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Tempo e Eternidade (Janeiro de 2020)


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Revista mensal publicada originalmente em janeiro/2020 pela Bible Truth Publishers

 

ÍNDICE


Tema da Edição

W. J. Prost

W. J. Prost

W. J. Prost

C. H. Mackintosh (adaptado)

W. J. Prost

P. Wilson (adaptado)

The Young Christian, Vol. 23

J. G. Deck


 

Tempo e Eternidade


Deus não habita no tempo, mas na eternidade: “Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade e cujo nome é Santo: Em um alto e santo lugar habito” (Is 57:15). O tempo foi criado para o primeiro homem, Adão, e sua raça, na qual todos nós nascemos. A menos que nasça de novo, um homem vive apenas no tempo, sabendo que seu tempo terminará na morte, pois tudo o que está ligado à primeira criação terminará na morte. Tal homem pelo santo julgamento de Deus é lançado juntamente com a morte e o Hades no lago de fogo, que é a segunda morte. (N. do T.: A morte é o que retém o corpo e o Hades é o que retém o espírito e a alma dos que partiram deste mundo). Nesse estado ele permanecerá na eternidade. O crente nasce de novo, recebe a vida eterna e participa com Cristo, o último Adão, em uma nova criação que é projetada para a eternidade com Deus. O tempo é apenas o meio que Deus está usando para realizar Seu propósito eterno: “o mistério, que, desde os séculos, esteve oculto em Deus, que tudo criou; para que, agora, pela Igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus, segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Ef 3:9-11). Agora, nós que temos vida eterna e pertencemos a uma nova criação, devemos viver com a visão que Deus tem do tempo.


Tema da edição

 

O Conceito e Criação do Tempo


Todos estamos muito bem cientes do tempo e usamos constantemente a palavra em nosso falar, pois vivemos e nos movemos em um mundo caracterizado pelo tempo. No entanto, se começarmos a falar sobre isso para tentar defini-lo, podemos achar difícil essa tarefa. Embora uma boa definição de tempo possa ser bastante complicada e ilusória, o dicionário Webster define o tempo como “o período medido ou mensurável durante o qual uma ação, processo ou condição existe ou continua”. Essa definição é razoável, mas muitos acham que não abrange todos os aspectos do tempo. Ao longo dos séculos, muitos cientistas e filósofos debateram o significado do tempo, e não é nosso objetivo entrar em detalhes sobre seus pensamentos. No entanto, gostaríamos de salientar que diferentes culturas geralmente têm ideias muito divergentes sobre o tempo e seu significado. Por exemplo, o mundo ocidental geralmente olha o tempo de maneira linear, mas no Oriente ele é mais frequentemente visto como cíclico ou circular. Isto é especialmente verdade onde religiões orientais, como o hinduísmo e o budismo, são dominantes. A mente ocidental quer fazer as coisas, enquanto a mente oriental olha mais para a qualidade da interação do que para a quantidade. Outras culturas parecem estar a meio caminho entre essas duas, talvez enfatizando a multitarefa, em vez de se concentrar em fazer uma coisa de cada vez. Além disso, o homem, às vezes, se faz de bobo quando considera o tempo. Há alguns anos, o Dr. George Wald, da Universidade de Harvard, escreveu um artigo sobre “A Origem da Vida” (que foi publicado no periódico Scientific American) defendendo a geração espontânea da vida. Aqui está a explicação dele:


“Por mais improvável que consideremos esse evento [a origem acidental da vida], ou qualquer uma das etapas que ela envolve, se houver tempo suficiente, isso quase certamente acontecerá […] O tempo é de fato o herói da trama [...] Dado tanto tempo, o impossível se torna possível, o possível se torna provável e o provável praticamente certo. É preciso apenas esperar, o próprio tempo realiza os milagres”.


Quase não precisamos comentar sobre a ridícula falta de lógica nesse raciocínio, e somos lembrados em Romanos 1:22: “Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos”. Quando o homem abandona a Deus, não é incomum que ele perca até o seu bom senso. Como alguém comentou apropriadamente: “Falamos de bom senso, mas o homem esquece que é Deus Quem o deu e Deus Quem mantém isso para ele”. Quando o homem descarta Deus como sendo irrelevante em seu mundo moderno, Deus pode permitir que ele veja o fim abismal de seu curso, na perda de sua razão.


A visão bíblica do tempo

Quando nos voltamos para a Palavra de Deus, encontramos a revelação clara e definitiva sobre o tempo, como veio a existir e quanto tempo durará. As Escrituras apoiam claramente uma visão linear do tempo, embora reconheçam que os eventos que aparecem neste mundo às vezes são cíclicos. Lemos em Eclesiastes 3:15 (JND): “O que é, há muito tempo já o foi e o que deve ser, já tem sido; e Deus traz de volta o que é passado”. Mas devemos lembrar de que Eclesiastes apresenta uma visão do mundo como “debaixo do Sol”; isto é, traz diante de nós um mundo visto através dos olhos do homem natural e, portanto, a aparente futilidade e nulidade de tudo o que este mundo tem a oferecer. Sem a revelação da Palavra de Deus, o mundo realmente parece cíclico e os mesmos eventos parecem ocorrer repetidamente.


