Prioridades (Setembro de 2025)
- Revista O Cristão
- 5 de set.
- 30 min de leitura
Atualizado: 13 de set.

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Revista mensal publicada pela Bible Truth Publishers
ÍNDICE
Christian Truth, Vol 27
J. Kilcup (adaptado)
J. N. Darby (resumido)
Hamilton Smith
W. J. Prost
Young Christian, Vol. 35
W. J. Prost
Christian Treasury, Vol. 12
W. Kelly
Autor desconhecido
W. J. Prost
J. N. Darby
F. B. Hole
Mensagens do Amor de Deus, 1989
Autor desconhecido
Prioridades

Primeiro: o espírito. Segundo: a alma. Terceiro: o corpo.
A necessidade básica do coração humano não é por coisas, pois elas não podem satisfazer seus anseios mais profundos. O homem não é mero barro. Ele é alma vivente.
O corpo anseia por coisas materiais, por isso compramos comida, roupas, casas e carros – coisas para o corpo. Mas o corpo por fim morre. A mente clama por coisas intelectuais, por isso construímos escolas e compramos livros. Lemos, estudamos e cultivamos amizades. O espírito clama por coisas espirituais. Ele precisa de Deus. “Assim como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por Ti, ó Deus!” (Sl 42:1). O espírito anseia por algo que as coisas materiais jamais poderão suprir. Ele anseia por Deus. Há um vazio em cada vida humana que somente Deus pode preencher. “Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6:33).
Christian Truth, Vol 27
Estabelecendo Prioridades
Um Cristão compartilhou comigo recentemente o que ele sentia ser a causa de sua queda espiritual, deixando de ser um crente feliz. Ele disse: “Tudo começou com as pequenas coisas que se infiltraram e roubaram meu tempo da Palavra e da oração”.
Em nosso estudo bíblico, há pouco tempo, lemos este versículo: “Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6:33). Aqui descobrimos que o segredo da vitória é estabelecermos nossas prioridades corretamente. Como Cristãos, temos que colocar os princípios do reino de Deus em primeiro lugar em nossa vida. Os redimidos marcham em um ritmo diferente. Fomos escolhidos como soldados de Jesus Cristo e, como tais, não devemos nos embaraçar com as coisas desta vida. Os primeiros Cristãos foram exortados a “que permanecessem no Senhor, com propósito de coração” (At 11:23).
Nosso perigo não é tanto nos tornarmos Cristãos criminosos, mas sim nos tornarmos Cristãos descuidados andando à deriva. As tentações que minam o poder espiritual em nossos dias incluem os bons livros seculares, a televisão, a poltrona confortável e o cartão de crédito. Ou avançamos ou recuamos nesses momentos aparentemente inocentes de decisão. Se quisermos viver para o nosso Senhor, precisamos eliminar para poder nos concentrar. Devemos estabelecer prioridades e colocar viseiras (Pv 4:25-27). Isso elimina a perturbação da ordem, para que em todas as coisas o nosso Senhor tenha a preeminência (Cl 1:18).
Momentos de quietude
O profeta Elias, do Velho Testamento, descobriu que Deus fala com uma voz mansa e delicada, e não como um furacão. O mesmo se aplica hoje. Para ouvir essa voz mansa e delicada, precisamos de tempo a sós com o nosso Senhor. Reservar momentos de quietude envolve disciplina e domínio próprio (um fruto do Espírito; Gl 5:22-23), mas podemos obter isso d’Ele. Podemos sair da cama na hora certa. Podemos definir o tom do dia, em vez de estar desafinados e deixar que o dia nos controle.
Quando valorizamos algo, nos dispomos a nos esforçar muito por isso. O quanto prezamos os momentos de comunhão com nosso Salvador? Será que já apreendemos a surpreendente verdade de que Ele deseja essa comunhão, e não apenas o nosso favor? O quanto já compreendemos que não vivemos somente de pão, mas de toda Palavra que procede da boca de Deus?
Ordenamos nossas prioridades de acordo com nossas necessidades. Temos que decidir que precisamos desses momentos a sós com o Senhor – que não podemos seguir sem eles. Mas, se esses momentos de silêncio forem uma obrigação e não uma escolha pessoal, eles serão apenas um ritual e, no fim, serão abandonados.
Outro aspecto vital de tudo isso se encontra em 1 Coríntios 3:13. Você já percebeu o que é que na sua vida será julgado? O tribunal de Cristo testará os tipos de materiais que usamos para construir sobre o fundamento, que é Cristo.
“Eu” ou Cristo?
Estamos servindo o “eu” ou a Cristo. Se buscarmos Sua comunhão agora, haverá benefícios maravilhosos e positivos aqui, e muito mais naquele dia futuro. É uma bênção perceber também que nosso Senhor inicia esse tipo de comunhão. Ele diz ao crente, por assim dizer: “Tudo o que tenho é teu. Toda a Minha justiça te dou. As riquezas da glória são tuas”. O que conseguimos dar em troca senão nossos pecados, nossas falhas, nossas incapacidades – nós mesmos? Então o crente recebe perdão, constante amor e amizade! Aleluia, que Salvador!
Somente o deus deste mundo poderia privar os devedores de tal amor de desfrutar da Fonte de tudo isso nesses momentos de quietude. Que nós, meus amigos Cristãos, por Sua graça, coloquemos nossas prioridades em ordem. “Buscai primeiro”, e sejamos sempre zelosos para que as “raposinhas” (Ct 2:15) não roubem esses ternos momentos com nosso Senhor Jesus.
