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Judeu, Gentio e a Igreja de Deus (Novembro de 2025)

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Revista mensal publicada pela Bible Truth Publishers

ÍNDICE

 

           A. Miller

          F. B. Hole (adaptado)

          Bible Subjects for the Household of Faith, Vol. 1 (adaptado)

          A. Miller

          Young Christian, Vol. 35 (adaptado)

          W. J. Prost

W. J. Prost

          P. Wilson

          J. N. Darby

          Tregelles (Hinário Little Flock, hino 310)

Judeu, Gentio e a Igreja de Deus

 

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Em 1 Coríntios 10:32, o apóstolo nos fornece uma classificação da humanidade que ajuda muito não apenas no entendimento da profecia, mas de toda a Palavra de Deus. “Não deis escândalo [não vos torneis causa de tropeço – TB] nem aos Judeus, nem aos gregos [gentios – ARA], nem à Igreja de Deus”. Aqui temos as três grandes esferas nas quais a glória de Cristo é manifestada. No que diz respeito à condição do homem diante de Deus em referência à eternidade, existem apenas duas classes, os salvos e os não salvos – aqueles que realmente nasceram de novo e aqueles que ainda estão em trevas e na incredulidade da natureza. Mas, com relação ao governo de Deus sobre o mundo, existem três classes – Judeus, gentios e a Igreja – e ninguém pode manejar corretamente a Palavra de Deus se ignorar essa divisão. Traçar, por meio da Escritura, o propósito de Deus em relação a essas três classes é a maneira mais segura de determinar a ordem das dispensações de Deus e a harmonia de todas as partes das Escrituras Sagradas entre si.

 

 A. Miller

Israel e a Igreja

 

O conhecimento da “verdade dispensacional”, como é frequentemente chamada, é indispensável para a leitura inteligente da Bíblia. No entanto, muitos Cristãos parecem mal ter pensado nisso. Deus tem Se agradado em tratar com os homens em diferentes épocas e de várias maneiras. Novas revelações de Si mesmo e de Sua vontade deram início a novas maneiras de tratar com os homens, novas dispensações.

 

A “verdade dispensacional” nos ensina a distinguir corretamente essas mudanças e a discernir sua natureza, para que as características importantes de cada uma não sejam obscurecidas. A importância disso para nós, Cristãos, é que assim aprendemos o verdadeiro caráter tanto da vocação com a qual somos chamados do alto como o da era em que vivemos.

 

Até o tempo de Cristo, uma dispensação seguiu seu curso na qual a característica proeminente era Israel, a nação escolhida da descendência de Abraão. O período em que vivemos, desde o Pentecostes até à vinda do Senhor, é marcado por características totalmente diferentes. Não é Israel, mas a Igreja é hoje proeminente nos pensamentos de Deus. Antes de nos aprofundarmos nas importantes distinções entre os dois, tenhamos certeza de que entendemos exatamente do que estamos falando.

 

Por ISRAEL não nos referimos aos Judeus, a nação dispersa como é hoje, nem como era no tempo de nosso Senhor, um remanescente ainda apegado à sua antiga capital, Jerusalém. Não nos referimos a eles como realmente existiram em qualquer época, mas sim ao que essa nação era de acordo com o plano original de Deus para eles.

 

A Igreja 

Quando falamos da IGREJA, não nos referimos a nenhum edifício eclesiástico, nem a qualquer denominação, nem a qualquer número de Cristãos professos reunidos no que hoje é chamado de “Igreja”. Usamos o termo em seu sentido bíblico. A palavra grega traduzida “Igreja” significa simplesmente “chamados para fora”. Aqueles que são chamados para fora do mundo por Deus durante este período de rejeição de Cristo são, por esse meio e pela habitação do Espírito Santo, reunidos na assembleia de Deus, a Igreja.

 

Pode ser útil notar que na Escritura o termo “Igreja” é usado de três maneiras:

 

  • Indicando o número total de Cristãos em um determinado lugar (1 Co 1:2; Cl 4:15, etc.).

  • Como o número total de todos os Cristãos na Terra em um determinado momento (1 Co 10:32; 12:28; Ef 1:22, etc.). Nesse aspecto, a Igreja é como um regimento que permanece o mesmo, embora as unidades que a compõem estejam em constante mudança.

  • Como o número agregado de todos os Cristãos, chamados e selados com o Espírito entre o Pentecostes e a vinda do Senhor (Ef 3:21; 5:25, etc.).

    

Desses, o último é o sentido em que usamos a palavra neste artigo, embora se falarmos da Igreja como ela existe na Terra hoje, obviamente nos referimos a ela em seu segundo aspecto. Deve ser lembrado, no entanto, que nos referimos, como no caso de Israel, não ao que a Igreja realmente é ou foi em qualquer época, mas ao que ela é de acordo com o desígnio original e o pensamento de Deus.

 

Algumas distinções necessárias 

Tendo definido nossos termos, observemos algumas distinções necessárias.

 

  1. Com João, o precursor do Senhor, as declarações de Deus sob a antiga aliança atingiram seu ponto final. Com Cristo, as novas declarações começaram. Sua aparição na Terra anunciou o amanhecer de um novo dia. Quando o Filho de Deus morreu e ressuscitou, quando Ele ascendeu ao céu e enviou o Espírito Santo, então foi inaugurada uma dispensação que era totalmente diferente de tudo o que havia acontecido antes.

  2. A principal característica da antiga dispensação era a lei; a da nova é a graça. Em Cristo, está presente um poder mais forte do que a lei. Agora Deus dá e o homem recebe. A nova dispensação é marcada pela graça que reina pela justiça, para a vida eterna, por Jesus Cristo, nosso Senhor (Rm 5:21).

  3. A antiga dispensação centrava-se em torno de Israel como nação; a nova está ligada à Igreja. Na Igreja, não há nada exclusivo a alguma nação. Deus está agora fazendo uma eleição dentre todas as nações, e aqueles assim reunidos para o Seu nome compõem “a Igreja”.

    Além disso, em conexão com a Igreja, Deus começa com o indivíduo. Ela é composta por aqueles que foram pessoalmente colocados em um correto relacionamento com Deus. Somente como perdoados e como tendo recebido o Espírito para habitar neles, é que eles se tornam membros do um só corpo e “pedras vivas” na casa espiritual.

  4. Ligado a Israel havia um culto ritualístico, cujo valor residia em seu significado simbólico. A adoração da Igreja não consiste em ofertas de sacrifício, cerimônias simbólicas e coisas semelhantes, mas é “adoração em espírito e em verdade”.

  5. As bênçãos e privilégios de Israel eram em grande parte de ordem terrenal e material; os da Igreja são celestiais e espirituais. Quando Paulo escreveu aos efésios sobre a herança celestial dos Cristãos, longe de falar de coisas materiais, ele disse: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo” (Ef 1:3). Quão completo é o contraste!

  6. Embora o destino de Israel seja o canal de bênçãos para todas as nações, durante os anos dourados da era milenar, o destino da Igreja é a associação com Cristo no céu. 



Houve um tempo definido em que os caminhos de Deus para com Israel terminaram e quando o período da Igreja começou? 

A morte de Cristo marcou o fim dos tratamentos de Deus com Israel como nação, e Sua ressurreição e a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes inauguraram a presente dispensação. Compare Atos 2:41-47 com 1 Coríntios 12:13.

 

No entanto, duas ressalvas precisam ser feitas.

 

Primeiro, embora os caminhos de Deus para com Israel tenham atingido seu ponto culminante na cruz, Ele, no entanto, continuou certos tratamentos suplementares com a nação até a morte de Estêvão, e talvez até a destruição de Jerusalém. Nem os desígnios completos de Deus quanto à Igreja foram revelados em sua totalidade logo no início da era atual. Eles foram gradualmente revelados por meio dos apóstolos, particularmente por meio de Paulo, embora a própria Igreja tenha iniciado sua existência como um corpo no dia de Pentecostes.

