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Revista mensal publicada originalmente em setembro/2005 pela Bible Truth Publishers
ÍNDICE
Tema da edição
J. N. Darby (trechos de seus escritos)
Adaptado de Christian Truth, Vol. 3, pág. 66
Things New and Old, vol. 1, pág. 38-39
C. H. Mackintosh
Things New and Old, vol. 1, pág. 65-69
W. J. Prost
J. N. Darby
Annie Johnson Flint
Desencorajamento e Encorajamento
As palavras “desencorajamento” [desânimo] e “encorajamento” vêm da palavra “coragem”, que o dicionário de Webster define como “força mental ou moral para se aventurar, perseverar e resistir ao perigo, medo e a dificuldade”. Nesta edição, nos concentraremos nas coisas que tendem a nos fazer perder a coragem em nossa vida Cristã e a dizer em nosso coração: “Qual é a vantagem disso?” Então, olharemos para as coisas que fortalecem nossa coragem de continuar no caminho da fé até chegarmos ao fim – com Cristo em glória.
O assunto pode ser resumido em duas declarações que aparecerão novamente mais tarde nesta edição. “Um homem verdadeiramente humilde não é desencorajado; o homem desanimado não é um homem humilde, pois ele confiou, como homem, em algo além de Deus; a verdadeira nulidade não faz isso”. “Nunca devemos ficar desanimados, porque o Senhor em Quem confiamos nunca falha, nem pode falhar”.
Já que muitos, se não todos nós, podemos dizer que sabemos o que é estar desencorajado, vamos considerar juntos a vida de Jeremias, de Paulo e, acima de tudo, a vida a de nosso Senhor Jesus – os exemplos de Deus para nós de como ser encorajados e encorajadores em vez de desencorajados e desencorajadores.
Aquele que aprendeu plenamente a promessa do Senhor: “A Minha graça te basta”, é alguém que sabe o que é viver sem ser desencorajado.
Tema da edição
Desencorajamento e Encorajamento - Causas e Curas
Nota: Cada seção foi extraída de um artigo diferente, sendo todos escritos por J. N. Darby.
Cuidados e provações
Com relação aos nossos cuidados e provações, Cristo não nos tira deles. “Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal”. Ele nos deixa no mundo e sujeitos a tudo o que pode acontecer ao homem, mas, sob a nova natureza, Ele nos ensina a confiar em Deus. Nosso pensamento muitas vezes é que (porque somos Cristãos) nos livramos das provações, ou então, se estivermos nelas, não devemos senti-las. Este não é o pensamento de Deus a nosso respeito.
Quanto mais próximo um homem, pela graça, anda com Deus, mais terno ele se torna quanto às faltas dos outros; quanto mais ele vive como um santo, mais consciente ele é da fidelidade e ternura de Deus e de como ela tem sido aplicada a si mesmo.
Não devemos esperar nunca ser exercitados, perturbados ou rejeitados, como se estivéssemos sem sentimentos. “Deram-Me fel por mantimento, e na Minha sede Me deram a beber vinagre”, O Senhor completamente sentiu tudo isso. Puseram-No a ferros. “Afrontas”, diz Ele, “Me quebrantaram o coração”. Mas há essa diferença entre Cristo em sofrimento e aflição e nós mesmos – com Ele não houve nem sequer um instante um lapso entre a provação e a comunhão com Deus. Este não é o que acontece conosco. Temos primeiro que descobrir que somos fracos e não podemos nos ajudar a nós mesmos, e então nos voltamos e olhamos para Deus.
O Senhor mantém os Seus
É um consolo saber que através de todas as coisas, o Senhor manterá os Seus. Não quero dizer que os trabalhadores e todos os santos não devam ser exercitados quanto a isso, mas que, quando veem o fracasso, eles devem recorrer a isso. Mas nós desejamos ver a eles como um jardim regado. Que gozo é quando os vemos assim! É o poder do Espírito de Deus que os torna unidos e felizes juntos, mas então Ele deve trabalhar no coração de cada um individualmente, para que assim seja, para que eles sejam “como salgueiros junto aos ribeiros das águas”. E há graça suficiente em Cristo para fazer isso. O texto tem sido muitas vezes um consolo para mim: “A Minha graça te basta”, mas então precisamos aprender, e experimentalmente, que não somos nada – todos nós sabemos que é verdade, mas andar no sentido disso é outra coisa. Isso faz distinção entre um santo e outro; somente devemos nos referir a Cristo em graça, ou podemos nos desanimar. Mas um homem que está desanimado não está realmente ali: Ele não encontra força, mas onde ele está procurando por ela? Quando realmente não somos nada, olhamos para Cristo e sabemos que Ele pode fazer tudo e, enquanto disputamos em oração por uma bênção, sabemos que Ele faz e ordena tudo. Mas isto supõe uma justa percepção da nossa própria nulidade e da bendita confiança em Deus, de modo que, conhecendo o Seu amor, podemos deixar tudo com Ele, sabendo que Ele faz tudo e que Ele tornará todas as questões em bênção de alguma maneira.