Ao falhar em estabelecer as prioridades corretas, meu amigo Cristão causou dor e tristeza imensuráveis a si mesmo e a outros, e muita desonra ao seu Senhor. Ele daria qualquer coisa para ter seu tempo de volta e poder fazer tudo de forma diferente. Mas não há reprises. Temos apenas uma chance de passar por esta vida. Não podemos voltar o relógio; tudo o que temos é daqui em diante.
Em outro dia mau, um homem de Deus disse: “Escolhei hoje a quem sirvais... porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24:15). Que nós também possamos ecoar essas palavras com vidas que demonstram que foram conquistadas e são controladas pelo amor de Cristo. O que fazemos com o que temos recebido demonstra nossa satisfação com esse amor.
J. Kilcup (adaptado)
Devoção Cristã
A fonte e origem de toda verdadeira devoção é o amor divino enchendo e operando em nosso coração, como diz Paulo: “Porque o amor de Cristo nos constrange” (2 Co 5:14). Sua forma e caráter devem ser extraídos das ações de Cristo. Portanto, a graça deve primeiro ser conhecida por nós mesmos, pois é assim que conheço o amor e que esse amor é derramado no coração. Aprendemos o amor divino na redenção divina.
O primeiro efeito
O primeiro efeito do amor é conduzir o coração para o alto, santificando-o assim. Bendizemos a Deus e O adoramos, e assim, conhecendo a Ele, nosso deleite adorador está em Jesus. Quando estamos próximos de Deus e em comunhão com Ele, conscientemente unidos a Cristo pelo Espírito Santo, o amor divino flui em nosso coração. Somos animados por esse amor ao desfrutarmos dele. É realmente “Deus habitando em nós”, como João expressa; “o amor de Deus... derramado em nossos corações”, como diz Paulo. Ele flui como fluiu em Cristo. Seus objetos e motivos são os mesmos que os d’Ele, com a diferença de que Ele mesmo é Quem vem e o revela. É o amor de Deus em Cristo Jesus, nosso Senhor; não menos Deus, mas Deus revelado em Cristo, pois ali aprendemos o amor. Assim, em toda verdadeira devoção, Cristo é o primeiro e o principal Objeto; em seguida, “os Seus, que estavam no mundo”, e então os nossos semelhantes: primeiro a alma deles, depois seu corpo e todas as necessidades em que se encontram. Sua vida de bondade para com o homem governa a nossa, mas Sua morte governa o coração. “Conhecemos o amor nisto: que Ele deu a Sua vida por nós” (1 Jo 3:16). “Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se Um morreu por todos, logo todos morreram. E Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou” (2 Co 5:14-15).
Amor ao próximo
Devemos notar, também, que se trata de uma nova vida em nós que desfruta de Deus e para a qual o Seu amor é precioso, a única capaz de se deleitar na bem-aventurança que há n’Ele e na qual o Seu amor divino opera em relação a outros. Não é a benevolência da natureza, mas a atividade do amor divino no novo homem. Sua genuinidade é assim testada, porque Cristo tem necessariamente o primeiro lugar nessa natureza, e sua atuação se dá naquela avaliação do certo e do errado que somente o novo homem possui e da qual Cristo é a medida e o motivo. “Não somente fizeram como nós esperávamos”, diz Paulo (foi mais do que ele esperava), falando do amor ativo, “mas a si mesmos se deram primeiramente ao Senhor, e depois a nós, pela vontade de Deus” (2 Co 8:5).
Mas é mais do que uma nova natureza. Nosso corpo é o templo do Espírito Santo, e o amor de Deus é derramado no coração pelo Espírito Santo que nos é dado. E, assim como o amor jorra como uma fonte em nós para a vida eterna, assim também águas vivas fluem de nós pelo Espírito Santo que recebemos. Toda verdadeira devoção, portanto, é a ação do amor divino nos redimidos, por meio do Espírito Santo que lhes foi dado.
O Objeto correto
Pode haver um zelo que percorra o mar e a terra, mas que esteja a serviço de um preconceito ou seja obra de Satanás. Pode haver benevolência natural revestida de um nome mais nobre e que se irrita se não for aceita por si mesma. Pode haver o senso de obrigação e atividade legalista, que, pela graça, pode levar mais longe, embora seja a pressão da consciência, não a atividade do amor. A atividade do amor não destrói o senso de obrigação no santo, mas altera todo o caráter de sua obra. “Onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade”. Em Deus, o amor é ativo, mas soberano; no santo, é ativo, mas um dever, por causa da graça. No entanto, devemos tudo – e mais do que tudo – Àquele que nos amou. Todo sentimento correto em uma criatura deve ter um Objeto, e, para ser correto, esse Objeto deve ser Deus, e Deus revelado em Cristo como o Pai, pois dessa forma Deus possui nossa alma.
Por isso, Paulo, falando de si mesmo, diz: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o Qual me amou, e Se entregou a Si mesmo por mim” (Gl 2:20). Sua vida era uma vida divina. Cristo vivia nele, mas era uma vida de fé, uma vida vivida inteiramente por um Objeto, e esse Objeto era Cristo, conhecido como o Filho de Deus que o ama e Se entrega por ele. Aqui encontramos o caráter prático e o motivo da devoção Cristã: viver para Cristo.
