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G. P.

Um Pouco de Fermento

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ÍNDICE


 

Um Pouco de Fermento

A Verdade que está Sendo Rapidamente Abandonada e que é Bastante Desconhecida para Muitos

G. P. - 1909


Comunhão com o Pai e Seu Filho 


A comunhão deve assumir o caráter da natureza d’Aquele que a forma para Seu próprio deleite e glória, e que em graça nos chama para a comunhão Consigo mesmo. Por exemplo: “Fiel é Deus, pelo Qual fostes chamados para a comunhão de Seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor” (1 Co 1:9).

 

Novamente: “O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também vós tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo” (1 Jo 1:3).

 

Deus, que forma esta comunhão, e nos criou de novo em Cristo Jesus para participarmos e desfrutarmos dela, é também Aquele que a rege: “se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1 Jo 1:7).

 

No que diz respeito a nós mesmos: “sabemos que já o Filho de Deus é vindo e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em Seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna. Filhinhos, guardai-vos dos ídolos. Amém!” (1 Jo 5:20-21).

 

Esta comunhão deve ser mantida por nós e por todos os santos, não apenas naquilo que convém à natureza de Deus, com Quem somos chamados a mantê-la, mas pela exclusão de tudo o que não faz parte dela, e que seria ­inconsistente com seu caráter de luz, verdade, santidade e amor.

 

Estas considerações sobre em que ­consiste a verdadeira comunhão dos santos com o Pai e o Filho, por meio do Espírito Santo e pela Palavra de Deus, dão-nos também a base e os objetivos de toda comunhão prática uns com os outros na Igreja de Deus.

 

Comunhão Entre os Santos 


Outro ponto deve ser abordado, como dando caráter a toda verdadeira comunhão presente entre os santos. A característica peculiar dos tratamentos de Deus, desde a morte de Cristo e Sua rejeição ­pelo povo Judeu, é que o Espírito Santo está na Terra, formando um CORPO e unindo-o a Cristo como CABEÇA no céu, (Ef 4:4). "Em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo" (1 Co 12:13 – ARA). Isto é diferente de receber vida; esta é uma união formada pelo Espírito Santo unindo em um, todos os que receberam vida, e trazendo-os, assim unidos, a um relacionamento com a Cabeça no céu, de modo a serem um corpo para a Cabeça. Há UM corpo, embora haja muitos membros desse corpo, mas não posso ter a ideia adequada de um “membro”, sem conectá-lo com a Cabeça do corpo. Um “filho” de Deus é algo completo em si mesmo. Cristo é Filho; nós somos filhos. Mas Cristo, como Cabeça, não é completo sem o Seu corpo (Ef 1:23), e cada membro é algo incompleto em si mesmo. É parte de outra coisa (não de uma assembleia), mas parte do corpo e da Cabeça.

 

Comunhão no Corpo 


Ora, um corpo não é composto por uma união de assembleias, mas por “membros” – e se há diferentes assembleias destes membros de Cristo, o fato de os membros estarem espalhados pela Terra, e ainda não  reunidos em um só lugar, como será na glória, é apenas uma separação local. Todos esses membros que praticamente reconhecem Sua Cabeça necessariamente reconhecem uns aos outros como membros ­de Seu corpo. Eles são um e tão necessários um ao outro quanto a mão é para o olho, o pé para a cabeça (1 Co 12:21). Portanto, todos os membros de uma localidade que assim reconhecem a única Cabeça, devem reconhecer-se uns aos outros como Seus “membros”, e, reunindo-se em nome da única Cabeça, representam e atuam naquela localidade como membros do corpo, estando Cristo "no meio" (Mt 18:20; 1 Co 5:4; 14:23; Hb 10:25). Assim era e deveria ser em cada localidade e, portanto, não há muitos corpos, mas um. Os membros em cada localidade representam o corpo daquela localidade, existindo apenas um corpo. Estas reuniões constituiriam diferentes assembleias locais, mas se pudessem estar juntas, como estarão na glória, não seriam muitas assembleias, mas uma só assembleia, sendo Cristo a Única Cabeça de todas. A ação de cada assembleia em particular (falo do princípio, não da falha do homem nela), tendo Cristo “no meio” (Mt 18:17-20), e o “ligar e desligar­” na Terra sendo o “ligar e desligar” do céu, esse ato é válido para todo indivíduo que reconhece a Cabeça, e toda assembleia que tem Cristo “no meio”.

 

Cristo no Meio


É muito evidente que Cristo no meio de uma assembleia é suficiente para tornar um ato válido para todos os que reconhecem Sua liderança. Observe, não falo agora da fraqueza humana, mas dos próprios princípios. O homem pode falhar em tudo, mas a sua única segurança está em apegar-se aos princípios de Deus, que não falham. O fato de eu poder me agarrar a uma corda apenas com pouca força não é razão para eu desistir daquela corda, que é minha única chance de segurança. Aquele que me persuade a tentar outro plano não é meu amigo, nem amigo daquele que me jogou a corda. O meu amigo é aquele que me incentiva a me apegar com mais firmeza. O princípio permanece, pois é de Deus, mesmo que eu esteja em fraqueza.

 

Portanto, não falo da ruína que agora vemos por todos os lados quanto ao reconhecimento da Cabeça e do corpo, mas dos princípios fundamentais que a Palavra de Deus nos apresenta quanto àquela estrutura maravilhosa com a qual Ele tem estado ocupado desde que Cristo morreu e, como Rei, foi rejeitado pelos Judeus. O que acontece entre a partida de Cristo da Terra e Seu retorno em glória é que Ele, depois de ter subido como Homem ao céu, tem um corpo na Terra, mas unido a Ele como Cabeça no céu, sendo esta união formada (não pela vida, mas) pelo Espírito Santo. Todo ser ­vivo na Terra que recebeu o Espírito Santo é membro desse corpo, e não há como ser membro de algo além da Cabeça e do corpo.