O coração de Jesus
Eu pensei que ele poderia ser desencorajado e rejeitado por esta aflição. Se for assim, que ele se lembre de que Seus caminhos não são como os nossos caminhos, e que o coração de Jesus, d’Aquele que nos feriu, passou por todas as provações pelas quais Ele nos faz passar; que Ele não pode nos fazer provar nada para o nosso bem sem antes Ele mesmo ter bebido toda a sua amargura. Ele sabe o que está fazendo; Ele sofre tudo o que Ele inflige. É o Seu amor, o Seu conhecimento de tudo que faz com que Ele faça tudo o que Ele faz. Tenhamos plena confiança n’Aquele que, como nós, foi tentado em todas as coisas.
Comunhão
Em conexão com o trabalho que você faz, busque a face do Senhor e apoie-se n’Ele. Quando o corpo não é robusto, corre-se o risco de fazer isso como uma tarefa, como uma obrigação, e o espírito se torna um pouco legalista, ou o indivíduo se cansa e fica desanimado diante de Deus. O trabalho é um favor que nos é concedido. Seja bastante pacífico e feliz na percepção da graça; então vá e derrame essa paz para as almas. Este é o verdadeiro serviço, do qual provavelmente alguém volta muito cansado em seu corpo, mas sustentado e feliz; outro descansa sob as asas de Deus e retoma o serviço até que o verdadeiro descanso venha. Nossa força é renovada como a da águia. Sempre se lembre “A Minha graça te basta, porque o Meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. Busque, acima de tudo, a comunhão pessoal com o Senhor.
A mente de Deus em comunhão
Antes de entrarmos em qualquer serviço particular, antes que qualquer coisa possa ser feita, se não tivermos a certeza de Deus nos guiando por Seus olhos, devemos buscar obtê-la, julgando nosso próprio coração quanto ao que pode estar dificultando. Suponha que eu comecei a fazer algo e me deparo com dificuldades, eu começarei a ficar incerto se esta é a mente de Deus ou não, e, portanto, haverá debilidade e desânimo. Mas, por outro lado, se agindo na inteligência da mente de Deus em comunhão, serei “mais do que vencedor”, o que quer que me encontre pelo caminho.
Castigo
Há uma classe de provações que vêm de fora: Elas não devem ser rejeitadas; elas devem ser suportadas. Cristo passou por elas. Nós não temos, como Ele, resistido até mesmo ao derramamento do nosso sangue, em vez de falhar na fidelidade e obediência. Agora Deus age nessas provações como um Pai. Ele nos castiga. Elas vêm talvez, como no caso de Jó, do inimigo, mas a mão e a sabedoria de Deus estão nelas. Ele castiga aqueles a quem ama. Não devemos, portanto, desprezar o castigo nem ser desencorajados por ele. Não devemos desprezá-lo, pois Ele não castiga sem motivo ou causa (além disso, é Deus Quem o faz), nem devemos ser desencorajados, pois Ele o faz em amor.
A carne em nós
É uma coisa séria nos manter na causa de Deus quando a carne está em nós, e Satanás dispõe do mundo para nos impedir e nos enganar. Mas não desanime, porque Deus opera em você, maior é Aquele que está em nós do que aquele que está no mundo. Você não pode estar em terríveis dificuldades a menos que tenha sido resgatado do Egito. “A Minha graça te basta”, diz Cristo. “O Meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” O segredo é a humildade de coração e a percepção de dependência e de olhar para Cristo com confiança, que nos salvou e nos chamou com uma santa vocação (ou chamado). Você sempre deve desconfiar mais de você mesmo e você sempre pode confiar mais em Deus. O verdadeiro conhecimento da redenção traz a pessoa para a paz perfeita, para a dependência verdadeira e constante do Redentor.
Diante de Deus ou do homem?
Pobre Elias! Ele teve uma lição para aprender, que nós mesmos, fracos e pobres como somos, precisamos aprender também. Quando Elias estava diante do Senhor, ele pôde, pelo poder do Senhor, parar ou trazer chuva para a Terra. Mas quando ele se colocou, não agora diante do Senhor, mas diante de Jezabel, ele estava então sem forças, e essa mulher ímpia era capaz de fazer com que ele temesse. Abatido, Elias vai para o deserto, senta-se debaixo de um zimbro e pede ao Senhor que tire sua vida (1 Rs 19:4). Quão pouco ele se lembrava do que o Senhor havia feito por ele; Quão pouco ele entrou na mente de Deus e esperava aquela carruagem de fogo que logo o levaria ao céu (2 Rs 2:11)!
Da mesma forma ocorre conosco. Estamos abatidos, desencorajados e fracos em nós mesmos, assim que deixamos de viver na fé e oração, e então não podemos dizer, como Elias em 1 Reis 18: “O SENHOR... perante cuja face estou”.
Fé
A fé que compreende a bondade de Deus e suspira pelo tempo em que o povo desfrutará de seus privilégios sempre confessa o pecado que obrigou a Deus a privar Seu povo desses privilégios por um tempo. A fé nunca se desanima, como se Deus fosse infiel; Pelo contrário, insiste em que a culpa esteja com o povo e que Deus apenas agiu fielmente ao lidar com eles. O interesse que Daniel sentia em seu povo levou-o à consideração do profeta Jeremias, e então ele suplicou ao Senhor que confirmasse essa bênção que Ele prometera a Jeremias, isto é, que Ele realizaria a libertação de Seu povo do cativeiro.
