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Revista mensal publicada originalmente em dezembro/2009 pela Bible Truth Publishers
ÍNDICE
Christian Truth
H. L. Rossier (adaptado)
J. N. Darby
W. J. Prost
H. F. Witherby
J. N. Darby
W. T. P. Wolston
W. Potter
W. T. P. Wolston
J. N. Darby
Hinário Little Flock – Hino 34
A Páscoa, o Mar Vermelho e o Jordão

Na Páscoa, o sangue atendeu as reivindicações da justiça de Deus em relação aos pecados do povo. No Mar Vermelho, os filhos de Israel foram libertos da casa de servidão, colocados para sempre além do poder de Faraó, e colocados no deserto como um povo redimido e levado a Deus.
O Mar Vermelho é uma figura da morte e ressurreição de Cristo, onde o poder de Satanás foi anulado e nós, libertados dele, somos levados a Deus em perfeita paz, para que possamos nos regozijar n’Aquele cujo poder produziu uma libertação tão grande para nós. Essa verdade é encontrada na Epístola aos Romanos.
A travessia do Jordão foi a entrada de Israel em Canaã. É uma figura de nossa entrada, pela fé, no bendito fato de que não apenas morremos com Cristo, mas também que nós, que estávamos mortos em pecados, fomos vivificados juntamente com Ele, ressuscitados e assentados juntos nos lugares celestiais n’Ele.
O Mar Vermelho e o Jordão encerraram para sempre nossa história como homens na carne, e agora temos uma nova posição em Cristo diante de Deus e estamos em espírito associado a Ele onde Ele está agora, tendo sido vivificados com Sua vida e tendo o Santo Espírito habitando em nós. Esta é a verdadeira posição Cristã, a porção apropriada de todo crente. Nosso lugar é estar conscientemente firmes em possessão de tudo isso. É em Efésios que nossa posição e privilégios celestiais se revelam, e é aí que aprendemos a necessidade de toda a armadura de Deus para nos capacitar a permanecer no presente desfrute do que é infalívelmente e eternamente nosso em Cristo.
Christian Truth
O Jordão
Do Egito até ao rio Jordão, a libertação do povo é caracterizada por dois grandes eventos, a Páscoa e o Mar Vermelho, e para entender o terceiro grande evento, ou seja, a travessia do Jordão, é bom entender o significado dos dois primeiros. Todos os três são figuras da morte de Cristo, mas seus aspectos são tão ricos, tão variados e tão infinitos que precisamos de todos esses, e muitos outros, para compreender um pouco de sua profundidade e extensão.
A Páscoa
A Páscoa nos mostra a morte de Cristo como um abrigo do julgamento de Deus. “Eu passarei pela terra do Egito esta noite e ferirei todo primogênito na terra do Egito, desde os homens até aos animais; e sobre todos os deuses do Egito farei juízos” (Êx 12:12). Ora, o próprio Israel só poderia estar protegido pelo sangue do cordeiro pascal colocado entre o povo como pecador e Deus como um Juiz que era contra eles. O sangue detém Deus, por assim dizer, O mantém do lado de fora e nos coloca em segurança do lado de dentro. “Vendo Eu sangue, passarei por cima de vós”. Apenas não esqueçamos que é o amor de Deus que provê o sacrifício capaz de enfrentar o Seu próprio julgamento. Assim, o amor poupa o povo, que por si só não poderia escapar do julgamento assim como os egípcios.
Redenção
No Mar Vermelho, encontramos um segundo aspecto da morte de Cristo, que é a redenção: “Tu, com a Tua beneficência, guiaste este povo, que salvaste” (Êx 15:13). Agora, se Deus nos livra e nos redime, Ele é por nós em vez de estar contra nós; de fato, diz: “O SENHOR pelejará por vós, e vos calareis” (Êx 14:14). A Páscoa deteve o próprio Deus como Juiz e colocou Israel em segurança, já no Mar Vermelho, Deus intervém como Salvador (Êx 15:2) em favor de Seu povo, que nada tem a fazer senão acompanhar sua libertação: “Estai quietos e vede o livramento do SENHOR” (Êx 14:13). Na redenção, Deus age como se os inimigos que estavam contra nós estivessem contra Ele.
A condição necessária
Mas voltemos para o Jordão. Na Páscoa foi feita a expiação; no Mar Vermelho a redenção foi realizada e a salvação obtida, mas aqui vemos outra questão. Para tomar possessão da terra de Canaã, o povo precisa estar em uma determinada condição.
Entre o Mar Vermelho e o Jordão, Israel atravessou o deserto, e essa jornada é dividida em duas partes distintas. Na primeira parte, até o Sinai, é a graça que guia o povo – a mesma graça que os havia redimido do Egito e pela qual eles experimentam os suprimentos de Cristo no meio de todas as suas fraquezas. Na segunda parte, depois do Sinai, Israel está sob o reinado da lei, e é então que eles são provados, para saber o que está em seu coração. O julgamento apenas demonstrou que cada um deles era “carnal, vendido sob o pecado” e que sua vontade era inimizade contra Deus, finalmente se mostrando em rebelião aberta quando se tratava de entrar em possessões das promessas.
A condição de Israel era um absoluto obstáculo para a entrada deles em Canaã. Quando eles chegam ao fim de suas experiências na carne, encontram o Jordão, uma inundação que transborda, como uma barreira para seu progresso. O Mar Vermelho impediu sua fuga do Egito, o Jordão impede sua entrada em Canaã, e tentar atravessá-lo seria sua destruição. Aqui temos uma nova figura da morte. É o fim do homem na carne e, ao mesmo tempo, o fim do poder de Satanás. Como podemos nós, que estamos sem força, suportar isso? Ele nos separa para sempre do gozo das promessas. “Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Rm 7:24).
