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Daniel (Fevereiro de 2011)

Atualizado: há 6 dias

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Revista mensal publicada originalmente em fevereiro/2011 pela Bible Truth Publishers

ÍNDICE


          Tema da edição

          W. T. P. Wolston (adaptado)

          W. J. Prost

          D. C. Buchanan

         E. Dennett (adaptado)

          W. T. Turpin (adaptado)

          P. Bliss

Daniel 


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À medida que envelhecemos, ansiamos por ver outra geração se unir ao desejo de seguir de todo o coração o Senhor. Ao mesmo tempo, podemos lamentar nossas próprias falhas que trouxeram a mão governamental de Deus sobre nossa vida individual e coletiva e que trouxeram circunstâncias que tendem a desencorajar. Agradecemos a Deus por Daniel, que, apesar da triste condição das coisas e do necessário governo de Deus, propôs em seu coração obedecer ao Senhor, independentemente das circunstâncias ou das consequências.

 

Agradecemos a Deus pelos jovens da Bíblia, como José, Daniel, Timóteo e Samuel, que estão diante de nós e de nossos jovens como exemplos brilhantes da promessa de Deus a todas as gerações: “aos que Me honram honrarei” (1 Sm 2:30). No entanto, nos preocupa ver o estado do homem e sua família a quem essas palavras foram ditas. Para Eli, o Senhor disse: “Portanto, diz o SENHOR Deus de Israel: Na verdade tinha falado Eu que a tua casa e a casa de teu pai andariam diante de Mim perpetuamente; porém agora diz o SENHOR: Longe de Mim tal coisa, porque aos que Me honram honrarei, porém os que Me desprezam serão desprezados [envilecidos – ARC].

 

Ao lermos esta edição, que a vida de Daniel nos incentive, jovens ou velhos, a andar diante de Deus e deste mundo como Seus filhos e filhas amados e a viver para a honra de Seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo.

 

Tema da edição

 Dedicação em Dias Difíceis

 

Eu gostaria de considerar Daniel, não como um profeta, mas como um santo e um servo de Deus. Nele, vemos destacados os aspectos morais que devem sempre marcar o servo em um dia de ruína e confusão entre o povo de Deus. Ao vermos a ruína exterior da Igreja, muitos corações têm dito: “Eu desisto”. Mas podemos ser um Daniel neste dia de confusão e ruína, se apenas tivermos fé e propósito como o dele. Dez pontos me impressionam na história de Daniel.

 

1 - Um homem separado 

Nada poderia exceder a ruína nos dias de Daniel. O povo de Deus estava em cativeiro. O templo foi destruído e seus vasos levados para a Babilônia. Daniel e seus amigos eram cativos do rei Nabucodonosor, um monarca ímpio, que não se importava com Deus ou com o Seu povo. Eles tiveram que passar por um treinamento por três anos no colégio da Babilônia, com todos os arredores da idolatria, e estar sujeitos à imensa tentação de desistir de sua fé e de seu nazireado.

 

Foi aqui que Daniel tomou sua primeira posição. “E Daniel propôs no seu coração não se contaminar com a porção das iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; portanto pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não se contaminar” (Dn 1:8). Em linguagem clara, ele era um homem separado.

 

Tendo recusado a porção do rei, Daniel escolhe, e é permitido, comer legumes e água. Sua ação encoraja seus companheiros a se juntarem a ele, e descobrimos que Deus os abençoa. “Quanto a estes quatro jovens, Deus lhes deu o conhecimento e a inteligência em todas as letras, e sabedoria; mas a Daniel deu entendimento em toda a visão e sonhos” (Dn 1:17). A educação deles vinha de Deus.

 

2 - Um homem iluminado 

“E ao fim dos dias, em que o rei tinha falado que os trouxessem, o chefe dos eunucos os trouxe diante de Nabucodonosor. E o rei falou com eles; e entre todos eles não foram achados outros tais como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; portanto ficaram assistindo diante do rei. E em toda a matéria de sabedoria e de discernimento, sobre o que o rei lhes perguntou, os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos astrólogos que havia em todo o seu reino” (Dn 1:18-20). Chegou o dia do exame e esses quatro jovens apareceram no topo da classe.

 

O lugar que esses alunos cativos conseguem é um grande incentivo. Um santo dedicado, em longo prazo, é dez vezes melhor que o homem mundano mais instruído, porque tem luz de Deus.

 

3 - Um homem de oração 

Quando chegamos ao segundo capítulo, encontramos Daniel em dificuldades. O rei perguntou a coisa mais absurda: Ele chamou seus sábios para recordar e interpretar um sonho. Todos os sábios seriam exterminados se não pudessem declarar o sonho. A menos que eles pudessem satisfazer essa dificuldade, não havia nada para eles além da espada. Mas encontramos uma coisa muito agradável; Daniel vai ao rei pedindo por tempo e a Deus pedindo por luz. Daniel reuniu seus irmãos e eles tiveram uma reunião de oração. Existem dificuldades no seu caminho? Faça uma reunião de oração. Ele conta a seus irmãos a dificuldade, e eles oram.

