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A Presença do Senhor (Fevereiro de 2019)

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ÍNDICE


A. Barry

Christian Friend

F. C. Blount

J. N. Darby

Girdle of Truth

W. J. Prost

H. C. Anstey

H. Smith

Things New and Old

G. V. Wigram

J. N. Darby

G. V. Wigram

Christian Friend

J. T. Mawson

W. Williams (Poema)

 

A Presença do Senhor


Uma coisa que caracterizou Davi foi seu amor pelo lugar onde o Senhor colocou Seu nome, onde a presença do Senhor era encontrada. Abra no Salmo 26:8: “SENHOR, eu tenho amado a habitação da Tua casa e o lugar onde permanece a Tua glória”. Isso foi característico de Davi em toda a sua vida, um desejo pelo lugar onde morava a honra do Senhor. Então, no Salmo 27:4: “Uma coisa pedi ao SENHOR e a buscarei: que possa morar na Casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do SENHOR e aprender no Seu templo”.


Será que valorizamos a presença do Senhor mais do que qualquer tipo de ganho que existe nesta vida? Quão fácil é permitir que coisas entrem para quebrar nossa comunhão de tal forma que não possamos desfrutar da presença do Senhor. Isto é uma perda irreversível. Você não pode estimar que grande perda é para sua alma! Deus em Sua infinita graça nos mantém de tal forma que estaremos sempre em um estado capaz de entrar imediatamente na presença do Senhor, assim como Davi, e então aprender mais de Sua beleza. Assim, quando os problemas vierem, porque virão, o Senhor nos esconderá em Seu pavilhão (Sl 27:5).

A. Barry (adaptado)

 

“Nós Vimos o Senhor”


As escrituras nos dizem: “Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados para a comunhão de Seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor” (1 Co 1:9). A nossa parte é habitar e repousar na aceitação dessa obra consumada, e depois aprender mais e mais sobre Aquele que fez todo o trabalho por nós.


Se olharmos para Romanos 8, descobriremos que fomos feitos “filhos e filhas do Senhor Deus Todo-Poderoso”. Isso é algo grande demais para o coração do homem conceber. Se nosso coração compreendesse completamente estas verdades, o mundo seria como um nada. É certo que devemos andar com a consciência de que possuímos isso que é inalterável, em meio a tantas coisas que são falhas.


Ao olharmos mais além, para a aparição da “manhã sem nuvens”, a parte mais brilhante para nós deveria ser o pensamento de estarmos na companhia eterna do Cordeiro. Nosso coração jamais estará satisfeito, existe um vazio nele que não pode ser preenchido por nada além da presença de Jesus.


As manifestações pós-ressurreição

Veja as misteriosas manifestações do Senhor Jesus para Sua Igreja durante os quarenta dias, depois de Sua ressurreição, mas antes de Sua ascensão. Elas eram variadas e pretendiam, creio eu, descrever a maneira pela qual, durante Sua ausência, Ele se manifestaria a Si mesmo de acordo com as diversas necessidades de Seu povo. Maria estava em uma determinada condição (Jo 20:14), os discípulos trancados dentro do cenáculo em outra, Tomás numa terceira condição, mas o Senhor foi ao encontro de cada um deles e os satisfez com Sua presença. Que benção é ter o Senhor conosco para podermos perceber a verdade que existe na palavra: “a vossa alegria, ninguém vo-la tirará” (Jo 16:22).


O Senhor tinha sido tirado daqueles discípulos. Maria chorava em Seu túmulo. Os dois estavam tristes enquanto iam para Emaús. Eles puseram o coração n’Ele. Foram atraídos por Sua graça. Eles O tinham como o Filho de Deus. O que quer que ansiassem e esperassem, esperavam n’Ele. Mas agora o seu Senhor, que era a alegria, a esperança, o tudo deles, tinha ido embora! Mas quando o “pouco tempo” acabou, a “tristeza se transformou em alegria”. Ele voltou para ser o companheiro eterno deles. Podemos ter provações e adversidades de formas variadas, mas ainda assim a palavra é: “Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós” (Jo 14:18).


O Senhor no meio

Quando estamos reunidos biblicamente, somos chamados a esperar pelo Senhor em nosso meio. Se é verdade que o Senhor habita em nosso meio e, se nos reunimos na expectativa de Sua presença, devemos ser capazes, pelo sentimento de estarmos em Sua presença, seja com alegria ou como se nos sondasse, de dizer quando partimos: “Vimos o Senhor”.


Maria esperou pelo Senhor no jardim com tanta ignorância e obscuridade, mas seu Senhor era seu objetivo. Ela preferiria tê-Lo morto, do que não tê-Lo de forma alguma. Ela chorou em Seu túmulo, embora não questionasse sobre o perdão de seus pecados. Podemos ser lavados, purificados e justificados, mas se não tivermos o entendimento da companhia de Jesus, podemos muito bem chorar por causa disso.


Deveria ser igualmente assim em nossa comunhão privada, quando estamos sozinhos, quando experimentamos o Espírito nos revelando Cristo, abrindo-O para o deleite de nosso coração, e nos capacitando a dizer: “Temos visto o Senhor”. Que andemos de tal maneira que a promessa da morada do Pai e de Seu Filho Jesus Cristo possa ser experimentada diariamente por nós.


“Jesus respondeu e disse-lhe: Se alguém Me ama, guardará a Minha palavra, e Meu Pai o amará, e viremos para Ele e faremos n'Ele morada” (Jo 14:23).