A arca do concerto
Mas a graça de Deus providenciou isso. A arca vai adiante do povo; não apenas os faz saber o caminho pelo qual devem ir, mas os associa a ela mesma na passagem. Os sacerdotes, os representantes do povo, deveriam tomar a arca do concerto e passar adiante de Israel. De fato, era a arca do concerto do Senhor de toda a Terra (v. 13) que passaria diante deles através do Jordão, mas não sem eles. A arca manteve sua preeminência: “Haja, contudo, distância entre vós e ela, como da medida de dois mil côvados” (v. 4). Mas, como os olhos do povo se fixaram nela (v. 3), viram ao mesmo tempo os sacerdotes da tribo de Levi que a carregava. Assim que as solas dos pés dos sacerdotes repousaram nas águas do Jordão, as águas foram cortadas e deixaram de fluir. Havia um poder vitorioso sobre o poder da morte e que associava Israel à vitória.
Se foi assim para Israel, quanto mais para nós! Tudo o que éramos na carne encontrou seu fim na cruz de Cristo. Podemos dizer: estou morto para o pecado, morto para a lei; Eu estou crucificado com Cristo. Meus olhos, fixos na arca – em Cristo – veem n’Ele o fim da minha personalidade como filho de Adão. Mas n’Ele também há um poder vitorioso, agora tornado meu. Sou introduzido na vida de ressurreição n’Ele, além da morte, no pleno gozo das coisas que esta vida possui: “Vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim” (Gl 2:20).
A própria morte, é claro, ainda não foi tragada: “E aconteceu que, como os sacerdotes que levavam a arca do concerto do SENHOR subiram do meio do Jordão... as águas do Jordão se tornaram ao seu lugar e corriam, como antes, sobre todas as suas ribanceiras” (Js 4:18). Mas “quando... isso que é mortal se revestir da imortalidade, então, cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória” (1 Co 15:54). Então o lugar de Cristo, além de tudo o que poderia nos impedir, será nosso, até mesmo em nosso corpo. Mas antes do cumprimento dessas coisas, já podemos dizer: “graças a Deus, que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Co 15:57).
Uma nova condição
Encontramos, então, no Jordão, de uma maneira especial, a morte para aquilo em que estávamos em nossa condição anterior e o começo de uma nova condição no poder da vida com Cristo, em Quem estamos ressuscitados. Sua morte e ressurreição nos introduzem agora em todas as bênçãos celestiais, e o que acabamos de dizer explica a razão de não encontrarmos inimigos aqui, como no Mar Vermelho. No Jordão, os israelitas não são perseguidos por Faraó e seu exército, mas o inimigo está na frente deles e não começa a agir até que eles cruzem o rio.
Agora eles entram em uma nova série de experiências. No deserto do Sinai, o velho homem provou ser pecado; segue, em figura, no Jordão, o conhecimento adquirido pela fé, que fomos retirados de nossa associação com Adão e estabelecidos em uma nova associação com um Cristo morto e ressuscitado. Finalmente, em Canaã, temos as experiências do novo homem, embora não sem fraqueza e fracasso, se houver falta de vigilância, mas com um poder à nossa disposição, do qual podemos fazer uso constante para sermos fortes e lutarmos valentemente e resistirmos às artimanhas sutis do inimigo.
H. L. Rossier (adaptado)
O Caminho para os Lugares Celestiais
O deserto
O deserto é o caminho de um Cristão no qual ele aprende sobre si mesmo. É o lugar de uma alma que está realmente em repouso diante de Deus. Pode ter tido experiências anteriores de escravidão e outras coisas, mas foram as experiências de uma alma na qual Deus agiu, mas que ainda não foi libertada. É onde uma alma que sabe que é redimida está. Se eu apenas conheço o sangue, ainda estou no Egito, mas se eu já passei pelo Mar Vermelho, conheço Deus como libertador. Eu não estou na carne, mas no Espírito (Rm 8). O filho pródigo teve experiências antes de voltar para casa, mas eram as experiências de alguém que ainda não conhecia o pai. Havia uma obra no homem. Ele descobriu que estava perecendo. Ele se arrependeu e partiu, mas ainda havia a pergunta: o que o pai vai me dizer quando eu o encontrar? Ele vai me colocar à sua mão direita ou esquerda? Ele já tinha preparado seu discurso e havia fixado o lugar que deveria ocupar na casa – o de um servo – mas ainda não havia se encontrado com o pai. Ele descobre qual era o seu lugar na casa por aquilo que o pai era para ele quando o encontrou e não diz nada sobre o lugar de um servo. Ele é trazido como filho, mas não pôde dizer: “faze-me como um dos teus trabalhadores”, pois seu pai estava abraçado em seu pescoço. Não era o que ele era para Deus, mas o que Deus era para ele. Ele colocou a melhor roupa sobre ele, e não uma roupa qualquer. Ele o encontrou em seus pecados, mas não o trouxe em seus pecados. Deus o encontrou em trapos, mas ele é trazido em Cristo.
O Mar Vermelho
Se eu atravessei o Mar Vermelho, Deus é para mim um Libertador e não um Juiz, em virtude da plena e bendita obra de Cristo. Eu não estou na carne. Não é apenas que meus pecados foram perdoados, mas eu estou no Segundo Homem, em Cristo, diante de Deus. O primeiro efeito prático é que eu sou trazido para o deserto. Uma pessoa tem muito a aprender depois de ser resgatada. Estou fora da minha carne e tenho o meu lugar em e com Cristo, mas o aprendizado da carne em mim é um processo humilhante. “Te lembrarás de todo o caminho pelo qual o SENHOR, teu Deus, te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, para te tentar, para saber o que estava no teu coração”. “Nunca se envelheceu a tua veste sobre ti, nem se inchou o teu pé nestes quarenta anos” (Dt 8). Deus estava preocupado com suas próprias roupas e pés, mas Ele lhes deu toda a disciplina e correção necessárias para mostrar a eles mesmos quem eles eram. E, quando por sua incredulidade, eles se recusam a entrar na Terra de Canaã, não querendo subir e combater os amorreus, Ele, em Sua graça, Se volta em amor e paciência infalíveis e habita com eles todos os quarenta anos de sua jornada no deserto.