 

Separação Eclesiástica

 

Ora, se os olhos de um crente foram abertos para aprender esta verdade, e ver a necessidade (se ele quiser ser fiel) de agir de acordo com ela, ele descobrirá que não pode se associar a nada que negue essa verdade de forma prática. Portanto, ele se separa de toda associação eclesiástica que não reconheça na prática a membresia individual ­de Cristo e a unidade do corpo, um caminho que, infelizmente, às vezes exige que ele caminhe sozinho. Mas como a misericórdia de Deus trouxe muitos a esta confissão, aqueles que, como indivíduos, procuraram ser fiéis e tomaram o verdadeiro terreno da Igreja, são assim encontrados juntos, não formando alguma nova associação, mas agindo individualmente de acordo com a verdade que aprenderam da Escritura, mesmo que não houvesse nenhum Cristão (ou nenhum além deles mesmos) fazendo isso. Eles aprenderam que não só isso é errado, mas que não há necessidade de “se unir” a algo, pois Deus já os uniu (acrescentou) à única Igreja que Ele reconhece, isto é, ao corpo de Cristo. Eles têm apenas que reconhecer e agir de acordo com isso na simplicidade com que os santos agiram nos primeiros dias, que então não sabiam nada além disso. Pode haver apenas alguns em uma localidade que, tendo assim aprendido, procuram ser fiéis ao que conhecem; ainda assim, eles descobrem que o Senhor providenciou para os poucos fiéis em todos os tempos naquela palavra, que “onde estiverem dois ou três reunidos em Meu nome, aí estou Eu no meio deles”.

 

Assembleias Remanescentes


Este artigo faz referência a estas, que podem ser chamadas de assembleias remanescentes, em vez de outras assembleias denominacionais, que praticamente (se não em palavras) permitem que o corpo de Cristo possa ser dividido. Eu tomo então princípios bíblicos (cujo abandono e desvio de tais princípios trouxeram o arruinado estado de coisas que vemos ao nosso redor) não com o objetivo de restaurar a ruína (o que seria ignorá-la) ou estabelecer qualquer coisa corporativamente, mas de mostrar aonde a fidelidade dos indivíduos deve levar, se nos voltarmos à Escritura.

 

Alguns exemplos e ilustrações podem servir para tornar mais claro este importante assunto. Com este objetivo, o diagrama a seguir é apresentado para representar a intercomunhão que existia quando os santos estavam reunidos como membros de Cristo, que é a Cabeça do corpo, a Igreja, e estavam "procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz"

Aquilo que sustenta e representa a Cabeça não pode permitir fermento algum. Os membros ­de Cristo devem ser semelhantes a Cristo; Corinto deve, portanto, “lançar fora” (ARA) o fermento, para que seja uma massa sem fermento. O mal deve, portanto, ser colocado fora[1]; e se for colocado fora de Corinto, precisa estar fora de todas as outras assembleias – na verdade, fora de todos os que, reunindo-se como membros de Cristo, deveriam expressar o que Cristo é. A Primeira Epístola aos Coríntios foi escrita para ordenar isso, e a Segunda mostra que a ordem foi obedecida (1 Co 5; 2 Co 2:6-10). O que o Senhor tinha contra Pérgamo e Tiatira era que elas não obedeceram (Ap 2:14-15, 20), portanto foram ameaçadas de julgamento, mas ainda restava para aquele (o indivíduo agora) que tinha ouvidos para ouvir, vencer­, e se a assembleia deixasse de obedecer, a Palavra de Cristo não perderia sua autoridade sobre os indivíduos. Neste caso 2 Timóteo 2:19-22 surge como a direção; e em 2 João 10 até uma mulher pode cumprir; e certamente a casa e a mesa do Senhor são mais importantes do que a nossa própria casa e mesa. [1] Ao lidar com o mal, a primeira coisa a ser procurada, evidentemente, é a restauração. Este artigo não pretende tratar disso. O caráter do mal em Corinto era tal que a disciplina necessária era colocar o “ímpio” fora da assembleia (1 Co 5:11). Um mestre de doutrina maligna seria ainda pior, pois certamente seria pior ensinar que a embriaguez está correta do que ser um bêbado (veja também Gl 1:8-9; 5:12; Ap 2:14, 20; 2 Jo 10; 2 Pe 2; Jd; 1 Tm 1:20). A prática do mal é bastante ruim, mas a doutrina do mal faz de Deus o autor do mal, o que é pior. Certo ­mal teria que ser tratado dentro da ­assembleia, sem colocar a pessoa para fora – 2 Tessalonicenses 3:14, etc., mostra isso. Também a ignorância e a fraqueza na fé não devem ser tratadas como o mal positivo deve ser; elas devem ser suportadas e instruções devem ser transmitidas. Se alguém disser que o fermento numa assembleia, quando não recebido individualmente, não leveda toda a assembleia, então que explique o que o apóstolo quer dizer com “para que sejais uma nova massa”. Eram todos em Corinto “ímpios”?

 

O diagrama (B) representa, portanto, uma comunhão que existe somente depois de o fermento ter sido expurgado, e que é aquela única que representa a Cabeça (Cristo) e Seu caráter e autoridade, e não negou Seu nome (o Santo – Ap 3:7-8). 

Todos estes comem o um só pão, confessando assim que Cristo tem um só corpo. Todos eles se reúnem em Seu nome, nenhum outro, e esse nome é santo. Eles não permitem que o corpo de Cristo possa ser dividido (1 Co 12). Eles não podem tomar o seu lugar em qualquer terreno que não seja o da unidade (não de uma igreja, nem de qualquer doutrina particular, mas) do corpo, e sustentam que esta unidade é em santidade, sendo este caráter dado a ela pela Cabeça. Apenas isso é a verdadeira unidade, e aquilo que o Espírito formou e reconhece; portanto, eles se esforçam [ou usam diligência – JND] para manter a unidade do Espírito (Ef 4:3). Eles procuram juntos, em amor, purificar-se dos vasos de desonra (2 Tm 2:21), seguindo “a justiça... com os que, com um coração puro, invocam o Senhor” (v. 22).