Comprometidos com Seu amor
O que se supõe aqui não é uma lei contendendo ou impedindo uma vontade que busca seu próprio prazer, mas a bendita e grata entrega de nós mesmos ao amor do bendito Filho de Deus, e um coração que entra nesse amor e em seu Objeto por uma vida que flui de Cristo e do poder do Espírito Santo. Portanto, é uma lei de liberdade. Então, também, ela só pode ter objetos de serviço que essa vida pode ter, e nos quais o Espírito Santo possa fixar o coração, e esse serviço será o livre serviço de deleite. A carne pode tentar impedir, mas seus objetos não podem ser os que o novo homem e o Espírito Santo buscam. O coração se move na esfera em que Cristo Se move. Ele ama os irmãos, pois Cristo os ama, e todos os santos, pois Ele os ama. Busca o bem de todos por quem Cristo morreu, sabendo, porém, que somente a graça pode trazer qualquer um deles, e “tudo sofre por amor dos escolhidos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna”. Busca apresentar “todo homem perfeito em Cristo” (ARA) – ver os santos crescerem para Aquele que é a Cabeça em todas as coisas e andarem de modo digno do Senhor. Busca ver a Igreja apresentada a Cristo como uma virgem pura. Persevera em seu amor, embora quanto mais abundantemente ama, menos é amado. Está pronto para suportar as dificuldades como um bom soldado de Jesus Cristo.
O amor se deleita em servir
O motivo que nos governa caracteriza toda a nossa caminhada, pois o Cristão julga tudo por Cristo. Se algo impede Sua glória em nós mesmos ou em outro, é lançado fora. Não é considerado um sacrifício, mas lançado fora como um obstáculo. Quão abençoado ver que o “eu” se foi aqui! “O que para mim era ganho” desapareceu. Que libertação isso é! Temos o privilégio de esquecer o “eu” e viver para Cristo. O “eu” gosta de ser servido; o amor se deleita em servir. Quando estivermos em glória, Cristo Se cingirá e nos servirá. E não devemos nós, se temos esse privilégio, imitá-Lo, servi-Lo e nos entregar a Ele, que tanto nos ama? Viver para Deus interiormente é o único meio possível de viver para Ele exteriormente. Toda atividade exterior não movida e governada por isso é carnal e até mesmo um perigo para a alma; tende a nos fazer agir sem Cristo e introduz o “eu”. Não é devoção, pois a devoção é a Cristo, e isso deve ser no anseio de estar com Ele. Eu temo grande atividade sem grande comunhão, mas creio que, quando o coração está com Cristo, viverá para Ele.
Devoção
A forma da devoção, da atividade exterior, será governada pela vontade de Deus e pela competência para servir, pois a devoção é algo humilde, santo, que faz a vontade de seu Mestre, mas o espírito de serviço indiviso a Cristo é a verdadeira porção de cada Cristão. Queremos sabedoria. Deus a concede liberalmente. Cristo é a nossa verdadeira Sabedoria. Queremos poder. Nós o aprendemos em dependência, por meio d’Aquele que nos fortalece. A devoção é tão dependente quanto é um espírito humilde. Assim ela era em Cristo. Ela espera em seu Senhor. Tem coragem e confiança no caminho da vontade de Deus, porque se apoia na força divina em Cristo. Ele pode fazer todas as coisas. Portanto, ela é paciente e faz o que tem que fazer de acordo com Sua vontade e Palavra, pois então Ele pode operar, e Ele faz tudo o que é bom.
J. N. Darby (resumido)
Uma Só Coisa Necessária
Na tocante cena de Betânia, em Lucas 10, encontramos duas mulheres devotas, das quais uma carecia da “uma só coisa” (ARA) necessária, enquanto a outra escolheu “a boa parte”.
Marta, como o jovem rico de Marcos 10, era caracterizada por muitas coisas excelentes. A casa em Betânia, ao que parece, pertencia a ela, e ela de boa vontade abriu sua casa para receber o Senhor da glória. Além disso, ela não era apenas hospitaleira, mas também era uma serva ocupada no serviço do Senhor. Há “muitas coisas” a serem feitas para o Senhor neste mundo, e Marta estava ocupada com essas “muitas coisas”. No entanto, com todas essas excelências, ela havia negligenciado a “uma só coisa” e precisa aprender que a “uma só coisa” que ela havia negligenciado é a “uma só coisa” necessária. Como resultado, ela estava sobrecarregada com o serviço, irritada com a irmã e reclamando diante do Senhor. Quão verdadeiramente Marta representa aquela grande classe de Cristãos que, inconscientemente, fazem de seu serviço particular seu grande objeto, em vez do próprio Senhor. Tais pessoas querem envolver todas as outras como ajudantes em seu serviço especial e se irritam se forem deixadas para “servir só”. Na falta da “uma só coisa”, elas ficam ansiosas e afadigadas com “muitas coisas”.
Quão correto e feliz é colocar nosso lar e recursos à disposição do Senhor e nos ocuparmos em Seu bendito serviço; no entanto, esta cena nos adverte de que é possível que essas atividades ocupem o primeiro lugar em nossos pensamentos e afeições, em vez do próprio Senhor. Se assim for, nos falta a “uma só coisa” necessária – a devoção de coração indiviso que coloca Cristo antes de todo serviço.
A “boa parte”
Sobre Maria, lemos que ela escolheu a “boa parte”, e essa “boa parte” era parte com Cristo. Para ela, Cristo era o Objeto supremo acima de todo o resto, fossem posses, serviço ou sua irmã. Tendo Cristo como seu único Objeto, ela escapou da inquietação, dos cuidados e dos problemas que caracterizavam sua zelosa irmã. Enquanto Marta estava “ocupada em muitos serviços” (ARA), Maria estava calmamente assentada aos pés de Jesus. Quando Marta veio ao Senhor com sua palavra de queixa, Maria, “assentando-se... aos pés de Jesus, ouvia a Sua palavra”.
Não fica a cargo de nós formar nosso julgamento espiritual quanto às diferenças entre essas duas irmãs, pois nos é dito claramente que o Senhor repreendeu Marta e elogiou Maria.