Christian Friend (adaptado)

 

Jesus no Centro


“Vós procurais a Jesus” (não como Salvador, mas como Centro) descreve um estado de alma raramente encontrado nestes dias, tal é a confusão da Cristandade, e tal é a nossa indiferença à Sua presença “no meio”. “Lá Me verão” é a resposta d’Ele a esse desejo (Mt 28:10). Aqueles que foram, quão docemente e verdadeiramente O encontraram. Em conformidade com a designação de Jesus, “eles O viram” e “adoraram-No”. Então receberam aquela Palavra que sustenta a alma e que, apesar das dificuldades e das trevas que se seguiriam, eles O teriam “no meio” até o fim dos tempos.


Nada pode nos tirar esse privilégio indescritível. Ele é Bom “até o fim”, para aqueles que foram ao Seu encontro (Mt 28). Compare Mateus 1:23 e 18:20. Sinto a necessidade de perguntar, com profundo exame do coração, diante do Senhor, até que ponto estamos à altura desse privilégio com este estado de alma que temos. Até que ponto temos nos sentido subjugados pela Sua presença, para que possamos dizer como adoradores, como aqueles que estão no interior com alegria profunda e solene: “Na verdade o SENHOR está neste lugar”? Aqueles para quem “as reuniões são secas” e “decepcionantes” pertencem à classe daqueles a quem é dito: “Alguns duvidaram”. Que o Senhor mantenha em nós uma fé vigorosa e o senso arrebatador de Sua presença. Não é uma amostra do céu, o que Aquele Bendito tem o prazer de definir como: “Onde estou”?

F. C. Blount

 

Achegue-se a Deus


Tiago 4:8 nos exorta: “Chegai-vos a Deus, e Ele se chegará a vós”. Nisso é mostrada a dependência ativa do coração. Graças a Deus, nós podemos nos aproximar d’Ele! Seu trono é para nós um trono de graça: Podemos entrar em Sua presença sem medo, por causa do Seu amor, e entrar no santo lugar pelo precioso sangue de Cristo. Quando estamos perto d’Ele, aprendemos a santidade, discernimos Sua vontade, nossos olhos podem ver claramente nesta atmosfera pura. O coração está sujeito, pois o segredo do Senhor está com aqueles que o temem. Nós andamos com Deus, mas como aprendizes de Deus, e todo o corpo está cheio de luz. Então Ele está conosco, Ele se aproxima de nós e nos inspira com confiança. “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” diz o apóstolo (Rm 8:31). Não é só a força de Deus que está conosco, mas a Sua presença produz liberdade e confiança em nosso coração, pois sentimos que temos o conhecimento de Sua vontade, já que Ele está conosco. Sentirmos a Sua presença nos dá alegria, calma e coragem na presença do inimigo, e nas dificuldades que encontramos no caminho, descansamos n’Ele. “Tu os esconderás, no secreto da Tua presença, das intrigas dos homens; ocultá-los-ás, em um pavilhão, da contenda das línguas” (Sl 31:20). A presença de Deus, uma coisa verdadeira e real para o coração, mantém a consciência desperta e o coração cheio de calma confiança. Aproxime-se d’Ele! Mas, para fazer isso, as mãos devem estar limpas e o coração purificado, para que em nada tenhamos o ânimo dobre. Deus é luz e Ele permitirá pureza e integridade no homem interior. Cheio de bondade e condescendência, Ele é rápido para ajudar aos fracos, mas Ele fecha os ouvidos para todos os que têm o ânimo dobre. Ele procura uma caminhada pura e um coração sincero naqueles que buscam aproximar-se d’Ele. Não pode ser de outro modo. Ele se mantém distante daqueles cujo coração não está aberto em Sua presença. Ele vê tudo, mas para que Ele ouça, o coração deve ser sincero.

J. N. Darby

 

Comunhão


O que é comunhão? É ter algo em comum com alguém sobre uma condição apresentada. A palavra em grego, traduzida por comunhão, é usada vinte vezes no Novo Testamento e em todos os casos têm esse significado. Em algumas passagens trata-se de comunhão em ações e não de sentimento, enquanto em outras passagens a palavra é aplicada ao sentimento e não ao ato, e isso determina mais claramente seu significado moral. Primeiro encontramos em Atos 2:42, onde lemos: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações”. Assim, eles expressaram, pela primeira vez na história do povo de Deus na terra, a percepção de que estavam interagindo em um sentimento coletivo. Isso é ainda transmitido de maneira mais plena em 1 Coríntios 10:16, nas palavras “comunhão do sangue de Cristo”, que nos ensina que devemos ter um sentimento em comum com o que o sangue de Cristo indica e fornece.


A palavra é usada em sua mais alta enunciação doutrinal em 1 João 1: 3: “Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com Seu Filho, Jesus Cristo”. Nosso sentimento nisso pode ser fraco e ambíguo, mas permanece o fato de que o que temos de maneira imperfeita vai ao encontro do que o Pai e o Filho têm perfeitamente.


Introdução à comunhão

Êxodo 29 apresenta de uma forma muito bela todo o assunto da comunhão: nossa introdução nela e nosso progresso para a mais alta ordem e experiência dela. Primeiro, há expiação e o lavar de tudo o que a alma requer para sua aceitação, sem a qual não poderia haver comunhão. Então há consagração, transmitindo que, como aceito, estamos agora prestes a ser introduzidos em um sentido completo e perfeito de nossa bem-aventurança, e isso como sendo algo preliminar e essencial para o serviço. Havia dois carneiros, um é totalmente oferecido, o que tipifica nosso Senhor indo a Seu Pai e nosso Pai, Seu Deus e nosso Deus. O outro é o carneiro da consagração, que também O representa, mas apreendido e apresentado por nós enquanto O possuímos e O mantemos em nossas mãos. Nós temos a gordura e o ombro direito. A gordura fala de Sua excelência e a glória que é declarada na ressurreição em consequência da Sua morte, enquanto o ombro direito transmite o poder de Sua ressurreição. Estes eram apresentados pelo Sumo Sacerdote e aceitos por Deus como cheiro suave, enquanto o peito era movido por Moisés (tipificando a Cristo como sendo o Filho de Deus) e representando as afeições do coração d'Aquele que foi enviado, não queimado, mas eternamente entregue por nós. Terceiro, o resto do carneiro era comido por Arão e seus filhos no lugar santo.


