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Deus Nosso Pai (Março de 2006)


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Revista mensal publicada originalmente em março/2006 pela Bible Truth Publishers

 

ÍNDICE


          Tema da edição

          J. G. Bellett, The Bible Tresury, vol. 7, pág. 65 (adaptado)

          R. Beacon, The Bible Tresury, vol. 1, pág. 312 (adaptado)

         J. N. Darby, de Miscellaneous, vol. 4, págs. 43-50

          E. Dennett, The Child of God, (adaptado)

         J. A. Trench (adaptado)

          A. H. Rule, Things New and Old, vol. 31, pág. 29 (adaptado)

          E. Dennett

          J. G. Deck

 

Deus Nosso Pai


Deus é o Pai de todas as criaturas, e desta forma Ele é a fonte de todas as coisas que existem. Mas desde a criação de Adão até quando Cristo ressuscitou dentre os mortos, Ele não havia ainda Se revelado como Pai. Até aquele momento, somente o Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, podia falar com Ele em relacionamento Pessoal como Pai. Mas, desde a eternidade passada, era Seu propósito ter uma família que se relacionasse consigo mesmo como filhos.

Na manhã de Sua ressurreição, nosso Senhor Jesus expressou o gozo do Seu coração e do coração do Pai quando Ele disse a Maria: “Vai para Meus irmãos e dize-lhes que Eu subo para Meu Pai e vosso Pai, Meu Deus e vosso Deus” (Jo 20:17).

 

Agora desfrutamos deste relacionamento em conhecer Deus como nosso Pai. O Espírito em nós dá testemunho ao nosso espírito, pois nós recebemos "o espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai" (Rm 8:15).

 

Como alguém disse, Deus tem tanto prazer em Seu Filho que Ele quis ter uma família inteira no céu ao Seu redor na qual todos são como Ele.

 

O Filho de Deus Se tornou o Filho do Homem para que nós, como filhos de homens, pudéssemos ser tornados filhos de Deus.

 

“A vós graça e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo” (Ef 1: 2).

 

Tema da edição

 

O Pai 


“E Eu lhes fiz conhecer o Teu nome e lho farei conhecer mais” (Jo 17.26). Estas palavras foram ditas ao Pai por Cristo, falando sobre os santos. Elas nos dizem que a grande ocupação do Senhor era apresentar os santos ao Pai; que isso já era a Sua ocupação, e que Ele pretendia que continuasse sendo Sua ocupação.

 

Isso é cheio de bênçãos. Pensar que o Filho nutriria e ampliaria em nós a percepção e o entendimento do amor do Pai, e que Ele usaria Sua diligência para dar ao nosso coração aquele gozo! Muitas vezes somos lentos para aprender, e Cristo tem que colocar energia para nos ensinar tal lição. Mas é assim. Nosso lento aprendizado sobre isso apenas magnifica Sua graça, pois Ele ainda está nos ensinando a mesma lição.

 

O Pai feito conhecido 

Os capítulos 14-16 de João nos mostram Cristo declarando o Pai. Ele abriu a Sua própria casa para nós, tendo feito dela uma casa com muitas moradas para nossa recepção. Ele então diz aos discípulos que por meio d'Ele o Pai já estava Se revelando a eles. Havia incredulidade entre os discípulos, mas o Senhor continua com Sua lição apesar disso. Ele diz a eles que, enquanto estivesse fora, Seu propósito era glorificar o Pai em Suas obras e em Suas experiências. Ele diz a eles que o Consolador, o Espírito da verdade, viria como o Espírito do Pai. Guardar a Sua Palavra lhes asseguraria a presença e comunhão com o Pai.

 

Em todas essas maneiras, verdadeiramente abençoadas, Ele declara o Pai para nós e usa a Si mesmo apenas como testemunha ou servo de tal revelação. Sua própria glória Pessoal está contida em tal serviço, mas esse não é o Seu objetivo – que é a declaração do Pai. A amizade em que Ele os introduz Consigo mesmo tem relação com o Pai, porque era os segredos do Pai que Ele estava comunicando a eles na confiança da amizade. Finalmente, no final do capítulo 15, Ele apresenta o mundo simplesmente no caráter de ter odiado o Pai.

