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Música (Setembro de 2009)

Foto do escritor: Revista O CristãoRevista O Cristão

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Revista mensal publicada originalmente em setembro/2009 pela Bible Truth Publishers

 

ÍNDICE


          Tema da edição

          D. C. Buchanan

          J. N. Darby

          Autor desconhecido

         D. C. Buchanan

          D. C. Buchanan

          Autor desconhecido

          W. J. Prost

          W. J. Prost

          J. Danson-Smith

 

O Desenvolvimento da Música na Bíblia

 

“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu... Tudo fez formoso em seu tempo” (Ec 3:1, 11). Deus nos criou com sentidos, e Ele nos encoraja a apreciar a natureza por meio de cada um deles. A comida tem um gosto bom para o nosso prazer, o olho vê cores e formas para a nossa apreciação, e o ouvido ouve uma variedade de sons para a nossa apreciação e benefício. Embora sejamos nascidos de novo e pertençamos a uma nova criação, não deixamos de ser criaturas, a quem Deus quer que desfrutem das coisas naturais. Nesta vida nunca devemos estar mortos para a natureza, mas devemos estar mortos para o “pecado”, que ainda existe em nosso corpo. Portanto, a música é uma daquelas provisões de Deus para nós desfrutarmos. Porém, como tudo o mais, Satanás quer nos enganar para usarmos de maneira errada e pecaminosa o que Deus nos deu. Nesta edição, abordaremos a natureza da música e alguns momentos e maneiras corretos para seu uso. Notaremos a diferença entre música e canto, e por que o canto tem seu lugar até mesmo na adoração a Deus.

 

Tema da edição

 

Os Problemas que Enfrentamos

 

A música tornou-se uma vasta indústria e permeia o nosso ambiente. Avanços na tecnologia que inventam novos sons que agradam o ouvido, juntamente com as redes de mídia que os tornam facilmente disponíveis, nos forçam a lidar com a questão do que é bom e do que é prejudicial na música.

 

Somos confrontados com muitas decisões difíceis na vida, e aqueles que são pais devem constantemente procurar proteger seus filhos de coisas que são prejudiciais, incluindo música. À medida que cada geração cresce, há novos desafios; pode não ser suficiente apenas fazer o que a geração anterior fez (embora fazer o que a geração anterior fez talvez traga segurança quando as coisas estão obscuras). Devemos avaliar as questões com base na Palavra de Deus. Meu propósito é fornecer ferramentas para avaliar por que a música pode ser boa ou prejudicial, em vez de ditar regras sobre qual música devemos ou não permitir. Essa abordagem deve nos levar a restringir certos tipos de música.

 

Preferências pessoais 

Existe um pensamento predominante de que a diferença entre os vários tipos de música é apenas uma questão de preferência pessoal. Um diz: “Eu gosto de um tipo de música e você gosta de outro. Somos todos diferentes, então é certo que você tenha a sua preferência e eu a minha”. A questão não é tão simples assim. É verdade que somos todos diferentes em nossa apreciação pelas coisas, mas o simples fato de ter uma apreciação por uma coisa não a torna correta. Deus é o Juiz do que é certo e errado. Além disso, existe música boa e existe música nociva. O objetivo deste artigo é chamar nossa atenção para as características da música que podem torná-la boa ou nociva. Não é apenas uma questão de preferência pessoal. A Palavra de Deus nos dá exemplos de música boa e nociva, bem como propósitos certos e errados para seu uso. Para avaliar a música adequadamente, devemos considerar essas duas questões.

 

Espírito, alma e corpo 

Para avaliar a música com mais precisão, consideremos como ela afeta as três partes do nosso ser – o espírito, a alma e o corpo. Deus nos criou como seres tripartidos. A música afeta todas as três partes do nosso ser, e entender como a música nos afeta é útil para avaliar o seu valor.

 

Temos um exemplo do efeito que a música tem sobre o espírito, a alma e o corpo em 1 Samuel 16:15-23: “Então, os criados de Saul lhe disseram: Eis que agora um espírito mau, da parte do Senhor, te assombra. Diga, pois, nosso senhor a seus servos, que estão em tua presença, que busquem um homem que saiba tocar harpa; e será que, quando o espírito mau, da parte do SENHOR, vier sobre ti, então, ele tocará com a sua mão, e te acharás melhor. Então, disse Saul aos seus servos: Buscai-me, pois, um homem que toque bem e trazei-mo... E sucedia que, quando o espírito mau, da parte de Deus, vinha sobre Saul, Davi tomava a harpa e a tocava com a sua mão; então, Saul sentia alívio, e se achava melhor, e o espírito mau se retirava dele”. Os servos de Saul estavam procurando um remédio que o fizesse ficar melhor, mas quando Davi tocou a harpa, houve três resultados. O rei foi aliviado em sua alma, seu corpo se sentiu melhor e o espírito maligno se retirou dele. As três partes do nosso ser estão interligadas e, nesse caso, o remédio tratou de todas as três.

 

Temos outro caso em 1 Tessalonicenses. Alguns dos tessalonicenses estavam tendo dificuldade em aprender a possuir o próprio corpo em “santificação e honra” (1 Ts 4:4). No final da epístola, Paulo escreveu: “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 5:23). Deus deseja que todas as três partes – espírito, alma e corpo – sejam plenamente conservadas irrepreensíveis. É necessário guardar todas as três, pois todas as três estão sob ataque. Vamos considerar essas três partes do nosso ser e, em seguida, como a música afeta cada uma delas.