 

Em segundo lugar, os caminhos de Deus para com Israel terminaram apenas por um tempo. Israel foi desviado, por assim dizer, enquanto a Igreja ocupa os trilhos. Quando a Igreja for transferida para o céu, Israel será novamente trazido para a linha principal dos tratamentos de Deus.

 

Qual foi o objetivo de Deus ao chamar Israel para o lugar especial que ocupavam?

 

Eles foram chamados para tomar por Deus a posse da terra prometida, como uma espécie de penhor de que toda a Terra pertencia a Ele. Quando entraram em Canaã, cruzaram o Jordão como o povo do “Senhor de toda a Terra” (Js 3:11-13). Além disso, eles deveriam preservar no mundo a linhagem da qual “descende o Cristo segundo a carne” (Rm 9:5 – TB). Aliás, também, foi naquela nação, escolhida como exemplo e privilegiada acima de todas as outras, que Deus fez a última prova sobre a raça humana. Se, como Romanos 3:19 afirma, a lei condena totalmente a nação modelo dos Judeus, que estavam sob tal lei, então toda boca é fechada e todo o mundo é “condenável diante de Deus”.

 

Qual é o objetivo e propósito de Deus em relação à Igreja? 

A Igreja é o corpo de Cristo (Ef 1:23). Portanto, nela Ele deve ser expresso, assim como nosso corpo é aquilo em que vivemos e nos expressamos.

 

Ela O representa aqui, durante o tempo de Sua rejeição e ausência. Satanás se livrou de Cristo pessoalmente na Terra, mas Ele está aqui representado em Seu povo. Tocar a Igreja, ou qualquer um que pertença a ela, é tocar n’Ele mesmo. Suas próprias palavras a Saulo implicam isso: “Saulo, Saulo, por que Me persegues?” (At 9:4).

 

A Igreja é a casa de Deus, a única casa que Ele tem na Terra no tempo presente. Deus não será expulso de Seu próprio mundo! Ele habita hoje em uma casa que ninguém foi capaz de destruir. O propósito final de Deus é ter uma noiva para Cristo (Ef 5:25-27), um povo que, compartilhando agora de Sua rejeição, como estrangeiros celestiais, encontra sua porção eterna como coparticipantes de Sua glória celestial.

 

Não devemos agradecer a Deus por nossa sorte estar lançada deste lado da cruz de Cristo?

 

F. B. Hole (adaptado)

Judeus, Gentios e a Igreja de Deus

 

Muitos Cristãos, ao iniciarem o estudo das profecias, e vendo algo dos juízos que acompanharão a vinda do Senhor no final da presente dispensação, sentem muita dificuldade em entender quem formará a população da Terra milenar. Quem serão eles, perguntam, quando a Igreja for arrebatada para estar com o Senhor e os ímpios forem destruídos?

 

Quem serão aqueles deixados para habitar a Terra durante o milênio?

 

Em 1 Coríntios 10:32, o apóstolo reconhece três classes diferentes de pessoas: “Não deis escândalo nem aos Judeus, nem aos gregos, nem à Igreja de Deus”. Aqui temos as três classes que compõem a humanidade. Traçar, por meio da Escritura, o propósito de Deus em relação a cada uma delas é a maneira mais segura de determinar a ordem das dispensações de Deus e a harmonia de todas as porções do testemunho profético umas com as outras. Vamos agora olhar para algumas evidências bíblicas dessas coisas.

 

Os Judeus 

Para começar, o propósito de Deus em relação aos “Judeus” está em Gênesis 12:2-3, onde Deus diz a Abrão: “E far-te-ei [ou farei de ti – TB] uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da Terra”. Desse propósito, temos um desenvolvimento adicional em Gênesis 13:14-16: “E disse o SENHOR a Abrão, depois que Ló se apartou dele: Levanta agora os teus olhos, e olha desde o lugar onde estás, para o lado do norte, e do sul, e do oriente, e do ocidente; Porque toda esta terra que vês, te hei de dar a ti, e à tua descendência, para sempre. E farei a tua descendência como o pó da terra; de maneira que se alguém puder contar o pó da terra, também a tua descendência será contada”. Em Gênesis 15:18, temos os limites desta terra definidos, e temos a natureza terrenal da herança que Deus projetou para eles, ainda mais exemplificada em Deuteronômio 28. Ali temos as bênçãos prometidas a eles em caso de obediência e as maldições denunciadas contra eles em caso de desobediência. As bênçãos e maldições eram todas de caráter terrenal, e quão estrita e literalmente elas foram cumpridas! Tendo desfrutado de todas as bênçãos que Jeová lhes concedeu, os Judeus mostraram-se uma raça desobediente e de dura cerviz.

 

Deus exerceu grande tolerância para com eles, e depois que eles rejeitaram e apedrejaram os profetas, Ele enviou Seu Filho, o Herdeiro de todas as coisas. Eles O crucificaram e mataram e, assim, selaram a condenação deles próprios. Por isso, sua cidade e seu templo foram destruídos, seu país saqueado, sua população morta à espada ou levada cativa. Por quase 2.000 anos, eles têm sido monumentos do desagrado de Deus contra o pecado, sofrendo os agravados e complexos infortúnios anunciados contra eles.

 

Os gentios 

Os instrumentos para infligir todos esses infortúnios a essa raça culpada foram “os gentios”. Desde o tempo em que Abraão foi chamado para ser o pai do povo especial de Deus, Deus não tratou diretamente com nenhuma nação na Terra, exceto com os Judeus. De fato, Ele ocasionalmente usou uma ou outra nação para castigar Seu povo, mas ainda assim eles – os gentios – permaneceram sob a terrível sentença que encontramos em Romanos 1:28: “E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm”.

 

Quando os Judeus foram levados cativos para a Babilônia, no entanto, uma distinta concessão de poder foi feita aos gentios pelo Todo-Poderoso. Aqui começam os tempos dos gentios. O poder que foi assim concedido ao rei babilônico Nabucodonosor desceu para os medos e persas; dali passou para as mãos dos gregos, e o império grego o cedeu ao poder de Roma, o último reino, representado pelas pernas e pés da estátua que Nabucodonosor viu (Dn 2:31-45). O império romano acabou sendo dividido em vários reinos separados, mas seu poder continuou nesses reinos e continuará a existir até a vinda do Senhor. Foi por esse poder que os Judeus foram tão terrivelmente devastados e tão pesadamente oprimidos. Os tempos do poder gentio começaram com a opressão aos Judeus, e os gentios continuarão a oprimir os Judeus enquanto durarem os tempos do domínio gentio.

 

A aliança feita com Israel 

Mas esses tempos não durarão para sempre. Deus não rejeitou o Seu povo, que antes conheceu” (Rm 11:2). Ele ainda pretende cumprir a aliança que fez com Abraão, o pai deles. Ele ainda pretende que eles sejam uma grande nação, que estejam à frente de todas as outras nações, que possuam todas as bênçãos terrenais que lhes foram prometidas e que sejam o centro de onde essas bênçãos fluirão para todas as outras nações da Terra.

 

Os Judeus estarão sob uma sentença de cegueira judicial até um tempo determinado: “Até que sejam desoladas as cidades e fiquem sem habitantes, e as casas sem moradores, e a terra seja de todo assolada” (Is 6:11).

 

Depois de toda essa desolação na terra da Judeia, os filhos de Israel retornarão a ela. “Porque eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que farei voltar do cativeiro o Meu povo Israel, e de Judá, diz o SENHOR; e tornarei a trazê-los à terra que dei a seus pais, e a possuirão” (Jr 30:3). “E vos tomarei dentre os gentios, e vos congregarei de todas as terras, e vos trarei para a vossa terra” (Ez 36:24).

