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Autoridade (Outubro de 2005)


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Revista mensal publicada originalmente em outubro/2005 pela Bible Truth Publishers

 

ÍNDICE


          Tema da edição

          J. N. Darby, de Scripture: The place It has in this day

          E. Dennett, adaptado e acrescentado de God’s Order

          E. Dennett

          E. Dennett, adaptado de Daniel The Prophet

         Adaptado dos escritos de vários autores

          Adaptado de The Girdle of Truth, vol. 9

          Autor desconhecido

 

Autoridade 


O homem em seu estado pecaminoso não quer ser contido, ele quer ser livre para fazer o que seu coração deseja em qualquer lugar e a qualquer hora. Mas o lugar apropriado do homem desde a criação até a eternidade é de submissão e obediência a Deus, que é absoluto em Seus direitos, em Sua autoridade sobre Sua criação.

 

Deus formou vários relacionamentos entre Suas criaturas, tais como o homem–animais, marido–esposa, pais–filhos, governo–homem, Cristo–Igreja e o Senhor–sobre toda a criação. Para cada relacionamento Deus estabeleceu os deveres e responsabilidades que deveriam governar cada um deles. Além disso, Deus delegou autoridade para que uns tenham a responsabilidade de liderança ou comando e outros tenham a correspondente responsabilidade de submissão ou obediência.

 

Esta edição concentra-se em alguns desses relacionamentos e nos dá alguns dos princípios bíblicos que devem guiar e governar nosso comportamento quando estamos nesses relacionamentos, sempre “como para o Senhor”, que tem autoridade suprema sobre nós e todas as coisas.

 

A edição conclui com a necessidade de aplicar a espada do julgamento próprio primeiro a nós mesmos e aos nossos próprios fracassos pessoais antes de nos ocuparmos com as falhas dos outros ou procurarmos corrigi-los. “Tem cuidado de ti mesmo” é uma boa palavra para todos nós.


Tema da edição

 

A Autoridade da Escritura 


A segunda epístola de Timóteo nos apresenta a ruína do testemunho exterior da Igreja e o consequente dever do crente em tal situação. Dois pontos são trazidos diante do crente para guiar seus pés – sua conduta individual e seu relacionamento com a profissão pública do Cristianismo. Em conexão com ambos, Paulo revela a autoridade com a qual nossa alma deve estar diretamente em comunhão, sobre a qual nossa conduta repousa e a regra pela qual ela é guiada. Deve haver a conexão direta e imediata de minha alma com Deus e sujeição imediata à Sua autoridade em Sua Palavra. Alguém pode me ajudar por meio de ministério ou cuidado pastoral, mas ele não se interpõe entre minha alma e a Palavra. Ele pode me levar mais plenamente ao conhecimento do que Deus diz para mim pela Palavra, mas ele não me tira do relacionamento direto. O título de Deus é absoluto e envolve todo o meu ser em obediência. Ele exerce Sua autoridade sobre mim pela Palavra.

 

Em nossa vida há deveres necessários para com os outros, mas estes são reconhecidos pela autoridade e obediência a Deus em Sua Palavra. Eu devo cumprir todo relacionamento em que Deus me colocou, somente pela Palavra e de acordo com ela. “Mais importa obedecer” é o estandarte do Cristão, mas “mais importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5:29) é a reivindicação absoluta de Deus. Assim, um crente é obrigado a tomar a Palavra de Deus como a regra final da verdade e conduta, com nada mais entre ele e Deus.

 

A Escritura dá autoridade 

Deus providenciou para Seus santos um guia seguro e certo, um corpo de escritos chamado pelo apóstolo de as Santas Escrituras, para serem recebidas como inspiradas e com autoridade divina. Elas foram reconhecidas pelo apóstolo e da maneira mais solene pelo próprio Senhor, como sendo inspiradas e como demandando fé porque eram inspiradas. Durante Seu caminho terrenal, o Senhor Jesus reconheceu constantemente a autoridade das Escrituras e referiu-Se a elas, seja ensinando ou silenciando aqueles que se opunham a Ele. Se elas não fossem cridas, Ele assegura ao povo, os homens não seriam persuadidos, mesmo que alguém ressuscitasse dos mortos. Mais do que isso, o fato de que algo estava na Escritura lhe dava autoridade, pois a “Escritura não pode ser anulada” (Jo 10:35). Não é que apenas a verdade é encontrada nela, pois pode acontecer até mesmo com os escritos humanos. Antes, as Escrituras são o método ordenado por Deus de autoridade, não meramente da verdade, mas revestido de autoridade divina para a verdade. Como tal, elas são dirigidas a todo o povo de Deus.

 

A autoridade direta de Deus 

Este então é o recurso divino e divinamente dado para o Cristão quando a Igreja está em um mau estado. Eles são capazes de tornar o indivíduo sábio para a salvação por meio da fé em Cristo. A Escritura é o guia certo e individual quando a Igreja está em confusão e pecado. Mais do que isso, a Escritura fornece tudo ao homem de Deus de maneira perfeita. Tudo o que é Escritura é inspirado e proveitoso para tudo que é necessário para tornar o homem de Deus perfeito. Todo aquele que deseja se levantar por Deus diante do mundo e deseja agir em nome de Deus no mundo encontrará na Escritura tudo o que precisa para aperfeiçoar seu estado e competência para o serviço. Outros podem me ajudar a entender o que há ali, mas se alguém procura impedir a exortação direta de Deus sobre mim pela Palavra, ele se interfere no direito de Deus. Isso é verdade, seja um indivíduo ou vários indivíduos, e quanto maior a reivindicação, maior a culpa. Por causa do estado atual das coisas ao nosso redor, o indivíduo deve manter-se firme contra o avanço do mal. Sob tais circunstâncias, a Escritura deve ter o lugar que deveria ter – uma autoridade divina para instruir e reprovar.

