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Revista mensal publicada originalmente em agosto/2008 pela Bible Truth Publishers
ÍNDICE
Tema da edição
W. Rickards, adaptado
Bible Treasury, 7:258
C. H. Mackintosh, adaptado
E. Dennett
J. N. Darby
J. N. Darby
Adaptado de Words of Truth, 4:41
A. H. Rule
J. N. Darby
D. C. Buchanan
W. Kelly
J. Brewer
Como os Concertos São Ratificados
Na Escritura, encontramos concertos entre homens com termos que são mutuamente considerados e acordados e depois ratificados por um juramento ou algum sinal diante de testemunhas. Os concertos[1] de Deus com o homem na Terra são de caráter diferente, possuindo condições que são estabelecidas por Deus sob as quais o homem deve viver com Ele. Os termos do relacionamento podem ser condicionais ou incondicionais conforme a escolha de Deus. Os principais concertos que Deus fez e fará com o homem são chamados de “velho” e “novo” concerto. O velho foi feito no monte Sinai com Israel, e seus termos eram condicionais – se eles guardassem a lei seriam abençoados; se a desobedecessem seriam amaldiçoados. O Senhor Jesus, ao derramar o Seu sangue na morte, pôs o fundamento do “novo” concerto que será feito com Israel num dia milenar, ainda futuro. O evangelho não é um concerto, mas a revelação da salvação de Deus por graça, e aqueles que o recebem se tornam filhos na família de Deus e membros do corpo de Cristo. Eles gozam de todos os privilégios essenciais do novo concerto, sendo de Deus o fundamento deste, porém eles estão em um relacionamento de família com Deus e em um relacionamento de corpo com Cristo – não em um relacionamento baseado em concerto. [1] N. do T.: A palavra grega διαθήκη (diathēkē G1242) ocorre 33 vezes e significa uma disposição, um contrato, um acordo. É traduzida em português, dependendo da versão adotada, como concerto, aliança, pacto ou testamento. A ARC adota, na maioria das ocorrências, a palavra “concerto”, a AIBB adota “pacto” e a ARA adota “aliança”, tendo todas o mesmo significado.
Tema da edição
O Ministério do Novo Concerto
Neste período da graça de Deus, Ele não nos colocou em um concerto; ainda assim, nós recebemos a bênção do novo concerto. Falando de maneira geral, quaisquer termos pelos quais Deus coloca o homem em relacionamento de caráter definido Consigo mesmo podem ser chamados de concerto. A Escritura fala especialmente do “concerto eterno”, aquele em que a Semente da mulher é ferida e o poder do mal é finalmente eliminado, do “velho”, que era um concerto de obras e do “novo”, que é puramente de graça e, portanto, incondicional. Este último será feito “com a casa de Israel e com a casa de Judá... não segundo o concerto que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da Terra do Egito; como não permaneceram naquele Meu concerto, Eu para eles não atentei, diz o Senhor. Porque este é o concerto que, depois daqueles dias, farei com a casa de Israel, diz o Senhor: porei as Minhas leis no seu entendimento e em seu coração as escreverei; e Eu lhes serei por Deus, e eles Me serão por povo. E não ensinará cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece o Senhor; porque todos Me conhecerão, desde o menor deles até ao maior. Porque serei misericordioso para com as suas iniquidades e de seus pecados e de suas prevaricações não Me lembrarei mais. Dizendo novo concerto, envelheceu o primeiro. Ora, o que foi tornado velho e se envelhece perto está de acabar” (Hb 8:8-13). Mas, quando nos voltamos para Hebreus 10:16-17, encontramos esta citação de Jeremias 31 resumida nas seguintes palavras: “Porei as Minhas leis em seu coração e as escreverei em seus entendimentos, acrescenta: E jamais Me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades”, e isso constitui claramente uma parte da bênção dos crentes Cristãos, de modo que, mesmo que o novo concerto não seja feito conosco, mas com Israel, nós somos participantes das bênçãos desse novo concerto.
O concerto eterno
O Senhor falou do novo concerto como sendo em Seu sangue, e o apóstolo, em Hebreus 13, fala do “sangue do concerto eterno”, que é claramente o precioso sangue de Cristo. A única base de toda bênção incondicional é, portanto, exibida em conexão com esses dois concertos. A promessa original de Deus de bênção para o homem por meio da Semente da mulher sendo ferida, e a bênção específica que será em breve desfrutada por Israel e Judá são igualmente incondicionais, porque ambas são baseadas na eterna eficácia desse sangue, sobre o qual o Senhor disse: “Porque isto é o Meu sangue, o sangue do Novo Testamento (ou Novo Concerto), que é derramado por muitos”. Assim, sempre que participamos do cálice, ele é a garantia dessas bênçãos do novo concerto, e o sangue que ele simboliza é o sangue desse novo concerto, aquele sangue que é a base da justiça de Deus em graça agora e em glória futura.