Ao fazer do Senhor seu Objeto, Maria havia escolhido a “boa parte” que não lhe será tirada. Muito em breve deixaremos todos os bens terrenais; em pouco tempo, o serviço e o trabalho árduo terão passado, mas para todo o sempre Cristo será a Porção e o Objeto de nossa alma. Maria escolheu a porção eterna no tempo; ela fez d’Ele seu único grande Objeto e escolheu, acima de tudo, assentar-se em Sua companhia. Outras coisas podem ser tiradas, mas esta não será tirada. Assim como ela escolheu estar com Ele no tempo, assim ela estará com Ele por toda a eternidade.
Acaso essa melhor escolha, então, – essa “uma só coisa” necessária – significa que Maria negligenciou o serviço ao Senhor? A Escritura não apenas repreende tal pensamento, mas mostra claramente que ela não apenas serviu ao Senhor, mas seu serviço foi marcado pela aprovação do Senhor de uma forma única, acima de todos os outros serviços anteriores ou posteriores. Aqui, o Senhor diz: “Maria escolheu a boa parte”. Na bela cena de Mateus 26, o Senhor diz: Ela “praticou uma boa ação para Comigo”. Aquela que escolheu a “boa parte” no devido tempo realiza a “boa ação”.
Tão elevada é a aprovação do Senhor por essa boa ação que Ele diz: “Onde quer que este evangelho for pregado em todo o mundo, também será referido o que ela fez, para memória sua” (Mt 26:10-13).
Lembremo-nos, então, de que a “boa parte” deve preceder a “boa ação”. Somente quando Cristo for o nosso único Objeto, o serviço e todo o resto se ajustarão em seu devido lugar.
Hamilton Smith
Remindo o Tempo
Todos nós estamos familiarizados com frases como: “Ele está desperdiçando o tempo dele” ou “Isso foi uma perda de tempo”. No entanto, todos nós, se formos honestos conosco mesmos, devemos admitir que desperdiçamos tempo pelo menos ocasionalmente. Deus nos responsabilizará pelo que fazemos com nosso tempo aqui na Terra, se o usamos para nossos próprios interesses ou para a Sua glória.
Nos dias em que vivemos, pelo menos em grande parte do mundo ocidental, parece que o tempo é escasso e há muitas exigências sobre nós. Muitos anseiam por um estilo de vida mais simples, mas a maioria acha que não é prático ou mesmo possível evitar as complicações que assolam nossa vida no mundo moderno. Em meio a tantas exigências, é, mais do que nunca, necessário entender qual é a vontade do Senhor e estabelecer prioridades em nossa vida. Isso é algo que deve começar quando somos mais jovens, pois se formarmos bons hábitos desde cedo, eles nos serão úteis por toda a vida. Isso requer disciplina, um traço de caráter que é mais fácil para alguns do que para outros. Mas isso precisa ser praticado, se quisermos realizar algo para o Senhor em nossa vida. Se pensarmos que podemos fazer o que consideramos necessário para a vida aqui na Terra e depois fazer algo para o Senhor, logo descobriremos que Satanás se encarregará de manter nosso tempo sempre ocupado, seja com “os cuidados deste mundo” ou com “os enganos das riquezas” (Mc 4:19). Não sobrará tempo para o Senhor.
O primeiro lugar
Não, o Senhor deve ter o primeiro lugar em nossa vida, mas então, quando isso é feito, temos a Sua promessa de que, quanto às coisas temporais, “vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas estas coisas” (Mt 6:32) e que “todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6:33).
Se essas promessas forem mantidas em mente, seremos capazes de usar nosso tempo para o Senhor e ter discernimento sobre como definir prioridades em tempos difíceis.
Para que não sejamos mal interpretados, apressemo-nos em dizer que reconhecemos que há aqueles que têm muito pouco tempo livre. Isso era verdade nos dias dos apóstolos, pois alguns dos crentes eram escravos de senhores que tinham controle total sobre o tempo deles. Contudo, Paulo podia dizer a tais pessoas: “A Cristo, o Senhor, servis” (Cl 3:24). Se prestassem seu serviço como ao Senhor, isso era aceito como serviço a Ele. Assim, nossa motivação é mais importante do que o que fazemos, mas, ao mesmo tempo, somos encorajados a buscar a mente do Senhor e, se o nosso tempo estiver à nossa disposição, a usá-lo como Ele nos orienta.
W. J. Prost
Ardente Amor
“Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros; porque o amor cobrirá a multidão de pecados” (1 Pe 4:8).
O apóstolo se volta para o que é de grande ajuda para nós que estamos “dentro”. Para com os que estão “fora”, deve haver sobriedade e vigilância, acompanhadas de oração a Deus, mas, entre nós, o que deve haver? Ardente amor. Por quê? Porque é nisso que Deus Se deleita: “O amor cobre todos os pecados” (Pv 10:12). É por isso que Pedro insiste que esse ardente amor deve operar neles, porque isso não apenas mantém as pessoas caminhando bem com Deus, mas também promove um convívio feliz entre elas. Não há pessoas que tenham tantas oportunidades de se irritarem umas com as outras quanto aquelas que buscam andar em fé e na verdade, fora dos sistemas humanos. Elas são colocadas muito juntas umas das outras, com todas as antigas barreiras derrubadas, e são simplesmente reunidas sobre o fundamento da Igreja de Deus. A menos que a graça atue plenamente, não há lugar onde as pessoas possam sofrer e ferir tanto umas às outras, e, portanto, Pedro diz que precisamos desse ardente amor, não apenas para continuarmos juntos e para restringir aquilo que não é amável, mas também para a atividade do amor divino no santo de Deus e encontrar justamente na maldade de outra pessoa a oportunidade desse amor se manifestar! Quanto pior for a coisa no outro, mais bela será a oportunidade de encobri-la.
