Amizade (Julho de 2025)
- Revista O Cristão
- 4 de jul.
- 29 min de leitura

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Revista mensal publicada pela Bible Truth Publishers
ÍNDICE
Tema da edição
J. Hyland (adaptado de uma pregação)
G. H. Hayhoe (de uma pregação de 1985)
D. Nicolet, The Christian Shepherd, 2004
The Evangelist, Vol. 1 (1867)
W. J. Prost
Autor desconhecido
Amizade

“Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos. Vós sois Meus amigos” (ARA). O Senhor Jesus Cristo é o melhor companheiro que alguém poderia ter. Ele é o Amigo de que todas as pessoas neste mundo precisam! Ele é o Amigo dos pecadores e dos santos (crentes). Seja qual for a sua situação na vida – seja você salvo ou não – uma coisa que é verdade sobre cada um de nós é que precisamos d’Ele. Ele disse aos Seus discípulos: “Sem Mim nada podeis fazer”. Quanto mais cedo aprendermos essa lição na vida, melhor.
Pense nisto: a maior Pessoa que já viveu neste mundo honraria aqueles que creem n’Ele dizendo: “Vós sois Meus amigos” (ARA). Sim, Ele nos quer como Seus amigos e companheiros! O Senhor quer que andemos por este mundo em comunhão com Ele. Ele quer ser o nosso Amigo mais próximo e querido. Que uma Pessoa divina se digne a andar neste mundo como um Homem e, mais do que isso, escolha ser amigo de pessoas como você e eu, é algo que ultrapassa o entendimento! Que privilégio maravilhoso é isso!
B. Anstey, Lassen Pines, 2005 (adaptado)
Amizade
“Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos. Vós sois Meus amigos se fazeis o que Eu vos mando” (Jo 15:13-14 – ARA). Tenho em meu coração considerar o assunto sobre amigos ou amizade. Vocês sabem que este é um recurso maravilhoso que Deus nos deu para o caminho da fé neste mundo e para nossa vida aqui. Normalmente, quando pensamos em amizade, pensamos nela como um relacionamento que Deus deu para nossa bênção e felicidade aqui na Terra.
Oito qualidades de amizade vistas em Jesus
Nós vamos examinar oito atributos ou qualidades diferentes de um amigo como vistos no Senhor Jesus Cristo, porque Ele é o maior Amigo que qualquer um de nós poderia ter. Alguém estava nos contando recentemente que conheceu um garotinho e começou a conversar com ele, e acabou descobrindo que esse garotinho conhecia o Senhor Jesus Cristo como seu Salvador. Mas ele disse ao se despedir: “Eu realmente não tenho amigos; não sou popular na escola; simplesmente não me encaixo e realmente não tenho muitos amigos”. Mas a pessoa com quem ele falava disse: “Lembre-se, você sempre tem o melhor Amigo, e esse é o Senhor Jesus Cristo. Isso não é maravilhoso?” Talvez você seja jovem, ou talvez não tão jovem, e sinta como se não tivesse muitos amigos e nenhum amigo de verdade.
Queremos trazer diante da nossa alma o maior Amigo que uma pessoa poderia ter, e veremos isso ao analisarmos essas qualidades e atributos do Senhor Jesus como o Amigo perfeito que nunca nos decepcionará, que nunca nos deixará na mão. Aqui em João 15, o Senhor Jesus, ao falar do que estava por vir, encoraja Seus discípulos e os chama de amigos. Isso não é maravilhoso? Eu imagino que os discípulos, enquanto estavam sentados ouvindo o Senhor Jesus, estavam com o coração perturbado com o pensamento de Sua partida.
Você não adoraria se o Senhor Jesus chegasse do seu lado e dissesse: “Sabe, Eu o considero Meu amigo”? Era isso que o Senhor Jesus estava dizendo a esses discípulos: Vocês são Meus amigos. Que tipo de amigos eles eram para Ele? Bem, eles não eram os amigos mais fiéis, eram? Havia um tanto de falha aqui e ali. De vez em quando havia conflitos entre eles. Muitas vezes eles entendiam mal o que o Senhor Jesus estava dizendo e fazendo. Quando Maria derramou seu unguento aos pés do Senhor, todos os discípulos falaram contra ela, e assim por diante. Ele sabia que todos os Seus amigos O abandonariam e fugiriam e que um desses amigos O negaria três vezes com juramentos e maldições. E, ainda assim, Ele pôde dizer a eles: “Vós sois Meus amigos” (ARA).
A amizade natural depende de uma resposta do amigo. Quando se obtém essa resposta e se vê algo amável na pessoa, a amizade floresce e cresce. Mas, quando a resposta desejada não está presente, pequenas diferenças e outras coisas vêm à tona, e as coisas não são tão agradáveis.
Às vezes, aqueles que eram amigos se separam. Não há mais proximidade por causa de algo que se interpôs entre eles. Mas lá estava o Senhor Jesus, o Amigo perfeito, que, apesar de tudo o que sabia sobre o tratamento que Lhe davam, pôde dizer: “Vós sois Meus amigos” (ARA).
Amizade sacrificial
A verdadeira amizade está disposta a fazer sacrifícios. Suponho que o teste definitivo da amizade seja: estamos dispostos a fazer sacrifícios? Estamos dispostos a arriscar a nossa vida ou a fazer algum outro tipo de sacrifício por esse amigo? O Senhor Jesus, ao olhar para o rosto daqueles que Ele tanto amava, sabia qual seria o sacrifício supremo. Eles seriam trazidos a um relacionamento mais profundo com Ele como resultado do Calvário, da ascensão de Cristo e da vinda do Espírito de Deus para selá-los. Para essa amizade continuar, Ele sabia que teria que pagar o preço máximo: dar a vida por eles.