 

A autoridade segura 

Finalmente, vamos nos referir a 1 João 2:24: “Portanto, o que desde o princípio ouvistes permaneça em vós. Se em vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, também permanecereis no Filho e no Pai”. Nada tem autoridade segura para o crente além daquilo que é desde o princípio. Isto somente assegura nossa continuação no Pai e no Filho. Na Escritura tenho essa certeza – eu tenho a coisa em si – em nenhum outro lugar. Nenhum acordo entre Cristãos pode me dar isso – apenas a própria Palavra.


J. N. Darby, de Scripture: The place It has in this day

 

Autoridade no Lar 


Em todo relacionamento ou posição em que o crente esteja estabelecido, o segredo da felicidade está na manutenção da ordem divina. Seja na família, em casa ou na Igreja, a falha em manter a ordem de Deus resultará em sérias consequências. Se essa ordem divina for substituída por aquilo que é do homem por conveniência e praticidade, a confusão e a discórdia serão o resultado inevitável. Quantos exemplos disto vemos na Escritura!

 

Existe uma ordem divina para a família. O valor que o próprio Deus coloca sobre a sujeição à Sua ordem é visto naquela passagem familiar na qual Ele elogia Abraão, com base em que “ele há de ordenar a seus filhos e a sua casa depois dele, para que guardem o caminho do SENHOR, para agirem com justiça e juízo” (Gn 18:19). A Escritura registra outros como Calebe, Anrão e Joquebede, e Eunice, a mãe de Timóteo, que eram fiéis em suas responsabilidades familiares e domésticas e cujas famílias mostravam o fruto disso. Além disso, que cuidados são tomados, nas epístolas de Efésios e Colossenses, para incitar a todos os membros da família Cristã na importância de cumprir suas várias responsabilidades! Filhos, servos, pais, senhores, maridos e esposas são orientados quanto aos deveres de seus respectivos cargos. Por outro lado, que tristes exemplos de falta de governo dos pais e de desobediência dos filhos são relatados nas Escrituras para nossa admoestação e advertência! A felicidade das famílias de Eli, Samuel, Davi e muitos outros foi arruinada porque esses pais não estabeleceram e mantiveram a ordem divina em seus lares. Não apenas a felicidade da família foi destruída, mas a desordem também trouxe consigo o governo divino (Veja, por exemplo, 1 Samuel 3:11-14).

 

Mantendo a ordem de Deus 

Como então a ordem de Deus deve ser mantida na família? A resposta a essa pergunta é encontrada tanto em Efésios como em Colossenses (Ef 5:22-33, 6:19; Cl 3:18-25, 4:1). O marido é o cabeça e, como tal, tem que agir como vice-regente de Deus para governar não de acordo com sua vontade, mas de acordo com a vontade divina. A autoridade colocada em suas mãos vem do Senhor, e já que foi dada a ele para que a exerça por Ele, ela não pode ser delegada a outro. A esposa está sujeita ao marido, assim como a Igreja está sujeita a Cristo, o marido, por sua vez, tem que amar sua esposa, assim como Cristo amou a Igreja e Se entregou a Si mesmo por ela. A responsabilidade dos filhos é obedecer a seus pais no Senhor. Sua obediência deve ser absoluta, qualificada apenas pela condição – “no Senhor”. Os servos também devem obedecer a seus senhores, tendo os pais e os senhores por sua vez, suas respectivas obrigações.

 

Com essas instruções diante de nós, é fácil perceber que, se a esposa governa, em vez do marido, ou se os filhos têm permissão de fazer o que querem – para agradar a si mesmos em vez de viver em sujeição – isso resultará em desordem. Se os servos tiverem permissão para governar a casa, isso não produzirá bênçãos, harmonia ou felicidade. O caminho da bênção é o caminho da obediência nas esferas que somos chamados a preencher.

 

Responsabilidade pessoal 

Ao ler o que a Escritura diz sobre o assunto, que cada um se lembre de sua responsabilidade pessoal em primeiro lugar. Às vezes ouvimos um marido pedindo à esposa que lhe obedeça, enquanto uma esposa pode reclamar que o marido não demonstra suficientemente o seu amor. Ou os filhos podem reclamar que seu pai os provoca a ira, enquanto os pais, talvez, se perguntam por que seus filhos não os obedecem, pelo menos não no espírito correto. Em tudo isso, cada um deve levar a sério o que a Escritura está dizendo a ele ou a ela e procurar, com a ajuda do Senhor, cumpri-la. Que cada um primeiro leia e obedeça a Escritura por si mesmo e aja antes de se ocupar com o fracasso de outra pessoa.

