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Palavras de Edificação nº 45

(Revista bimestral publicada originalmente em Março/Abril 1994)

 

Índice

Editorial – M.Persona (1955)

A Vinda do Senhor – John Nelson Darby (1800-1882)

– J.T.Armet (1859-1923)

ESPERANDO POR ELEW.Scott (1838-1933)

PEQUENO ou GRANDE?C.Buchanan (1917-2012)

 

EDITORIAL


VOCÊ QUER MESMO QUE O SENHOR VENHA? Será que você espera que outras coisas aconteçam antes, como a igreja ser restaurada, ou primeiro vir a tribulação? Mas a igreja, em seu testemunho, não será restaurada, e nem entrará na tribulação; será arrebatada antes disso. E todos os salvos subirão e não apenas alguns "vencedores". Ao que Cristo comprou com Seu precioso sangue, Ele os levará para junto de Si.

Pode ser que você diga esperar pelo Senhor, mas creia ser algo tão distante e fora da realidade atual, que fique mais preocupado em aprimorar o mundo, aumentar sua denominação e definir metas de convertidos para a próxima década! Será que isto é esperar o Senhor para qualquer momento?

Espero que você não esteja entre os adoradores do "ventre" , os seguidores de movimentos como "teologia do domínio", "doutrina da prosperidade", etc. (leia Filipenses 3:18-19). Seus falsos profetas prometem aos incautos uma vida próspera neste mundo; a pretensão de poderem contar com as promessas terrenas, que não são para os Cristãos, mas para o remanescente judeu fiel no reino milenar de Cristo. Esquecem que o Rei foi rechaçado deste mundo, e agora encontra-Se ausente. No presente momento, todo o poder e glória dos reinos deste mundo ainda estão nas mãos do seu príncipe, Satanás, que os dá a quem ele quer. Medindo o grau da bênção pelo que é deste mundo, material e transitório, acabam dizendo "Sim" à proposta que nosso bendito Senhor rejeitou (Lucas 4:5-7). Mas "a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui" (Lc 12:15).

Se você espera por uma restauração da igreja, ou pela tribulação, ou ainda quer conseguir prosperidade material, sinto dizer que você não está esperando o Senhor. "Certamente cedo venho" foram Suas últimas palavras reveladas, e nossa resposta deveria ser: "Ora vem, Senhor Jesus!" (Ap 22:20). Ele deixou tudo o que tinha, até dar a Sua vida para nos salvar; agora o Seu grande desejo é ter-nos ao Seu lado. "Virei outra vez e vos levarei para Mim mesmo" (Jo 14:3). Temos um encontro marcado com o Noivo e qual a noiva amorosa que desprezaria um encontro com seu Amado? Qual a noiva que encheria sua agenda de compromissos, ou faria amizade com o mundo, inimigo de seu Amado, sabendo que Ele pode vir a qualquer momento? Sua vinda "está próxima" (Tg 5:8), e esperar por Ele é um anseio que o próprio Espírito Santo coloca em nosso coração, ao nos revelar o quão sublime é a Pessoa com Quem iremos nos encontrar (2 Co 5:1-8).

Se você não estiver convencido de que "estar com Cristo… é ainda muito melhor" (Fp 1:23), é bom que reexamine sua fé e verifique se não buscou a Cristo apenas para obter alguma vantagem material, saúde ou bens, sem crer verdadeiramente para sua salvação eterna. Se assim for, o que você necessita é o evangelho da graça de Deus. Aconselho que reconheça-se pecador diante de Deus agora mesmo e creia no Senhor Jesus. "Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens" (1 Co 15:19). Mas, para aqueles que O aguardam, uma palavra de ânimo: "Ele é totalmente desejável" (Ct 5:16).

M.Persona (1955)

 

A Vinda do Senhor

Aquilo que caracteriza a Vida Cristã


Texto extraído do Livro de John Nelson Darby – “The Remembrancer” – 1899

Publicado pela “BTP – Bible Truth Publishers”


O Que Caracteriza a Vida Cristã

Pretendo abordar um assunto que sinto ser de profunda importância – a vinda do Senhor Jesus; e para abordá-lo, não provando como uma doutrina, mas mostrando que foi originalmente uma parte substancial do próprio Cristianismo. A base é a primeira vinda de Cristo, e Sua morte expiatória; mas quando olhamos além do fundamento, então vemos que a vinda do Senhor Jesus não é meramente um pouco de conhecimento, mas uma parte real da fé da igreja de Deus, e da qual o estado moral dos santos, e certamente da igreja de Deus, depende. Você verá, ao discorrermos pelas passagens que irei citar agora, que elas se conectam e se misturam com cada parte do Cristianismo, o caracteriza, e se conectam entre si com cada pensamento e sentimento do Cristão. Uma pessoa não poderia ler as Escrituras com uma mente sem preconceitos sem enxergar isso.


Convertidos Para Esperar

Consideremos a conversão. As pessoas perguntam: 'O que isso tem a ver com a vinda do Senhor?' Isso é parte daquilo para que eles foram convertidos: “esperar dos céus a Seu Filho”. Essa espera dos céus por Seu Filho caracterizou a conversão deles; eles foram convertidos para servir a Deus, com certeza; mas também, para “esperar dos céus a Seu Filho” (1 Ts 1:10).

A posição do Cristão quanto à vinda do Senhor é que ele está esperando a vinda de Cristo de acordo com Sua promessa. As pessoas dizem que Ele vem na morte. Então pergunto: Você faz da morte o mesmo que Cristo? Se este fosse o caso, deveríamos tê-lo vindo centenas e centenas de vezes, enquanto lemos sobre Sua vinda apenas duas vezes (Hb 9:28)1. Devo lhe dizer o que acontecerá quando Cristo vier? Ressurreição! Isso é bem diferente da morte. A vinda de Cristo é, para o santo, o fim da morte – exatamente o oposto. Acredito que ninguém pode encontrar um traço do pensamento nas Escrituras de que Cristo vem na morte. Em vez da vinda de Cristo ser a morte, é a ressurreição que vamos a Cristo na morte, não é Cristo quem vem a nós. Bem-aventurado é “partir e estar com Cristo” (Fp 1:23); “ausentes do corpo e presentes com o Senhor” (2 Co 5:8 – TB). Mas devo mostrar que esse pensamento da vinda de Cristo se mistura e caracteriza cada parte da vida Cristã.