 

Nosso espírito 

O espírito é a parte do nosso ser consciente de Deus, a parte que nos permite conhecer a Deus. Muitas vezes está ligado à mente, mas não se limita a ela. “Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está?... Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus” (1 Co 2:11-12). O espírito é nosso estado de consciência diante uns dos outros e diante de Deus, e apenas os seres vivos que possuem um espírito têm essa consciência. “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8:16). Deus Se comunica pelo Seu Espírito com o nosso espírito. Os animais não têm espírito. Como seres humanos com espírito, temos “o estado de consciência”: conhecemos, pensamos, temos autoconsciência e consciência de Deus. A música afeta essa nossa parte. Nosso estado de consciência pode ser alterado pela música, até o ponto de colocar uma pessoa em transe hipnótico. Temos um exemplo de música com esse efeito em 1 Samuel 10:5-6. Saul profetizou quando a música foi tocada. Nesse caso, o Senhor usou a música para levá-lo a profetizar por Seu Espírito, mas, no caso de Nabucodonosor, a música foi usada para fazer com que o povo se curvasse à imagem idólatra que ele fez.

 

Somos avisados disso em Efésios 4:22-24: “quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso sentido, e... vos revistais do novo homem, que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e santidade”.

 

Nossa alma 

O que é a alma? É a nossa natureza moral e emocional – nossos sentimentos e apetites. Alguém disse: “A música é a linguagem das emoções – a alma”. É disso que se trata a música – ela é feita para satisfazer a alma. Por exemplo, quando entramos em um funeral, com o coração triste por causa da partida de um ente querido, os tons suaves da música podem ter um efeito calmante sobre nós. Essa não é necessariamente uma questão espiritual, mas sim uma tristeza da alma.

 

Há uma guerra em curso pela nossa alma. “Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais, que combatem contra a alma, tendo o vosso viver honesto entre os gentios” (1 Pe 2:11-12). A música tem um poder sobre a nossa alma. Jamais devemos baixar a guarda, entregando-nos à sua influência quando nosso espírito sabe que é errado. Há um momento adequado para permitir que a alma seja influenciada pela música e há momentos em que isso não deve ser feito.

 

Nosso corpo 

“Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (1 Co 6:19-20). O corpo é o templo do Espírito Santo e deve ser mantido puro. O corpo é para o Senhor, e o Senhor para o corpo. A música pode ter um impacto direto no nosso corpo, mesmo sem os sentimentos da alma, embora estes geralmente andem juntos. Certos tipos de música afetam o nosso corpo, especialmente música com elevados sons graves ou música com ritmo fortemente marcado. Estudos médicos foram feitos para descrever as mudanças químicas no corpo que a música pode causar. Essa reação, por sua vez, afeta outras partes do corpo, como o cérebro, os músculos e assim por diante. Como Cristãos, devemos apresentar nosso corpo “em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”.

 

As três partes da música 

Tendo considerado como a música afeta as partes do nosso ser, vamos agora considerar as partes da música. Toda música é composta por três partes ou elementos: melodia, harmonia e ritmo. Existem grandes variedades de sons que compõem a música, mas todos eles são formados a partir dessas três partes básicas: melodia, harmonia e ritmo. Quando comparamos diferentes tipos de música, como clássica, country, jazz e rock, é fácil perceber que os diferentes tipos enfatizam uma das três partes mais do que as outras e que diferentes instrumentos são usados para enfatizar a parte desejada da composição. Essas diferenças nos permitem distinguir facilmente diferentes classes de música. Leva apenas alguns segundos, ao trocarmos de estação de rádio, para saber que tipo de música está sendo tocada, pois cada uma tem seu próprio estilo. A distinção nos tipos de música se desenvolve a partir da ênfase colocada em cada uma das três partes – melodia, harmonia ou ritmo.

 

A melodia é a primeira e mais importante parte da música. Quando uma harmonia é adicionada, a música assume uma nova dimensão e dizemos que soa melhor. Se muita harmonia for tocada, a melodia se torna obscura. O ritmo é a terceira parte da música e deve dar a ela um tempo musical ordenado. O ritmo afeta o corpo e deve ser estruturado para que a música flua de forma ordenada. Algumas músicas são propositalmente feitas para serem erráticas em seu ritmo ou batida. Isso tem o mesmo efeito no ouvinte. Muita ênfase no ritmo prejudica as partes mais importantes da música.

 

Em relação ao ritmo na música, considere como ele é usado em um regimento de soldados em marcha. Nenhum general trocaria os tambores por uma sinfonia se estivesse marchando com um grupo de soldados para a batalha. Ele sabe que os soldados precisam de ritmo. Ele quer mantê-los marchando em sintonia sem pensar. Os soldados precisam estar totalmente envolvidos com seu corpo, e a música com uma batida forte é importante para eles. Todas as bandas de música de marcha usam essa técnica para manter o uníssono. O ritmo afeta o corpo – nosso corpo responde a ele. Existem ritmos que são bons para o corpo e outros que não são.

 

O equilíbrio correto 

Deus deu uma ordem de importância em relação ao espírito, à alma e ao corpo. As três partes da música seguem exatamente a mesma ordem de importância: primeiro a melodia, depois a harmonia e, por último, o ritmo. A música saudável é composta de uma forma que dá à melodia o lugar predominante. As músicas que usamos em nossos hinos se prestam bem a serem tocadas e cantadas dessa maneira – a melodia conduz. A harmonia deve ter um lugar secundário na música e no nosso canto. Por exemplo, se pedíssemos a alguém para tocar apenas a harmonia para nós, teríamos dificuldade em nos unir para cantar. O ritmo é necessário para manter a música fluindo em conjunto, e, se uma pessoa toca ou canta fora do tempo com as outras, ele é discordante. O ritmo deve ser controlado.