 

Nesses dias eles reconhecem que a Igreja, como vista na Terra ("a coluna e firmeza [base – JND] da verdade") está em ruínas, mas que "o fundamento de Deus permanece firme". Eles foram encomendados pelo apóstolo, que predisse a ruína, “a Deus e à Palavra da Sua graça” (At 20:28-35). Eles sabem que essas duas coisas permanecem para eles, embora todo o resto falhe. Eles reconhecem que o Espírito Santo está aqui, habitando na Igreja, e podem contar com Sua presença e poder, enquanto reconhecem o único Cabeça. Eles podem tomar a “Palavra da graça de Deus” como guia e suficiência. Eles recebem “uns aos outros” para a glória de Deus, de acordo com 1 Coríntios 5; 2 João 10; 2 Timóteo 2:19-22; mas de nenhuma outra maneira.

 

Os dois tipos de expressão da unidade do corpo de Cristo, dos quais apenas um é quanto à santidade. 


(C) e (D) representam, portanto, duas formas opostas de expressar a comunhão onde a unidade do corpo é professamente reconhecida. (C) onde o mal manifestado foi eliminado. (D) onde esta ação foi recusada. É claro que não importa em qual das assembleias locais o fermento é permitido, pois se for permitido em uma, será permitido em todas as que se mantêm em comunhão com aquela, comendo o mesmo pão com ela, e com ela professa reconhecer e confessar o único corpo. Também está claro que não importa em que parte da “massa” o fermento esteja introduzido (1 Co 12:12), mas se ele está na “massa” como um todo. Existe um corpo, não muitos corpos. Um membro do corpo de Cristo em Éfeso é um membro do corpo de Cristo em Corinto. A distância local não divide o corpo de Cristo. Se fosse possível que todos os seus membros na Terra se reunissem num só lugar (sem um homem como cabeça; o único Cabeça está no céu), essa reunião ­seria a expressão do que é a Igreja – o corpo. Todos participam de um só pão, não de muitos pães; e reconhecem uma Cabeça, não muitas cabeças. Eles são todos membros de Cristo e “membros uns dos outros” (Ef 4:25), e não de nenhuma assembleia específica. O ministério (serviço) tem o seu lugar, é claro, mas não um “ministro” ordenado pelo homem para governar. Todos os dons são dons para o corpo, não para uma assembleia, que é apenas uma parte do corpo.

 

Contaminação


Não deve haver mal permitido em nenhuma daquelas assembleias que confessam a unidade do corpo e retêm a única Cabeça. Se alguma dessas assembleias se recusar a tirar o mal para fora, ela adotará o mal como sendo seu, dizendo, na prática, que o mal não importa para o Cabeça. O “um pouco de fermento” então levedou “toda a massa”. Essa assembleia ­precisa ser separada. Nem pode qualquer indivíduo ser recebido ou considerado em ­comunhão com qualquer outra assembleia semelhante que se mantenha pura, enquanto a assembleia receptora o reconheça como sendo daquela assembleia levedada; pois então ele se tornaria o elo de ligação entre as duas mesas e as constituiria uma só. Assim que ele se separar da “massa levedada”, ele pode ser recebido simplesmente como membro de Cristo.

 

Eu não falo de indivíduos, de inteligência, de estado de alma, mas de assembleias que se reconhecem mutuamente na unidade do corpo. Vou falar de indivíduos no seu devido momento, pois diz “de alguns fazendo diferença” (Jd 22-23 – JND), mas apenas para arrebatá-los do fogo, não para deixá-los nele. As duas mesas, se assim conectadas, se tornariam uma mesa, e esta seria uma mesa na qual o mal é permitido. Existe apenas um corpo; pode, portanto, é claro, na natureza da coisa, haver apenas uma expressão desse corpo. Qualquer outra expressão além dessa deve ser necessariamente humana, e não divina. O único pão do qual todos participam (1 Co 10:17) é dado por Deus para ser a expressão do único corpo.

 

Princípio da Identificação


Alguém que participa do pão se constitui ou confessa ser um com ele, portanto, se ele come dois pães diferentes (já que se diz que ambos representam Cristo, e há apenas um Cristo), ele, por esse ato, os confessa como um só pão. Falo de princípios, não de inteligência individual neles. Todos, portanto, que estão em reconhecida intercomunhão uns com os outros, são manifestados como um só pão, e cada membro de Cristo na Terra deve estar em uma só intercomunhão, apenas que (para que seja a mesa do Senhor) deve ser uma mesa pura[2]. Se o mal entrou e se ­manifestou, e a assembleia se recusa a julgá-lo e expulsá-lo, deveria o indivíduo reconhecer-se um com ele, participando daquele pão? Não; devemos agora “vencer” individualmente (Ap 2:3), mantendo puras as nossas vestes; e, para sermos um vaso para honra em uma grande casa, temos que nos purificar dos vasos para desonra (2 Tm 2:17-22) para sermos úteis para uso do Mestre. [2] Por “pura” entende-se não que não haja mal na assembleia (assim como nenhum de nós individualmente pode dizer que não há mal em nós), mas os santos estão reunidos com base no princípio de julgar o mal, e não permitir que ele apareça.

