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John Brereton (1930-1979)

O Divino Terreno de Reunião - Parte 1

Conferência em Montreal - Canadá - 1976

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ÍNDICE


 

Introdução


O assunto que temos diante de nós é aquele que muitas vezes é considerado como e onde “O Terreno de Reunião”. Descobrimos, quando olhamos para este maravilhoso assunto que, para começar qualquer consideração sobre ele, devemos voltar ao Velho Testamento. Isso ocorre porque o conceito de o Senhor reunir um povo ao Seu nome, onde Ele possa desfrutar de sua companhia em torno de Si mesmo – onde a adoração, a oração, a ordem piedosa e disciplina possam ser exercitadas – é encontrado no Velho Testamento, assim como no Novo Testamento.


Acredito que quando consideramos um assunto como “O Terreno de Reunião” e como o Senhor gostaria que nos reuníssemos coletivamente, há sempre o perigo disso se tornar um exercício intelectual e não aquele que envolve as afeições do coração. Eu acredito em minha própria alma que Deus, muito sabiamente e da maneira mais maravilhosa, Se protegeu contra essa possibilidade, introduzindo o assunto no Velho Testamento no meio de um relato que toca profundamente nosso coração.


Gênesis 22


Vamos ler Gênesis 22:11-19:


“E aconteceu, depois destas coisas, que tentou Deus a Abraão e disse-lhe: Abraão! E ele disse: Eis-me aqui. E disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que Eu te direi. Então, se levantou Abraão pela manhã, de madrugada, e albardou o seu jumento, e tomou consigo dois de seus moços e Isaque, seu filho; e fendeu lenha para o holocausto, e levantou-se, e foi ao lugar que Deus lhe dissera.


Ao terceiro dia, levantou Abraão os seus olhos e viu o lugar de longe. E disse Abraão a seus moços: Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o moço iremos até ali; e, havendo adorado, tornaremos a vós. E tomou Abraão a lenha do holocausto e pô-la sobre Isaque, seu filho; e ele tomou o fogo e o cutelo na sua mão. E foram ambos juntos. Então, falou Isaque a Abraão, seu pai, e disse: Meu pai! E ele disse: Eis-me aqui, meu filho! E ele disse: Eis aqui o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto?


E disse Abraão: Deus proverá para Si o cordeiro para o holocausto, meu filho. Assim, caminharam ambos juntos. E vieram ao lugar que Deus lhes dissera, e edificou Abraão ali um altar, e pôs em ordem a lenha, e amarrou a Isaque, seu filho, e deitou-o sobre o altar em cima da lenha. E estendeu Abraão a sua mão e tomou o cutelo para imolar o seu filho. Mas o Anjo do SENHOR lhe bradou desde os céus e disse: Abraão, Abraão! E ele disse: Eis-me aqui. Então, disse: Não estendas a tua mão sobre o moço e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus e não me negaste o teu filho, o teu único.


Então, levantou Abraão os seus olhos e olhou, e eis um carneiro detrás dele, travado pelas suas pontas [chifres – ARA] num mato; e foi Abraão, e tomou o carneiro, e ofereceu-o em holocausto, em lugar de seu filho. E chamou Abraão o nome daquele lugar o SENHOR proverá [Jeová-Jiré]; donde se diz até ao dia de hoje: No monte do SENHOR Se proverá. Então, o Anjo do SENHOR bradou a Abraão pela segunda vez desde os céus e disse: Por Mim mesmo, jurei, diz o SENHOR, porquanto fizeste esta ação e não Me negaste o teu filho, o teu único, que deveras te abençoarei e grandissimamente multiplicarei a tua semente como as estrelas dos céus e como a areia que está na praia do mar; e a tua semente possuirá a porta dos seus inimigos. E em tua semente serão benditas todas as nações da Terra, porquanto obedeceste à Minha voz. Então, Abraão tornou aos seus moços, e levantaram-se e foram juntos para Berseba; e Abraão habitou em Berseba”.


