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Reunião de Irmãos - O que é, e o que não é

Atualizado: há 5 dias

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ÍNDICE


Os editores

          Young Christian, Volume 18, 1928

          F. G. Patterson – Words of Truth, Volume 6, 1871

          Questions and Answers on Scripture - Bible Treasure

          W. Kelly - Bible Treasure

          John Nelson Darby - Letters 2 - Dez/1872

          John Nelson Darby - Letters 2 - 11/02/1876

          John Nelson Darby - Letters 2 - 29/10/1877

          John Nelson Darby - Letters 2 - Out/1877

          C. O. A. - Bible Treasure, Volume 18

Prefácio

 

O que nos leva a trazer esse assunto diante dos irmãos é a percepção de uma interpretação um pouco equivocada quanto ao termo “a reunião de irmãos”, usado desde há muito tempo pelos irmãos reunidos ao nome do Senhor Jesus Cristo.

 

Parece haver uma tendência de se conferir a ela uma autoridade para “ligar e desligar” a qual o Senhor conferiu apenas à assembleia como um todo (Mt 18:18-20), o que pode levar a um espírito de clericalismo e dominação entre os santos reunidos, o que seria tão contrário ao coração do Senhor, quando disse claramente: “Não será assim entre vós” (Mt 20:25-28; Mc 10:42-45; Lc 22:25-27).

 

Com essa preocupação e desejo de que o assunto fique mais bem esclarecido, o termo foi pesquisado na biblioteca digital da Bible Truth Publishers e artigos foram selecionados e traduzidos, resultando na presente coletânea.


Nosso sincero desejo é que seja de auxílio para os irmãos reunidos ao nome do Senhor Jesus, especialmente àqueles que o Senhor tem capacitado para trabalhar entre os irmãos e “conduzir entre vós” (1 Ts 5:12 – JND) como o Senhor mesmo o faria.


“Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente” (1 Pe 5:2)

 

Os editores

Perguntas e Respostas

 

Pergunta: Quais reuniões são reuniões da assembleia onde podemos contar com a presença do Senhor Jesus em nosso meio? Por favor, deixe isso claro sobre quaisquer outras reuniões também.

 

C. M. S.

  

Resposta: Todas as reuniões organizadas pelos santos reunidos, onde todos, tanto irmãs quanto irmãos, estão presentes, são reuniões da assembleia com o Senhor no meio, como em Mateus 18:20.

 

A reunião do dia do Senhor para lembrar o Senhor em Sua morte, em adoração, é a mais elevada.

 

A reunião de oração vem em seguida; ali expressamos nosso interesse em tudo o que é d’Ele e desejamos misericórdias vindas da parte d’Ele.

 

A reunião de leitura é para instrução, mas contamos com Ele para nos ensinar por meio de quem Ele quiser. As irmãs devem ficar em silêncio.

 

Reuniões para pregações onde somente dois ou três são autorizados a falar (1 Co 14:29), ali também devemos esperar no Senhor por Seu ministério.

 

Reuniões para disciplina, convocadas especialmente pela assembleia, também devem ser realizadas na presença do Senhor como nossa autoridade, esperando em oração n’Ele o que deve ser feito em Seu nome (Mt 18:18-20; 1 Co 5:7, 12-13).

 

As reuniões de irmãos são úteis para tratar de assuntos administrativos, para considerar questões que possam surgir, para obter informações que precisem ser trazidas diante da assembleia, mas eles não têm autoridade para agir. Sua ação, se houver alguma, não é o ato da assembleia. Portanto, devemos ter cuidado para não invalidar a autoridade do Senhor Jesus no meio de Seus santos reunidos. Reuniões de irmãos não são reuniões da assembleia.

  

Young Christian, Volume 18, 1928

Notas e Consultas Bíblicas

 

P. J. F.

 

J. H. Há muito tempo temos entre nós a prática de que aqueles que se interessam pelos assuntos da assembleia se reúnam para conferir e deliberar sobre assuntos que lhes são apresentados antes de submetê-los à assembleia reunida. Alguns poucos se opõem totalmente à “reunião de irmãos”. Dizem que tudo deve ser apresentado à assembleia sem qualquer reunião prévia.