“O amor cobrirá a multidão de pecados”. Não um ou dois, mas uma multidão — mil pequenas coisas que o diabo gostaria de contar em todos os cantos, a fim de perturbar os santos e, assim, introduzir uma mosca morta no unguento, produzindo um mau cheiro (Ec 10:1). Qual é a cura? Pedro pergunta. Ah, esse amor divino; você os encobre. Pedro diz: “Deus está de olho em você, e se você estiver mantendo exposta a falha de outra pessoa, você a está mantendo exposta para que Deus a veja, e Ele não pode Se agradar disso”.
Mas, supondo que você encubra minha maldade com um manto de amor, o que Deus vê? A reprodução em você do mesmo amor e graça que havia em Cristo. Pedro diz: “Espero que você se comporte bem com os santos, não importa o que os outros estejam fazendo”.
“Sendo hospitaleiros uns para com os outros, sem murmurações” (1 Pe 4:9). Isso é perfeitamente belo, embora algumas pessoas possam reclamar de você por isso. Não é assim, diz Pedro. “Comunicai com os santos nas suas necessidades, segui a hospitalidade” (Rm 12:13).
Primeiro, cuide para que ninguém passe necessidade e, segundo, você deve manter a casa aberta. Mais do que isso, você é fortemente encorajado a fazê-lo. Este é um belo equilíbrio divino. Deus muitas vezes não apenas reúne Seu povo dessa forma, mas por esses meios os une. Use sua casa para reunir seus irmãos e conhecê-los, e eles a você, e isso não por obrigação – não de má vontade, mas em amor.
Young Christian, Vol. 35
Primeiro, Tem Cuidado de Ti Mesmo
“Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (1 Tm 4:16).
Nesse versículo, encontramos dois conjuntos de coisas em que há prioridades. Primeiro, devemos “cuidar” de nós mesmos antes de podermos aprender adequadamente a doutrina na Palavra de Deus. Se eu estiver andando de maneira descuidada e mundana como Cristão, não descobrirei que o Espírito de Deus tornará Sua Palavra boa para minha alma. Não serei capaz de aprender nada. Em vez disso, o Espírito de Deus me ocupará com meu fracasso para que eu o julgue e me acerte com o Senhor.
Da mesma forma, devo primeiro “salvar a mim mesmo” antes de poder salvar os outros. Não posso falar e aplicar a verdade de Deus aos outros se não a tiver aplicado à minha própria alma diante de Deus. Observe que a expressão “te salvarás” nesse versículo não significa salvação eterna. Em vez disso, significa ser salvo do poder do pecado em minha vida.
Quando Paulo escreveu a Timóteo, havia alguns problemas e dificuldades entre os crentes em vários lugares, e Paulo queria que Timóteo os ajudasse. Mas, para isso, ele primeiro precisava “salvar a si mesmo” e então poderia ajudar os outros.
W. J. Prost
Dois Gravetos
Quantos crentes hoje em dia são como a pobre viúva de Sarepta antes de conhecer Elias! Eles sabem tão pouco do maravilhoso serviço que o Senhor os predestinou para realizar para Ele aqui que, indignamente, buscam apenas alguns gravetos (TB), considerando que têm o suficiente na panela e na botija para morrer, mas longe de ser o suficiente para viver! Eles entenderam tão pouco o maravilhoso fato de terem a presente possessão de Cristo e do Espírito Santo como os recursos inesgotáveis da fé – dos quais a farinha e o azeite eram símbolos – que caminham com os olhos no chão, e sua piedade consiste principalmente em uma preparação adequada para a morte! Ela pode estar no horizonte próximo ou distante, mas somente isso está pairando diante da alma deles. São eles que religiosamente afirmam que “em meio à vida estamos na morte”, sem nunca terem aprendido o quanto é mais feliz poder dizer, e o quanto é mais divinamente verdadeiro para o santo, que em meio à morte estamos na vida, sem saber quão incomparavelmente maior é estar apto a viver do que estar apto a morrer.
E da mesma forma, quão pouco os santos em geral reconhecem agora que nenhuma dignidade maior e nenhum privilégio maior nos poderiam ser conferidos do que os que já temos, por termos sido enviados aqui para encontrar nos interesses de Cristo nossa primeira consideração, e por termos sido capacitados, pelos recursos divinos que possuímos, a ministrar deles tão livremente aos outros quanto deles nós mesmos temos participado abundantemente! Quão simples e quão confiantemente a viúva sidônia recebeu e agiu de acordo com o testemunho do tesbita! Ela retorna a Sarepta enobrecida pela fé e enriquecida com promessas, qualificada e comissionada por Jeová para dispensar Sua generosidade ao Seu honrado servo. Ela também seria a testemunha da superioridade divina diante das mais profundas exigências humanas, quanto a si mesma e à sua casa – uma gentia pobre por natureza, mas agora ligada ao feixe da vida com Elias e o Deus de Elias!
Christian Treasury, Vol. 12
Reconciliação Fraternal
O Senhor não estava disposto a ignorar o odioso mal da ira no coração e nas palavras, mesmo que não fosse manifestada em atos violentos. Ele prossegue colocando em prática a mente revelada de Deus para o reino, exigindo reconciliação caso alguém tivesse feito seu irmão tropeçar. O que está em vista são Seus discípulos, não a humanidade em geral. O pecado nos discípulos é excessivamente pecaminoso; o bem é imperativo (certamente não o mal) para o reino dos céus.
“Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta. Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão. Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil” (Mt 5:23-26).