 

A melodia da música ministra ao nosso espírito e deve ser predominante na música. Ela se associa intimamente às palavras que acompanham a música. Nosso espírito é edificado quando, em nosso entendimento, relacionamos as palavras com a melodia que é cantada. “Cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento” (1 Co 14:15). Quando nosso espírito e entendimento estão juntos com a melodia, podemos glorificar “unânimes (em pensamento), e a uma boca, ... ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 15:6 – AIBB).

 

A harmonia ministra à nossa alma e deve ser secundária na composição. Ela não deve desviar nossa atenção da melodia. Se uma música é tocada com muita harmonia, a alma pode ficar tão ocupada com ela que as palavras e a melodia ficam enfraquecidas. Mas, por outro lado, se toda harmonia fosse impedida e os sentimentos da alma permanecessem intocados, dificilmente seria música. “A Palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso coração” (Cl 3:16).

 

O ritmo ministra ao corpo. É natural nós acompanharmos batendo o pé enquanto tocamos ou cantamos. É natural do nosso corpo. Mas, se o ritmo é mais importante que a melodia e a harmonia, isso revela desequilíbrio e pode produzir resultados ruins. Vejamos um exemplo disso na Palavra.

 

O alarido no arraial 

“Então, disse o SENHOR a Moisés: Vai, desce; porque o teu povo, que fizeste subir do Egito, se tem corrompido, e depressa se tem desviado do caminho que Eu lhes tinha ordenado; fizeram para si um bezerro de fundição, e perante ele se inclinaram, e sacrificaram-lhe, e disseram: Estes são os teus deuses, ó Israel, que te tiraram da terra do Egito... E voltou Moisés, e desceu do monte... E, ouvindo Josué a voz do povo que jubilava, disse a Moisés: Alarido de guerra há no arraial. Porém ele disse: Não é alarido dos vitoriosos, nem alarido dos vencidos, mas o alarido dos que cantam eu ouço... E, vendo Moisés que o povo estava despido, porque Arão o havia despido para vergonha entre os seus inimigos, pôs-se em pé Moisés na porta do arraial e disse: Quem é do SENHOR, venha a mim” (Êx 32:7-26). Não podemos deixar de notar que tipo de música ou ruído foi usado para levar o povo de Israel a essa grande queda. Havia duas opiniões sobre que tipo de som era. Josué pensou que era o alarido de guerra, mas Moisés, o mais maduro, disse que era dos que cantavam. Nem é preciso dizer que estava cheio de um ritmo pesado que provocava o corpo deles, e os levou à vergonha e idolatria.

 

Ritmo 

Música com batida alta ou distorcida provoca sensualidade e desordem. A boa música tem uma batida ordenada ou regular. Há muitas maneiras de distorcer sons na música, de adicionar letras que deixam o ouvinte com vagas imaginações que são prejudiciais. Elas promovem o afrouxamento da moral, ensinam pensamentos profanos e aprovam a rebelião. Esse tipo de música dá muito pouco espaço para a melodia da música, e até mesmo a harmonia é usada para enfatizar o ritmo. As características da música que ouvimos provocarão as mesmas coisas em nós, mesmo sem estarmos cientes disso.

 

O poder da música 

Satanás é um mestre da música. No Velho Testamento, ele está ligado às três principais classes de instrumentos musicais (sopro, cordas e percussão). Veja Isaías 14:11; Ezequiel 28:13. O inimigo da nossa alma entende o poder da música muito mais do que nós. Ele governa o coração dos homens por meio da busca deles por prazer nela. Como príncipe deste mundo, ele costuma usar a música em seu domínio sobre o coração do homem, causando um vício nela. É importante avaliar a música antes que deixemos que ela se apodere de nossa alma ou corpo. Paulo nos adverte claramente qual deve ser a nossa posição, quando diz: “Todas as coisas me são lícitas... mas eu não me deixarei dominar por nenhuma” (1 Co 6:12).

 

Por causa da maneira como o inimigo detém o poder por meio da música, aqueles que são mais talentosos na música ou têm maior apreciação por ela precisam ser os mais cuidadosos. O potencial que eles têm os torna mais vulneráveis a se tornarem vítimas do poder que ela pode exercer sobre aqueles que baixam a guarda. Isso não quer dizer que não devemos todos estar atentos ao que ouvimos.

 

A consciência 

Em conexão com a necessidade de estarmos cientes do que estamos ouvindo, observe as duas citações a seguir sobre como a música nos afeta. A primeira é de J. N. Darby. Ele escreveu o seguinte para a Sra. Bevan, que compôs o hino “Do Palácio de Sua Glória”: “De modo geral, a música é uma ocupação muito perigosa; ela cultiva os sentimentos sem a consciência”. A segunda citação é de Leonard Bernstein, o renomado compositor americano. Ele disse: “A música é algo notavelmente especial... Ela não precisa passar pela censura do cérebro antes de chegar ao coração”. Esses dois homens proeminentes em suas esferas apresentam um tema comum. Ambos dizem que a música nos afeta sem passar por um processo de pensamento. A consciência é ignorada. Os sentimentos são alcançados sem lidar com a questão do certo e do errado. O Cristão vê isso como um perigo, enquanto o músico vê como algo especial. Eles têm objetivos diferentes, mas ambos percebem que a consciência não é tocada. Por isso, é importante termos cuidado com o que ouvimos. Isso nos faz perceber, quando cantamos, a importância de a melodia vir acompanhada de palavras saudáveis.