Os Que Em Jesus Dormem

Em primeiro lugar, temos isso na conversão, como já mencionado. Eles foram convertidos para 'esperar dos céus o Filho de Deus'. Vou usar outras passagens em respaldo a isso, mas primeiro seguirei pelo livro de Tessalonicenses. No capítulo 2 da primeira epístola, no final, o apóstolo fala sobre o que foi seu conforto e alegria no serviço. Ele havia sido expulso pela perseguição do meio dos “Tessalonicenses”, e escrevendo para eles fala de seu conforto ao pensar neles. Mas como? “Porque qual é a nossa esperança, ou gozo, ou coroa de glória? Porventura, não o sois vós também diante de nosso Senhor Jesus Cristo em sua vinda?” (1 Ts 2:19). Ele não pode falar de seu interesse por eles e gozo sem mencionar a vinda do Senhor Jesus. Novamente, em relação à santidade: “O Senhor vos faça crescer e abundar no amor (1 Ts 3:12 – TB); “Para confortar o vosso coração, para que sejais irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, com todos os seus santos” (1 Ts 3:13). Quanto à morte de um santo, eles estavam tão profundamente à espera do Senhor que, se alguém morresse eles pensavam que ele não estaria lá pronto para ir ao encontro d'Ele. Eles estavam errados nisso, e o apóstolo corrige o erro deles: Mas agora as pessoas dizem, quando um santo morre, nós iremos atrás dele, nós o seguiremos. Aqui não há uma palavra sobre isso. Suponha que eu fosse e dissesse a um Cristão agora, que havia perdido alguém querido para ele: “Não se preocupe, Cristo o trará com Ele”, ele me acharia louco, ou acharia isso completamente incompreensível; e no entanto, essa é a maneira como o apóstolo os conforta: “Assim também Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem” (1 Ts 4:14 – ARA). Em seguida, ele mostra como Ele fará isso: “Nós, os que ficarmos vivosnão precederemos os que dormem” (1 Ts 4:15). “Precederemos” é uma palavra antiga para “anteceder” ou “ir antes”. A primeira coisa que o Senhor fará quando Ele descer é ressuscitar os santos que dormem. Ele os trará com Ele. Se eles adormeceram n'Ele, seus espíritos terão estado com Ele durante esse tempo; mas então eles receberão glória, serão ressuscitados em glória, serão como Ele, e, indo ao Seu encontro nos ares, estarão para sempre com Ele; e quando Ele aparecer, Ele os trará consigo, e eles aparecerão com Ele em glória. Você aprende isso de maneira geral no capítulo 5, onde ele deseja que todo o espírito, alma e corpo sejam preservados “irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 5:23). Essa esperança, então, faz parte do estado Cristão em todos os aspectos. Conversão, gozo no serviço, santidade, na morte de um crente, o objetivo da irrepreensibilidade, todos estão conectados com a vinda do Senhor.


“Aí Vem o Noivo!”

Vejamos agora Mateus 25. As virgens prudentes levaram azeite em suas vasilhas (Mt 25:4), mas todas tosquenejaram e adormeceram, e esqueceram que o Noivo estava chegando. Mas o que tenho especialmente a questionar aqui é: Qual foi o chamado original? A declaração, clara e positiva, é que elas saíram ao encontro do Noivo, mas tardando o Noivo,“tosquenejaram todas e adormeceram” (Mt 25:5), todas esqueceram Sua vinda, tanto as prudentes quanto as néscias (Mt 25:3 –TB). Elas encontraram um lugar confortável; acampar ao ar livre não é confortável para a carne. Mas, à meia-noite, ouviu-se um grito: “Eis o Noivo!” (Mt 25:6 – TB). A coisa que as despertou do sono foi o grito, “Eis o Noivo!”. O objetivo original da igreja, então, era ir ao encontro d'Aquele que vinha; mas até mesmo os verdadeiros crentes esqueceram disso. E, além disso, o que os desperta de seu sono é serem novamente chamados para encontrá-Lo em Sua vinda. Então, na parábola dos “talentos” (Mt 25:15), é encontrada a mesma coisa em relação ao serviço e à responsabilidade: Ele parte em Sua jornada e lhes diz, “Negociai até que eu venha” (Lc 19:13).

Outro fato muito surpreendente em relação a essa verdade é, que é sempre apresentada como uma expectativa operante presente. Você nunca encontrará o Senhor nem os apóstolos falando da vinda do Senhor, com a suposição de que ela seria adiada além da vida daqueles a quem falavam. Poderia ser ao cantar do galo, ou ao amanhecer; mas eles deveriam estar esperando pelo Filho de Deus dos céus. Nas parábolas referidas, as virgens que adormeceram foram as mesmas que acordaram; os servos aos quais os talentos foram confiados foram os servos que prestaram contas deles em Sua volta. Sabemos que séculos se passaram, mas Ele não permitirá qualquer pensamento de atraso. “à hora em que não cuidais, o Filho do Homem virá” (Mt 24:44 – ARA). “Bem-aventurado aquele servo a quem seu Senhor, quando vier, achar fazendo assim”2 (Mt 24:46 – ARA).


“Ele tarde virá”

Novamente, qual foi a causa da ruína da igreja? Foi: “O meu Senhor tarde virá”3 (Mt 24:48). Não estava dizendo: “Ele não virá”; mas “Ele tarde virá”. Então, o servo começou a espancar os conservos, e a comer, e a beber com os bêbados; e isso traz o seu julgamento. Se a noiva ama o Noivo, ela não pode deixar de desejar vê-Lo. Seu coração está onde Ele está. Quando a igreja perdeu isso, ela se acomodou para desfrutar onde estava; ela se tornou mundana; ela não se importava com o retorno do Senhor.