 

A opressão aos Judeus pelos gentios 

Não precisamos lembrar ao leitor que “os gentios” são aqueles que os rebaixam a tais extremos. O poder gentio, que começou desde o princípio a ser exercido na opressão aos Judeus, será empregado, num dia vindouro, em uma grande confederação geral das nações, num esforço determinado para esmagá-los e apagar da Terra até mesmo a lembrança deles. E eles terão permissão para ter sucesso em seus planos a ponto de eliminar dois terços dos Judeus que retornaram à sua terra, e até mesmo a ponto de cercar Jerusalém, capturá-la e levar metade de seus habitantes, metade do terço restante, ao cativeiro.

 

Quando “os Judeus” pressionados pelos “gentios” estiverem em tal extremo de angústia, o Senhor vem, e a cena muda imediatamente. O remanescente desesperado dos “Judeus” será libertado, e “os gentios” serão visitados com tremendos julgamentos do Senhor. “E o SENHOR sairá, e pelejará contra estas nações, como pelejou, sim, no dia da batalha” (Zc 14:3).

 

É sobre os gentios que recairão essas terríveis visitações da vingança divina, que são uniformemente representadas como acompanhando a vinda do Senhor em julgamento – primeiro, sobre aqueles que de fato se reuniram contra o Senhor em Jerusalém, e depois sobre as nações às quais pertencem. Muitas passagens, no Velho e no Novo Testamento, atestam isso, mas o espaço não nos permite listá-las.

 

As nações que serão poupadas 

Não devemos supor, no entanto, que todos os gentios serão eliminados por esses julgamentos. Uma passagem clara será suficiente para mostrar o contrário. “Porque conheço as suas obras e os seus pensamentos; vem o dia em que ajuntarei todas as nações e línguas; e virão e verão a Minha glória. E porei entre eles um sinal, e os que deles (isto é, dos gentios) escaparem enviarei às nações, a Társis, Pul, e Lude, flecheiros, a Tubal e Javã, até às ilhas de mais longe, que não ouviram a Minha fama, nem viram a Minha glória; e anunciarão a Minha glória entre os gentios” (Is 66:18-19). Assim, temos claramente um remanescente poupado da destruição geral e empregado após esses julgamentos em duas importantes ações: (1) “Eles anunciarão a glória de Deus entre os gentios”. (2) “E trarão a todos os vossos irmãos (aquela parte de Israel que não havia sido restaurada à sua própria terra antes da vinda do Senhor), dentre todas as nações, por oferta ao SENHOR, sobre cavalos, e em carros, e em liteiras, e sobre mulas, e sobre dromedários, trarão ao Meu santo monte, a Jerusalém, diz o SENHOR; como quando os filhos de Israel trazem as suas ofertas em vasos limpos à casa do SENHOR” (Is 66:20).

 

Quando todos os filhos de Israel forem assim restaurados à sua própria terra, as promessas de bênçãos terrenais serão todas cumpridas para eles. O Senhor fará deles a cabeça e não a cauda. Após o retorno do Senhor, o remanescente dos Judeus será colocado à frente das nações e prosperará como nenhuma nação jamais prosperou antes. O remanescente dos gentios e sua posteridade se submeterão à designação de Deus a esse respeito, e derramarão riquezas e honras sobre os Judeus outrora desprezados e afligidos. Isso é o que nos é apresentado, em vários aspectos, em quase todas as passagens do Velho Testamento que se referem ao estado milenar.

 

O destino da “Igreja” 

Mas é realmente com o destino da “Igreja” que temos mais a ver. A “Igreja” é algo totalmente distinto tanto dos Judeus quanto dos gentios. Cristo veio para os Judeus, mas eles buscaram a ajuda dos gentios para condená-Lo à morte. Assim, Judeus e gentios se uniram na prática do crime mais terrível que o homem já cometeu. Mas esse ato de suprema maldade foi, ao mesmo tempo, suplantado por Deus, de modo a manifestar a mais rica demonstração de Sua graça soberana. Jesus, crucificado por Judeus e gentios, foi ressuscitado dos mortos e colocado por Seu Pai à direita do poder, onde agora aguarda até que Seus inimigos sejam postos como escabelo de Seus pés. Enquanto Ele aguarda ali assentado, o arrependimento e a remissão de pecados devem ser pregados em Seu nome em todas as nações. Quem recebe essa mensagem de misericórdia, instantaneamente se torna associado a Ele – associado a Ele em toda a reprovação e sofrimento que Ele suportou na Terra, associado a Ele em toda a glória que Ele tem no presente à direita de Deus, e toda a glória em que Ele será revelado quando retornar à Terra. O Judeu recebe essa mensagem de misericórdia e deixa de ser Judeu; o gentio a recebe e deixa de ser gentio. Todos os que a recebem, sejam Judeus ou gentios, estão mortos para todas as suas antigas responsabilidades e para todas as suas antigas e acalentadas esperanças. Eles não têm perspectiva de uma herança terrenal como os Judeus; eles não têm, ou não deveriam ter, qualquer participação no poder terrenal que, por um tempo, está alojado nas mãos dos gentios. Eles são a noiva de Cristo Jesus, e pode-se esperar que o mundo que rejeitou o Noivo rejeite também a noiva. Eles são apenas estrangeiros e peregrinos aqui. Mas assim como compartilham a humilhação de seu Senhor na Terra, compartilharão Sua glória quando Ele voltar.

 

A Igreja é, no momento, inferior tanto aos Judeus quanto aos gentios em relação às coisas terrenais, pois não tem lugar algum na Terra. Mas no estado que sucederá o presente, na medida em que o Judeu estiver acima do gentio, na mesma medida, e além disso, a Igreja estará acima de ambos. Antes que os juízos sejam infligidos às nações culpadas da Terra, a Igreja será arrebatada para encontrar o Senhor nos ares. É depois desse evento – depois que os santos encontrarem seu Senhor há muito esperado, e as bodas do Cordeiro ocorrerem – é depois disso que os santos se unirão a Jesus em Seu primeiro ato de poder como Rei, quando Ele vier com todos os Seus santos para libertar Israel e espalhar e destruir seus adversários. E depois disso, quando Satanás for preso, quando o remanescente de Judeus e gentios se submeter ao domínio pacífico de Jesus, é então que os santos viverão e reinarão com Cristo por mil anos. Judeus e gentios na Terra estarão sob o reinado de Cristo; a Igreja não estará sob o Seu reinado, mas reinará com Ele como a noiva de um monarca e será companheira do Seu trono.

 

Aqueles que formam a Igreja já foram, todos eles, Judeus ou gentios. Eles não são nenhum dos dois agora. Eles são “a Igreja”, a noiva de Cristo. O mundo não O conheceu – e, assim, não os conhece. O mundo O rejeitou – e, assim, ele os rejeita da mesma forma. Mas quando a Terra rejeitou Jesus, o céu O recebeu, e eles também são ressuscitados juntamente com Cristo para se assentarem com Ele nos lugares celestiais.

 

“Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos manifestareis com Ele em glória” (Cl 3:4).