As bênçãos do concerto
Como o concerto e as condições andam juntos e que a existência de condições implica competência para cumpri-las, vemos claramente que, como crentes em Cristo, não estamos judicialmente colocados sob nenhum tipo de concerto ou sob condições de caráter de um concerto. Por outro lado, observamos com alegria que temos as bênçãos que o novo concerto, quando estabelecido, trará a Israel, cada uma delas já é nossa, recebidas de Cristo em glória! O apóstolo podia falar apropriadamente de si mesmo como um apto ministro do novo concerto, pois, embora ainda não esteja estabelecido, ele é por antecipação (pois todas as coisas são nossas) ministrado à Igreja de Deus. Este é realmente o caráter que o evangelho assume em 2 Coríntios 4. Paulo ministra a bênção incondicional do novo concerto para os gentios, cujas boas novas, se escondidas, foram escondidas onde Satanás lançou um véu de cegueira moral sobre seus devotos. Onde quer que foram recebidas, foi porque Deus resplandeceu nos corações para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo.
Em 2 Coríntios 3, ele fala daqueles a quem ele escreveu como eles sendo a epístola de Cristo ministrada pelo apóstolo, a escrita do Espírito do Deus vivo, não como no passado, em tábuas de pedra e ordenada por anjos, mas em tábuas de carne de seus corações. E o apóstolo tinha confiança diante de Deus sobre isso, pois, negando possuir capacidade pessoal para tal serviço, ele declara que sua capacidade vem de Deus, que o fez um competente ministro do novo concerto, não da letra, mas do espírito. Então, indo mais alto, com um toque inspirado, ele marca o contraste entre as duas coisas; a letra condena, mas o Espírito dá vida – apresentando o Espírito de Deus objetivamente, a Quem ele retorna no versículo 17, após o desvio do assunto principal dos versículos 7-16, que formam um parêntese, o qual consideraremos agora um pouco.
Os dois ministérios
Temos aqui o que constitui o ministério do novo concerto em contraste com o velho. Este último, admite-se, “veio em glória” (v. 7), pois começou quando o rosto de Moisés brilhou tão intensamente que os filhos de Israel não podiam suportar olhar para ele. Mas isso foi depois que ele quebrou as primeiras tábuas em santa indignação e recebeu as segundas em seu caráter como mediador, recebendo-as escritas com o dedo de Deus sobre o fundamento da redenção prevista. Assim, quando ele desceu a segunda vez para estar entre o povo, ele carregava a lei em seus braços e a graça em seu rosto (Compare 2 Coríntios 4:6). Então, o apóstolo está contrastando ambos. Ele não diz aqui que o velho concerto era glorioso, mas que a glória com que ele foi introduzido era meramente temporária, e mesmo essa era demais para Israel. Além disso, o lampejo de glória com o qual ele começou não alterou o fato de que era um ministério de morte. O ministério do novo era o de um Espírito vivificante, e ele subsiste em glória, tendo uma glória que nunca será extinta. Outro contraste está entre o ministério da condenação, que tinha uma certa medida de glória, como vimos, e o ministério da justiça que abunda em glória. Assim, o velho concerto ministrou condenação e morte, mas Deus o glorificou em graça (por conta da mediação e em conexão com a pessoa do mediador) com uma medida de glória temporária acompanhada de um véu. Mas para nós o novo concerto é uma ministração do Espírito. Ele é coroado com uma glória inigualável e não tem um véu sobre nosso coração ou sobre a face de Cristo, que é nosso Mediador – o verdadeiro Moisés que foi à presença do Senhor. Pois, note isso, que “entrando Moisés perante o SENHOR, para falar com Ele, tirava o véu até que saía” (Êx 34:34), prefigurando Cristo com certeza, mas também de nosso próprio lugar bendito e porção agora n'Ele, pois não há véu sobre nosso coração (infelizmente ainda há sobre Israel), e também não há véu sobre nosso rosto, quando entramos diante do Senhor. Assim, também, quando Israel se voltar para o Senhor, não haverá mais véu – eles descobrirão que o véu foi tirado.
