelhecimento e a doenças. Até que sejamos chamados para casa, nunca poderemos ser perfeitamente felizes, porque nosso bendito Salvador está ausente. Um compositor de hinos colocou isso bem: "Que alegria e bênção completa haveria, além de estar onde Tu estás?" Quando perdemos alguém pela morte, especialmente um cônjuge, a solidão existe e não pode ser negada. Uma viúva recentemente me confidenciou que uma das coisas mais difíceis era ter que, de repente, ir para cama sozinha. Não existe um remédio definitivo para isso.


A perspectiva correta

Mas para obter a perspectiva correta sobre qualquer coisa neste mundo, devemos trazer Cristo na questão, e isso é verdade sobre o assunto que estamos discutindo. Ele estava sozinho durante o Seu caminho neste mundo? Sem dúvida Ele estava, embora essa palavra originalmente não seja usada na Escritura e, ao aplicar essa palavra ao nosso bendito Senhor, devemos ter cuidado ao definir nossos termos. O Senhor Jesus não ficou triste ou infeliz porque muitas vezes esteve sozinho, mas não há dúvida de que sentia falta de companhia empática e amigável. Quantas vezes nós O encontramos sozinho, não tendo ninguém que realmente pudesse O entender! Mesmo entre multidões, quão raramente havia aqueles que realmente tinham empatia para com Ele ou entendiam Sua missão aqui neste mundo! Seu exemplo nos mostra como lidar com o desafio de estar sozinho ou ser solitário.


Andar nos passos do Mestre é, muitas vezes, ficar sozinho – compreender, pelo menos até certo ponto, o que Ele passou neste mundo. É sofrer com Cristo – a experiência mais valiosa e que nos lembraremos por toda a eternidade. Muitos crentes, ao longo das eras, sofreram por Cristo, e não queremos menosprezar isso de maneira alguma. Sua fidelidade sob tortura, mesmo até à morte, lhes dará a coroa da vida. Mas o sofrimento com Cristo é mais profundo e nos identifica com Seus íntimos pensamentos, com Seus sentimentos. É um raro privilégio, pois um dos Seus maiores sofrimentos durante o Seu ministério terrenal, foi o fato de que, na maioria das vezes, ninguém O entendia.


Comunhão ininterrupta

Qual é então a resposta para estar sozinho e talvez também solitário? A primeira e principal resposta é que a solitude nos dá a oportunidade de desfrutar de uma comunhão ininterrupta com nosso Senhor e Salvador. A verdadeira comunhão com Ele é sempre importante, mas, às vezes, na correnteza da vida, nossas interações humanas estão no caminho de um conhecimento mais profundo de nosso bendito Senhor. Quando estamos sozinhos a maior parte do tempo é uma chance de desenvolver um relacionamento mais rico com Aquele com Quem passaremos toda a eternidade. Se essa chance nos é oferecida, não devemos perdê-la.


No entanto, ainda estamos neste mundo e, novamente, o exemplo do nosso bendito Senhor nos mostra o caminho. Lemos sobre Ele: “E, de dia, ensinava no templo e, à noite, saindo, ficava no monte chamado das Oliveiras” (Lc 21:37). Este foi o padrão de Sua vida – tempo sozinho com Seu Pai, e depois incansável serviço aos homens. Assim deveria ser conosco. Se nos encontramos sozinhos, devemos usar o tempo, em primeiro lugar, para cultivar um relacionamento mais completo com nosso Senhor. Mas também devemos procurar oportunidades para servir aos outros e aliviar seus fardos, se possível. Encontrar nosso gozo em servir os outros não é apenas ser como Cristo, é trazer gozo para nós mesmos também. “O que regar também será regado” (Pv 11:25). Servir aos outros não é apenas lhes trazer gozo; isso fará com que nosso próprio coração transborde. Se estivermos ocupados servindo aos outros, não teremos tempo para nos sentir sozinhos ou sentir pena de nós mesmos. Lembro-me bem, há muitos anos, ler sobre um médico que se deparava com uma mulher constantemente ocupada consigo mesma e, assim, desenvolveu muitas doenças, a maioria das quais tinha um grande componente psicossomático. Ele finalmente deu a ela uma receita incomum: "Faça algo para outra pessoa". Foi um bom conselho; para aqueles que estão ocupados com a autopiedade ou acham que a vida é “chata” vão descobrir que estar ocupado com as necessidades dos outros os eleva acima de seus próprios problemas.


Mas alguns podem dizer: "E se você é velho ou fraco no corpo e acha difícil servir aos outros?" Admitimos que isso nos lança ao Senhor e não há solução fácil. Mas, nada é de maior serviço que a oração, e nada contagia mais um cuidador do que um espírito alegre. O mesmo Jesus de Quem foi dito: "Então, todos os discípulos, deixando-O, fugiram" (Mt 26:56), assegura-nos que "Não te deixarei, nem te desampararei" (Hb 13:5). Quão bom é poder passar pelos momentos solitários da vida na companhia d’Aquele que verdadeiramente compreende, porque sentiu o mesmo! “Pelo que convinha que, em tudo, fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote ... Porque, naquilo que Ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados” (Hb 2:17-18).