Deus morando conosco
O que caracteriza o Cristão é a presença do Espírito Santo - Deus habitando nele em virtude da redenção. Ele não mora com o homem na inocência; Ele nunca morou no Éden. A morada de Deus com o homem sempre foi consequência da redenção, seja na nuvem com Israel ou na Igreja pelo Espírito Santo. Ele havia caminhado com Adão no jardim, jantado com Abraão, por assim dizer, mas nunca morou com eles. Mas assim que Ele obtem um povo resgatado, Ele habita com eles e fala de santidade. Ele Se adapta às circunstâncias deles. Quando estavam em servidão no Egito, Ele veio a eles como Libertador; quando eles estavam no deserto, habitando em tendas, Ele armou Sua tenda no meio deles e os conduziu por todo momento. Quando chegaram a Canaã, Ele os encontrou, com a espada na mão, como Capitão, para liderá-los nos conflitos, e quando finalmente se estabeleceram, Ele construiu uma bela casa e habitou no meio deles. O mesmo acontece com o Seu povo agora. Ele habita conosco pelo Espírito Santo: primeiro em nós como indivíduos (“Não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo”); segundo, na Igreja coletivamente (“No Qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus no Espírito”). Não é apenas que eles nasceram de Deus, mas eles têm o sangue sobre eles, e aí o Espírito Santo habita. “Tendo nele também crido...” “E isso disse Ele do Espírito, que haviam de receber os que n’Ele cressem”. “Mas o que nos confirma... é Deus”. Ele vivifica incrédulos e habita em crentes. A presença do Espírito Santo é o que forma o caráter distintivo do Cristão e da Igreja. O leproso foi lavado, aspergido e ungido – o sangue colocado na sua orelha, em sua mão e em seu pé e depois o azeite sobre o sangue. Era algo santíssimo; nada mais deve passar pela orelha ou ser feito pela mão que contaminasse, nem deve fazer qualquer coisa que contaminasse os pés na caminhada. A unção – isto é, a presença do Espírito Santo em nós – é o selo do valor do sangue. “O amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo” (Rm 5:5). O Espírito Santo é o penhor, não do amor de Deus (pois temos isso), mas da herança pela qual esperamos.
Morto e ressuscitado com Cristo
No deserto, Deus está nos humilhando, provando e fazendo com que tudo trabalhe para nosso bem. A circuncisão não é praticada no deserto. Israel vem para o Jordão e o atravessa. Aqui temos uma figura, não de Cristo morrendo por mim, mas de minha morte e ressurreição com Ele. Não é simplesmente que Cristo morreu por mim, mas que eu sou crucificado com Cristo. Eu me considero morto e recebi Cristo como minha vida. Estou morto, ressuscitado e assentado em lugares celestiais em Cristo Jesus. Estou completamente fora do deserto. Eu estava morto em pecados, e Cristo desceu e morreu pelos pecados, e agora estou vivificado, ressuscitado e assentado em Cristo. Esse é um lugar completamente novo. Essa é a doutrina ensinada em Efésios. Não olho mais para mim como vivo na carne de forma alguma. Eu entrei nos lugares celestiais. E no momento em que cheguei lá, tudo é meu – “todas bênçãos espirituais em lugares celestiais”. Mas então é só quando eu adentro às minhas bênçãos que eu as torno minhas de maneira prática. E então eu descubro que há outro lá – o inimigo está na posse – de modo que eu preciso de toda a armadura de Deus. O lugar pelo qual temos de passar é o mundo como um deserto, mas, quanto à minha posição, estou nos lugares celestiais e devo andar de acordo com isso. Se estou vivendo no mundo como um homem na carne, eu encontro meus vizinhos e posso achá-los gentis e atenciosos, mas assim que começo a falar sobre coisas celestiais, eles se opõem.
Bem, eu tenho que mostrar Cristo em relacionamentos vivos. Se é verdade que estou em Cristo, também é verdade que Cristo está em mim. “Naquele dia, conhecereis que estou em Meu Pai, e vós, em Mim, e Eu, em vós” (Jo 14:20). O padrão não é um homem correndo em direção ao céu, mas está mostrando o Cristo que está em mim. “Trazendo sempre por toda parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossos corpos” (2 Co 4:10) – Isto e nada mais. “De maneira que em nós opera a morte, mas em vós, a vida”. Paulo está morto. Era Cristo agindo por meio de Paulo. Se falharmos, isso é uma obra do deserto. Se Cristo está em mim, nunca devo deixar que nada além de Cristo seja visto. Agora você tem Cristo em você, que é poder positivo e nada mais; agora você vê Aquele que é visto e nada mais. Josué diz: Ponha o pé nela. É sua. Entrei em Canaã e tenho conflito imediatamente. Estou assentado em lugares celestiais em Cristo. É tudo meu, e agora estou procurando me apossar das coisas às quais tenho direito. E disse ele: “Mas venho agora como Príncipe do exército do SENHOR”. Passamos por testes no deserto; temos conflito em Canaã. Quando estou em Canaã, tenho inteligência e atividade espiritual naquilo que me pertence. “Herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo” – quanto cada um de nós tem compreendido das bênçãos espirituais que são nossas?