Vá agora para Lucas 12, e você descobrirá como sua espera por Cristo caracteriza o Cristão e, com isso, o serviço a Ele enquanto Ele está ausente. “Onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Lc 12:34 – ARA). Deviam ter os lombos cingidos, e suas candeias acesas (Lc 12:35). Tal era a característica de um Cristão. Deviam ser como homens que esperam pelo seu Senhor, para abrir-se a Ele imediatamente; suas afeições em ordem e plena profissão de Cristo, mas aguardando a volta de seu Senhor. Não é ter meramente a vinda do Senhor como uma doutrina. A bênção repousa sobre aqueles que estão vigiando, como “homens que esperam pelo seu Senhor” (Lc 12:36 – ARA). “Bem-aventurados aqueles servos a quem o Senhor, quando vier, os encontre vigilantes” (Lc 12:37 – ARA). Eles devem estar cingidos, e ter suas candeias acesas enquanto Ele estiver ausente, e esperar pelo Seu retorno; e, então, Ele Se cingirá, os fará sentar à mesa e, chegando-Se, os servirá (Lc 12:37 – TB). Agora os servos devem estar cingidos e vigiar; nosso descanso não está aqui. “Mas”, diz o Senhor, “quando Eu tiver tudo pronto, vós vos sentareis à mesa para ceiar, e Eu Me cingirei, e Me chegarei, e vos servirei. Farei com que desfruteis de tudo de melhor que Eu tenho no céu, e vo-lo ministrarei; tão somente ficai vigiando”.

Um Servo Para Sempre

Cristo é para sempre, um Servo em graça, de acordo com a forma que Ele assumiu. Ele agora está cingido conforme João 13. Os discípulos naturalmente pensariam, que se Ele tivesse ido para o céu em glória, estaria terminado o Seu serviço com os discípulos; mas Ele lhes diz: 'Vou partir; não posso ficar aqui convosco, mas não vos abandonarei; mas por não poder ficar na terra convosco, vou preparar-vos lugar, e vos levarei para Mim no céu'. “Se eu te não lavar, não tens parte comigo” (Jo 13:8). É água aqui, não sangue. “Aquele que está lavado (ou, mais corretamente, “se banhou”ARA) não necessita de lavar senão os pés” (Jo 13:10). Conversão que dá vida, assim como salvação, está completamente consumada; mas se nos contaminarmos no caminho, tanto em relação à comunhão e ao nosso andar, a graça e a intercessão de Cristo como nosso Advogado estão ali para lavar nossos pés, e nos tornar aptos, na prática, para estarmos com Deus onde Cristo foi. Há, ou deveria haver, crescimento; e, quanto à imutável pureza do novo homem, isso é certo. Mas se não me encontro vigilante, acabarei me contaminando com a sujeira do caminho. Não posso ter tais coisas no céu, nem em comunhão com o que lá se encontra; e o Senhor diz efetivamente: “Eu Sou: não vos abandonarei, porque estou indo para Deus e para glória, e, assim, devo manter-vos em um estado adequado para isso, e lavados como estão (embora nem todos, pois Judas estava lá), devo manter-vos aptos, restaurar-vos quando caírem. Mas vós deveis estar vigiando enquanto estou ausente”.

É reconfortante para mim, saber que todas as virgens acordaram a tempo, e acredito que todos os Seus santos, acordarão antes da vinda do Senhor. A dificuldade para o coração, em olhar ao redor, é que muitos não o recebem. Mas o verdadeiro serviço do Senhor está conectado em estar vigilante. Esse é o estado ao qual a bênção e o banquete celestial estão ligados.


Vigiar e Servir

Então, você encontra uma outra ocupação enquanto Ele está ausente; e o resultado disso, “Em verdade vos digo que sobre todos os seus bens o porá” (Lc 12:44). É muito melhor comer, com é dito de Israel, da flor da farinha, e isso na casa do Pai; mas se sofrermos com Ele, também com Ele reinaremos (2 Tm 2:12). Com o serviço em Sua ausência, obtenho o governo; assim como o banquete celestial pela vigilância. O Senhor, então, continua com o que tivemos em Mateus, dizendo: “Meu Senhor tarde virá” (Mt 24:48).

O que o Senhor está enfatizando em relação a vigiar e servir é: “Virei outra vez” (Jo 14:3).“Deveis estar vigilantes por Mim, como homens que esperam pelo seu Senhor”. Esse deveria ser o caráter deles como Cristãos. Supondo que todas as pessoas nesta cidade estivessem realmente vigiando, esperando pelo Senhor dos céus, sem saber o momento em que Ele viria, você acha que a cidade inteira não seria transformada? Uma pessoa já me disse que se todos acreditassem nisso, o mundo não poderia continuar de jeito nenhum; e o Cristão não pode, de forma mundana.

Se as pessoas estivessem esperando pelo Senhor dos céus, todo o tom e caráter de sua vida seriam mudados. Posso ter a doutrina da vinda de Cristo, mesmo quando realmente não estou esperando por Ele; mas não gostaria de estar acumulando dinheiro quando o Senhor vier. Deveria, se possível, o esconder fora de Sua vista.


Ele Não Está Agora no Seu Próprio Trono

Vá agora para Filipenses 3. Paulo estava correndo uma corrida. “Esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante estão, prossigo para o alvo [ou “a meta”JND], para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3:13-14 – ARA). E como ele fala de Cristo no final desse capítulo? – “Irmãos, sede imitadores meuspois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp 3:17… 20 – ARA). Ele tinha visto a Cristo, e não ficaria satisfeito até ser semelhante a Ele na glória.

A vinda do Senhor afeta todas as verdades do Cristianismo. Cristo não está agora em Seu próprio trono de forma alguma. Ele está sentado agora, de acordo com a palavra em Hebreus 10 (e também em Salmos 110), à destra de Deus, sentado no trono de Seu Pai, como Ele mesmo diz na promessa em Laodiceia (Ap 3:21). Em Sua primeira vinda, Ele resolveu a questão do pecado para os Seus, e eles não têm mais consciência de pecados; estão aperfeiçoados para sempre. E para aqueles que O aguardam, Ele aparecerá pela segunda vez, sem pecado, para salvação. Ele está esperando nos céus até que os Seus inimigos sejam postos por escabelo de Seus pés. Por que Ele diz “Seus inimigos” (Hb 10:13)? Porque Ele está sentado após ter concluído tudo para Seus amigos; isto é, para aqueles que creem n'Ele.