Um homem verdadeiramente humilde
A fé tem uma confiança constante e inabalável em Cristo. Eu sei o que é tristeza, mas o desânimo eu não sei. Se você está contando com sua própria força, então eu não estou surpreso com o seu desânimo, mas “Eis que não tosquenejará nem dormirá o Guarda de Israel”. Nós devemos ser humilhados – ah! Humilhado até ao pó, mas, por favor, nunca desanimado. “Um homem verdadeiramente humilde não é desencorajado; o homem desanimado não é um homem humilde, pois ele confiou, como homem, em algo além de Deus; a verdadeira nulidade não faz isso”.
Visão de Deus
É muito importante para nós vermos às vezes a Igreja do ponto de vista de cima, no deserto, mas na beleza dos pensamentos de Deus, uma pérola sem preço. No meio do acampamento embaixo, no deserto, que murmurações e reclamações. Quanta indiferença, que motivos carnais teriam sido testemunhados e ouvidos! De cima, daquele que tem a visão de Deus, que tem os olhos abertos, tudo é belo. “estou perplexo a vosso respeito”, diz o apóstolo, e logo depois, “confio de vós, no Senhor”. Temos que nos aproximar d’Ele, e teremos Seus pensamentos de graça, que veem a beleza de Seu povo, de Sua assembleia, através de todo o resto [as murmurações e reclamações], pois é belo. Mas, para isso, alguém teria que ser totalmente desencorajado ou totalmente satisfeito com o mal. Essa visão de Deus remove esses dois pensamentos ao mesmo tempo.
A ruína da Igreja
Podemos encontrar tantas necessidades, um estado tão doloroso da Igreja, que surpreende, embora eu tenha acreditado e ensinado isso em quase quarenta anos, mas isso encoraja. Nunca devemos ficar desanimados, porque o Senhor em Quem confiamos nunca falha, nem pode falhar. É apenas em 2 Timóteo, quando tudo estava em ruína e declínio, que Paulo fala para seu querido filho ser forte na fé. Nunca há um tempo tão bom para isso, porque é necessário, e o Senhor satisfaz as necessidades. Tenho a forte sensação de que tudo está se desintegrando, mas isso nos faz sentir com mais força e clareza que possuímos um reino que não pode ser abalado.
J. N. Darby (trechos de seus escritos)
O Coração de Jeremias em Um Dia de Desencorajamento
Outros profetas antes de Jeremias predisseram aonde os caminhos de desobediência e rebeldia de Israel os conduziriam, mas era o destino de Jeremias estar no barco quando ele se desfez e ficou em pedaços. Ele advertiu e alertou constantemente sobre as pedras que estavam à frente, mas Israel não deu atenção. Até o último momento, ele foi usado por Deus para pressionar suas consciências a respeito de sua triste condição, mas não teve sucesso. Mesmo depois do cativeiro, ele permaneceu para guiar o remanescente rebelde dos que ficaram na terra, apenas para experimentar a mesma obstinação e autodeterminação.
Nos dias de Elias e Eliseu, vemos a bondade de Deus para com um povo infiel, mas se perguntarmos quais foram os resultados das profecias de Jeremias, não vemos nada além de desolação e ruína, e, finalmente, o perdemos na grande confusão. Ao mesmo tempo, vemos seu serviço incessante, fidelidade incansável, enquanto restasse uma parte dos destroços à qual ele pudesse ser fiel.
O gozo do reavivamento de Josias
A Palavra do Senhor veio a Jeremias no décimo terceiro ano do reinado de Josias. Este foi um período de bênção – de reavivamento. Foi no décimo oitavo ano que a Páscoa foi celebrada, da qual se dizia: “Nunca, pois, se celebrou tal Páscoa em Israel, desde os dias do profeta Samuel”. Jeremias teria sua parte nesse gozo. Eu sempre penso no quanto influencia, no início de um Cristão, ter a sua porção nas novas provisões de Deus logo nos seus primeiros dias e por meio da energia do Seu próprio Espírito. Isso trará vantagens a tais almas, o que não é a porção comum da Igreja de Deus. Tais foram os primeiros dias de Jeremias – os dias de Josias. Ele estava embalado em bênçãos, como também ninguém havia provado em Israel desde os dias de Samuel. Ele lamentou a morte de Josias. Essas alegrias tão novas eram de curta duração. Mas há uma conexão íntima entre o gozo da comunhão e a guerra fiel. Haverá apenas um pouco de uma delas se não houver a outra.
Jeremias tinha provado dos doces rascunhos da bênção, que haviam sido tão ricamente providenciados, e, portanto, ele foi capaz de sentir a amargura daquele copo que Israel tinha que beber. O último capítulo de 2 Crônicas mostra quão proeminente ele era como profeta. Suas palavras foram desprezadas e o resultado foi o afastamento, por um período, do povo de Deus. Um dos serviços de Jeremias durante este período foi impedir a queda de Israel (se assim posso expressar meus pensamentos). Uma leitura cuidadosa mostrará quão ternamente o profeta se aplicou às necessidades do povo que agora existia, e é maravilhoso ver a compaixão de Deus exibida por ele. Jonas lamentou que o julgamento de Deus não recaísse sobre Nínive, mas as solicitudes de Jeremias eram as do terno pai que desejaria evitar a calamidade que se abate sobre um filho desobediente. Enquanto falhava em um ponto, ele ainda carrega o coração de um pai, as lágrimas de um pai, para suavizar as desgraças rebeldes daquela criança.