O fim dos tempos

Mas o mundo nem sempre será assim, nem o tempo existirá indefinidamente. O próprio Senhor Jesus falou do “último dia” (Jo 12:48), enquanto Paulo falou do tempo em que o Senhor Jesus entregará o reino a Deus Pai, usando as palavras: “Depois, virá o fim” (1 Co 15:24). Ambos são uma clara referência ao fim do que chamamos de tempo. O tempo pode ser representado como uma era histórica, começando com a criação atual e terminando com os últimos julgamentos no final do Milênio, quando a atual ordem mundial será encerrada (veja 2 Pe 3:10-13). Deus criou o tempo como um parêntese na eternidade, durante o qual Ele está usando este mundo como o teatro para honrar e glorificar a Seu Filho amado, bem como para trazer os crentes à bênção. Alguém expressou isso bem: “Todo o tempo foi uma espécie de parêntese na eternidade, no qual tudo o que estava eternamente na mente e no caráter de Deus, operado na Terra durante o tempo, deve ser trazido em seus gloriosos resultados e manifestação – Sua glória e sua realização no Filho na eternidade futura”. Quando este mundo atual, e também o tempo, tiverem cumprido seu propósito, eles serão dispensados e a eternidade seguirá novamente.


A eternidade passada

Antes da criação deste mundo, não podemos falar de tempo, mas devemos usar o termo “a eternidade passada”. Não podemos falar de tempo, a menos que haja algo pelo qual possamos medi-lo, pois, sem nenhuma medida, o conceito de tempo não tem sentido. Assim, Deus criou dia e noite (Gn 1:5), e mais tarde criou o Sol e a Lua, dizendo: “Sejam eles para sinais e para tempos determinados e para dias e anos” (Gn 1:14). O tempo havia começado, pelo menos nesta criação atual, e o homem seria capaz de medi-lo, pois Deus o havia dado os meios para fazê-lo. Finalmente, o homem foi criado, e ele recebeu privilégios e responsabilidades em um mundo limitado pelo tempo.


Embora o homem viva em um espaço de tempo no mundo e tenha uma mente limitada pelo tempo, é claro na Escritura que ele foi feito para a eternidade. Está registrado que “Deus [...] soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” (Gn 2:7). Ao contrário de todo o resto do reino animal, o homem tem um espírito – uma parte consciente de Deus em seu ser – e existirá para sempre. Embora o pecado tenha trazido a morte, o homem anseia pela imortalidade, e sua arte, literatura e música clamam pelo paraíso eterno que ele perdeu quando pecou. Isso é evidenciado por Eclesiastes 3:11: “Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs o mundo [o infinito, ou o eterno] no coração deles”. O coração do homem, limitado pelo tempo, não pode ser permanentemente satisfeito por nada neste mundo, pois ele foi criado para a eternidade, “à imagem e semelhança de Deus”.


As coisas que são eternas

Vivendo em uma cena dentro de um espaço de tempo, o homem não pode ficar satisfeito com o que está disponível no tempo, mas sua mente também não pode compreender e imaginar a eternidade. Não, somente Deus vive e Se move na eternidade, e a mente do homem, embora entenda o conceito de eternidade, não pode imaginá-la, embora anseie por isso.


Somente a graça de Deus pode nos levar àquilo que é eterno, por meio da fé no Senhor Jesus Cristo. Com uma nova vida em Cristo e habitada pelo Espírito de Deus, podemos viver tendo em vista da eternidade, não apenas para o tempo, embora ainda limitados pelo tempo enquanto estivermos neste mundo. Verdadeiramente, “as [coisas] que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas” (2 Co 4:18). Deus quer que olhemos para as “coisas invisíveis” – as coisas que são eternas.


W. J. Prost

 

Construindo para a Eternidade


Em 1 João 2:17 lemos estas palavras profundas e solenes: “E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre”. Como fomos lembrados em outra parte desta edição, nós vivemos em um mundo que está limitado e é caracterizado pelo tempo. Devemos viver e nos mover em uma esfera de tempo, porém estamos caminhando em direção à eternidade. No ministério de João, não obtemos a verdade da assembleia [Igreja], mas a verdade sobre a família de Deus e a família do diabo. A família de Deus é caracterizada por viver tendo em vista a eternidade, enquanto a família do diabo tem seu horizonte somente nas coisas deste mundo. Satanás controla a vida dos homens pela atração deste mundo, e ele pode usar apenas ninharias para fazer isso. Mas se necessário, ele pode oferecer “todos os reinos do mundo” (Lc 4:5), o que ele ofereceu ao Senhor Jesus como uma forma de O persuadir a adorá-lo. A família do diabo é, com certeza, controlada por ele desta forma, mas é triste quando ele é capaz de enganar crentes pelo mesmo caminho, pelas mesmas tentações.


Consequências presentes e eternas

É um fato muito sério ponderar que todas as nossas ações nesta vida, seja para um crente ou não, terão consequências presentes e eternas. Para o incrédulo que parte deste mundo sem Cristo e cuja vida não tem nada para Deus, somos informados de que “os mortos [...] foram julgados cada um segundo as suas obras” (Ap 20:13). De acordo com Lucas 12:47-48, alguns serão “castigados com muitos açoites”, enquanto outros, menos responsáveis, “com poucos açoites serão castigados”. Deus é justo e considera os homens responsáveis por grau de luz que cada um tem quanto às coisas divinas.


Várias Escrituras nos falam de recompensas que serão dadas no tribunal de Cristo para os crentes. “Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão” (1 Co 3:14). Algumas dessas recompensas, ou galardões, serão limitados ao tempo, como cargos de responsabilidade no próximo reino milenar (Lc 19:17, 19), mas outras serão eternas, como coroas e pedras brancas. Além disso, há o aspecto intangível dos galardões, como o que encontramos em Mateus 25:21, 23: “Entra no gozo do teu Senhor”. Sem dúvida, todo crente entrará neste gozo, mas aqueles que trabalharam para o Senhor, usando bem seus talentos, certamente receberão “o inteiro galardão” (2 João 8). Assim, vemos que haverá graus de punição no inferno e graus de galardão no céu, com base no que fizemos no tempo.


Tudo isso é muito perspicaz e, se aceito e entendido pelo incrédulo, certamente deve mostrar a ele a importância de vir a Cristo. Mas lemos na Palavra de Deus que “o deus deste século [Satanás] cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus” (2 Co 4:4). As coisas deste mundo, que nunca podem satisfazer, cegam a mente dos homens para a realidade da eternidade.