 

Qual é o resultado? “Então foi revelado o mistério a Daniel numa visão de noite; então Daniel louvou o Deus do céu” (Dn 2:19). Qual é a próxima coisa? Vemos uma ordem bonita em sua alma.

 

4 - Um homem de louvor 

Ele tem uma reunião de adoração a seguir; Ele bendiz a Deus. “Falou Daniel, dizendo: Seja bendito o nome de Deus de eternidade a eternidade, porque d’Ele são a sabedoria e a força; E Ele muda os tempos e as estações; Ele remove os reis e estabelece os reis; Ele dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos entendidos. Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com Ele mora a luz. Ó Deus de meus pais, eu Te dou graças e Te louvo, porque me deste sabedoria e força; e agora me fizeste saber o que Te pedimos, porque nos fizeste saber este assunto do rei” (Dn 2:20-23). Ele procurou a comunhão de seus irmãos no assunto de oração e, em seus agradecimentos a Deus, envolve seus irmãos. Ele tem uma profunda percepção em sua alma da bem-aventurança de ter a ver com Deus.

 

5 - Um homem próspero 

“Então o rei engrandeceu a Daniel, e lhe deu muitas e grandes dádivas, e o pós por governador de toda a província de Babilônia, como também o fez chefe dos governadores sobre todos os sábios de Babilônia. E pediu Daniel ao rei, e constituiu ele sobre os negócios da província de Babilônia a Sadraque, Mesaque e Abednego; mas Daniel permaneceu na porta do rei” (Dn 2:48-49). Recompensado e exaltado, ele não esquece aqueles que estavam na reunião de oração. Tudo é compartilhado com eles.

 

Somos chamados a desfrutar das coisas de Deus, e compartilhar essas coisas com outras pessoas é de imensa importância. Nós somos apenas vasos, e Deus coloca a luz em nós; portanto, seja o evangelho ou a verdade relacionada à Igreja, somos responsáveis por divulgá-la e transmiti-la.

 

6 - Um homem fiel 

Os capítulos 5 e 6 se juntam para ilustrar esse ponto. No capítulo 5, ele é levado diante do rei Belsazar, e é realmente fiel, ao anunciar-lhe sua destruição. Não estou falando agora de Daniel como profeta, mas como santo. Ele é um homem destemido e fiel; ele é dependente somente do Senhor. Ele recebe tudo do Senhor para si mesmo e tem algo para todos os outros.

 

7 - Um homem odiado 

A fidelidade, a confiabilidade e a consequente promoção de Daniel o levaram a ser odiado. A raiz do ódio contra Daniel foi sua promoção cada vez maior pelos sucessivos monarcas a quem ele serviu tão fielmente. Ele não era apenas um homem de excelente espírito, mas um homem de retidão e integridade moral. “Então os presidentes e os príncipes procuravam achar ocasião contra Daniel a respeito do reino; mas não podiam achar ocasião ou culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum erro nem culpa” (Dn 6:4). Que caráter admirável! Oh, como é parecido com Cristo! “Não acho culpa alguma Neste Homem” foi dito a respeito do bendito Senhor, e aqui está Seu servo moralmente como Ele.

 

Frustrados em seu esforço para rebaixá-lo em questões relacionadas ao reino, seus inimigos seguem outro caminho, e o rei Dario é enganado para assinar um decreto proibindo a oração a qualquer pessoa que não fosse ele mesmo. Que efeito esse edito teve sobre Daniel? Absolutamente nenhum! Ele não altera seu curso, mas confia em Deus.

 

8 - Um homem preservado 

“Daniel, pois, quando soube que o edito estava assinado, entrou em sua casa (ora havia no seu quarto janelas abertas do lado de Jerusalém), e três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças diante do seu Deus, como também antes costumava fazer. Então aqueles homens foram juntos, e acharam a Daniel orando e suplicando diante do seu Deus” (Dn 6:10-11). A ação de Daniel foi baseada na Palavra de Deus, que dizia que se Seu povo estivesse em cativeiro, eles deveriam orar a Ele e olhar em direção a Sua casa. Como resultado, ele é lançado na cova dos leões. Mas o homem devotado é o homem libertado, e “nenhum dano se achou nele, porque crera no seu Deus” (Dn 6:23).

 

9 - Um homem identificado com o povo de Deus 

O capítulo 9 nos mostra Daniel novamente em oração e profunda humilhação diante de Deus por causa dos pecados e transgressões de Seu povo. Nada poderia exceder a beleza moral desta oração. Quem é mais limpo dos pecados confessados é aquele que os confessa com mais realidade diante de Deus. Ele confessa como seus os pecados de todo o Israel, e enquanto fala em oração, ele é visitado por Gabriel e docemente instruído quanto à restauração completa de Israel (veja Dn 9:21-27). Ele realmente come a oferta pelo pecado diante de Deus.

 

10 - Um homem muito amado 

Em Daniel 10, ele recebe uma maravilhosa revelação do Senhor. “E eis que certa mão me tocou, e fez com que me movesse sobre os meus joelhos e sobre as palmas das minhas mãos. E me disse: Daniel, homem muito amado, entende as palavras que vou te dizer, e levanta-te sobre os teus pés, porque a ti sou enviado” (Dn 10:10-11 – ARA). Quão perto o Senhor chega a ele, como Ele lhe diz: “Daniel, homem muito amado”! Ele entrou no sentido de quão profundamente o Senhor o amava. O sentido do amor de Deus é profunda alegria para a alma.