Três ordens

Baseado nesta figura, eu sugeriria que existem três ordens ou divisões, por assim dizer, de nossa comunhão, que embora consequentes umas das outras, ainda podem ser vistas como sendo distintas. Primeiro, temos comunhão com Cristo onde Ele está, nos lugares celestiais. Em segundo lugar, compreendemos e entramos em Suas excelências. Terceiro, temos a consciência da força e do apoio que vêm d’Ele, pois nos dá de Si mesmo como apoio aqui embaixo: Isso é comer no lugar sagrado. Essas três divisões são estabelecidas no primeiro carneiro (totalmente oferecido) e nas duas partes do segundo (o carneiro da consagração).


Eu disse que a primeira ordem é a comunhão com Cristo onde Ele está. A alma tem consciência de participação com Aquele que é a nossa vida e naquele lugar para o qual Ele foi. Mas a segunda ordem é ainda maior, que é a consagração ou preenchimento. O entendimento da excelência, do poder e das afeições de Cristo dá força e habilidade à nossa alma para julgar e determinar todos os caminhos de Deus na Terra e fazer de um homem o que o apóstolo chama de “espiritual, julgando todas as coisas”. Essa é uma participação de Sua mente, uma partilha de Seu julgamento das coisas.


É evidente que essas duas ordens de comunhão são muito diferentes e bastante distintas. Em ambos os casos eu estou, por assim dizer, na companhia de Cristo, mas posso ter uma grande medida de apreciação de minha posição sem aquela intimidade com Sua mente. Podemos ilustrar os dois em um sentido inferior pelo exemplo de Pedro e João em João 13. Ambos estavam na presença do Senhor, mas Pedro não conhecia a Sua mente, enquanto João desfrutava de intimidade. Assim também foi com os dois discípulos indo para Emaús, quando o coração deles “ardia [...], quando ele, [...] nos expunha as Escrituras”. Embora não soubessem, eles estavam em comunhão tanto com Sua presença quanto com Sua mente, avançando mais profundamente nela. Muitos são os abençoados pela consciência de sua participação com Ele lá, mas que não conhecem a intimidade que os capacita a entrar nos Seus sentimentos, gostos e julgamentos de todas as coisas. Essa é a diferença entre piedade e espiritualidade: A piedade se refere em tudo a Ele, já a espiritualidade, aos sentimentos e pensamentos d’Ele.


A terceira divisão

E agora, quanto à terceira divisão de nossa comunhão, que é intimamente ligada à segunda, é o resto do carneiro da consagração, comido por Arão e seus filhos no lugar santo (v. 32). Aqui obtemos a força e nutrição para nossa alma vindas do entendimento e comunhão tipificadas pela outra parte do carneiro, queimada e movida. É a comunhão uns com os outros, assim como com o Sumo Sacerdote. Nós nos alimentamos dela juntos, “Se, porém, andarmos na luz, como Ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros” (1 Jo 1:7). É o efeito de compreender com todos os santos “qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade”, e o efeito deve ser o de estar “tomados de toda a plenitude de Deus” (Ef 3:18-19).


Em conclusão, este capítulo (Êxodo 29) nos apresenta, em figura, os meios pelos quais somos introduzidos, nessa posição e experiência abençoadas, em nosso caráter sacerdotal. A primeira coisa é aceitação, a segunda, comunhão, da qual temos três divisões, a saber, a primeira que é a participação posicional com Cristo, o poder do qual a alma entra na oferta do primeiro carneiro. A segunda, o do entendimento de Sua excelência, interação mental de pensamento e sentimento, como estabelecido pela gordura, ombro e peito do carneiro da consagração. E a terceira, aquela de força e nutrição derivada d’Ele, com Ele e uns com os outros, enquanto permanecemos com Ele no céu, comendo o que sobrou, no lugar santo.

Girdle of Truth (adaptado)

 

Evitando a Presença do Senhor


Na Palavra de Deus encontramos exemplos de incrédulos e crentes que não queriam estar na presença do Senhor. Vamos primeiro considerar os incrédulos.


Caim é o exemplo mais notável de alguém que “Retirou-se da presença do SENHOR” (Gn 4:16). Conhecemos bem a história, como ele ficou muito zangado porque seu sacrifício do “fruto da terra” (Gn 4:3) não foi aceito pelo Senhor. Como resultado, ele assassinou seu irmão, mentiu sobre isso, reclamou que sua punição era severa demais e finalmente saiu da presença do Senhor. Ele então saiu e construiu uma cidade e sua posteridade começou a se desenvolver na agricultura, indústria e entretenimento. O mundo que ele estabeleceu permanece em princípio no sistema mundial de hoje. É um mundo que não quer Deus, mas procura cercar-se do maior conforto possível em um mundo amaldiçoado pelo pecado. Suas preocupações são apenas com a vida aqui embaixo.


Afastamento do Senhor

Nós lemos em outro lugar na Palavra de Deus que “o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar” (Rm 8:7). Jó também resume a atitude e a vida dos ímpios: “Retira-Te de nós! Não desejamos conhecer os Teus caminhos” (Jó 21:14). Nosso próprio Senhor disse: “Pois todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem arguidas as suas obras” (Jo 3:20). Mesmo que um homem viva uma vida exteriormente correta, ele evita a presença do Senhor, pois a menos que o Senhor comece uma obra em sua alma, a presença de Deus imediatamente o convence e ele percebe que, em seu estado natural, ele não está apto para estar ali. Ele não precisa ser um assassino como Caim para querer manter-se afastado da presença do Senhor.