 

Ele faz tudo isso para cumprir a palavra: “E Eu lhes fiz conhecer o Teu nome!” Além disso, Ele antecipa a vinda do Espírito Santo, mas em constante menção do Pai. Quando o Espírito veio, eles pediriam ao Pai e receberiam d'Ele, para que seu gozo como filhos, conhecendo o amor e a bênção do Pai pudesse ser completo. Além de tudo isso, Ele diz a eles que Suas orações por eles não eram para ser entendidas como se eles e o Pai estivessem distantes um dos outros, mas que pelo contrário, deveriam saber com certeza que o amor do Pai estava imediatamente sobre eles.

 

No capítulo 17, pela oração do Senhor Jesus vemos a mensagem de resposta vinda do Pai, que por fé recebemos estas boas noticias de amor e graça. O Filho trouxe do Pai uma mensagem de amor para nós, e se agora Ele transmitir ao Pai a notícia que nós temos recebido a mensagem, esta será a resposta mais bem-vinda para Ele. Mais do que isso, a recepção desta mensagem certamente resultará em separação do mundo, pois o mundo se recusou a conhecer o Pai.

 

Comunhão com o Pai 

Assim, vemos que em João, nos capítulos 14-17, o Senhor propõe nos colocar em comunhão com o Pai. Ele preenche nossa alma com pensamentos do Pai - recordações passadas, exercícios atuais de espírito e perspectivas – tudo está conectado com o Pai. A casa do Pai nos receberá um por um. Eles fariam obras maiores porque Ele estava indo para o Pai, e sua frutificação surgiria do Pai sendo o Lavrador. O Consolador seria enviado a eles pelo Pai, mas o mundo os odiaria porque não conhecia o Pai. O próprio Pai os amava e eles entrariam e desfrutariam desse relacionamento.

 

No capítulo 13, o propósito do Senhor é colocar nossa alma em comunhão com Ele mesmo no céu. Ele Se mostra no céu, como o próprio lar do amor e da glória, porque deveria ser restaurado ao Pai e ter todas as coisas depositadas em Sua mão por Deus ali. Assim, O Senhor procura nos colocar em comunhão com Ele como Ele está agora no céu, enquanto nos capítulos 14-17 Ele procura nos colocar, como já observamos, em comunhão com o Pai. Que a bendita percepção de nosso relacionamento com o Pai e o Filho preencha e satisfaça nossa alma.

 

J. G. Bellett, The Bible Tresury, vol. 7, pág. 65 (adaptado)

 

Meu Pai e Vosso Pai 


Em João 20:17, o Senhor Jesus depois de Sua ressurreição diz a Maria Madalena para ir a Seus irmãos e dizer-lhes: “Eu subo para Meu Pai e vosso Pai, Meu Deus e vosso Deus". A majestade dessas palavras está quase além do nosso entendimento. Mesmo os escritos naturais podem ter um encanto que atrai a inteligência culta, mas quão excepcionalmente sublimes são os pronunciamentos da Palavra de Deus! As palavras de nosso Senhor nesta ocasião ecoam pelo triste tumulto dos séculos que se passaram desde então, e elas são tão doces e claros hoje quanto quando foram proferidos.

 

A obra de nosso Senhor na cruz deve ocupar o lugar central em nossos pensamentos, pois sem isso nós ainda estaríamos em nossos pecados. Mas tudo isso foi seguido pela ressurreição e ascensão, e fazemos bem em nos deter nelas um pouco. Deus permitiu quarenta dias entre esses dois eventos, a fim de demonstrar claramente ao homem a bendita verdade da ressurreição, mas a ascensão foi o ato culminante de Deus em vindicar Seu amado Filho. Também é verdade que Cristo ascendeu por Seu próprio ato, pois Ele diz aqui: "Eu subo". Aqui temos a divina majestade e sublimidade da passagem.

 

O relacionamento afetuoso vem primeiro 

Nós não nos detemos nos acontecimentos em torno da declaração dessas palavras, por mais interessantes que sejam. Maria Madalena teria detido o Salvador, sem saber que ela, e finalmente a Igreja, O conheceriam agora apenas de uma forma celestial. Foi um grande privilégio que ela mesma não percebeu na época. Mais do que isso, vemos que a palavra "Pai" vem antes de "Deus". É a mesma mão divina que escreveu pelo mesmo João a frase "graça e verdade". O relacionamento afetuoso vem primeiro.