Coisas celestiais

No entanto, talvez seja ainda pior ver os crentes que foram trazidos à luz e que conhecem a Cristo como seu Salvador, gastando seu tempo adquirindo e tentando encontrar prazer nas coisas ao seu redor, em vez de apreciar as coisas celestiais com as quais Deus procuraria ocupar nosso coração. Paulo disse aos colossenses: “Tenham vossas mentes nas coisas que estão em cima, não nas que estão na Terra; porque morrestes e a vossa vida está oculta com o Cristo em Deus” (Cl 3:2-3 – JND). Se nós, como crentes, estivéssemos mais conscientes das consequências eternas de nossas ações no tempo, quão cuidadosos seríamos em não usar nosso tempo de maneira errada!


O mordomo

Quando nosso Senhor estava na Terra, Ele ilustrou um princípio muito importante para nós como crentes, a saber, o uso da vantagem presente para obter ganhos futuros. Na parábola do mordomo injusto (Lc 16:1-12), encontramos um mordomo que perdeu o emprego porque foi acusado de desperdiçar os bens de seu mestre. Mas antes de receber a demissão, ele usou sua posição para reduzir os montantes devidos a seu mestre por vários devedores. Sua estratégia era que ele conseguisse a amizade desses devedores dessa maneira, a fim de poder contar com a ajuda deles quando estivesse desempregado. Ao comentar a parábola, nosso Senhor não elogiou de maneira alguma o mordomo por sua desonestidade, pois o chama de “injusto”. No entanto, ele elogiou o princípio sobre o qual o mordomo agia, na medida em que usava sua autoridade atual como mordomo para prover para seu futuro.


Tesouros no céu

A lição para nós é que, se tivermos recursos neste mundo – como tempo, liberdade, dinheiro e educação – podemos usá-los para o que for temporal, ou podemos usá-los para “acumular tesouros no céu”. Se usarmos fielmente os bens deste mundo (os quais realmente pertencem ao Senhor, pois só os temos como mordomos), Deus entregará a nós, em confiança, “as verdadeiras” riquezas (Lc 16:11). A verdadeira medida de nossa espiritualidade é como usamos as coisas deste mundo – coisas sobre as quais somos apenas mordomos. Mas por toda a eternidade desfrutaremos daquelas coisas que são realmente nossas!


A palavra de nosso Senhor a Seus servos é: “Negociai [Ocupe-se – KJV] até que Eu venha” (Lc 19:13). Tudo o que é deste mundo irá passar, mas, novamente, “quem faz a vontade de Deus permanece para sempre” (1 Jo 2:17). “Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos coração sábio” (Sl 90:12).


W. J. Prost

 

O Tempo Certo – O Tempo de Deus


Alguns anos atrás havia dois irmãos gêmeos, ambos criados na República da Irlanda. Um deles imigrou para a América em sua juventude, entrou no ramo dos negócios e teve bastante sucesso, enquanto o outro permaneceu na Irlanda. Alguns anos depois, o que imigrou para a América voltou para casa para uma visita. Seu irmão na Irlanda imediatamente parou o que estava fazendo, o convidou para sentar e comentou: “Precisamos tomar algum tempo para recuperar o atraso! Você sabe, quando o Senhor fez o tempo, Ele fez muito disso!” O irmão que foi para a América resmungou e depois comentou: “Acho que Ele fez apenas metade disso na América!” Essa anedota, uma história verdadeira, aponta o fato de que diferentes culturas veem o tempo de maneira diferente. Alguns acreditam fervorosamente que “tempo é dinheiro” e que cada minuto deve ser aproveitado. Outros, em diferentes culturas, acreditam que o evento e o que ele envolve são muito mais importantes do que o tempo e estão dispostos a ter um cronograma muito mais relaxado, mesmo que isso signifique realizar menos em termos concretos. Podemos perguntar: O que a Escritura tem a dizer sobre isso?


Como sempre, achamos que a Escritura é perfeitamente equilibrada e se adapta a todas as culturas. Deus não precisava escrever uma Palavra para o Ocidente e outra para o Oriente. Não, a Palavra de Deus fala a todas as culturas, e quando necessário, julga todas as culturas.


A ordem de Deus para o tempo

Se falamos sobre uma visão linear do tempo, sim, a Bíblia mostra Deus como um Deus de ordem. Quando Deus começou a trabalhar para estabelecer a presente criação, Ele trouxe ordem àquilo que tinha sido transformado em caos. O mundo em que vivemos, e o universo no qual nosso mundo está localizado, correm com uma precisão exata e são mantidos dessa forma por Aquele que “sustenta todas as coisas pela Palavra do Seu poder” (Hb 1:3). Também, quando nosso Senhor esteve na Terra, Ele agiu para manter o tempo em ordem. Quando Ele celebrou a última Páscoa com Seus discípulos, a Escritura diz: “E, chegada a hora, pôs-Se à mesa, e, com Ele, os doze apóstolos” (Lc 22:14). Nem nosso Senhor nem Seus discípulos consideraram a ocasião casual e chegaram atrasados. Da mesma forma, está registrado que “Pedro e João subiam juntos ao templo à hora da oração, a nona” (At 3:1), mostrando que eles estavam prontos para estar lá em um momento específico.


Da mesma forma, em nossa própria vida, há coisas que devem ser feitas no tempo certo, não apenas como cortesia para os outros, mas no caso de coisas espirituais, por reverência ao próprio Senhor. Isso requer disciplina própria, mas devemos estar dispostos a nos exercitar dessa maneira, em vez de agradar a nós mesmos. Estar sempre atrasado para compromissos e eventos marcados é mostrar um egocentrismo que impõe nossa vontade aos outros, muitas vezes sem levar em consideração a inconveniência causada a eles.