 

Só pode haver uma expressão da unidade do corpo. Se fossem permitidas duas (ou mais) expressões, tal divisão não poderia ­ser a confissão do corpo, pois existe apenas um corpo. Portanto, se aqueles que desejam ser fiéis ao único Cabeça, deixando as divisões, seitas, e assim por diante, para confessar o único corpo, devem necessariamente confessá-lo juntos­, pois duas expressões diferentes não poderiam ser a expressão do corpo. Um elo de conexão permitido entre as duas (não importa onde, caso ambas as assembleias o reconheçam) constitui as duas em uma. Se, portanto, duas dessas mesas são unidas (como alguns gostariam que fossem) pela intercomunhão habitual – isto é, indivíduos recebidos na comunhão de (C) embora reconhecidos como sendo da “massa levedada” (D) - isso seria unidade à custa ­de Cristo; 

E que tipo de unidade seria essa? Poderia haver uma cabeça reconhecida, mas que tipo de cabeça seria essa? Seria a Cabeça cuja honra é cuidada? O que Satanás está buscando é uma unidade que deixa de fora a Cabeça, ou tem o nome de alguém sem o verdadeiro caráter dela – a forma sem a realidade. Para atingir seu objetivo, ele não tem escrúpulos, como fez antes, em citar a Escritura e falar de amor, mas negligencia ensinar que o amor divino é “amor em verdade”, que o “amor que procede de um coração puro, é caracterizado por “guardar os mandamentos de Deus” – Aquele que é Luz (veja 2 João; 1 Timóteo 1:5 – ARA; 1 Pedro 1:22; 1 João 1:7; 5:2). A ordem de Deus é “primeiramente pura, depois pacífica”. “Primeiro pacífico” é a ordem de Satanás. Eu gostaria que houvesse mais amor – muito mais! Que eu possa reconhecer minha necessidade disso. Mas não seja enganado ­pelo clamor, a ponto de abandonar minha Cabeça, que é a grande fonte de tudo, e que, para que o amor de Deus possa fluir para os pecadores, precisou carregar o pecado em Seu próprio corpo no madeiro, para, antes de tudo, tirar o pecado.

 

Não faria qualquer diferença quantas assembleias puras (assim chamadas) houvesse entre a unidade (C) e a assembleia levedada, desde que existissem os elos de ligação com ela. Assim como o fato de os canos estarem limpos isso não purifica a água que passa por eles que vem de ­fonte impura. Nem o número de canos fará qualquer diferença, exceto que, quanto maior o número de canos, haverá mais contaminados pela água impura. Portanto, se o fermento está na assembleia (a) e a assembleia (b) reconhece por atos que expressam comunhão, o pão que é partido em (a); então, como há apenas um pão, este deve ser o pão partido em (b). Assim também (c) parte o pão com (b), e ainda é um único pão; e assim por diante até (d) e todo o resto da cadeia. Portanto, a primeira assembleia que pode ser realmente pura neste sentido é aquela que se separa totalmente desta ligação maligna.


Os Impedidos de Estarem à Mesa do Senhor 


Quanto à recepção de membros individuais de Cristo, todos têm o seu lugar na assembleia, exceto o “iníquo” (1 Coríntios 5) e aqueles cujos caminhos, ações ou doutrina são maus. Quanto a este último, “quem o saúda tem parte nas suas más obras”. A obediência, portanto, exige a separação obrigatória daqueles que, conhecendo o mal, não obedecem a 1 Coríntios 5; pois esta ordenação é para a assembleia, e se esta não obedecer, o indivíduo que quiser ser obediente deverá obedecer sozinho ou com aqueles que quiserem obedecer. É com estes que o Senhor cumprirá a promessa de Mateus 17:18-20, pois apenas estes se reúnem “em Seu nome”, pois nenhum mal será permitido dentro “em Seu nome”. Eles podem ser apenas um remanescente, “fora do arraial”, mas reconhecerão todos os que reconhecem fielmente o Senhor. Eles não deixarão de fora ninguém que viesse em Seu nome. “O amor... não suspeita mal”, mas “prova os espíritos”; "símplices como as pombas", mas "prudentes como as serpentes". Eles não querem nada além de Cristo e Seu nome, seja isso no recém-convertido ou no homem adulto. Não há teste senão Cristo. O conhecimento, a inteligência da verdade, a experiência, não devem ser considerados como testes. Pode haver piedade em um recém-convertido tão verdadeiramente quanto em um velho Cristão. É ­apenas com os membros de Cristo que eles têm a ver, e aquilo que convém a Cristo nesses membros.

 

Uma pessoa que conhece o mal e tem comunhão ­com ele (não importa a denominação) não é livre; e agora que as coisas estão em tal estado, seria, naturalmente, mais seguro perguntar se a aniquilação, ou algo semelhante, é admitida pela pessoa que deseja partir o pão. Levítico 5:3 nos diz que se um homem sem saber tocou em algo imundo, no momento que souber disso, ele se torna culpado; e Números 19:15 afirma que todo vaso aberto sem uma cobertura, na tenda onde havia um morto, torna-se impuro. Os ignorantes, portanto, enquanto forem ignorantes, estão limpos, mas não estarão mais após souberem. O acolhimento, porém, como santos, traz a responsabilidade de instruir e conduzir as almas a saberem o que é devido à casa do Senhor, e ao Seu nome, e aquilo que acontece no seu interior. Suponho que sempre haja testemunho confiável quanto a essas coisas, e é bom que sejam indicados os nomes das pessoas que são responsáveis pela reunião e que apresentam alguém à mesa quando estas não são pessoalmente conhecidas. 

 

Necessidade de Separação


Você está expressando a unidade do corpo, abandonando tudo o que praticamente a nega? Talvez você esteja partindo o pão simplesmente como Cristão, desejando expressar essa unidade? Se sim, é como em (A) ou em (B)? Ou você deseja unir  (C) e (D), para torná-los numa ­só mesa ou comunhão?

 

Você concorda com uma expressão como (E), onde pode haver algumas assembleias sem mal nelas, mas, em outras, tais doutrinas não julgadas como a de que Cristo nasceu como qualquer outro homem – nascido de Adão e sob a ira e maldição de Deus? Ou como sustentado por outros, que o castigo pelo pecado não é eterno e que os ímpios são aniquilados; ou em qualquer outra doutrina que atinja o fundamento da cruz de Cristo e da nossa única redenção, doutrina essa tolerada em nome da unidade e sob o nome de “ignorância”; isto é, as pessoas são recebidas vindas deles sem serem obrigadas a se separar, não apenas por uma questão histórica, mas como um fato presente? Ou onde as pessoas são recebidas por dizerem que são Cristãs sem ­saber mais sobre elas – quando podem vir de alguma conexão impura? Ou quando cartas de recomendação ou outro testemunho confiável não forem considerados necessários? (2 Coríntios 3:1; Atos 9:26-27).