 

Entretanto, percebemos que não é "nosso Pai", ou "nosso Deus". Não poderia ser assim. O que quer que seja que a graça mostre, a distância entre a criatura e o Criador não pode ser superada nesse sentido. Seu relacionamento é de uma Filiação única, enquanto ao mesmo tempo existe uma ênfase que Seu Deus e Pai é também nosso.

 

Onde podemos encontrar qualquer coisa como isso em pensamentos e expressões humanas? Que conforto e âncora para a alma são encontrados nestas palavras! Um grande poeta comentou certa vez que “nossas canções mais doces são aquelas que falam dos pensamentos mais tristes”, mas o Cristão canta mais docemente em seus mais brilhantes gozos. Diferente de Maria, não vimos o Senhor em Sua humilhação, mas nós, juntamente com ela, O veremos em glória e estaremos com Ele, quando nós também tivermos subido para o Pai.

 

            R. Beacon, The Bible Tresury, vol. 1, pág. 312 (adaptado) 

 

A Casa do Pai 


João 14 

Este capítulo apresenta um objeto diante de nossa alma bem como nos dá nossa porção em Cristo, uma porção na casa do Pai e, em segundo lugar, nos apresenta como chegaremos a este lugar. Ele maravilhosamente apresenta diante de nós nosso lugar agora enquanto Ele está ausente de nós (mesmo que em um sentido Ele jamais está ausente), que conforto é isso para o Cristão, e que lugar para o qual Deus o tem trazido. Isto não é uma verdade nova, mas mostra onde o coração do Cristão está quando ele realmente tem Cristo diante dele e o Espírito Santo trabalhando nele.

 

Cristo indo embora 

Cristo estava indo embora e era natural que eles estivessem entristecidos. No final do capítulo, Ele lhes diz de uma maneira comovente: “Se vocês pensassem em Mim, ficariam felizes que estou voltando para Meu Pai e saindo deste cenário de pecado e tristeza”. Ainda assim, parecia para eles que iriam perdê-Lo, e era natural que eles sofressem, e assim Ele lhes dá o que seria para o conforto deles quando Ele tivesse ido.

 

Além disso, é trazido novamente o Seu retorno. "Não posso ficar aqui convosco”, diz Ele, mas "virei outra vez e vos levarei para Mim mesmo". Todo o estado do mundo era impróprio para que Ele permanecesse na Terra. Ele não podia descansar aqui. Ele poderia ficar por um tempo e servir, mas não podia descansar. Mesmo muito antes, no Velho Testamento, é dito: “Não será aqui o vosso descanso, por causa da imundícia”, mas isso apenas mostrou à bendita verdade de que Ele nos daria um descanso onde Ele também poderia descansar, com o Pai, e que Sua obra foi tão perfeita e tão eficaz que Ele poderia nos dar um lugar ali. Nós temos uma porção onde Ele tem toda a Sua glória, todo o Seu descanso, o fruto do trabalho da Sua alma.

 

“Na casa de Meu Pai há muitas moradas... vou preparar-vos lugar". Note aqui, isto foi na casa de Seu Pai, o lugar que Ele teve como Filho onde Ele estava em casa, lá Ele estava indo preparar meu lugar. Isso é uma bênção indescritível! Foi um conforto, um gozo ter Cristo com eles no mundo, mas isso foi ocasional. Ele estava indo preparar um lugar onde Ele estava em casa. Pense como será a casa de um coração como o d'Ele – onde todas as Suas divinas afeições fluirão, o divino Filho e ainda um Homem, e pensar que este é o lugar aonde Ele vai nos levar. Que maravilha! Que lar deve se esse!