 

Que o Senhor nos conceda ânimo, ao vermos como Deus preservou esse homem que era devotado e separado, e como Deus o instruiu, usou e consolou.

 

W. T. P. Wolston (adaptado)

 Fidelidade em Circunstâncias Mutáveis

 

Dificilmente podemos conceber uma reviravolta maior na vida de jovens do que aquela que Daniel e seus companheiros experimentaram. Embora, sem dúvida, eles mesmos fossem fiéis ao Senhor, estavam destinados a viver no dia em que o pecado de Israel havia chegado ao máximo. Tendo sido surdo a todas as repetidas súplicas de Deus por meio de Seus profetas, Israel não podia mais ser reconhecido como Seu povo de maneira exterior. Eles foram levados cativos para a Babilônia, e um rei estrangeiro agora dominava sobre eles. A maior parte da riqueza foi tomada também. Mais do que isso, como resultado da traição do rei fantoche e da quebra de um juramento feito em nome de Jeová, Nabucodonosor finalmente destruiu Jerusalém. O templo também foi destruído, assim como muitas das casas, e o muro foi derrubado. Toda a estrutura exterior do Judaísmo foi destruída e a glória visível partiu de Israel.

 

Daniel e seus amigos, quando jovens, foram levados para a Babilônia, provavelmente privados da capacidade de gerar filhos, receberam novos nomes, aprenderam um novo idioma e adotaram uma nova cultura, e depois foram pressionados a servirem o rei estrangeiro que agora governava sobre eles. É verdade que eles foram enviados para a melhor escola, receberam boa alimentação e, sem dúvida, foram tratados razoavelmente bem, já que eram cativos. No entanto, tudo o que eles prezavam – lares, entes queridos, associações, para não falar da adoração exterior a Deus – foi violentamente tirado deles.

 

Novos desafios 

Em seu novo ambiente, eles eram constantemente confrontados com novos desafios e ataques, sendo que qualquer um desses poderia ter abalado sua fé e propósito. Antes de tudo, eles tiveram que escolher entre comer a comida do rei contrária à lei de Moisés ou enfrentar as consequências. Mais tarde, o rei pediu aos seus sábios não apenas para interpretar um sonho, mas para lhe contar o próprio sonho – um pedido inacreditável. Daniel e seus amigos, como parte dessa companhia, enfrentariam a morte certa se não pudessem atender a esse pedido. Em outra ocasião, Sadraque, Mesaque e Abednego tiveram que decidir se deveriam obedecer à ordem do rei de adorar um ídolo ou enfrentar a morte. Tudo isso testou severamente a fé deles.

 

No caso de Daniel, os julgamentos não terminaram quando ele ficou velho. Ele foi chamado para pronunciar o julgamento de Deus sobre o rei Belsazar quando ele devia ter mais de oitenta anos de idade. Então Dario, o vitorioso rei medo-persa, o chamou para assumir um papel de liderança em seu governo. Sua confiabilidade e alta posição resultaram em uma conspiração contra ele, e mais uma vez ele teve que decidir se seria fiel ao Senhor ou se enfrentaria uma possível morte na cova dos leões. No entanto, o Senhor o libertou de tudo e deu-lhe profecias maravilhosas sobre a bênção final de Israel.

 

Incentivo para hoje 

Certamente tudo isso é um incentivo real para nós hoje. Também vivemos um dia de ruína exterior e, embora Deus tenha tido o prazer de dar um reavivamento mais misericordioso da verdade da Igreja há menos de duzentos anos atrás, ainda assim, à medida que a vinda do Senhor se aproxima, encontramos um declínio contínuo, não somente no mundo, mas também entre o povo de Deus. Como resultado disso, também podemos repentinamente enfrentar a desintegração daquilo que pensávamos ser estável. Quando Deus e Suas reivindicações são abandonados, o mundo parece estar girando fora de controle. O colapso moral nos últimos cinquenta anos não foi nada menos que precipitado e não mostra sinais de diminuir. A instabilidade nos governos e outras instituições, combinada com forças econômicas que o homem é incapaz de controlar, ameaça inviabilizar tudo o que antes era considerado seguro. Acrescente severas mudanças climáticas a tudo isso, e não é de admirar que o coração dos homens “desmaiarão de terror”, como a Escritura prediz.

 

No reino espiritual, as coisas não estão melhores. Os furiosos ataques de Satanás provocaram os “tempos trabalhosos” preditos em 2 Timóteo 3, e más doutrinas e práticas erradas são muito evidentes na grande casa da Cristandade. No meio dessa desordem entre os que professam a Cristo, estamos encontrando um cumprimento parcial da palavra proferida pelo Senhor Jesus: “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos se esfriará” (Mt 24:12). Problemas de vários tipos parecem suceder uns aos outros e, tão logo um é resolvido, outro se desenvolve.