Gilgal, o lugar do julgamento próprio
Nas pedras retiradas do Jordão, descobrimos que o crente leva consigo o caráter da morte. A arca passou. Nós morremos para o pecado. O mundo e o poder de Satanás se foram. Pertencemos à morte uma vez; agora a morte nos pertence. Agora sou obrigado a dizer: Considere-se morto. Nunca nos é dito que devemos morrer para o pecado, mas que já “estamos mortos”. A primeira coisa é que passamos pelo Jordão a seco, e esse é o nosso título para nos considerarmos mortos. A circuncisão é a aplicação prática disso. “Mortificai, pois, os vossos membros que estão sobre a Terra” (Cl 3). Se vejo um homem impaciente, não nego que ele esteja morto, mas digo: Você precisa de um pouco de Gilgal. Se eu vejo um homem olhando coisas inconvenientes na cidade, não nego que ele esteja morto, mas digo: Você precisa ser circuncidado. Essa é a aplicação prática da morte de Cristo à nossa alma, na verdade, tornando-a uma realidade. De maneira muito impressionante vemos em Josué Ai ser conquistada e depois conquista após conquista. Mas encontramos que Gilgal, o lugar da circuncisão, sempre era o lugar para o qual o arraial retornava após suas vitórias. Não importa o seu sucesso, você deve voltar para Gilgal. O Livro de Josué é a história da energia bem-sucedida; o Livro dos Juízes, a história do fracasso, com Deus entrando e removendo-o de tempos em tempos.
Gilgal, o lugar do julgamento próprio, é o lugar do poder prático e divino. Descobrimos que até mesmo as vitórias são perigosas, a menos que retornemos ao julgamento da carne. Depois de pregar o evangelho, a obra mais abençoada que pode existir, devemos voltar a Gilgal. Israel começou bem em Jericó; o que eram os altos muros para a fé? Quanto mais altos os muros, mais eles se despedaçam quando caem. Mas, em vez de retornarem a Gilgal, eles se tornam confiantes em si mesmos e mandam apenas alguns para tomar Ai. Mas aí temos o fracasso. Eles têm que retornar a Gilgal e julgar a carne. Em Juízes, o Anjo do Senhor sobe de Gilgal para encontrá-los em Boquim; isto é, do lugar do poder ao lugar das lágrimas. Eles deixaram o lugar do poder para o lugar da tristeza. Eles se sacrificam ali, mas estão em lágrimas.
A páscoa
Após a passagem do Jordão, a primeira coisa que vimos foi o estabelecimento das doze pedras; a segunda, foi a circuncisão; a terceira, foi a páscoa. Agora eles podem olhar para trás, para ver a base de tudo na redenção. Eles a celebram agora, não como culpados e protegidos por ela – como foi no Egito – mas comemorando a verdade de que a morte do bendito Filho de Deus é o fundamento de toda bênção. A ceia do Senhor nada mais é do que a celebração daquilo que é o fundamento de Deus dando tudo. Quanto mais olhamos para ela, mais encontramos a cruz segurando um lugar que nada mais tem, exceto Aquele que morreu nela. “Qual O celestial...” e “qual Ele é, somos nós também”. A cruz é ainda mais profunda que a glória. A glória foi obtida por ela, mas a cruz é onde a natureza moral de Deus, Sua santidade e Seu amor, foram glorificados. Aqui vemos o crente circuncidado em Canaã se alimentando do cordeiro, a lembrança da morte de Cristo.
O trigo da terra
A quarta coisa vista é que eles se alimentam do “trigo terra”, e o maná cessa. O trigo da terra é uma figura do Cristo celestial. O maná era adequado ao deserto – Cristo desceu do céu. No meio de todas as circunstâncias aqui embaixo, Ele nos encontra na jornada, e nos alimentamos d’Ele. É o mesmo Cristo – somente em outro caráter – que vemos no trigo da terra. Não temos apenas um Cristo humilhado e glorificado para alimento de nossa alma – Sua vida aqui embaixo – mas o que encontramos em 2 Coríntios 3: “Mas todos nós, contemplando a glória do Senhor com rosto descoberto, somos transformados conforme a mesma imagem de glória em glória” (JND). É o fruto da terra – um Cristo humilhado que agora está em Canaã, ao Qual pertencemos. Ainda não haviam tomado uma cidade sequer, mas assentaram-se à mesa que Deus lhes havia preparado na presença de seus inimigos. Tudo é meu antes mesmo de uma única vitória. Assento-me na presença dos meus inimigos. Ele preparou uma mesa para mim. O deleite de Deus é o meu deleite. Antes de desembainhar minha espada para o conflito, assento-me e sei que tudo é meu.
O homem com a espada desembainhada
Por fim, temos o Homem com a espada desembainhada vindo para assumir o lugar como Príncipe [Capitão – JND) do exército do Senhor. Nas coisas celestiais, tudo é conflito. Observe a palavra aqui. É uma questão de: “És tu dos nossos ou dos nossos inimigos?” Não existe um meio termo, mas uma separação completa. Se você é pelo mundo, você é contra Cristo. No momento em que se torna uma questão a respeito de Cristo, deve ser a favor ou contra. O mundo crucificou a Cristo, e Ele disse: “Quem não é comigo é contra Mim” e “Porque quem não é contra nós é por nós”. Eu sei que o significado dessas duas declarações tem sido questionado e considerado difícil de conciliar, mas é muito simples. Se somos a favor de Cristo, devemos ser contra o mundo, e se não somos contra Ele, a oposição do mundo a Ele é tão forte que não nos aceitará. “A luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz”, e não pode haver união entre os dois. O mundo nunca aceita fidelidade a Cristo. O coração humano é inimizade para com Cristo. O grande objetivo de Satanás é que os Cristãos adequem seu Cristianismo ao mundo. Você nunca fará com que o mundo tome Deus como sua porção. “Mas venho agora como Príncipe do exército do SENHOR”. É claro que era o próprio Senhor.
Temos aqui as mesmas palavras ditas a Moisés, vindas da sarça ardente: “Descalça os sapatos de teus pés, porque o lugar em que estás é santo”. Na batalha espiritual que devemos travar, a santidade é uma questão tão importante quanto a redenção, e quando entramos em batalha, devemos ser tão santos quanto seremos quando estivermos com Ele. Graças a Deus, a redenção fez isso. Você terá o Senhor com você. Aquele que conduz a guerra é o Santo que nos redimiu, e a força do próprio Senhor está conosco.