E Você?

Todos os seus pecados foram removidos da vista de Deus? Se não, quando será feito? (ler 1 Pe 2:24)4. Que você cresça em aversão a todos eles, tudo bem! Mas se eles não são suportados e removidos na cruz, quando será feito? Você pode fazer Cristo morrer novamente? Você pode fazer outra pessoa fazê-lo? Se não for feito, nunca será feito. Amados amigos, se a obra não estiver consumada, nunca será feita. Mas está consumada, e, portanto, é dito que os adoradores uma vez purificados “nunca mais teriam consciência de pecado… Porque, com uma só oblação, aperfeiçoou para sempre os que são santificados” (Hb 10:2,14).

Se olhar agora para Colossenses 3, encontrará a mesma coisa em seu pleno resultado, prometido como nossa esperança. “Quando Cristo, que é a nossa vida, Se manifestar, então, também vós vos manifestareis com Ele em glória” (Cl 3:4). A primeira promessa que Ele deu aos discípulos ao partir foi, Sua volta novamente. Não fiquem perturbados (como eles naturalmente ficariam ao perder Aquele por quem tinham renunciado a tudo), Eu não ficarei completamente sozinho na casa de Meu Pai. Lá, há muitas moradas, Eu vou preparar-vos lugar (Jo 14:1-3)5. Não fiquem preocupados, Eu não posso ficar com vocês, então Eu preciso ter-vos lá em cima junto a Mim; e a primeira coisa é: {Eu} virei outra vez, e vos levarei para Mim mesmo” (Jo 14:3). Não é através da morte de cada um individualmente, mas pela ressurreição dos mortos, e pela transformação dos vivos, Sua real vinda para levá-los, ressuscitados ou transformados, para estar com Ele onde Ele está, para sermos a Sua semelhança, para estarmos com Ele em glória.


A Última Coisa Que Viram

Novamente, na Sua partida dos Seus discípulos deixados aqui, qual foi a última coisa que viram d'Ele?

Eles O viram subir diante de seus olhos, e o anjo disse a eles, “Por que estais olhando para o céu? Esse Jesus…, há de vir assim como para o céu o vistes ir” (At 1:11). A Sua vinda está inserida em todo o contexto da vida Cristã:

Qual é a última palavra das Escrituras? “Certamente, venho sem demora. Amém! Vem, Senhor Jesus” (Ap 22:20 – ARA). Da mesma forma, você encontra isso no começo (do Livro de Apocalipse), com advertência e ameaça, Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o Primogênito, … (Ap 1:5). “Eis que {Ele} vem com as nuvens; e todo olho O verá” (Ap 1:7). Então, no final (as instruções proféticas terminam, não vou entrar em detalhe), “Eu, Jesus, enviei o meu anjo,Eu soua resplandecente Estrela da manhã” (Ap 22:16). Agora entendo o que esses santos que estavam vigiando, e somente eles, veem. Não há estrela para ser vista quando o sol se levanta; eles veem a Estrela da manhã na luz da aurora6, pois a noite está quase acabando, o dia está próximo. Aqui Ele se chama “a raiz e a geração de Davi; a resplandecente Estrela da manhã. E o Espírito e a esposa dizem: Vem!” (Ap 22:16-17). Se a noiva tem a sensação de ser a noiva de Cristo, ela deve desejar estar com o Noivo; 'não há amor adequado a Cristo a menos que ela queira estar com Ele. Abrão disse de sua esposa': “Ela é minha irmã” (Gn 12:13, 19; Gn 20:2, 5, 12); então os egípcios – o mundo – a levaram para a sua casa.

“O Espírito e a esposa dizem: Vem!”

Acrescento apenas que aqui temos todo o círculo das afeições da igreja. “O Espírito e a esposa dizem: Vem!” (isso é para o Noivo); “E quem ouve, diga: Vem!” (Ap 22:17). Isto é, o Cristão que ouviu a palavra da sua salvação se une ao clamor. Então, aqueles que têm sede de alguma água viva são chamados a vir. Os santos da igreja, embora ainda não tenham o Noivo em glória, podem dizer que têm a água viva, e portanto chamam: “E quem tem sede venha”; e então dirigem o chamado universalmente, “Quem quiser tome de graça da água da vida” (Ap 22:17). Isso eles têm, embora não tenham o Noivo.

O que encontro, então, é que na Palavra de Deus os pensamentos, sentimentos, conduta, ações e afeições dos Cristãos estão relacionados com a vinda de Cristo. Pegue todas essas coisas, e você verá que todas estão relacionadas com a vinda do Senhor.

Veja a primeira epístola de João, “Vede quão grande caridade {ou amor} nos tem concedido o Pai:Amados, agora somos filhos de Deus [isso está estabelecido], e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele; porque assim como é O veremos” (1 Jo 3:1-2). Amados, fomos predestinados para ser “conformes à imagem de Seu Filho” (Rm 8:29). Isso é o que Deus tem proposto para nós. Quando seremos como Cristo na glória? Quando Ele vier. Não é quando uma pessoa morre, e o espírito vai estar com Cristo; pois então ele é como Cristo quando Cristo estava na sepultura; e não quero ser como Cristo quando Ele estava na sepultura. Mas se morrer, serei como Cristo nesse aspecto, mas isso não é o que quero, embora seja abençoado em si mesmo. Quero ser como Ele na glória. Quando isso acontecerá? Quando Ele vier, Ele mudará nossos corpos vis {ou “corpos de humilhação”(Fp 3:21 – ARA)}, e os conformará ao Seu corpo glorioso {ou melhor, “ao corpo da Sua glória” (Fp 3:21 – ARA)}; então aqui ainda não está claro o que seremos, mas quando Ele aparecer, seremos como Ele.