 

Bible Subjects for the Household of Faith, Vol. 1 (adaptado)

As Três Esferas da Glória de Cristo

 

Para enfatizar isso, repetimos o tema desta edição. Em 1 Coríntios 10:32, o apóstolo nos fornece uma classificação da humanidade que ajuda muito, não apenas no entendimento da profecia, mas de toda a Palavra de Deus. “Não deis escândalo nem aos Judeus, nem aos gregos, nem à Igreja de Deus”. Aqui temos as três grandes esferas nas quais a glória de Cristo é exibida. No que diz respeito à condição do homem diante de Deus em referência à eternidade, existem apenas duas classes: os salvos e os não salvos – aqueles que realmente nasceram de novo e aqueles que ainda estão nas trevas e na incredulidade da natureza. Mas com relação ao governo de Deus sobre o mundo, existem três classes: Judeus, gentios e a Igreja. Ninguém pode dividir corretamente a Palavra de Deus se ignorar essa divisão. Traçar, por meio da Escritura, o propósito de Deus em relação a essas três classes é a maneira mais segura de determinar a ordem das dispensações de Deus e a harmonia de todas as partes das Santas Escrituras entre si. No momento, podemos nos referir apenas a algumas passagens da Escritura para apresentar ao leitor esse triplo propósito de Deus.

 

Os Judeus 

Em Gênesis 12:1-3, “O Senhor disse a Abrão... far-te-ei [ou farei de ti – TB] uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da Terra”. Temos um desenvolvimento adicional desse propósito no capítulo 13. “E disse o SENHOR a Abrão, depois que Ló se apartou dele: Levanta agora os teus olhos, e olha desde o lugar onde estás, para o lado do norte, e do sul, e do oriente, e do ocidente; porque toda esta terra que vês, te hei de dar a ti, e à tua descendência, para sempre” (vs. 14-15). No capítulo 15, os limites da terra são definidos. Em Deuteronômio 28, temos as bênçãos prometidas a eles em caso de obediência, e as maldições anunciadas contra eles em caso de desobediência. Mas, infelizmente! O povo altamente favorecido provou ser uma raça desobediente e de dura cerviz.

 

Deus exerceu grande tolerância para com eles, e depois que eles rejeitaram e apedrejaram os profetas que Ele lhes enviou, Ele enviou Seu Filho, o Herdeiro de todas as coisas. Eles O crucificaram e mataram e, assim encheram a medida de suas iniquidades e selaram a condenação deles próprios. Por isso, a ira veio sobre eles ao máximo; sua cidade e seu templo foram destruídos, seu país saqueado, sua população morta à espada ou levada cativa. Por quase 2.000 anos, eles têm sido monumentos do desagrado de Deus contra o pecado, sofrendo os agravados e complexos infortúnios anunciados contra eles.

 

Os gentios 

Desde o tempo em que Abraão foi chamado para ser o pai do povo especial de Deus, Ele não tratou diretamente com nenhuma nação na Terra, exceto os Judeus. Até o tempo de Nabucodonosor, o trono e a presença de Deus estavam no meio de Israel. Mas desde o momento em que os Judeus foram levados cativos para a Babilônia, o poder soberano na Terra deixou de ser imediatamente exercido por Deus e foi confiado ao homem, entre aqueles que não eram Seu povo, na pessoa de Nabucodonosor. Esta foi uma mudança de imensa importância, tanto no que diz respeito ao governo do mundo quanto ao julgamento de Deus sobre Seu povo. Ambos abriram o caminho para os grandes objetivos da profecia desenvolvidos no final – a restauração, por meio da tribulação, de um povo rebelde e o julgamento de um gentio infiel e apóstata chefe de poder.

 

Temos um relato dessa grande mudança no profeta Daniel 2:37-38: “Tu, ó rei, és rei de reis; a quem o Deus do céu tem dado o reino, o poder, a força, e a glória. E onde quer que habitem os filhos de homens, na tua mão entregou os animais do campo, e as aves do céu, e fez que reinasse sobre todos eles; tu és a cabeça de ouro”. Os tempos dos gentios começam aqui. O poder assim concedido ao rei babilônico desceu para os medos e persas; de lá passou para as mãos dos gregos e depois para os romanos, o último reino representado pela estátua. O império Romano, embora no final dividido em vários reinos separados, manteve seu nome nesses reinos e continuará até a vinda do Senhor. É por meio desses poderes gentios que os Judeus têm sido tão terrivelmente devastados e oprimidos. Ao final dos seus 70 anos de cativeiro, uma parte dos Judeus retornou a Jerusalém, mas eles eram meros tributários do rei persa; nunca mais tiveram um governo independente próprio. Eles estavam sob o jugo romano quando Cristo apareceu entre eles, e eles não podiam matar seu Messias sem o consentimento do governador romano. Uma segunda vez, sua cidade e templo foram destruídos pelos gentios, e o próprio Salvador declarou que Jerusalém deveria ser pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios sejam cumpridos (Lc 21:24).

 

Mas esses tempos não durarão para sempre. Deus não rejeitou Seu povo que Ele conheceu de antemão. Ele cumprirá, no devido tempo, a aliança da graça que fez com Abraão, o pai deles. Eles ainda serão uma grande nação e a cabeça de todas as outras nações e o centro de onde fluirão bênçãos para todas as nações da Terra.

 

A Igreja de Deus 

A Igreja é algo completamente distinto tanto dos Judeus quanto dos gentios. Cristo veio para os Judeus – Seu próprio povo – mas eles não O receberam. Ele foi desprezado e rejeitado pelos homens. Judeus e gentios se uniram para consumar Sua morte. Por esse ato de coroar a maldade, a condenação de ambos foi selada. Mas Deus suplantou tudo em sua mais rica e soberana graça. O bendito Jesus, rejeitado pelos homens, tendo realizado a grande obra da redenção, foi ressuscitado dos mortos e colocado à direita do poder, onde agora aguarda até que Seus inimigos sejam feitos escabelo de Seus pés. Enquanto Ele estiver assentado à direita de Deus, o arrependimento e a remissão de pecados devem ser pregados em Seu nome em todas as nações. Todo aquele que de todas essas nações, recebe esta mensagem é perdoado, salvo e se torna associado ao Rejeitado da Terra e ao Glorificado no céu. No momento em que o Judeu recebe essa mensagem de misericórdia, ele deixa de ser um Judeu, e no momento em que um gentio a recebe, ele deixa de ser gentio. Este é um ponto de imensa importância nos caminhos e tratamentos dispensacionais de Deus. O Judeu, quando crê em Cristo, morre para todas as suas responsabilidades ou privilégios como Judeu e para todas as suas esperanças carinhosamente acalentadas de uma herança na Terra. O gentio morre para que todos participem do poder terrenal que, por um tempo, está depositado nas mãos dos gentios.

 

Pode-se perguntar: o que, então, eles são? Eles fazem parte da verdadeira Igreja, e o mundo não tem lugar para ela. Eles são apenas estrangeiros e peregrinos agora neste mundo. Seu lar está nas alturas. Eles são chamados a compartilhar a humilhação de seu Senhor na Terra durante Sua ausência; eles compartilharão Sua glória quando Ele retornar.

 

Outra verdade, de grande importância prática agora, parece muito clara – a saber, que a Igreja de Deus, o corpo de Cristo, não teve existência de fato até depois da morte, ressurreição e glória de Cristo no céu. Uma doutrina popular hoje ensina que “a Igreja de Deus consiste em todas as pessoas salvas, desde o princípio até o fim dos tempos”. Os santos que compõem a Igreja, admitimos prontamente, têm muitas coisas em comum com os santos do Velho Testamento. Ambos os grupos são vivificados pelo mesmo Espírito Santo, justificados pelo mesmo sangue precioso, preservados pela mesma graça onipotente e destinados, na ressurreição, a serem conformados à imagem do amado Filho de Deus. Mas a maravilhosa distinção de ser o corpo de Cristo, Sua noiva, batizada pelo Espírito Santo e, portanto, uma com Ele como o Homem exaltado na glória, são bênçãos peculiares à Igreja. Em vez de a Igreja consistir em todos os crentes desde o início ao fim dos tempos, ela é limitada nas Escrituras à assembleia dos verdadeiros crentes desde o dia de Pentecostes (quando ela foi formada pelo Espírito Santo que desceu do céu) até a descida do Senhor Jesus nos ares, para recebê-la para Si mesmo na casa do Pai.