Judas Iscariotes

O outro exemplo proeminente de alguém que eventualmente saiu da presença do Senhor é o de Judas Iscariotes. Como Caim, ele sabia quem era o Senhor e, sem dúvida, admirava a bondade do Senhor Jesus e Sua maneira de andar entre os homens. Ele tinha um testemunho muito maior do que o de Caim, pois ele acompanhou o Filho de Deus por três anos e meio e compartilhou de Seu ministério terreno. Sem dúvida ele até mesmo pregou e fez milagres em nome do Senhor. No entanto, seu coração permaneceu intacto e, no final, ele traiu seu Senhor e Mestre por dinheiro. Em João 13, quando o Senhor lhe disse: “O que pretendes fazer, faze-o depressa”, está registrado que “Ele, tendo recebido o bocado, saiu logo. E era noite” (vs. 27, 30). Ele deixou a presença d'Aquele que o amava e desejava ser seu Salvador, preferindo a companhia de Satanás. Seu triste final é bem conhecido, e as solenes palavras de nosso Senhor a respeito dele ressoam pelos séculos: “Melhor lhe fora não haver nascido!” (Mc 14:21).


Será um triste fim para todos os que resistem ao Senhor agora durante suas vidas, pois lemos que num dia vindouro, eles “sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor” (2 Ts 1:9). Aqueles que rejeitarem Sua presença neste mundo, serão banidos de Sua presença por toda a eternidade como resposta. O horror de tal julgamento não pode ser descrito.


Crentes que evitam Deus

Mas e quanto aos crentes? Eles também podem, às vezes, desejar evitar a presença do Senhor? Sim, de fato, e temos exemplos disso nas Escrituras. Novamente, dois exemplos vêm à mente.


O primeiro é o de Adão e Eva que, quando desobedeceram a Deus, foram e “esconderam-se da presença do SENHOR Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim” (Gn 3:8). Eles não eram como Caim, que queria ficar permanentemente longe da presença de Deus, não, eles tinham fé, mas haviam perdido a comunhão com Aquele que queria desfrutar de sua companhia. O julgamento se seguiu e eles perderam o Jardim do Éden. Mas um remédio foi providenciado. Eles estavam vestidos com casacos de pele. A morte teve que entrar, um tipo da morte de Cristo, o que providenciaria a salvação eterna. Eles foram restaurados à comunhão, e outro filho, Sete, deu início a família de fé.


Jonas fugiu do Senhor

Outro exemplo proeminente é o de Jonas, que “se dispôs, mas para fugir da presença do SENHOR, para Társis” (Jn 1: 3). Sua dificuldade era diferente da de Adão e Eva, mas em princípio era a mesma coisa. Ele não queria obedecer ao Senhor. Ele era um profeta e, como tal, conhecia não apenas o julgamento de Deus, mas também Sua graça. No entanto, ele não queria ver essa graça dada ao povo de Nínive. Seu orgulho levou-o para longe do Senhor, mas o trato do Senhor com ele o trouxe de volta e ensinou-lhe que a graça de Deus não era apenas para Israel, mas para todos os homens. Ele também era apenas um troféu da graça de Deus.


Nós, que conhecemos o Senhor, não fugimos de Deus porque tememos Seu julgamento sobre nossos pecados, mas pode haver a inclinação em nossos corações de fugir de Sua presença porque estamos permitindo que a carne atue em nosso coração e nossa vida. É por isso que o Cristão infiel geralmente é infeliz, ele não se sente confortável em nenhum lugar. Se ele sai ao mundo, sua consciência o incomoda. Se ele está entre os Cristãos fiéis, mais uma vez ele não se encaixa. O único remédio é voltar à presença do Senhor, confessar o pecado e se acertar com Ele. “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 1:9).

W. J. Prost

 

Na Mesa do Senhor


Há momentos em nossa vida que Deus, em Sua graça, se achega muito perto e nos torna sensíveis à Sua presença e amor, quando a alma redimida prova por um momento o gosto daquele futuro eterno que a aguarda. De nenhuma outra forma isso é mais claramente percebido aqui na terra do que naquilo que era o deleite da Igreja no princípio: “ajuntando-se os discípulos para partir o pão” (At 20:7).


Não devemos jamais perder a sensação de sua presença conosco e do que a graça tem feito. Ele está sempre conosco e existem os eternos, e consequentemente imutáveis, raios de sol do Seu favor que irradiam sempre sobre nós. As nuvens não são d’Ele, embora às vezes Ele permita que elas venham. A maioria de nós tem momentos em nossa vida quando não é Deus e a plenitude de Sua graça que estão mais evidentes diante de nós, mas sim a pressão de outras coisas. É a hora em nossa vida quando estamos “perplexos, mas não desanimados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos” por um período de opressão por meio de múltiplas tentações. Em tal época, Deus frequentemente vê que existe uma "necessidade", como diz Pedro.