 

A crença dos roqueiros 

A edição de novembro de 1988 da revista Christian Contemporary Music (Música Contemporânea Cristã) declara a seguinte crença dos roqueiros Cristãos. Isso vem daqueles que compõem o chamado “rock Cristão”. Eles dizem: “Consideramos que essas verdades são evidentes, que toda música foi criada igual, que nenhum instrumento em si é mau, que a diversidade da música que flui do homem é apenas uma evidência da criatividade ilimitada de nosso Pai celestial”. Essa crença instigante e pomposa diz que todas as músicas são criadas iguais. Mas, embora todos possam ter liberdade para criar música, nem toda música tem a mesma qualidade, nem produz a mesma reação. Os especialistas em música sabem como usar a música para produzir o efeito desejado. A música cheia de ritmo agrada a carne. Ela provocou o povo de Israel quando caíram em fornicação. A música feita para o corpo e a alma é muito mais perigosa do que a música equilibrada. A maioria das músicas de rock e outras do gênero não têm muita melodia; é predominantemente ritmo e harmonia. Isso é intencional, e o ouvinte é afetado por elas.

 

Harmonia excessiva 

Percebemos o perigo mais sério da música que tem ênfase excessiva no ritmo. Há também o perigo da música com excesso de harmonia. No mundo moderno da música, foram inventados todo tipo de novos sons cheios de harmonia ressonante. Essas novas técnicas possibilitam encher o ouvido de música, mas, quando a melodia é deixada em segundo plano, ela deixa uma incerteza sobre o que é tocado. Isso geralmente é feito intencionalmente com o propósito de encher a alma, deixando os ouvintes com pensamentos vagueantes. E anda de mãos dadas com o movimento no mundo para flertar com a imoralidade ou até mesmo eliminar a moralidade. Junto com esse tipo de música, são incorporadas letras que são vagas, ou que podem ser interpretadas de várias maneiras, ou que apenas aqueles que estão “por dentro” conseguem interpretar. Essa música é enganosamente destrutiva para a moralidade, o que a torna mais perigosa do que as músicas com letras descaradamente vulgares. Esse tipo de música é como a trombeta que dá um som incerto, e as almas se enchem de emoção, mas não são ajudadas no espírito ou na mente. “Da mesma sorte, se as coisas inanimadas que fazem som, seja flauta, seja cítara, não formarem sons distintos, como se conhecerá o que se toca com a flauta ou com a cítara?” (1 Co 14:7)

 

“No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do Seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo. Porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes” (Ef 6:10-13).

 

D. C. Buchanan

 

O Poder da Natureza e o Poder do Espírito

 

Se eu pudesse fazer um pobre pai doente dormir com música, eu tocaria a música mais bela que eu pudesse encontrar, mas ela somente iria corromper qualquer adoração ao trazer o prazer dos sentidos naquilo que deveria ser o poder do Espírito de Deus. As duas coisas não podem andar juntas, a não ser como a água pode tirar o sabor do vinho.

 

J. N. Darby

 

Quando Cantamos

 

Quando cantamos hinos e cânticos espirituais, nós elevamos nossa voz à fonte de nossas alegrias e bênçãos e expressamos o que nossa alma aprendeu a apreciar do Pai, de Cristo e de Seus caminhos para conosco.

 

Autor desconhecido

 

O Desenvolvimento da Música na Bíblia

 

Deus criou todas as coisas na Terra para o homem desfrutar em Sua presença, e Ele disse que tudo era “muito bom”. Elas eram para serem recebidas, “com ações de graças, pelos fiéis” (1 Tm 4:3 – ARA). Logo no início da história do homem, temos um vislumbre de como a música surgiu. Caim saiu da presença do Senhor e construiu uma cidade. Enquanto desenvolvia um ambiente sem a presença consciente do Senhor, sua família procurava divertimento. Foi assim que começaram os negócios, o entretenimento e a ciência. “Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e órgão” (Gn 4:21).

 

Deus criou a maravilhosa escala harmônica da música, e ela deveria ser, antes de tudo, usada para Ele. Ele também nos equipou com um corpo capaz de tocar e ouvir notas musicais, com o objetivo de podermos responder a Ele em louvor. É uma pena ver a música inicialmente sendo desenvolvida sem Deus em vista. Até os pássaros cantam para o seu Criador. Mas a cidade que a família de Caim construiu foi desenvolvida como um sistema de vida de prazer sem Deus. No fim, esse sistema se tornou tão mau que Deus destruiu aquela geração com o dilúvio.