 

Um farol a seguir 

O exemplo de Daniel, no entanto, brilha como um farol para seguirmos. Ele também teve que ver a ruptura de tudo o que lhe era precioso, mas ele e seus amigos permaneceram fiéis ao Senhor na Babilônia. Não apenas eles se recusaram a desobedecer aos mandamentos do Senhor, conforme estipulados na lei, mas evidentemente assumiram o voto de nazireado, a fim de serem completamente dedicados ao Senhor. Isso fica claro por sua recusa em beber o vinho do rei, bem como em não comer a comida que ele forneceu. A comida fornecida a eles poderia muito bem conter o que era proibido pela lei, mas não havia proibição de beber vinho, a menos que alguém fizesse o voto de um nazireu. Em tudo isso, eles se submeteram totalmente às circunstâncias em que o Senhor os havia colocado, confiando n’Ele para terem força para serem fiéis. As provações nunca pareciam terminar, e mesmo na velhice, Daniel foi testado quanto à sua fidelidade e confiança no Senhor.

 

Em todas essas experiências, Daniel e seus amigos poderiam ter cedido, desculpando-se pelo fato de que, como tudo estava perdido para Israel exteriormente, dificilmente se poderia esperar que eles continuassem como poucos fiéis em uma terra estrangeira. No entanto, Deus não apenas os sustentou, mas os recompensou, mesmo neste mundo. Certamente, o Senhor é o mesmo hoje, e Ele não apenas nos dará forças para honrá-Lo em um dia de abandono, mas também nos recompensará. Não buscamos a recompensa presente, mas esperamos pelo tribunal de Cristo. No entanto, a palavra que foi dita em 1 Samuel 2:30 permanece verdadeira hoje: “porque aos que Me honram honrarei, porém os que Me desprezam serão desprezados”. Deus revelou o próprio segredo: Ele caminhou com eles na fornalha de fogo ardente; Ele fechou a boca dos leões! Aqueles que buscam os interesses do Senhor no dia de Sua rejeição não apenas sentirão Suas misericórdias agora, mas, como Daniel, colherão uma recompensa que durará por toda a eternidade.

 

W. J. Prost

 A Vida e o Testemunho de Daniel

 

Daniel e seus três amigos receberam a posição de serem testemunhas para os governantes gentios de que existe um Deus do céu. Jerusalém estava em ruínas, juntamente com o templo que havia sido destruído. Não havia mais um lugar na Terra onde Jeová fosse conhecido por habitar. Nesse vácuo de testemunho, Daniel e seus três amigos foram levados para a Babilônia. Foi-lhes dada a oportunidade de representar Deus diante dos governantes gentios, começando com Nabucodonosor. Essas circunstâncias são particularmente significativas para o Cristão hoje, porque, como Daniel, vivemos em uma Terra à qual não pertencemos; nossa cidadania é celestial. Pertencemos ao reino dos céus, que não possui trono governamental visível na Terra. Este reino será levado para o céu no fim do tempo. Enquanto isso, é nossa posição representar Cristo enquanto estamos aqui na Terra. Nossa participação com Cristo em Seu reinado é futura, mas nossa fidelidade agora determinará nossa posição no futuro. Sejamos encorajados, ao considerar os seis primeiros capítulos de Daniel, vendo como ele representava Deus – como provou por sua fé e obediência que o Deus do céu governa sobre os reis na Terra.

 

Preparação pela separação 

Daniel escreve com fé e otimismo sobre sua história passada no capítulo 1; não há queixa do que ele havia perdido, mas sim apreço pelas bênçãos do Senhor. Desde o início, Daniel reconheceu que Deus o havia favorecido com o chefe dos eunucos. Ele, junto com seus três amigos, responderam a isso mantendo-se separados e puros do que os levaria a perder sua identidade com Deus por associação com os deuses da Babilônia. Eles pediram legumes (grãos) para comer. O grão [trigo da terra] foi o que os filhos de Israel comeram pela primeira vez depois de chegar à terra de Canaã; é uma figura para nós da comida celestial. Para que Daniel e seus três amigos sejam fortes testemunhas do Deus do céu, eles devem manter sua identidade exterior com seu Deus. O Senhor provou que esse alimento, que os identificava com Ele, os fazia parecer melhores do que aqueles que comiam a provisão do rei. Isso foi um testemunho do poder de Deus no palácio. Melzar permitiu que eles comessem sua própria comida. A separação para Deus pela comida que comiam era ainda mais importante do que manter seus nomes hebraicos que os conectariam à nação de Israel. Deus é supremo e honrou os quatro jovens que O honraram; eles são dez vezes melhores do que todos os outros.

 

Existe um Deus no céu 

O sonho de Nabucodonosor no capítulo 2 é uma profecia do futuro de seu reino, mas parece que ele esqueceu o sonho, embora deva ter percebido que ele tinha um significado importante. Deus permitiu que Daniel, Seu representante, aparecesse para tornar conhecido o sonho. Os mágicos da Babilônia disseram que ninguém poderia mostrar o sonho do rei, a não ser os deuses, cuja morada não é com carne. Mas Daniel foi enviado para provar que ele tinha um relacionamento com Deus e poderia tornar conhecido o sonho. Daniel pede tempo e vai a Deus em oração com seus três amigos. O Senhor lhe faz conhecer o sonho. Sua primeira resposta é louvar a Deus por revelar o sonho e sua interpretação. A capacidade de tornar conhecido o sonho era prova para todos de que isso vinha de Deus e de que a interpretação era verdadeira. Daniel disse a Nabucodonosor: “há um Deus no céu, o Qual revela os mistérios; Ele, pois, fez saber ao rei Nabucodonosor o que há de acontecer nos últimos dias” (v. 28). O fim do sonho se refere ao reino vindouro do Senhor Jesus no versículo 44: “Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre”.