A bondade do Senhor

Mas Ele é O que Se levanta. “Deus, que consola os abatidos”, faz isso Ele mesmo. A maneira como Ele trata conosco nestas situações tem sido a maneira de Sua graça tratar a todo o Seu povo desde o princípio. Ele faz Sua bondade passar diante de nós, e somos curvados pela visão disto diante d’Ele. Assim foi com Moisés (Êxodo 33). Quando esmagado e quase em desespero por causa do povo, ele desejava ver a glória de Deus. O Senhor disse: “Eu farei passar toda a Minha bondade por diante de ti” (v. 19). Mas o que Deus faria por ele, para que ele não fosse esmagado por aquela glória? “Te porei numa fenda da penha e te cobrirei com a minha mão, até que Eu haja passado” (Êx 33.22). “Passando, pois, o SENHOR perante a sua face, clamou: JEOVÁ, o SENHOR, Deus misericordioso e piedoso, tardio em iras e grande em beneficência e verdade […] E Moisés apressou-se, e inclinou a cabeça à terra, e encurvou-se” (Êx 34:6, 8). O que ele poderia dizer, estando protegido ali, enquanto observava e ouvia tudo? Ele se apressou, inclinou a cabeça e adorou. Assim é sempre, e assim também é conosco sempre que Ele nos faz sensíveis à Sua bondade e à Sua presença.


“Quem sou Eu?”

Assim foi também com Davi quando ele entrou e sentou-se diante do Senhor. Faltavam palavras, ou elas simplesmente morreram no silêncio, o silêncio da adoração, pois ele também estava contemplando a Deus, que fizera com que Sua bondade passasse diante de Sua alma. “Quem sou eu, SENHOR Deus? E qual é a minha casa, que me trouxeste até aqui? […] Que mais Te dirá Davi, acerca da honra feita a Teu servo? Porém Tu bem conheces o Teu servo” (1 Cr 17:16, 18). Isso é tudo que ele pôde dizer. Tanto as palavras como as expressões fracassam enquanto o coração se inclina em adoração e ação de graças, pois a expressão ou a linguagem não são necessárias para a adoração, muitas vezes o silêncio marca isso. Somos chamados a contemplar “toda a Sua bondade” estando em um abrigo, “com cara descoberta, refletindo, como um espelho, a glória do Senhor”, vemos Jesus (que foi feito um pouco menor que os anjos para o sofrimento da morte) “coroado de glória e honra”. Em breve, nossa porção será vê-Lo como Ele é, mas o Espírito frequentemente faz com que toda a Sua bondade passe diante de nós.


Reunidos para partir o pão

É como estando abrigados e, além de tudo, como convidados a ouvir e participar do desdobramento de toda a bondade de Deus, que estamos reunidos para partir o pão em cada primeiro dia da semana. Que saibamos como valorizar o privilégio e nos comportarmos adequadamente em meio a essa graça abundante. Aqui passa em revista diante da alma a destruição e a derrota do inimigo e todo o seu exército no Mar Vermelho, enquanto a arca permanece firme no leito do Jordão, ambas figuras da morte de Cristo. Sua bondade havia passado diante desses pobres escravos do Egito, e no deserto soou novamente uma canção que ainda não terminou, nem jamais terminará. É renovada e entendida agora por aqueles que a cantam no deserto deste mundo, que é tão estéril para nós como foi para Israel. O Senhor Jesus, que está conosco (Mt 18:20), Aquele que saiu da morte e do juízo, diz: “O Meu louvor virá de ti na grande congregação” (Sl 22:25). Ele canta no meio da Igreja, o líder da música, e nos chama de Seus irmãos (Jo 20).


Estar onde Ele está

Quão abençoado, então, é estar onde o próprio Senhor diz que estará “onde estiverem dois ou três reunidos em Meu nome”. Quem poderia estar ausente, se tivesse a sensibilidade para sentir que está na presença d’Ele? É o lugar onde Ele faz com que toda a Sua bondade passe diante de nós e nos envia para fora (se em um deserto) como um povo jubiloso, com a canção de louvor e ação de graças em nossa boca! Somos como os discípulos em João 20, “felizes”, porque viram o Senhor e ouviram os pronunciamentos abençoados de Sua voz proclamando, como resultado de Sua morte: “Paz seja convosco”.


Já passamos por esta cena abençoada e desanuviada? É o que declaramos semana após semana. Tomaríamos outro lugar ou seríamos diferentes do que Deus Se agradou de nos fazer, por meio de Cristo, “herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo”? Será que Israel voltaria novamente já estando eles na costa do Mar Vermelho? Será que Davi estando diante de Deus mudaria as circunstâncias? Será que Jó, diante de quem Deus estava naqueles capítulos maravilhosos (38-41), fazendo com que toda a Sua bondade passasse, faria qualquer coisa além de se curvar?


E quando os discípulos aprenderam, ou quando aprendemos que Ele nos chama de Seus “irmãos”, qual será o efeito disto sobre nós? O que acontecerá, irmãos, em cada um de nós se ainda ficarmos aqui? Será que vamos viver para Ele, a quem o mundo em seu orgulho ainda rejeita, como um povo completo e adorador? Que assim seja, enquanto nós somos deixados aqui para mostrar a morte do Senhor e esperar diante d’Ele na antecipação abençoada de Sua vinda breve pela segunda vez, “sem pecado para salvação”. “A noite é passada, e o dia é chegado”.

H. C. Anstey (adaptado)

 

Horebe: O Monte de Deus


Quando Elias chegou a Horebe, o monte de Deus (1 Reis 19), a palavra do Senhor veio a ele com a pergunta perspicaz: “Que fazes aqui, Elias”? O profeta deixou o caminho do serviço com seu sofrimento e perseguição, e buscou um lugar de segurança em meio à solidão no deserto. Então, a consciência seria sondada e ele prestaria conta ao Senhor por suas ações.


Como é difícil continuar no caminho do serviço quando tudo aparentemente acaba em fracasso! Em seguida, estamos prontos para fugir de nossos irmãos, abandonar o serviço ativo e buscar descanso em algum esconderijo solitário. Mas o Senhor nos ama muito para nos deixar descansar em lugares calmos de nossa própria escolha. Ele levanta a questão em nossa consciência: ‘O que você faz aqui?’ Nenhuma dessas questões foi levantada na solidão de Querite ou no lar em Serepta. O profeta foi levado ao ribeiro solitário e à casa da viúva pela palavra do Senhor, mas depois, havia fugido para a caverna em Horebe diante da ameaça de uma mulher.