 

Rei Saul 

Passemos para o tempo do rei Saul, quando ele profetizou enquanto o grupo de profetas tocava música (1 Sm 10:5). O Espírito de Deus veio sobre ele, e ele foi transformado em outro homem. O poder do Espírito com a influência da música produziu uma mudança em Saul que fez o povo se maravilhar. Ele teve um bom começo. Mas os acontecimentos subsequentes mostram que ele não continuou no caminho da obediência. No capítulo 15, o rei Saul desobedeceu à Palavra do Senhor ao não destruir completamente os amalequitas e seus rebanhos. No capítulo seguinte, um espírito maligno veio sobre ele, impedindo-o de dormir à noite. Os servos de Saul disseram: “Diga, pois, nosso senhor a seus servos, que estão em tua presença, que busquem um homem que saiba tocar harpa... E sucedia que, quando o espírito mau, da parte de Deus, vinha sobre Saul, Davi tomava a harpa e a tocava com a sua mão; então, Saul sentia alívio e se achava melhor, e o espírito mau se retirava dele” (1 Sm 16:16, 23). A música teve o efeito desejado. Mas o rei Saul falhou em julgar a raiz do problema, pois ele rejeitou a Palavra do Senhor. Esse ponto precisava ser tratado, em vez de apenas buscar alívio pela música. A música fazia o espírito maligno fugir, mas dava apenas um alívio temporário. Não há substituto para a obediência. “Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros” (1 Sm 15:22). Saul continuou seguindo o mesmo caminho, até o extremo de perseguir aquele que tocava harpa para lhe dar alívio. No final da vida do rei Saul, ele se entregou completamente à feitiçaria. Que triste!

 

A contribuição do rei Davi 

Deus então levantou um homem que usaria a música em seu devido lugar para acompanhar os louvores a Jeová. O rei Davi, “o suave em salmos de Israel”, instituiu uma ordem de louvor e adoração para os sacerdotes e levitas na casa de Deus que foi construída em Jerusalém. Ele restaurou a ordem no sacerdócio. Ele havia aprendido que ninguém além dos sacerdotes deveria carregar a arca do Senhor quando a trouxesse de Quiriate-Jearim. “E disse Davi aos príncipes dos levitas que constituíssem a seus irmãos, os cantores, com instrumentos músicos, com alaúdes, harpas e címbalos, para que se fizessem ouvir, levantando a voz com alegria” (1 Cr 15:16). “E quando eles uniformemente tocavam as trombetas e cantavam para fazerem ouvir uma só voz, bendizendo e louvando ao SENHOR, e quando levantavam eles a voz com trombetas, e címbalos, e outros instrumentos músicos, para bendizerem ao SENHOR, porque era bom, porque a Sua benignidade durava para sempre, então, a casa se encheu de uma nuvem, a saber, a Casa do SENHOR” (2 Cr 5:13). Quão maravilhoso é ver a arte da música ser usada para retornar louvor ao Senhor!

 

Davi, que era muito talentoso em música e em compor salmos poéticos, estabeleceu uma boa ordem, a ponto de dar ao Senhor Seu devido lugar sobre sua própria dignidade. Aqueles que são talentosos em música podem facilmente acabar se ocupando com o uso e prazer dela e esquecer o Deus que nos deu ricamente todas as coisas para desfrutar.

 

Durante os anos seguintes dos reis, houve períodos de declínio e recuperação, mas não lemos muito sobre eles cantando e regozijando ao Senhor com música. Finalmente, quando a deterioração entrou e eles foram oprimidos por seus inimigos, eles tiveram que pendurar suas harpas nos salgueiros. Nabucodonosor destruiu o templo e os levou para uma terra estranha, como é dito: “Porquanto aqueles que nos levaram cativos nos pediam uma canção; e os que nos destruíram, que os alegrássemos, dizendo: Cantai-nos um dos cânticos de Sião. Mas como entoaremos o cântico do SENHOR em terra estranha?” (Sl 137:3-4)

 

Nabucodonosor 

Após o cativeiro de Judá, descobrimos que Nabucodonosor usou a música para unificar todo o povo na adoração de um ídolo que ele criou. Pela interpretação de Daniel do sonho de Nabucodonosor, o Deus do céu havia revelado a ele que, de acordo com as imagens da cabeça de ouro em seu sonho, ele seria o primeiro dos governantes gentios estabelecidos por Deus. Nabucodonosor então fez uma imagem de ouro de si mesmo e, acompanhado por vários instrumentos musicais, impôs a adoração idólatra da imagem de ouro. Em essência, ele estava usando a autoridade que Deus lhe deu para usurpar o lugar de Deus e Sua devida adoração. O uso da música para realizar esse tipo de adoração é traiçoeiramente maligno.

 

“E o arauto apregoava em alta voz: Ordena-se a vós, ó povos, nações e gente de todas as línguas: Quando ouvirdes o som da buzina, do pífaro, da harpa, da sambuca, do saltério, da gaita de foles e de toda sorte de música, vos prostrareis e adorareis a imagem de ouro que o rei Nabucodonosor tem levantado” (Dn 3:4-5). Esses seis tipos de instrumentos musicais foram efetivamente usados para induzir todos, exceto três, a se curvarem diante da imagem que Nabucodonosor havia feito. Mas o Deus do céu usou Seus três servos fiéis como testemunho de que Ele estava sobre todas as coisas. Quando se recusaram a se curvar e adorar a imagem de ouro, eles foram lançados na fornalha de fogo ardente. Mas Um semelhante ao Filho de Deus os livrou do poder do fogo, e Nabucodonosor bendisse o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego. É feito um decreto para que ninguém fale mal d'Ele.

 

É evidente nesse incidente como a música pode influenciar de maneira errada. No caso, ela deu um senso de religiosidade às coisas atrativas para a carne. Isso pode ter um poder de comando sobre a alma. Embora o tipo de música em si não fosse maligno, o objetivo da música, sendo idolatria, estava errado.