Até que ponto temos o testemunho? Podemos dizer que estou morto e minha vida está escondida com Cristo em Deus (Cl 3:3)? É seu pensamento e propósito estar em Gilgal ou em Boquim? É seu pensamento prosseguir no conhecimento da redenção perfeita? Você terá tudo da carne julgado? E ter a força do Senhor com você para um conflito bem-sucedido?
“Examinai tudo”. Por qual padrão? Minha própria compreensão ou a Palavra revelada de Deus? “Retende o bem”.
J. N. Darby
Celebrando a Páscoa
A celebração da Páscoa era fundamental no relacionamento de Israel com Deus e serviu como uma lembrança anual de sua libertação do Egito. O mesmo acontece com a Igreja, pois lemos que “Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós” (1 Co 5:7). No entanto, foi “no primeiro dia da semana” que ajuntavam-se “os discípulos para partir o pão” (At 20:7), e também Paulo pôde dizer: “Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice” (1 Co 11:26), pois precisamos da lembrança constante e regular do que nosso Salvador sofreu por nós.
Em Israel, porém, descobrimos que a Páscoa foi celebrada em três lugares diferentes – no Egito, no deserto e na terra. Cada um deles tem um significado espiritual para nós, em conexão com a nossa lembrança do Senhor.
No Egito
A Páscoa foi realizada pela primeira vez no Egito, onde eles estavam em perigo iminente de julgamento. Deus não podia passar por cima dos israelitas enquanto matava todos os primogênitos no Egito, pois os israelitas eram pecadores tanto quanto os egípcios. A casa protegida por sangue guardava do julgamento de Deus aqueles que estavam dentro dela, enquanto eles se banqueteavam no cordeiro assado, uma figura de Cristo. Há várias coisas a serem observadas em relação à celebração da Páscoa no Egito.
Antes de tudo, ela tinha em vista protegê-los do julgamento de Deus, pois o sangue impedia que Deus julgasse os que estavam na casa. O medo era o medo do julgamento de Deus, pois Deus não podia ignorar o pecado em Seu povo enquanto julgava os egípcios. Segundo, era comida em particular, dentro de suas casas, simplesmente como famílias. Não foi feito como um ato coletivo ou público. Terceiro, tinha em vista a partida imediata do Egito, e assim lhes foi dito para comê-la com “os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão; e o (cordeiro) comereis apressadamente” (Êx 12:11). Finalmente, deveria ser seguida diretamente pela festa dos pães asmos.
Tudo isso fala, em termos do Novo Testamento, de um simples entendimento da obra de Cristo. Podemos muito bem lembrar do Senhor com um sentimento de termos sido libertados, com um entendimento claro e ainda uma apreciação sincera de Cristo e Sua obra, e como somos libertados do julgamento pelo Seu sacrifício na cruz. Talvez tenhamos muito pouco entendimento do aspecto coletivo da verdade do um só corpo, mas, ainda assim, temos um entendimento verdadeiro de que somos libertados do poder do inimigo, assim como Israel teve no Mar Vermelho. Também pode haver um coração verdadeiro para com Cristo e um desejo de nos separarmos do pecado em nossa vida, assim como do mundo, tipificado pela festa dos pães ázimos e pela partida do Egito. Nesses casos, não sabemos completamente do que é capaz o nosso velho “eu” pecaminoso, mas nosso coração se enche de gratidão e louvor pelo que Cristo fez por nós. Ações de graças é a nota-chave do nosso coração e nossa voz.
O deserto
Contudo, encontramos em Números 9:2, no primeiro mês do segundo ano após a saída dos filhos de Israel do Egito, que o Senhor os lembrou por meio de Moisés: “Que os filhos de Israel celebrem a Páscoa a seu tempo determinado”. Portanto, está registrado: “Então, celebraram a Páscoa no dia catorze do primeiro mês, pela tarde, no deserto do Sinai” (Nm 9:5). Há certas coisas relacionadas a celebrar a Páscoa no deserto. Antes de tudo, ela foi celebrada com o senso de que o Senhor era a favor deles, em vez de ser contra eles. Eles agora eram um povo redimido, não tendo mais nada a temer, nem do julgamento de Deus quanto ao pecado, nem do poder do Faraó. No Egito, o Senhor estava contra eles, e Sua graça proveu o sangue para que Ele pudesse passar por eles. No Mar Vermelho, Satanás, na pessoa do Faraó, estava contra eles, e Deus julgou ele e suas hostes ali. Assim, no deserto, houve libertação e paz estabelecida, que deram a esta Páscoa uma qualidade que não poderia estar presente no Egito.
Segundo, porém, o gozo deles não era completo, pois era o lugar onde eles aprendiam, entre outras coisas, o que havia no coração deles. Assim, encontramos, por exemplo, permissão dada para celebrar a Páscoa no segundo mês, para aqueles que eram impuros. Da mesma forma, encontramos uma penalidade solene mencionada para quem estava limpo, mas se recusou a guardar a Páscoa (Nm 9:13). Se tivessem sido protegidos do julgamento de Deus no Egito pelo sangue, agora tinham que aprender o que havia em seus corações. Por outro lado, eles aprenderam também o que Deus era e como era o Seu coração, apesar do fracasso deles.
Novamente, podemos lembrar do Senhor dessa maneira, com um entendimento completo de nossa libertação, não apenas da ira de Deus, mas também do poder de Satanás, como mostrado em Faraó. Nossa apreciação por Cristo é aumentada, embora a tristeza esteja presente, porque estamos aprendendo sobre nós mesmos enquanto caminhamos pelo deserto. Percebemos cada vez mais do que fomos salvos, e nosso louvor e ação de graças aumentam à medida que vemos a plenitude da libertação que Cristo operou para nós.
Na terra
Finalmente, em Josué 5:10-12 lemos que “Estando, pois, os filhos de Israel alojados em Gilgal, celebraram a Páscoa no dia catorze do mês, à tarde, nas campinas de Jericó. E comeram do trigo da Terra, do ano antecedente, ao outro dia depois da Páscoa; pães asmos e espigas tostadas comeram no mesmo dia. E cessou o maná no dia seguinte, depois que comeram do trigo da terra, do ano antecedente, e os filhos de Israel não tiveram mais maná; porém, no mesmo ano, comeram das novidades da terra de Canaã”.