“Não há tempo para comer”

Contudo, também encontramos na Escritura que nosso Senhor algumas vezes alterava os planos que tinham sido feitos e Se colocava numa posição incomoda para acomodar outras pessoas. Por exemplo, lemos em Marcos 6:31 que o Senhor disse aos discípulos: “Vinde vós, aqui à parte, a um lugar deserto, e repousai um pouco”. Eles estavam ocupados, sem tempo para comer. Mas todos sabemos o que aconteceu. Embora o Senhor e Seus discípulos tivessem partido em um barco particular, o povo estava ciente disso e evidentemente os ultrapassou correndo em torno da margem do lago. Aqui estava o egoísmo e a falta de consideração do povo que abusaram da bondade de nosso Senhor e Seus discípulos, e certamente já teriam tido o bastante para Ele despedir o povo ao dizer que Ele e Seus discípulos precisavam descansar um pouco. Mas não, Ele “teve compaixão deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor” (Mc 6:34). Em vez de dispensá-los, ensinou-lhes muitas coisas e depois os alimentou quando estavam com fome. Nosso Senhor mudou Seus planos, não para agradar a Si mesmo, mas para acomodar as necessidades dos outros e fazer a vontade de Seu Pai.


Um tempo para conversar

Em outro exemplo, encontramos nosso Senhor, a caminho da Judeia para a Galileia, reservando um tempo para conversar com uma mulher pecadora no poço de Sicar, e, até mesmo, sem a comida necessária para que pudesse passar o tempo necessário para concluir sua conversa com ela.


Da mesma forma, Paulo e Silas receberam, de um homem em uma visão, um chamado claro para ir à Macedônia: “Passa a Macedônia e ajude-nos” (At 16:9). No entanto, quando chegaram, encontraram inicialmente apenas mulheres orando à beira do rio. Mas eles se contentaram em ministrar a essas mulheres, e foi só depois de algum tempo, e depois de serem espancados e jogados na prisão, que eles se encontraram com o homem da visão – sem dúvida o carcereiro de Filipos.


Assim, vemos que, embora Deus seja um Deus de ordem e pontualidade, a Escritura admite prioridades em nossas vidas Cristãs e a demora para realizar o que Deus nos deu para fazer. O importante é estar andando com o Senhor, ser sensível à liderança de Seu Espírito e reconhecer que Ele nos dará orientação sobre como usar nosso tempo. Nunca encontramos nosso Senhor incomodando os outros por estar despreocupado com o tempo, nem nunca O vemos perdendo tempo. Mas nós O vemos dispondo-Se a Si mesmo, a fim de fazer a vontade do Pai e dedicando um tempo para concluir esse trabalho, em vez de seguir uma programação estrita. Estes são bons exemplos para seguirmos como Cristãos.


W. J. Prost

 

Agora e Depois, ou Tempo e Eternidade


Os princípios da verdade estabelecidos em Lucas 12 são do caráter mais solene e profundo. Na prática, os torna da maior importância em um dia como o presente. A mente mundana e a carnalidade não podem viver à luz da verdade aqui apresentada, pois elas estão com as raízes murchas. Se alguém nos pedisse para dar um título breve e abrangente a essa porção da Palavra de mais preciosa inspiração, ela poderia ser intitulada “Tempo à luz da eternidade”. O Senhor evidentemente planejou colocar Seus discípulos à luz daquele mundo onde tudo era diretamente o oposto ao que estava aqui embaixo – para colocar o coração deles sob a santa influência de coisas invisíveis e a vida deles sob o poder e a autoridade dos princípios celestiais.


Hipocrisia

Sendo esse o fiel objetivo do divino Mestre, Ele estabelece os alicerces sólidos de Sua superestrutura de doutrina com estas palavras penetrantes: “Acautelai-vos, primeiramente, do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia” (Lc 12:1). Não deve haver corrente oculta na alma. As profundas fontes de pensamento devem ser expostas. Devemos permitir que os raios puros da luz do céu penetrem no mais profundo de nosso ser moral. Não devemos ter nenhuma discrepância entre o julgamento oculto da alma e o estilo de nossa fraseologia, entre a inclinação da vida e a profissão dos lábios. Em uma palavra, precisamos especialmente da graça de “um coração honesto e bom” (Lc 8:15), a fim de tirar proveito desse maravilhoso livro de verdade prática. Estamos muito aptos a dar uma atenção indiferente ou uma fria concordância às verdades que nos perturbam; nós não gostamos disso. Preferimos especulações interessantes sobre a mera letra da Escritura, pontos de doutrina ou questões de profecia, porque podemos satisfazê-las em conexão imediata com todos os tipos de mentalidade mundana, práticas ambiciosas e indulgência própria. Mas quem pode suportar princípios ponderados da verdade, que pesam sobre a consciência em toda a sua magnitude e poder de corte da carne, a não ser aqueles que, pela graça, procuram purificar-se do “fermento dos fariseus, que é hipocrisia”? Este fermento é de caráter mais ilusório, assume várias formas e, portanto, é mais perigoso. De fato, onde quer que exista, há uma inegável e intransponível barreira colocada diante da alma em seu progresso no conhecimento experimental e na santidade prática. Se eu não exponho toda a minha alma à ação da verdade divina, se estou alimentando alguma reserva secreta, se estou desonestamente buscando acomodar a verdade ao meu próprio padrão de prática, então certamente estou contaminado pelo fermento da hipocrisia, e meu crescimento em semelhança a Cristo é uma impossibilidade moral. Portanto, é imperativo que todo discípulo de Cristo procure e veja que nada desse fermento abominável seja permitido nas câmaras secretas de seu coração.