Liberdade e transformação
O parêntese termina aí, e seguem-se duas coisas relacionadas ao versículo 6 e que formam um desfecho do nosso assunto, a saber, primeiro, a liberdade do Espírito que Sua presença certamente garantirá e, segundo, a transformação, desconhecida sob o velho concerto. Não poderia haver transformação na ausência de um objeto transformador, e esse objeto só poderia ser um Cristo glorificado. Ao contemplarmos Aquele em cuja face não há véu, Sua imagem é produzida em nós, sendo tal transformação de glória em glória pelo Senhor o Espírito. (Veja 2 Co 3:18 – JND)
Nisso, então, constitui o ministério de Paulo do novo concerto, sua presente ministração para a Igreja antes ainda de que ele seja feito. No caráter mais elevado que ele tem para nós, evidentemente alcança a reprodução de um Cristo glorificado em Seus santos na Terra, isto é, não a nossa posição diante de Deus em glória, mas o efeito direto da glória em nosso estado aqui.
Que os frutos deste maravilhoso ministério sejam cada vez mais vistos em nós, para Seu presente e eterno louvor!
W. Rickards, adaptado
O Concerto Eterno
O concerto eterno tem um caráter diferente do novo concerto. Existem muitos concertos na Escritura, mas o velho e o novo são distintos, e feitos somente com Israel.
Bible Treasury, 7:258
Os Dois Concertos
Hebreus 8 trata dos dois concertos. Você pode considerá-los como o patriarcal e o legal. O concerto patriarcal era todo com base na promessa. Nele não havia duas partes. Quando chegamos à lei, a própria forma e fase do concerto são alteradas. Os israelitas tinham que fazer sua parte no concerto tanto quanto Deus. Não é mais um concerto de promessa, mas de obras. Já não é mais Um comprometendo-Se a fazer algo e o outro inclinando a cabeça em dependência de fé, mas é Um comprometendo-Se a fazer isto, e o outro comprometendo-se a fazer aquilo; este é o concerto da lei. Então, nos profetas, temos o novo concerto, que recorre ao concerto patriarcal e mostra que ele é simples promessa. É isso que o Novo Testamento retoma e chama de “o novo concerto”. Hebreus 8 mostra que o Senhor encontrou falhas no velho concerto, e por quê? Porque fez d'Ele um Recebedor. Ele repousa no novo concerto, porque este O coloca no lugar de Doador e o pecador no lugar de recebedor. Ele Se deleita nisso, pois disse “mais bem-aventurada coisa é dar do que receber”. Paulo se declara ministro desse tipo de coisas. O concerto ainda não foi cumprido profeticamente, mas será com a casa de Israel e Judá no dia do seu arrependimento. Paulo é o ministro daquilo que faz de Deus um Doador e de mim um recebedor. Portanto, há um elemento em ambas as coisas que é profético. Devemos esperar por Sua manifestação milenar e esperar pela realização do novo concerto no dia do arrependimento de Israel.
Lança fora a escrava
Isaque era filho da mulher livre, de Sara, de acordo com a promessa. Gálatas 4 nos permite saber que Deus permitiu as circunstâncias desses dois filhos para nos dar uma figura dos dois concertos. Ismael era filho de uma escrava e representa Israel sob a lei, enquanto Isaque veio como filho da mulher livre, sem conhecer a escravidão, e representa aqueles sob graça e promessa. A Cristandade procurou misturar lei e graça, “Mas que diz a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho, porque, de modo algum, o filho da escrava herdará com o filho da livre” (Gl 4:30). Os dois princípios não podem se misturar.
O concerto na terra de Moabe
“Estas são as palavras do concerto que o SENHOR ordenou a Moisés, na Terra de Moabe, que fizesse com os filhos de Israel, além do concerto que fizera com eles em Horebe” (Dt 29:1).
Repare o leitor, particularmente, nessas palavras. Elas falam de dois concertos, um em Horebe e outro em Moabe, e o último está longe de ser uma mera repetição do primeiro. É tão distinto desde quanto quaisquer dois objetos possam ser. Disso teremos a mais completa e clara evidência. É verdade que o título grego do livro Deuteronômio, significando a lei uma segunda vez, pode parecer suscitar à ideia de ser uma mera recapitulação do que foi dado antes, mas podemos ter certeza de que não é assim. O livro tem seu próprio lugar específico. Seu escopo e objeto são tão distintos quanto possível. A grande lição, que ele inculca, do princípio ao fim, é a obediência, e isso, também, não na mera letra, mas no espírito de amor e temor – uma obediência baseada em um relacionamento conhecido e desfrutado – uma obediência impulsionada pelo senso de obrigações morais do caráter de maior peso e mais influente que possa haver.