Novamente, encontramos aqui em figura um avanço espiritual adicional – um maior entendimento e apreciação por Cristo e Sua obra. Antes de tudo, a celebração dessa Páscoa na terra foi precedida pela circuncisão – algo que não havia ocorrido no deserto. Tendo aprendido o que eram por experiência triste no deserto, agora não têm confiança na carne, mas estão dispostos a acabar com ela. Junto com isso, o “opróbrio do Egito” é retirado e todas as conexões com ele são completamente cortadas. Os quarenta anos que passaram no deserto foram ocasionados pelo desejo de retornar ao Egito, em vez de subirem a Canaã, e no deserto eles se lembraram constantemente de se importar com as coisas do Egito, em vez de confiar no Senhor. Não há mais isso em Canaã.
Conectado com a Páscoa na terra, havia também o comer do trigo da terra, em vez de se alimentarem de maná. Cristo em Sua Humanidade (tipificado pelo maná) agora é substituído por Cristo em glória (tipificado pelo trigo da terra), pois agora que eles atravessaram o Jordão (trazendo diante de nós a nossa morte com Cristo), o conflito está à vista, a fim de possuir a terra e habitar nela. O Senhor aparece para Josué como “Príncipe do exército do SENHOR”, que leva Seu povo ao pleno gozo da terra. Ao nos identificarmos com um Cristo ressuscitado em glória e em tê-Lo como nosso Objeto, terminamos com o mundo, com Satanás e com o “eu”. Certamente, o crente nunca deixa de desfrutar de Cristo em Sua Humanidade, e às vezes estará novamente no deserto, conforme sua experiência. Mas uma vez que ele entrou na terra, as coisas que caracterizam o deserto são passadas. Ao ver Cristo em glória, que passou pela morte e tudo relacionado a ela, o crente é livre para olhar para trás, para a cruz, e isso talvez seja trazido diante de nós pelas pedras colocadas no meio do Jordão. Havia pedras colocadas ali em Gilgal como uma lembrança para Israel de sua libertação ao atravessar o Jordão, mas o próprio Josué (uma figura de Cristo) colocou doze pedras no meio do Jordão, talvez a invisível lembrança da morte de Cristo que torna possível que estejamos mortos e ressuscitados com Ele. A fé vê essas pedras colocadas ali por Josué enquanto desfruta das bênçãos da terra. Mais do que isso, o aspecto coletivo da Páscoa é introduzido na terra. Já não devia mais ser comida simplesmente como famílias em seus lares, mas deve ser comida “no lugar que o SENHOR escolher” (Dt 12:14) e conectada a “uma santa convocação” (Lv 23:7). Sem dúvida, isso tem sua contraparte no Novo Testamento na verdade de um corpo, e no fato de que aqueles que se lembram do Senhor deveriam fazê-lo em reconhecimento de que “sendo muitos, somos um só pão e um só corpo” (1 Co 10:17).
Comer a Páscoa na terra, portanto, representa a mais completa apreciação por Cristo e Sua obra, pois quem a come na terra o faz como morto e ressuscitado com Cristo, enquanto desfruta de tudo o que é dele como homem celestial e tendo um Cristo ressuscitado em glória como um Objeto. Mas o Senhor aprecia qualquer apreensão de Cristo que tenhamos, como tipificado nas várias ofertas queimadas. Seja um novilho, um cordeiro ou apenas um pombinho, o Espírito de Deus diz de cada um que era “cheiro suave ao Senhor” (Lv 1:9, 13, 17). Ele valoriza qualquer apreciação de Cristo, mas quer que cresçamos “na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pe 3:18).
W. J. Prost
Memorial e Glória do Líder
Jeová fez “maravilhas” para Israel no Jordão, tanto na obra realizada de fato quanto no significado oculto da obra. Portanto, na figura diante de nós, grandes coisas da mente de Deus são encontradas.
“Levantou Josué também doze pedras no meio do Jordão, no lugar do assento dos pés dos sacerdotes que levavam a arca do concerto; e ali estão até ao dia de hoje”. Quando o registro foi escrito, a enchente do Jordão não havia levado embora o memorial do próprio líder da atravessia pelo leito do rio. O memorial de Israel estabelecido em Canaã era para todos na terra da promessa verem – “assim que estas pedras serão para sempre por memorial aos filhos de Israel”. O de Josué, levantado no leito do rio, não era para ser visto quando as águas estavam em seu fluxo, mas, no entanto, era um memorial para o próprio líder. No rio, podemos dizer com justiça, que seus sentimentos mais profundos se concentrariam; ali, onde estavam os sacerdotes, todo o peso da segurança de Israel foi sustentado, e ali estava o poder secreto de todas as bênçãos de Israel ao entrar em Canaã.
As águas do julgamento
Sendo Josué em Canaã uma figura de Cristo, temos nesta ação um ensinamento significativo. Nosso Senhor nunca esquece as águas profundas pelas quais Ele passou – aqueles sofrimentos que Ele passou na morte e até a morte, pelos quais Ele venceu o que tinha o poder da morte, o diabo, e pelos quais Ele abriu ao Seu povo sua herança celestial. Do trono no alto, Ele Se lembra do trabalho de Sua alma, Sua cruz, sua vergonha e agonia. Jesus, cuja obra levou o povo de Deus aos lugares celestiais, Se lembra sempre da enchente do Jordão, da inundação das águas profundas, onde Ele, bendito seja o Seu nome, permaneceu firme por nós para nos trazer ao Seu Deus e Pai.