 

A experiência nos ensinou que fomos preservados de problemas e tristezas por termos tido certos assuntos discutidos apenas pelos irmãos antes de apresentá-los à assembleia.

 

Alguns insistem na presença de irmãs em tais reuniões preliminares, ou que elas sejam deixadas de lado completamente, fazendo-se tudo à mesa do Senhor depois do partimento do pão .

 

Nosso desejo é sermos guiados pela Palavra de Deus, e eu me sentiria grato se você me concedesse seu julgamento sobre esta questão.

 

Resposta: Acredito que sua prática seja correta quanto à reunião daqueles que se importam com a Igreja de Deus para analisar casos de disciplina, e daqueles que buscam comunhão, os casos de necessidade e vários assuntos nos quais cuidado e supervisão piedosos são necessários.

 

Na Escritura, encontro que havia um corpo tecnicamente chamado de os anciãos ou o presbitério (πρεσβυτέριον), dentro da assembleia. Sem dúvida, nos dias apostólicos, aqueles que compunham este corpo podiam ter sido nomeados pelos apóstolos ou seus representantes; mas ainda assim, havia um corpo reconhecido que agia em conjunto – não meramente homens ou anciãos individualmente, mas um corpo assim denominado. Veja 1 Timóteo 4:14 . Tal corpo era conhecido entre os Judeus. Veja Lucas 22:66: “os anciãos do povo”, “o conselho dos anciãos” em Atos 22:5; ambos tendo o mesmo significado de um conjunto dos anciãos ou presbitério, embora, é claro, diferentes em constituição.

 

Creio que há muito sendo feito por tais reuniões agora, compostas por aqueles que se importam com a Igreja, e que possuem a confiança dos santos e uma aptidão para tal ocupação. Muitos casos, cujos detalhes seriam danosos se mencionados diante dos jovens e das mulheres, têm sido discutidos ali diante do Senhor; o caso foi cuidadosamente examinado em todos os aspectos, e embora nenhuma ação de disciplina ou de recepção tenha sido tomada, nem poderia ser à parte dos santos reunidos, ainda assim o caso é amadurecido e, assim, apresentado, de uma forma que a sensibilidade não seja escandalizada, onde tal situação possa existir.

 

Pode também acontecer que muitos casos não precisem ir além; a repreensão pessoal feita pelo “espiritual”, a intervenção de dois ou três, pode salvar tudo isso, e poupar o nome do Senhor da afronta, bem como a assembleia, da mais dolorosa de todas as ações – o exercício da disciplina e o ser colocado fora de comunhão, fora de seu meio. Casos de necessidade, também, onde isso possa ser suprido com a graça serena do Senhor, são poupados de exibição e coisas do tipo:

 

As “irmãs” não têm absolutamente nada a ver com tais reuniões. Elas têm seu próprio lugar definido plenamente na Escritura e não devem exercer autoridade. Mas nenhuma ação, repito, pode ser tomada por tal reunião à parte dos santos reunidos.

 

Os casos são examinados, e a assembleia, tendo confiança naqueles que amam o cuidado da Igreja, recebe os testemunhos deles e age de acordo com as evidências e sabedoria deles, sendo que o assunto exige apenas o testemunho adequado de duas ou três testemunhas fiéis quanto ao verdadeiro rumo do caso.


F. G. Patterson – Words of Truth, Volume 6, 1871

Perguntas e Respostas sobre as Escrituras

Agir sem informar a Assembleia 

 

Pergunta: Alguns irmãos, que permanecem na reunião semanal para consulta, geralmente após a reunião de oração, têm o poder para agir pela “assembleia”, digamos, no caso de se colocar alguém fora de comunhão, sem convocar explicitamente uma reunião da “assembleia”? E se um irmão sente que não pode concordar com um julgamento assim feito, ele está errado em dizer isso na mesa do Senhor, no caso de tal julgamento ser lido ali?