W. J. Prost

 

Jesus – O Homem Solitário


Jesus-Emanuel fez tudo o que Lhe era próprio, em obediência a Seu Pai ou em amorosa compaixão com todos ao Seu redor. O evangelho de Lucas nos leva pelos caminhos solitários deste Homem, muitas vezes sozinho, mas nunca como um isolado. Em meio à Suas próprias tristezas e sofrimentos, Ele prosseguiu em perfeição moral, onde ninguém, a não ser Ele, poderia marcar o Seu caminho. E então, enquanto estava nesse caminho, onde Ele manifestou devoção a Deus, obediência como Servo, simpatia como Homem, e sofrimentos na graça, Ele clama a Deus com respeito a tais provações e tristezas; Ele estava sozinho quando clamou para ser ouvido e respondido. Ele era o Homem solitário. Como isso poderia acontecer com Ele, que havia descido à esfera da desonra a Deus e do triunfo de Satanás e ao lugar da desgraça e derrota do homem? Em tal lugar, Ele sempre tratava sobre “os negócios do Pai”. Nós O encontramos em toda a parte de Lucas como O dependente, mas confiante. “Ele retirava-Se para os desertos e ali orava”; quando Ele deixou o deserto, Lucas nos diz: “E aconteceu que, naqueles dias, subiu ao monte a orar e passou a noite em oração a Deus”. Que noite foi esta! O Filho do Homem nesta Terra, assumindo para Si todas as falhas e responsabilidades dos homens na relação deles com os poderes de Deus em justiça, justificando o Juiz de toda a Terra, aceitando as consequências das desobediências deles, e fazendo disso o ponto de partida da Sua própria caminhada com Deus e com os homens aqui abaixo. Para onde poderia Ele olhar senão para o céu? Com Quem poderia Ele falar sobre assuntos como estes, além do Jeová de Israel? E a Quem poderia Ele orar senão Àquele que credenciou este Filho do Homem desde o princípio, pela voz dos céus que foram abertos: "Este é o Meu Filho amado, em Quem Me comprazo”? Nosso bendito Senhor não apenas assume todas essas responsabilidades acumuladas sobre Si e glorifica a Deus por seus meios, mas, ao fazer isso, em justa obediência e sofrimento, Ele carrega todo o peso e pressão para Deus, e o “período da noite” não é silencioso; sim, Ele diz, Eu meditarei em Ti nas “vigílias da noite”. Ele era o verdadeiro Israelita, o Messias e Cabeça daquele povo; assim “o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre Ele”, ou como a anunciação do anjo declarou a Maria: “pelo que também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus”.


The Bible Treasury

 

Solidão e Cuidados


Bem no fundo, nos recônditos mais íntimos de todo espírito humano, a solidão é sentida, até que se saiba a verdade de que Deus Se importa. O homem perdeu Deus, e ele está fadado a se sentir sozinho até encontrar-se com Deus novamente. Ele deve se encontrar com a Pessoa d’Aquele que Se apresentou como o bom samaritano. “Mas um samaritano que ia de viagem chegou ao pé dele”. A verdade subjacente aqui é que Deus está sempre buscando o homem, e Ele o está buscando para ajudá-lo, pois é tão verdade que Deus perdeu o homem como é verdade que o homem perdeu Deus. O homem sem Deus é uma anomalia, já que Deus fez o homem e deu a ele todas as suas faculdades, morais e físicas. Por mais que tente, o homem não pode continuar sem o seu Criador, assim como não pode continuar sem o seu semelhante. A declaração de Marta ao Senhor Jesus, “Não Te importas”, expressa essa verdade. Por mais que tentemos escondê-lo, um sentimento de solidão e abandono nos tomará conta em algum momento, e é justamente esse sentimento de solidão e abandono que é a fonte frutífera de toda inquietação. A vida é grande demais para nós cuidarmos dela sozinhos, sua tensão é muito severa, suas demandas são maiores do que podemos suportar, e a questão final é maravilhosa e abrangente demais, para qualquer um de nós resolver sem ajuda.


O cuidado do bom samaritano

É exatamente isso que nos ajuda a ver quão maravilhosamente o ensinamento de Cristo se encaixa no estado existente de coisas. A parábola do bom samaritano nos apresenta precisamente um quadro de absoluta solidão e abandono, bem como Àquele que nos alivia de ambos. Quem poderia ser mais solitário e estar sem cuidado do que o homem que caiu nas mãos de ladrões? Eles o despiram, o feriram e o abandonaram. Ele deve ter sentido sua solidão, especialmente, quando outros se aproximaram e, tendo olhado para ele, passaram longe dele. No entanto, quem poderia estar menos sozinho ou mais bem cuidado depois?Levado para a estalagem e deixado a cargo do hospedeiro, nada faltou para ele. "Cuida dele, e tudo o que de mais gastares eu to pagarei, quando voltar". Se ao menos crermos que isso representa Deus e que Ele está perfeitamente disposto a prestar muito mais assistência a todos os que O permitirem prestar, poderíamos ter alguma preocupação?