 

Foi pela cruz que a parede de separação do meio foi derrubada, para que Judeus e gentios pudessem ser formados em um só corpo. “Na Sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois (Judeus e gentios) um novo homem (não uma continuação do velho, nem a melhoria dele, mas UM NOVO HOMEM), fazendo a paz” (Ef 2:15).

 

A. Miller

Os Tempos dos Gentios

 

Vamos ler um versículo do evangelho de Lucas onde encontramos o termo acima usado.

 

“E cairão ao fio da espada, e para todas as nações serão levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem” (Lc 21:24).

 

A palavra gentio é usada na Escritura para descrever toda e qualquer nação que não seja Judaica. Antes dos dias do Cristianismo, havia apenas Judeus e gentios na Terra, mas agora há outro corpo conhecido na Escritura como a “Igreja de Deus”, que é composto por aqueles que são salvos, tanto Judeus quanto gentios. Todos os três são mencionados em um versículo: “Não deis escândalo nem aos Judeus, nem aos gregos, nem à Igreja de Deus” (1 Co 10:32). Antes de definir o que significa o termo, os “tempos dos gentios”, teremos que examinar a história dos Judeus.

 

Israel e os amorreus 

Deus escolheu a semente de Abraão para Seu povo especial na Terra. Eles foram ainda mais delimitados em Isaque e Jacó; e quando Deus deu às nações sua herança na Terra, Ele traçou seus limites “conforme o número dos filhos de Israel” (Dt 32:8). Eles eram Sua possessão especial na Terra, entre a humanidade. Ele lhes deu Suas promessas e, em seguida, Suas alianças. Após a redenção do Egito, Ele desceu e habitou no meio deles.

 

Deus também lhes deu a terra de Canaã como possessão e expulsou os habitantes daquela terra. Ele, no entanto, não os expulsou sem uma razão justa e suficiente. As sete nações que habitavam aquela terra eram apenas arrendatárias dela, visto que tudo pertencia a Deus. Por meio de sua grande impiedade, essas nações contaminaram a terra em que habitavam. Deus disse a Abraão que daria à sua descendência a terra de Canaã, mas não imediatamente, “porque a medida da injustiça [da iniquidade – ARA] dos amorreus não está ainda cheia” (Gn 15:16). Este é um princípio de Deus. Ele nunca age em julgamento até que não haja outra alternativa. Ele espera muito tempo com paciência, mas quando a iniquidade atinge o seu auge, Ele deve agir em julgamento.

 

Assim, quando a iniquidade dos pagãos que ocupavam a terra de Canaã atingiu o limite, Deus deu a terra aos filhos de Israel. Ele os tirou do Egito e os plantou na terra onde Seus olhos estavam “desde o princípio [início do ano – JND] até ao fim do ano” (Dt 11:12).

 

Não temos espaço aqui para relatar a multidão de bênçãos que foram concedidas aos Israelitas em sua terra, mas todos conhecemos a triste história de fracasso que se seguiu. Enquanto os pagãos haviam contaminado a terra antes, Israel o fez depois. No Salmo 106:38, lemos que eles contaminaram a terra com sangue. Eles aprenderam as obras dos pagãos e adoraram seus falsos deuses. De fato, a condição naquela terra tornou-se tão ruim, ou até pior, do que era quando habitada pelos pagãos que Deus expulsou por causa da iniquidade deles. Observe este versículo: “E Manassés tanto fez errar a Judá e aos moradores de Jerusalém, que fizeram pior do que as nações que o SENHOR tinha destruído de diante dos filhos de Israel. E falou o SENHOR a Manassés e ao seu povo, porém não deram ouvidos” (2 Cr 33:9-10).

 

Não, eles não quiseram ouvir. Lemos que Deus enviou muitos mensageiros a eles, mas eles desprezaram os mensageiros e zombaram de Seus profetas até “que mais nenhum remédio houve” (2 Cr 36:14, 16). Se Deus não tivesse agido naquele momento, isso teria demonstrado que Ele era tão descuidado com Sua glória quanto eles. Ele precisava agir! Sua própria proximidade com Deus e o lugar de favor especial não os isentavam de punição – não! Aumentava a punição. Os favores especiais de Deus aumentam nossa responsabilidade, como lemos sobre Israel: “De todas as famílias da Terra só a vós vos tenho conhecido; portanto Eu vos punirei por todas as vossas iniquidades” (Am 3:2).

 

O reino da Babilônia 

Finalmente, depois de todos os esforços possíveis terem sido feitos da parte de Deus para chamar de volta Seu povo terrenal, Ele enviou Nabucodonosor, rei da Babilônia, para castigar aquela nação culpada. Observe estas palavras: “E o Senhor entregou nas suas mãos a Jeoiaquim, rei de Judá, e uma parte dos utensílios da casa de Deus, e ele os levou para a terra de Sinar, para a casa do seu deus” (Dn 1:2). Sim, o Senhor entregou os filhos de Judá nas mãos desse monarca gentio. De fato, Deus deu a esse rei um domínio universal e retirou Seu trono da Terra. Anteriormente (Js 3:11), Deus era chamado de “Senhor de toda a Terra”, mas no livro de Daniel, Ele é chamado de “Deus do céu”. Israel, que havia sido chamado de “Seu povo”, é então chamado de “Não-Meu-Povo” (Os 1:9 – ARA). Essa grande mudança que ocorreu quando Deus retirou Seu trono da Terra e entregou Seu povo terrenal ao controle gentio, marcou o início dos “tempos dos gentios”. Essa mudança ocorreu por volta do ano 606 a.C. Embora um remanescente de Judá tenha retornado do cativeiro setenta anos depois, eles só o fizeram sob o poder e controle dos gentios. Assim, os “tempos dos gentios” continuaram e ainda continuam hoje.

 

Quando nosso Senhor falou em Lucas 21, Ele disse que, após Suas palavras, Jerusalém seria “pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem”. Esse pisar de Jerusalém pelos gentios aconteceu por volta do ano 70 d.C. e também continua até hoje. Embora muitos Judeus tenham voltado para sua terra, desde que Israel mais uma vez se tornou uma nação soberana em 1948, e a cidade de Jerusalém esteja sob seu controle militar, eles não ousam destruir a Mesquita de Omar e reconstruir o templo naquele local. A presença gentia ainda é sentida muito fortemente naquela cidade. A situação permanecerá assim, independentemente de qualquer coisa que o homem possa fazer, “até que os tempos dos gentios se completem”. Essa palavra “até” nos diz que haverá um término definitivo desse período. De fato, estamos chegando ao fim – quão perto disso, não sabemos. Mas terminará quando Cristo, o Senhor, descer do céu com Seus santos para executar o julgamento nesta Terra que rejeita a Cristo.

 

A imagem de um homem 

“Os tempos dos gentios” são retratados em Daniel 2 na imagem de um homem. A última parte dessa figura do “homem da terra” são os pés e os dedos dos pés, que descrevem a última parte e o estado do poder gentio antes do final deste período de tempo. Então, como vemos no mesmo capítulo, o Senhor sairá do céu para executar o julgamento, “uma pedra foi cortada, sem auxílio de mão”. Ele ferirá a parte então existente do domínio gentio (os pés e os dedos dos pés da imagem – o Império Romano revivido) em Sua ira e despedaçará todas as coisas. Depois de executar o juízo, Seu reino encherá toda a Terra, e Israel será novamente levado a um lugar de bênção e destaque. No entanto, será um novo Israel – eles terão um novo coração naquele dia.

 

Que o Senhor nos dê a todos a oportunidade de ver quão próximos estamos do fim desta era. Que estejamos esperando por nosso Senhor do céu e que consideremos as coisas da Terra com menos valor.