Quantas vezes nós, em nosso tratamento e comunhão com nossos irmãos, agimos de outra forma. Se vejo intencionalidade e desobediência, eu o alerto, conto quais as consequências, pressiono com diligência aqueles avisos; todos são ignorados, e a calamidade vem, tão ruim ou pior do que eu previa. Quão pronto está o coração para triunfar em sua própria fidelidade, e a pobre vítima de sua própria imprudência é deixada consigo mesma. Em triunfo, eu digo a ele: “Tudo é merecido”. O coração de Jeremias pôde dizer: “E, se isso não ouvirdes, a minha alma chorará em lugares ocultos, por causa da vossa soberba; e amargamente chorarão os meus olhos e se desfarão em lágrimas, porquanto o rebanho do SENHOR foi levado cativo”. Tal coração é necessário agora.
É no livro de Jeremias que temos a história daquela parte de Israel que não foi removida da Terra. O serviço de Jeremias não se encerrou mesmo quando a cidade foi tomada e o muro derrubado. O coração que é como o deste profeta é fiel a Deus e ao Seu povo e sempre terá algo para fazer. O lugar especial que ele ocupava era procurar levar o povo ao arrependimento, advertir mesmo quando ele era ignorado e os julgamentos de Deus caíam sobre eles.
Outro campo do dever
Assim que os cativos foram levados, surgiu outro campo de dever diante dele. No capítulo 42, vemos esse novo trabalho que Jeremias encontrou. A inundação destruidora havia varrido tudo aquilo que havia antigamente – os reis, os sacerdotes, os príncipes, o templo e os vasos. A glória de Israel havia partido. Quantas vezes vimos que, quando os serviços foram aparentemente renegados, o servo se retira. Quando temos trabalhado por um objeto e, de repente, encontramos tudo arrancado de nossas mãos como um vaso de boa qualidade e nosso trabalho parece ter sido em vão, então o coração desmaia e fica cansado. Nunca houve um fracasso mais completo do que o que estava diante do olho do profeta. Apenas seu coração permaneceu firme em meio a tudo isso, ele estava pronto para um novo serviço. O remanescente reunido a ele; sua confissão parece honesta; seus corações parecem verdadeiros. “Caia, agora, a nossa súplica diante de ti, e roga por nós ao SENHOR, teu Deus, por todo este resto [remanescente – ACF]; porque de muitos restamos uns poucos, como veem os teus olhos; para que o SENHOR, teu Deus, nos ensine o caminho por onde havemos de andar e aquilo que havemos de fazer” (Jr 42:2-3).
Jeremias tinha o coração humano da experiência; ele estava pronto para agir como antigamente. Ele diz: “Seja o que for que o Senhor te responder, eu te declararei”. Após dez dias, a resposta foi dada ao mesmo grupo (vs. 9-22). A inclinação do coração das pessoas foi em direção ao Egito. Há algo no Egito, com toda a sua escravidão, que o coração natural se apega. Os remanescentes, cansados das lutas pelas quais haviam passado, procuravam descansar a carne. “Quem dera que nós morrêssemos por mão do SENHOR na Terra do Egito” de vez em quando emana do coração de Israel. Há algo no Egito que atrai todos os corações, algo que a carne valoriza. Nós dizemos: “Não; antes, iremos à Terra do Egito, onde não veremos guerra, nem ouviremos som de trombeta, nem teremos fome de pão, e ali ficaremos” (Jr 42:14). O Senhor nos mantém longe deste repouso da morte! O coração decepcionado corre o risco de voltar aqui.
Quando o povo veio a Jeremias, suas palavras foram: “para que o SENHOR, teu Deus, nos ensine o caminho por onde havemos de andar e aquilo que havemos de fazer”. Deus tinha provisão para esse momento de necessidade. Nunca houve um tempo em que o Senhor não abençoasse aqueles que confiam n’Ele, nunca houve um lugar, por mais desolado ou abandonado, onde Deus não pudesse suprir Seus aflitos. Suas palavras eram, “Se de boa mente ficardes nesta terra, então, vos edificarei e não vos derribarei; e vos plantarei e não vos arrancarei, porque estou arrependido do mal que vos tenho feito. Não temais o rei da Babilônia”. “E vos farei misericórdia... e vos faça voltar à vossa terra”.
A descida para o Egito
As palavras do profeta são desprezadas e, apesar das ameaças recebidas caso retornassem ao Egito, logo descem para o Egito, mais uma vez, para lutar contra os julgamentos de Deus. Mais uma vez Jeremias se vê desprezado. Ele era incapaz de mantê-los por promessas de bênçãos ou de impedi-los de entrar no Egito por meio de ameaças de julgamento. O poder da incredulidade varreu a terra. Ela havia se estabelecido tão fortemente que, apesar das advertências, Joanã, filho de Careá e todos os capitães das forças, levou Jeremias juntamente com os demais para a terra do Egito. Mas até aqui nós o encontramos com uma palavra de Deus. Uma vez no Egito, o povo logo queimava incenso para outros deuses. Quando entrarmos em uma correnteza, isso nos levará muito além de nossas intenções. Este remanescente esperava chegar ao Egito para que eles não pudessem mais ver a guerra, nem ouvir o som da trombeta, nem sofrer fome, mas eles se contaminaram com toda a idolatria desse povo. Quantas vezes vimos a mesma coisa em princípio. Em todos os períodos da história de Israel, não encontraremos um estado mais endurecido do que aquele em que o remanescente se afundou. Veja o capítulo 44:15-19. Aqui parece que perdemos o profeta, e será que ele não pode dizer: “Debalde tenho trabalhado, inútil e vãmente gastei as minhas forças”?