 

J. K.

 

Resposta: Estou ciente de que, quando as assembleias são pequenas, e mais raramente nas maiores, pode haver falta de cuidado quanto a informar os santos sobre uma reunião para considerar um caso de disciplina que parece exigir que um irmão seja colocado fora de comunhão. Isso não deveria acontecer.

 

Mas se “alguns irmãos” permanecerem ao final de uma reunião da assembleia (seja no dia do Senhor ou durante a semana), e se estiverem de um mesmo parecer, o caso pode ser tão claro (especialmente porque muitos poderiam estar ali presentes se quisessem) a ponto de justificar que o apresentem imediatamente à assembleia no partimento do pão. Somente se soubessem de uma divergência honesta de opinião (pois não se levam em conta membros do partido, parentes, etc.) entre irmãos, eles deveriam juntos buscar o Senhor a esse respeito; pois a discussão em tal momento é extremamente indesejável, assim como sempre é a pressa. Devem, portanto, em tal caso, convocar uma reunião, ou pelo menos anunciar em uma reunião geral (não em uma leitura ou outra reunião em uma casa particular) que os santos são solicitados a permanecer para considerar um caso de disciplina.

 

Se houve irregularidade a esse respeito, um irmão poderia corretamente dizê-lo, cuidando primeiro dos fatos e de seu próprio espírito, na maneira como é apresentado aos santos, a fim de evitar a aparência odiosa de oposição facciosa ou de outra conduta imprópria. Mas, sem dúvida, um julgamento formal deve ser alcançado pela assembleia, não por alguns em nome dela; e, portanto, ainda é possível, mesmo no último momento, pedir a suspensão da ação se o caso não estiver totalmente claro. Os “alguns poucos” podem chegar a um julgamento sensato e ser usados por Deus para despertar a todos para a gravidade do caso e a vontade do Senhor a respeito dele; mas devem ser usados meios adequados para que a assembleia ouça antes que o julgamento seja proferido, de modo a satisfazer a todos e dar ocasião para corrigir os erros que são muito possíveis em um mundo como este. Em um caso perfeitamente claro, ouvir os fatos é suficiente; e o julgamento pode seguir imediatamente. A demora técnica no julgamento em tais circunstâncias é indigna da Igreja, embora possa convir ao mundo e aos advogados.

 

Questions and Answers on Scripture - Bible Treasure

Responsabilidades e Deveres Atribuídos à “reunião de irmãos” e à “Assembleia”

 

Caro irmão, você poderia gentilmente responder, em uma edição futura, às seguintes perguntas?

 

Pergunta 1:  O que é conhecido entre nós como uma “reunião de irmãos” tem o direito de ser considerada como representante da “assembleia”, de modo que seus atos devam ser considerados como atos da “assembleia”?

 

Pergunta 2: Qualquer reunião, da qual alguém em comunhão (homem ou mulher) esteja formal ou tacitamente excluída, tem o direito de ser considerada como “a assembleia” ou como representante dela?

 

Pergunta 3: Devo deduzir corretamente, de sua publicação de maio, que você consideraria a “reunião de irmãos” uma simples reunião daqueles na “assembleia” que “exercem a liderança”, para cooperação e aconselhamento em questões de detalhes que não exigem ação direta da assembleia? E que, nos casos em que (agindo no espírito de Mateus 18:15-16) se mostraram incapazes de corrigir o mal, e medidas extremas parecem ser necessárias, a única função que lhes resta é relatar o problema à “assembleia” para ser tratado ali?

 

Pergunta 4: Seria apropriado que os “irmãos”, ao apresentarem um caso da natureza acima perante a “assembleia”, o expusessem da seguinte maneira: que haviam examinado o caso e estavam convencidos de que o mal requeria uma ação de exclusão, e que, portanto, tal pessoa já não estaria mais em comunhão? Ou deveria assumir algo como o seguinte: que tal caso havia estado diante dos irmãos; que eles tinham estado investigando os fatos e estes foram achados conforme lhes foram denunciados; que eles haviam esgotado os esforços para retificar o assunto e que agora, como último recurso, eles apresentam o caso perante a “assembleia” para sua determinação?