O povo de Deus está muito ocupado com suas bênçãos e, de fato, por necessidade moral, elas devem primeiro encher o coração pois, até que, pela graça, se saiba como os santos são abençoados nos lugares celestiais em Cristo, não é possível meditar sobre a maneira como nosso Senhor nos trouxe a essas bênçãos. Nossas pedras de memorial nos falam das profundezas do Jordão e o que Cristo sofreu por nossa causa e de nossas bênçãos, mas não deixa Seu memorial ser esquecido! Sua Pessoa santa em glória ainda leva as marcas das feridas do Calvário, e do céu, Jesus, falando de Sua morte, diz ao Seu povo: “Fazei isto em memória de Mim”.
A santa lembrança do lugar onde Seus pés permaneceram firmes quando as ondas da ira de Deus passaram sobre Ele deve estar presente no coração. É verdade que Ele não é mais o Sofredor; Suas dores são passadas para sempre; Ele é o Filho do Homem elevado ao céu, triunfante em Sua vitória sobre a morte, mas para sempre a memória de Sua morte preencherá o coração de Seu povo; eternamente será contado das pedras de “testemunho” do Senhor, elas estão lá até hoje.
O líder magnificado
Jeová engrandeceu Josué pela passagem do Jordão, e por meio disso garantiu a ele a liderança aos olhos de Israel. “Naquele dia, o SENHOR engrandeceu a Josué diante dos olhos de todo o Israel; e temeram-no, como haviam temido a Moisés, todos os dias da sua vida”. A atual exaltação e lugar do Senhor Jesus como Homem é de Seu Deus e Pai, e Suas glórias e exaltação são a bendita resposta a Seus sofrimentos e humilhação. “Ora, isto – Ele subiu – que é, senão que também, antes, tinha descido às partes mais baixas da Terra? Aquele que desceu é também O mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas” (Ef 4:9-10). O Senhor Jesus, o Filho do Homem, que desceu às profundezas mais baixas, ocupa a mais elevada posição no céu, e ali traz em Sua Pessoa o solene testemunho do Calvário. Por causa de Sua obediência até a morte, mesmo a morte de cruz, Deus O exaltou soberanamente e Lhe deu um nome que está acima de todo nome (Fp 2). Ele foi ressuscitado dentre os mortos para a glória de Deus Pai que O colocou à Sua própria mão direita nos lugares celestiais, muito acima de todo principado, poder e domínio, e todo nome que se nomeia, não apenas neste século, mas também no vindouro (Efésios 1). Quando essa exaltação do Senhor é apreendida, Ele Se torna realmente o Líder de Seu povo e é engrandecido por eles.
O Senhor não é plenamente honrado por Seu povo até que Sua presente glória seja reconhecida. À luz de Sua atual exaltação como Homem, no lado da vida após a morte, Sua glória como o Senhor que morreu é vista. Ele, o Cristo ressuscitado e que subiu ao céu, é o Primogênito dentre os mortos, o Cabeça sobre todas as coisas, a Cabeça de Seu corpo, a Igreja, e quanto mais o coração O apreende assim, mais tudo o que Ele fez ao morrer por nós é lembrado.
O Líder celestial está diante de Seu povo nos ensinamentos da porção diante de nós. Mesmo em assuntos terrestres, a influência de um líder sobre seus seguidores é proporcional à honra em que eles têm por ele. Agora, Cristo está no céu e em glória, e como Sua grandeza e majestade, Sua força e poder são apreendidos pela fé, uma poderosa influência é exercida sobre a alma e a vida de Seu povo. Sua posição na glória e sua vitória determinam a bênção dos remidos; a plenitude da bênção dos membros é determinada pela glória da cabeça. Sua honra e a bênção deles não devem ser separadas. Nossa posição celestial em Cristo é exclusivamente da graça divina, mas é nossa em Cristo nas alturas. Agora, de fato, é um tema para fé, mas em breve será exibido em glória, e essa exibição será vista como sendo em honra de nosso exaltado Salvador, Jesus Cristo, o Senhor.
H. F. Witherby
O Deserto e os Conselhos de Deus
O caminho no deserto não fazia parte dos conselhos, mas apenas dos caminhos de Deus; no que diz respeito à redenção, ele pode ser descartado, mas o Jordão e o Mar Vermelho se fundem. O Mar Vermelho é a morte e ressurreição de Cristo para nós, já o Jordão é nossa morte e ressurreição com Ele.
J. N. Darby
No Mar Vermelho e no Jordão
É impressionante notar que vemos Israel como uma companhia entrando no Mar Vermelho, mas nunca os vemos saindo. Eles saíram, mas não nos é dito que eles sairam. Penso que a razão é que quando você vai ao relato do Jordão, não lemos que eles entraram no Jordão; nos é dito que a Arca entrou, e depois vemos que eles saíram. O fato é que o Mar Vermelho e o Jordão se fundem. Tirar Israel do Egito e trazê-los para Canaã era o propósito de Deus.
W. T. P. Wolston
Redenção
“Redenção” é uma palavra ampla e bendita no Novo Testamento e também no Velho Testamento. A redenção retira o remido de uma posição e condição e o leva a outra.
O assunto de Êxodo é a redenção. No capítulo 3, encontramos o Deus bendito que desceu na sarça ardente e disse a Moisés: Eu “desci para livrá-lo”. “Tenho visto atentamente... e tenho ouvido” e “desci”. Vá para o final do livro, capítulo 40 e versículo 33. Ali temos Deus habitando no meio de Seu povo redimido, colocando Sua habitação entre eles.
O sangue
Em Êxodo 12, temos a maneira pela qual Ele fez isso. A primeira coisa foi proteger aquele povo do juízo. Isso só poderia ser feito pelo sangue do cordeiro. A primeira coisa que Deus dá à alma a conhecer, quando realmente exercitada, é a segurança contra o julgamento sob o sangue de Cristo, mas não devemos parar por aí. Em Efésios 1, falando de Cristo como o Amado, a Palavra diz: “Em Quem temos a redenção” (v. 7). Qual a extensão disso? “A remissão das ofensas”. Agora leia o capítulo 2, versículos 12-13: “Estáveis sem Cristo... e sem Deus no mundo”. “Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto”. A redenção que temos em Cristo por meio de Seu sangue traz com ela o perdão dos pecados de acordo com as riquezas de Sua graça. Dá outra coisa também; isso me tira da antiga condição e me dá um novo lugar de proximidade com o próprio Deus. Portanto, não deixaremos de estar protegidos contra o julgamento.