Os concertos são perfeitamente distintos
Sob a lei, Deus, por assim dizer, ficou quieto para ver o que o homem poderia fazer, mas, no evangelho, Deus é visto agindo e, quanto ao homem, é dito a ele: “estai quietos e vede o livramento do SENHOR”. Sendo assim, o apóstolo inspirado não hesita em dizer aos gálatas: “Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído”. Se o homem tem alguma coisa a ver com este assunto, Deus é excluído e, se Deus é excluído, não pode haver salvação, pois é impossível que o homem possa produzir uma salvação por meio daquilo que prova que ele é uma criatura perdida e, então, se for uma questão de graça, deve ser totalmente por graça. Não pode ser metade graça, metade lei. Os dois concertos são perfeitamente distintos. Não pode ser metade Sara e metade Hagar. Deve ser uma ou outra. Se for Hagar, Deus não tem nada a ver com isso, e se for Sara, o homem não tem nada a ver com isso. Assim, permanece do começo ao fim. A lei se dirige ao homem, o testa, vê o que ele realmente vale, prova que ele é uma ruína e o coloca sob maldição, e não apenas o coloca sob ela, mas também o mantém ali, pelo tempo em que ele estiver ocupado com ela – enquanto estiver vivo. “A lei tem domínio sobre o homem por todo o tempo que vive”, mas quando ele está morto, seu domínio necessariamente cessa, no que diz respeito a ele, embora ela ainda permaneça com força total para amaldiçoar todo homem que vive.
O evangelho, ao contrário, assumindo que o homem está perdido, arruinado e morto, revela Deus como Ele é – o Salvador dos perdidos – o Perdoador dos culpados – o Vivificador dos mortos. Ele O revela, não como exigindo algo do homem, mas como exibindo Sua própria graça independente em redenção. Isso faz uma grande diferença e explica a força extraordinária da linguagem empregada na Epístola aos Gálatas: “Maravilho-me”, “Quem vos fascinou [enfeitiçou – KJV]?”, “Receio de vós”, “Estou perplexo a vosso respeito”, “Eu quereria que fossem cortados aqueles que vos andam inquietando”. Essa é a linguagem do Espírito Santo, que conhece o valor de um Cristo completo e uma salvação completa, como também sabe o quão essencial é o conhecimento de ambos para um pecador perdido. Não temos uma linguagem como essa em nenhuma outra epístola, nem mesmo na aos coríntios, embora houvesse alguns das mais grosseiras desordens a serem corrigidas entre eles. Toda falha e erro humano podem ser corrigidos trazendo a graça de Deus, mas os gálatas, assim como Abraão neste capítulo, estavam se afastando de Deus e retornando à carne. Que remédio poderia ser receitado para isso? Como você pode corrigir um erro que consiste em afastar-se do único remédio? Cair da graça é voltar para debaixo da lei, da qual nada pode ser ceifado senão a maldição. Que o Senhor estabeleça nosso coração em Sua própria e mui excelente graça.
C. H. Mackintosh, adaptado
Como os Concertos São Ratificados
O novo concerto é fundado e ratificado no sangue de Cristo. “Porque isto é o Meu sangue, o sangue do Novo Testamento” disse nosso Senhor a Seus discípulos ao dar-lhes o cálice da Páscoa (Mt 26:28), e também lemos em Hebreus do “sangue do concerto eterno” (Hb 13:20). A força dessas expressões será mais bem entendida por uma referência, mais uma vez, ao velho concerto. Moisés, quando aspergiu o sangue sobre o povo, disse: “Eis aqui o sangue do concerto que o SENHOR tem feito convosco sobre todas estas palavras” (Êx 24:6-8; Hb 9:18-20). Deus assim confirmou Seu concerto com Israel no Sinai pelo sangue – o sangue de animais –, mas Ele fundou e fez o novo concerto de maneira imutável e segura no sangue de Cristo. Ao confirmar o novo concerto com o sangue de Cristo, Deus declarou não apenas seu caráter eterno e imutável, mas também a natureza inestimável das bênçãos que Ele assim assegurou ao Seu povo. Além disso, quão estável é o fundamento que Deus estabeleceu para a confiança de Seus santos! No Velho Testamento, Ele frequentemente os encorajava a descansar na certeza de Sua Palavra e promessa, e, ao escrever aos hebreus, o apóstolo fala das duas coisas imutáveis nas quais era impossível Deus mentir – Seu juramento e Sua promessa – que deu forte consolo aos que haviam fugido em busca de refúgio para se apossar da esperança que lhes fora proposta. Mesmo além dessas certezas, Ele selou Sua verdade, por assim dizer, pelo sangue de Jesus Cristo, Seu Filho.