Consequências Práticas

Agora, observe as consequências práticas sobre o homem que foi, em sua fé, trazido aos propósitos de Deus: “E qualquer que n'Ele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também Ele é puro” (1 Jo 3:3). Sei que serei perfeitamente como Cristo na glória, porém, quero ser o mais parecido possível com Ele aqui embaixo. Você encontra aqui novamente o que as Sagradas Escrituras ensinam de forma explícita, que a santidade, também, está sempre relacionada com ser conformes à imagem de Cristo na glória. O padrão deve ser estar em conformidade com Cristo em glória, e nada mais. Você encontrará um trecho já citado: “A fim de que seja o vosso coração confirmado em santidade, isento de culpa, na presença de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus, com todos os Seus santos” (1 Ts 3:13 – ARA). A perfeição do Cristão é ser como Ele, quando Ele vier. O que, também, encontro em relação aos Cristãos em 1 Coríntios é: “Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória” (1 Co 15:43). Temos a bendita garantia, que acompanha a verdadeira esperança assegurada da primeira ressurreição, e seus resultados.


Seremos Como Ele É

Seremos perfeitamente semelhantes a Cristo quando ressuscitarmos dentre os mortos. Prestaremos contas de nós mesmos, mas é quando formos como a Pessoa a quem devemos prestar contas. A plena eficácia da Sua primeira vinda foi perdida e, portanto, as pessoas não se sentem confortáveis quando pensam na Sua segunda vinda. Mas para o santo “Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na Sua vinda” (1 Co 15:23). Cristo é as primícias dos ímpios? Certamente não. Assim como a ressurreição de Cristo foi o testemunho público da aprovação, por Deus, de Si mesmo e Sua obra, a ressurreição dos santos será um testemunho da aprovação de Deus dos que em Cristo estão. Como encontramos em Lucas: “Os que forem havidos por dignos de alcançar o mundo vindouro e a ressurreição dos mortos nem hão de casar, nem ser dados em casamento; porque já não podem mais morrer, pois são iguais aos anjos e são os filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição” (Lc 20:35, 36).

Alguém poderia me mostrar uma única passagem sobre uma ressurreição geral? Não há tal pensamento na Escritura. Vejamos o capítulo 25 de Mateus citado para isso, que os bodes e as ovelhas representam as duas classes; mas Ele veio em Sua glória aqui embaixo. Ele não está sentado no grande trono branco, diante do qual o céu e a terra fogem. Aqui Ele veio, e está sentado em Seu trono. Quando Ele vier, e assentar-Se lá, Ele reunirá todos os gentios – as nações – para julgá-los. É o julgamento dos vivos. Há ali três tipos de pessoas, não dois; e não há nada de ressurreição. Temos “ovelhas”, “bodes” e “irmãos” (Mt 25:40). Longe de ser uma ressurreição geral, de forma alguma há referência à ressurreição; é um assunto completamente diferente. Além disso, a única pergunta é: Como eles trataram os Seus irmãos? O fundamento do julgamento não se aplica a noventa e nove de cada cem dos que serão julgados, se fosse um julgamento geral. Aqueles que tiveram o testemunho do reino antes de Ele vir julgar os vivos serão tratados de acordo com a maneira como receberam os mensageiros de Deus, mas apenas esses estarão em julgamento.


Você Está Esperando Por Ele?

E agora o ponto ao qual retorno é, que a vinda do Senhor influencia e conforma toda a vida do Cristão. Você não pode separar nada em todo o curso e caminho do Cristão da vinda do Senhor Jesus; e existem apenas a primeira vinda, e a segunda vinda. Ele já apareceu uma vez, e para aqueles que O esperam, Ele aparecerá a segunda vez para a salvação. É verdade que Ele vem e habita em nós; mas falamos com as Escrituras sobre Sua vinda real. Se você considerar a santidade, o serviço, a conversão, o ministério, ou uma pessoa que tenha morrido, todos estão relacionados com a vinda de Cristo. Ele os adverte a serem encontrados vigiando.

Poderia citar outras passagens, mas citei o suficiente para mostrar que a vinda do Senhor está conectada com tudo na vida Cristã. Quando O virmos como Ele é, então, e só então, seremos semelhantes a Ele, em conformidade com o propósito de Deus. E agora pergunto: Você está esperando pelo Filho de Deus vindo do céu?

Ele haver carregado os pecados de muitos é o único fundamento de esperança para qualquer pecador; isto é, a obra consumada que nos permite, por meio da fé, a procurar por Ele quando selados pelo Espírito Santo. Então, pergunto: O que estou esperando? Estou esperando pelo Filho de Deus do céu. Você pode dizer: “Estou esperando por Cristo?” Não sei quando Ele virá. “Bem-aventurados aqueles servos a quem o Senhor, quando vier, os encontre vigilantes” (Lc 12:37 – ARA). Não lhe pergunto, se você entende sobre a vinda do Senhor. Esperar por Ele foi a coisa a que eles foram convertidos. O que despertou as virgens foi: “Eis o Noivo!” (Mt 25:6 – TB). Você está realmente esperando pelo Filho de Deus vindo do céu? Você gostaria que Ele viesse esta noite? Pedro explica o atraso. Ele diz que Sua longanimidade é a salvação, não querendo que nenhum pereça (2 Pe 3:9)7. O que você pensaria se Ele viesse esta noite? Seria apenas o que sua alma estava procurando? Vou sentar-me à mesa, e Ele vai cingir-Se, e sair, e me servir. As pessoas pensam que isso impediria o evangelho de esperar pelo Filho de Deus vindo do céu. Será que a aceitação por parte de Noé, do testemunho de Deus sobre o dilúvio, o impediu de pregar? Longe disso, foi o que deu vantagem a todos. Que o Senhor possa nos fazer estar prontos, para quando Ele vier, nos ENCONTRE VIGILANTES.

J.N.Darby (1800–1882)

 

“QUEM DESPREZA O DIA DAS COISAS PEQUENAS?”