 

Na interpretação deste sonho, temos uma revelação maravilhosa do período de tempo desde Nabucodonosor até o último governante gentio. O Senhor Jesus, Filho de Davi, é a Pedra que ferirá os gentios e tomará os reinos da Terra. Daniel, que era uma das sementes de Davi, mas foi privado de participar de um reino terrenal, podia esperar o reino da semente prometida que estabeleceria o reino eterno. Hoje vivemos no momento em que esperamos que o Senhor Jesus venha do céu, primeiro para levar Seu povo celestial para casa, para a glória, e depois para nos trazer de volta com Ele quando Ele vier reinar na Terra. É importante para nós, enquanto isso, sermos Seus representantes fiéis na Terra, como Daniel estava na Babilônia. “Ser-Me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da Terra” (At 1:8). “Amados, peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais que combatem contra a alma; Tendo o vosso viver honesto entre os gentios; para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a Deus no dia da visitação, pelas boas obras que em vós observem” (1 Pe 2:11-12).

 

Vemos neste capítulo como Nabucodonosor é levado a reconhecer: “Certamente o vosso Deus é Deus dos deuses, e o Senhor dos reis” (v. 47). Este é o começo do testemunho do rei a respeito do Deus do céu, mas seria necessário mais testemunho de Daniel e seus três amigos.

 

Idolatria e o fornalha ardente 

No capítulo 3, vemos que Nabucodonosor usa a imagem de seu sonho para fazer dela um ídolo de ouro para que todos possam adorar. Onde falta fé, apenas as coisas exteriores são vistas. O rei procura unificar o reino sob si mesmo pela força, mas esquece o Deus que lhe deu o reino; isso é idolatria. Daniel não é escolhido para esta prova e libertação, mas Sadraque, Mesaque e Abednego provam o poder de Deus para libertar do pior julgamento que o rei poderia trazer sobre eles. Eles, por sua fé em Deus, “apagaram a força [violência – ARA] do fogo” (Hb 11:34) e provaram que seu Deus era o único Deus a ser adorado. “Falou Nabucodonosor, dizendo: Bendito seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego, que enviou o Seu anjo, e livrou os Seus servos, que confiaram n’Ele, pois violaram a palavra do rei, preferindo entregar os seus corpos, para que não servissem nem adorassem algum outro deus, senão o seu Deus” (v. 28). No entanto, o rei não admite que ele também deve se curvar Àquele a Quem eles adoram; ele só fala d’Ele como o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego. Mais trabalho é necessário em sua alma.

 

Da impiedade à adoração 

O capítulo 4 foi escrito pelo próprio Nabucodonosor. É lindo ver esse alto monarca mostrando os sinais e maravilhas que Deus havia feito com ele. Desta vez, o rei pode contar seu próprio sonho, enquanto Daniel escuta. Duas vezes no capítulo Daniel é referido por Nabucodonosor como “Daniel (Deus é Juiz), cujo nome é Beltessazar” (vs. 8, 19). A fé de Daniel permitiu-lhe, nessa posição mais difícil, interpretar o sonho que pronunciava juízo sobre o rei. Depois de ouvir o sonho, ele ficou pasmado por uma hora antes de falar. Como seu Deus, ele não se apressou em julgar (veja Jo 8:6‑7). Somente quando o rei o levou novamente a falar, ele deu a interpretação. Que as pessoas ao nosso redor no mundo vejam em nós esse espírito não condenador. Que eles também entendam que não temos desejo algum pelo reino que eles procuram desfrutar.

 

Depois que o juízo foi pronunciado, Deus esperou doze meses. Mas o conhecimento do que aconteceria ao rei não foi suficiente para fazê-lo dobrar os joelhos. Isso também não é verdade para nós? O simples entendimento do futuro não é suficiente; devemos aprender a andar pela fé de acordo com o conhecimento que temos da profecia. Foi necessário um julgamento governamental, sete vezes intensificado para quebrantar o rei – vivendo como um animal. Então ele olhou para cima e reconheceu Deus como seu Deus: “Mas ao fim daqueles dias eu, Nabucodonosor, levantei os meus olhos ao céu, e tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é um domínio sempiterno, e cujo reino é de geração em geração”. Ele foi levado a um relacionamento pessoal com Deus. “Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, exalço e glorifico ao Rei do céu; porque todas as Suas obras são verdade, e os Seus caminhos juízo, e pode humilhar aos que andam na soberba” (vs. 34, 37).