 

Além disso, há uma diferença entre a sujeição de uma esposa ao marido e a obediência dos filhos aos pais. Por essa razão, Paulo diz em 1 Timóteo 5:14: “Quero, pois, que as que são moças se casem, gerem filhos, governem a casa e não deem ocasião ao adversário de maldizer”. Embora a esposa deva estar sujeita ao marido, se espera que ela governe a casa, especialmente porque o marido pode estar ausente durante boa parte do dia por estar dedicado a suprir o seu sustento. Como sua ajudadora, ela deve entrar em seus pensamentos e sentimentos e governar de acordo com o padrão que ele estabeleceu. Mais do que isso, deve ser reconhecido por ambos que é a vontade do Senhor que deve ter prioridade para eles. Quando não for uma questão da vontade do Senhor, a graça pode ser facilmente demonstrada, e quando o amor é primordial no relacionamento, não haverá dificuldade.

 

Amor e obediência 

No caso dos filhos, devemos insistir na obediência e isso é mais bem ensinado na mais tenra idade. A obediência implícita aos pais deve ser mantida, e isso se torna cada vez mais difícil na atmosfera do mundo em que vivemos. Novamente, se o amor é primordial no lar, tal obediência não será um fardo, mas será a feliz fluência de um relacionamento normal. Um irmão mais velho, há muito tempo com o Senhor, costumava comentar com muita propriedade: “Nunca mande sua esposa fazer algo, e nunca peça a seu filho fazer algo”. Foi um bom conselho e com base bíblica.

 

Submissão e falha 

Quando a Escritura trata de questões de obediência e autoridade, a pessoa que está em um lugar de submissão é sempre mencionada primeiro. Sem dúvida isso é assim porque aquele que deve se submeter e obedecer deve fazer isso independentemente da maneira pela qual a autoridade é exercida. Às vezes a autoridade é usada de maneira errada, mas Deus nunca nos permite nos rebelarmos contra uma autoridade que Ele estabeleceu. Podemos ter que obedecer a Deus como a autoridade suprema em vez do homem, mas mesmo em tais casos, devemos estar sujeitos às consequências, assim como os amigos de Daniel se submeteram ao fogo de Nabucodonosor por não se curvarem ao seu ídolo.

 

Por outro lado, quando há desordem e confusão dentro de uma esfera de autoridade que Deus estabeleceu, Deus olha para o cabeça responsável pela razão daquilo. Geralmente, pode-se dizer que, onde há algo doloroso e errado nos relacionamentos humanos, geralmente é aquele em autoridade que falhou primeiro. Deus olha primeiro para aquele que Ele colocou em responsabilidade. Isso é solene e traz perante nós a seriedade de agir em uma esfera de autoridade diante de Deus.

 

Cristianismo em casa 

Quando esses princípios da ordem de Deus são seguidos pelos vários membros de uma família, essa família se torna um testemunho para Deus em uma cena em que todos se afastaram d’Ele – um brilhante círculo de luz em meio às trevas que estão ao seu redor. Torna-se uma antecipação da benção milenar quando a autoridade do Senhor será reconhecida em todo o mundo.

 

Uma grande parte de nossa vida é gasta em nossa casa, e a casa, portanto, é o principal cenário de nosso testemunho. Podemos parecer sempre tão piedosos em nossa vida na assembleia ou talvez no mundo, mas é no lar que nosso Cristianismo (ou a falta dele!) é realmente exibido. É bom lembrar que uma parte do testemunho apropriado deve ser a expressão de Cristo em nosso lar – Cristo em todos os vários relacionamentos da casa. “Porque para mim o viver é Cristo”. Este é, em verdade, o testemunho, seja em casa, na Igreja ou no mundo.

E. Dennett, adaptado e acrescentado de God’s Order

 

Para Que Não Percam o Ânimo

 

A primeira exortação aos pais em Efésios 6 é: “E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos” e, em Colossenses, “Vós, pais, não irriteis a vossos filhos” (Cl 3:21). A exortação segue com a chamada para que os filhos obedeçam aos seus pais. Os pais são colocados em autoridade quase absoluta na família e, portanto, a primeira coisa que o Espírito de Deus faz ao Se voltar para os pais é adverti-los quanto à maneira pela qual devem exercer sua autoridade. Sabendo o que é a carne, mesmo em um Cristão, e como somos aptos a ser tirânicos e opressores no lugar em que Deus nos colocou, Ele, em terna consideração por aqueles que são colocados na posição de sujeição, diz: “não provoqueis a ira a vossos filhos”. Os pais têm controle quase ilimitado (limitado apenas pelas palavras acrescentadas ao mandamento “no Senhor”) sobre seus filhos, mas são por este meio advertidos de que devem ser cuidadosos diante de Deus quanto ao método de seu governo. Devem considerar os sentimentos de seus filhos e, embora nunca devam retirar “nem um jota ou um til” do que é devido ao Senhor, devem lembrar-se da fraqueza de seus filhos e não sobrecarregá-los com mais do que possam suportar, para que não percam o ânimo.