Sem dúvida, estamos a ponto de dizer: “Parece bom demais para ser verdade. Há alguém tão grande, tão poderoso, disposto a tomar conta de mim?” Só há uma resposta: Ele está disposto e é capaz. Então talvez a pergunta se torne extremamente pessoal: Ele fará isso por mim? Não tenho direito a tão grande benevolência. Nem tinha o homem à beira da estrada, qualquer direito sobre o samaritano, exceto que a necessidade sempre tem direito ao amor. É este o ponto principal. Deus agora está agindo por Si mesmo, de acordo com os desejos ditados pelo Seu próprio amor. É graça, e a parábola tem a intenção de nos mostrar o que não poderíamos exigir e não merecíamos – Seu amor. Deus está demonstrando o fato de que Ele pode nos amar apesar de nossa imperfeição. A ação do Bom Samaritano foi toda feita por graça. Era assim que Deus trataria conosco. Quão lentos somos para entender isso!


O cuidado de Marta

Marta não entendia isso e, consequentemente, estava ansiosa e afadigada com muitas coisas. Dentro de sua pequena esfera, ela pensava que devia cuidar de tudo, como se não houvesse ninguém no controle e ninguém para cuidar de homens e mulheres. Ela estava dando o melhor de si, mas não estava em descanso. Ela representa não poucos, que, embora desejem agradar a Deus e servi-Lo, não apreenderam quão grande prazer é para Ele o servi-los e que Seu serviço deve preceder o deles. A diferença entre Marta e Maria – uma estava atarefada, a outra descansava aos pés de Jesus – era, principalmente, a diferença entre o homem à beira da estrada e o homem na estalagem. O homem à beira da estrada poderia muito bem ter dito ao sacerdote e ao levita: "Você não se importa que eu fique aqui sozinho?" O homem da estalagem não poderia ter dito isso ao samaritano. Não poderíamos imaginar tal coisa. Podemos imaginá-lo sentado aos pés de seu benfeitor, olhando para seu rosto, e talvez se perguntando em sua mente: Há algo que eu possa fazer por ele quando eu ficar forte o suficiente? Cristo não nos pede nenhum serviço até que saibamos, por experiência pessoal, como Ele nos serviu. É um fato notável que, embora o homem ferido tenha recebido tanta bondade e receberia ainda mais, seu benfeitor não pediu a ele que fizesse uma única coisa em troca.


A tripla lição

Será que aprendemos a tripla lição desta parábola? Será que conhecemos Àquele que pode remover nossa culpa, nos fortalecer e aliviar nossa inquietação? Nas palavras da parábola, “atou-lhe as feridas”; “pondo-o sobre a sua cavalgadura”; "levou-o para uma estalagem". Assim sendo, não teremos menos cuidado [ansiedade]? Deus não nos faria suportar as nossas ansiedades, tal como não nos faria suportar os nossos pecados. "Lançando sobre Ele toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós". Este único verso da Escritura não atende à dupla necessidade de estar sozinho e sem preocupações, expresso no apelo de Marta? “Não Te importas que minha irmã me deixe servir só?” “lançando sobre Ele toda a vossa ansiedade” – isso vai de encontro à solidão – “porque Ele tem cuidado de vós” – isso satisfaz os cuidados. Nós todos O temos e Ele se importa.


“Nunca sozinho e sempre cuidado" descreve a condição feliz do homem na estalagem enquanto ele esperava para ver o rosto do seu amigo. Pode ser, e deve ser, a experiência daqueles que esperam para ver a Sua face.


R. Elliott (adaptado)

 

O Dom da Solitude


Muitas vezes, em nossas situações da vida, não é tanto o que elas fazem de nós, mas sim o que fazemos delas. Já foi dito antes, e é verdade, que o segredo de um feliz caminho Cristão é receber as circunstâncias como vindas do nosso Senhor e levar nossas dificuldades para Ele. Isso é verdade em todas as fases de nossas vidas e, especialmente, se nos encontramos sozinhos. Reagimos com ressentimento e autopiedade, ou tomamos isto como um presente de Deus, para ser usado para Ele e para a Sua glória?


O Vale de Baca

No Salmo 84:6, lemos sobre aqueles que, “passando pelo vale de Baca, fazem dele uma fonte; sim, a chuva precoce o cobre com bênçãos” (JND). A palavra “Baca” significa “chorar” e descreve apropriadamente as circunstâncias difíceis que às vezes acontecem em nossa vida. O Senhor não condena o choro, pois nosso Senhor chorou no túmulo de Lázaro (João 11), e Ele entende nossas lágrimas. Mas notamos aqui que havia quem fizesse do vale de Baca uma fonte. Isto não era natural, pois era um vale de choro. No entanto, aqueles que aceitaram isso do Senhor foram capazes de mudar e fazer dele uma bênção. Isso só pode ser feito em comunhão com o Senhor e necessita energia espiritual, pois não somos uma fonte em nós mesmos. Mas lemos em João 4:14, "mas a água que Eu lhe der se tornará nele uma fonte de água jorrando para a vida eterna" (JND). Mais do que isso, também lemos que, "Quem crê em Mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre" (Jo 7:38). A nova vida dentro do crente, energizada pelo Espírito de Deus e usando a Palavra de Deus, não apenas nos dá uma fonte de gozo interior, mas também faz fluir bênçãos para outros. Deus também acrescenta Sua bênção do alto a isso, pois Ele dá a chuva “que cobre de bênçãos”.