É no cumprimento desse novo concerto, assim ratificado, que as esperanças de Israel de futuras bênçãos descansam (Hb 8:6-13). No Sinai, eles entraram precipitadamente no compromisso de obediência para obter as bênçãos prometidas, mas falharam e perderam tudo. Deus, agindo em graça para cumprir Seus propósitos e em virtude do sangue de Cristo, ainda irá introduzi-los no gozo de tudo o que Ele prometeu. O novo concerto é feito, não com os crentes agora, mas com Israel, mas todas as suas bênçãos espirituais são ministradas a nós por meio do Espírito. Portanto, o apóstolo fala de si e de seus cooperadores como sendo “capazes de ser ministros dum Novo Testamento (ou novo concerto)” (2 Co 3:6). Desfrutamos dessas bênçãos agora, bênçãos de caráter superior às prometidas a Israel, mas que serão dadas a eles em um dia futuro, Deus fará com que eles desfrutem de todas as bênçãos especificadas em Sua Palavra. Tanto nós quanto eles devemos tudo ao precioso sangue de Cristo.
A ressurreição de Cristo
Nesse sentido, deve-se salientar que a ressurreição do próprio Cristo, como o Grande Pastor das ovelhas, é por meio do sangue do concerto eterno (Hb 13:20). De fato, esse foi o testemunho público de Deus do valor desse sangue – Sua declaração de que o sangue derramado na morte de Cristo havia feito uma expiação completa, adequada e eterna pelo pecado. Portanto, Ele trouxe novamente, dentre os mortos, o Mediador do “melhor concerto”, para que todos os seus objetivos pudessem ser alcançados. Por isso é que, como o Grande Pastor, Ele buscará e reunirá as ovelhas de todas as terras, de acordo com Suas próprias palavras aos judeus: “Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também Me convém agregar estas, e elas ouvirão a Minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor” (Jo 10:16). Assim, o concerto, selado pelo Seu sangue, foi certificado em Sua ressurreição, o valor do sangue que assegura tudo e, finalmente, toda a sua realização.
E. Dennett
Concertos e Morte
O velho concerto foi quebrado, e porque foi quebrado veio a morte, mas o novo concerto é fundado na morte.
O novo concerto não é feito com ninguém; é uma lei escrita no coração; quando for estabelecido, um “ministro” dele não será necessário. Nós obtemos o seu benefício antes de ele ser feito. Temos o bem do novo concerto, mas temos coisas que estão muito além dele.
J. N. Darby
O Novo Concerto e o Sangue
O novo concerto é fundado no sangue que aqui é bebido em figura: “Este cálice é o Novo Testamento (ou concerto) no Meu sangue” (Lc 22:20 – ARA). O velho foi terminado. Foi necessário sangue para estabelecer o novo. Ao mesmo tempo, o próprio concerto não foi estabelecido, mas tudo foi feito por parte de Deus. O sangue não foi derramado para dar força a um concerto de julgamento como o primeiro; foi derramado por aqueles que receberam Jesus, enquanto aguardam o tempo em que o próprio concerto deve ser estabelecido com Israel em graça.
J. N. Darby
Estamos Sob o Novo Concerto? Ou Algum Concerto?
Em Gálatas 3:15-29, temos o relacionamento entre a lei e a promessa, mostrando como elas se mantêm entre si. A promessa incondicional foi feita por Deus a Abraão 430 anos antes da lei, e a lei, que veio com suas condições, não pôde deixar de lado as promessas incondicionais. Além disso, na lei havia duas partes e um mediador; na promessa, havia apenas uma parte – o próprio Deus, agindo de Si mesmo, e não exigindo termos condicionais. Uma era um contrato; a outra era graça. Deus ratificou as promessas anteriormente dadas de Gênesis 12-25 por meio de Seu juramento, às quais não havia condições. “Mas digo isto: que tendo sido o testamento (ou concerto) anteriormente confirmado por Deus, a lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não o invalida” (Gl 3:17). A lei foi acrescentada “por causa das transgressões”, mas não anulou o propósito anterior de Deus, enquanto testava o homem.
Na verdade, existem apenas dois concertos na Escritura – o velho e o novo. Ainda assim, a palavra “concerto” é usada em vários lugares em conexão com o Senhor, quando é apenas a enunciação de certos relacionamentos nos quais Ele Se agradou entrar com o homem ou a criatura, ou de ser abordado por ele, mas sem condições (veja Gênesis 9:8-17).