 

A ternura de Deus pelos filhos

Uma ilustração mais marcante da ternura de Deus pelos filhos dificilmente poderia ser concebida – uma ternura que foi exemplificada repetidas vezes pelo nosso bendito Senhor, enquanto esteve aqui na Terra – o que é expresso neste mandamento especial aos pais. Todos nós sabemos como somos aptos a ser caprichosos ou duros em nosso governo e, portanto, precisamos desse lembrete. Que todos os pais se lembrem de que, se por um lado Deus lhe deu o governo sobre sua família, por outro, Ele definiu cuidadosamente o caráter em que isso deveria ser exercido, e que ele é tão responsável pelo caráter quanto pelo governo.

 

“Para que não percam o ânimo”. Como é fácil desencorajar uma criança, e especialmente dos corretos caminhos do Senhor. Com suscetibilidade aguda e terna, de rápida observação e rápida detecção de inconsistências, a severa disciplina e repreensão poderão muito rapidamente desfazer anos de ensino paciente e rapidamente prejudicar os esforços mais diligentes para educá-los na doutrina e admoestação do Senhor. Os pais nunca serão cuidadosos o suficiente neste ponto, e ajudará a eles que se lembrem que eles detêm a sua posição por que Deus os colocou ali e que seus filhos devem ser governados e treinados para o Senhor.


E. Dennett

 

Autoridade Governamental 


Embora Deus tenha estabelecido o governo pelos homens, Ele não tinha feito isso no começo da história do homem. Antes do dilúvio, Deus não havia estabelecido nenhum tipo de governo no mundo. Como resultado, Ele teve que observar que a Terra estava cheia de violência e corrupção, e Ele a destruiu por meio de um dilúvio. A fim de preservar alguma ordem no mundo do homem pecador, Deus colocou o governo nas mãos do homem após o dilúvio, quando disse a Noé e a seus filhos: “Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado” (Gn 9:6). Esta ordem continua até hoje, embora nenhum governo que esteja nas mãos do homem pecador possa ser uma exibição adequada da justiça de Deus. Ao ficar bêbado, Noé falhou quase que imediatamente em sua responsabilidade, e mais tarde Israel, em cujas mãos Deus depositou a responsabilidade do governo, fracassou por causa de sua rebeldia contra Ele. Depois de suportá-los por centenas de anos, Deus permitiu que eles fossem levados em cativeiro para a Babilônia, e Ele deu autoridade e poder governamental para os gentios. Assim, em Nabucodonosor começou os tempos dos gentios. O período da Igreja forma um parêntese em tudo isso, pois é uma demonstração da graça de Deus ao chamar as almas para a glória celestial. No entanto, os tempos dos gentios continuam até hoje, e o governo no mundo em geral está em suas mãos. No Milênio, e somente então, o governo justo será visto na Terra e estará novamente nas mãos da semente de Abraão, quando o Senhor Jesus Cristo terá o Seu lugar de direito e Sua autoridade será reconhecida em todo lugar neste mundo.

 

Usurpando a autoridade de Deus 

Embora Nabucodonosor tivesse aprendido com Daniel que o Deus do céu foi Quem lhe deu seu reino universal, ele usou seu poder absoluto para ter um deus próprio. Ele tentou afirmar sua própria vontade sobre seus súditos e, assim, usurpar para si o lugar e autoridade que pertencia somente a Deus. Ele usou o poder que Deus lhe deu para negar a Deus e se colocar no lugar de Deus. Ele fez uma imagem magnífica que deveria servir como divindade para todos que estavam sujeitos à sua autoridade.

 

O comando para se curvar diante das imagens era simples e a penalidade era clara. Não foi necessário muito, de acordo com os pensamentos humanos. No entanto, era a intrusão da vontade do homem no domínio de Deus. A obediência aos poderes que há é um dever dado por Deus, mas a obediência a esses poderes deve ser feita dentro do círculo de sua própria autoridade legal. Nisto descobrimos que as responsabilidades dos crentes hoje se fundem com as de Sadraque, Mesaque e Abednego. Se os poderes que há saem desse círculo de responsabilidade, nossa primeira responsabilidade é para com Deus. Quando os governantes em Jerusalém ordenaram aos apóstolos que não ensinassem ou pregassem em nome de Jesus, Pedro e João responderam: “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5:29). Embora fosse um monarca absoluto, Nabucodonosor saiu de seu próprio domínio e reivindicou para si o que era devido somente a Deus.

 

Até onde sabemos, apenas Sadraque, Mesaque e Abede-Nego se recusaram a cumprir o decreto do rei. Eles foram trazidos perante o rei e, moralmente, esta foi a mais impressionante cena. De um lado estava Nabucodonosor, um dos mais poderosos monarcas que o mundo já viu, cercado com toda a pompa de sua corte e reino e, do outro lado, três homens de uma raça desprezada e conquistada. A questão a ser respondida era esta: Quem é supremo, Deus ou homem? Entre outras coisas que ele disse, Nabucodonosor lançou um desafio: “Quem é o Deus que vos poderá livrar das minhas mãos?” (Dn 3:15). Ao fazer isso, ele se engajou na batalha, não contra os homens, mas contra o próprio Deus.

 

A resposta de Sadraque, Mesaque e Abednego, quieta e moderada em seu tom, é sublime em sua expressão da confiança deles em Deus e em Seu poder. Eles contavam com o poder de Deus, que sabiam que poderia libertá-los, caso Nabucodonosor cumprisse sua ameaça de lançá-los na fornalha. Por outro lado, a determinação deles foi de não ceder ao comando do rei. Se fosse a vontade do Senhor, eles estavam prontos para morrer como mártires por amor a Ele. Sua fé e obediência eram tão absolutas quanto a vontade do rei.