 

Young Christian, Vol. 35 (adaptado)

Manejando Corretamente a Palavra da Verdade

 

O título deste artigo foi tirado de 2 Timóteo 2:15, onde o apóstolo Paulo exorta Timóteo sobre a importância de ser “aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar”. Uma parte importante para alcançar esse objetivo era que tal obreiro estivesse “manejando bem a palavra da verdade”. Ou como outra excelente tradução coloca, “cortando em linha reta a palavra da verdade” (JND). Um irmão idoso, sob cujo ministério eu estava na minha juventude, costumava enfatizar constantemente essa exortação com a seguinte declaração: “Mantenha a Escritura em seu devido lugar; elas são muito úteis!” Ao observarmos a confusão e o erro que permeiam grande parte da Cristandade hoje, podemos facilmente reconhecer que grande parte disso decorre da falha em interpretar a Palavra de Deus corretamente. Às vezes, isso é feito por ignorância, enquanto outras vezes é “aquele ensino que está no artifício dos homens, na astúcia sem princípios, com vistas ao erro sistematizado” (Ef 4:14 – JND). Um triste resultado disso é que aqueles que são jovens na fé são frequentemente como “meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina” (Ef 4:14).

 

Alguns anos atrás, eu estava conversando com uma jovem que cria no Senhor Jesus, mas que discordava fortemente de mim em certos aspectos da verdade divina. Quando me referi à Palavra de Deus para fundamentar o que eu estava dizendo, a resposta dela foi: “Mas essa é apenas a sua interpretação da Bíblia”. Isso me levou a perguntar: “Então Deus escreveu Sua Palavra de uma forma tão confusa que os Cristãos honestos não pudessem lê-la e ter uma só mente?” Ela relutantemente admitiu que não, que o problema não estava na Palavra de Deus, mas sim em nós. Eu indiquei a ela que, neste tempo da graça de Deus, os verdadeiros crentes são habitados pelo Espírito de Deus, e as Escrituras falam da “unidade do Espírito” (Ef 4:3). Há, portanto, uma unidade para a qual o Espírito de Deus procura conduzir cada Cristão, de acordo com a verdade de Deus. Mais do que isso, Deus está disposto a tornar Sua mente conhecida, a fim de que “todos cheguemos à unidade da fé” (Ef 4:13) e para não nos deixar levar por todo vento de doutrina.

 

Dispensação 

Uma das razões pelas quais os crentes não entendem a Palavra de Deus claramente é que eles rejeitam ou não entendem a verdade dispensacional. A palavra “dispensação” significa literalmente “lei doméstica” ou a administração de uma casa. Na Escritura, isso se refere à maneira como Deus tratou com este mundo de várias maneiras em diferentes momentos da história mundial. O título desta edição de “O Cristão” nos mostra as três divisões básicas da humanidade hoje que nos são dadas na Bíblia, e sob a estrutura dessas três divisões, podemos explorar as diferentes maneiras pelas quais Deus tratou com cada uma delas.

 

O Velho Testamento é amplamente dedicado a Israel e como Deus os testou sob a lei que Ele lhes deu. Eles eram, e ainda são, o povo escolhido de Deus, a quem Ele deu tudo o que poderia ter resultado em uma resposta adequada deles para com Deus. Como sabemos, eles falharam miseravelmente em sua resposta à bondade de Deus e, finalmente, foi permitido, no governo de Deus, a que fossem levados para o cativeiro. Mas Deus não os esqueceu, e os profetas hebreus do Velho Testamento nos mostram que Deus trará Israel de volta às bênçãos terrenais em um dia vindouro.

 

O Velho Testamento também nos fala sobre os gentios, que representavam todos aqueles que não faziam parte de Israel. Eles estavam fora da aliança de Deus com Israel, e qualquer bênção que pudessem desfrutar tinha que fluir para eles por meio de Israel, que tinha o conhecimento do Deus verdadeiro. Mas então, depois de Israel ter falhado, Deus iniciou o que é chamado de “os tempos dos gentios”, em 606 a.C., que continuam até hoje. Naquela época, Deus levantou o rei babilônico Nabucodonosor, que levou Judá para o cativeiro. Deus deixou de usar Israel para reivindicar este mundo e o entregou ao domínio dos gentios. Desde o início dos tempos dos gentios, os Judeus têm sido, em grande parte, fugitivos neste mundo e não existiram como nação soberana por mais de 2.500 anos. É impressionante que, depois de um intervalo de tempo tão imenso, Israel, em 1948, tenha se tornado novamente uma nação.

 

A Igreja de Deus 

Então temos a Igreja de Deus, que nunca é mencionada no Velho Testamento, mas é trazida à tona no Novo Testamento depois que Israel rejeitou seu Messias – o Senhor Jesus. Tudo isso vem à tona de forma bastante clara no evangelho de Mateus, e admitimos que diferenciar as Escrituras que se referem a “Judeus” e “gentios” e “Igreja de Deus” às vezes pode ser confuso. O evangelho de Mateus requer um estudo cuidadoso, mas alguns dos capítulos mais difíceis servem apenas para nos mostrar que a transição da dispensação da lei para a dispensação da graça foi progressiva, como o amanhecer de um dia, e não um evento repentino que aconteceu rapidamente.

 

Mateus é o evangelho do reino e, portanto, começa com nosso Senhor Jesus apresentando-Se a Israel como seu legítimo Rei. Ele apresentou todas as credenciais necessárias para identificar claramente Quem Ele era, mas a nação O rejeitou, exceto por um pequeno grupo de Seus seguidores. Como resultado, nosso Senhor rejeita formalmente Israel no capítulo 12, referindo-Se a eles como uma “geração perversa” que acabaria caindo em idolatria pior do que a que eram culpados antes de o Senhor permitir que fossem levados cativos.

 

Então, em Mateus 13, o Senhor Jesus começa um novo foco, trazendo à tona por meio de várias parábolas (dez no total) a condição das coisas que aconteceriam como resultado de Sua rejeição. Então, no capítulo 16, Ele fala de algo inteiramente novo – a Igreja. Isso seria futuro, pois Ele diz: “Edificarei a Minha Igreja” (Mt 16:18). O panorama geral nos é dado, mas não os detalhes; eles foram deixados para o apóstolo Paulo apresentar, pois ele recebeu essa verdade de um Cristo ressuscitado em glória.

 

A Igreja é única com um chamado celestial nos propósitos de Deus, e, portanto, não é mencionada ou levada em conta na profecia. A profecia diz respeito à Terra, enquanto a Igreja é uma companhia celestial. Por essa razão, a Igreja será tirada deste mundo antes que o Senhor comece Sua obra com Israel, para restaurá-los às bênçãos terrenais. Como Mateus é o evangelho do reino, a verdade do reino dos céus é revelada, o que traz diante de nós a esfera da profissão Cristã na Terra. O batismo é revelado como o meio de entrar no reino.

 

Israel não é esquecido 

No entanto, Israel não é esquecido, e no capítulo 24 nosso Senhor, respondendo a uma pergunta de alguns de Seus discípulos, nos dá uma profecia do que aconteceria a Israel antes que eles fossem totalmente restaurados como nação. Tudo isso não pode ser entendido devidamente sem antes entender as profecias de Daniel e também o livro do Apocalipse. O que é instrutivo notar é que nosso Senhor deixa de fora qualquer discussão sobre o período da Igreja, tendo já detalhado muito sobre esse período nas dez parábolas do reino dos céus.

 

Novamente, o período da Igreja é encaixado nisso, sem referência específica a ele, nas três parábolas apresentadas no final do capítulo 24 e no capítulo 25. São elas as parábolas do servo fiel (Mt 24:45-51), a parábola das dez virgens (Mt 25:1-13) e a parábola dos talentos (Mt 25:14-30).