Temos o exemplo perfeito no Senhor Jesus, que fez o sacrifício supremo por nós dando a Sua vida e derramando o Seu precioso sangue. Quão pequeno é qualquer sacrifício que possamos fazer uns pelos outros comparado a isso! Primeira João 3 fala de Ele ter dado a Sua vida por nós. Em seguida diz: “e nós devemos dar a vida pelos irmãos”. Será que realmente apreciamos em nossa alma o sacrifício que Ele fez? Na medida em que apreciamos o Seu sacrifício por nós, faremos esse sacrifício uns pelos outros. Talvez nunca sejamos chamados a ser mártires, como muitos de nossos irmãos foram e ainda são até este exato momento. Mas somos chamados a nos entregar como um sacrifício vivo, a entregar a nossa vida dessa forma para o serviço de Cristo e para o serviço uns dos outros. Quando você dá um copo de água em nome d’Ele ou faz qualquer pequeno serviço a um dos Seus, você está servindo Aquele que é amigo da pessoa em questão.
Amigo de publicanos e pecadores
Quando o Senhor Jesus esteve aqui, Ele foi desprezado porque era Amigo de publicanos e pecadores. Disseram em uma ocasião com escárnio: “Este recebe pecadores, e come com eles” (Lc 15:2). Ele Se deleitava não apenas em falar às massas, não apenas em se dirigir às multidões, mas também em ficar a sós com o pecador, em fazer aquele contato pessoal com os que tinham uma necessidade sentida.
Não alegra nosso coração olhar para trás para aquela época em que houve aquele contato pessoal do Senhor em nossa vida, quando fomos levados a conhecê-Lo como Salvador? Se houvesse 200 pessoas aqui, teríamos 200 histórias diferentes, porque Ele nos considera a todos como indivíduos. Somos salvos como indivíduos e, como Seus amigos, somos indivíduos.
Embora o Senhor Jesus fosse santo, inocente, imaculado e separado dos pecadores, Ele podia tocar o leproso e não ser contaminado. Qualquer outra pessoa que tocasse o leproso, sob a lei levítica, era contaminada. E qualquer um que tocasse essa pessoa também era contaminado, e assim por diante. Mas o Senhor Jesus podia tocar o caixão de um menino morto e não ser contaminado. Por causa de Quem Ele era, Ele podia sentar-Se e comer com publicanos e pecadores, e Ele não era contaminado.
Acredito que todos nós temos, em algum grau, o zelo e a energia para alcançar pecadores. Sei que precisamos ser cuidadosos, mesmo no trabalho precisamos ser cuidadosos, mas o quanto nosso coração se compadece daqueles que encontramos todos os dias? Talvez seja o colega de trabalho ou o aluno que se senta na carteira ao lado. Talvez seja alguém que mora ao nosso lado, ou quem quer que seja: será que somos amigos de publicanos e pecadores? Temos o desejo de apresentar a eles o verdadeiro Amigo dos publicanos e pecadores? Temos que ter cuidado para não sermos contaminados, mas separação não é isolamento. Não devemos viver como os monges viveram nos séculos passados, isolados em algum retiro nas montanhas em algum lugar, trancados longe do mundo. Isso não é ser amigo de publicanos e pecadores. Por meio da nossa santificação em Cristo, somos capazes e temos a responsabilidade de ser um testemunho e apontar para o maior Amigo que este mundo jamais conhecerá.
Um amigo que ama em todo tempo
Provérbios 17:17 afirma: “O amigo ama em todo o tempo” (TB). Ora, de qual outro amigo além do Senhor Jesus essa afirmação poderia ser feita? Pode ser que haja um, mas seria muito raro encontrar outro amigo que ame em todo o tempo. Eu tenho muitos amigos; tenho alguns bons amigos; tenho alguém que considero meu melhor amigo. Mas, às vezes, pequenas coisas acontecem, e não há o fluxo de amor e amizade que deveria haver. Às vezes, nossos amigos nos causam desgosto; às vezes eles nos aborrecem; às vezes, não demonstramos o afeto que deveríamos demonstrar. Mas Ele é um Amigo que ama em todo o tempo.
Você se sente rejeitado? Você sente como se seus amigos simplesmente não amassem mais você? Você já disse em seu coração: “Eu realmente pensei que eles fossem bons amigos. Pensei que me amassem, mas eles me decepcionaram”? O salmista disse no Salmo 119:96: “Tenho visto fim a toda a perfeição”. Se você busca perfeição na amizade ou relacionamentos humanos, sempre irá se desapontar. Vemos o colapso dos relacionamentos naturais em todos os níveis. Mas existe o Amigo sobre Quem cantamos: “Oh, como Ele ama”. Quando você se sentir não amado e indesejado, vá para a presença desse Amigo. Sente-se em um lugar tranquilo a sós com o Senhor Jesus, sentindo o calor de Seu amor, sentindo aqueles braços que estão sempre a nos envolver. Apenas deixe Ele amar você como aquele Amigo que quer que você experimente o Seu grande amor.
Amigos do Facebook
“O homem de muitos amigos deve mostrar-se amigável, mas há um amigo mais chegado do que um irmão” (Pv 18:24). O verdadeiro sentido da primeira parte desse versículo é que um homem que tem muitos amigos “irá à ruína” (JND). Recentemente, alguém me disse que tem 365 amigos no Facebook. Gostaria de saber quantos ele realmente conheceu. Sabe, um homem que tem muitos amigos acaba se arruinando. Isso pode ser um problema hoje em dia com esse tipo de amizade, com tantos amigos nas redes sociais que nunca conhecemos, ou muitos dos quais talvez tenhamos conhecido apenas casualmente, tendo conversado com eles somente pelas redes sociais, talvez raramente conversado pessoalmente. É isso mesmo que é amizade? Não estou criticando a formação de uma verdadeira amizade; não estou dizendo que você não pode utilizar essas coisas. Mas tenhamos muito cuidado. Um homem que tem muitos amigos [em demasia] acabará em ruína.