O Cordão de Três Dobras


No livro de Eclesiastes é feita referência ao cordão de três dobras que não é facilmente quebrado, e acredito que encontramos neste capítulo, da maneira mais sublime, como Deus teceu um cordão de três dobras. Se tivermos em mente três aspectos, ou as três dobras do cordão, ao considerarmos o assunto de “O Terreno de Reunião”, descobriremos que não é simplesmente uma questão de conhecimento. Não é simplesmente uma questão de conhecer o lugar, mas uma questão de fé para andar no caminho que Deus indicou, e deve haver a resposta do coração que flui para Aquele que deu Seu Filho, e para o Filho que Se ofereceu, sem mancha, a Deus. Então, eu gostaria de percorrer este capítulo três vezes para seguir cada uma dessas dobras, conforme o Senhor nos permite vê-las.


A primeira dobra do cordão

A primeira e mais preciosa dobra que temos diante de nós neste capítulo é a do pai e do filho. Encontramos no primeiro versículo que Deus provou ou tentou Abraão, e no segundo versículo Ele disse: “Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; e oferece-o ali em holocausto”.


Amados irmãos, Deus Pai estava revelando, neste relato de Abraão e Isaque, aquela maravilhosa revelação da graça que se tornaria conhecida tantos séculos depois, quando, aqui neste mundo, um Pai e Seu Filho iriam juntos a um altar de sacrifício, e lá o Pai veria Seu Filho oferecido como sacrifício pelo pecado. E assim Ele fala de “o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem tu amas”.


Deus conhecia o amor que Abraão tinha por seu filho, mas era apenas um pálido reflexo do amor que Deus Pai tinha por Seu Filho. Esse amor existia desde a eternidade passada. Quando a Palavra de Deus fala do Senhor Jesus como o Filho, não é com qualquer pensamento de inferioridade ao Pai. Não é que Sua estatura seja menor ou Seu poder menor, mas traz diante de nosso coração um relacionamento de afeição que existe entre o Pai e Seu Filho. Quando lemos: “O Pai enviou Seu Filho como Salvador do mundo” (ARA), quanto mais, amados irmãos, isso significa do que simplesmente dizer que o Pai enviou Jesus. Era Seu Filho, e aqui Isaque, a figura do Filho, deve ser oferecido como sacrifício.


Obediência em Ação


O versículo 3 diz: ”Então, se levantou Abraão pela manhã, de madrugada, e albardou o seu jumento, e tomou consigo dois de seus moços e Isaque, seu filho; e fendeu lenha para o holocausto, e levantou-se, e foi ao lugar que Deus lhe dissera”. Fendeu lenha! Acredito que o pensamento nessa “madeira” seja a Humanidade do Senhor Jesus Cristo. Você se lembra de como no tabernáculo a arca era feita de madeira, mas depois estava coberta de ouro? Temos aquela Humanidade imaculada retratada para nós na madeira. Foi o Pai que fendeu a madeira, então a Palavra de Deus diz: “Um corpo Me preparaste”. Um corpo foi preparado para que o Filho pudesse vir e aqui Ele pudesse morrer por você e por mim!


No versículo 6, “E tomou Abraão a lenha do holocausto e pô-la sobre Isaque, seu filho; e ele tomou o fogo e o cutelo na sua mão. E foram ambos juntos”. Ele colocou a “madeira” sobre Isaque, seu filho. Isso aconteceu na manjedoura de Belém, quando a madeira foi colocada sobre o Filho eterno de Deus e Ele surgiu, nascido de uma mulher; um bebê aqui a Quem havia sido dado o corpo preparado para Ele. A madeira foi colocada sobre Ele para que pudesse ser o sacrifício pelo pecado.


Ele tomou o fogo e o cutelo na sua mão, e foram ambos juntos. Assim é, amados irmãos, quando olhamos para o Calvário, vemos lá que o Pai e o Filho foram juntos. O Senhor Jesus pôde dizer de Seus discípulos que eles O abandonariam e que Ele seria deixado só, mas então Ele diz no evangelho de João: “Mas, não estou só, porque o Pai está Comigo”. “O Pai está Comigo”. “Foram ambos juntos”.