Em Hebreus 8-9, Ele mostra a retirada do velho concerto e a introdução de um segundo, ainda a ser feito com Judá e Israel. Enquanto isso, um mediador é introduzido antes da época em que Israel e Judá estarão novamente na terra. Esse mediador derramou o sangue necessário para o seu estabelecimento, mas ainda não estabeleceu o concerto – a parte em questão ainda não estava sob esse tratamento de Deus, isto é, Israel e Judá. Se Jeremias 31:31-40 for lido, onde o novo concerto é enunciado, será visto que nenhum mediador é nomeado. Cristo, tendo sido rejeitado quando veio para cumprir as promessas feitas aos pais, derrama Seu sangue e sobe, e todos os tratamentos diretos com Israel são suspensos, embora tudo o que era necessário para seu estabelecimento final tenha sido cumprido. Em Mateus 26:28, Ele diz: “porque isto é o Meu sangue, o sangue do novo testamento (ou concerto)”; Não diz, “este é o novo concerto”, mas este é “o sangue” do novo concerto. O próprio concerto ainda não foi estabelecido.
Portanto, em Hebreus, enquanto o escritor mostra o fim do velho e a introdução do novo, ele nunca mostra sua aplicação como algo presente. Duas bênçãos do novo concerto que recebemos, como Cristãos, são o perdão dos pecados e o ensino direto de Deus. Os Cristãos não estão sob nenhuma forma de concerto, qualquer que seja. Eles têm a ver com o Mediador do concerto enquanto Ele está oculto nos céus, antes que Ele renove Seu relacionamento com Judá e Israel, a quem somente pertence o concerto. Por isso, também em Hebreus 9:15, ele diz: “E, por isso, é Mediador de um novo testamento (ou concerto) para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento (ou concerto), os chamados recebam a promessa da herança eterna”. Ele não diz: O estabelecimento do novo concerto, mas a “herança eterna”, como relacionada com o próprio Mediador, cujo sangue foi derramado.
É impressionante a maneira como o escritor evita a aplicação do novo concerto aos Cristãos, enquanto frequentemente fala dele com referência a Judá e Israel, e ao mesmo tempo apropriando aos Cristãos as duas bênçãos que dele fluem para eles.
Adaptado de Words of Truth, 4:41
Dois Montes
Hebreus 12 fala de dois montes – um que fala da lei e o outro que fala da graça. E é uma questão importante para a nossa alma, para qual desses montes somos trazidos, pois em conexão com um, temos que tratar com Deus fazendo exigências sobre nós, enquanto em conexão com o outro, nos relacionamos com Deus como agindo em graça. “Porque não chegastes ao monte palpável, aceso em fogo, e à escuridão, e às trevas, e à tempestade, e ao sonido da trombeta, e à voz das palavras, a qual, os que a ouviram pediram que se lhes não falasse mais; porque não podiam suportar o que se lhes mandava: Se até um animal tocar o monte, será apedrejado. E tão terrível era a visão, que Moisés disse: Estou todo assombrado e tremendo. Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos, à universal assembleia e igreja [e à assembleia – JND] dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados; e a Jesus, o Mediador de uma nova aliança (ou novo concerto), e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel” (Hb 12:18-24).
O fracasso da Lei
Deus havia comunicado a lei a Israel no monte Sinai, e a responsabilidade deles estava de acordo com os justos requisitos dessa lei. Nisto fracassaram, e a quebraram totalmente; e nos dias de Eli, a arca – o único elo remanescente entre Jeová e Seu povo – foi tomada pelos filisteus. No final desta carreira de fracasso, Deus em graça escolheu o rei Davi, que, com seu filho Salomão, fundou o templo no monte Sião. Essa era a expressão da graça de Deus para um povo que havia falhado, quando tudo tinha acabado no terreno da responsabilidade sob a lei.
E esta é a graça segundo a qual Deus havia visitado os santos hebreus que aceitaram o Messias. É a mesma graça que nos levantou e que continua conosco dia após dia. Só nesse princípio podemos seguir com Deus. Deus age conosco em graça. Esta é uma imensa verdade para nossa alma apreender, pois somente quando nos apegamos a isso, podemos perceber o caráter de nossos relacionamentos com Deus e uns com os outros como Cristãos, e os princípios que devem nos governar nos nossos caminhos uns com os outros. Nossos pecados foram purificados por meio do sangue de Cristo. Isso é pura graça!
Santidade
Mas a santidade não é necessária? Sem santidade, nenhum homem pode ver o Senhor, somos informados no versículo 14. Isto também é graça? A necessidade de santidade certamente não é graça, mas se o caráter e a natureza de Deus são tais que ninguém pode estar em Sua presença sem santidade; em graça Ele nos provê santidade, bendito seja o Seu nome! Nós não a temos de nós mesmos ou em nós mesmos, mas Ele nos torna “participantes da Sua santidade”, mesmo que Ele tenha que nos trazer sob aquele exercício de alma no qual podemos receber tudo d'Ele. Toda bênção flui d'Ele em perfeita graça, e nosso lugar diante d'Ele é de recebedores submissos.