Um Amigo mais chegado que um irmão
Ao contrário de muitos amigos, existe um amigo mais chegado que um irmão. Não somos gratos por esse amigo? Sabe, você pode ter alguém com quem sempre pensou que podia contar em uma dificuldade. Você diz: “Ele sempre esteve lá para mim”, e então algo aconteceu e ele não estava. Nesse sentido, aprecio muito o Salmo 46:1, que diz sobre o Senhor: Ele é “socorro bem presente na angústia”. Ele está sempre presente. Você pode ter um amigo que nem sempre está presente. Você diz: “Eu sei que esse amigo poderia me ajudar, mas não consegui falar com ele. Ele não estava disponível”. Você já ligou para alguém e caiu na secretária eletrônica ou na caixa postal que dizia para deixar uma mensagem que ele retornaria para você, e então ele nunca retornou? Talvez você consiga falar com o amigo, e ele ouça a sua situação e talvez sempre tenha ajudado você no passado, mas dessa vez ele balança a cabeça e diz: “Bem, me desculpe, mas não posso te ajudar desta vez”.
Filipenses 4:5 diz: “Perto está o Senhor”. O Senhor está sempre perto. Podemos sempre recorrer a Ele. Alguém perto significa que está ali, como disse o salmista: “Estou de contínuo Contigo; Tu me sustentaste pela minha mão direita” (Sl 73:23).
O problema é que nem sempre percebemos que Ele está ali. Ele nunca o deixará nem o abandonará. Você diz: “Simplesmente não me senti confortável em recorrer ao Senhor naquela situação”. Por quê? É porque Ele não estava lá? Não, é porque você permitiu que algo se interpusesse entre você e Ele. E, se isso aconteceu, vá diante d’Ele; confesse para que você tenha a percepção de Sua presença. Não precisamos acordar de manhã e pedir a esse Amigo que esteja conosco tanto quanto precisamos acordar de manhã e pedir Sua orientação para podermos andar na consciente percepção de Sua presença conosco.
Um Amigo fiel
“Leais são as feridas feitas pelo amigo” (Pv 27:6). Temos um Amigo fiel, não um amigo que vai simplesmente nos adular quando há perigo e não dizer nada. Fiéis são as feridas de um amigo. O Senhor Jesus, como esse Amigo, é fiel conosco, não é? E duvido que haja alguém aqui que conheça o Senhor Jesus há muito tempo que não ateste o fato de que houve momentos em que talvez nem sempre tenhamos apreciado isso. Mas o Senhor foi fiel de uma forma ou de outra ao intervir, talvez até mesmo com castigo. Nenhum de nós realmente ama nossos filhos se os deixamos seguir seu próprio caminho quando este irá acarretar danos a eles. Não, nós procuramos guiar e corrigir nossos filhos para o bem e para a bênção deles. E temos Alguém que é fiel conosco. Ao olhar para trás em minha vida, nem sempre apreciei, na ocasião, a maneira como o Senhor lidou comigo e as coisas que Ele permitiu que outras pessoas dissessem ou fizessem a mim. Mas, quando olho para trás, em retrospecto, vejo o benefício em muitas dessas coisas, enquanto em algumas delas talvez eu precise esperar pela glória para entendê-las completamente. No entanto, posso agradecê-Lo agora por Sua fidelidade, porque percebi que eu teria seguido na direção errada. Teria feito algo que não traria glória para Ele ou que seria de dano ou prejuízo para mim.
Eu os encorajo a serem gratos pela fidelidade do Senhor. Ele está permitindo algo em sua vida que parece difícil, algo que parece realmente difícil? Você diz: “Se Ele é um amigo tão amoroso e consistente, simplesmente não vejo por que Ele está permitindo isso em minha vida”. Você nem sempre vai perceber na hora, e há muitas coisas que você terá que deixar para o tribunal de Cristo.
Havia um na companhia dos discípulos que não era um amigo verdadeiro do Senhor Jesus, e mesmo assim o Senhor Jesus Se referiu a ele como amigo. Profeticamente, é dito de Judas: “Até o Meu próprio amigo íntimo, em quem Eu tanto confiava, que comia do Meu pão, levantou contra Mim o seu calcanhar” (Sl 41:9). Pense em como o Senhor Jesus deve ter Se sentido ao saber o que iria acontecer e ainda assim se referir a ele como Seu amigo. O Senhor Jesus era incompreendido por aqueles que verdadeiramente eram Seus, mas Ele era o amigo fiel.
Não há nada mais doloroso e prejudicial às nossas amizades e relacionamentos do que não sermos fiéis uns com os outros. Existe uma maneira de admoestar sem repreender. Queremos exercer graça, mas fiéis são as feridas de um amigo. Pode parecer duro. É algo que nem sempre é feito no espírito correto. Ao buscarmos ser fiéis com os outros, certamente também nem sempre o fazemos no espírito correto. Prefiro ter um amigo que coloque um obstáculo no meu caminho em vez de me deixar ir a toda velocidade para um precipício. E, portanto, precisamos buscar graça, sim, em graça e amor, e no espírito correto, para sermos fiéis.
Um amigo conselheiro
“O unguento e o perfume alegram o coração; e a doçura do amigo é o fruto de um conselho sincero" (Pv 27:9 – JND).
Um amigo é alguém que dedica tempo para aconselhar e busca dar o melhor conselho possível. Temos Alguém cujo nome é Conselheiro (Is 9:6). Os jovens que frequentam a escola têm orientadores e conselheiros de carreira. Isso pode ser muito útil para apresentar a você certas inclinações naturais que você tem, suas habilidades e assim por diante, mas eles normalmente oferecem apenas a sabedoria e conselhos deste mundo. Mas há Alguém que nunca lhe dará conselhos falsos ou falhos, Alguém cujo nome é Sabedoria. Será que recorremos Àquele que é o nosso melhor Amigo e o melhor Conselheiro que você poderia ter?