Resumo
Há bênção perdida se não seguirmos na trilha da graça de Deus para o Seu povo. Para fazer isso, devemos ficar lado a lado com Jeremias. Outros tinham seus serviços na Babilônia. Deus Se lembrou dos Seus que estavam ali. Mas onde há um coração que confia n’Ele, seguindo com este profeta, aprendemos a graça inesgotável que existe em Deus, enquanto ao mesmo tempo vemos os males do coração humano se tornarem maiores e maiores à medida que essa bondade é apresentada.
Que cenas variadas este homem de Deus passou, desde que com gozo ele participou da Páscoa nos dias de Josias, até que ele viu a completa desolação que ele tão comoventemente descreve em suas Lamentações – oh por corações como o dele! “Se consumiram os meus olhos com lágrimas... por causa do quebrantamento da filha do meu povo”.
Como já observamos antes, aqueles que antes serviram a sua geração pela vontade de Deus viram em volta deles os frutos de seus trabalhos. Em nenhum deles, no entanto, vemos a mesma medida de ternura do coração. Deus reservara Jeremias para o seu dia e lhe dera o coração por seu trabalho – um coração penosamente provado, mas que podia chorar pelas aflições de Israel. Este profeta foi a expressão do coração de Deus para com Israel também. “Como te deixaria, ó Efraim?” era a linguagem de Jeová, e Seu profeta estava lá como a prova da graça de Deus.
Ao olhar para trás na história da Igreja de Deus, vemos um constante aumento de um após o outro para intervir e assim atender às necessidades da Igreja. O Espírito de Deus age de acordo com Seu perfeito conhecimento das necessidades presentes. Às vezes, os instrumentos não marcados pela exatidão do conhecimento ou mesmo pela pureza da caminhada (quando julgados pela Palavra quanto às suas associações) têm sido muito usados por Deus. Nos últimos dias da Cristandade, eu não duvido que, por mais generosa que seja a mão de Deus em dar corações como os de Jeremias para satisfazer as necessidades de Seus santos, a apostasia será tão tenebrosa que o trabalho nela, mesmo dos que tem os caráteres mais dedicados, dificilmente deixará um traço de si mesmo. Quanto mais nos aproximamos do fim, haverá, por um lado, a dureza do serviço e, por outro lado, a falta de proveito dele para o olho humano. Mas “não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido” (Gl 6:9).
Adaptado de Christian Truth, Vol. 3, p. 66
Jesus, Jó e Jeremias
Desencorajamento ou paz?
O Espírito de Deus nos forneceu um contraste muito marcante e edificante entre Jó e Jeremias enquanto passavam por suas circunstâncias difíceis, e com o Senhor Jesus quando passou pelas Suas.
“Abriu Jó a boca e amaldiçoou o seu dia” (Jó 3:1). Suspirou por um descanso, mas procurou o descanso entre as sombras da morte e na escuridão do túmulo. Triste descanso! Com o profeta Jeremias vemos a mesma coisa (Jr 20:14-18). Estes dois amados e honrados santos de Deus, quando subjugados pela pressão externa, perderam por um momento a condição bem equilibrada de alma que a fé genuína sempre transmite.
Agora, o bendito Mestre está diante de nós como um glorioso contraste a eles em Mateus 11. Esse capítulo registra várias circunstâncias que eram inteiramente contra Ele. Ter sido preso por Herodes parece ter abalado a confiança de João Batista. Os homens daquela geração haviam recusado o duplo testemunho de justiça e graça que trazia o ministério de João e do próprio Cristo. Corazim, Betsaida e Cafarnaum permaneceram impenitentes em vista de Suas “obras poderosas”. E agora? O Mestre adotou a mesma linguagem de Seus servos Jó e Jeremias? De modo algum! Sua vontade estava perfeitamente combinada com a de Seu Pai e, portanto, “Naquele tempo [que parecia que tudo estava contrário a Ele], respondendo Jesus, disse: Graças Te dou, ó Pai... Sim, ó Pai, porque assim Te aprouve”. Aqui foi onde Jesus encontrou descanso. E então Ele convida “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei”. Ele não aponta para a sepultura como sendo o nosso lugar de descanso, mas Ele graciosamente Se abaixa e nos convida a compartilhar de Seu jugo com Ele – para bebermos de Seu “manso e humilde” Espírito – para carregarmos uma vontade mortificada – a ir ao encontro com as mais tenebrosos cenários e circunstâncias com um “Graças Te dou”, e um “assim Te aprouve”. Isto sim é o “descanso” divino. É o descanso em vida e não na morte – descanso em Cristo e não na sepultura.
Você já viu a si mesmo desejando a sepultura, como forma de alívio das pressões? Se sim, veja as Escrituras acima. Pense nelas, ore sobre elas e procure encontrar o seu descanso onde Jesus encontrou o Seu, não tendo uma vontade própria.