 

A atitude Cristã 

A atitude deles define a verdadeira posição do crente para com os poderes que estão estabelecidos hoje. Em todo lugar no Novo Testamento, a submissão a estes é ordenada, e tal deve ser o caminho do Cristão no meio de agitações políticas e confusões. Várias Escrituras poderiam ser citadas, mas Romanos 13:1-2 é suficiente: “Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores, porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus. Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação”.

 

O crente não deve levantar questões nem examinar a legalidade das autoridades constituídas. É o suficiente para ele o fato de que eles estão no poder, e ele então segue seu caminho em paz, enquanto ele presta a obediência necessária. Mas se essas autoridades saem para além de sua própria esfera e procurarem substituir a Palavra de Deus pela sua vontade e impor essa vontade a seus súditos, elas efetivamente se colocarão no lugar de Deus. Nesse caso, a fidelidade a Deus, como aconteceu com os três filhos do cativeiro Judaico, exige que Deus seja obedecido e não o homem. O limite da obediência ao governo é a obediência a Deus em obedecê-los. Se forem chamados para desobedecer a Deus cedendo às exigências de um governo, o crente deve reter uma boa consciência para com Deus, mesmo ao custo de sua vida. Tal foi o fundamento tomado por Sadraque, Mesaque e Abede-Nego.

 

Submissão mesmo para a morte 

Mais uma vez, sabemos o final da história. Estes três homens foram lançados na fornalha, mas Deus entrou e silenciosamente exibiu Seu poder diante do rei furioso. O fogo não teve efeito sobre eles, exceto queimar os laços que os prendiam e, mais do que isso, o próprio Senhor andava com eles no fogo. Por outro lado, precisamos nos lembrar de que Sadraque, Mesaque e Abednego não sabiam com certeza que receberiam uma libertação tão maravilhosa. Eles estavam prontos para morrer em vez de negar seu Deus, e Hebreus 11:36-38 fala de outros que foram torturados, aprisionados, exilados e mortos por sua fidelidade. Assim deve ser hoje. Alguns são libertos de maneira maravilhosa, enquanto outros honram o Senhor sofrendo e até mesmo morrendo por Ele.

 

Em conclusão, podemos dizer claramente que o crente deve obedecer aos poderes que estão estabelecidos, pois Deus foi Quem os estabeleceu. Enquanto o pecado estiver no mundo, o governo é necessário, pois as terríveis tendências da natureza pecaminosa do homem devem ser contidas. Mas o crente, como parte de uma companhia celestial, não deve se envolver no governo deste mundo. Sua vez de governar virá quando ele viver para reinar com Cristo por mil anos (Ap 20:6), mas tentar fazer isso agora é procurar reinar antes do tempo de Deus. Os coríntios queriam fazer isso e Paulo teve que dizer-lhes: “Sem nós reinais” (1 Co 4:8). De acordo com Daniel 4:17, o governo às vezes pode estar nas mãos do “mais baixo dos homens”, mas como foi Deus que os colocou, devemos estar em sujeição a eles.


E. Dennett, adaptado de Daniel The Prophet

 

A Autoridade da Assembleia 


Toda autoridade depende dos direitos soberanos de Deus sobre a Sua criação, e assim a submissão e a obediência é o lugar apropriado para cada indivíduo e cada instituição estar diante de Deus. Deus estabeleceu toda autoridade, incluindo as autoridades no governo, no lar e na assembleia.

 

Cristo é “Filho, sobre a Sua própria casa”, e a assembleia é responsável por seu comportamento como “a casa de Deus”. Consequentemente, Cristo delegou autoridade à assembleia para tratar, em Seu nome, com o que é inconsistente com o caráter santo da Igreja como Sua representante neste mundo. Conforme declarado em Mateus 18:18, a responsabilidade que foi assim dada à assembleia é imensa: “Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na Terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na Terra será desligado no céu”.

 

Em nenhuma outra esfera de autoridade delegada por Deus encontramos uma investidura tão solene e abrangente da autoridade divina como encontramos aqui! Estas palavras (assim como 1 Coríntios 5:4-5 e outras Escrituras) dão à assembleia a autoridade para manter a ordem, para lidar com alguém que peca, por meio da exortação e da repreensão, e em um caso extremo pelo afastamento do malfeitor de seu meio.

 

O assunto da autoridade da assembleia é grande, e está além do escopo deste artigo entrar em detalhes sobre tudo o que a Escritura nos dá sobre os usos e abusos da autoridade da assembleia, mas os pontos seguintes cobrem alguns princípios importantes relativos a este assunto.

 

O Senhor no meio 

O próprio Senhor está no meio da assembleia, e Ele está lá para dirigir pelo Seu Espírito, por meio da Sua Palavra. Assim, a assembleia, propriamente falando, não é um corpo judicial, mas sim um lugar onde a vontade do Senhor é buscada e realizada de acordo com a Sua Palavra. É o lugar onde Sua glória deve ser primordial.