Mas também havia o fogo e o cutelo. O fogo nos fala do juízo – juízo de Deus contra o pecado – que deveria cair sobre o sacrifício. Devia ser um holocausto. O cutelo nos lembra que o Filho deveria ser oferecido em sacrifício.


Encontramos no versículo 7 que, “falou Isaque a Abraão, seu pai, e disse: Meu pai! E ele disse: Eis-me aqui, meu filho! E ele disse: Eis aqui o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto?”. Irmãos, isso é particularmente doce à minha alma. Isaque, uma figura do Senhor Jesus, não menciona o cutelo, apenas o fogo e a madeira. Por quê? Como dissemos, a madeira é Sua Humanidade, o corpo que foi preparado para Ele, a fim de que Ele pudesse morrer. O fogo nos fala do juízo de Deus que deveria cair sobre o Filho. O cutelo não é mencionado aqui porque Isaque é uma figura do Senhor Jesus, Aquele que, no Evangelho de João, disse a Seus discípulos que Ele daria Sua vida (Jo 10:17-18). Ele, como o Filho, não precisaria que ninguém Lhe tirasse a vida. Ele tinha poder para entregá-la e deveria Se oferecer sem mancha a Deus.


Deus Se Provendo do Cordeiro


Então descobrimos que uma pergunta é feita: “Onde está o cordeiro para um holocausto?”. E a preciosa resposta que tantos de nós têm desfrutado tantas vezes: “Deus proverá para Si o Cordeiro para o holocausto, meu filho. Assim, caminharam ambos juntos”. Acredito que é particularmente admirável notar como, repetidas vezes aqui, é feita referência ao “holocausto”. Essa oferta fala particularmente da fragrância do sacrifício a Deus. Fala de como o sacrifício foi oferecido inteiramente a Deus – consumido inteiramente sobre o altar. Aqui diz que “Deus proverá para Si”. Creio, irmãos, que às vezes lemos esse versículo como se, talvez, dissesse que Deus, Ele mesmo proverá; mas acredito que a ênfase que o Espírito de Deus está trazendo diante de nós é que Deus provê para Si mesmo o Cordeiro para o holocausto. O holocausto é para Deus, e Deus provê o Sacrifício que é para Si mesmo.


“Deus proverá para Si o cordeiro para o holocausto, meu filho. Assim, caminharam ambos juntos. E vieram ao lugar que Deus lhes dissera, e edificou Abraão ali um altar, e pôs em ordem a lenha, e amarrou a Isaque, seu filho, e deitou-o sobre o altar em cima da lenha”. Chegou a hora de o filho ser oferecido em sacrifício. Esse tempo chegou há quase dois mil anos, quando o próprio Filho de Deus, juntamente com Seu Pai, foi ao Calvário. Eles chegaram àquele momento em que o próprio Senhor Jesus pôde dizer: “Agora, é glorificado o Filho do Homem”. A hora tinha chegado!


Mas no relato que nos é dado aqui, há um substituto provido para Isaque. Isso é particularmente maravilhoso em conexão com uma figura diferente que veremos em alguns minutos, mas descobrimos que há um substituto provido para Isaque, e o substituto é um carneiro. O carneiro na Palavra de Deus é particularmente usado em conexão com consagração. É uma figura de devoção. Quando lemos o versículo 13: “Então, levantou Abraão os seus olhos e olhou, e eis um carneiro detrás dele, travado pelas suas pontas num mato; e foi Abraão, e tomou o carneiro, e ofereceu-o em holocausto, em lugar de seu filho”.


Abraão ergueu os olhos e viu um substituto! Que intervenção maravilhosa de Deus para Abraão, mas não havia ninguém para tomar o lugar do Filho de Deus. Ele não é apenas retratado para nós em Isaque, quanto ao relacionamento afetivo entre o pai e o filho, mas o Filho de Deus é retratado para nós no carneiro que estava preso num mato por seus chifres. Ele era o carneiro da consagração. Ele foi Aquele que ficou pendurado na cruz do Calvário pela própria dedicação de Sua consagração à vontade e propósito de Deus. O carneiro foi preso num mato pelos chifres, pelo próprio símbolo de seu poder, e assim foi com o Senhor Jesus na cruz do Calvário. Foi a própria devoção de Seu amor, a própria força de Seu amor que O manteve lá.