 

Não pense que você possa participar de uma das mesas que você considera pura, sem ser pessoalmente responsável pela recepção de uma pessoa vinda de uma mesa impura – e sem que ­ela se separe daquela mesa impura. Na verdade, você não pode abrir mão da sua responsabilidade pessoal dessa maneira. Seu nome e sua presença ali apoiam o que é feito, e você come semanalmente um pão do qual você não insiste em ser mantido totalmente separado do fermento. Vocês não comem pão ázimo, mas levedado, enquanto isso acontecer assim (1 Co 5:8). Nem você pode, de acordo com a mente do Senhor, participar de qualquer mesa que não reconheça a união de todo o corpo, e pode haver, como temos visto, apenas uma mesa para fazer isso. Todo o resto é cisma (1 Co 3:4; 10:17).

 

Ensinar os Novos Convertidos


Quão importante também é isso para aqueles que têm a ver com as almas dos outros; pois se outros são convertidos por meio deles, o que fazem com os convertidos? Quando um bebê é trazido ao mundo, será que ele é deixado para se alimentar e se vestir sozinho, ou é levado para um lugar onde haja calor e alimento para o seu crescimento? É deixado para morrer nas ruas? "Oh, Deus cuida dos Seus". Sim, mas e a responsabilidade do pai espiritual? Você está buscando evan­gelizar? Você deve trabalhar como obreiro daquela alma, como alguém que será apresentado a Cristo em glória quando tiver que prestar contas de seu serviço. Paulo, Pedro e João fizeram (1 Ts 2:19, 3:8; Fp 2:16; 1 Pe 1:7; 2 Pe 1:10; 1 Jo 2:28; 2 Jo 8, "para que não percamos" se refere ao obreiro).

 

Se Cristo adicionou um membro ao Seu corpo usando seu intermédio, é sua responsabilidade, na medida do possível, garantir que essa alma seja alojada onde lhe sejam fornecidos alimento e crescimento. Cristo providenciou os meios em Seu corpo (Ef 4:3-16), e embora a ­organização visível disso esteja em ruínas, ainda assim, onde quer que as verdades do corpo sejam reconhecidas e procuradas para serem colocadas em prática, aí certamente será onde a alma vivificada deve ser colocada para sua nutrição. Você dirigiria esse novo membro para (C) ou (D)? Pois sem dúvida você não o guiaria para uma assembleia onde todos os dons de Cristo estivessem concentrados em um homem, que é chamado de “o ministro”. Se, como trabalhador, é dito a você (1 Coríntios 3:10-23) que o seu trabalho será provado pelo fogo; se você desejar que ele seja ouro, prata, pedras preciosas, e não madeira, feno, falha, você deve guiá-lo aonde todo mal é excluído, enquanto todos os santos (andando em santidade) são incluídos, julgando aqueles “os que estão dentro” (1 Co 5:12-13). E como você pode guiar outra pessoa para onde você próprio não está? (veja 1 Co 11:19 – ARA; 2 Co 10:6).

 

Mas alguns podem dizer: “Isso tudo é verdade”. Graças a Deus, se for assim; então você está fazendo o que o Senhor gostaria que você fizesse quando Ele vier para Sua Igreja, e isso é “num momento, num abrir e fechar de olhos”. Mas tenha certeza de que é assim. Você está expressando o corpo como unido à única Cabeça no céu, e a nenhuma outra membresia?

 

Ora, há alguns que pensam que estão bem, mas na verdade não estão – partindo o pão e expressando, como imaginam, a unidade do corpo, mas praticamente negando-a de mais de uma maneira. Primeiro, cada assembleia é na prática independente das demais. Às vezes, uma assembleia receberá alguém, que outra assembleia não receberá, negando assim que um Espírito governe o todo; pois como poderia o Espírito Santo dirigir a exclusão de uma pessoa numa assembleia e a recepção dela em outra? Ele estaria negando Sua própria decisão (Mt 18:15-20). Suponha que Éfeso tivesse recebido o homem que foi expulso em Corinto, de quem teria sido esse ato – do Espírito Santo ou dos de Éfeso? É claro que, se não reconhecemos que nossos irmãos são habitados pelo Espírito e procurando ser guiados pelo Espírito, temos motivos para duvidar de sua decisão; mas isto testaria se temos, na prática, comunhão com eles no terreno da única Assembleia ou não.

 

Perguntas Frequentemente Feitas


Se porventura surgisse uma diferença de julgamento entre duas assembleias, o caminho seria buscar juntos a mente do Senhor, seja enviando homens piedosos, em cujo julgamento os santos pudessem confiar (como foi feito em Atos 15), ou em alguma outra maneira de entender a mente do Senhor, pois o Senhor não poderia ter dois pensamentos sobre o mesmo ponto. Agir independentemente um do outro seria negar o único Espírito. Além disso, pode haver fermento em uma assembleia, mas as outras assembleias não se virem como sendo uma assembleia com a assembleia levedada, porém são tão responsáveis pela presença do fermento na assembleia fermentada como se ele estivesse entre elas mesmas. Uma maneira de visualizar a unidade é supor que todos os santos da Terra pudessem ficar em um salão. Então, se algum santo trouxesse consigo um “ímpio” (1 Co 5:13), ou um mestre maligno (2 Jo 10; Ap 2:14-15, 20), qual parte de toda a assembleia reunida naquele salão se tornaria responsável por aquele fermento? Toda ela seria responsável. Isso "faz levedar toda a massa". A única maneira seria ou colocar o próprio fermento para fora, ou (se os santos que o trouxeram se recusarem a fazer isso) deixar esses santos fora do ajuntamento que confessa a santidade da casa de Deus, e admitir apenas aqueles que, em fidelidade à Cabeça, consentem em se separar do fermento. O que muitos queridos santos não percebem é que reunir-se em lugares diferentes não destrói a unidade, pois o único Espírito habita em todos. Ora, isso não significa excluir os Cristãos, mas admiti-los – admitir aqueles que se purificaram “do fermento velho”, pois o fermento não pode ser permitido dentro.