 

Isso é confuso? Sim, admitimos que pode ser e, novamente, requer leitura cuidadosa e comparação com outras passagens, a fim de chegarmos a uma interpretação correta. Vale a pena? De fato, vale. Deus nem sempre colocou toda a Sua verdade na superfície, sabendo que valorizamos algo mais se tivermos que nos esforçar para buscá-lo.

 

Em resumo, é possível estar “cortando em linha reta a palavra da verdade” (2 Tm 2:15 – JND) e tendo a certeza de que temos uma interpretação correta da Palavra de Deus. Deus está disposto a tornar Sua mente conhecida e a revelará a nós pelo Seu Espírito.

 

W. J. Prost

Considerações Práticas

 

Ao longo da minha vida, encontrei pessoas que menosprezavam a verdade dispensacional e a referência bíblica às três categorias – Judeus, gentios e Igreja de Deus. Alguns aderiam ao que é comumente conhecido como teologia da aliança ou reconstrucionismo, enquanto outros queriam se concentrar na pregação do evangelho e abertamente não se importavam com a verdade da Igreja. Neste artigo, gostaria de abordar alguns efeitos muito práticos do entendimento da verdade dispensacional e, particularmente, as vantagens de ver a diferença entre Judeus, gentios e Igreja de Deus.

 

Inteligência 

Em primeiro lugar, lemos em João 15:15 que o Senhor Jesus disse aos Seus discípulos: “O servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de Meu Pai vos tenho feito conhecer”. O Senhor Jesus nos acolheu em Sua confiança, como Seu corpo e Sua noiva, e Ele quer que saibamos tudo o que Ele está fazendo. Deus Pai tem propósitos a respeito de Seu Filho amado e comunicou todos esses propósitos a Ele. Ele, por sua vez, quer que sejamos inteligentes quanto a tudo o que Lhe diz respeito, pois somos um com Ele. Ele quer que tenhamos conhecimento sobre o que está acontecendo neste mundo, à medida que os eventos começam a se estruturar para a realização desses propósitos a respeito d’Ele.

 

Em segundo lugar, e relacionado ao que dissemos no parágrafo anterior, o Senhor quer que estejamos em paz em meio a toda a turbulência deste mundo. Aqueles que não conhecem o Senhor um dia sentirão seu coração “desmaiando de terror” (Lc 21:26), e à medida que os eventos mundiais começam a se tornar mais caóticos e confusos, essa atitude está tomando conta de muitos até mesmo agora. Os crentes que não entendem os propósitos de Deus podem muito bem ser apanhados por esse terror também. Como sabemos como tudo vai acabar, podemos estar em paz, e nossa paz é nosso testemunho para este mundo. Quando o mundo nos pergunta como podemos estar em paz, podemos aproveitar a oportunidade para lhes dizer como eles também podem conhecer a Cristo como Salvador e não sucumbir ao medo que está dominando os outros.

 

Confiança 

Em terceiro lugar, entender como os “Judeus, os gentios e a Igreja de Deus” se encaixam nos propósitos de Deus permite que o crente hoje exiba a aparente contradição de ser confiante, mas preocupado. Estamos confiantes quanto ao nosso próprio futuro, mas preocupados com os perdidos neste mundo que ainda não conhecem o Salvador. Nossa confiança não tira nossa preocupação, mas nossa preocupação também não resulta em atividade frenética e irracional. O crente tem sempre “calçados os pés na preparação do evangelho da paz” (Ef 6:15).

 

Em quarto, somos capazes de ordenar nossa vida da maneira certa, de acordo com a mente de Deus, para o dia em que vivemos. A menos que vejamos claramente as diferentes maneiras de Deus tratar com vários grupos de pessoas neste mundo hoje, ficamos confusos e talvez comecemos a agir como se vivêssemos nos tempos do Velho Testamento. Tenderemos a aplicar mal a Escritura e tirá-la de seu contexto, criando assim um conjunto de crenças que nada mais é do que “erro sistematizado” (Ef 4:14 – JND). Deus quer que Seus filhos manejem “bem a palavra da verdade” (2 Tm 2:15), e isso só é possível quando entendemos os propósitos de Deus.

 

A honra e a glória de Cristo 

Finalmente, e mais importante, entender os propósitos de Deus traz diante de nosso coração o resultado final de todos esses propósitos – a honra e a glória de Seu Filho amado. Quando nos deixamos levar pelo homem e por todos os seus propósitos e planos, tendemos a perder de vista os propósitos de Deus. Desde uma eternidade passada, Ele tem tido diante de Si a glorificação de Seu Filho amado, e Ele criou tanto este mundo, como também o tempo, a fim de realizar isso. Desde o tempo em que “saiu Caim de diante da face do Senhor”, o homem tem tentado dispor deste mundo como seu próprio, sem reconhecer as reivindicações de Deus como o Criador dele. Mas os propósitos de Deus serão realizados, enquanto os propósitos e movimentos do homem cairão por terra, exceto quando cumprirem os propósitos de Deus. Verdadeiramente, “o Seu domínio é um domínio sempiterno, e o Seu reino é de geração em geração... e segundo a Sua vontade Ele opera... entre os moradores da Terra” (Dn 4:34-35 – AIBB).

 

W. J. Prost

Termos Proféticos: a Plenitude dos Gentios

 

Há um período de tempo mencionado na epístola aos Romanos, que tem uma referência muito especial aos dias em que vivemos, como demonstração de que haverá um fim para o presente período de graça. Ele é chamado de “a plenitude dos gentios”.

 

“Não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado” (Rm 11:25).

 

Há várias coisas indicadas neste versículo e em todo o capítulo 11 de Romanos.

 

Primeiro, que Israel foi parcialmente cegado nos tratamentos governamentais de Deus.

 

Segundo, que os gentios são atualmente trazidos para um lugar especial de bênção e favor.

 

Terceiro, que este presente período de preferência pelos gentios terminará, e Israel se tornará novamente o centro dos caminhos de bênção de Deus na Terra.

 

Poderíamos então perguntar: Como Israel obteve o especial lugar de favorecimento na dispensação passada? Teremos que voltar ao Velho Testamento e ver ali que, após o dilúvio, os homens se tornaram idólatras e se corromperam na adoração de imagens, por trás das quais havia demônios. A partir dessa condição, Deus chamou Abraão (Gn 12:1-3; Js 24:15) e fez promessas a ele quanto à sua descendência depois dele. Deus iniciou em Abraão uma linhagem de promessas e bênçãos especiais na Terra. Esse privilégio especial é mencionado figurativamente em Romanos, como uma “oliveira” da qual Abraão foi a raiz. Os israelitas eram os ramos naturais dessa “oliveira” (veja Jeremias 11:16).

 

Antes dos dias do Cristianismo, era uma vantagem distinta nascer Judeu. Havia promessas especiais conferidas a eles. Isso é bem descrito nas palavras de Romanos 3:1-2 “Qual é pois, a vantagem do Judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão? Muita, em toda a maneira, porque, primeiramente, as palavras de Deus lhe foram confiadas”. Eles tinham as promessas, as alianças, a lei, as Escrituras sagradas do Velho Testamento e muitas outras vantagens.

 

Cegueira judicial 

A próxima pergunta que surge é: Por que essas pessoas favorecidas ficaram cegas e foram cortadas da oliveira? A cegueira foi causada, primeiro, por seu próprio afastamento voluntário de Deus, e depois pelo justo decreto de Deus, quando elas rejeitaram todos os meios de trazê-las de volta a Si mesmo. Descobrimos que Deus pronunciou o decreto de cegueira judicial contra os Judeus nos dias de Isaías. “Então disse Ele: Vai, e dize a este povo: Ouvis, de fato, e não entendeis, e vedes, em verdade, mas não percebeis. Engorda o coração deste povo, e faze-lhe pesados os ouvidos, e fecha-lhe os olhos; para que ele não veja com os seus olhos, e não ouça com os seus ouvidos, nem entenda com o seu coração, nem se converta e seja sarado” (Is 6:9-10).