Três razões para fugir

Elias deu três motivos para fugir para a caverna. Primeiro, ele disse: “Tenho sido muito zeloso pelo SENHOR, Deus dos Exércitos”. Mas a ocupação com o nosso próprio zelo sempre levará ao desapontamento. Então, ele reclamou do povo de Deus dizendo que por causa de sua condição desesperançosa tornou-se inútil continuar trabalhando no meio deles. Por fim, ele disse: “E eu fiquei só, e buscam a minha vida para ma tirarem”. Daí ele deu as costas para eles e procurou descanso e abrigo na caverna solitária.


A pergunta do Senhor traz à luz a verdadeira condição da alma do profeta, mas ele ainda tinha que conhecer o verdadeiro motivo de sua fuga. Não foi de modo algum porque seu zelo não conseguiu efetuar qualquer mudança, nem por causa da terrível condição do povo de Deus, ou porque procuraram tirar sua vida.


Nunca houve zelo como o zelo do Senhor Jesus. Ele podia dizer: “Pois o zelo da Tua casa me devorou” (Sl 69:9), e ainda assim Ele teve que dizer: “Debalde tenho trabalhado, inútil e vãmente gastei as minhas forças” (Is 49:4). Também, a condição de Israel nunca foi mais terrível do que quando o Senhor esteve no meio deles. Mas, apesar de tudo isso, e apesar de repetidas vezes eles procurarem tirar Sua vida, ainda assim Ele nunca, nem por um momento, Se desviou do caminho da perfeita obediência ao Pai. Ele nunca procurou retirar-Se para segurança de alguma caverna solitária. Ele manteve Seu caminho perfeito no caminho da obediência ao Pai e serviço desinteressado aos homens. Queremos saber o segredo dessa bela vida? Aprendemos sobre ela quando O ouvimos dizer: “Tenho posto o SENHOR continuamente diante de mim; por isso que Ele está à minha mão direita, nunca vacilarei” (Sl 16:8). Além disso, Ele não olhou para o caminho áspero que teve que pisar, mas para o final glorioso da jornada. “Também a minha carne repousará segura […] Far-me-ás ver a vereda da vida; na tua presença há abundância de alegrias; à tua mão direita há delícias perpetuamente” (Sl 16:9, 11).


A presença do Senhor diante dele

Elias tinha fugido, portanto, só porque ele falhou em manter o Senhor sempre diante dele. Ele olhou para a aspereza do caminho e não para o fim glorioso para o qual estava sendo levado. O fracasso de sua vida devota em efetuar qualquer mudança na condição perversa do povo e a perseguição a que ele foi submetido nunca o teriam afastado do caminho de serviço se ele tivesse mantido o Senhor diante dele. E o que importa a aspereza da jornada se o fim da história acaba com ele sendo levado para o céu em uma carruagem de glória!


Então, o Senhor fala novamente a Elias: “Sai para fora e põe-te neste monte perante a face do SENHOR. Elias pôde dar muitas razões plausíveis para fugir para a caverna, mas a verdadeira razão foi que ele falhou em manter o Senhor diante dele. A explicação do testemunho corajoso diante de Acabe, seu poder de levantar o filho da viúva e o poder para trazer fogo do céu e comandar a chuva é simplesmente porque ele se movia e agia com fé diante do Deus vivo. A explicação de sua fuga, por outro lado, é que ele agiu com medo de uma mulher. Ao dirigir-se ao rei apóstata ele pôde dizer, “o SENHOR dos Exércitos, perante cuja face estou”; quando contemplava a rainha má, aconteceu o contrário, é Jezabel de quem eu fujo.


A voz mansa e suave

Elias teve que aprender outra lição para ser levado conscientemente à presença do Senhor. Ele havia visto o fogo descer sobre o Carmelo e os céus “negros de nuvens e vento” na chegada da chuva. Ele havia conectado a presença do Senhor com essas manifestações terríveis da natureza. Ele tinha pensado que, como resultado dessas demonstrações poderosas de Deus, toda a nação se converteria a Deus em profundo arrependimento, e no momento, de fato, eles caíram sobre seus rostos e confessaram: “Só o SENHOR é Deus!” Mas nenhum reavivamento real aconteceu. Elias teve que aprender que o vento, o terremoto e o fogo podem de fato ser servos de Deus para despertar os homens, mas a menos que a “voz mansa e suave” seja ouvida, nenhum homem é realmente ganho para Deus. O trovão do Sinai deve ser seguido pela voz mansa e suave da graça, se o coração do homem deve ser alcançado e ganho. Deus não estava no vento, no terremoto, ou no fogo, mas na voz mansa e suave.


“E sucedeu que, ouvindo-a Elias, envolveu o seu rosto na sua capa, e saiu para fora, e pôs-se à entrada da caverna”; Elias estava na presença do Senhor, como resultado imediato ele “envolveu o seu rosto na sua capa”. Longe do Senhor falava sobre si mesmo, na presença do Senhor escondeu-se a si mesmo. Mas ainda existia orgulho, amargura e raiva em seu coração, então o Senhor novamente o sondou por meio de uma pergunta: “Que fazes aqui, Elias?”. Deus terá todas as coisas descobertas em Sua presença. Elias mais uma vez descarregou seu espírito. Tudo o que ele disse era verdade quanto ao fato, mas o espírito em que foi dito estava totalmente errado. É fácil discernir o orgulho ferido e o espírito amargurado por trás de suas palavras, que levaram o profeta a falar bem de si mesmo e nada além do mal do povo de Deus. Então ele teria que ouvir o julgamento solene de Deus.