Agora e depois

Mas a hipocrisia não é apenas totalmente subversiva do progresso espiritual, mas também falha inteiramente em atingir o objetivo que propõe a si mesma, pois “nada há encoberto que não haja de ser descoberto; nem oculto, que não haja de ser sabido” (Lc 12:2). Todo homem encontrará seu nível, e todo pensamento será trazido à luz. O que a verdade faria agora, o tribunal fará depois. Todo grau e sombra de hipocrisia serão desmascarados pela luz que brilhará do tribunal de Cristo. Tudo será realidade depois, embora haja muita falácia agora. Além disso, tudo terá o seu nome próprio, embora agora seja mal nomeado. A mente mundana é chamada prudência, um espírito avarento e ganancioso é chamado de previsão e a indulgência própria e engrandecimento pessoal são chamados de administração criteriosa e diligência louvável nos negócios. Todas essas coisas serão vistas em suas verdadeiras cores e chamadas por seus verdadeiros nomes perante o tribunal. Portanto, é sensato o discípulo agir agora à luz daquele dia em que os segredos de todos os corações serão revelados. Sobre isso, ele é colocado em uma posição privilegiada, pois, diz o apóstolo, “todos nós [santos e pecadores, embora não ao mesmo tempo nem no mesmo terreno] seremos manifestados diante do tribunal de Cristo” (2 Co 5:10 – JND). Isso deveria perturbar a mente do discípulo? Certamente que não, se seu coração está tão purificado do fermento da hipocrisia e sua alma tão profundamente fundamentada pelo ensino de Deus, o Espírito Santo, que Cristo é sua vida e Cristo sua justiça; para que ele possa dizer, […] somos manifestados a Deus, e espero que, na vossa consciência, sejamos também manifestos” (2 Co 5:11). Mas se ele é deficiente nessa paz de consciência e na honestidade transparente do coração, não há dúvida de que o pensamento do tribunal irá perturbar seu espírito.


O Tribunal de Cristo

Por isso, vemos que, nos ensinamentos do Senhor, em Lucas 12, Ele coloca a consciência de Seus discípulos diretamente à luz do tribunal. “E digo-vos, amigos Meus: não temais os que matam o corpo e depois não têm mais o que fazer. Mas Eu vos mostrarei a Quem deveis temer: temei Aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a Esse temei” (Lc 12:4-5). “O receio do homem armará laços” (Pv 29:25) e está intimamente ligado ao “fermento dos fariseus”. Mas “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (Pv 9:10) e faz com que o homem sempre se comporte como no completo brilho da luz do tribunal de Cristo. Isso daria imensa dignidade e elevação ao caráter, enquanto efetivamente atacaria, logo no início, o espírito de altiva independência, mantendo a alma sob o penetrante poder da luz divina, cujo efeito é tornar tudo e todos manifestos. Não há nada que possa roubar ao discípulo de Cristo a dignidade apropriada de seu discipulado, como andar diante dos olhos ou dos pensamentos dos homens. Enquanto estivermos fazendo isso, não poderemos ser seguidores destemidos de nosso Mestre celestial. Além disso, o mal de andar diante dos homens é moralmente aliado ao mal de procurar esconder de Deus os nossos caminhos. Ambos participam do “fermento dos fariseus” e ambos encontrarão seu devido lugar diante do tribunal. Por que devemos temer aos homens? Por que devemos considerar suas opiniões? Se as opiniões deles não serão provadas na presença d’Ele, que tem poder de lançar no inferno, elas não valem nada, pois é com Ele que devemos tratar. “Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós ou por algum juízo humano” (1 Co 4:3). O homem pode ter um assento no tribunal agora, mas não o terá depois. Ele pode estabelecer seu tribunal no tempo, mas não terá tribunal na eternidade. Por que, portanto, devemos moldar nosso caminho em referência a um tribunal tão frágil e de vida curta? Deus nos conceda graça para agir agora, em referência ao futuro – nos portar aqui com nossos olhos no futuro; olhar o tempo à luz da eternidade.


C. H. Mackintosh (adaptado)

 

Remindo o Tempo


Encontramos a expressão “remindo o tempo” duas vezes no Novo Testamento, uma vez em Efésios 5:16 e outra vez em Colossenses 4:5. Nos dois casos, está relacionada ao nosso tempo, sem dúvida com o pensamento de fazer o melhor uso do tempo que nos é dado e de aproveitar todas as chances que temos para promover os interesses de Cristo neste mundo. A mesma palavra grega que é traduzida como “remir” é usada em outras duas Escrituras do Novo Testamento, em Gálatas 3:13 e também em 4:5. Nessas Escrituras, está relacionada ao modo como Cristo nos resgatou da maldição da lei e nos trouxe à liberdade n’Ele. Eu diria que esses dois significados têm uma lição importante para nós, como crentes.


Antes de tudo, a palavra “resgatar” tem o pensamento em inglês [e no português] de recomprar o que antes era nosso, mas que, de alguma forma, foi tirado de nós. Está intimamente relacionada à palavra “redenção”, que também ocorre várias vezes no Novo Testamento e traz também o pensamento de resgate – recomprar o que foi tirado de nós. Bem sabemos como Satanás, usando o poder do pecado, nos levou para longe de Deus, de modo que, nas palavras da Escritura, estávamos “mortos em ofensas e pecados” (Ef 2:1). Mas Deus “pelo Seu muito amor com o que nos amou” (Ef 2:4) nos redimiu pela obra de Cristo na cruz, para que tenhamos “redenção pelo Seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da Sua graça” (Ef 1:7). Um hino expressa bem isso:


“Por natureza e por prática, Quão longe de Deus! No entanto, agora, pela graça trazidos para perto d’Ele, Pela fé no sangue de Jesus”


Catesby Paget, 1868-1930


Pertencemos a Deus

Mas se fomos resgatados e, como sabemos, um resgate muito alto foi pago por nós, não somos de nós mesmos. Em certo sentido, nunca fomos de nós mesmos, pois pertencemos a Deus pelo direito de criação, e depois pertencemos a Satanás como resultado dele usurpar as reivindicações de Deus sobre nós. Agora, porém, somos lembrados de que “não sois de vós mesmos; Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (1 Co 6:19-20). Já que fomos redimidos, pertencemos ao Senhor, como Aquele que nos resgatou do poder de Satanás, do poder do pecado e da maldição de uma lei quebrada. Fomos libertados de tudo isso, mas não para agradar a nós mesmos. Isso nos leva a referências adicionais à palavra “resgatar” e ao efeito prático que ela deveria ter em nossas vidas.