 

Cristo vindo novamente 

"Voltarei e vos receberei para Mim mesmo" – Ele não diz: Eu vos chamarei, isso não funcionaria – nem Eu enviarei alguém para vocês, isso também não funcionaria – mas "Voltarei". Que tocante! Embora tenha entrado na glória e assentado no trono de Seu Pai, Ele deixará isso e virá para nos levar para a casa de Seu Pai. Suas afeições são tão fixadas em nós que Ele não está satisfeito sem que Ele próprio venha por nós. Ele não enviaria alguém. Não é apenas uma bem-aventurança para nós Ele próprio vir para nós, mas é a expressão do coração de Cristo. Ele quer isso – Ele quer nos ter. É o Seu próprio interesse em nós, o Seu amor por nós. Quando conhecemos isso, o coração é atraído para Ele. Sem dúvida, é uma bênção indescritível para nós, mas é a revelação do próprio Cristo. A única bendita esperança da Igreja é que Ele virá novamente e nos buscará. A confiança é certa de que, quando estivermos despidos, estaremos com o Senhor “ausentes do corpo... presente com o Senhor”. Contudo, essa não é a esperança, a esperança é que Ele venha e nos busque. Está em Seu coração e deve estar no nosso. Eles saíram para encontrar o noivo; essa foi a condição da Igreja no primeiro momento. Convertidos para esperar por Seu Filho do céu, todos adormeceram, sábios e insensatos, e tiveram que ser despertados pelo clamor da meia-noite. Foi "O meu senhor tarde virá", que trouxe a mortificação para a Igreja e isso levou ao comer, ao beber e a embriaguez, e ao espancamento dos servos e servas.

 

A esperança em nosso coração 

Isso não é uma verdade que pode ou não ser realizada. Ela é essencial para a vida cotidiana do Cristão. Se eu estou esperando diariamente por Cristo, não gostaria de estar em nenhum lugar onde eu não gostaria que Ele me encontrasse, e o que não O agradasse eu deveria por de lado, seja o que for. Estamos à espera de alguém que nos ama. Seu coração nos quer e Ele irá satisfazer Seu coração. Isso não é profecia! A profecia tem a ver com o governo de Deus deste mundo, e é muito interessante em seu devido lugar, mas não tem nada a ver com a nossa esperança.

 

Agora outra coisa nos é trazida. Se eu estiver enviando meu filho, ou um órfão, se preferir – ainda que em um sentido nós não somos órfãos – para um lugar estranho, o ponto principal para ele seria saber com que tipo de pessoa ele iria conviver quando chegasse lá. O céu é um lugar muito vago, se eu não tiver uma Pessoa lá. Se não houvesse ninguém lá – se fôssemos morar em um lugar santo por nossa própria conta – isso não daria certo. Não teríamos nenhum objeto diante de nossa alma. Haveria uma imensa lacuna, um vazio. Claro, não é possível que seja assim. E então Ele nos diz que conhecemos o Pai se conhecemos a Ele – que é a casa do Pai para onde Ele estava indo e pra onde irá nos levar. Então, o ponto principal para nós é como podemos conhecer o Pai e a satisfação perfeita. Não é como este pobre mundo vazio, que, sendo nosso coração feito para Deus, é pequeno demais para preenchê-lo. Este objeto é grande demais para nosso coração. Eu insisto nisto, quão perto o Pai foi trazido de nós. Eles O viram e assim viram o Pai e, quando perguntam o caminho, Ele diz: “Eu Sou o caminho”.

 

O caminho para a casa do Pai 

“Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai”. Eles tinham a plena bem-aventurança, mas seus pobres corações não sabiam disso. Ele poderia dizer para nós, “Estou há tanto tempo convosco, e não Me tendes conhecido, Filipe?" Ou podemos dizer que nossa alma viu o Pai na Pessoa do Filho ao ponto de poder dizer: “Eu encontrei tudo e eu tenho tudo". É isso que forma o coração quanto às suas afeições. Se seguimos a Cristo em Seu caminho aqui – seguimos a Ele nos Evangelhos – aprendemos os caminhos do Pai no Filho? Ele passou tudo o que Ele desfruta do Pai aos discípulos para que eles possam desfrutar do Pai como Ele desfruta. Quanto aprendemos desse favor e bem-aventurança que Ele revela? Não posso aprender nada disso que não seja meu, "para que o amor com que Me tens amado esteja neles, e Eu neles esteja". Todas as coisas são minhas.