 

Pergunta 5: Neste último caso, deve-se esperar da “a assembleia” que ela trate o caso imediatamente, simplesmente com base no relato e no conselho dos irmãos, ou deve-se conceder tempo (exceto em casos de notoriedade ou pressa imperativa) para que indivíduos na “assembleia” que o desejassem pudessem se informar, em particular, antes de assumirem as responsabilidades da ação diante do Senhor?

 

Pergunta 6: O reconhecimento de uma “reunião de irmãos” como representante da “assembleia” não seria um retorno ao “sistema”? – o próprio princípio de uma “kirk Session”? [1]

[1] N. do T.: Uma “kirk Session” é uma sessão (do latim sessio, que significa "sentar-se", no sentido de sentar-se para deliberar ou discutir algo; às vezes chamada de consistório ou conselho da igreja) é um corpo de presbíteros eleitos que governa uma igreja local dentro da estrutura de governo presbiteriana.

 

Resposta: Uma reunião daqueles que se dedicam ao ministério dos santos pode, com razão, consultar e decidir sobre assuntos que dizem respeito à obra do Senhor e aos santos, exceto em casos como recepção ou por fora de comunhão, onde, segundo a Escritura, a assembleia como tal é chamada a agir. Mas não conheço nada sobre uma reunião, mesmo de anciãos, que possa ser considerada representativa da assembleia.

 

Há ação individual, ação conjunta e ação da assembleia: cada uma verdadeira, importante e sancionada pelo Senhor; mas uma não representa a outra. A assembleia, em si mesma, é e implica o lugar de todos, irmãos e irmãs, com o Espírito agindo livremente em seu meio para manter a glória e a vontade do Senhor. Mas uma reunião de homens que lideram entre os irmãos é de grande valor, substancialmente do presbitério em princípio, ainda que não agora em nome; pois é prejudicial estar sempre ocupando a assembleia com perguntas – o resultado natural de homens que desejam colocar a assembleia contra o ministério e, assim, naturalmente usá-la para sua própria importância pessoal. Mas nenhum indivíduo, por mais capacitado que seja, pode agir pela assembleia, embora possa ser útil à assembleia, capacitando-a a julgar perante o Senhor, e possa representar moralmente a assembleia aos olhos do Senhor, para louvor ou censura.

 

Em geral, também, os casos de mal, que são corretamente apresentados a todos, são tão claros que não deixam hesitação. Ainda assim, há ocasiões em que a assembleia pode exigir mais tempo ou evidências antes do ato extremo de “tirar do meio”; nem se deve apressar a assembleia a tomar medidas precipitadas por indivíduos que pensam que o único remédio para todo mal (o ponto mais forte de sua própria falta de sabedoria e poder) é a exclusão.

 

Em cada caso, a assembleia deve ponderar com seriedade e calma, mas no sentido de sua própria responsabilidade para com o Senhor, e não como mero grupo executivo de anciãos ou líderes, que estão sujeitos a fraquezas de vários tipos; a assembleia tem a presença do Senhor para contar com Ele de uma maneira bastante peculiar e está sujeita diretamente a Ele somente. A questão de agir imediatamente ou não depende inteiramente da natureza do caso; nunca deveria se degenerar em uma especulação, mas ser o fruto de um julgamento consciente em liberdade diante de Deus.

 

Agir simplesmente sob o julgamento de um suposto representante seria um ato presbiteriano, não como a Igreja de Deus; a assembleia agir apenas por si mesma seria congregacional. É a Igreja de Deus; e na atual ruína, o Senhor graciosamente confere a mesma validade até mesmo a “dois ou três” reunidos em Seu nome. Se a representação se encaixa corretamente, é aqui: em certo sentido, a assembleia local representa a Igreja em todos os lugares; e a Igreja em todos os lugares, em todos os casos ordinários, age sob o julgamento da assembleia local. É a presença do Senhor em seu meio que lhe confere tal peso. A ação da Igreja, de outra forma, é humana.