 

Pode-se dizer: “Talvez alguns ignorem que o fermento esteja ali”.

 

Então cabe a mim mostrar a eles que ele está ali. Não é benigno para com um santo de Deus deixá-lo sustentar ignorantemente aquilo que desonra sua Cabeça, quando ele se afastaria disso se soubesse o que estaria fazendo. Devo instruí-lo, então ele não será ignorante, mas não devo permitir que o pão levedado e o ázimo ­sejam considerados como um só pão. A ignorância é uma coisa; permitir fermento é outra. Ele deve comer apenas os ázimos. Se ele persistir ­em participar de ambos, isso seria confessar os dois pães como sendo o mesmo pão, e eu sei (se ele não reconhecer isso) que aquele está fermentado.

 

Mas isso não seria estabelecer o seu julgamento ­e tornar o seu julgamento o padrão do certo ou do errado?

 

Não; a Palavra de Deus diz o que é certo ou errado e do que devemos nos purificar. Perguntar como é que eu posso me purificar do fermento se não o reconheço quando o vejo é um argumento que defende o mal! O quê? Não devo saber discernir o mal? Verdadeiramente deveríamos então estar confusos!

 

"Mas os homens piedosos pensam de forma diferente".

 

Não tenho nada a ver com homens, por mais piedosos que sejam; Eu tenho a ver com Deus. O teste de um homem piedoso é a Palavra de Deus. Só conheço a sua piedade ­pela forma como respondem à Palavra de Deus – esse é o teste de toda piedade (Jo 8:47; 1 Jo 4:3-6; 1 Co 14:37-38). Deixo que Ele julgue isso naquele dia, e procuro agir em obediência por mim mesmo e me purificar do mal. Não julgo o coração dos homens antes do tempo, mas julgo o que é mau e me separo dele.

 

"Mas você está excluindo os santos".

 

Não, não estou excluindo os santos; Estou excluindo o mal. Se um santo se alia ao mal, sinto muito por ele e ficaria feliz em fazê-lo perceber isso e ajudá-lo a sair disso, se eu pudesse. Mas se um santo está unido ao mal, embora ele possa dizer que não esteja, não posso permitir que ele seja o meio de eu me unir ao mal. Se eu deixar ele partir o pão comigo onde eu estou, eu estaria partindo o pão com ele onde ele está e, portanto, tenho que perguntar onde ele está partindo o pão e se o seu pão está levedado ou não. Se ele tomar o terreno do corpo, seja qual for o pão dele também será o meu também, pois não há dois pães. Devo então, em amor, explicar-lhe por que não posso andar com ele.

 

"Mas a ignorância e a fraqueza não farão diferença no seu tratamento com os santos?"

 

Sim, no que diz respeito a eles. Devo suportá-los, esperar por eles, instruí-los onde me permitirem, mas não acompanhá-los, pois isso envolve meu próprio caminho, ou melhor, o do Senhor. Recebê-los para um ato que expressa comunhão (a menos que seja para tirá-los de onde estão) é dizer: “O Senhor não se importa com o caminho deles”.

 

"Você receberia o ignorante, então.”

 

Sim, se honestamente for ignorante, ele não está contaminado; mas devo ter o cuidado de saber se a ignorância ­era realmente ignorância, pois a experiência infelizmente mostrou que muitos professaram ignorância quando sabiam tudo sobre o assunto; alguns, é claro, menos do que outros. "Deus é luz, e não há n’Ele treva alguma". Quem anda com Deus não quer encobrir nada.

 

"Mas o Senhor os recebeu."

 

Que assim seja; essa é a única razão pela qual tenho qualquer ­autoridade d’Ele para agir. Tenho a ver apenas com Cristãos professos nestas questões de disciplina, e não com quaisquer outros (1 Co 5:11-13; 2 Ts 3:6; Êx 32:26-27; Nm 25:7-13).

 

“Mas ele não é um ‘ímpio’."

 

Não, mas ele é seu companheiro. Ele se confessa como um com ele em redor do um só pão (2 Jo 11; Ag 2:12-13; 1 Rs 13:16-30). Ele é desobediente à Palavra do Senhor. "Ah! Irmão meu". Ele é como o profeta que profetizou contra o mal, mas comeu onde estava o mal, enganado pelo profeta mentiroso.

 

"Mas como você sabe que existe mal?"

 

Essas coisas não são feitas às escondidas. Você não sabe que centenas, ou melhor, milhares de santos foram obrigados, com tristeza, a se separarem para testemunhar contra isso – os únicos que estão realmente se reunindo em reconhecida comunhão uns com os outros, com base no fato de que Cristo tem apenas um corpo, e que há apenas uma Cabeça para o corpo, e que essa Cabeça é santa? Se você não sabe sobre eles, procure-os. Há evidências suficientes dos males em coisas impressas e publicadas até hoje, das quais qualquer santo piedoso se envergonharia – coisas que lançam uma desonra terrível sobre o nome do Senhor Jesus.

 

"Ouvi falar de tais coisas, mas me disseram que elas não existiam mais."

 

Então não te disseram a verdade, pois esses males são anunciados até hoje, e há muitos que os propagam.

 

"Disseram-me que o autor retirou certas observações."

 

Sim, e agora as divulga novamente com palavras diferentes, mais suscetíveis de enganar, que são publicadas ­até hoje.

 

"Disseram-me que ele estava morto."