É evidente que isso foi endereçado aos discípulos Judeus, ainda sob a lei. Isso fica claro nos versículos 20-21, bem como naqueles que estamos considerando agora. De fato, essa é a regra neste Evangelho como um todo e nos demais. Tinha que ser assim, até que, na morte de Cristo, o muro de separação foi derrubado, e assim se abriu o caminho para reconciliar com Deus tanto os Judeus como os gentios que criam em um só corpo, sendo a inimizade desfeita. O discurso de nosso Senhor não prevê tal unidade, nem mesmo o chamado dos gentios, em nenhuma frase. Mas é um erro profundo supor que esse fato afasta o proveito dessas palavras para o Cristão, embora estejamos agora em uma posição de graça que não poderia existir naquele momento. Há a mais rica instrução moral para todos os que honram Aquele que falou como nenhum outro homem jamais falou. Há uma avaliação espiritual de profundidade inigualável para aqueles que conhecem a redenção e têm o Espírito que habita em nós, pois somos capazes de entrar muito mais plenamente do que aqueles que ouviram Suas Palavras de verdade divina no momento em que Ele as proferiu.
Assim, o Senhor ordena ao discípulo que estava trazendo sua oferta ao altar que, se lembrasse que seu irmão tinha algo contra ele, deveria interromper ali mesmo o seu propósito devotado ao próprio Deus e se reconciliasse com seu irmão antes de retornar para oferecer sua oferta. Quanta ternura de consciência era esperada, afeição fraternal, humildade de espírito, prontidão para reconhecer o erro e desejo de ganhar um irmão ofendido! Era exatamente o oposto da ira, do desprezo ou do ódio, sobre os quais Ele acabara de falar. E esse oposto era o caso dos Judeus. Pois, concentrados em trazer sua oferta ao altar, estavam cegos à sua injustiça contra Ele, seu verdadeiro Messias, que Se dignou a ser seu irmão, com muito mais do que amor fraternal, nascido para a adversidade que eles desconheciam. Mas eles se recusaram a se reconciliar e persistiram em sua oferta, por mais ofensiva que fosse a Deus. Era pecado voluntário e uma obstinação arrogante sob o manto da religião.
W. Kelly
O Argueiro no Olho do Teu Irmão
Antes de tudo, devemos julgar a nós mesmos, e julgamento próprio não é nos comparar nem mesmo com o irmão mais piedoso que conhecemos, mas nos comparar com Cristo. Se isso for devidamente exercitado, não haverá tendência a julgar onde não devemos. Foi dito aos coríntios: “Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando somos julgados, somos corrigidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo” (1 Co 11:31-32).
Mateus 7:3 supõe um caso em que há um mal muito sério que é ignorado por uma pessoa em si mesma, e algo muito menor é notado em um irmão – um defeito, um cisco, por assim dizer. Aqui, trata-se de algum defeito que alguém pensa ter detectado no outro. E aquele que não se julgou a si mesmo está totalmente inapto para tratar com outro. “O que é espiritual” é aquele que deve restaurar, se outro for surpreendido em uma falta. Aquele que se julga diante de Deus está consciente de que, independentemente do que outro tenha feito, ele é capaz de fazer o mesmo ou pior. “Eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum” (Rm 7:18). Ezequias foi deixado por Deus para que pudesse conhecer tudo o que estava em seu coração, e que terrível fracasso se seguiu. Nada pior poderia nos acontecer do que sermos abandonados a nós mesmos. Remova primeiro o que é grande, o que o impede de ver claramente, e muito provavelmente você descobrirá que o argueiro no olho do seu irmão também se foi. Muitas vezes, esses argueiros são descobertos por aqueles que estão em um estado de espírito ruim e amargo. E, se realmente vemos falhas no outro, qual é o melhor uso que podemos fazer dessa descoberta? Corrigi-las em nós mesmos. Assim, poderemos ajudar nosso irmão.
Julgamento hipócrita
“Hipócrita” (v. 5) é uma palavra forte para ser dita a um discípulo, mas ela é aqui proferida por Aquele que é a verdade e conhece o coração de todos. Existe a possibilidade de até mesmo um verdadeiro santo agir com hipocrisia. Se encobrimos nossos pecados, estamos agindo de forma hipócrita. Parecer aos outros aquilo que realmente não somos é hipocrisia. É exatamente nesse sentido que se pode entender um discípulo sendo chamado assim. Pedro agiu com dissimulação, e isso estava na mesma linha da hipocrisia. Bem, então, primeiro trate com você mesmo. Você verá muito mais claramente quando o seu “eu” for julgado diante de Deus. Se isso for negligenciado, acharemos mais fácil ver falhas nos outros do que em nós mesmos. Para provar algo, você precisa de um padrão, e o padrão que Deus nos deu é a Sua Palavra escrita. Temos que provar tudo por essa Palavra. Ao ouvir o melhor professor que já existiu, sou obrigado a provar tudo o que ele diz (“Atentai no que ouvis” – ARA), mas ao ouvir a própria Palavra, a instrução é: “Vede, pois, como ouvis”. Mas é necessário que testemos tudo pela Palavra de Deus. Os dois padrões da verdade são a Pessoa de Cristo e a Palavra de Deus.
Autor desconhecido
Julgamento na Casa de Deus
Ao considerarmos as várias prioridades que nos são dadas na Palavra de Deus, lemos em 1 Pedro 4:17-18: “Porque já é tempo que comece o julgamento pela casa de Deus; e, se primeiro começa por nós, qual será o fim daqueles que são desobedientes ao evangelho de Deus? E, se o justo apenas se salva, onde aparecerá o ímpio e o pecador?”