Companheiros substitutos

Muitos jovens hoje são solitários e talvez pensem que, se pudessem encontrar um parceiro adequado, tudo estaria bem. Isso é evidenciado pelo vasto número de pessoas que usam a Internet e outras mídias sociais para buscar um companheiro. Não é errado desejar um companheiro, pois foi o próprio Deus Quem disse: “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2:18). Além disso, o próprio Deus descia para ter comunhão com Suas criaturas na “viração do dia”, pois Ele se deleitava em desfrutar da comunhão daqueles que Ele criou à Sua imagem e semelhança. No entanto, buscar a felicidade no casamento, quando não somos felizes por sermos solteiros, geralmente é desilusão. Quantas vezes nossa infelicidade está enraizada em nós mesmos, e quando a gratificação de nós mesmos é a base na qual entramos no casamento, é uma receita para o desastre. Se não pudermos superar e desfrutar de uma vida de solteiro caminhando com o Senhor, descobriremos que o casamento não resolverá o problema.


O exemplo do Senhor Jesus

Em tudo isso, vemos o exemplo perfeito no Senhor Jesus. Foi dito profeticamente sobre Ele: “Velo e sou como o pardal solitário no telhado” (Sl 102:7). Ele veio a este mundo como o grão de trigo que deve “cair na terra e morrer” (Jo 12:24), mas quando Ele morreu, Ele produziu “muito fruto”. Embora Sua vida fosse passada em meio a multidões, curando, alimentando e pregando, ainda assim, raramente havia alguém que penetrasse em Seus pensamentos e sentimentos e que tivesse empatia inteligente por Ele. No entanto, nosso Senhor tomou este “vale de Baca” e, de fato, o tornou um manancial, culminando em Seu supremo sacrifício na cruz do Calvário. Essa fonte trouxe salvação a milhões e a bênção fluirá por toda a eternidade.


Aquela obra na cruz comprou Sua noiva para Ele, mas Ele espera há quase 2.000 anos enquanto a noiva está sendo chamada para fora deste mundo. Ele também é paciente, esperando que a noiva esteja completa, para que Ele possa vir e recebê-la para Si mesmo. Certamente Seu desejo de nos ter lá excede em muito o nosso desejo de estar lá, e Deus deseja que saibamos algo sobre isso. Paulo pôde desejar para os tessalonicenses que o Senhor direcionasse o coração deles “no amor de Deus e na paciência de Cristo” (2 Ts 3:5 – ACF). Conhecer algo de Seu coração e o anseio com que Ele espera a realização de Seu desejo, nos tira o foco de nós mesmos, para vermos as realidades eternas com os olhos de Deus. Ver nossa experiência aqui embaixo à luz da eternidade nos dá uma perspectiva que ministra paz e descanso às nossas almas. Ele quer nos dar a Sua paz – a paz que aceitou tudo do Pai e buscou fazer apenas a vontade do Pai. Foi fazer a vontade de Seu Pai – e ser capaz de voltar ao céu tendo feito isso – esse foi o “gozo que Lhe estava proposto” (Hb 12:2). Nós também podemos ter esse mesmo gozo, pois o caminho do Senhor neste sentido é um exemplo para nós.


O exemplo Milenar

No dia milenar, Deus será de fato “Pai de órfãos e juiz de viúvas”. Ele também “faz que o solitário viva em família” (Sl 68:5-6), ou “faz com que o solitário habite em uma casa” (nota de rodapé, JND). Se Deus fará isso por Seu povo terrenal em um dia vindouro, certamente Ele é capaz de suprir aqueles de Sua Igreja que, no mundo de hoje, se encontram privados dos relacionamentos naturais que eles gostariam de desfrutar. Irmãos, nunca desistam de orar pelos seus amados! Ele nem sempre fornecerá um substituto humano para o que está faltando, mas Sua presença é sempre uma bênção. “Porque a Tua benignidade é melhor do que a vida; os meus lábios Te louvarão” (Sl 63:3).


O gozo de ser um pai espiritual para outras pessoas (irmão, irmã, filho, filha – qualquer relacionamento que seja possível) pode ser uma experiência maravilhosa e abençoada.


No entanto, em última instância, nosso coração deve ser capaz de perguntar ao Senhor como podemos glorificá-Lo em qualquer situação em que nos encontremos. Se o nosso motivo é dar gozo a Ele, não precisamos nos preocupar com a nossa própria felicidade, pois Ele cuidará disso para nós.


W. J. Prost

 

A Solidão do Peregrino Idoso


Em sua longa experiência de vida, você certamente terá observado que uma das coisas mais angustiantes na velhice é a solidão.


Um ministro do evangelho nos Estados Unidos, que conduz um artigo de jornal intitulado “Vida Diária”, que atinge milhões de pessoas, recebe, no decorrer de seu trabalho, montanhas de cartas sobre os problemas práticos da vida. Das milhares de cartas, ele descobriu que “O inimigo privado número um” na vida humana é o Medo, “Número Dois” é a Preocupação e “Número Três”, Solidão. O último desses três perturbadores da paz do coração é aquele do qual nos tornamos cada vez mais conscientes à medida que os anos passam rapidamente sobre nossas cabeças, pois um a um de nossos entes queridos partem de nós, até que finalmente nos encontramos sozinhos. No caso de um casamento idealmente feliz, a perda de qualquer um dos parceiros pode causar grande tristeza; sempre no coração do que ficou, há o clamor pelo “toque da mão que já não está mais ali e pelo som da voz que foi silenciada”.