"Quem despreza o dia das coisas pequenas?”Zacarias 4:10

Para o mundo, hoje é o dia das grandes coisas. Em matéria de guerra, antigamente os homens estavam satisfeitos em contar seus exércitos em milhares, mas agora os milhares são desprezados – as nações devem ter seus milhões de soldados. Em matéria de finanças, onde antes as fortunas eram avaliadas em alguns poucos dígitos, agora fortunas com valores expressos em vários dígitos passaram a ser consideradas apenas como pequenas heranças. Um milionário do passado seria considerado, na avaliação de hoje, apenas um pequeno capitalista. Na vida rural, onde antes um paciente agricultor cultivava alguns poucos hectares, agora grandes máquinas revolvem quilômetros de terra que produzem milhões de alqueires de grãos em uma única fazenda. Em matéria de educação, as universidades, faculdades, seminários e escolas técnicas multiplicam-se sem parar, e multidões seguem carreiras em busca de conhecimento e diplomas. Metrópoles florescem onde antes havia cidades; grandes cidades substituíram os povoados. Extensas redes ferroviárias e auto-estradas circundam os continentes, e o forte pulsar das máquinas palpitam em todos os centros industriais. Em resumo – o mundo parou de se importar com o que é pequeno ou insignificante.


O Efeito sobre a Cristandade

Se isso fosse tudo, não haveria com quê o Cristão se preocupar, pois por que razão deveríamos nos preocupar com os feitos e vanglórias deste pobre mundo? O Cristão sabe onde isso terminará – sabe que o mundo está condenado para o juízo. O Cristão entende, também, que ele não é deste mundo – que pertence a um outro mundo.

Mas não é tudo. O mundo não está sozinho em seu orgulho. Cristãos professos têm sido infectados com o mesmo espírito arrogante, com o triste resultado de estarem se gloriando em sua própria vergonha – “O fim deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles é para confusão deles mesmos, que só pensam nas coisas terrenas” (Fp 3:19). A condição resultante é que nenhuma atividade Cristã é hoje reconhecida como tendo qualquer mérito, se não puder se apresentar diante do mundo como digna de ser comparada com as grandes realizações do mundo. Dessa forma introduziu-se a cobiça por grande número de membros, e movimentos do tipo "Programa dos Cinco Anos", "Homens e Milhões", ou "Década da Colheita" são frases proferidas com orgulho por Cristãos professos em todo lugar. Evangelistas que não puderem contar os seus convertidos às centenas e milhares não são desejados. O evangelismo tornou-se um negócio, e a obra de Deus passou a ser medida por seus números.


As Pequenas Coisas de Deus

O Cristão não deveria se valer do modo de agir deste mundo para fazer à obra de Deus.Será que, agindo assim, o Cristão ficará desanimado por poder fazer tão pouco? Deus nos livre! Aplique a espada afiada da Palavra de Deus a essas bolhas infladas do orgulho do homem, e veja quanto disso tudo irá passar pelo teste. O que leio na Palavra de Deus acerca de todos esses métodos modernos associados com a obra de Deus? A Palavra fala de um caminho estreito e que são poucos os que o encontram, e nos fala de um pequeno rebanho ao qual o Pai dá o reino. São aqueles com pouca força que encontram a aprovação do Senhor – “Eu sei as tuas obras; eis que diante de ti pus uma porta aberta, e ninguém pode fechar; tendo pouca força, guardaste a Minha Palavra e não negaste o Meu nome” (Ap 3:8). – “Bem está, servo bom, porque no mínimo foste fiel, sobre dez cidades terás autoridade” (Lc 19:17). Madeira, feno e palha parecem grandes coisas antes do fogo – “E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, fenho, palha” (1 Co 3:12), – enquanto ouro, prata e pedras preciosas parecem pequenas. A recompensa de Deus está depois, e não antes do fogo. Não existe recompensa reservada para cinzas.


Os Exemplos de Deus

Se considerarmos o Senhor, os profetas e os apóstolos como exemplo, o que aprendemos de suas atividades para Deus? Vejo Jônatas e seu jovem escudeiro, com Deus, fazendo mais em uma noite do que Israel com seus exércitos em quarenta dias de atividade humana (1 Sm 14:1-16); e Davi com a ajuda de Deus usando apenas sua funda para derrotar Golias (1 Sm 17:31-51). O próprio Senhor Se contentou em tardar junto ao poço de Sicar para poder saciar a sede da alma de uma pobre, rejeitada mulher, ou ainda sacrificar Suas horas de sono para instruir a um fariseu sincero. Ele Se contentava em gastar um dia com um coletor de impostos desprezado, ou Se satisfazer, no final do ministério de Sua vida, meras cento e vinte pessoas esperando por Sua promessa em Jerusalém (At 1:15).

Filipe podia deixar seu trabalho em Samaria para ministrar Cristo a um homem solitário no deserto. Pedro podia caminhar de Jope a Cesaréia para pregar o evangelho a uma família (At 10:23). O grande apóstolo Paulo podia ministrar a um grupo de mulheres à beira-mar, ou declarar o caminho da salvação a um pecador solitário à meia-noite. No final da vida de Paulo, muitas das pequenas assembléias que foram o resultado do trabalho de sua vida podiam se reunir confortavelmente em casas particulares, e ainda assim Paulo nunca se justificou por não ter números maiores para apresentar. “Saudai também a igreja que está em sua casa. Saudai a Epêneto, meu amado, que é as primícias na Ásia” (Rm 16:5); “As igrejas da Ásia vos saúdam. No Senhor, muito vos saúdam Áquila e Priscila e, bem assim, a igreja que está na casa deles” (1 Co 16:19 – ARA); “Saudai aos irmãos que estão em Laodicéia, e a Ninfa, e à igreja que está em sua casa” (Cl 4:15); “E à nossa irmã Áfia, e a Arquipo, nosso companheiro, e à igreja que está em tua casa” (Fm 1:2).


Seu Dia das Coisas Pequenas

Agora, como Cristãos, à luz das Escrituras, devemos você e eu desprezar o dia das coisas pequenas? Não! Obedeçamos a palavra de Jeremias, quando ele disse: “Procuras tu grandezas? Não as busques” (Jr 45:5). Deus não considera algo de pouca importância ser fiel à Sua Palavra e fazer a Sua vontade em um dia quando Sua Palavra é deliberadamente ignorada e categoricamente desobedecida para se conseguir grandes números e espetáculos religiosos.