Mas também havia o mato”travado pelos seus chifres, num mato” (ACF). Não preciso procurar mais além do que o meu próprio coração para encontrar o significado daquele mato – meus pecados, em todo o seu horror sobre o bendito Salvador no Calvário. Ele foi mantido lá pela própria força de Seu amor. Mas seus pecados e os meus estavam sobre Ele nas três horas de trevas no Calvário, se pertencemos a Cristo.


O Substituto


Vimos que o carneiro foi oferecido em lugar de Isaque. É assim que a obra do Calvário está consumada e olhamos para trás agora e vemos essa obra acabada. Nosso coração se volta para Aquele que morreu por nós no Calvário. Eu creio que, à medida que seguimos a Palavra de Deus, a linha de pensamento de sermos reunidos pelo Espírito de Deus, de acordo com a Palavra de Deus, sempre estará diante de nós, que Aquele que fala ao nosso coração é Aquele que foi “travado pelos seus chifres, num mato” e que foi oferecido em seu lugar e no meu.


Há uma coisa notável no versículo 19 do nosso capítulo. Lemos: “Então Abraão tornou aos seus moços”. Nenhuma menção é feita a Isaque. Ora, sabemos pelo relato, que Isaque não foi oferecido. Eu acredito que Isaque voltou com Abraão, mas Deus está trazendo uma figura diante do seu coração e do meu. Assim, em figura, Abraão retorna sozinho. O filho tinha sido oferecido, em figura, naquele carneiro que morreu no altar como sacrifício – o holocausto a Deus.


Gostaria de voltar agora em Gênesis 21:12: “Porém Deus disse a Abraão: Não te pareça mal aos teus olhos acerca do moço e acerca da tua serva; em tudo o que Sara te diz, ouve a sua voz; porque em Isaque será chamada a tua descendência”. Observe estas palavras: “Porque em Isaque será chamada a tua descendência”!


Agora vamos a Hebreus 11:17-19: “Pela fé, ofereceu Abraão a Isaque, quando foi provado, sim, aquele que recebera as promessas ofereceu o seu unigênito. Sendo-lhe dito: Em Isaque será chamada a tua descendência, considerou que Deus era poderoso para até dos mortos o ressuscitar. E daí também, em figura, ele o recobrou”.


A segunda dobra do cordão

A segunda dobra do cordão que encontramos neste admirável capítulo é o esboço, em figura, do homem de fé. Abraão era um homem de fé. Em Hebreus 11, temos vários indivíduos mencionados, e o que caracterizou aqueles que são mencionados é que eles viveram pela fé. A fé que é mencionada em Hebreus 11 e é trazida diante de nós aqui no caso de Abraão não é tanto a fé que salva, mas é a fé pela qual vivemos. É a fé que confia em Deus e conta com Suas promessas e age de acordo com elas. Então, encontramos em Gênesis 21 que Abraão recebeu uma promessa. A promessa era que “em Isaque será chamada a tua descendência”. Abraão deveria ver netos e bisnetos por meio de Isaque. Ele iria ver uma nação levantada que Deus havia prometido a ele. E essa seria por meio de Isaque.


Agora chegamos a Gênesis 22:2. Deus disse para Abraão: “Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que Eu te direi”. “Porque em Isaque será chamada a tua descendência”! Agora Deus diz a Abraão para ir e oferecer Isaque como sacrifício– como holocausto. Abraão acreditou na promessa de Deus?