 

Tocamo-vos flauta 

No Novo Testamento, existem poucas ocorrências do uso da música. A maneira do Velho Testamento de adorar a Jeová, que estava associada ao primeiro homem, foi abandonada depois que Cristo, o Segundo Homem, veio. Quando os Judeus rejeitaram o Senhor Jesus, esse modo carnal de adoração foi encerrado. Vemos isso acontecendo no primeiro Evangelho. Em Mateus 11:17-19, o Senhor disse-lhes: “Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamo-vos lamentações, e não chorastes. Porquanto veio João, não comendo, nem bebendo, e dizem: Tem demônio. Veio o Filho do Homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis aí um homem comilão e beberrão, amigo de publicanos e pecadores. Mas a sabedoria é justificada por seus filhos”. Não importava o que os mensageiros fizessem, não havia resposta a Deus. O que mais poderia ser feito! Eles não iriam servir a Deus. Essa forma de adoração deve ser abandonada, e deve ser aberto outro caminho, pois a “Sabedoria” é justificada por ele.

 

A adoração Cristã 

Esse resultado é afirmado nas epístolas, onde a adoração Cristã é ensinada. Em Filipenses 3:3, Paulo escreveu: “Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne”. E também lemos: “A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso coração” (Cl 3:16). Nenhuma menção é feita a instrumentos musicais, pois é o coração que nosso Deus e Pai deseja. O Senhor Jesus falou disso de antemão à mulher samaritana quando disse: “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim O adorem. Deus é Espírito, e importa que os que O adoram O adorem em espírito e em verdade” (Jo 4:23-24).

 

O Cristianismo nos eleva a um nível muito mais elevado de relacionamento com Deus como nosso Pai. O lugar de adoração que nos foi dado é por meio de nosso Senhor Jesus Cristo no terreno da ressurreição. O apóstolo Paulo diz isso claramente: “Assim que, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, ainda que também tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo, agora, já O não conhecemos desse modo. Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura [criação – JND] é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5:16-17). Mesmo os apóstolos, que conheceram o Senhor Jesus aqui na Terra, não continuaram a conhecê-Lo como um Homem na Terra. E certamente nós que nunca conhecemos o Senhor na Terra não devemos voltar a esse modo de adoração. Conhecemos Cristo na nova criação e adoramos no novo homem. Cumpramos, então, o papel para o qual fomos chamados, como Pedro diz: “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo” (1 Pe 2:5). “Pelo que não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor. E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (Ef 5:17-20).

 

D. C. Buchanan

 

A Música é Como o Mel

 

Enquanto os Cristãos estão na Terra esperando o Senhor vir, há um lugar para a música nas coisas da natureza, desde que seja feito da maneira correta. Parece-me apropriado usar música saudável em coisas como casamentos, funerais, cantar em casa ou em atividades recreativas para crianças e jovens, ou para escutar casualmente. As instruções dadas no Velho Testamento sobre o uso do mel são úteis para determinar como usamos a música. O uso do mel era para eles o que a música e outras coisas agradáveis da natureza são para nós. O mel na Palavra de Deus é uma figura da “doçura natural” e, por esse motivo, ele era proibido nos sacrifícios. “Nenhuma oferta de manjares, que oferecerdes ao SENHOR, se fará com fermento; porque de nenhum fermento, nem de mel algum oferecereis oferta queimada ao SENHOR” (Lv 2:11). O mel nunca deveria ser apresentado com sacrifícios a Deus. Esse princípio nos ensina que a música não tem lugar na adoração ao Senhor. “Deus é Espírito, e importa que os que O adoram O adorem em espírito e em verdade” (Jo 4:24). A música pode ser doce para nós, mas Deus não a aceita.

 

No entanto, o consumo de mel era encorajado para usos naturais, desde que não fosse em excesso. “Come mel, meu filho, porque é bom, e o favo de mel, que é doce ao teu paladar... Achaste mel? Come o que te basta; para que, porventura, não te fartes dele e o venhas a vomitar... Comer muito mel não é bom; assim, a investigação da própria glória não é glória” (Pv 24:13; 25:16, 27). A música se enquadra nessa categoria para nós que somos Cristãos. Deus providenciou para as nossas necessidades naturais e humanas, e coisas como casamento e música estão incluídas nisso. Mas, como acontece com o mel, consumir muito dele faz com que ele perca seu valor e se torne excessivo e prejudicial. Tomemos cuidado para não permitir mais do que é bom para nossas necessidades terrenais. Em breve deixaremos esse corpo e não precisaremos mais dessas coisas.

 

Jônatas provou um pouco de mel 

A história de como Jônatas, filho de Saul, venceu o filisteu é um exemplo do uso adequado do mel. Ele, com seu escudeiro, agiu com fé no Senhor e obteve uma vitória sobre a guarnição dos filisteus, o que provocou um tumulto no acampamento dos filisteus. Foi uma grande vitória para Israel. Quando Jônatas estava fraco por falta de comida na batalha, ele “estendeu a ponta da vara que tinha na mão, e a molhou no favo de mel; e, tornando a mão à boca, aclararam-se os seus olhos” (1 Sm 14:27). Ele tomou um pouco de mel e conseguiu continuar lutando contra o inimigo. Ele não estava ocupado em procurar o mel – o Senhor que o havia ajudado a obter a vitória forneceu o que ele precisava ao longo do caminho. Receber o mel dessa maneira o levaria a tomar apenas o que era suficiente para iluminar seus olhos, e não tanto para encher sua barriga. Tratar a música dessa maneira nos impedirá de ter excessos.