 

W. Kelly - Bible Treasure

Ação da Assembleia e Consciência; Reunião de Irmãos; Queda Exterior e Não o Início do Mal; Tendência da Obra; Exclusão da Comunhão 

2 Coríntios 7:11

 

Querido irmão,

 

Uma queda que exija que alguém seja colocado fora de comunhão não é o início do mal em um Cristão: a alma deve ter se tornado fraca em sua comunhão, não tendo permanecido próxima de Deus. Não depende de sinceridade nesses casos. Levado pela corrente da obra que está diante dele, ele não se coloca suficientemente diante de Deus, não se julga, não está nu diante de Deus e está ocupado com a obra em vez de estar ocupado com Ele; o coração não é sondado, e ele não se conhece, não sabe se está em comunhão com o Senhor ou não. Se o coração fosse colocado diante d’Ele, ele logo descobriria que não está em comunhão e buscaria Sua face. Uma pessoa faz a descoberta do mal, ou em sua raiz diante de Deus, ou em seus frutos diante de Satanás, e se a primeira alternativa for negligenciada, a segunda acontece mais cedo ou mais tarde; e é uma agonia para a alma ter desonrado o Senhor. Espero pelo menos que outros temam e estejam em guarda.

 

Mas há um ponto que, em grande medida, me leva a escrever. Parece, pela sua carta, que foi a reunião dos irmãos que trabalham na obra que pronunciou a colocação da pessoa fora de comunhão. Ora, não questiono de forma alguma a retidão do ato; mas é a assembleia à qual ele pertencia habitualmente, ou aquela onde sua queda foi cometida, que deveria ter feito a exclusão da comunhão. Que os obreiros se recusassem a trabalhar na obra com ele, está bem, embora a assembleia tivesse se recusado a colocá-lo fora; mas uma reunião dos irmãos obreiros não é a assembleia, e a diferença prática é esta: que a consciência da assembleia não é purificada. Paulo compeliu a assembleia em Corinto a tirar dentre eles o homem incestuoso, a fim de que ela fosse verdadeiramente uma nova massa, e depois disse-lhes: “Em tudo mostrastes estar puros neste negócio”. Se a assembleia não se sentir em condições de fazê-lo, isso coloca os irmãos sob sua própria responsabilidade, e se eles chamarem outros irmãos experientes para ajudar, está tudo bem, pois o corpo é um; mas é a assembleia que exclui para que se purifique a si mesma, e isso é de suma importância; é a parte essencial da disciplina, e pode ser que os obreiros não fossem as pessoas mais adequadas para isso.

 

Tenho observado essa tendência um pouco na França, e isso não coloca as assembleias diante de Deus na consciência de sua própria responsabilidade, que é de suma importância. Creio que a assembleia em ______, pelo menos tacitamente, ratificou a sentença pronunciada, e que nosso pobre irmão se submeteu a ela. Tanto melhor, pois não é para enfraquecer isso que escrevo. O que ele precisa fazer é humilhar-se profundamente diante de Deus, e também diante dos irmãos, para que sua alma seja restaurada. Seria o pior sinal se ele tentasse escapar do julgamento pronunciado por causa de sua forma: isso me tiraria qualquer esperança, em seu caso, de uma rápida restauração.

 

Escrevo como uma advertência geral em relação ao que me parece importante. O que os irmãos precisam fazer agora é buscar sua restauração, mas quero dizer com isso uma verdadeira restauração de sua alma. Acredito que ele seja sincero e que sua consciência não tenha perdido a sensibilidade. Mas há mais do que isso no verdadeiro arrependimento – estar diante de Deus quanto ao assunto do que se fez e quanto à desonra cometida ao nome do nosso precioso Senhor. Procurem reconduzir a alma dele por este caminho. Ele compreenderá melhor a graça depois, se retornar assim, e quanto mais rápido, melhor; o coração se acostuma ao afastamento.