A expressão “casa de Deus” no Novo Testamento nos apresenta a conduta do crente diante de Deus e nos lembra que, se fazemos parte da casa de Deus, há uma linha de conduta adequada para aqueles que estão nessa casa. Às vezes, a casa de Deus é vista como composta apenas por verdadeiros crentes, como vemos, por exemplo, em 1 Pedro 2:5: “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo”. Por outro lado, Paulo fala da casa de Deus como estando conectada com a responsabilidade do homem na construção, onde o homem pode construir de acordo com a mente de Deus, ou talvez não de acordo com a mente de Deus. No tribunal de Cristo, tudo o que o homem construiu será testado segundo o padrão de Deus, e o que não estiver de acordo com a Sua mente será queimado (veja 1 Coríntios 3:9-17). É esse caráter coletivo dos crentes – a casa de Deus – com o qual o julgamento de Deus está conectado. Em particular, é o ministério de Pedro que se ocupa amplamente da casa de Deus, da conduta nessa casa e das maneiras de Deus governar aqueles que estão na casa.
A prioridade de Deus no julgamento
O princípio nos é dado em 1 Pedro 4, como vimos, e é uma prioridade para Deus lidar com os Seus antes de começar a lidar com aqueles que não são Seus. Isso fica claro no livro de Apocalipse, que é dividido em três seções: “as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer” (Ap 1:19). O capítulo 1 nos apresenta as coisas que João viu, e os capítulos 2 e 3 abordam “as que são” – o estado da Igreja como ela existia então – e, finalmente, sua condição até o fim desta dispensação, quando será levada para a glória. Do capítulo 4 em diante, temos “as [coisas] que depois destas hão de acontecer” – o julgamento deste mundo.
Havia evidências de falhas graves na Igreja muito antes de João escrever o livro de Apocalipse, talvez por volta de 97 d.C. Naquela época, algumas dessas falhas já haviam se tornado bastante flagrantes, como a introdução do gnosticismo. Além disso, o sistema clerical já havia começado a se apoderar do testemunho Cristão naquela época. No entanto, mais de 30 anos antes disso, o próprio Paulo pôde dizer, em Filipenses 2:21: “Porque todos buscam o que é seu, e não o que é de Cristo Jesus”. Ele também pôde dizer com confiança aos anciãos de Éfeso que “depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho. E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas [pervertidas – ARA], para atraírem os discípulos após si” (At 20:29-30). Finalmente, perto do fim de sua vida, ele teve que dizer: “os que estão na Ásia todos se apartaram de mim” (2 Tm 1:15).
O tribunal de Cristo
Sabemos que o julgamento no sentido de condenação eterna jamais ocorrerá com a verdadeira Igreja, pois cada um que é uma pedra viva nesse edifício, a casa de Deus, é eternamente apto para a presença de Deus em razão da obra de Cristo na cruz do Calvário. No entanto, se Deus vai julgar os ímpios neste mundo, como certamente fará, Ele deve, por causa de Sua natureza santa, tratar de maneira governamental com aqueles que estão associados a Ele.
Ele faz isso de duas maneiras. Primeiramente, Ele trata com os Seus agora, tanto individual quanto coletivamente, enquanto ainda estão neste mundo, por meio de circunstâncias e vários eventos que Ele permite na vida deles. Mais tarde, depois de sermos chamados para fora deste mundo na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, haverá o que a Escritura chama de “o tribunal de Cristo” (2 Co 5:10). Naquele momento, cada um de nós ouvirá Sua avaliação de nossa vida e receberá recompensas por aquilo que foi feito para Ele. Mas também haverá uma sensação de perda se tivermos usado nosso tempo, recursos e dons para nós mesmos e não para Sua glória. Parece, pela maneira como a Escritura está escrita, que o tribunal de Cristo para os crentes ocorrerá antes da aparição do Senhor Jesus e antes de Ele assumir o julgamento deste mundo. Novamente, essa é a ordem que nos é apresentada por Pedro.
Alguns podem questionar por que Deus julga primeiro os Seus e, depois, este mundo. Eu diria que há duas razões para isso. Em primeiro lugar, Deus é santo e justo, e embora os Seus sejam “resgatados... com o precioso sangue de Cristo” (1 Pe 1:18-19), Deus espera que eles demonstrem a nova vida que Ele lhes deu. “Sede santos, porque Eu sou santo” (1 Pe 1:16). A expressão em 1 Pedro 4:18 (JND), “Se o justo se salva com dificuldade”, não se refere à nossa salvação eterna, mas sim ao fato de que existem muitas armadilhas e tentações em nosso caminho Cristão. É preciso graça do Senhor, trabalho árduo e exercício constantes em nossa vida para evitar essas distrações e viver para a glória de Deus.
Em segundo lugar, é o amor de Deus que disciplina aqueles em Sua casa, pois Ele sabe que não podemos ser felizes enquanto estivermos cedendo à velha natureza pecaminosa que ainda possuímos. Assim, Seus caminhos para conosco são ordenados para que sejamos “participantes da Sua santidade” (Hb 12:10). Deus trata conosco como Seus filhos e Se deleita em ver Seus filhos felizes. Assim como os filhos naturais não são felizes se forem deixados sem a devida disciplina, Deus sabe que a disciplina em nossa vida trará um bom resultado para aqueles “exercitados por ela” (Hb 12:11).
W. J. Prost
Obediência
A obediência deve preceder a bênção, onde a vontade de Deus é revelada. Não há nada tão humilde, nada tão firme quanto a obediência, nada que marque tanto a presença do Espírito, nada tão oposto à insubordinação, nada que silencie tão completamente toda voz ímpia quanto a obediência.