A rainha de Sabá, quando foi à Salomão, uma figura do Senhor Jesus, tinha muitas perguntas difíceis, muitas coisas que a incomodavam e que ela não entendia. Quando ela chegou à presença de Salomão, nos é dito que ele respondeu a cada uma de suas perguntas difíceis. Nada houve que o rei não lhe pudesse esclarecer (1 Rs 10:3). E o coração dela ficou satisfeito com as respostas dele. Você já foi a alguém com uma pergunta a respeito da Bíblia, e obteve uma resposta, e então disse, “Sim, isso foi bom; eu obtive um pouco de luz sobre o assunto, mas isso não respondeu totalmente à pergunta”. Temos o livro de respostas d’Aquele que o escreveu. Creio que foi Davi quem disse: “Tenho mais entendimento do que todos os meus mestres porque amo os Teus preceitos”. Quando você se aprofunda na Palavra de Deus e a examina em busca de respostas, descobrirá que seu coração ficará plenamente satisfeito e tudo será respondido de forma satisfatória. Portanto, temos Alguém que nos aconselha. Ele é o nosso grande Conselheiro.
Um amigo que se compadece
“Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do sono” (Jo 11:11). O Senhor Jesus Se referiu a Lázaro como o nosso amigo. Precioso, não é? Aquela pequena casa em Betânia era uma das poucas casas no caminho do Senhor Jesus onde o Senhor Jesus era realmente bem-vindo – as raposas tinham covis, as aves do céu tinham ninhos, mas o Filho do Homem não tinha onde reclinar a cabeça. Lemos mais tarde que cada homem foi para sua própria casa enquanto Jesus foi para o Monte das Oliveiras. Havia pelo menos um lar onde o Senhor Jesus, em várias ocasiões, Se deleitou em voltar Seus passos cansados, para Se sentar no meio daqueles que Ele considerava Seus amigos e ter Seu espírito revigorado. Amamos estar com amigos que nos revigoram, não é mesmo? Você diz: “Eu simplesmente amo estar com essa pessoa”. “Amo estar com essas pessoas”. Jovens, quando estamos juntos, podemos proporcionar muito refrigério.
Que tipo de companheiros ou amigos escolhemos? Não estou falando de conhecidos casuais. Não estou falando de nossos colegas de escola ou de trabalho, mas daqueles que consideramos nossos verdadeiros amigos. Alguém disse que nossos amigos são como os botões de um elevador. Eles vão levá-lo para cima ou para baixo. Eles serão para o seu bem e encorajamento, em seguir o Senhor, ou o arrastarão para baixo em seu caminho de fé.
Em Betânia, descobrimos que uma tristeza havia entrado naquele lar. Não tenho dúvidas de que tristezas também entrem em seu lar. Jesus foi até a casa e, como o amigo que se compadece chorou com aquelas irmãs. Ele chorou ao ver os terríveis efeitos que o pecado trouxe ao mundo. E chorou em compaixão por Maria e Marta, que sentiam tão intensamente a perda do irmão. E se você está passando por uma tristeza agora, lembre-se de que há Alguém que chora em compaixão por você.
O grande Médico agora está perto,
O compassivo Jesus;
Ele fala, para animar o coração abatido:
Oh, ouça a voz de Jesus.
Ele está ali como esse Amigo em cada provação. Ele conhece cada lágrima. Nos Salmos nos é dito que Ele Se compadece tanto de nós e conhece nossas tristezas que toma nossas lágrimas e as coloca em Seu odre; Ele não as esquece. Eu já esqueci muitas lágrimas e tristezas pelas quais passei. O Senhor Jesus tem todas elas recolhidas em Seu odre.
Ele é o Amigo que Se compadece, não importa qual seja a tristeza. Oh, vá até Ele. É maravilhoso ter amigos e irmãos terrenais que se compadecem de nós. Mas não há nada como ficar a sós com este Amigo que chora conosco e nos entende plenamente.
O amigo totalmente desejável
“Tal é o meu amado, e tal o meu amigo, ó filhas de Jerusalém” (Ct 5:16). A noiva está enumerando as qualidades e glórias de seu noivo. Ela conclui: “Ele é totalmente desejável”. Quando você conhece um novo amigo, você vê algumas qualidades muito agradáveis nele. Mas, quanto mais você o conhece, mais percebe que existem alguns comportamentos e traços de personalidade que não são tão agradáveis. Você diz: “Eu só queria que não houvesse isso ou aquilo no amigo”. Mas, quanto mais você conhece o Senhor Jesus, mais percebe: “Ele é totalmente desejável”. Você não encontrará nenhuma imperfeição. Na verdade, quanto melhor você O conhece, melhor você entende e aprecia essas qualidades – que Ele é totalmente desejável. Aprendamos a entender e apreciar mais a amizade desta Pessoa divina, o Senhor Jesus.
Abraão, o amigo de Deus
“E cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado (contado) como justiça, e foi chamado o amigo de Deus” (Tg 2:23). Nós costumamos falar de Abraão como o homem de fé, e ele o era, porém ele não era apenas um homem de fé, mas, como resultado de ser um homem de fé, ele também era um homem de obediência. E, como resultado, descobrimos que ele é chamado de o amigo de Deus. Novamente, você não gostaria desse tipo de reconhecimento do Senhor Jesus? Quão verdadeiro é que somos caracterizados como homens e mulheres de fé e obediência? É isso o que Ele quer. Cada centelha de fé que existe em sua vida e na minha, Ele vai recompensar. “Não rejeiteis, pois, a vossa confiança, que tem grande e avultado galardão” (Hb 10:35). Cada vez que agimos em obediência à Sua Palavra, Ele valoriza tanto que anota isso em Seu livro “memorial” (Ml 3:16). Ao fazer isso, é como se Ele estivesse dizendo: Aqui está mais um reconhecimento para o Meu amigo. Imagino que, quando o livro memorial se abrir no céu com o nome de Abraão, estará escrito: Abraão, o amigo de Deus, obedeceu hoje; ele depositou sua confiança em Mim hoje; levou seu filho ao Monte Moriá; mudou sua tenda para onde Eu lhe disse. Vocês não gostariam, irmão e irmã, que esse tipo de coisa fosse escrito após o seu nome?