Chicago, Dezembro de 1872

John Nelson Darby - Letters 2

Ação da Assembleia e Consciência; Reunião de Irmãos; Serviço de Evangelização

 

Agora espero ir a Melbourne. Falam de alguma conferência por ocasião da Páscoa, e espero estar lá. Não pretendo ir além de Melbourne, a não ser que, se for para São Francisco, talvez eu vá para Sydney, de onde parte o navio; mas devo estar a caminho da Inglaterra.

 

Quanto ao assunto da sua carta – evangelização –, eu certamente procuraria servir nisso e promovê-la de todas as maneiras possíveis. E posso entender perfeitamente que uma assembleia, não tendo alguém com o dom de pregar, mas desejosa de alcançar almas com amor por elas, busque que a pregação seja realizada e ajude aqueles que a realizam, e – quero dizer, se a porta estiver aberta no lugar onde eles estão. Mas não considero como bíblico a expressão “nosso evangelista”. O evangelista é servo do Senhor somente, embora a empatia dos irmãos seja extremamente feliz e desejável. Isso é apenas o antigo plano denominacional, como que – “a assembleia pediu para que ele pregasse o evangelho por eles”.

 

A reunião de alguns que cuidam dos santos e os servem é muito desejável, mas eles não podem atuar como a assembleia, embora possam servi-la de todas as maneiras. Esta questão surgiu na Nova Zelândia. Eles haviam adquirido esse hábito; de modo que a consciência da assembleia como tal não era exercitada. Se o piedoso cuidado pelas almas for exercido por aqueles que assim se reúnem, pode ser o meio de poupar a assembleia de muitos detalhes incômodos; mas no que diz respeito à consciência da assembleia, aí o assunto deve ser apresentado à assembleia, para que a consciência da assembleia possa estar correta diante de Deus. Este hábito de alguns poucos julgarem pela assembleia (nominalmente avisando para reunir os irmãos) tornou-se bastante comum na Nova Zelândia, resultando em deixar isso para dois ou três, muitas vezes para um de mente mais ativa; mas temos o assunto diante de nós, para que a consciência da assembleia possa estar em exercício quando for chamada. No ato de exclusão, isso é sempre assim, embora a investigação e a obtenção dos verdadeiros aspectos morais do caso, irmãos piedosos e sérios possam ser muito úteis aqui também.

 

Não tenho dúvidas de que o caso em ______ é uma prova do dano que há em abrir a porta dessa maneira, porque a pessoa naturalmente adquire influência e tudo fica frouxo; mas “nosso evangelista” é em si uma mera posição da igreja dissidente e não reconhece os dons no corpo, cada um servindo ao Senhor em seu próprio lugar, segundo a graça dada.

...

Seu afetuoso irmão em Cristo.

 

Wellington, Nova Zelândia, 11 de fevereiro de 1876

 

John Nelson Darby - Letters 2

Reunião de Irmãos 

1 Coríntios 16:15

 

Em reuniões convocadas para o exame de casos de disciplina, eu insistiria formalmente que as irmãs sejam excluídas. Se elas estivessem presentes, eu mesmo não iria. É totalmente contrário à Palavra de Deus e tão indecoroso quanto não bíblico. Como examinar certos casos com irmãs jovens presentes? Seria uma vergonha para elas desejarem isso. Além disso, a Palavra é clara. De minha parte, não considero muito desejável que todos os irmãos estejam presentes. Se houver alguns irmãos sábios, que se ocupam habitualmente do bem das almas, verdadeiros anciãos dados por Deus, e que isso não seja algo oficial, mas conforme 1 Coríntios 16:15-16, isso é melhor do que todos os irmãos; por que assim fica mais evidente de que não se trata da assembleia, o que não é igualmente claro quando todos os irmãos estão presentes: e o perigo de uma reunião de irmãos é que eles se considerem a assembleia ao decidir.