Considere ser de grande importância falar de Jesus àquele seu colega de escola, ou ao seu companheiro de trabalho. Dê um folheto evangelístico ao balconista do mercado, ao vendedor que bate à sua porta, ou à pessoa que está sentada ao seu lado no ônibus. Valorize muito à sua pequena classe de escola dominical. É melhor levar uma alma, como pecador perdido, para os pés de Jesus a fim de receber salvação, do que enganar mil pessoas levando-as a uma profissão vazia de fé. É muito melhor ouvir de nosso bendito Senhor o “Bem está”, por alguma pequena coisa feita corretamente, do que o aplauso do mundo e a repreensão do Senhor por grandes coisas que Sua Palavra claramente condena (Ap 3:15-18).

J.T.Armet (1859-1923)

 

ESPERANDO POR ELE


Corremos grande risco, hoje em dia, de perder de vista esta bendita verdade da esperança primária dos santos. “(Porque andamos por fé e não por vista)” (2 Co 5:7), diz o apóstolo, mas invertemos a ordem de Deus, e, ai! com frequência acabamos andando por vista e não por fé. A doutrina da “vinda do Senhor” (1 Ts 4:15), é aceita, mas quantos santos estão vivendo – e contentes por viverem assim – em uma condição praticamente oposta àquela que caracterizava os santos em Tessalônica. Eles haviam se convertido dos ídolos “a Deus, para servir ao Deus vivo e verdadeiro, e esperar dos céus a Seu Filho” (1 Ts 1:9-10).

Antes que o Senhor deixasse os tristes discípulos, deu-lhes a promessa de que voltaria outra vez: “E, se Eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para Mim mesmo, para que onde Eu estiver estejais vós também” (Jo 14:3). Os discípulos estavam tristes porque o seu Senhor iria deixá-los, no entanto, o que foi que o Senhor lhes deu para os elevar acima de suas próprias tristezas? Deu-lhes a esperança de que Ele voltaria. Ele não os deixaria para sempre aqui no lugar de Sua rejeição – no mundo que havia rejeitado a Ele, seu Senhor e Mestre. Eles não poderiam esperar ser tratados melhor do que o seu Senhor. “Se a Mim Me perseguiram, também vos perseguirão a vós” (Jo 15:20). E também, “Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes Eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos aborrece” (Jo 15:19).

Se todas as suas esperanças e expectativas quanto Àquele por Quem haviam deixado tudo terminassem aqui, então eles teriam continuado entristecidos, mas o Senhor revelou-lhes uma outra coisa. E era que Ele não os havia deixado aqui para que seguissem da melhor maneira que pudessem, em um cenário onde tudo era contrário a eles, e o inimigo de suas almas estaria se opondo a cada passo. Se esse fosse o caso, teria sido uma situação bem lamentável. O Senhor lhes disse que era necessário que Ele os deixasse por algum tempo. “Todavia, digo-vos a verdade: que vos convém que Eu vá; porque, se Eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se Eu for, enviar-vo-Lo-ei” (Jo 16:7).

Pela ausência do Senhor somos realmente ganhadores, pois Ele nos deu bênçãos que nunca teríamos possuído se Ele tivesse permanecido com Seus discípulos neste mundo. Ele Se foi para preparar um lugar para nós na casa do Pai, e breve Ele virá outra vez para levar-nos para estar com Ele. Quando não sabemos, e Seu desejo é que estejamos esperando por Ele. Esta é nossa esperança – Ele vai voltar. Ele nos deu a Sua Palavra: “Virei outra vez” (Jo 14:3).

Há uma coisa que dará à alma um desejo mais profundo pela volta do Senhor, e isto é um conhecimento mais profundo d'Aquele que vai voltar. Quem é Aquele que está vindo? O que foi que Ele fez por nós? Ele é o Filho de Deus que deixou a glória que tinha com o Pai desde a eternidade. Ele a Si mesmo Se humilhou, tomou a forma de Servo, foi visto caminhando aqui como um homem, o manso e humilde Jesus do qual está registrado: “Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a Tua vontade” (Hb 10:7). Sua vida foi de perfeita e constante obediência à vontade de Deus. Ele poderia dizer de Si mesmo, e Ele era o único que poderia dizer: “Eu faço sempre o que Lhe agrada” (Jo 8:29). Esta mesma obediência à vontade de Seu Pai o fez descer até ao pó da morte (Sl 22:15).

Ele foi um homem perfeito, o único homem perfeito que já viveu nesta Terra. Ele era justo, mas sofreu por nós os injustos. Ele não conheceu pecado, mas foi feito pecado por nós. Na cruz, Ele sofreu por nós quando ofereceu a Si mesmo sem mácula a Deus, “levando Ele mesmo em Seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro” (1 Pe 2:24).

Agora podemos dizer, “em Quem temos a redenção pelo Seu sangue, a remissão das ofensas” (Ef 1:7). Temos liberdade e ousadia para entrar no santo dos santos pelo sangue de Jesus. Podemos encontrar nosso mais profundo gozo e prazer na presença de Deus, porque o Seu sangue nos limpou de todo pecado. E Ele não apenas nos deu tudo que tinha – tudo o que Ele possuía, mas, bendito seja o Seu nome, Ele deu-Se a Si mesmo. Poderia Ele dar mais? Impossível! Assim, Ele não somente atendeu à nossas necessidades, mas também glorificou a Deus, e nos trouxe à presença de Deus tão perfeito quanto Ele é em Si mesmo. Somos “santos e irrepreensíveis diante d'Ele” (Ef 1:4).

Ele está agora sentado em glória à destra da Majestade nas alturas, e está aguardando pelo momento quando Ele virá e nos levará para estar para sempre com Ele, para desfrutarmos de Sua glória. Ele não estará plenamente satisfeito até que estejamos desfrutando da Sua presença, até que estejamos onde Ele mesmo está. Ele está aguardando ali e nós estamos aguardando aqui até que escutemos aquele “alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus” (1 Ts 4:16). Então os mortos em Cristo ressuscitarão, e nós seremos transformados, quando nossos corpos de humilhação forem conformados ao Seu próprio corpo de glória, e quando desfrutarmos d'Ele e da plenitude do Seu amor para sempre.