A resposta não é encontrada diretamente em Gênesis 22. Ela é encontrada no que ele fez, mas em Hebreus 11 é encontrada no que ele pensava. Em Gênesis 22, o homem de fé mostra que creu em Deus. Ele se levanta de manhã cedo e toma Isaque, seu filho, e eles seguem para aquela montanha que Deus lhe mostrou, e lá ele amarra seu filho para colocá-lo sobre o altar – o sacrifício. Então descobrimos que a fé é respondida e, como já notamos, há um substituto para Isaque. O resultado é que Isaque é libertado, ele não precisou morrer. O homem de fé creu na promessa e agiu de acordo com ela, e ao agir com fé, isso o levou ao lugar onde viu o “carneiro... travado pelos seus chifres, num mato”. Ele creu em Deus e recebeu instrução de Deus. As dificuldades foram superadas pela fé, e ele termina chamando o nome do lugar Jeová-Jiré (TB) – O SENHOR Proverá.


Amados irmãos, se for para estarmos no lugar da escolha do Senhor – se for para estarmos onde o Senhor gostaria que estivéssemos de acordo com Sua Palavra – deve haver, em primeiro lugar, a resposta do coração que corresponde a esse amor anunciado no Calvário. Deve então haver fé para agir com base nas promessas de Deus, porque estar no lugar da escolha do Senhor não será fácil, mas certamente será algo abençoado.


Em Hebreus 11, somos informados de que Abraão considerou que Deus era poderoso para ressuscitar Isaque dentre os mortos. Deixe-me colocar desta forma: Abraão pensou em seu coração: Deus me deu uma promessa. Assim, se Deus quiser que eu mate meu próprio filho, eu o farei, porque tenho uma promessa de Deus e, se necessário, Deus pode ressuscitá-lo dentre os mortos. Você e eu também recebemos promessas, amados irmãos. Recebemos promessas, e a fé se apodera das promessas de Deus e age de acordo com elas. Portanto, vemos neste capítulo uma bela imagem do homem de fé que crê em Deus, age de acordo com isso e vive para dizer: “O Senhor proverá”.


A terceira dobra do cordão

Gostaria agora de olhar para a terceira dobra que é trazida diante de nós neste capítulo. É a maneira mais admirável pela qual Abraão é levado ao topo de uma montanha, onde havia um “carneiro... travado pelos seus chifres, num mato”. Você pode ver que diz no primeiro versículo: “Deus tentou [ou provou] Abraão”. Ele estava testando Abraão e disse-lhe: “Abraão: e ele disse: Eis-me aqui”.


Vemos a resposta de Abraão ao primeiro teste; o Senhor quer falar com ele. Abraão quer ouvir? Algumas vezes vocês se encontram com queridos filhos de Deus que amam o Senhor Jesus com seriedade e sinceridade. Mas quando vocês procuram trazer diante deles a verdade do um só corpo de Cristo e de estar reunido ao nome do Senhor Jesus Cristo e somente ao Seu nome e agir baseado na verdade do um só corpo, eles muito rapidamente lhe dão a entender que realmente não querem ouvir.


Bem, o homem de fé diz: “Eis-me aqui. E disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que Eu te direi”. Quantas montanhas havia na terra de Moriá? Não faço ideia, mas sei que Deus tinha uma montanha em mente para onde Abraão deveria ir. Foi muito precioso para eu meditar sobre este capítulo ao perceber que, se Abraão tivesse ido para qualquer outra montanha, ele não teria encontrado um “carneiro travado pelos seus chifres, num mato”. Havia uma para a qual o Senhor queria levá-lo, mas havia um custo envolvido! Estaria Abraão preparado para pagar o preço? Significava oferecer o que era muito querido e precioso para si mesmo, seu filho a quem ele amava.


Isso acontece com os queridos filhos de Deus enquanto Ele procura levá-los ao topo daquela montanha, onde podem ver o carneiro e, em adoração, oferecê-lo. Muitas vezes, isso significa um sacrifício que pode ser muito difícil. Às vezes, pode significar estar separado de entes queridos, separado dos pais, separado de irmãos e irmãs, às vezes de filhos que não veem as coisas da maneira que você vê.