 

Na sequência da história, lemos que o povo se lançou ao despojo e comeu carne com sangue. Eles comeram às pressas, porque estavam com muita fome. O rei Saul havia imprudentemente proibido toda comida, o que os levou a pecar. Nem o legalismo nessas coisas, por um lado, nem o descuido, por outro, nos tornarão mais justos. Que o Senhor nos ajude a manter a proporção certa de música em nossa vida.

 

D. C. Buchanan

 

Efésios 5:19

 

“Hinos” são atribuições de louvor a Deus.

 “Salmos” são celebrações do louvor de Deus.

 “Cânticos espirituais” são falar uns com os outros sobre Ele.

 

Autor desconhecido

 

Música Clássica

 

Em outros artigos desta edição, a questão da música prejudicial foi discutida. Vimos como alguns tipos de música são pecaminosos em sua essência e, assim, energizam e excitam nosso velho “eu” pecador. No entanto, a questão do que é comumente chamado de “música clássica” costuma surgir e se os crentes devem ouvi-la.

 

Ao responder a essa pergunta, devemos reconhecer, antes de tudo, que foi Deus Quem deu ao homem uma apreciação da música e a capacidade de produzi-la. Assim, a música em si não é pecaminosa. Como aconteceu com muitos outros dons que Deus nos deu, o pecado fez com que a música fosse usada da maneira errada. Também devemos reconhecer que as coisas da natureza, embora sejam dadas por Deus para desfrutarmos, têm o potencial de deslocar Cristo em nosso coração e vida, se forem mal utilizadas.

 

A doçura da natureza 

Eu sugeriria que a música clássica é parte da doçura da natureza que Deus permite que desfrutemos de vez em quando. Como vimos em outro artigo desta edição, ela é tipificada pelo mel na Escritura, pois o mel nos fala de doçura natural. Assim, lemos: “Come mel, meu filho, porque é bom” (Pv 24:13), mas também há o aviso: “Achaste mel? Come o que te basta; para que, porventura, não te fartes dele e o venhas a vomitar” (Pv 25:16). Nunca é dito para o Cristão estar morto para a natureza, mas estar excessivamente envolvido com as coisas naturais nos tornará espiritualmente fracos. É necessário um equilíbrio adequado. Quando Saul negou ao povo qualquer alimento durante uma batalha com os filisteus, isso mais tarde resultou em pecado, quando o povo estava com tanta fome que comeu carne com sangue. Portanto, a negação do gozo da natureza na vida de um crente geralmente resulta em um desejo avassalador que leva ao pecado. Quando o filho de Saul, Jônatas (que desconhecia a ordem de seu pai) tomou um pouco de mel, isso o fortaleceu na batalha. Por outro lado, estar excessivamente ocupado com as coisas da natureza é ser egocêntrico, e o mau uso dos dons de Deus será semelhante a comer muito mel – uma dieta desequilibrada!

 

Tudo para edificação 

Ao considerar esse assunto, há dois versículos no Novo Testamento que se referem a ele. Lemos: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam” (1 Co 10:23). Também lemos: “todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma” (1 Co 6:12). A música clássica não é em si pecaminosa, mas pode haver momentos em que não convém. Ela também não edifica na esfera espiritual, embora acalme a alma e conforte pelo apelo aos sentidos naturais. Além disso, devemos ter cuidado para não ficarmos sob o poder de nada, e a música, como outras coisas, pode nos colocar sob o seu poder. Como muitos outros bons dons que Deus deu, a música tem o potencial de se tornar um vício, e então estamos sob seu poder. Mas o crente deve estar sob o poder do Espírito de Deus, e não sob o poder de outra coisa.

 

Se tomarmos o cuidado de usar da música clássica dessa forma (assumindo que se tenha apreciação por ela), não seremos desviados por ela, e ela não nos afastará de Cristo.

 

W. J. Prost

 

Cântico

 

Há uma área da música na qual a Escritura nos encoraja muito a participar, que é o cântico. A primeira menção ao cântico na Bíblia está em Êxodo 15, quando os filhos de Israel estavam na margem oposta do Mar Vermelho, depois de terem visto a maravilhosa libertação que o Senhor lhes deu de Faraó e seu exército. Ali eles levantaram o cântico de louvor ao Senhor e celebraram sua redenção. No cântico de Moisés, eles não apenas recitam sua libertação atual, mas também antecipam bênçãos futuras. Mais tarde, quando Israel foi estabelecido na Terra, Davi ordenou alguns dos levitas a “estarem cada manhã em pé para louvarem e celebrarem ao SENHOR; e semelhantemente, à tarde” (1 Cr 23:30).

 

No Novo Testamento, qualquer referência à música instrumental é notavelmente inexistente, mas temos abundante encorajamento para usarmos nossa voz cantando louvores ao Senhor. Tiago nos lembra: “Está alguém contente? Cante louvores” (Tg 5:13). Quando Paulo e Silas foram lançados na prisão em Filipos, foi um testemunho de sua alegria em Cristo eles poderem cantar em tais circunstâncias. Paulo diz aos efésios: “Falando entre vós com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração” (Ef 5:19). Isso está relacionado com ser “cheio do Espírito” (v. 18), mostrando-nos que um coração cheio do gozo de Cristo é um coração que deseja cantar. Em Colossenses, temos uma exortação semelhante, mas aqui mais ligada à “Palavra de Cristo” e a ensinar e admoestar “uns aos outros” (Colossenses 3:16).