 

Mas outros estão em comunhão com ele, o que é exatamente a mesma coisa. Sua morte não faria diferença; uma certa posição da igreja, assumida em relação a ele, e chamada de correta, deve ser retirada tão aberta ­e distintamente como foi assumida. As palavras eram bastante claras, mas os atos eram mais claros ainda; e qual é a utilidade das palavras se os atos as contradizem? Mas não é só isso; pode haver agora outras coisas, pois onde os santos são descuidados em expulsar o mal, ele logo os corromperá.

 

Será que vocês não sabem, também, que aqueles que não podem estar no terreno do um só corpo estão excluindo da comunhão deles milhares de santos que não podem estar em sua única assembleia, porque não podem renunciar ao (santo) nome de Cristo, por eles foram instruídos a retê-lo com firmeza; além disso, eles "se reúnem nesse nome". Por ­exemplo, se o castigo pelo pecado não for eterno, e os ímpios forem aniquilados, e assim por diante, Cristo morreu em vão. Não poderíamos estar todos reunidos em torno de um nome, pois deve haver dois nomes diferentes. Eu não poderia permitir que Cristo tivesse um “nome” como esse. Se eu partir o pão com uma pessoa que defende tais doutrinas, eu deveria estar dizendo que suas doutrinas não importam para “o nome”. Eu me torno um com ele nessas doutrinas, ou então 1 Coríntios 10:17-18; 5:6-7; 2 Jo 11; Ag 2:12-13 não significam nada. Se uma pessoa diz: “Posso partir o pão com ela sem sustentar suas más doutrinas”, eu respondo: “Você é culpado de apoiá-las; você é indiferente a elas. Eu levo em consideração seus atos e não suas palavras. E devo separar-me desse nome em torno do qual vocês dois se reúnem, pois não é o nome de Cristo”.

 

“Mas não é certo receber Cristãos quando eles vêm, e não fazer perguntas, e deixar que o Senhor descubra se eles estão andando corretamente ou não?”

 

Não encontramos que os primeiros Cristãos tenham feito isso. Cartas de recomendação eram claramente usadas entre eles (At 18:27; Rm 16:1; 2 Co 3:1; Cl 4:10; 3 Jo 9). Elas tendem a promover ­a confiança e o companheirismo de ambos os lados, e tornam-se valiosas como uma forma segura de distinguir o verdadeiro do falso.

 

Eles são especialmente úteis nos dias de hoje, pois nem todos discernimos os espíritos, e lembre-se ­que nos é dito para “provar os espíritos”.

 

Como um servo fiel age até mesmo nas coisas temporais? Suponha que você me deixou como seu servo para cuidar de sua casa enquanto você estava fora. Um homem bate à porta e diz que é seu amigo, e pergunta se posso deixá-lo dormir na casa; diz também que você deu permissão para seus amigos dormirem na casa e ele deseja aproveitar isso. Minha resposta seria: Minha responsabilidade é para com meu senhor e seus bens. Não é minha casa, mas do meu senhor. Devo saber primeiro se você é um amigo. Lembro-me de que Ele disse: “Pelos seus frutos os conhecereis”. Você pode dar alguma prova de que o que você diz é verdade – a mais curta linha na caligrafia do meu senhor, ou de qualquer amigo cuja caligrafia eu conheça, ou qualquer sinal pelo qual eu possa julgar? "Não, sinto muito, não posso." Então lamento não poder fazer nada por você, pois não devo arriscar que a casa de meu senhor seja roubada, na medida em que tenho o  cuidado dela, e muitos fizeram isso, vindo dessa maneira.

 

"Mas os ladrões foram descobertos."

 

Sim, depois de o mal ter sido feito, e tarde demais para remediá-lo. Os bens do meu senhor são valiosos para mim. Ele não gostaria de me ver descuidado com eles. Sei que tomo cuidado para não ter minha própria casa roubada. Deveria ter menos cuidado na casa de meu senhor? Não estaria eu correto ao responder assim?

 

Muitos amados irmãos, sem perceberem, colocam sua responsabilidade nos ombros do ladrão, porque aceitam sua palavra, em vez de esperar até que aquele que chega lhes seja recomendado por alguém que o conhece adequadamente. Você acha que o Senhor envia Seus servos sem quaisquer credenciais ­para provar que são Seus? E se somos lentos para discerni-las e propensos a cometer erros, como todos nós somos, tanto mais precisamos de cuidado ou de cartas de recomendação.

 

"Mas todo Cristão tem o direito de estar à mesa."

 

Achei que não tínhamos nenhum direito, e que éramos pecadores salvos pela graça, e fomos instruídos a nos submeter uns aos outros. Não tenho o direito de excluí-lo, se sei que Cristo lhe deu um lugar ali. Mas preciso aprender isso primeiro, e de alguma maneira aprender isso somente de Cristo. Eu preciso ter credenciais, não do homem, mas do Senhor – algo que eu possa reconhecer como sendo do Senhor. Quem sou eu para não receber aqueles a quem o Senhor receberia? Mas quem sou eu para ser descuidado e desobedecê-Lo? A questão não é se ele é Cristão.

 