 

Mas uma assembleia inteira não pode investigar os fatos e a natureza dos fatos: dois ou três devem fazer isso. Quando todas as informações tiverem sido obtidas e o assunto ponderado diante de Deus, eles comunicam o resultado a que chegaram, e é a assembleia que decide: se ninguém disser nada, o assunto está decidido. Se um irmão de peso fizesse uma objeção, ou se tivesse algo a comunicar, ou soubesse de qualquer circunstância que pudesse lançar luz sobre o assunto, eles poderiam esperar ou reinvestigar o assunto. Se for apenas uma oposição insignificante, a assembleia pode tratar facilmente com ela. Já vi um caso assim. Se for alguém que defende o mal que foi julgado, ele próprio se torna objeto de julgamento (2 Coríntios 10:6).

 

Duas coisas tornam necessário que a ação seja a da assembleia: primeiro, porque é ali que Cristo está; segundo, porque é a assembleia que se purifica a si mesma (1 Coríntios 5; 2 Coríntios 7:11). É realmente impressionante que essa questão tenha surgido em tantos lugares, na Nova Zelândia e em outras partes distantes do mundo – não na Inglaterra, que eu saiba.

 

29 de outubro de 1877

 

John Nelson Darby - Letters 2

Reunião de Irmãos ; Lugar da Mulher na Obra; Dissidência em Casos de Disciplina

2 Coríntios 7:11

 

Eu prezo muito a manutenção da responsabilidade das assembleias, um princípio que, no meu entendimento, é muito importante. Alguém pode ajudá-las, mas a consciência da assembleia deve agir. No caso de que você fala, o exercício da disciplina foi desnecessariamente complicado: mas a coisa foi feita, se a reunião dos irmãos, tendo decidido o que deveria ser feito, apresentou o resultado à assembleia, reunida como tal, de modo que foi dada oportunidade para qualquer observação. Mas a assembleia deve purificar-se a si mesma, e uma reunião de irmãos não é a assembleia. Não desejo nem um pouco que as irmãs falem; nunca vi uma mulher tomar parte nos assuntos da Igreja sem causar dano. Elas são abençoadas e muito úteis em seu lugar, mas esse lugar não lhes pertence.

 

Uma decisão tomada por alguns irmãos em nome da assembleia pode se tornar uma terrível tirania e não purifica a consciência da assembleia. Todos os irmãos podem ter se unido para uma questão de disciplina, eu admito; mas, afinal, a investigação, se necessária, é feita por alguns – só que alguns não podem exercer a disciplina nem pronunciar que a pessoa está fora de comunhão: isso não seria 1 Coríntios 5:13, nem 2 Coríntios 7:11. O objetivo do apóstolo era despertar a consciência da assembleia. O melhor é que alguns irmãos sérios se informem dos fatos, assegurando-se de obter o assentimento dos irmãos que têm mais peso na assembleia, e que então o assunto, estando maduro, seja levado perante a assembleia; apenas, garantindo que haja plena liberdade para todos os irmãos, se necessário, possam fazer suas observações. Se nada for dito, o assunto está concluído; se algum irmão sério tiver dificuldades, eles esperam: se for apenas estado de espírito, a assembleia o julga e segue em frente; Se não puder fazê-lo, então é o estado da assembleia que exige atenção. Quando os irmãos que estão a par dos fatos têm julgado ser necessário colocar fora de comunhão, resta apenas apresentar à assembleia a conclusão a que se chegou e, se nada for dito, a coisa está feita. A experiência me ensinou a temer a dominação de indivíduos tanto quanto a inveja de um espírito radical; a consciência de todos deve ser exercitada, e o encargo do indivíduo é despertá-la, como a dos Coríntios foi despertada pela primeira epístola de Paulo.

 

Outubro de 1877.