A designação de substitutos

Primeiro o Senhor diz: “Vai, volta pelo teu caminho”. O profeta teve que refazer seus passos. Então ele teve que designar outros instrumentos para continuar a obra do Senhor. Elias havia se queixado do mal do povo de Deus? Agora, seria sua dolorosa missão nomear Hazael, rei da Síria, como um instrumento para castigar o povo de Deus. Elias tinha fugido da ameaça da ímpia Jezabel? Então ele teve que nomear Jeú para ser rei sobre Israel, que seria o instrumento para julgar Jezabel. Ele tinha falado bem de si mesmo e pensado que apenas ele permaneceu? Então ele teve que nomear Eliseu para ser profeta em seu lugar. O profeta tinha pensado que ele estava sozinho e que ele era o único homem por quem Deus poderia trabalhar? Então ele teve que aprender que Deus tinha sete mil que não haviam dobrado o joelho a Baal. Elias realmente tinha sido muito zeloso por Deus, mas ele não tinha sido capaz de ver os sete mil ocultos de Deus. Ele pode ver o mal da massa, ele pode ver o que Deus estava fazendo no julgamento, mas ele foi incapaz de discernir o que Deus estava fazendo em graça.


Silêncio sobre si mesmo

Na presença desta mensagem solene, o profeta foi reduzido ao silêncio. Ele não tinha mais uma palavra a dizer por si mesmo. No Carmelo, ele disse ao rei e a todo o Israel: “Só eu fiquei por profeta do SENHOR”. No Monte Horebe, ele havia dito duas vezes na presença do Senhor: “e eu fiquei só”. Mas finalmente ele aprendeu a lição saudável de que ele era apenas um entre sete mil.


Finalmente, podemos notar outra característica comovente neste incidente, e essa é a consideração dos procedimentos de Deus, mesmo no momento da repreensão. Alguém disse: “Deus agiu com Elias como sendo um servo amado e fiel, mesmo quando Ele o fez consciente de seu fracasso na energia da fé, pois Ele não fez os outros saberem disso, mesmo que tenha nos comunicado isto para nossa instrução”.

H. Smith (adaptado)

 

“Não Estou Morrendo – Eu Viverei”


O conhecimento da verdade, obviamente, e especialmente o conhecimento da obra consumada de Cristo, são necessários para o conhecimento d’Ele, por meio do ensino do Espírito Santo. Mas ambos são como meios para um fim, que é o pleno conhecimento d’Ele próprio. Precisamos conhecer o valor de Sua obra, antes que o coração se eleve ao único desejo de conhecer a Ele. “Para conhecê-Lo,” diz Paulo (Fp 3:10), enquanto João diz: “No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor” (1 Jo 4:18). É o conhecimento do Seu amor perfeito, um amor que tem a sua força e poder n’Ele e acima da influência dos nossos fracassos e falhas, que liberta a alma de todo o medo e a preenche com uma ousadia sagrada em todas as circunstâncias. O sentimento não é mais a respeito do que eu sou ou posso ser, em algum momento futuro, mas o que Ele é. Ele vai mudar algum dia? Seu amor esfriará? Ele pode perder Seu lugar no céu? Assim, o coração encontra perfeito descanso em Sua presença, estando n’Ele e sendo um com Ele, e uma alegria que é indescritível e cheia de glória.


Esses pensamentos foram sugeridos refletindo sobre a disputa acirrada de pensadores sobre “segurança total”, “queda” e “perseverança final”. Vamos olhar para o leito de morte triunfante de uma amada Cristã que encontrou seu deleite na Pessoa de seu Senhor. A calma e a dignidade Cristãs de suas últimas horas podem ser uma resposta melhor para todos esses raciocínios do que qualquer coisa que pudéssemos dizer. Damos em resumo a cena final.


“Ela está morrendo”

A visita médica habitual foi paga. A doença foi longa e, sem dúvida, as visitas foram muitas, mas o fim chegou. A mudança foi aparente. Virando-se para uma irmã que estava no quarto, ele disse calmamente: “ela está morrendo”. Ele era amigo da família, também seu médico e era solidário com os amigos tristes. Mas havia alguém pronto para consolar todos eles. As palavras “ela está morrendo” chegaram aos ouvidos dela, mas não transmitiram alarme para sua alma, tudo estava em paz. Fazendo um pequeno esforço para olhar para seu médico e amigo, ela calmamente respondeu: “não estou morrendo, doutor - eu vou viver, não, não estou morrendo. Isso é viver, vou viver com Jesus”. E com grande presença e compostura da mente, ela expressou sua gratidão ao médico por todas as suas atenções e bondade e assegurou-lhe que sentia que ele havia feito tudo o que o homem podia fazer. Ao se despedir dele, ela orou para que Deus pudesse abençoá-lo e abençoar sua família. “Que Deus o abençoe, doutor, e que Ele abençoe sua família” estavam entre as últimas palavras de sua paciente, mas eram mais do que ele podia suportar. Ele deixou a sala em um estado de profunda emoção. Ele voltou no dia seguinte para vê-la dormindo em Jesus e para falar da bênção que ele recebeu.