Como não somos de nós mesmos, somos exortados, enquanto estamos aqui em um espaço de tempo no mundo, a remir o tempo. É um pensamento preocupante que em nossa curta vida aqui embaixo, estamos nos preparando para a eternidade. Essa preparação inclui não apenas nossa salvação, mas também como usamos o tempo que nos foi dado. Nenhum de nós sabe quanto tempo teremos e, em 1 Pedro 4:2, somos lembrados de que, depois que somos salvos, é importante que o crente “no tempo que vos resta na carne, não vivais mais segundo as concupiscências dos homens, mas segundo a vontade de Deus”. Não se trata de quanto tempo podemos ter, mas o que fazemos com ele. Alguns homens de Deus, como Enoque, viveram várias centenas de anos para a glória de Deus, enquanto outros, como João Batista, viveram uma vida comparativamente curta. Ainda assim o Senhor Jesus pôde dizer dele: “entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista” (Mt 11:11). Mais do que a efetiva quantidade de tempo, é uma questão de “entender qual seja a vontade do Senhor” (Ef 5:17) e fazê-la. Sendo habitado pelo Espírito de Deus nesta dispensação da graça de Deus e andando com o Senhor, o crente é capaz de discernir a vontade do Senhor.


Tempo desperdiçado

Todos conhecemos frases como “Ele está desperdiçando seu tempo” ou “Isso foi uma perda de tempo”. No entanto, todos nós, se formos honestos conosco, devemos admitir que perdemos tempo pelo menos ocasionalmente. Deus nos responsabilizará pelo que fazemos com o nosso tempo aqui embaixo, se o usamos para nossos próprios interesses ou se o usamos para Sua glória.


Nos dias em que vivemos, pelo menos em grande parte do mundo ocidental, parece que o tempo é precário e há muitas exigências para nós. Muitos desejam um estilo de vida mais simples, mas a maioria acha que não é prático nem mesmo possível evitar as complicações que afetam nossas vidas no mundo moderno. No meio de tantas demandas, é mais do que nunca necessário entender qual é a vontade do Senhor e estabelecer prioridades em nossas vidas. Isso é algo que deve começar em nossos anos mais jovens, pois se formarmos bons hábitos em nossos primeiros anos, eles nos manterão em boa posição durante toda a vida. Isso requer disciplina, um traço de caráter mais fácil para alguns do que para outros. Mas isso deve ser praticado, se queremos realizar algo para o Senhor em nossa vida. Se pensarmos que podemos fazer o que consideramos necessário para a vida aqui embaixo e depois fazer algo para o Senhor depois, logo descobriremos que Satanás cuidará para que nosso tempo seja sempre preenchido com “os cuidados deste mundo” ou “o engano das riquezas” (Mc 4:19). Não haverá tempo para o Senhor.


O primeiro lugar

Não, o Senhor deve ter o primeiro lugar em nossa vida, mas então, quando isso for feito, temos Sua promessa de que, quanto às coisas temporais, “vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas essas coisas” (Mt 6:32) e que “todas essas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6:33).


Se essas promessas forem lembradas, poderemos usar nosso tempo para o Senhor e ter discernimento sobre como definir prioridades em um dia difícil.


Para que não sejamos mal compreendidos, vamos nos apressar em dizer que reconhecemos que existem aqueles que têm muito pouco tempo livre. Isso era verdade nos dias dos apóstolos, pois alguns dos crentes eram escravos de senhores que tinham controle total de seu tempo. No entanto, Paulo poderia dizer a eles: “a Cristo, o Senhor, servis” (Cl 3:24). Se eles prestavam serviço como ao Senhor, isso era aceito como serviço a Ele. Assim, nosso motivo é mais importante do que o que fazemos, mas ao mesmo tempo somos encorajados a buscar a mente do Senhor e, se nosso tempo estiver à nossa disposição, usá-lo como Ele instrui.


W. J. Prost

 

Termos Proféticos: O Estado Eterno


Enquanto o Velho Testamento fala longamente sobre o vindouro reino milenar de Cristo, e há algumas referências a ele no Novo Testamento, muito pouco é dito no Novo Testamento sobre o estado eterno – os novos céus e nova Terra – e não é mencionado no Velho Testamento. Alguns versículos do Velho Testamento são citados no Novo, e aí eles são aplicados ao estado eterno, mas o Velho Testamento não vai além do Milênio.


O Milênio será um tempo glorioso para a Terra atual e durará mil anos; no entanto, ele terá um fim. No seu final será novamente demonstrado o coração do homem em inimizade para com Deus, mesmo depois de tanta bondade. O fogo do céu vindo de Deus consumirá os rebeldes.