Graça de Um para com o outro
Mas agora, se Deus age em nosso favor no princípio da graça, devemos ser imitadores d'Ele, como filhos amados. A graça é o princípio sobre o qual devemos agir, um em relação aos outros. Percebemos isso suficientemente em nossa alma para praticamente agir de acordo com os princípios divinos? Encontramos no início de Hebreus 12 que estamos numa corrida, e os pesos e o pecado que envolve os pés devem ser deixados de lado, e então Deus entra e nos ajuda pela correção, fazendo-nos participantes de Sua santidade. Ora, não estamos sozinhos nesse caminho. Há uma companhia – toda a companhia do povo de Deus – caminhando juntos em direção a Ele, que terminou a carreira da fé e que Se assentou à direita do trono de Deus, mas que logo Se levantará para receber os Seus. É com essa companhia com que temos que tratar. Não é uma mera corrida egoísta onde apenas um recebe o prêmio. Todos nós estamos peregrinando juntos e, como em um rebanho de ovelhas, há os fracos e os coxos, que não devem ser deixados para trás, mas para serem ajudados. Há “mãos cansadas” e “joelhos desconjuntados”. Como devemos agir em relação a tais? A passagem é simples: “Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas e os joelhos desconjuntados, e fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que manqueja se não desvie inteiramente; antes, seja sarado” (Hb 12:12-13). Este não é o monte terrível que queimava com fogo; é a pura graça de Deus.
Por um lado, a graça nos leva a ministrar ajuda aos fracos e aos débeis. Por outro lado, ela nos levará a sermos vigilantes, atentos aos nossos próprios caminhos, para que o coxo não seja desviado do caminho. Há coxos no rebanho, e eles não progridem bem, mas o chicote não seria um remédio para eles. Não devemos agir em relação a eles no princípio dos exatores de Faraó para com os filhos de Israel escravos. Este não é o caminho de Deus. Ele age para conosco em graça e nos ajuda em nossas fraquezas, ou se Ele castiga, quando necessário, é “para sermos participantes da Sua santidade”. O que devemos pensar de um pastor que dá chicotadas em uma ovelha pobre e fraca? No entanto, quantas vezes isso acontece entre o rebanho de Cristo! O chicote em vez de graça! Monte Sinai em vez do Monte Sião! A Palavra de Deus é: “Antes, seja sarado”. Não é que a santidade possa ser dispensada e, portanto, está escrito: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”. Somente nos lembremos, o chicote e o monte ardente não curarão nem produzirão santidade. Só a graça pode produzi-la, e assim é acrescentado: “tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus”. Se eu perder em minha alma o senso daquela graça em que Deus está sempre agindo em relação a mim, fracassarei em manifestar graça para com meus irmãos. E quem pode dizer qual será a perda e dano aos santos? Alguma raiz de amargura aparece, e surge o problema, e muitos são assim contaminados.
Falha em demostrar graça
Que tristeza às vezes é causada na assembleia de Deus, porque alguém – um líder, pode ser – fracassou na graça de Deus e agiu no espírito da lei em vez do Espírito de Cristo? Ou alguém, por ganância, fez uma barganha ou defraudou seu irmão? Ou alguma palavra foi falada inadvertidamente, e uma semente má foi semeada em algum coração, que surge como raiz de amargura, produzindo problemas, que passa de língua em língua, contaminando assim a muitos. Certamente tal conduta é muito triste, totalmente contrária ao Espírito de Cristo, e se não for julgada de forma severa por aqueles que assim agem, trará sobre eles a mão do Senhor em disciplina.
Oh, perceber no mais íntimo de nossa alma que somos salvos pela graça, que estamos em graça, e que é graça a cada passo do caminho até o fim! E perceber que somos chamados a viver e agir em relação aos outros no poder da mesma graça em que Deus agiu e sempre age conosco.
A. H. Rule
Concertos e Sacerdócio
O sacerdócio de Cristo traz também um novo e mais excelente concerto do que o primeiro e fundamentado em melhores promessas. Quando Deus deu o primeiro concerto, Ele também deu um sacerdócio que era a pedra angular de toda a dispensação. Tendo isso mudado, consequentemente, há uma mudança de concerto; o primeiro cai com seu sacerdócio obsoleto, e o segundo toma seu lugar.