 

A influência da canção[1] 

Antes de sermos salvos, Satanás usa as músicas deste mundo para moldar nossos pensamentos e influenciar nossa vida. Andrew Fletcher, o patriota escocês, disse apropriadamente: “Permita-me compor as canções de uma nação, e não me importarei com quem escreve suas leis”. Ele entendia bem a forte influência que as canções exercem sobre a alma dos homens e sobre seus pensamentos. Por essa mesma razão, o Taliban proibiu o canto no Afeganistão durante seu tempo no poder. E. Y. Harburg, o compositor americano, disse: “Palavras fazem você ter um pensamento. A música faz você ter um sentimento. Uma canção faz você sentir um pensamento”. As letras de uma canção se conectam com a emoção que a música produz em nós. Usada de maneira errada, essa pode ser uma força poderosa para o mal, mas, no crente, ela aumenta nosso desfrute de Cristo e nossa apreciação da verdade.

[1] N. do T.: Música é a combinação equilibrada de melodia (1ª voz), harmonia (acompanhamento) e ritmo. Canção é um poema musicado com o objetivo de ser cantado e Cântico é um hino ou poema cantado com o objetivo de louvar a Deus.

 

Louvor no cântico 

Podemos ver que, para o crente, cantar tem uma qualidade especial. Tendo nova vida em Cristo, temos a capacidade de desfrutar das coisas celestiais – “as coisas que nos foram dadas gratuitamente por Deus” (1 Co 2:12 – AIBB). Mais do que isso, quando desfrutamos das coisas de Cristo, podemos oferecer essas mesmas coisas a Deus como sacrifício. “Ofereçamos sempre [continuamente – JND] a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o Seu nome” (Hb 13:15 – AIBB). Certamente podemos aprender as coisas de Cristo lendo a Palavra de Deus, e também podemos oferecer o fruto de nossos lábios em oração. No entanto, tendo dado ao homem a capacidade de apreciar a música, Deus agora nos dá o maravilhoso privilégio de aprender e expressar essas coisas em cânticos e oferecê-las a Ele em “salmos, hinos e cânticos espirituais”. Isso conecta as coisas de Cristo (em contraste com as coisas deste mundo) com a emoção que cantar produz. Se estamos cantando no Espírito, nosso desfrute dessas coisas preciosas é aumentado pela melodia, e nosso coração se eleva. Aprecio o que J. N. Darby escreve na introdução do hinário Little Flock, sobre o que é necessário nos hinos: “aquele conhecimento experimental da verdade nas afeições que permite a uma pessoa fazer de seu hino o veículo, em pensamento e linguagem sustentados, de graça e verdade práticas, que coloca a alma em comunhão com Cristo e sobe até o Pai”.

 

Cantando ao Senhor 

No Novo Testamento, os instrumentos musicais nunca estão conectados à assembleia e à adoração. Cantar é diferente, no entanto, porque é produzido pelo Espírito no próprio indivíduo. O próprio crente se torna o “saltério de dez cordas” (Sl 33:2), a ser usado para o Senhor. É primordialmente para o Senhor, e devemos nos lembrar disso. Embora nosso próprio prazer em cantar seja muito apropriado, tenhamos em mente que estamos “salmodiando [fazendo melodia – KJV]em nosso coração “ao Senhor” e “cantando com graça... ao Senhor”. É um “sacrifício de louvor” “a Deus”, e, por esse motivo, devemos procurar dar a Ele o nosso melhor. Se é para Seu gozo e louvor, estaremos ocupados com Ele e seremos elevados para fora de nós mesmos. No entanto, sem dúvida descobriremos que, como no caso de Maria de Betânia e seu unguento, “encheu-se a casa do cheiro do unguento”. Assim, ao agradecer e louvar ao Senhor, nosso próprio coração será encorajado e elevado.

 

Nestes últimos dias, há muito para sobrecarregar nosso coração, mas, se estivermos desfrutando de tudo o que é nosso em Cristo, de fato seremos capazes de cantar, individualmente ou coletivamente, e dar expressão à alegria que o Espírito de Deus produz em nós.

 

W. J. Prost

 

Eles Cantaram um Hino

 

“E, tendo cantado o hino, saíram para o monte das Oliveiras.”

Marcos 14:26

 

Era noite de fato; sua noite mais sombria;

Eles a consideravam sua última noite com Ele:

Mas, antes de deixarem o brilhante cenáculo,

Lemos que todos eles cantaram um hino.

 

Seus corações estavam tristes; eles seriam deixados:

Aquele a Quem amavam logo partiria:

E eles, sem rumo e desolados,

Não O teriam mais, para se apoiar.

 

Mesmo assim eles cantaram, com vozes corajosas,

E cada um fortalecia seu amigo irmão:

Seu céu estava escuro, a questão era grave;

Seu futuro ninguém podia compreender.

 

Eles cantaram: e se alguns olhos estavam embaçados,

Se a sensação de nó na garganta quase silenciava o cântico,

Talvez eles possam tê-Lo fortalecido,

Para em breve enfrentar a turba hostil.

 

“Eles cantaram”, assim diz o registro verdadeiro;

“Eles cantaram um hino” naquela noite mais sombria!

E, ó minh’alma, canta tu também,

Se mistérios trágicos roubarem tua luz.

 

J. Danson-Smith

 

 

“Porquanto aqueles que nos levaram cativos nos pediam uma canção; e os que nos destruíram, que os alegrássemos, dizendo: Cantai-nos um dos cânticos de Sião. Mas como entoaremos o cântico do SENHOR em terra estranha?”

Salmo 137:3-4

 















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