O destino final

O diabo, que novamente enganará os homens após sua breve libertação do confinamento no poço sem fundo, ou abismo, será então lançado no “lago de fogo e enxofre”. Este será o seu destino final. Quando ele for lançado nesse lugar horrível, é dito que a besta (aquela cabeça de um império romano revivido) e o falso profeta (o anticristo) ainda estarão lá. Eles já tinham sido lançados lá mil anos antes, na vinda de Cristo para reinar. Embora estivessem no lago de fogo por mil anos, eles não foram aniquilados. Lá, eles e o diabo junto, deverão permanecer e “de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre” (Ap 20:10). O desejo do homem produziu seu pensamento de aniquilação, mas que é estranho à Palavra de Deus. Há uma eternidade de punição para a besta, para o falso profeta e para o diabo (e para todos os que morrem em seus pecados), de acordo com a Palavra d’Aquele que “não pode mentir”. Alguns têm pensado e escrevem que o diabo é um rei no inferno, mas a Escritura o descreve como sendo atormentado lá dia e noite. Que possamos ter o pensamento de Deus e não o do homem.


As duas ressurreições

Os mortos iníquos que não forem ressuscitados, quando o Senhor der o alarido chamando os corpos dos santos que morreram em Cristo de seus túmulos mais de mil anos antes, serão então ressuscitados. O homem pode falar de uma ressurreição geral no último dia, mas eles não obtêm isso da Palavra de Deus. Muitas Escrituras ensinam que existem duas ressurreições – uma para a vida e a outra para o julgamento. Em breve o Senhor dará aquele alarido vivificante, e os corpos daqueles que morreram em fé serão ressuscitados, mas os incrédulos de todas as eras permanecerão em seus túmulos até o tempo que estamos descrevendo – depois do Milênio e no início do estado eterno.


Os mortos, pequenos e grandes, estarão diante de Deus no grande trono branco para serem julgados. Eles serão julgados “segundo as suas obras”, que estavam escritas nos livros. O homem espera que Deus esqueça suas obras perversas, mas todas elas são registradas, e as evidências serão apresentadas naquele dia. O “livro da vida” também estará lá para provar que seus nomes nunca foram escritos nele. A evidência será conclusiva e sua ruína eterna.


“E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo” (Ap 20:11-15). Sim, o estado eterno dos perdidos será no “lago de fogo”. É descrito de várias maneiras como: fogo eterno (Jd 7), tormento eterno (Mt 25:46), o bicho que nunca morre (Mc 9:44), eterna perdição (2 Ts 1:9), negrura das trevas eternamente (Jd 13), e muitas outras expressões desse tipo. Por que os homens devem tentar firmemente provar que sua existência não é eterna quando Deus diz que é? Ele passará a eternidade com Deus em bem-aventurança ou será atormentado com o diabo e seus anjos.


Um novo céu e uma nova Terra

Imediatamente após descrever o julgamento final dos não salvos e seu lançamento no lago de fogo, a Palavra de Deus segue para o eterno estado de bem-aventurança. “E vi um novo céu e uma nova Terra. Porque já o primeiro céu e a primeira Terra passaram, e o mar já não existe” (Ap 21:1). Em 2 Pedro 3, lemos que “aguardamos novos céus e nova Terra, em que habita a justiça”. Antes, diz que a Terra atual e os céus ao redor serão dissolvidos e derreterão com calor fervente. Como ou onde Deus sustentará os santos da Terra no final do Milênio, quando a Terra atual for dissolvida, Ele não nos disse. Basta que saibamos que Ele pode e deseja. Ele então fará a Terra completamente nova. A partir da afirmação de que “o mar já não existe”, parece que muitas mudanças ocorrerão. Grande parte da superfície da Terra está agora coberta de água, e isso é necessário para a vida como é atualmente, mas então tudo será novo. A vida será adequada à nova condição, seja ela qual for.


Nos é dito que a justiça habitará naquele estado eterno onde o pecado nunca poderá entrar. Atualmente, a justiça é apenas pregada ou oferecida; podemos sofrer por justiça agora. No Milênio, a justiça reinará e a maldade será derrubada, mas no novo céu e nova Terra de Deus ela habitará. Essa será a condição estável e permanente. Nenhum sopro de pecado jamais contaminará essa nova cena. Então será visto o cumprimento completo de João 1:29: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”.


Pecado completamente afastado

Atualmente, nós que cremos, sabemos que nossos pecados foram postos de lado. No Milênio, haverá uma demonstração adicional do valor da obra do Cordeiro de Deus, mas na bem-aventurança eterna veremos o pecado completamente afastado da criação de Deus. “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus!” (Rm 11:33). Em Apocalipse 21:1-8 temos a descrição mais completa do estado eterno. O apóstolo Paulo só se aproximou disso em 1 Coríntios 15:24-28, onde ele fala de Cristo colocando tudo em sujeição e depois entregando o reino que Ele governou como Homem. Então Deus – Pai, Filho e Espírito Santo – será tudo em todos. Isso coincide com Apocalipse 21:3; o tabernáculo de Deus estará com os homens. Não haverá mais nações ou idiomas divididos, e o próprio Deus estará com homens redimidos naquele estado eterno.


A habitação eterna com Deus

Quando Adão estava em inocência no Jardim do Éden, Deus o visitou, mas Ele não habitou com o homem naquele estado. Com os homens redimidos no estado eterno, Ele habitará. No dia eterno “não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque já as primeiras coisas são passadas” (Ap 21:4). Oh, a glória desse estado fixo de bem-aventurança! É verdadeiramente digno de Deus.


E o que dizer da Igreja, a noiva de Cristo, nessa bênção eterna? Na visualização do estado eterno ela é vista como “a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu Esposo”. Ela ainda tem sua beleza como no dia de suas núpcias. Ela ainda é vista como uma “noiva” (Ap 21:2 – ARA). Com que rapidez uma noiva perde hoje sua beleza nupcial, mas oh, companheiro Cristão, nunca a perderemos como a noiva de Cristo. Depois de mil anos, a Igreja ainda terá a mesma beleza nupcial no céu. Se nós apenas adotássemos essas coisas um pouco mais em nosso coração, veríamos muito pouca beleza em tudo aqui abaixo. Que os pensamentos de Cristo e Sua glória vindoura, e os nossos pensamentos com Ele, elevem nosso pobre coração acima deste mundo cansado, e então, viveremos na atmosfera do céu.