 

O julgamento do profano 

Não há tempo de espera após o anúncio da sentença sobre Belsazar no capítulo 5. Quando Daniel foi chamado para interpretar os escritos na parede, ele foi identificado pelo rei como um dos cativos levados de Jerusalém por Nabucodonosor. Daniel estava ligado ao local de onde o julgamento estava vindo. O Deus que habitava em Jerusalém agora governava desde o céu e enviara Seu anjo para escrever na parede. Belsazar, juntamente com suas esposas, usara os vasos sagrados do templo para louvar outros deuses. Daniel era um homem velho e Belsazar muito mais jovem; Daniel primeiro repete o aviso que Deus havia dado a seu pai Nabucodonosor, e então ele o repreendeu, dizendo: “E tu, Belsazar, que és seu filho, não humilhaste o teu coração, ainda que soubeste tudo isto. E te levantaste contra o Senhor do céu, pois foram trazidos à tua presença os vasos da casa d’Ele, e tu, os teus senhores, as tuas mulheres e as tuas concubinas, bebestes vinho neles; além disso, deste louvores aos deuses de prata, de ouro, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra, que não veem, não ouvem, nem sabem; mas a Deus, em cuja mão está a tua vida, e de Quem são todos os teus caminhos, a Ele não glorificaste” (vs. 22-23). Isso foi rebelião e trouxe o juízo de Deus. Então o reino é entregue para Dario, o Medo.

 

A inveja dos egoístas 

Não podemos deixar de pensar, lendo o capítulo 6, que todos no palácio sabiam que Daniel havia interpretado os escritos na parede sobre a queda da Babilônia. Quando Dario tomou a cidade, ele colocou Daniel sobre todo o reino. Essa posição exaltada colocou Daniel em um novo tipo de teste – ele estava sujeito à inveja dos príncipes e presidentes. Para muitos, esse pode ser o tipo mais difícil de teste. Podemos observar que Daniel não mudou seu hábito de orar três vezes ao dia. Esta foi à fonte de sua força; o Deus do templo era o Deus do céu que controlara os reis da Terra ao longo de sua vida. Nenhuma ameaça de ser jogado em um covil de leões mudaria sua vida de oração. Ele não amava sua nova posição de governante mais do que o Deus que a deu, e a ameaça de morte não o afastaria da completa dependência de Deus. Lembrar-se deste exemplo de Daniel pode muito bem nos ajudar quando somos tentados a usar nossa posição ou autoridade para nos ajudar a sair de uma situação difícil. Não podemos esquecer que o Deus de Daniel no céu também é nosso Deus, a Quem conhecemos como nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo.

 

D. C. Buchanan

Daniel, um Judeu Piedoso em um Mundo Gentio

 

Qualquer que seja o estado das coisas na Terra, Deus nunca Se deixa sem uma testemunha. Ele pode punir Seu povo por causa da infidelidade e pecados deles, e Ele pode permitir que eles sejam levados em cativeiro; contudo, no meio das trevas pelas quais estão cercados, Ele reacenderá a tocha de Sua verdade, em testemunho para Si mesmo e como encorajamento para aqueles que se apegam a Ele. Ele fará com que Seu povo, a quem Ele castigou, saiba que eles ainda são os objetos de Seu cuidado e amor e que seus opressores, por mais que pareçam exaltados e poderosos, estão sujeitos e devem prestar contas a Ele.

 

O propósito de Deus e o de Nabucodonosor 

Ao permitir que Nabucodonosor levasse Daniel e seus amigos como cativos, Deus estava cumprindo Seu próprio propósito, mas Nabucodonosor, tendo obtido poder sobre eles, procurou fazê-los servir à sua vontade. A consequência foi que imediatamente surgiu um conflito entre os pensamentos de Deus e os pensamentos do rei da Babilônia. Nabucodonosor queria adornar seu palácio com os seus cativos “em quem não houvesse defeito algum, de boa aparência, e instruídos em toda a sabedoria, e doutos em ciência, e entendidos no conhecimento, e que tivessem habilidade para assistirem no palácio do rei, e que lhes ensinassem as letras e a língua dos caldeus” (Dn 1:4). O mundo está sempre pronto para fazer do povo de Deus seus servos e obter luz de seu conhecimento, mas não pode tolerá-los se forem fiéis a Deus, obedientes à Sua Palavra e separados do mal. O rei, portanto, gostaria que esses cativos fossem alimentados com sua própria comida e bebessem de seu próprio vinho, para que, depois de três anos, eles pudessem estar em sua presença (v. 5). Ele gostaria que deixassem de ser Judeus, se tornassem caldeus e misturassem com sua nova religião a luz que haviam recebido dos oráculos de Deus. Essa é a origem da filosofia, mesmo nos tempos Cristãos – aquela filosofia contra a qual Paulo sinceramente nos adverte como sendo “os rudimentos do mundo e não segundo Cristo” (Cl 2:8).

 

É em conexão com este comando de Nabucodonosor que Daniel, Hananias, Misael e Azarias são trazidos à proeminência (v. 6). Seus próprios nomes, quando entendidos, proclamavam a Quem pertenciam e o caráter de seu Deus: Daniel significa “juiz de Deus”; Hananias, “a quem Jeová gentilmente deu”; Misael, “quem (é) como Deus”; Azarias, “a quem Jeová ajuda”. O príncipe dos eunucos, sentindo instintivamente que tais nomes não se adequariam à corte de seu mestre, deu a eles outros, todos os quais estavam mais ou menos relacionados aos ídolos de Babilônia (v. 7).