Muitas vezes pensamos que uma mudança de circunstâncias nos faria sermos felizes. Nós imaginamos: “Se esta provação fosse removida, ou se este problema e deficiência que tenho fossem superados, eu estaria bem”. Que nos lembremos, quando tentados a pensar assim, de que o que queremos não é uma mudança de circunstâncias, mas a vitória sobre o ‘EU’. Que o bom Senhor nos dê essa vitória, e então desfrutaremos da paz.
Things New and Old, vol. 1, pág. 38-39
Por Meio do Incentivo das Escrituras
Estamos em tristeza? O pobre coração está em luto, esmagado e desolado? O que pode acalmar e nos confortar como as amenas palavras que o Espírito Santo nos escreveu? Uma sentença da Santa Escritura pode fazer mais, em termos de conforto e consolação, do que todas as cartas de condolências que já foram escritas por uma mão humana. Estamos desanimados, desencorajados e abatidos? A Palavra de Deus nos encontra com suas brilhantes e comoventes garantias. Somos pressionados pela pobreza extrema? O Espírito Santo traz para nosso coração Aquele que é “o Possuidor dos céus e da Terra” e que, em Sua infinita graça, disse que “segundo as Suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus”. Estamos perplexos e assediados pelas opiniões conflitantes dos homens? Algumas frases da Santa Escritura derramarão uma inundação de luz divina sobre o coração e a consciência, e nos estabelecerão em perfeito descanso, respondendo a todas as questões, resolvendo todas as dificuldades, removendo toda dúvida, afugentando cada nuvem, nos dando a conhecer a mente de Deus, pondo fim às opiniões conflitantes da única autoridade divinamente competente. Que precioso tesouro possuímos na Palavra de Deus!
C. H. Mackintosh
Esteja Encorajado
O Senhor Se deleita em nós
“E caminharam, e vieram a Moisés, e a Arão, e a toda a congregação dos filhos de Israel... E contaram-lhe e disseram: Fomos à terra a que nos enviaste; e, verdadeiramente, mana leite e mel, e este é o fruto. O povo, porém, que habita nessa terra é poderoso, e as cidades, fortes e mui grandes... Se o SENHOR Se agradar de nós, então, nos porá nesta terra e no-la dará” (Nm 13:26-28; 14:8).
O Senhor não esconde de nós as dificuldades que estão no caminho, mas antes nos pede para calcular o custo. Nossos olhos, por um lado, são propensos a focar nas dificuldades e esquecer das bênçãos, ou, por outro, ver apenas as bênçãos e ser cego para as dificuldades, mas Deus quer que vejamos as duas coisas. Os espias deveriam contar de ambos os lados. Se não o tivessem feito, não teriam declarado a verdade. Deviam contar dos gigantes e das cidades muradas, assim como das frutas, do leite e do mel. Eles carregavam um cacho de uvas, tão grande que precisavam dois para carregá-lo (uma magnífica exibição de bênção e abundância), mas não foi recebido como um contrapeso; não aliviou o espírito do povo da dificuldade de tomar posse da terra. Eles estão em perigo e desanimados. Não há dúvida de tudo o que eles teriam que passar para tomar posse, e em certo sentido, é certo que eles deveriam estar vivos para isso. Certo, até onde está consciente do perigo, mas sua incredulidade veio, e ali estava o seu pecado.
Dois homens acalmaram o povo; alguns desencorajaram, mas dois foram suficientes para estabelecer a verdade. Eles foram bem capazes de subir. Mas por quê? Que comunicação deveria ter fortalecido seus corações? O que nos fortalecerá e nos dará a confiança de que podemos sentir que somos capazes de obter a posse da terra na prática? Todas as bênçãos estão depositadas para nós nos lugares celestiais, mas como vamos vencer as cidades fortes e muradas? Calebe diz: “e o SENHOR Se agradar [ou “tem deleite em” – KJV] de nós”.
Essa é toda a questão; não se a terra é boa ou ruim, mas se o Senhor Se agrada neles ou não. Amados, a verdade é que o Senhor Se deleita em nós. É nisso que nossa alma deve permanecer, pois nossas bênçãos e nossos livramentos dependem disso. Posso dizer que não sei por que Ele Se deleita em mim, mas Calebe também poderia ter dito o mesmo. Havia poder em Sua palavra, “e o SENHOR Se deleita em nós”, mas quanto muito maior há naquilo que temos a dizer: “O Senhor nos provou que Ele Se agrada em nós”.
“Se Ele assim diz, Eu não tenho deleite em ti”
Em 2 Samuel 15:25-26, ocorre um notável exemplo de como a alma se apega a esse pensamento quando está sob severa disciplina, porque esse é o tempo, acima de todos os outros, quando a natureza diria: “Agora Ele não Se agrada mais em mim”. A espada estava caindo sobre Davi da maneira mais dolorosa; ele é despojado de tudo o que pertenceu ao seu estado poderoso; ele está caminhando para suportar o julgamento e a retribuição por um mal declarado. “Tudo o que o homem semear, isso também ceifará”. Sua restauração depende inteiramente do favor do Senhor. Suas palavras são: “Se, porém, disser assim: Não tenho prazer em ti”. Todo o seu futuro repousava sobre a questão de se Deus Se agradava ou não nele, e assim, quando recontava as misericórdias do Senhor (2 Sm 22:20), Davi podia dizer: “E tirou-me para o largo e arrebatou-me dali, porque tinha prazer em mim”. E se isso pudesse sustentar o coração de Davi, quanto mais deveria sustentar o nosso, a quem a verdade é dada de maneira tão diferente, pois conosco o favor do Senhor não está em terreno condicional, mas em firme segurança – Seu trato conosco é todo o resultado de Seu agrado por nós. A rainha de Sabá disse a Salomão: “O Senhor... Se agradou em ti” (2 Cr 9: 8). Isso era dar-Lhe glória.