O sangue nas ombreiras e na verga da porta indicava que a morte havia entrado. Indicava que o golpe havia caído sobre uma vítima – uma vida havia sido dada. Há quem tenha fé no Senhor Jesus que não sabe muito sobre o sangue – sobre ser coberto.
Os redimidos perto do Redentor
“Este mesmo mês vos será o princípio dos meses; este vos será o primeiro dos meses do ano”. Para quem foi esse dia o começo dos meses? Foi para os redimidos de Israel – ninguém mais sabia nada sobre isso em todo o mundo. Foi um dia particular – o dia da redenção.
No capítulo 3, Deus desceu, e o que O trouxe aqui abaixo foi a escravidão, a miséria, os gemidos e a opressão de Seu povo. Lá, ele aparece no meio da sarça ardente. “Bradou Deus a ele (Moisés) do meio da sarça e disse”. A título de comparação, observe o primeiro versículo de Levítico. “E chamou o SENHOR a Moisés e falou com ele da tenda da congregação”. Que contraste! Isso dá o caráter a esses dois livros. Deus desce para libertar; depois que Ele liberta, Ele estabelece Sua habitação no meio de Seu povo. No meio daquela habitação, Ele aparece e diz a eles como se aproximar d’Ele.
O assunto de Êxodo é redenção; o assunto de Levítico é o redimido se aproximando de Deus, o Redentor. Há mais ordem na Palavra de Deus do que muitos imaginam. Não é trazida junta aleatoriamente.
Números nos dá a jornada no deserto. É um povo redimido, e eles não estão no Egito nem em Canaã, mas no deserto, em jornada à Canaã.
Deuteronômio corresponde ao tribunal de Cristo. Aprendemos todo o caminho que Deus nos levou desde que nos tirou do Egito. Para os israelitas, deve ter sido muito humilhante, pois Moisés chamou sua atenção para todos os seus caminhos. Porém, ao humilhá-los, magnificou a graça e a bondade de Deus, e é isso que nosso Deuteronômio também fará.
W. Potter
As Doze Pedras
“Sucedeu, pois, que, acabando todo o povo de passar o Jordão, falou o SENHOR a Josué, dizendo: Tomai do povo doze homens, de cada tribo um homem, e mandai-lhes, dizendo: Tomai daqui, do meio do Jordão, do lugar do assento dos pés dos sacerdotes, doze pedras; e levai-as convosco à outra banda e depositai-as no alojamento em que haveis de passar esta noite” (Js 4:13). Era o testemunho de onde a arca esteve. Não duvido que as doze pedras sejam o memorial. É como o que a Ceia do Senhor é para nós.
Mais ainda: “Levantou Josué também doze pedras no meio do Jordão, no lugar do assento dos pés dos sacerdotes que levavam a arca do concerto; e ali estão até ao dia de hoje” (Js 4:9). A colocação dessas doze pedras expressava toda a companhia. O que éramos, por assim dizer, está tudo sob as águas da morte. Aprendo que, na morte de Cristo, sou livre para desistir de mim mesmo. Eu sou uma pessoa morta e ressuscitada, e tenho vida em um Cristo ressuscitado, mas Deus sempre manteria viva em minha memória a maneira pela qual fui levado a bênção e associação com Seu Filho. Para esse fim, acho que somos grandemente ajudados na Ceia do Senhor. “E as doze pedras que tinham tomado do Jordão levantou Josué em Gilgal” (Js 4:20). Elas permaneceram como testemunho eterno de uma obra concluída, assim como a Ceia do Senhor nos fala.
W. T. P. Wolston
A Páscoa e o Mar Vermelho
É bom distinguir a diferença entre a Páscoa e o Mar Vermelho. Uma pessoa pode ouvir o evangelho e recebê-lo com alegria, e se regozijar no perdão dos pecados; ele pode ver a beleza de Cristo e ter suas afeições atraídas por Ele. Mas se a redenção plena não é conhecida, como vemos em figura no Mar Vermelho, se ele não sabe que ressuscitou com Cristo do outro lado da morte e do julgamento, ele quase certamente perderá a alegria quando a tentação vier e ele sentir sua própria fraqueza. A alegria de Êxodo 15 é que Deus os resgatou absolutamente do Egito e os trouxe em Sua força para Sua santa habitação. É uma coisa muito diferente da alegria da Páscoa – ser libertada de um julgamento justo e merecido. A Páscoa os livrou de Seu julgamento; o Mar Vermelho, de seus inimigos.
J. N. Darby
O Senhor Ressuscitou
O Senhor ressuscitou: o dilúvio do julgamento do Mar Vermelho
Passou sobre Ele, que nos comprou com Seu sangue;
O Senhor ressuscitou: estamos além da condenação
De todos os nossos pecados, por meio do túmulo vazio de Jesus.
O Senhor ressuscitou: com Ele também ressuscitamos,
E em Seu túmulo vemos vencidos todos os nossos inimigos;
O Senhor ressuscitou: além da terra do julgamento,
N’Ele, em vida ressurreta estamos.
O Senhor ressuscitou: redimidos agora para Deus,
Nós pisamos o deserto que Seus pés pisaram;
O Senhor ressuscitou: o santuário é o nosso lugar,
Onde agora habitamos diante da face do Pai.
O Senhor ressuscitou: o Senhor Se foi antes;
Nós ansiamos por vê-Lo e não pecar mais;
O Senhor ressuscitou: nosso brado de triunfo será,
"Tu prevaleceste! Teu povo, Senhor, é livre!"
Hinário Little Flock – Hino 34
“Vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim”
Gálatas 2:20
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