Moisés, o amigo de Deus
“E falava o SENHOR a Moisés face a face, como qualquer fala com o seu amigo” (Êx 33:11). Amigo é alguém com quem passamos tempo juntos, não alguém que você simplesmente conhece pelas redes sociais. O problema hoje é que há mais comunicação, mas menos interação. Mas o que o Senhor quer não é apenas comunicação; Ele também quer interação. Aqui estava o Senhor Jesus falando face a face com Moisés. Será que você e eu realmente entramos na presença do Senhor Jesus como nosso Amigo dessa maneira? Não se trata apenas de falar com Ele como Alguém que está distante, Alguém que está no céu, mas como Alguém que está conosco em todas as circunstâncias da vida. Como pôde o Senhor, naquela ocasião, falar com Moisés face a face? Um pecado muito grave havia entrado no acampamento de Israel. Isso entristeceu o coração de Deus e causou os caminhos governamentais de Deus para com o Seu povo. Moisés não havia participado daquilo. Moisés havia estado no monte com Deus. Ele não havia participado do pecado porque havia estado na presença de Deus anteriormente. E, porque ele havia sido preservado em pureza e santidade pessoal, ele pôde, sendo amigo de Deus, ter Deus falando face a face com ele.
Se você quer ter um relacionamento como esse com o Senhor, você deve manter a pureza pessoal. Você diz: “Bem, todo mundo está fazendo”. Quando Moisés olhou, era todo o arraial, todo o povo de Deus. Mas Moisés se manteve puro. Josué também. Como resultado, havia um relacionamento, e ele é chamado de o amigo de Deus.
Adultério espiritual
“Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tg 4:4). Não devemos fazer amizade com o mundo. Isso não significa que não precisamos ser amigáveis. Certamente precisamos nos dar bem com nossos vizinhos, colegas de trabalho e colegas de estudo. Mas devemos ser íntimos daqueles que são ímpios? As coisas que eles buscam são aquelas que afastarão nosso coração do Senhor Jesus e de segui-Lo.
Vamos examinar nosso coração. O salmista disse: “Com todo o meu coração Te busquei”. Ele quer todo o nosso coração; estejamos atentos a qualquer coisa que nos afaste de segui-Lo. Se algo nos afasta de seguir Aquele que nos desposou para Si mesmo, isso é adultério. É por isso que Ele os acusou de adultério no Velho Testamento quando se voltaram para os ídolos, porque era algo muito sério o coração deles buscar algo ou alguém que não fosse Ele. E, portanto, não devemos fazer amizade com o mundo dessa maneira.
“Saúda os amigos por nome” (3 Jo 15). Podemos, como amigos, encorajar uns aos outros. E aprendamos mais intimidade piedosa uns com os outros no contexto da amizade e aprendamos a saudar uns aos outros pelo nome. Não apenas um conhecimento casual, mas cumprimentar uns aos outros pelo nome. É maravilhoso ter amigos que nos encorajam, mas ainda mais maravilhoso é ter o maior Amigo, aquele Amigo que é mais chegado que um irmão e que nunca nos deixará nem nos desamparará.
J. Hyland (adaptado de uma pregação)
O Amigo que Nunca Muda
Queridos amigos, vivemos num mundo cheio de mudanças. Vemos mudanças por toda parte. Mas não é uma bênção sabermos que existe Alguém que não muda? Muitas vezes nos sentimos frustrados e decepcionados ao vermos as constantes mudanças neste mundo. As pessoas mal sabem o que fazer porque os empregos são incertos, os amigos são incertos, os bancos quebram, os padrões climáticos mudam. Parece que somos constantemente lembrados das mudanças. Mas não é muito precioso podermos nos ocupar com um Amigo que é totalmente desejável? Não há nada que desejaríamos alterar neste Amigo, jamais, porque Ele é perfeito em tudo – em amor, em graça e em fidelidade.
Isso é o que é retratado na oferta de manjares quando fala da flor de farinha. Quando pensamos em amigos naturais, geralmente pensamos em uma virtude que se destaca (essa pessoa é muito generosa ou muito atenciosa), algo em que eles se sobressaem. Mas temos um Amigo que Se sobressai igualmente em tudo – amor, graça e até mesmo na correção, se necessário. Ele sabe exatamente o que precisamos e nos ministra essa correção.
Quando vemos este mundo em constante processo de mudança, quão precioso é ler em Hebreus 1: “Tu, porém, és O mesmo, e os Teus anos jamais terão fim” (ARA). Quer sejamos crianças, jovens ou adultos, podemos ter esse mesmo Amigo. Ele entende sua infância. Mesmo na Jerusalém do Milênio, lemos sobre as ruas da cidade estando cheias de meninos e meninas brincando. Nem sempre entendemos o que se passa na mente de uma criança, mas não é maravilhoso saber que o Senhor Jesus entende até mesmo uma criança?
À medida que envelhecemos, nós mudamos; temos novos desejos e queremos certas coisas. Não é uma bênção saber que esse Amigo é Aquele que entende? Ele observou o seu corpo e o meu antes mesmo de eles entrarem nesta cena (Sl 139:16). Você não tem nenhum outro amigo como o Senhor Jesus, que conhece toda a sua constituição física e emocional e que o entende perfeitamente. Mas Ele não é Um que muda como os amigos terrenais. “Porque Eu, o SENHOR, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos” (Ml 3:6). Estamos mudando o tempo todo. Mas Este Amigo, nosso bendito Senhor Jesus Cristo, nos ama da mesma forma.
G. H. Hayhoe (de uma fala de 1985)
Amigos
Gary, um homem de meia-idade, contou que, quando estava na sétima série, era muito tímido, desajeitado e praticamente sem amigos. Ele costumava olhar com admiração para Rod, um aluno alto e popular da nona série, que, destacando-se nos estudos e nos esportes, era o líder do grupo mais popular de alunos. Rod nunca prestou atenção em Gary – nunca, pelo menos, até pouco antes da eleição da escola para presidente do grêmio estudantil.