 

A presença do Senhor no meio da assembleia e o fato de ela agir em Seu nome torna o exercício de sua autoridade mais solene. Em vista de Sua presença ali, a assembleia deve exercer sua autoridade de acordo com os princípios de Sua Palavra, na dependência d’Ele, e sempre com referência a Ele.

 

Agir em nome do Senhor Jesus Cristo é muito importante, pois quando uma expressão local do corpo age em Seu nome, suas ações não são meramente vinculantes naquele lugar, mas em todo lugar – tanto no céu como na Terra – onde a autoridade e a liderança do Senhor são reconhecidas.

 

O âmbito da autoridade da Assembleia 

Como em toda esfera de autoridade delegada, a assembleia tem uma área de responsabilidade prescrita, e as instruções para cumprir suas responsabilidades são dadas na Palavra de Deus. Deus estabeleceu o escopo de responsabilidade para cada autoridade que Ele estabeleceu de tal maneira que elas não estejam em conflito umas com as outras. Por exemplo, suponha que um jovem, vivendo na casa de seu pai e na mesa do Senhor, roube um banco. Para esse ato, o governo local, o pai e a assembleia, cada um de acordo com sua respectiva área de responsabilidade dada por Deus, terão que lidar com aquele jovem em disciplina ou punição, mas nenhum pode tomar o lugar de interferir com a responsabilidade das outras autoridades envolvidas.

 

Quando a assembleia age dentro da esfera que a Palavra de Deus lhe atribui e sobre aqueles que estão “dentro” de sua esfera, deve haver submissão a ela, como para o próprio Senhor. Como com toda autoridade dada ao homem, ela não é infalível. Sua autoridade pode ser abusada, erros podem ser cometidos e a carne pode entrar em suas ações, mas Deus nunca anula Sua autoridade delegada simplesmente por causa disso. Como dito acima, a Palavra em Mateus 18:18 dá à assembleia sua autoridade, e somente a Palavra pode tirá-la. É claro que, se a Palavra de Deus foi violada, então Sua Palavra deve ser mantida, pois Deus nunca permite um indivíduo ou a autoridade da assembleia colocar de lado Sua Palavra. Embora esteja além do escopo deste artigo considerar esse aspecto do assunto, é importante notar que Deus, em Seus caminhos governamentais, pode remover uma autoridade que Ele estabeleceu. Ele pode remover uma pessoa em um lugar de autoridade. Ele pode remover uma assembleia ou transferir autoridade de um poder para outro, como fez ao colocar o governo nas mãos de Nabucodonosor.

 

Autoridade e poder 

Deus formou diferentes relacionamentos de autoridade e submissão, tais como homem–animais, marido–esposa, pais–filhos, governo–homem e Cristo–Igreja. Para cada relacionamento, Deus estabeleceu os deveres e responsabilidades que devem governar esses relacionamentos. Por “autoridade” queremos dizer que esses relacionamentos, deveres e responsabilidades não são voluntários, mas são ordenados por Deus. Nesses relacionamentos, há a responsabilidade de comando ou governo e uma responsabilidade correspondente de submissão e obediência.

 

Em vista da carne naqueles sob autoridade, Deus deu “poder” àqueles em autoridade para cumprir suas responsabilidades. Deus entregou a espada nas mãos do governo para respaldar sua autoridade, enquanto aos pais Ele deu a vara. Da mesma forma, um mestre tem pelo menos o poder legal para impor sua autoridade. No entanto, o poder da assembleia é diferente do de outras autoridades. O poder da assembleia em ação coletiva é “o poder do Senhor Jesus Cristo”, sua Cabeça, que age pelo Espírito Santo de acordo com a Palavra.

 

Enquanto em todo relacionamento aquele que tem autoridade sobre outros pode falhar, devido à ignorância, falta de dependência de Deus ou atividade carnal nele, Cristo, a Cabeça da assembleia, nunca falha. Sua direção é sempre perfeita e de acordo com a mente e a vontade de Deus. Se a assembleia falhar, é sempre sua própria falha em seguir a direção da Cabeça, que lidera e age por meio do Espírito.

 

Hoje a assembleia alcançou um estado de tamanha desordem e confusão que, como um todo, não mantém mais a “unidade do Espírito” no “vinculo da paz”. Como resultado, existem dentro da casa muitos “vasos... de desonra”, e, também, há muitos que se recusam a se separar de tais vasos. Enquanto o todo está em um estado de ruína exterior e uma desonra coletiva ao nome do Senhor Jesus Cristo, Deus não deixou de lado a autoridade de até mesmo “dois ou três” reunidos em Seu nome agindo em obediência à Palavra concernente à responsabilidade de assembleia. A promessa de que o próprio Senhor estará no meio deles ainda é válida, e decisões “de ligar ou desligar” ainda podem ser tomadas em Seu nome.

 

Obediência e consciência 

A assembleia hoje deve obedecer a vontade de Deus comunicada a ela pela Palavra, e Sua vontade é dada especialmente pela doutrina dos apóstolos. Uma ação de assembleia é um ato de obediência à vontade de sua Cabeça, comunicada pela Palavra de Deus. É ter o caráter da obediência do Cristo – aquela obediência na qual a vontade de Deus é tudo e a vontade do homem não é nada.