Nosso Pai celestial não está esquecido de nossa necessidade de companhia durante os dias de nossos anos na Terra, e Ele fez uma provisão graciosa para isso. Devemos agora, portanto, examinar esta provisão, e ao fazê-lo, descobriremos que, mesmo que nossas amizades humanas estejam sujeitas a adversidades do tempo, o companheirismo Divino é independente delas – De modo que, enquanto aquelas podem ser destruídas a qualquer momento, esta permanece até que os dias de peregrinação acabem.


As promessas de Deus

A primeira promessa notável que Deus estaria com Seu povo, é aquela que foi dada a Jacó em Gênesis 28:13-16. "E eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores". Essa promessa, adaptada às circunstâncias, foi repetida a Moisés (Êx 3:12) e a Josué (Js 1:5).


Se levarmos adiante, a promessa de Deus dada a Moisés em Êxodo 33:14 (ARA) – “a Minha presença irá contigo e Eu te darei descanso” – como uma espécie de lema, descobriremos que ela pode ser aplicada a todas as formas de sofrimento que possamos encontrar em nosso caminho para a cidade celestial. Assim, “a Minha presença irá contigo e Eu te darei descanso” – em meio ao conflito (Êx 33:14); A coragem, na hora do perigo (Is 41:10); companheirismo, em tempos de tristeza (Is 43:2); confiança, enquanto trilhamos o vale da sombra da morte (Sl 23:4).


Passando para o Novo Testamento, observamos que, embora o Evangelho de Mateus comece com o anúncio da vinda do Salvador (Mt 1:21), ele termina com a garantia da presença perpétua do Salvador que veio: “Eis que Eu estou convosco todos os dias” (Mt 28:20). Todos os dias – nos dias de inverno, quando o gozo foge; em dias sem Sol, quando as nuvens voltam repetidas vezes após a chuva; em dias de doença e dor; em dias de tentação e perplexidade, tanto quanto nos dias em que o coração está tão cheio de gozo quanto os bosques na primavera estão cheios de música. Nunca chega aquele dia em que o Senhor Jesus não esteja ao lado de Seus santos. Aqueles que nos amam e amigos podem estar distantes, mas Ele caminha com eles por meio do fogo; Ele atravessa com eles os rios; Ele fica ao lado deles quando se deparam cara a cara com o leão. Nunca ficaremos sozinhos. Pode-se afirmar com toda certeza, que Ele nunca nos dirá “adeus” (Hb 13:5).


Passado, presente e futuro

Existem três grandes nomes bíblicos, cujos significados espirituais revelam o que Deus pode ser para o Seu povo, durante os dias de sua peregrinação. Essas palavras abrangem, não apenas a necessidade especial que temos meditado, mas também, todos os problemas e dificuldades que possamos encontrar enquanto viajamos para a Terra do Descanso. O primeiro é "Ebenézer", que significa: "Até aqui nos ajudou o SENHOR" (1 Sm 7:12). O segundo é "Emanuel", que significa "Deus conosco" (Mt 1:23). A terceira é “Jeová-Jiré”, que significa “O SENHOR proverá” (Gn 22:14).

  • “Ebenézer” – com todas as lembranças felizes que traz consigo – é a única palavra que explica adequadamente o passado.

  • "Emanuel" – com toda a riqueza de companheirismo que indica – é a única palavra que pode dar garantias para o presente.

  • “Jeová-Jiré” – com toda a provisão sem limites que implica – é a única palavra que pode transmitir confiança ao enfrentarmos o futuro.


Dois exemplos

E agora deixe-me dar duas ilustrações de como essas coisas funcionam na experiência real. Uma delas é da Bíblia e a outra vem da história da Igreja.


José, que estava destinado a ocupar um lugar único no desenvolvimento dos propósitos de Deus na Terra, foi inescrupulosamente tirado de sua terra, e, acabou por ser vendido como escravo a Potifar, um oficial da guarda egípcia (Gn 39:1). Mas lemos que, nessas circunstâncias terríveis, o Senhor estava com Seu jovem servo e que ele era um homem próspero (Gn 39:2). Mais tarde, ele foi acusado de uma ofensa grave da qual ele era inocente, e foi lançado na prisão (Gn 39:19-20). Mas novamente, afirma-se que, mesmo ali, Deus estava com esse homem nobre: "O SENHOR, porém, estava com José, e estendeu sobre ele a Sua benignidade, e deu-lhe graça aos olhos do carcereiro mor" (Gn 39:21-23). Se estamos vivendo em comunhão sem nuvens, com Deus “paredes de pedra não fazem uma prisão, nem barras de ferro uma gaiola”. José provou que Seu amigo divino estava realmente com ele na cova e na masmorra, como foi quando, mais tarde, pelo exercício da sabedoria divinamente concedida, salvou o império egípcio da aniquilação.