Gary se lembrava de como se sentiu surpreso e satisfeito quando, um dia, Rod parou no corredor e fez uma tentativa especial de conversar com ele. Ele queria saber como ele estava, o quanto gostava dos professores, parecendo demonstrar interesse genuíno por ele. Nos dias seguintes, Rod demonstrou o mesmo amigável interesse, dando-lhe tapinhas nas costas, conversando com ele e até mesmo incluindo-o em seu círculo de amigos. Como Gary se sentiu importante, feliz e aceito!
E, claro, no dia da eleição, Gary não tinha dúvidas sobre quem deveria ser o presidente do grêmio estudantil. Ele votou em seu novo “amigo”, Rod.
E, ao fazer isso, ele aprendeu uma lição dolorosa.
Depois que Rod foi eleito presidente do grêmio estudantil, ele parecia ter se esquecido de Gary. Ele nunca mais falou com Gary nem demonstrou o menor interesse por ele. Rod não era mais o “amigo” de Gary.
O mundo promove a amizade como algo muito desejável, mas pouco sabe sobre seu verdadeiro significado.
Amigos de verdade não fazem concessões
A Escritura apresenta muitos relatos, advertências e instruções sobre o assunto de amigos. Alguns foram verdadeiros amigos que trouxeram bênçãos e conforto aos seus companheiros. Outros agiram como amigos, mas trouxeram infelicidade, desastre e até mesmo morte. Que todos nós (especialmente os queridos pais de filhos pequenos) prestemos muita atenção, nestes últimos e sombrios dias, aos princípios divinos da Bíblia a respeito de “amigos”.
O mundo, promovendo a tolerância como sinal da verdadeira amizade, presume que os Cristãos devem mostrar amor e aceitação até mesmo daquilo que Deus chama de abominação. Seu objetivo é que os princípios divinos e imutáveis da infalível Palavra de Deus sejam desconsiderados (negados) por qualquer um que queira ser seu amigo.
Quão solenemente a Bíblia adverte sobre amigos e amizades com aqueles que podem trazer desastres espirituais ou naturais à fé, às famílias e à vida dos crentes.
Amigos sagazes e mortais
Em 2 Samuel 13, lemos sobre o pecado que Amnom, filho do rei Davi, cometeu contra sua meia-irmã Tamar. Embora de fato culpado daquela impiedade, há uma nota arrepiante em sua história que mostra como ele foi encorajado àquele pecado: “Tinha, porém, Amnom um amigo, cujo nome era Jonadabe... homem mui sagaz” (2 Sm 13:3). Amnom aceitou o conselho sagaz e enganoso de seu “amigo” para se entregar àquele pecado – conselho que custou ao jovem de vontade fraca sua honra e sua vida.
Muitos amigos
Há também um versículo muito interessante e solene em Provérbios 18:24. “O homem de muitos amigos deve mostrar-se amigável, mas há um amigo mais chegado do que um irmão”. Esse versículo pode parecer que está encorajando os Cristãos a ganharem muitos amigos. Mas uma melhor tradução traz um aviso solene que todos (especialmente os pais, ao criarem seus filhos) fariam bem em se atentar: “O homem que tem muitos amigos, tem-nos para a sua ruína; mas há um amigo que é mais chegado do que um irmão” (Pv 18:24 – AIBB).
A grande ênfase do mundo na amizade verdadeira como sendo totalmente receptiva e sem julgamentos parece boa e razoável. Mas, sem a luz e a orientação de Deus, essa é uma filosofia terrível e mortal. O livro que oferece sabedoria celestial para o nosso caminho terrenal alerta claramente sobre os resultados desastrosos para aquele “que tem muitos amigos”. O perigo é que, para ter “muitos amigos”, um Cristão será obrigado a comprometer sua obediência à Palavra de Deus.
Para os pais, é especialmente importante ensinar aos filhos o caráter bíblico da verdadeira amizade, tomando cuidado para não incutir neles o desejo de popularidade. Os filhos precisam ter uma disposição terna e amorosa e sabedoria na escolha de seus amigos. Sigamos nós mesmos e ensinemos a nossos queridos filhos a chave divina para ter amizades felizes e amigos fiéis. “Companheiro sou de todos os que Te temem e dos que guardam os Teus preceitos” (Sl 119:63).
Amizade fiel
Um amigo que vale a pena ter não exige, como condição para a amizade, a aceitação daquilo que desonra o Senhor. Um verdadeiro amigo piedoso terá a coragem moral de repreender a desobediência do outro. O bendito Senhor, em perfeito amor e sabedoria, buscando encorajar dois de Seus amados discípulos, diz-lhes: “Ó néscios [insensatos], e tardos de coração para crer” (Lc 24:25), uma repreensão perfeita de um coração de infinito amor divino, de um verdadeiro Amigo!
Novamente em Provérbios, lemos sobre o mesmo princípio: “Leais são as feridas feitas pelo amigo, mas os beijos do inimigo são enganosos” (Pv 27:6). Às vezes, palavras dolorosas precisam ser ditas para salvar um amigo de um caminho de tristeza. E isso é o que caracteriza um verdadeiro amigo. Basta lermos sobre a traição de Absalão contra seu pai Davi (2 Sm 15:5) para aprendermos quão enganosa pode ser a amizade fingida em roubar o coração. Jó tinha três amigos, mas Eliú era seu melhor amigo, e o mais verdadeiro. Ele expressou os pensamentos de Deus. Embora Jó possa não ter se sentido muito consolado ao ouvir as palavras de Eliú, elas trouxeram bênçãos.