Pela graça de Deus, possamos manter esta bendita esperança sempre e constantemente viva diante de nossa alma, e estar em viva associação e comunhão com Ele próprio, enquanto passsamos por este mundo, não como pertencendo ao mundo, mas como aquele separado para o Senhor que Se entregou a Si mesmo por nós. Que possamos estar tão ocupados com Ele para ficarmos real e verdadeiramente esperando por Ele, aguardando e almejando ouvir a Sua voz quando “isto que é mortal se revesta da imortalidade”, e for “tragadaa morte na vitória” (1 Co 15:53-54).

Que Ele nos preserve e nos guarde de estar, em qualquer grau, na condição daquele “mau servo” que diz em seu coração: “O meu Senhor tarde virá” (Mt 24:48). E que possamos estar sempre e constantemente vigiando e esperando por Ele.

Porque, ainda dentro de pouco tempo, Aquele que vem virá e não tardará” (Hb 10:37 – ARA).

W.Scott (1838-1933)

 

PEQUENO ou GRANDE?


Os dias finais de cada ano, nos lembra que os dias finais da Cristandade aproximam-se rapidamente. A grandeza daquela que é chamada Babilônia em Apocalipse 17 e 18 torna-se agora cada vez mais evidente. Ela é vista nestes capítulos como uma mulher montada sobre a besta. Ela será vista como o grande sistema eclesiástico apóstata. Ela é chamada de Mãe das Prostituições. Observe que ela é chamada de “A grande Babilônia” (Ap 17:5).

Em agosto de 1993, o Papa João Paulo II, visitou as Américas do Norte e do Sul em uma grande exibição de grandeza e poder. No Estado do Colorado, a maior multidão já vista reunida naquele Estado foi vê-lo.

Nestes dias, há evidências cada vez maiores da chegada daquilo que é representado como um homem chamado “a besta” em Apocalipse 13. Este será o grande poder civil que se levantará do mar, que é um símbolo das massas, das multidões.

Este mundo, como sistema civil ou secular, está avançando em aperfeiçoamentos tecnológicos, atrativos e divertidos como nunca imaginado no passado. Embora Deus não tenha lugar nos planos do homem, ainda assim Ele permite que os homens descubram para si próprios coisas que sempre estiveram presentes na Criação de Deus, e que usem essas coisas para si mesmos, seja para o bem ou para o mal.

Em Apocalipse 13:4, é perguntado acerca da grandeza da besta, “Quem é semelhante à besta? Quem poderá batalhar contra ela?” Certamente tudo agora encontra-se movendo em alta velocidade em direção à plena revelação da mulher e da besta em suas variadas formas de grandeza e magnificência, o que, conforme a Palavra de Deus, precederá seu julgamento.

Em contraste com tudo isso, perguntamos: Há, na Palavra de Deus, qualquer indicação de que os santos, ou a verdadeira Igreja, alcançarão qualquer condição de beleza ou grandeza antes que chegue a hora do seu traslado? Tudo o que é apóstata deve ser grande e magnífico antes de seu julgamento. Mas o que dizem as Escrituras acerca do que é verdadeiro antes de sua remoção para a glória?

Lucas 12:32 diz: “Não temas, ó pequeno rebanho, porque a vosso Pai agradou dar-vos o Reino”. A palavra dita ao anjo da igreja em Filadélfia é: “Isto diz o que é santo, o que é verdadeiro, o que tem a chave de Davi, o que abre, e ninguém fecha, e fecha, e ninguém abre: Eu sei as tuas obras: eis que diante de ti pus uma porta aberta, e ninguém a pode fechar; tendo pouca força, guardaste a Minha palavra e não negaste o Meu nome” (Ap 3:7-8).

Aquilo que é pouco ou pequeno é o que é observado na verdadeira Igreja, antes de seu arrebatamento, para fora deste mundo, com destino à glória. A grandiosidade neste mundo será exibida nos dois sistemas apóstatas, o civil e o eclesiástico, justamente quando chega o seu julgamento.

C.Buchanan (1917-2012)

 

PERGUNTAS E RESPOSTAS


P. O que nos é ensinado, em Apocalipse, pelas sete igrejas?

R. Sete é o número de plenitude espiritual. Os capítulos 2 e 3 de Apocalipse nos dão uma cena completa do estado ou condição espiritual da Igreja como testemunho do Senhor aqui neste mundo, desde a época em que João escreveu, até o seu final, quando Cristo vier para buscar aquilo que Lhe pertence. Poderíamos dizer serem estas as características principais de cada uma delas: Éfeso, declínio; Esmirna, perseguição ou sofrimento por Cristo; Pérgamo, mundanismo; Tiatira, busca do poder secular; Sardes, religião formal; Filadélfia, reavivamento da verdade acerca da Pessoa de Cristo e Sua vinda; Laodicéia, indiferença ao clamor de Cristo. As quatro últimas seguem juntas até o final. Que o Senhor possa guardar nossos corações fiéis a Ele.

 

Notas:


1 “Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez, para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para a salvação” (Hb 9:28)

2 “Bem-aventurados aqueles servos a quem o Senhor, quando vier, os encontre vigilantes” (Lc 12:37 – ARA).

3 “Meu Senhor tarda em vir” (Lc 12:45 – ARA)

4 "Levando Ele mesmo em Seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas Suas feridas fostes sarados” (1 Pe 2:24)

5 N.T.: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em Mim. Na casa de Meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, Eu vo-lo teria dito, pois {Eu} vou preparar-vos lugar. E se Eu for e vos preparar lugar, {Eu} virei outra vez e {Eu} vos levarei para Mim mesmo, para que, onde Eu estiver, estejais vós também” (Jo 14:1–3)

6 N.T.: – Com o dia amanhecendo.

7 “Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento” (2 Pe 3:9 – ARA)

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