 

Em sua operação normal, quando a obediência do Cristo está operando na alma (isto é, quando a vontade própria e a carne não estão ativas), então o Espírito Santo toma a Palavra de Deus e dá a cada indivíduo Sua mente, Sua vontade, Seu coração em determinado assunto. Isso age sobre o espírito, o coração e a consciência como uma palavra vinda do Senhor.

 

O caso do malfeitor em Corinto nos fornece instruções divinas sobre como a assembleia deve lidar com o mal em seu meio e como Deus trabalha para exercitar a consciência de cada um e fazer com que a assembleia aja em obediência. Quando Paulo escreveu pela primeira vez, os santos estavam ambos em um estado precário e ignorantes da mente de Deus. Paulo teve primeiro de repreendê-los sobre o mal no meio deles, dizendo: “Estais inchados e nem ao menos vos entristecestes”. Por uma palavra vinda do Senhor, ele ilumina suas consciências obscurecidas com a verdade de Deus.

 

Deus comunicou a Paulo o que a assembleia deve fazer em nome do Senhor e por Seu poder. Em obediência à Cabeça, eles deveriam retirar do meio deles aquela pessoa má. Como apóstolo, Paulo tinha autoridade e poder para “entregá-lo a Satanás”, mas ele sozinho não faria isso, pois a assembleia deve provar-se estar pura “neste assunto” por cada um ter sua consciência exercida pelo mal que estava no meio deles. Eles se purificam do mal agindo em obediência à Palavra do Cabeça dada ao apóstolo Paulo, e cada um se arrependendo – o malfeitor também. Quando a “massa” (o corpo em geral) assim o fez, ela retornaria praticamente ao seu estado correto como uma massa sem fermento.

 

Tirar o homem perverso do meio deles era um ato de obediência. Se o ato estava de acordo com a Palavra de Deus, o Espírito de Deus agiria sobre cada coração e consciência para se submeter e apoiar a vontade de Deus. Não é suposto quando o mal está presente que toda consciência responderia apropriadamente, pois a ação de uma consciência não pode ser separada do estado de uma alma. A princípio, as consciências de Corinto eram ignorantes. Então eles foram iluminados. Como mostrado por suas ações, o malfeitor não estava em comunhão com Deus – ele estava em um estado ruim de consciência. Além de ter uma má consciência, qualquer trabalho da vontade da carne em um santo leva à falta de vontade de se submeter à vontade do Senhor.

 

Liderança 

O apóstolo Paulo é um padrão para nós de liderança na assembleia. Ele ilustra como alguém em uma posição de autoridade ou liderança deve agir quando os membros da assembleia não estão em um estado apropriado. Ele não apenas aplica a verdade a eles, mas também a sua própria caminhada está em conformidade com a verdade e recomenda esta verdade “à consciência de todo homem, na presença de Deus” (2 Co 4:2). Ele os conduz, pelo exemplo moral, ao caminho da obediência à vontade de Deus.

 

O apóstolo Paulo também deu um exemplo correto no modo como ele usou a Palavra de Deus para trazer a consciência dos coríntios na mesma mente do Senhor e, ao mesmo tempo, reconhecer a autoridade do Senhor sobre eles. Ele escreveu aos Coríntios: “E a quem perdoardes alguma coisa também eu; porque o que eu também perdoei, se é que tenho perdoado, por amor de vós o fiz na presença de Cristo” (2 Co 2:10). Ele não usou sua própria vontade ou mesmo seu direito como apóstolo para governar suas consciências.

 

Por outro lado, quando alguém lidera com um espírito carnal, ele atrapalha muito a obra do Espírito de Deus. Embora não deixe de lado a responsabilidade da obediência à Cabeça, a ação da carne em alguém tende a agitar a carne nos outros, e o resultado pode ser confusão, discórdia e até mesmo divisão.

 

O julgamento próprio vem primeiro 

A Escritura nos exorta: “Por humildade, cada um considere os outros superiores a si mesmo” (Fp 2:3). É da maior importância que todos nós nos lembremos disso, pois somos rápidos em encontrar falhas nos outros e tardios em reconhecer falhas em nós mesmos. Vamos, em primeiro lugar, sondar nosso próprio coração e caminhos para ver nossas próprias falhas. Se formos honestos diante de Deus e estivermos dispostos a entrar em Sua presença, Ele nos mostrará, em primeiro lugar, a verdade sobre nós mesmos e, então, nos permitirá ver claramente com respeito aos outros. Somente quando estamos bem com o Senhor, podemos fazer um julgamento correto em relação ao outro. Finalmente, lembremo-nos de que a verdadeira escravidão é estar sendo escravizado por nossa própria vontade, enquanto a verdadeira liberdade consiste em ter nossa própria vontade inteiramente colocada de lado.


Adaptado dos escritos de vários autores

 

O Senhorio de Cristo 


O termo “Senhor” é um título especial de autoridade e é usado frequentemente na Palavra de Deus. Quando usado no Novo Testamento com referência aos crentes, o Senhorio é sempre aplicado ao indivíduo, pois o Senhor Jesus é Senhor para cada um de nós. Ele é a Cabeça da Igreja, mas Senhor sobre nós como indivíduos. O título direciona nossos pensamentos para Aquele a Quem devemos nossa lealdade e a Quem somos chamados a servir e obedecer. Ele também é o Senhor para aqueles que estão no mundo, embora muitos não reconheçam o Seu título. Sobre aqueles que não reconhecem isto agora, a autoridade do título será vindicada por Aquele que o possui pelo poder onipotente de Deus num dia vindouro. Contudo, Ele é especialmente apresentado agora como Senhor para aqueles que são Seus.