A pergunta que foi feita a Abraão aqui, em figura, foi: Há um lugar, mas você vai pagar o preço? E a resposta de Abraão foi: “levantou Abraão pela manhã, de madrugada, e albardou o seu jumento, e tomou consigo dois de seus moços e Isaque, seu filho; e fendeu lenha para o holocausto, e levantou-se, e foi ao lugar que Deus lhe dissera”. Ele queria estar lá. Ele estava disposto a ir; ele sinceramente queria ir. Ele estava disposto a pagar o preço, e então foi para o lugar, mas ele ainda não o tinha visto.


Então, lemos no versículo 4, “Ao terceiro dia, levantou Abraão os seus olhos e viu o lugar de longe”. “Levantou os olhos”! Como isso é precioso! Encontraremos isso mencionado novamente mais adiante neste capítulo. Para que pudesse ver o lugar, e era uma montanha, Abraão teve que levantar seus olhos! Se ele olhasse em volta, tudo o que veria seria a planície, mas havia uma montanha, um lugar, onde o Senhor queria que ele estivesse!


O “terceiro dia”

Além disso, esse versículo nos diz que foi no terceiro dia. Notaremos, ao examinarmos esse assunto mais detalhadamente, com que frequência aparece o “terceiro dia” em conexão com o Senhor nos levando para o lugar onde Ele gostaria que estivéssemos. O “terceiro dia” traria diante de nós a morte e ressurreição do Senhor Jesus Cristo, porque é somente quando conhecemos aquela preciosa verdade de que Jesus morreu por nós e ressuscitou dos mortos, que a obra do Calvário está consumada, que somos vistos como mortos e ressuscitados com Ele, que seremos capazes de ver o lugar para onde o Senhor gostaria de nos levar.


Os moços – a energia da carne

“E disse Abraão a seus moços: Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o moço iremos até ali; e, havendo adorado, tornaremos a vós”. Àquele lugar onde o Senhor estava levando Abraão, os moços não tinham mais aceitação do que tinha o jumento mudo, o animal impuro. Irmãos. Creio que o pensamento dos moços trazem diante de nós o pensamento da energia da carne, aquela característica da juventude que nos faz sentir que talvez que há muitas coisas a se fazer, pois somos jovens, fortes, saudáveis, capazes de fazer muito. Mas ao irmos para esse lugar, não há espaço para a carne ali. Ela deve ser deixada com o jumento mudo – o animal imundo. Ele não tem mais valor, não tem mais direito ao lugar onde o Senhor estava levando Abraão do que tinha o jumento.


Os moços são deixados para trás. As vezes penso, queridos jovens irmãos, que isso é uma das coisas que é uma armadilha que impede que vocês vão adiante. Vocês sabem, queridos jovens, vocês também terão que deixar muitas coisas para trás, se quiserem desfrutar do precioso privilégio de estar no lugar que o Senhor escolheu para vocês.


Às vezes, queridos jovens chegam ao ponto em que sentem que realmente veem o lugar onde o Senhor gostaria que estivessem, mas não querem deixar os “moços”. Eles não querem deixar seus companheiros jovens e aquelas coisas que apelam para a carne. Não querem deixar essas coisas para trás e colocá-las no lugar do jumento impuro. Decidem se agarrar a essas coisas. Eles não vão mais longe, e, amados irmãos, isso é uma tragédia.


Abraão, o homem de fé, deixa os moços para trás, e então encontramos no versículo 9: “E chegaram ao lugar de que Deus lhe dissera” (ACF). Que grande privilégio! Abraão havia viajado, estava disposto a pagar o preço pela graça de Deus, e ele foi levado, finalmente, ao topo da montanha. Com os moços deixados para trás e o jumento deixado para trás, ele havia chegado ao lugar que Deus lhe havia dito.


Ora, eu submeto à apreciação de vocês que este capítulo não foi escrito simplesmente como um esboço da história de Abraão. A Palavra de Deus diz: “Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança” (Rm 15:4). Aqui temos uma lição muito preciosa. Os moços são deixados para trás; o jumento é deixado para trás, e o homem de fé vem, conduzido passo a passo, com toda a direção de Deus, para o lugar do qual Deus lhe havia dito.


Chegando ao Lugar - Onde Está o Cordeiro?