Palavras Finais


Concluindo, algumas palavras aos meus queridos irmãos que estão espalhados pelas diversas seitas. Você não sabia que Cristo gostaria que Seus santos se reunissem como um só corpo – Seu corpo? Que Ele enviou no Pente­costes o Espírito Santo, para habitar com eles para sempre (Jo 14, 15, 16), para habitar no meio deles e ser seu poder para adoração? Que a única casa construída pelas mãos do homem que Deus sempre reconheceu foi destruída há muito tempo em Jerusalém; e o Santo dos Santos, onde Cristo entrou com Seu sangue, é agora nosso único lugar de adoração; e que esse sangue limpou você de todo pecado (se você for um crente) e o tornou apto para se aproximar sem pecado, através do véu rasgado, à própria presença de Deus no Santo dos Santos, para adorar sem qualquer temor na luz? Você já leu que Cristo deu dons ao Seu corpo – pastores, mestres, evangelistas... cada um para ocupar seu próprio lugar no corpo? Que um olho não pode ocupar o lugar de um ouvido, nem um ouvido o de uma mão? Você tem seu ministro. Ministro significa servo. Será que Cristo não tem outros servos em sua assembleia? Você dá liberdade ao Espírito Santo para usar quem Ele quiser no serviço, seja com uma palavra de exortação (Hb 10:25), ou uma oração (1 Tm 2:8), ou louvor, sem ser "extinguido" pelas regras de ordem do homem? Seria uma “desordem” para um santo com um dom reunir-se com você e (como Deus ordena) usar seu dom (Rm 12:48; 1 Pe 4:10-11), ou procurar “exortá-lo” sem pedir ordem ou permissão do homem para fazê-lo? O que você pensaria do homem que tinha um talento confiado a si pedindo ao homem com dez talentos que lhe desse permissão para usá-lo? Quem teria sido menosprezado ali?

 

Você é capaz de agir de acordo com 1 Coríntios 14? Leia e veja se isso poderia ser realizado agora, ou você tem uma Bíblia diferente para hoje? Você está se lembrando da morte do Senhor todos os primeiros dias da semana, de acordo com a bendita vontade do Senhor? Você sabia que isso era para distinguir aqueles que O amavam, até que Ele voltasse? Você está excluindo todos os demais dons que o Espírito Santo concedeu ao corpo e permitindo que apenas um de sua escolha para que edifique você? O seu ministro pode ser um dom de Deus, mas se for, ele deveria estar servindo no corpo, e não deveria haver divisões no corpo. "Cristo não está dividido." Quatro paredes não deveriam confinar ­o ministério de um servo de Cristo. Ele deveria estar livre para qualquer parte do corpo, em qualquer lugar que o Senhor pudesse usá-lo. Ofícios (bispos ordenados, presbíteros, diáconos) não são dons.

 

Você está se reunindo apenas em nome de Cristo? Talvez você diga: “Sim”. Deixe-me provar isso. Suponha ­que em algum domingo de manhã eu pudesse visitar todas as congregações de uma determinada cidade e levar embora o ministro de cada uma delas. O que seria das congregações e de sua comunhão entre si e com o Senhor? Quanta adoração Deus receberia naquela manhã? Seria o nome do Senhor suficiente para mantê-los unidos e acreditando que o Espírito Santo estava no meio deles? Se não for assim, então eles não estão reunidos em nome do Senhor, mas em nome do seu ministro­. Será que o Espírito Santo foi embora junto com o ministro deles? O Senhor disse: “aí estou Eu no meio deles”. Pense em qualquer um que acreditou nisso, indo para suas casas e deixando o Senhor para trás, onde os santos foram “reunidos em Seu nome”! Será que Ele disse: “Onde estiver o seu ministro, aí estou Eu”? Não, mas: “Onde estiverem dois ou três reunidos em Meu nome”. O ministério é valioso, mas a presença de Cristo é essencial e não exclui o ministério; pois foi quando o Senhor estava lá para fornecer o pão que os discípulos foram capazes de distribuir o pão à multidão.

 

Você se reúne para adorar a Deus? Sermões são bons, mas não são adoração. "O Pai procura a tais que assim O adorem”. Sermões em outras ocasiões podem ajudar na adoração, mas vocês se reúnem para ouvir e obter algo, ou para dar algo? Jesus disse daquela que trouxe o vaso de alabastro com o unguento de grande valor e derramou-o sobre Sua cabeça: “Ela Me fez uma boa obra” (Mt 26:10 – TB). Você não tem nardo puro? Adoração é o coração devolvendo a Deus aquilo que é Sua criação­, quando guiado pelo Espírito Santo. Você se reúne para fazer isso ou para ouvir um sermão? “Ajuntando-se os discípulos para partir o pão”, Paulo pregou para eles; mas eles estavam reunidos “para partir o pão” – este era o objetivo deles. Se Paulo não estivesse lá, eles não teriam partido o pão?

 

Você leu Apocalipse 2:3 como cartas escritas pelo Senhor às igrejas, as quais dizem que os próprios santos eram responsáveis por lê-las e agir de acordo, e não apenas por seus ministros? E você notou que, com algumas exceções, todas as epístolas são escritas para os santos (não aos seus ministros), e que Deus considera a eles responsáveis pelo que Ele lhes disse, e não permitirá que o Seu povo transfira a sua responsabilidade para outro? Que o Senhor desperte Seu povo para o fato solene de que eles têm a ver com Ele (Ap 2:1) andando entre Seus castiçais, e que Ele está vindo “cedo”.

 

A unidade da mesa do Senhor corresponde à unidade do corpo de Cristo. 1 Coríntios 10:17 nos ensina que o pão inteiro representa um só corpo e comê-lo é, na verdade, dizer "Eu, pela graça, sou desse corpo" – "Porque nós, sendo muitos, somos um só pão e um só corpo; porque todos participamos do mesmo pão". Ora, comer dessa maneira é participar ­da mesa do Senhor (v. 21).

 

Existe agora o perigo de que, com uma humildade equivocada, chamemos todas as mesas dos homens de mesas do Senhor. Todas as mesas, exceto uma, são e devem ser consideradas mesas de cisma, pois Cristo não está dividido. Não ousamos relacionar a divisão com o Seu santo nome, chamando uma mesa estabelecida em bases cismáticas, por mais ignorantemente que tenha sido estabelecida, de mesa do Senhor. "para que não houvesse cisma no corpo” (1 Co 1:10 – TB).

 

Dar as mãos e comprometer a verdade ao fazê-lo é o que hoje está sendo  urgentemente pressionado por todos os lados, e isso está sendo oferecido a nós sob as palavras  reconciliação e amor fraternal.

 

NOTA – O documento acima é antigo, alterado em partes para atender aos exercícios da época em que vivemos.

 

G. P. - 1909

 

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