Se sua alma está andando por um caminho escuro e solitário de disciplina, o que irá dar suporte a você? “O Senhor Se agradou em ti”. Se você irá herdar a glória, sim, tudo o que o coração pode desejar, é porque o Senhor Se deleita em você. Foi o próprio gozo do Senhor neste assunto. Ele é “que é riquíssimo em misericórdia, pelo Seu muito amor com que nos amou”. Sua misericórdia é o resultado de Seu amor, e não a causa disso.
“Retenhamos firmes a [nossa] confissão”, não por causa do que está lá, mas porque o Filho de Deus está lá. Ele não pode descer para trabalhar de novo aqui, mas Ele pode e eleva o santo e o livra das dificuldades com as quais ele está cercado. Calebe disse: “[Ele] nos porá nesta terra”, e muito mais seguramente podemos dizer isso, apesar de todos os desencorajamentos. Não há nada que possa realmente estabelecer o coração como isso. “O Senhor Se agrada em mim”. Que confiança! Que calma nos dá! Era a lâmpada constante que iluminava o caminho sombrio de Davi, e era a base do seu cântico de louvor quando ele foi libertado de seus inimigos. Então, enquanto caminhamos para a realização de nossas posses, podemos dizer: “Vá em frente, pois Ele certamente nos porá nesta terra”. Ele nos mostrará a insensatez de nosso corrupto coração, mas, ao mesmo tempo, os sustentará através do problema com a certeza de que Ele Se agrada em nós.
Things New and Old, vol. 1, pág. 65-69
Paulo, o Encorajador
Na edição de fevereiro vimos Paulo como o homem representante desta dispensação, relativamente a sua pessoa, seu ministério e seu modo de vida. Vamos olhar novamente para Paulo, mas desta vez para suas circunstâncias difíceis. Talvez em mais de uma esfera, seu modo de responder a elas nos dá um padrão.
Paulo sofreu adversidades de duas maneiras, de um mundo impiedoso e pela condição das coisas na Igreja. Sua vida era de alguém sofredor, ainda assim, triunfante ao invés de sucumbir aos desencorajamentos. Primeiramente vamos considerar seus sofrimentos vindos deste mundo impiedoso.
Sofrendo por causa do mundo, mas não desanimado
A primeira viagem missionária de Paulo foi caracterizada por rejeição e sofrimento, incluindo o incidente em Listra, onde ele foi apedrejado e abandonado para morrer. Mais tarde, em sua segunda viagem missionária com Silas, ele foi espancado e aprisionado em Filipos. Nesta mesma jornada, sua vida foi ameaçada em Éfeso e, mais tarde, ao relatar alguns de seus sofrimentos em 2 Coríntios 11, ele se refere a muitas ocasiões de perseguição que não foram registradas na Escritura. Referindo-se mais tarde ao incidente em Éfeso, ele diz: “fomos sobremaneira agravados mais do que podíamos suportar, de modo tal que até da vida desesperamos” (2 Co 1:8). Por causa de tudo isso, ele podia muito bem ter ficado desanimado. No entanto, ele constantemente diz a seus irmãos para não desmaiar ou desanimar. Em 2 Coríntios 4, ele dá aos crentes duas razões para não desmaiar.
Primeiro, ele aponta para nossos privilégios em Cristo – como somos capazes de “de cara descoberta” contemplar “a glória do Senhor”. Como resultado, somos transformados a mesma imagem “de glória em glória”. Se existem dificuldades na vida Cristã, não são tanto as provações que têm o potencial de nos desencorajar, mas a maneira como vamos de encontro a elas. Se o vaso de barro (nosso eu natural) deve ser quebrado para que a luz resplandeça melhor, é somente para que possamos ter mais da glória de Cristo refletida em nós. O vaso pode estar abatido, perturbado e perseguido, mas as provações não podem tocar a fonte de nossa vida e energia em Cristo pelo poder do Espírito de Deus.
Em segundo lugar, Paulo aponta para o final da caminhada, nos lembrando de que seremos ressuscitados por Jesus e apresentados diante d’Ele. Não apenas isso, mas o que ele chama de nossa “leve tribulação” trabalha para nós “um peso eterno de glória mui excelente”. O que é visto é temporal, mas o que não é visto é eterno.