João Crisóstomo foi o pregador mais eloquente da sua época. Por causa de sua lealdade a Deus e à verdade, ele foi banido pelo imperador e por ele levado ao exílio. Escrevendo a um amigo, da sua casa no deserto, esse eminente servo de Cristo disse: “Você lamentou meu banimento, mas desde que eu soube que a minha pátria estava no céu, tenho considerado toda a Terra como um lugar de exílio. Constantinopla, da qual fui expulso, está tão distante do Paraíso quanto o deserto para o qual eles me enviaram”. Para o homem que pôde usar tal linguagem, Deus era o Socorro sempre presente, o Amigo que nunca falhava.


Amados filhos do Rei, lembremo-nos sempre, conforme nossos amigos vão partindo de nós, de que o Deus que viveu no tempo de José e no tempo de João Crisóstomo é exatamente o Mesmo hoje. Ele permanece (Hb 1:2); Ele habita, e “o deserto e o lugar solitário” podem até mesmo se tornar o lugar de “júbilo, e romperá em cânticos” (Is 35:1-2).


Vamos concluir com a mensagem que veio para nós de Isaías 46:4: “E até à velhice Eu serei o Mesmo e ainda até às cãs Eu vos trarei: Eu o fiz, e Eu vos levarei, e Eu vos trarei e vos guardarei".


H. Durbanville, de “The Best Is Yet to Be”

 

As Três Viúvas do Evangelho de Lucas


Na ausência do Senhor, Ele nos faz conhecer o Seu amparo à medida que sentimos Sua ausência. Se o Noivo estiver ausente, o que os filhos das bodas podem fazer senão jejuar (Mt 9:15)? Que outra atitude verdadeira e adequada nesse dia em que Ele é, em certo sentido, tirado deles? Se entendermos melhor essa posição e sentirmos mais pela ausência de nosso Senhor, devemos mais facilmente e alegremente nos aliar àquilo que causa a Sua ausência – a Sua morte. “Sua morte, por um lado, é o clímax de Sua rejeição na Terra; por outro lado, o portal para nós de vida e glória”. E é conforme entramos em um que, efetivamente, aprendemos o outro. É quando percebemos a desolação aqui, da qual Ele provou tão profundamente, que reconhecemos a bênção e libertação que Ele assegurou para nós.


A viúva de Naim

Existem três estágios de desolação, ou viuvez, apresentadas a nós no Evangelho de Lucas. O primeiro (cap. 7:11-16) é encontrado em Naim (que significa “bonito”). O mundo em si é lindo, mas no portão da cidade – que visão! Um jovem morto, filho único de sua mãe, e ela viúva! Para ela, por mais belo que fosse o lugar, toda a esperança e luz se afastaram dela. Não apenas viúva, mas privada de seu único filho, seu último vínculo foi rompido; a desolação está completa. Mas, qual é o recurso para ela, ou para alguém agora igualmente desolado? É Cristo, conhecido no poder da ressurreição; e o próprio fato de sua desolação, dá ocasião a esse conhecimento d’Ele. Se ela não estivesse tão desolada, não teria conhecido o poder da ressurreição. Sua viuvez e sua desolação se tornam um ganho para ela, pois com tudo isso, ela descobre os recursos que estão n’Ele. Ser viúva desta ordem é estar com Cristo e conhecer a Sua ajuda. Mas, a menos que tomemos nosso lugar como tal, não O conheceremos assim. Abraão tomou o seu lugar quando ofereceu Isaque. Jacó tomou seu lugar quando, em seu leito de morte, ele se voltou por um momento das perspectivas terrenais de outros para o local onde os seus foram enterrados e disse: "Vindo, pois, eu de Padã, ... me morreu Raquel ... e eu a enterrei ... eu a sepultei ali, no caminho de Efrata” (Gn 48:7). Seja qual for a ocasião – seja o que for que nos leve a uma verdadeira viuvez – nos trará à bênção e semelhança de Cristo, pois é aí que tomamos o Seu jugo sobre nós e aprendemos d’Ele.


A viúva que persistiu

O próximo estágio de viuvez encontramos no capítulo 18. Aqui a que estava desolada nem sequer é deixada sem ser molestada. Grande como era a sua desolação e incapacidade de se ajudar, ainda assim ela não está sem um adversário e o poder está na mão dele. Não é uma simples desolação – um inimigo está próximo, empunhando seu poder contra ela. Mas qual é o recurso aqui? “Deus não fará justiça aos seus escolhidos?” Devemos orar e não desmaiar. Davi em Ziclague estava em uma posição como esta (1 Samuel 30). Viúvo de tudo, ele também estava em perigo do adversário, mas “Encorajou-se no SENHOR, seu Deus” (KJV). E quanto maior a sensação de desolação, maior era a percepção do socorro de Deus a ele e da vingança de seus inimigos.