 

O propósito do coração de Daniel 

A questão agora levantada para Daniel e seus companheiros era se, por causa do favor e do progresso do mundo, eles cederiam ao comando do rei. A resposta já foi decidida: “E Daniel propôs no seu coração não se contaminar com a porção das iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; portanto pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não se contaminar” (v. 8). Como Judeu, obediente à Palavra de Deus, era impossível para Daniel comer a comida dos gentios. Tanto a gordura como o sangue desses animais, permitidos na Babilônia, eram proibidos, e era apenas dos animais e dos pássaros limpos que um Judeu podia participar. A menos que, portanto, Daniel e seus companheiros estivessem preparados para renunciar à fé e renunciar à palavra de seu Deus, eles não poderiam aceitar a provisão real. E há outra instrução – se uma aplicação puder ser feita para nós mesmos. A comida do mundo, isto é, aquilo do que o homem se alimenta em sua condição alienada de Deus como sua força e sustento, é sempre destrutivo para a vida espiritual do Cristão. Se o Cristão deseja ser um verdadeiro nazireu e seguir o caminho da santa separação para Deus, ele deve sempre se afastar do vinho – as alegrias da Terra. O apóstolo escreve assim: “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5:18). Na atitude de Daniel, temos então um exemplo para todos os crentes, e quanto mais de perto for seguido, mais eles desfrutarão do favor consciente e das bênçãos de Deus e, como moralmente mortos para as coisas daqui, eles perceberão mais plenamente sua verdadeira porção em Cristo.

 

Favor diante dos homens 

Lemos que “Deus fez com que Daniel achasse graça e misericórdia diante do chefe dos eunucos” (v. 9). “Sendo os caminhos do homem agradáveis ao SENHOR, até a seus inimigos faz que tenham paz com ele”, e, portanto, foi que o príncipe dos eunucos, apesar do medo do rei, concedeu através de Melzar o pedido de Daniel de que ele e seus companheiros poderiam ser testados por dez dias com legumes para comer e água para beber, em vez da comida e do vinho do rei. Deus estava com eles e, no final dos dez dias, “apareceram os seus semblantes melhores, e eles estavam mais gordos de carne do que todos os jovens que comiam das iguarias do rei” (v. 15). Mesmo Melzar não podia negar que eles haviam florescido em seu regime simples e, a partir de então, ele lhes deu legumes.

 

Existem muitas pessoas de Deus que podem caminhar no caminho estreito do discipulado dedicado, desde que desfrutem da comunhão dos santos e no meio de felizes influências espirituais. Mas, às vezes, é visto que tais pessoas, quando estão em um círculo mundano, tendem a aderir às práticas e hábitos dessa sociedade e, assim, a perder sua distinção de andar, mesmo que seu testemunho não seja completamente extinto. Portanto, é muito encorajador ver o espetáculo apresentado por esses quatro jovens Judeus. Eles, sendo privados de todos os privilégios do templo, sendo cativos à mercê de um monarca pagão, testados com todo tipo de tentação sedutora, mantiveram o lugar dos nazireus de verdadeira separação através da obediência à Palavra de Deus. Sem dúvida, foi a fé e a energia de Daniel que agiram sobre seus companheiros e os levaram a segui-lo no caminho da vontade de Deus, mas, se assim for, os outros estavam dispostos a segui-los, e os quatro apresentam uma prova impressionante da suficiência total da graça de Deus para sustentar Seus servos nas circunstâncias mais desfavoráveis que poderiam ser imaginadas.

 

Conhecimento dado por Deus 

A declaração significativa segue: “Quanto a estes quatro jovens, Deus lhes deu o conhecimento e a inteligência em todas as letras, e sabedoria; mas a Daniel deu entendimento em toda a visão e sonhos” (v. 17). “O segredo do SENHOR é com aqueles que O temem; e Ele lhes mostrará a Sua aliança” (Sl 25:14). Este princípio é sempre verdadeiro e é visto em todas as dispensações. É claro que Deus deu sabedoria a esses quatro rapazes por causa de sua separação no coração e na vida dos males profanadores ao redor. De fato, é sempre verdade que, quanto mais próximo estamos de modo prático do Senhor, mais plenamente Ele nos comunica com Sua mente, mas note também que é “em todas as letras [o aprendizado – JND] e sabedoria”. Os estudantes Cristãos dos dias modernos são frequentemente levados a pensar que, para adquirir “aprendizado e sabedoria” humanos, eles dependem de seu próprio esforço e capacidade. A consequência é que os anos de sua vida estudantil são frequentemente marcados por declínio espiritual, se não por declarado retrocesso. O exemplo desses quatro rapazes pode muito bem ensinar outra lição.