 

Autoridade irrestrita 

Se Jesus é Senhor para nós no tempo presente, Ele é o Senhor em toda a autoridade irrestrita que o título expressa. A reivindicação da autoridade é absoluta e deve ser satisfeita por sujeição absoluta e voluntária. Naturalmente, reconhecemos que o título de Senhor para os crentes é fundado na graça e na redenção, como aprendemos em Romanos 14 e em muitas outras Escrituras. No entanto, isso não muda o grau dessa autoridade, pois lemos: “Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor” (Rm 14:8). Nada pode ser mais absoluto do que esta linguagem, pois descreve uma autoridade que nos vincula em todos os momentos e em todos os lugares.

 

Enquanto esta autoridade é absoluta, é um deleite para o crente contemplá-la, se ele está andando com o Senhor. O crente é liberto de qualquer outro tipo de autoridade ou tirania, para estar sujeito a Ele apenas. Quando outras autoridades estão envolvidas, Sua autoridade suprema deve ser reconhecida, como, por exemplo, o relacionamento entre os pais e seus filhos: “Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais” (Ef 6:1). Este é um relacionamento que nunca será posto de lado. Em meio de “muitos deuses e muitos senhores” (1 Co 8:5) que procuram governar a mente dos homens neste mundo, é algo maravilhoso para nossa alma saber que “para nós há um só Deus, o Pai... e um só Senhor, Jesus Cristo” (1 Co 8:6).

 

Ao pensar na infinitude da graça de Deus, que não esqueçamos do título de Cristo como Senhor. Um crente pode professar muitas verdades do mais alto caráter possível e, no entanto, sua alma pode estar em falta neste ponto mais essencial – o testemunho de uma boa confissão. É a Cristo Jesus meu Senhor, pessoalmente, rejeitado no mundo e voltando em glória, que devo mostrar minha lealdade aqui no mundo. É um princípio que me liga a Ele em todos os momentos e em todas as circunstâncias. Eu devo confessar Seu nome e reivindicações primordiais onde eles têm sido rejeitados, e Seu Senhorio é o vínculo da minha comunhão aqui neste mundo com aqueles que estão separados dele pela Cruz.

 

O lado prático 

O lado prático de tudo isso é o princípio da sujeição. É isso que dá estabilidade ao meu curso através dos elementos conflitantes deste mundo e que produzirá uma conformidade prática com Cristo. Ele não nos redimiu e nos libertou para seguir nossa própria vontade. Ele disse com infinita graça: “Se guardardes os Meus mandamentos, permanecereis no Meu amor, do mesmo modo que Eu tenho guardado os mandamentos de Meu Pai e permaneço no Seu amor” (Jo 15:10). Nós somos “eleitos... em santificação do Espírito, para a obediência” (1 Pe 1:2), e assim todo o meu curso por este mundo deve ser governado pela pergunta: “Senhor, que queres que eu faça?” (At 9:6). O amor é o princípio constrangedor de toda a verdadeira ação Cristã, mas a vontade do Senhor que nos amou é tão necessária para guiar as saídas dessa afeição.

 

O princípio da sujeição ao Senhor faz com que a porção celestial do Cristão se torne tão brilhante como nunca antes, mas fornece um freio que restringe a operação da vontade própria aqui. Mais do que isso, a sujeição é o princípio que regula o relacionamento Cristão.

 

Finalmente, que percebamos que o Senhor nos deixou um exemplo perfeito de tudo isso. Tudo o que era celestial n’Ele, tudo o que se referia a isso em Sua consciência, comunhão inseparável com o Pai, tudo é contido na Sua declaração “nós dizemos o que sabemos e testificamos o que vimos” (Jo 3:11), à medida que isso é visto na Terra, era em humilde sujeição a vontade do Pai.


Adaptado de The Girdle of Truth, vol. 9

 

Conduza, Senhor, Conduza

  

Eu me curvo à Tua vontade, ó Deus!

E todos os Teus caminhos adoram,

E todos os dias que vivo, eu procuraria

Para agradar-Te cada vez mais.

 

Tua vontade será o fim, o governo abençoado,

Das labutas e lágrimas de Jesus;

Tua vontade é a paixão do Seu coração,

Aqueles trinta e três anos.

 

E Ele soprou em minha alma

Um amor especial para Ti

Um amor para perder minha vontade em Tua,

E por essa perda ser livre.

 

Quando obstáculos e provações parecem

Como serão os muros da prisão,

Faço o pouco que posso,

E deixe o resto para Ti.

 

Não me importo, ó bendito Senhor!

Pois todos os meus cuidados são Teus;

Eu vivo em triunfo também,

Pois fizeste os Teus triunfos serem meus.

 

Conduza, conduza, triunfantemente,

Ó bendito Senhor! Conduza

Os peregrinos filhos da fé atrás de Ti buscam,

A estrada que Tu percorreste.


Autor Desconhecido

 

"Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida”

1 João 5:12


 

 



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