A viúva que deu tudo

A terceira ordem está no capítulo 21 e é o estágio mais elevado. A viúva responde a Seu chamado; ela está dando tudo pelo testemunho de Deus. São apenas duas moedas, e ela poderia, alguém pode argumentar, tê-las gasto, ou uma delas, consigo mesma, mas não, ela a gastará no templo – a estrutura do testemunho de Deus na Terra. Ela é uma verdadeira viúva, e isso no sentido mais elevado, pois ela não só não tem expectativas, mas se esqueceu de si mesma, que o pouco que lhe foi deixado, ela não gastará consigo mesma. Com o coração no círculo dos interesses de Deus, ela o dará a Ele, e sem medo, mas em devoção simples e feliz aos Seus interesses na Terra, que não tem outro interesse para ela. Paulo em Filipenses é como uma viúva que está neste estágio – na prisão – sem interesse em nada aqui, exceto o que era para a glória de Cristo. Ele gastaria tudo nesse propósito. Para ele, viver era Cristo.


Christian Truth (adaptado)

 

“Verdadeiramente Viúva”


A viúva é frequentemente vista na Escritura como o objeto especial dos pensamentos de Deus. Mas só depois de chegarmos a 1 Timóteo é que temos a indicação daquelas que são viúvas de acordo com a mente divina. O apóstolo se dirige a Timóteo e a nós, por meio dele, para que honremos a tais, mostrando o lugar que elas devem ocupar entre os santos de Deus.


Três características são dadas à “verdadeiramente viúva” Ela "não tem amparo espera em Deus e persevera em súplicas e orações, noite e dia" (1 Tm 5:5 – ARA). É notável que três viúvas sejam encontradas no Evangelho de Lucas, que correspondem exatamente aos detalhes desta descrição. A viúva de Naim, cujo filho estava sendo levado para o enterro quando foi encontrada por nosso bendito Senhor, era realmente a desolada (Lucas 7). A viúva pobre, que depositou suas duas moedas na arca do tesouro do templo, certamente esperava em Deus (Lucas 21). E em Ana encontramos a última característica, pois é dito dela que “ela ... e não se afastava do templo, servindo a Deus em jejuns e orações, de noite e de dia” (Lc 2:37).


A desolada

Espiritualmente, nada poderia ser mais belo do que a viúva assim retratada, mas é preciso lembrar de que sua desolação está apenas no aspecto terreno. Sua condição muito desolada tem sido o meio, no cuidado do Deus de todo conforto, escolhido para sua bênção. É precisamente aqui onde a aplicação à Igreja pode ser vista. É quando a Igreja percebe sua viuvez, no que diz respeito à Terra, que ela entra mais plenamente no gozo das afeições ilimitadas de seu Senhor. Mais do que isso, toda a sua dependência d’Ele é conscientemente intensificada e, por causa disso, aumentam suas contínuas súplicas e orações noite e dia. Na “verdadeiramente viúva” temos uma imagem perfeita da Igreja na Terra. Além disso, as características dadas são vistas em nosso bendito Senhor. Ele estava sozinho, não tinha onde reclinar a cabeça, e ninguém na Terra tinha verdadeira comunhão com Ele. Ele confiava em Deus e estava constantemente ocupado em oração (Lc 5:12, 16). Cada crente, portanto, deve ser distinguido desta forma.


Viver em prazer

O apóstolo, havendo descrito a “verdadeiramente viúva”, fornece o contraste daquela que "se entrega aos prazeres" e que "mesmo viva, está morta" (1 Tm 5:6 – ARA). Essa pessoa é falsa para com seu caráter, negando que seja viúva e usando sua condição solitária como uma oportunidade para satisfazer suas inclinações e desejos mundanos, em vez de ouvir a voz d’Aquele que fala com ela por meio de suas tristezas. Então, vivendo, ela está morta – morta para com Deus, no meio de seus prazeres. Temos a analogia de tal viúva em Apocalipse, junto com a certeza de sua condenação vindoura. "Quanto ela se glorificou e em delícias esteve, foi-lhe outro tanto de tormento e pranto, porque diz em seu coração: Estou assentada como rainha, não sou viúva e não verei o pranto. Portanto, num dia virão as suas pragas: a morte, e o pranto, e a fome; e será queimada no fogo, porque é forte o Senhor Deus, que a julga"(Ap 18:7-8). Tal é a condenação da Babilônia, que, embora afirmando ser a esposa de Cristo, não era nada além de uma prostituta apóstata, que “estava vestida de púrpura e de escarlata, adornada com ouro, e pedras preciosas, e pérolas, e tinha na mão um cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia da sua prostituição” (Ap. 17:4).


A responsabilidade da assembleia

Além disso, o apóstolo dá instruções a Timóteo quanto à ação da assembleia em relação às viúvas. É digno de nota que a primeira dificuldade na Igreja surgiu em relação a elas (veja Atos 6:1). Isso mostra que elas eram uma classe numerosa, mesmo na Igreja da época do Pentecostes, e parece, pelas instruções dadas a Timóteo, que algumas sempre serão encontradas entre os santos de Deus. Este é um pensamento abençoado, porque como alguém disse, "Deus muitas vezes ofusca o brilho deste mundo, a fim de atrair a visão para a glória que está além". Se, portanto, Ele faz alguém uma viúva, é para que Ele possa desapegá-la da Terra e conquistá-la para Si. Mas o ponto aqui, é que a viúva em suas necessidades, pode ser um embaraço para a Igreja. Consequentemente, o apóstolo dá instruções específicas a cerca de quem deve “ser inscrita” (1 Tm 5:9-10). Com isso, entendemos que, somente aquelas que correspondem à descrição aqui dada, deveriam ser formalmente ligadas à assembleia; isto é, reconhecidas como tendo direito a um apoio regular. Outras poderiam, é claro, ser ministradas em particular pelos santos, ou ocasionalmente pela Igreja, mas ninguém, a não ser estas, deveria ser colocada na lista daqueles que tinham reivindicações inegáveis sobre os fundos da assembleia. Se essa sabedoria de Deus tivesse governado esse pormenor, a Igreja teria sido resguardada de muita perplexidade. Também será observado que a idade, por si só, não dá a qualificação necessária. Ela não deve ter sido casada duas vezes e deve ter boa reputação sobre seus deveres domésticos e sobre suas atividades no serviço do Senhor. O caráter de suas boas obras – obras que estão, portanto, de acordo com a mente de Deus – pode muito bem ser encomendada por muitos para consideração em um dia como este de atividade incessante e crescente.