 

John Nelson Darby - Letters 2

Sobre Recepção

 

Sentindo cada vez mais nossa responsabilidade em receber à Mesa do Senhor, desejo fazer algumas observações sobre o assunto. Certamente, o desejo do nosso coração é que não mantenhamos ninguém afastado desnecessariamente, nem admitamos alguém que o Senhor não queira que esteja ali; porque devemos receber “como também Cristo nos recebeu para glória de Deus” (Rm 15:7). Assim, o bendito Senhor, que sabia que sentiríamos essa grande responsabilidade, nos deu esta preciosa promessa em conexão com isso: “vos digo que, se dois de vós concordarem na Terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por Meu Pai, que está nos céus” (Mt 18:19). Sempre nos valemos dessa promessa quando recebemos? A falta de tal dependência não poderia ser, muitas vezes, a fonte de problemas depois? Mas não desejo agora entrar na questão de quem deve ser recebido, mas sim tentar definir, a partir da Palavra de Deus, quem detém a autoridade para receber e como a recepção é realizada. Escrevo por causa de algumas pequenas diferenças de pensamento e com o desejo de que sejamos “unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer” (1 Co 1:10).

 

Parece-me então que a Palavra nos ensina que a responsabilidade de receber recai sobre a assembleia (traduzida como “Igreja” na versão ACF). A assembleia liga e desliga (Mt 18:18); julga os que estão dentro (1 Co 5:12); tira de seu meio (1 Co 5:13); e perdoa, depois que a punição infligida produziu o efeito desejado (2 Co 2:6-7). Para os indivíduos está escrito: “Não julgueis, para que não sejais julgados” (Mt 7:1). Onde está, então, a autoridade para julgar? Ela é investida na assembleia quando reunida com o Senhor no meio. “Em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, juntos [estando juntamente reunidos – JND] vós e o meu espírito, pelo poder [com o poder – ARA] de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Co 5:4). Com um júri o princípio é o mesmo. Há autoridade quando juntamente reunidos como um júri, a qual os indivíduos não possuem. A comparação é imperfeita, mas apresenta o princípio de quando e onde está a autoridade.

 

A responsabilidade da assembleia é local – “onde (= em que lugar) dois ou três estão congregados em [para o – JND] Meu nome” (Mt 18:20 – TB). “Dize-o à Igreja” (Mt 18:16), significa, é claro, a reunião local. Cada reunião deve agir por si mesma, embora, é claro, não agindo de forma independente, mas em unidade. Os dons pertencem a toda a Igreja, e os irmãos podem ir ao local para exortar, ensinar, admoestar e coisas semelhantes; mas os coríntios precisam se purificar a si mesmos. “Em tudo mostrastes estar puros neste negócio” (2 Co 7:11).

 

Assim acontece agora com os poucos reunidos, como no princípio. Alguns amados irmãos que argumentam que, por pertencerem ao único corpo, estão corretos em assumir a responsabilidade de receber ou rejeitar em qualquer localidade onde haja reuniões, não percebem, tenho certeza, o resultado de tal conduta. Temos visto isso acontecer para nossa vergonha e tristeza. Daí a importância de insistir na ordem da Palavra de Deus, que claramente designa a autoridade (Mt 18:18-20; 1 Co 5:4-5, 12-13). Quanto ao perigo de usar a doutrina da unidade do corpo para se opor à responsabilidade local, doutrinas essas que estão em perfeita harmonia na Palavra, espero, com sua permissão, caro Sr. Editor, fazer algumas observações em uma ocasião futura.

 

Mas ouço alguns dizerem: “Por que tanto alvoroço? Se o Sr. Fulano de Tal está satisfeito, nós também estamos satisfeitos”. Respondo: Sem dúvida, tal pensamento, ou o desejo de evitar responsabilidades, foi o que o originou, foi uma das causas da existência do “nosso Ministro”, que faz todo esse tipo de coisa por nós, aparecer nos dias de hoje. No entanto, está escrito: “faça-se tudo decentemente e com ordem” (1 Co 14:40). Oh! Se a ordem de Deus tivesse sido observada desde o princípio, de quantos problemas o Seu povo teria sido poupado!

 ....

 Atenciosamente, n’Ele,

 

C. O. A. Bible Treasure, Volume 18

 

 



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