J. N. Darby
A Bênção de Boaz
As bênçãos concedidas a Rute, a moabita, quando ela se apega a Noemi, são um belo exemplo de como o Senhor alcançou em graça hoje as nações gentias. Nunca foi feito algum concerto com ela ou seu povo. Noemi relutou em levá-la de volta à terra de Belém-Judá quando decidiu voltar. Havia, no entanto, permissão para os estrangeiros. Rute não tinha direito à bênção, mas quando ela disse: “Não me instes para que te deixe e me afaste de ti”, a sogra a levou. Esse foi o meio de abençoar as duas. Noemi era velha demais para ter filhos e Rute, como moabita, não era permitida na congregação.
A necessidade de comida obrigou Noemi a enviar Rute aos campos para colher. A família de Elimeleque havia abandonado suas terras quando deixaram Belém de Judá, e agora devem recorrer aos campos de outra pessoa. Boaz provou ser um homem compassivo que fez concessões especiais e deu porções extras a Rute por causa de sua necessidade. Mais tarde, Noemi enviou Rute a Boaz, com a alegação de que ele deveria levantar uma semente para os falecidos. Esse foi um ato ainda maior de dependência da graciosidade de Boaz. Boaz começou a ajudá-las, depois que o parente mais próximo se recusou a fazê-lo por causa de Rute. Ele (Boaz) comprou tudo o que pertencia à família de Elimeleque, e também Rute, a esposa de Malom, que ele comprou para ser sua esposa, para suscitar o nome dos falecidos sobre a herança deles. Quando a criança nasceu, Noemi a pegou e a colocou no seu colo e tornou-se sua ama. Se Rute fizesse qualquer reivindicação quanto à criança, ela teria estragado a herança da criança. Ela prosseguiu com suas palavras: “teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus”, e ali ela morreu. Ela terá sua porção quando Cristo vier.
Que exemplo Rute é daquele que confiou nas promessas feitas a outra família, continuou firmemente em sua busca e as achou por meio de um homem bom – Boaz! Quão agradecidos podemos estar por nosso Senhor Jesus Cristo ter Se tornado um Parente-Remidor para nós que não tínhamos nenhuma promessa por meio dos concertos de Deus. Ele somente, por Seu próprio desejo, vendeu tudo o que tinha para comprar a pérola de grande preço.
D. C. Buchanan
Nova Criação
Em Efésios, descobrimos que o mundo inteiro apresenta aos olhos de Deus nada além do que eu poderia chamar de cemitério moral. Não há um único pulso no coração do homem em direção a Deus. Se essa é a nossa condição espiritual, como tirar algo de lá? A resposta é que nada pode ser tirado de lá. Se Deus for realizar algo, deve realizar de Si mesmo de maneira absoluta e independente, pois não há material sobre o qual trabalhar. Portanto, o que encontramos nas Escrituras é que uma absoluta nova criação é chamada a existência por Deus, perfeitamente distinta da criação anterior, mas não menos real. Assim como Deus, quando não havia nada, falou e tudo passou a existir, também quando, moralmente, não havia algo vivo para os olhos de Deus descansarem, Ele, não pelo mero sopro de Sua boca, mas pela “sobreexcelente grandeza do Seu poder”, pelo poder de Sua força, forjou para trazer à existência moral uma criação, absolutamente nova e distinta de tudo o que já existia antes. À essa nova criação, os crentes pertencem.
W. Kelly
Os Concertos de Deus
Salve, amor soberano, que primeiro começou
Esse plano para resgatar o homem caído!
Salve, graça incomparável, livre, eterna,
Que deu à minha alma um refúgio.
Contra o Deus que construiu o céu
Eu lutei, com mãos erguidas bem alto;
Desprezei a menção de Sua graça,
Orgulhoso demais para buscar um refúgio.
E assim correram os eternos conselhos,
"Amor Todo-Poderoso, detenha esse homem!"
Senti as flechas da angústia,
E descobri que não tinha refúgio.
A Justiça indignada se apresentou;
Corri para o monte ardente do Sinai;
Mas a Justiça clamou com rosto irado,
"Este monte não é refúgio!"
Sobre Jesus caiu a justa vingança de Deus,
Que teria lançado o mundo no inferno;
Ele a suportou por uma raça pecadora,
E assim Se tornou seu refúgio.
Mais algumas rotações do Sol, no máximo,
Me levarão às costas de Canaã,
Onde cantarei o cântico da graça,
E verei meu glorioso Refúgio.
J. Brewer
“Mas que diz a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho, porque, de modo algum, o filho da escrava herdará com o filho da livre”
Gálatas 4:30
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