 

Essa sentença foi pronunciada contra os Israelitas mais de 750 anos antes de o Senhor Jesus vir ao mundo. Outra pergunta pode muito bem ser feita: Quando essa ameaça de cegueira foi realmente cumprida? Na resposta a essa pergunta, ficamos impressionados com a maravilhosa longanimidade de Deus. Deus esperou longa e pacientemente. Ele enviou profeta após profeta a Seu povo errante e, finalmente, enviou Seu Filho, a Quem eles rejeitaram e expulsaram. Mesmo durante a vida e o ministério do Senhor Jesus, Sua própria nação fechou os olhos para a luz. Em Mateus 13, o Senhor mencionou a sentença de cegueira pronunciada pelo profeta Isaías. Ela estava sendo parcialmente cumprida devido à persistente obstinação deles.

 

Mas mesmo assim, Deus permaneceu paciente com Seu povo terrenal. Após a morte, ressurreição e ascensão do Senhor Jesus, Ele lhes enviou uma mensagem de perdão gratuito e salvação por meio do testemunho do Espírito de Deus sobre a obra consumada de Cristo. Isso é claramente demonstrado na defesa do mártir Estêvão em Atos 7. Depois que Estêvão os acusou da culpa de resistir ao Espírito Santo, eles o apedrejaram, demonstrando assim sua rejeição à oferta final de misericórdia de Deus antes da execução da sentença na íntegra.

 

Os Judeus em Jerusalém selaram, assim, seu próprio destino. Então, enquanto os mensageiros do evangelho iam pregando de cidade em cidade, eles procuraram os Judeus primeiro. Quando os Judeus rejeitavam o evangelho, a cegueira descia sobre eles. Parece ter ela se estabelecido gradualmente de um lugar para outro, pois eles recusaram a última mensagem da graça. A cegueira se instalou de forma semelhante à que a glória deixou o templo em Ezequiel – pouco a pouco, como que relutando em fazê-lo. É bastante fácil traçar por meio dos Atos, o progresso da rejeição do evangelho pelos Judeus e a mudança para os gentios. Podemos citar alguns exemplos.

 

A mudança em direção aos gentios 

“Mas Paulo e Barnabé, usando de ousadia, disseram: Era mister que a vós se vos pregasse primeiro a Palavra de Deus; mas, visto que a rejeitais, e não vos julgais dignos da vida eterna, eis que nos voltamos para os gentios” (At 13:46). Isso ocorreu em Antioquia da Pisídia. Em seguida, observe o mesmo desenvolvimento em Corinto:

 

“Paulo... testificando aos Judeus que Jesus era o Cristo. Mas, resistindo e blasfemando eles, sacudiu as vestes, e disse-lhes: O vosso sangue seja sobre a vossa cabeça; eu estou limpo, e desde agora parto para os gentios” (Atos 18:5-6).

 

Por fim, vemos o apóstolo Paulo enviado a Roma, a grande capital do império, a metrópole mundial, como prisioneiro, por causa do ódio Judaico. Quando chegou a Roma, ele “convocou os principais dos Judeus... aos quais declarava com bom testemunho o reino de Deus, e procurava persuadi-los à fé em Jesus, tanto pela lei de Moisés como pelos profetas... E, como ficaram entre si discordes, despediram-se, dizendo Paulo esta palavra: Bem falou o Espírito Santo a nossos pais pelo profeta Isaías” (At 28:17, 23, 25). Paulo então cita a frase de Isaías 6 como aplicável ao caso, terminando com: “Seja-vos, pois, notório que esta salvação de Deus é enviada aos gentios, e eles a ouvirão” (At 28:26-28).

 

Enxertados na oliveira 

Aqui, quase 800 anos após seu pronunciamento, a sentença se cumpre. Assim, o evangelho para o “Judeu primeiro” foi encerrado, e os gentios tornaram-se o centro do favor especial de Deus sobre a Terra. Eles foram trazidos para isso por meio da queda de Israel. Eles foram enxertados na “oliveira” na Terra. É uma vantagem distinta hoje nascer gentio. Sim, os gentios têm agora “muita (vantagem) sob todos os aspectos” – ARA.

 

Mas em Romanos 11 Deus fala, por meio dos apóstolos, aos gentios. É uma palavra solene de advertência que Ele dá ali. Ele diz que, se eles não permanecerem na bondade de Deus, eles serão cortados da oliveira assim como Israel foi; e então, se os gentios são cortados, Israel será enxertado novamente.

 

Devemos lembrar que em tudo isso não se fala de um Cristão que falha sendo cortado, nem de um Cristão sendo cortado de forma alguma. Aqui não se trata da “vida eterna”, mas do favor especial de Deus para com as pessoas na Terra. Os gentios agora têm esse favor, e não os Judeus. Os gentios têm a “salvação de Deus” pregada a eles livremente, mas como Deus sugere, acaso eles permaneceram em Sua bondade? Será que a Cristandade tem continuado na “fé que uma vez foi dada aos santos”? NÃO! NÃO! NÃO! A resposta é visível em todos os lugares. Infidelidade, modernismo, evolução, falsas doutrinas, mais amantes do prazer do que amantes de Deus! Que história triste e que ingratidão grosseira para com a salvação de Deus preparada a um custo tão alto!

 

Leitor, se você não está verdadeiramente salvo, esteja avisado. O Senhor Jesus está vindo para levar os verdadeiros Cristãos para casa muito em breve, e então a “plenitude dos gentios” haverá entrado. Ou seja, estará completada. A porta da graça para os gentios se fechará e os meros professos serão deixados para trás por causa da cegueira judicial, para que “sejam julgados todos os que não deram crédito à verdade” (2 Ts 2:12). Essa é a condenação certa da Cristandade em rápida decadência.

 

P. Wilson

Contraste entre Israel e a Igreja

 

Efésios 2 torna impossível misturar os santos Judeus do Velho Testamento com a Igreja. A parede divisória os separava, mas agora em Cristo está quebrada. O Judeu como tal era obrigado a não aceitar o fundamento da Igreja; isto é, ele tinha que manter a parede de separação e não deixar o gentio entrar. Mas o princípio do Cristianismo é que não há Judeu nem gentio, “porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3:28). Se a doutrina que Paulo pregou tivesse sido pregada, digamos, no tempo de Ezequias, teria destruído completamente o Judaísmo. A mistura que existe hoje é, na verdade, a recusa da verdade da Igreja; ela praticamente nega que haja alguma.

 

J. N. Darby

Os Propósitos de Deus

 

A Igreja

Pai, oh, quão vasta é a bênção,

Quando Teu Filho retornar!

Então a Igreja, possuindo seu descanso,

Sobre a Terra com Ele há de reinar.

 

Israel

Por amor aos pais, amados,

Israel, em Tua graça restaurado,

Na Terra, a maldição removida,

Será o povo do Senhor.

 

Então, também, incontáveis miríades, vestindo

Vestes branqueadas no sangue de Jesus,

Palmas (como peregrinos descansados), carregando,

Diante do trono de Deus estão.

 

Estes, redimidos de todas as nações,

Em triunfo bendirão Teu nome;

Toda voz clamará: “Salvação

Ao nosso Deus e ao Cordeiro”.

 

Tregelles (Hinário Little Flock, hino 310)

“Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos Judeus, nem aos gregos, nem à Igreja de Deus”

1 Coríntios 10:32










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