Um Amigo dos pecadores
Mas o Senhor Jesus não era Amigo dos pecadores para ser uma bênção para eles (veja Lucas 7:34; 15:2)? Sim. Mas Ele nunca esteve em comunhão com o pecado deles. Ele veio “buscar e salvar o que se havia perdido”. Aqueles, tal como os “publicanos e pecadores”, que sentiram sua necessidade e vieram até Ele encontraram um Amigo perfeito. Ele era certamente o mais acessível dos homens – um verdadeiro Amigo e Alguém que amava o pecador. Mas Ele sempre foi, como Homem perfeito (e ainda verdadeiro Deus), “santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores” (Hb 7:26), sempre disponível, mas nunca contaminado pelo pecado (Hb 4:15).
Nunca encontramos na Bíblia que ser um verdadeiro amigo dos outros exija que um Cristão ande ou aja de uma maneira que desonre o Senhor ou desobedeça à Palavra de Deus. Que cada um tenha um desejo crescente de ser um amigo fiel que “em todo o tempo ama” (Pv 17:17) e alguém que teme ao Senhor em tudo o que faz (Pv 1:7).
D. Nicolet, The Christian Shepherd, 2004
Você É Amigo de Jesus?
Não é uma grande bênção ter um amigo, alguém que nos ama e se importa conosco, e a quem podemos livremente abrir nossa mente? Se você tem um amigo assim, não menospreze a misericórdia, mas dê a ele grande valor e demonstre amizade para com ele, pois a Escritura diz: “O homem de muitos amigos deve mostrar-se amigável, mas há um amigo mais chegado do que um irmão” (Pv 18:24). Todos sabemos quão intimamente Jônatas e Davi eram unidos em amizade, o filho de Saul amando o filho de Jessé como à sua própria alma. Mas que belo título é esse pelo qual Abraão é chamado, em Tiago 2:23, de “o amigo de Deus”. E mais abençoado ainda é o que está escrito em Isaías 41:8, onde o próprio Deus, falando dele, diz: “Abraão, Meu amigo”. Se um rei, um nobre ou uma pessoa de distinção e renome dissesse de você ou de mim: “Aquele homem, aquela mulher ou aquele jovem é meu amigo”, não deveríamos nos sentir gratificados por tal sinal de seu favor? Mas para o Senhor Deus Todo-Poderoso, o Criador do céu e da Terra, chamar de “SEU amigo” um homem “sujeito às mesmas paixões que nós”, foi uma graça e condescendência maravilhosa de Sua parte e uma grande honra para aquele a quem Ele assim chamou.
Não nos esqueçamos, no entanto, de que os caminhos de Abraão eram, em geral, agradáveis a Deus, pois Ele disse dele: “Porque Eu o tenho conhecido, e sei que ele há de ordenar a seus filhos e à sua casa depois dele, para que guardem o caminho do SENHOR, para agir com justiça e juízo”. Ele era um homem de fé, que obedecia a Deus, vivendo uma vida piedosa, e que criava seus filhos e servos no temor de Deus, e isso agradou ao Senhor. Agora, se você tem um amigo, alguém que foi testado e comprovou ser confiável, e você tem um assunto importante que tem a liberdade de revelar, você não contará a ele? Certamente que sim. E assim fez o Senhor com o Seu amigo, pois Ele disse: “Ocultarei Eu a Abraão o que faço?” Então Ele conversou com Abraão sobre o pecado de Sodoma e Gomorra, que era tão grave aos Seus olhos que Ele disse que, a menos que se arrependessem, Ele as destruiria. Então, como sabemos, Abraão usou a intimidade que tinha com o Senhor para rogar a Ele que poupasse a cidade por causa dos justos que estavam nela. (Veja Gênesis 18.)
Há outra passagem muito doce sobre este assunto em João 15, onde o Senhor Jesus diz: “Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos. Vós sereis [sois – ARA] Meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando. Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de Meu Pai vos tenho feito conhecer”. Observemos que essas preciosas palavras são dirigidas pelo Senhor aos Seus discípulos. Ora, o que é um discípulo? Um aprendiz na escola de Cristo, alguém que não apenas crê n’Ele, mas que também é um seguidor d’Ele e procura ser obediente a Ele em todas as coisas. A eles o Senhor diz: “Vós sois Meus amigos” (ARA). Palavras maravilhosas para o Filho de Deus dizer a qualquer um de nós que O reconhece como nosso Salvador e nosso Senhor. E Ele não apenas nos chama de amigos, mas age conosco como tal, abrindo Sua mente livremente para nós, como Ele diz: “Tudo quanto ouvi de Meu Pai vos tenho dado a conhecer”. Como a Palavra de Deus ainda nos mostra, é pelo Espírito Santo nos abrindo as Escrituras para que possamos “conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus”, pois Ele “no-las revelou pelo Seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus”.
Agora, será que valorizamos essa amizade? Se sim, certamente seremos achados procurando fazer a vontade do Senhor, tomando sobre nós o Seu jugo e aprendendo d’Aquele que é manso e humilde de coração. Mas de uma coisa sabemos: não podemos ter a Sua amizade e a do mundo também, pois “a amizade do mundo é inimizade contra Deus” (Tg 4:4). Que possamos, então, continuar caminhando em comunhão com o Senhor e a Sua verdade, pois o “segredo do SENHOR é para os que O temem; e Ele lhes fará saber o Seu concerto” (Sl 25:14 – ARC); assim seremos preservados de ter comunhão com o mundo, que O rejeitou e O crucificou, e que não pode amar aqueles que são Seus, porque eles não são do mundo, assim como Ele não é do mundo.
The Evangelist, Vol. 1 (1867)
Que Amigo Temos em Jesus
A maioria de vocês provavelmente conhece o hino “Que Amigo Temos em Jesus” (hino 102 do nosso Hinário). O hino é bem conhecido mesmo fora do mundo de língua inglesa e foi traduzido para vários outros idiomas. Ele já foi cantado em italiano no Vaticano, em Roma, e em russo, em Moscou. No entanto, muitos desconhecem como o hino foi escrito e como o autor não apenas apreciava o Senhor Jesus como um querido Amigo, mas também refletia esse mesmo caráter como amigo para os outros.