A obediência é o grande princípio a ser seguido – obediência à verdade conhecida, não aos planos da nossa própria mente, mas a obediência à verdade conhecida como a porção de uma mente simples, humilde e olhos simples. Em todos os casos e sob todas as circunstâncias, com ou sem dons, a obediência é o caminho de um Cristão – o caminho do dever e da bênção. Esse princípio é o pré-requisito da bênção e é o único estado legítimo da criatura. “Aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre”.
J. N. Darby
Piedade em Relação à Família
Em 1 Timóteo 5, várias instruções são apresentadas com esse propósito. “Se alguma viúva tiver filhos ou descendentes, que estes aprendam primeiro a ser piedosos com relação à sua própria casa e a retribuir, por sua vez, a seus pais” (1 Tm 5:4 – JND). Observe quão claramente é ensinado que os filhos e outros descendentes são responsáveis pelo sustento de seus pais. Assim, eles demonstram piedade em casa. Vamos enfatizar isso em nossa mente, pois é algo facilmente esquecido nestes dias de outras formas de sustento público. A denúncia no versículo 8 do homem que evita ou negligencia esse dever é muito severa, mostrando quão sério é o pecado aos olhos de Deus. Pode haver homens bastante conhecidos pela piedade em público que, no entanto, são tachados de piores do que um infiel por falta dessa piedade em casa.
F. B. Hole
As Coisas Mais Importantes Primeiro
Uma prioridade é algo que você faz primeiro, mesmo que outras coisas tenham que esperar. Se você não é salvo de seus pecados, essa questão deve ser resolvida primeiro. Você precisa aceitar o Senhor Jesus como seu Salvador. Isso tem prioridade sobre tudo o mais que você planeja fazer. Aqui está uma história que pode ajudá-lo a entender.
Imagine uma pequena casa na Bolívia com uma cerca de madeira ao redor de um quintal simples de terra batida.
Ao lado da casa, há uma mãe e várias crianças pequenas, e não muito longe, um porco bem gordo. A mãe tem uma bacia na qual está ocupada lavando as roupas das crianças, com espuma de sabão até os cotovelos.
A história começa quando um jovem alto entra no quintal carregando uma Bíblia em espanhol.
Ele perguntou à mãe se poderia contar uma história bíblica para as crianças. Esse pedido de repente se tornou a mais alta prioridade. A mãe rapidamente colocou a barra de sabão em uma pedra, limpou a espuma dos braços e sentou-se com os filhos, pronta para ouvir. Eles queriam ouvir a mensagem da Palavra de Deus, a Bíblia.
Qual era a mensagem? De todas as mensagens do mundo, a Palavra de Deus é a mais importante. Não importa a sua idade, a cor da sua pele ou o idioma que você fale, ela é perfeita para você e para mim. Deus fala não apenas a todos nós como um grupo, mas a cada um de nós individualmente. Ele está falando com você neste momento. Ele está lhe dizendo em Sua Palavra que “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3:23). Ele também lhe diz em João 3:16 que, “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito”. Essa mensagem é para todos. Mas o versículo 16 não termina aí. Ele continua dizendo, “todo aquele que n’Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Essa mensagem é mais pessoal; Ele está falando com você como uma pessoa especial. Deve ser só você (uma pessoa só) quem toma esta decisão tão importante de crer n’Aquele Filho unigênito de Deus, para que você não pereça, mas tenha a vida eterna. Esta é a sua principal prioridade neste momento. Você vai resolver isso agora mesmo?
A família ouviu enquanto a maravilhosa história de Jesus e Seu amor lhes era contada. (E sempre que você ouvir falar de Jesus, seja algo novo para você ou não, espero que sua prioridade seja ouvir e deixar que os outros ao seu redor ouçam. Isso também é importante.) Mas havia um ali cuja prioridade era comer, e ele não ouviu nada. O missionário interrompeu repentinamente sua mensagem com o grito: “O porco está comendo seu sabão!”
Todos correram atrás dele.
O porco era um bom corredor, mas não muito bom em fazer curvas. Em vez disso, ele bateu na cerca, deixou cair o sabão e saiu com espuma na boca devido ao pedaço que havia mordido. A mãe recuperou sua barra de sabão, e então a mensagem do evangelho continuou. Era importante demais para ser encerrada por um porco faminto.
Não deixe que ninguém ou nada o impeça de ouvir e receber a mensagem de Deus para você hoje. João 3:16 é a maravilhosa promessa de Deus de vida eterna para você hoje, mas lembre-se de que ela contém aquela triste e desesperadora palavra “perecer”. Isso significa que há uma eternidade perdida nas trevas exteriores para aqueles que, individualmente e um por um, não creem n’Aquele que Deus enviou para morrer por eles. Você jamais, jamais tomará uma decisão mais importante do que esta. Você, então, agora mesmo, reivindicará esse versículo maravilhoso e crerá no Filho Unigênito de Deus, para que você não pereça, mas tenha a vida eterna?
Mensagens do Amor de Deus, 1989
Dê Livremente, Então Receba
“Com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros” (Rm 12:10).
É em amar, não em ser amado,
Que o coração é abençoado:
É em dar, não em buscar dádivas,
Que descobrimos nossa missão.
Se você está com fome, carente de alimento celestial,
Dê esperança e ânimo;
Se você está triste e gostaria de ser consolado,
Enxugue lágrimas de tristeza.
Seja qual for o seu anseio e necessidade —
Disso dê;
Assim sua alma será alimentada, e você, de fato,
Verdadeiramente viverá.
Autor desconhecido
“Buscai PRIMEIRO o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”
Mateus 6:33
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