No versículo 13, “Então levantou Abraão os seus olhos e olhou; e eis um carneiro detrás dele, travado pelos seus chifres, num mato” (ACF). Quantas montanhas você acha que tinha um carneiro preso pelos chifres, num mato naquele dia? Você acha que todas as montanhas de Moriá estavam assim preparadas? Não penso assim. Deus guiou o homem de fé até o lugar onde o carneiro estava preso num mato pelos chifres. Mas para ver o carneiro, Abraão teve que levantar os olhos. Ele olhou, e eis que estava atrás dele!


Irmãos, acredito que podemos realmente estar no próprio lugar onde Deus gostaria que estivéssemos e, no entanto, não conseguirmos ver o carneiro preso num mato pelos seus chifres, porque não levantamos os olhos. Descobrimos que nossos olhos, coração e mente estão ocupados com as coisas ao nosso redor. Descobrimos que, às vezes, estamos mais ocupados com as falhas de nossos irmãos, ou talvez mais ocupados com algo que foi dito ou não dito, algo que foi feito ou não feito. Estamos mais ocupados com números, com fraqueza ou com fracasso. Você nunca verá o carneiro se os seus olhos estiverem olhando ao redor. Mas quando nossos olhos são levantados no lugar para onde o Senhor queria nos levar, lá podemos ver o carneiro. Lá podemos ver Aquele que foi o sacrifício pelo pecado; podemos ver aquela Pessoa muito amável, nosso Senhor Jesus Cristo, no próprio meio, naquele mesmo lugar onde Deus levaria Seu povo e onde Ele levou Abraão em figura. Ora, ele também tinha que olhar para trás. Ele teve que desviar o olhar das coisas com as quais o coração e a mente são normalmente ocupados, mas lá estava o carneiro!


Meus amados irmãos, creio que Deus ainda está, por Seu Espírito Santo, guiando Seu povo para aquele lugar onde, com os olhos da fé erguidos, eles podem ver o Senhor Jesus Cristo, o Carneiro – Aquele que, pela própria devoção de Seu coração a Deus, foi ao Calvário e suportou tudo o que o Calvário significava para Sua alma santa.


Nessa terceira figura, sendo levado por Deus para o lugar, o carneiro é trazido diante de nós novamente “preso em um mato por seus chifres”. Onde quer que Deus tenha Seu povo reunido por Seu Espírito Santo ao nome do Senhor Jesus Cristo, o Senhor Jesus está lá de acordo com Sua promessa, mas o que O mantém lá é a força de Seu amor, Seus chifres. É a própria força de Seu amor por Seu povo que O mantém lá, porque você sabe e eu sei que, se a presença do Senhor Jesus entre os dois ou três reunidos em Seu nome dependesse de nossa fidelidade, Ele não estaria lá hoje. Se dependesse da fidelidade da criatura, não haveria tal testemunho neste mundo hoje. Mas acredito que há tal testemunho entre os dois ou três reunidos onde o Senhor Jesus gostaria que estivéssemos, e lá Ele é encontrado, mantido pela força de Seu próprio amor. Se levantarmos os olhos, O veremos e teremos o privilégio, pela graça de Deus, de oferecê-Lo em adoração diante do coração de Deus.


A obra do Calvário nunca mais se repetirá. O Senhor Jesus nunca mais vai morrer pelos pecados, mas a cada manhã do Dia do Senhor, até que Ele venha, Deus preserva um testemunho onde os Seus podem desfrutar do privilégio de apresentar a Deus novamente aquele maravilhoso holocausto – os méritos, o trabalho e o valor de Seu próprio Filho amado – pela graça de Deus nós teremos o privilégio de estar no lugar onde o carneiro está “preso num mato pelos seus chifres”.

 


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1 Comment


elianeoliveiravila
Sep 19, 2023

Quão preciosa obra nos foi dada. Cristo morreu por nós pecadores, separados de Deus, onde pela Fé nos reconciliou, agora desfrutamoa da comunhão com o Pai, pois somos filhos de Deus..❤🙏

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