Joseph Scriven nasceu em 1819 na Irlanda e cresceu em tempos turbulentos, enquanto a Irlanda sofria um declínio econômico. Ele se formou no Trinity College em 1842 e posteriormente resistiu à conhecida Grande Fome Irlandesa, quando a safra de batata foi perdida em 1845. Mas o mais importante em sua juventude foi ele ter aceitado a Cristo como seu Salvador aos oito anos de idade e se interessar por aqueles que se reuniam de forma simples para adorar como irmãos, à parte de qualquer denominação.
A perda de sua noiva
Um ano após sua formatura na Trinity, ele ficou noivo. Na véspera do casamento, sua noiva morreu afogada diante de seus olhos, mas ele nada pôde fazer para salvá-la. Nem é preciso dizer que isso foi um choque terrível para ele, e pouco tempo depois ele emigrou para o Canadá. Sua mãe comprou para ele um caro sobretudo para que ele pudesse suportar os invernos rigorosos do Canadá, mas, enquanto caminhava pelas ruas de Dublin, ele encontrou um mendigo e mais tarde disse à mãe: “Dei meu casaco para um homem que precisava mais dele do que eu“. Foi uma atitude e uma ação que caracterizariam toda a vida de Joseph Scriven.
Ele voltou para a Irlanda no ano seguinte, após adoecer no Canadá, e foi então convidado a viajar pelo Oriente Médio. Foi lá, em Damasco, enquanto caminhava pela Rua Direita e refletia sobre a conversão de Saulo de Tarso (mais tarde apóstolo Paulo), que lhe veio a inspiração para o seu hino mais famoso. Foi escrito como um poema, e ele enviou uma cópia para sua mãe. Ao retornar à Inglaterra, ele começou a ensinar e pregar. Novamente ele cortejou uma jovem, mas, quando um pretendente rival apareceu, Scriven cedeu sem egoísmo a ele.
A terceira perda
Joseph Scriven voltou para o Canadá, desta vez em definitivo, e trabalhou por alguns anos na área de Woodstock-Brantford, em Ontário. Alguns anos depois, ele se mudou para o leste de Ontário, para a cidade de Port Hope. Foi ali que ele passou seus anos mais frutíferos, mas também vivenciou outra tragédia. Aos 40 anos, ele ficou noivo novamente de uma jovem chamada Catherine Roche. Ela havia se convertido recentemente e sido batizada em Rice Lake, em abril. As águas geladas do lago resultaram em uma pneumonia, e Catherine faleceu após vários meses de sofrimento. Essa terceira perda teve o maior impacto em Joseph Scriven, e ele permaneceu solteiro pelo resto da vida.
Embora tudo isso certamente o tenha entristecido, parecia apenas aumentar sua devoção a Cristo, seu desejo de compartilhar o evangelho e sua amizade com os necessitados. Ele frequentemente pregava em público, distribuía folhetos evangelísticos e, às vezes, um poema de sua autoria. Em 1857, alguns de seus amigos íntimos conheciam o poema “Que Amigo Temos em Jesus” (hino 102 do nosso Hinário). No entanto, ele escreveu muitos outros hinos (mais de 100), embora a maioria deles seja desconhecida e não seja cantada hoje.
Trabalho pelos pobres
Há mais um incidente que vale a pena repetir. Em 1864, no centro de Port Hope, duas mulheres caminhavam pela rua. Elas viram um homem de meia-idade vindo na direção delas carregando um cavalete e uma serra. Uma mulher cumprimentou o homem, e a outra perguntou: “Você conhece esse homem? Estou precisando de um homem para cortar lenha, e é difícil encontrar alguém que faça bem o serviço”. A outra mulher respondeu: “Esse é Joseph Scriven, mas ele não vai cortar lenha para você”. A outra perguntou: “Por que não?” E a resposta foi: “Porque você pode pagar. Ele serra lenha para viúvas pobres e pessoas enfermas; ele costuma enviar madeira para elas e contratar um homem para cortá-la. Ele tem renda do país de origem e gasta tudo com os pobres, exceto o que precisa para se sustentar de uma maneira tranquila”.
Outra pergunta surgiu: “Há quanto tempo ele faz isso?” “Não sei dizer com certeza”, foi a resposta, “mas ouvi dizer que, quando ele era um jovem prestes a se casar, sua noiva se afogou acidentalmente no dia anterior ao casamento. Enquanto olhava fixamente para o rosto inerte dela, ele ficou tão profundamente impressionado com a futilidade de todas as alegrias e esperanças terrenais que consagrou seu coração, sua vida e sua fortuna ao serviço de Cristo”.
Ele foi para junto do Senhor em 1886, aos 67 anos. Foi sepultado perto de Rice Lake, Ontário, ao lado da última mulher com quem esteve noivo, Catherine Roche. Podemos certamente dizer de Joseph Scriven, como é dito de Abel dos tempos antigos: “mesmo depois de morto, ainda fala” (Hb 11:4 – ARA).
W. J. Prost
Um Amigo de Verdade
Sim, há UM de verdade
Em Quem essas bênçãos se unem;
O verdadeiro Amigo das almas necessitadas,
E fiel até o fim.
Seu amor, tão verdadeiro e puro,
É uma chama que não se apaga;
Através de todas as mudanças, ele perdura,
E JESUS é o Seu nome.
Que graça na Terra Ele mostrou,
Aos que choravam e suspiravam;
E, oh! Que profundidade de amor transbordou,
Quando Ele pelos pecadores morreu.
Agora exaltado nas alturas,
De glória coroado acima,
Ele Se inclina para ouvir cada débil clamor,
E responder com amor.
Então volta-te para Ele,
Seja qual for tua dor e angústia;
Mesmo que teus olhos estejam turvos de lágrimas,
Ele te dará completo alívio.
Oh, repousa tua cabeça e teu coração
Sobre Seu peito santo,
E Ele curará a dor em seu seio,
E será, Ele mesmo, teu descanso.
Autor desconhecido
“Vós sois Meus amigos”
João 15:14 – ARA
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