P. Wilson (adaptado)

 

Meus Tempos Estão na Tua Mão

Se nosso tempo estivesse em nossas mãos, teríamos libertação muito cedo. Se ele estivesse nas mãos de nosso inimigo, deveríamos ter libertação tarde demais. Mas meu tempo está nas mãos d’Ele, e o tempo de Deus é sempre o melhor.


Tudo é bonito em sua estação: quando a misericórdia estiver madura, nós a teremos. É verdade que agora estamos entre o martelo e a bigorna, mas não jogamos fora nossa confiança; Deus verá quando a misericórdia estiver pronta. Quando Seu povo for humilde o suficiente e o inimigo soberbo o suficiente, então aparecerá a Estrela da Manhã da Igreja: deixe Deus decidir quanto ao Seu tempo. “Minha alma espera pelo Senhor” (Sl 130:6 – KJV). Quão bom é que Deus tenha a contagem do tempo de nossas misericórdias!


A libertação pode demorar para além do nosso tempo, mas não vai demorar para além do tempo de Deus. Depois de uma noite chuvosa de aflição, chega uma manhã brilhante da ressurreição: se nossa vida é curta, nossas provações não podem ser longas. O tempo é curto. Embora a cruz seja pesada, temos apenas um curto caminho para carregá-la. Como o tempo é curto, o tempo de espera não pode ser longo.


The Young Christian, Vol. 23

 

O Espírito Eterno


O sangue de Cristo, de acordo com a Sua Palavra, atende perfeitamente a toda falta anunciada. Para uma aproximação de Deus, ele é perfeito; para a redenção, por garantir também os direitos de Deus, é eterno; e nossa consciência também é conduzida corretamente, de maneira adequada, por nos aproximar de Deus e por repousar nesta eterna redenção. Consequentemente, aqui segue o efeito prático disso: “quanto mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, Se ofereceu a Si mesmo imaculado a Deus, purificará a vossa consciência das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?” (Hb 9:14).


É o único lugar na Escritura onde “eterno” é aplicado ao Espírito Santo, e é introduzido aqui como o termo qualificativo do Espírito, a fim de mostrar a maneira absoluta para os problemas eternos para os quais a oferta foi então apresentada a Deus: um Homem, mas com um caráter verdadeiramente divino de valor inesgotável. Certamente, se há algo que marca a diferença entre Deus e a criatura, é essa qualidade de “eterno”. Aqui, um Homem na Terra Se apresenta nesse caráter maravilhoso.


Mais uma vez, Ele “Se ofereceu” a Si mesmo sem mancha para Deus. Essa não é a palavra para levar nossos pecados, estritamente falando. Sempre havia duas partes no sacrifício: uma, a vítima, apresentada como uma oferta; a outra, os pecados lançados sobre a vítima. Então, essa palavra expressa apenas o primeiro elemento.


Oferecer a Si mesmo “pelo Espírito eterno” foi a perfeição de nosso Senhor em Se apresentar. Ele nunca agiu simplesmente de Sua própria Pessoa, mas no poder do Espírito de Deus, desde o momento em que, para iniciar Seu ministério público, Ele recebeu o Espírito Santo, pois a Escritura expressa que nosso Senhor recebeu e foi ungido pelo Espírito Santo. Não apenas Ele foi concebido pelo Espírito Santo ao entrar no mundo, mas Ele foi selado pelo Espírito Santo, como sabemos, no momento do Seu batismo. Ele é desde então o Homem dependente; o que quer que Ele tenha feito, tudo foi feito em virtude do Espírito, mesmo este ato de Sua oferta como Vítima imaculada. O objetivo e o efeito são a redenção eterna.


W. Kelly (adaptado)

 

O Curso do Tempo


“O curso do tempo!” Oh, podemos esquadrinhar

Sua direção desde o início de nossa vida;

O passado com todas as suas alegrias e lágrimas,

Suas brilhantes esperanças e medos sombrios;

Nem creia que Ele, cujo braço terno

Coroou com o bem, preservou do mal,

Deixará de ser nosso Guia,

Através do tempo e da eternidade?


Há alguns anos, sem guia,

Lancei-me na maré enganosa da vida;

Meu mapa desprezado, minha bússola perdida,

Por cada tentação lançada pela tempestade:

Onde o meteoro traiçoeiro do prazer brilhou,

Sem medo do mal, eu imprudentemente corri;

E procurei - mas Deus e o céu esqueceram –

Para a felicidade, e não a encontrei.


Assim vagando do redil do meu Salvador,

Em pecado e rebelião louca ousada;

Eis! De repente, no Calvário erigida

A Cruz, a maravilhosa Cruz, apareceu;

Eu vi Emanuel crucificado,

Suas mãos sangrando, Seu lado perfurado;

Eu senti meus pecados, eu conheci minha culpa,

Por eles Seu precioso sangue foi derramado.


E meu gracioso Salvador morreu

Por um miserável pecador como eu?

Ele por mim suportou a ira de Deus,

Para obter minha paz e perdão?

Sim, bendito Jesus, Tu somente

Por meus pecados, poderia para sempre expiar;

A TI servirei, e Te adorarei,

Para sempre, e eternamente!


Mais alguns poucos anos! Quão doce é o pensamento!

Cada medo dissipado e trazido com segurança

No mar de tempestades e problemas da vida

Para a feliz praia de Canaã celestial;

Vestido em mantos de um branco imaculado,

Para sempre nossas almas se unirão

Para harpas douradas, de cordas divinas,

Em hinos na Terra uma vez debilmente cantados.


J. G. Deck

 

“Não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas”

Apocalipse 21:4

 


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