Em vista disso, que desculpa tem o crente para estar desencorajado? Todo desencorajamento, em última análise, vem da nossa espera de algo do homem, e não receber o que esperamos. Podemos até chegar ao ponto de ficar desanimados porque esperamos que o Senhor faça algo que Ele não faz. Podemos estar sobrecarregados, abatidos, perturbados e até deprimidos, mas não desanimados. A depressão pode resultar do fato de o Cristão ser empurrado para além de seus limites pelas circunstâncias, mas o homem interior, tendo seus olhos em Cristo, encontra força para prosseguir e não desmaiar. Se o vaso (o próprio crente) é quebrado, o tesouro (a revelação da glória de Deus na face de Jesus Cristo) brilha mais intensamente.
Sentindo a condição da Igreja, mas não desanimado
Paulo também sofreu muito por causa da condição da Igreja. Em seus dias, como no nosso, sem dúvida muitos queridos crentes estavam contentes em saber apenas que foram salvos do juízo vindouro, mas Paulo queria mais do que isso. Ele queria apresentar “todo homem perfeito em Jesus Cristo” (Cl 1:28)!
Assim Paulo sentiu intensamente a condição dos santos. Ele pôde dizer: “Quem enfraquece, que eu também não enfraqueça? Quem se escandaliza, que eu não me abrase?” (2 Co 11:29). Ele trabalhou arduamente para corrigir o que estava afetando negativamente o crescimento espiritual deles, seja em má doutrina ou más práticas. Em tudo isso, ele foi muitas vezes incompreendido e até falsamente acusado.
Em Corinto alguns estavam desconsiderando o amado apóstolo e seu ofício, fazendo uma ofensa sobre sua presença corpórea e em seu discurso (2 Co 10:10). Eles queriam influência e procuravam assumir a sua obra. Infelizmente, muitos estavam prontos para seguir a esses homens. Ao responder a isso, ele é compelido a dar conta de seus sofrimentos por Cristo, mostrando que o verdadeiro ministro de Cristo deve estar preparado para sofrer por Ele.
Ministério rejeitado, mas não desencorajado
Mas o golpe final vem no final de sua vida. Seu zelo por sua própria nação resultou em ser preso e enviado para Roma. Depois de passar dois anos em Roma em “sua própria habitação que alugara” (At 28:30), ele provavelmente foi liberto por um curto período de tempo. Então ele foi preso novamente e colocado na prisão.
No momento em que ele escreveu a segunda epístola a Timóteo, ele teve que dizer sobre aqueles entre os quais ele havia trabalhado: “Bem sabes isto: que os que estão na Ásia todos se apartaram de mim” (2 Tm 1:15). Sem dúvida, eles ainda estavam ligados à fé Cristã, mas evidentemente se afastaram do ministério de Paulo quanto ao chamado celestial da Igreja. Ele viu o fruto de seus muitos anos de trabalho gradualmente evaporando enquanto estava na prisão, incapaz de viajar e ajudar na situação. Nós dificilmente podemos pensar em uma situação potencialmente mais desanimadora para um servo do Senhor!
Paulo, o encorajador
Mas Paulo estava desanimado? Não! Ele poderia dizer a Timóteo: “Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus” (2 Tm 2:1), e mais tarde ele pôde dizer: “Permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado” (2 Tm 3:14). Ele havia feito um depósito ao Senhor e poderia encorajar Timóteo a guardar também o “bom depósito” (2 Tm 1:14) a ele confiado. Ele advertiria Timóteo (e finalmente a nós também!) dos perigos que viriam nos últimos dias, mas em nenhum lugar existe pensamento de desânimo.
Suas circunstâncias também não eram evidentemente as mais confortáveis, pois ele suportou as dificuldades de uma verdadeira prisão. Ele pediu a Timóteo que levasse consigo “a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo” (2 Tm 4:13).
Além disso, ele teve que relatar que “na minha primeira defesa; antes, todos me desampararam” (2 Tm 4:16). Outros crentes o abandonaram quando ele mais precisava deles. Mas, novamente, como seu Mestre, o pensamento de Paulo era para eles, não para si mesmo, e seu único comentário foi: “Que isto lhes não seja imputado” (2 Tm 4:16).
Embora o Senhor Jesus seja nosso único Exemplo perfeito, com certeza essas coisas são registradas por Paulo como um homem representativo para essa dispensação, a fim de que aprendamos a enfrentar o possível desencorajamento no caminho Cristão. Em vez de ser desencorajado por dificuldades no mundo ou entre nossos irmãos, que possamos ser encorajados da mesma maneira que Paulo era!
W. J. Prost
É Deus
Você diz: Esta ou aquela provação é suficiente para me desencorajar? Mas não; é Deus Quem está trazendo você para isto e Deus está com você nesta situação, lidando com você em graça, de acordo com o lugar em que Ele o trouxe.
J. N. Darby
Ele Dá Maior Graça
Ele dá mais graça quando os fardos aumentam;
Ele envia mais força quando os trabalhos aumentam;
À aflição adicional Ele acrescenta Suas misericórdias;
Para múltiplas provações, Sua paz é multiplicada.
Quando tivermos esgotado nosso estoque de resistência,
Quando nossa força falhar antes que o dia termine,
Quando chegarmos ao fim dos nossos recursos acumulados,
A completa provisão de nosso Pai apenas começou.
Seu amor não tem limite, Sua graça não tem medida,
Seu poder sem fronteiras não é conhecido pelos homens;
Pois de Suas infinitas riquezas em Jesus
Ele dá e dá e dá novamente.
Annie Johnson Flint
“Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor”
1 Coríntios 15:58
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