 

No final do versículo, Daniel é selecionado dentre seus companheiros, pois nos é dito, sem dúvida em vista de seu trabalho e missão especiais, que ele tinha entendimento em todas as visões e sonhos. Nisto vemos que em todas as circunstâncias pelas quais Deus guia Seu povo, Ele esta formando-os como vasos para Seu serviço. No lado humano, foi uma calamidade que caíra sobre Daniel; do lado de Deus, essa aparente calamidade era apenas o Seu caminho de formar Daniel para sua missão de levar Seu testemunho à corte do poderoso monarca gentio. Os próximos três versículos (versículos 18 a 20) apresentam o resultado do treinamento diante do rei ao qual todos esses jovens selecionados foram submetidos. Eles foram trazidos à presença real, e o próprio Nabucodonosor examinou os estudantes de sua escola: “E o rei falou com eles; e entre todos eles não foram achados outros tais como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; portanto ficaram assistindo diante do rei. E em toda a matéria de sabedoria e de discernimento, sobre o que o rei lhes perguntou, os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos astrólogos que havia em todo o seu reino” (vs. 19-20). Cada um deles pode ter adotado a linguagem do salmista: “Tu, pelos Teus mandamentos, me fazes mais sábio do que os meus inimigos; pois estão sempre comigo. Tenho mais entendimento do que todos os meus mestres, porque os Teus testemunhos são a minha meditação. Entendo mais do que os antigos; porque guardo os Teus preceitos” (Sl 119:98‑100). Quem dera que essa lição fosse acolhida no coração por todos os Cristãos de hoje!

 

E. Dennett (adaptado)

Separação, Dependência e Sofrimento

 

Vamos olhar para Sadraque, Mesaque e Abednego. O rei testa a fidelidade desses homens, se eles abandonariam a adoração ao Deus verdadeiro e se curvariam diante da grande imagem que Nabucodonosor estabeleceu. Isso nos lembra uma passagem em Filipenses, onde o apóstolo fala de Cristo sendo engrandecido em seu corpo “seja pela vida, seja pela morte” (Fp 1:20). O corpo dos homens tinham sido a plataforma sobre a qual Satanás exibia seu poder, mas Deus agora diz que Ele vai tomar o mesmo vaso e torná-lo a plataforma na qual Ele exibirá o poder de Cristo. O apóstolo, em seus sofrimentos pelos filipenses, sabia que seria a bênção deles. Esse é o significado das palavras: “Segundo a minha intensa expectação e esperança” (v. 20). É uma coisa maravilhosa ter comunhão com os propósitos de Deus em relação a Cristo. Aqui, em Daniel, há pessoas que tinham esse mesmo pensamento diante deles, de acordo com o que se sabia então, e, portanto, descobrimos que o rei é obrigado a confessar (Dn 3:28) que eles “preferindo entregar os seus corpos, para que não servissem nem adorassem algum outro deus, senão o seu Deus”.

 

Esses homens foram amarrados com as mãos e os pés, o emblema da fraqueza, e depois jogados em uma fornalha mais quente do que normalmente era aquecida, ou seja, a perfeição do poder maligno para destruí-los. Acaso Deus não foi magnificado em seus corpos? E qual é o resultado? Eles saem da fornalha sem nem mesmo o cheiro de fogo. Mais do que isso, havia companhia. “Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam... e o aspecto do quarto é semelhante ao Filho de Deus”.

 

Eles foram lançados amarrados no meio desta fornalha, e não há uma palavra de queixa. Eles poderiam dizer ao rei: “Não necessitamos de te responder sobre este negócio”. Eles se renderam inteiramente nas mãos de Deus, com paciente mansidão. Eles estavam preparados para sofrer a qualquer custo. Deus era seu amparo e força, e Deus interveio por eles. Eles são a exibição, nas circunstâncias em que estavam, daquele bendito poder de Deus, pelo qual Ele pode engrandecer-Se a Si mesmo em corpos como o seu e o meu.

 

Quão pouco Cristo é engrandecido em nosso corpo! Ai! Há uma grande medida de engrandecimento do mundo em nosso corpo, e do “eu” e da carne, mas quão pouco há do engrandecimento de Cristo! É humilhante pensar nisso. Se você olhar ao redor e vir o corpo do povo de Deus e olhar para o que eles são, estão sendo uma exibição do quê? Com demasiada frequência é o poder da carne e o poder do mundo e o poder da natureza, mas muito pouco do poder de Cristo. Que “Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte” era o desejo de Paulo. Oh, que também seja o nosso!

 

Creio que os princípios que surgem desses três primeiros capítulos de Daniel, a saber, separação para Deus a qualquer custo, total dependência de Deus nas dificuldades e paciência no sofrimento por Seu nome, são três grandes princípios que devem marcar o povo de Deus hoje.

 

W. T. Turpin (adaptado)

Ouse ser um Daniel

 

Defendendo um propósito verdadeiro,

Atendendo ao mandamento de Deus,

Honre-os, os poucos fiéis!

Saudai o grupo de Daniel!

 

Ouse ser um Daniel

Ouse a ficar sozinho!

Ouse ter um firme propósito!

Ouse a torná-lo conhecido. 

 

Muitos homens poderosos estão perdidos

Ousando não permanecer

Quem por Deus teria sido como um exército

Ao se juntar ao grupo de Daniel. 

P. Bliss

 “Daniel, homem muito amado”

Daniel 10:11


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