Comportamento de viúvas

As viúvas mais jovens devem ser recusadas; ou seja, julgamos que não devem "ser inscritas". A razão é dada. “porque, quando se tornam levianas contra Cristo, querem casar-se; tendo já a sua condenação [sendo culpadas – KJV] por haverem aniquilado a primeira fé” (1 Tm 5:11-12). Sua “primeira fé” provavelmente significaria que, no tempo de seu luto, quando o Senhor as trouxe por meio de sua dor para perto de Si mesmo, elas se dedicaram inteiramente a Ele. Mas, perdendo o desejo por Cristo, “irão”, ou melhor, “desejarão se casar”, encontrando-se incapazes, em tal estado de alma, de se apoiarem em Cristo, para todo apoio de que necessitam; e assim elas se voltam com desejo ansioso para as afeições e forças humanas. Um coração insatisfeito é a fonte de muito pecado, como o próximo versículo certamente revela. "E, além disto, aprendem também a andar ociosas de casa em casa; e não só ociosas, mas também paroleiras e curiosas, falando o que não convém" (v. 13). Este comportamento tem sido fonte de infelicidade e tristeza na Igreja de Deus em todas as épocas. O antídoto é: “Quero, pois, que as que são moças [as mais jovens – JND] se casem, gerem filhos, governem a casa e não deem ocasião ao adversário de maldizer” (v. 14). O termo “as mais jovens” talvez seja geral, embora com referência especial às viúvas. O lar é a esfera de serviço designada para tudo isto, se elas estiverem em sujeição ao Senhor e em relativa proteção contra as ciladas de Satanás. Uma outra palavra é dada para definir as responsabilidades dos crentes em relação às viúvas de suas próprias famílias, e isso para que a Igreja possa estar livre para “socorrer as que são verdadeiramente viúvas” (v 16).


“Verdadeiramente viúva”

Podemos extrair da consideração desta passagem da Escritura, algumas lições úteis. Primeiro, aprendemos a afeição que Deus tem por aquelas que são verdadeiramente viúvas. Evidências disso são encontradas tanto no Velho quanto no Novo Testamento. Segue-se, portanto, que, se estivéssemos em comunhão com Ele, elas deveriam ser sempre o objeto de nosso amoroso cuidado e ministério. Por fim, podemos concluir dessas instruções dadas a Timóteo, que importante esfera de serviço uma “verdadeiramente viúva” ocupa perante Deus. Ana é um exemplo disso entre o pequeno remanescente que procurava a redenção em Jerusalém. Em seus contínuos jejuns e orações, ela foi levada à comunhão com a mente de Deus. Ela foi, portanto, conduzida ao templo no momento em que o Menino Jesus estava sendo apresentado a Jeová; seu coração estava cheio de gozo, seus lábios com louvor, e ela saiu como a mensageira das boas novas de Cristo para aqueles que haviam esperado por este bendito momento.


Onde, então, estão as “verdadeiramente viúvas” dos dias atuais? Moralmente, ocupamos a mesma posição que a do pequeno grupo em Jerusalém. Como eles, estamos esperando nosso Senhor; Enquanto isso, Deus chama aquelas que são verdadeiras viúvas para se ocuparem com os jejuns e as orações, para que, assim, possam ser o meio de acender novamente, em muitos corações, a bendita esperança da volta do Senhor. Há muitos para servir em obras de amor, mas há ainda uma necessidade maior de serviço daqueles que, como Epafras, sabem trabalhar fervorosamente pelos santos em orações. É este serviço para o qual as “verdadeiramente viúvas” são chamadas, e para o qual elas foram divinamente qualificadas.


E. Dennett (adaptado)

 

Não Sozinho


Solitário? Não, não estou solitário

Com Jesus ao lado;

Sua presença sempre me anima;

Eu sei que Ele está próximo.


Sem amigos? Não, não estou sem amigos

Já que Jesus é meu Amigo;

Eu mudo, mas Ele permanece

Verdadeiro, Fiel até o fim.


Triste? Não, não estou triste

Por cenas de profunda aflição;

Eu deveria estar se eu não soubesse

Que Jesus me ama tanto.


Cansado? Não, não estou cansado

Enquanto encostado em Seu peito;

O meu tem prazer completo

De Seu descanso eterno.


C. S. C. Panton

 

"Não te deixarei, nem te desampararei"

Hebreus 13:22

 


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