Seu trabalho foi finalizado

Seu trabalho estava agora finalizado. Como seu Senhor e Mestre, ela saiu de cena com as mãos erguidas em bênção. Ela tinha sido Cristã durante muitos anos, e andou entre os que é chamado de melhor sociedade, de modo que não havia nenhuma emoção em tudo isso, mas a realidade calma e sólida de uma mente bem instruída e altamente cultivada. Naturalmente, foi somente a graça de Deus que a capacitou a prestar tal testemunho pela verdade e por Cristo, mas foi a doce sensação de Sua presença com ela naquele quarto de sofrimento e morte que preencheu toda a sua alma com tal paz e descanso. Ele estava com ela e isso era suficiente. A força de Seu braço, os raios de Seu semblante, assim como o amor de Seu coração, eram todos dela mesma. Ela está ausente do corpo, mas está presente com o Senhor. Ela se uniu à multidão de milhares de pessoas acima, calmamente para esperar com elas e com Ele, o dia de Sua glória vindoura. Nós nos encontraremos de manhã, aquela manhã de alegria eterna e sem nuvens. Até lá que possamos abdicar de nós mesmos, alegrar-nos em Cristo Jesus e buscar a bênção dos outros.

Things New and Old (adaptado)

 

Quando Ele está Presente


Somente Jesus pode verdadeiramente satisfazer e alegrar o coração. Todas as dificuldades da terra não são nada quando Ele está presente, mas o próprio céu seria para nós algo solitário e sem alegria, se Ele não estivesse lá.

G. V. Wigram

 

No Fundo ou na Superfície


Se um homem não tem a Cristo no fundo, ele não é Cristão de forma alguma. E ainda que Cristo esteja em tal homem e o encontrarmos com um andar irrepreensível, ainda assim, ao falar com ele sobre Cristo, não encontraremos eco em seu coração, embora sua vida prossiga sem problemas. Entre um Cristão com Cristo no fundo e um justo caminhar Cristão na superfície [N. T.: Cristo sendo mostrado na vida do Cristão], entre os dois pode haver cento e cinquenta coisas com as quais Cristo não tem nada a ver. Ele tem sua vida praticamente vivida sem Cristo. Isso não é certo. É a terrível leviandade do coração que passa sem Cristo, até que se torne a estrada de tudo o que o mundo derrama nela.

J. N. Darby

 

Circunstâncias ou Sua Presença


Olhando para os fracassos no seu passado, você descobrirá que eles foram, constantemente, motivados por sua própria ação de acordo com as circunstâncias. Eu não posso resolver nada por mim mesmo. Se estou na presença do Senhor, recebo orientação d'Ele em Suas circunstâncias. Há um Homem no céu na mais alta glória! Ele pode intervir em todas as coisas que o Seu povo não seria capaz de fazer por si mesmo. Será que Seu coração está menos ocupado, ou Seus olhos menos fixos em mim agora do que em Estêvão? A cortina foi retirada para ele. É igualmente verdade para a fé agora!

G. V. Wigram

 

Em Cristo – Cristo em Nós


Em Efésios, “em Cristo” tem a ver com a posição celestial, enquanto que “Cristo em” [no] crente se conecta com toda a plenitude de Deus! “Vós em mim” fala da libertação em Romanos, satisfação em Colossenses, posição celestial em Efésios. “Eu em vós” expressa liberdade em Romanos, esperança de glória em Colossenses e toda a plenitude de Deus em Efésios.

Christian Friend, 1896

 

Nuvens que Obscurecem


É fácil para o crente perder de vista as coisas de Deus. As nuvens do mundo surgem para obscurecer a perspectiva brilhante, ou a neblina maligna da carne envolve a alma em seu abraço. Então o sentimento de realidade das coisas espirituais desaparece, e a doce serenidade e calma das terras altas dá lugar à febre inquieta de uma alma fora de comunhão com Deus.


As coisas mais próximas permanecem à vista, talvez a comunhão entre Cristãos ou algum serviço empreendido nos dias mais claros, mas a alegria, o encanto e a realidade se foram. Tudo parece fora de foco, pois Cristo não é visto como o grande Objeto central, jogando todo o resto em sua relação correta. Então surge a questão sobre a realidade dessas coisas, pois nenhuma coisa é tão irreal como as coisas divinas para a alma fora da comunhão e sob a nuvem do que é temporal. Pode ser que a memória permaneça para aumentar a infelicidade, mas Cristo não é uma realidade viva presente.


Sob tais circunstâncias, o que deve ser feito? Há apenas uma maneira de escapar, e essa é buscar a presença de Deus. Podemos ir a Ele assegurados de que Ele é Quem mais deseja que vivamos o máximo possível no poder das coisas divinas. Além disso, Aquele que nos trouxe a eles no princípio, é o único que pode nos restaurar a alegria quando essa alegria é perdida.

J. T. Mawson

 

Poema:

A Presença do Senhor


“Se a tua presença não for conosco, não nos faças subir aqui” (Ex 33:15)


Salvador, guia-nos por Teu poder

Seguros ante o descanso prometido;

Escolhe a direção, qualquer caminho

Que a Ti, ó Senhor, melhor Lhe parecer.


Em todo o perigo, seja nosso Guia;

Assista e nos mantenha noite e dia,

Se não, nosso coração tão néscio

Do caminho reto e estreito se desvia.


Por que em Ti está a nossa redenção,

E a completa e gratuita salvação,

Em nada nossa alma fica desanimada

A não ser de Ti estar descuidada.

Manter nosso progresso constante queremos;

Mais do que vencedores seremos,

Se nossos olhos, em qualquer perigo, porém

Olhar para Ti, e além de Ti mais ninguém.


Na Tua presença somos felizes;

Na Tua presença seguro estamos;

Na Tua presença as aflições que sofremos

Facilmente suportar podemos.


Na Tua presença podemos conquistar,

Podemos sofrer, podemos morrer;

Longe de Ti somos fracos;

Deixe Teu amor, Senhor, manter-nos em Teus braços.


W. Williams (adaptado para o português)

 

“Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós”

(Jo 14:18).


 
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