 

O Senhor insiste nisso com eles, dizendo que “Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, este O fez conhecer". É errado pensarmos que Ele deixou o seio do Pai. Ele nunca o deixou; Ele deixou a casa do pai. Você recebe em Cristo a revelação completa do que é o Pai. O Filho unigênito, todo o deleite do Pai concentra-se n'Ele, no seio do Pai, que está no pleno gozo dele. Ele declara o Pai. Eu vejo que Ele é infinito, e eu O adoro, mas vejo que Ele é a revelação do amor do Pai para mim, quando eu me debruço sobre Sua vida aqui.

 

Juntos em comunhão 

Não é apenas dizer, eu sou um pecador perdido e fui salvo, mas é o Espírito Santo que habita em mim, ocupando-me com Cristo, tendo comunhão com o Pai e o Filho, que é a minha porção. Quando digo que tenho comunhão com alguém aqui embaixo, quero dizer que tenho os mesmos pensamentos, as mesmas alegrias, os mesmos modos. Isso é verdade sobre nosso relacionamento com o Pai e o Filho? Isto nos dá a santidade de pensamentos, é claro, e dá piedade de pensamentos, isto é, você obtém afetos de acordo com o relacionamento em que você se encontra, adequado àquilo que está diante de sua alma.

 

Supondo que minha alma esteja meditando na abençoada obediência de Cristo – Sua obediência até a morte – e eu estou sentado adorando e contemplando Cristo dessa maneira, o Pai não a contempla também? Não conheço o deleite do Pai nela também? “Por isso, o Pai Me ama, porque dou a Minha vida”, e é por isso que eu O amo, porque Ele deu a Sua vida. Eu amo em minha pobre e frágil medida, é claro, mas estou tendo o mesmo objeto.

 

Não fique satisfeito se você não sabe o que é desfrutar do favor do Pai no Filho e conhecer o Pai revelado em todos os caminhos de Cristo, que o Filho de Deus veio ao mundo para revelar o Pai. Até que ponto seu coração aprendeu que Ele desceu para fazer você conhecer o amor do Pai e o Filho?

 

O Senhor nos permite ter nossos olhos repousando sobre Ele, na plenitude da graça n'Ele, para que, sabendo que Ele vai nos levar, possamos conhecê-Lo em nós agora – em Cristo e em Cristo em mim – e conhecer a Sua força para continuar mostrando-O.

 

J. N. Darby, de Miscellaneous, vol. 4, págs. 43-50 

 

Cristo, Aquele que Revela o Pai 


Deus teve o prazer de Se revelar de várias maneiras e sob diferentes características em cada época e todas dispensações. Antes da cruz Ele havia Se dado a conhecer a Adão, aos patriarcas e ao Seu povo Israel, mas não foi até que Cristo veio e glorificou a Deus sobre a Terra e completou a obra que Lhe foi dada para fazer que tudo foi contado – que Deus pode ser conhecido pelo nome de Pai. Antes disso, nuvens e escuridão estavam ao redor d'Ele, mas assim que a expiação foi feita pela morte de Cristo na cruz, o véu foi rasgado, e os crentes puderam depois ser colocados na luz como Deus está na luz. Toda a distância e ocultação foram abolidas, e tudo o que Deus é, juntamente com o nome de Pai, foi totalmente manifestado. O próprio Cristo, como o Verbo que Se fez carne e habitou entre nós (João 1:14), era Ele mesmo a revelação do Pai. Mas até a descida do Espírito Santo havia pouco ou nenhum poder para apreender sobre isso da parte daqueles diante de quem a revelação estava passando.

 

Nenhum conhecimento até... 

Praticamente não havia conhecimento de Deus como Pai até depois do Pentecostes. Isso ficará claro se traçarmos as sucessivas revelações de Deus feitas ao Seu povo no Velho Testamento. Para Abraão, Deus disse: “Eu Sou o Deus Todo-poderoso; anda em Minha presença e sê perfeito” (Gn 17:1); a Moisés: “EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós” (Êx 3:14). E quando Ele entrou em relacionamento distinto com o Seu povo escolhido, foi sob o nome de Jeová e esse foi sempre o nome do concerto com Israel. Pesquise todas as Escrituras do Velho Testamento e nem mesmo a palavra “pai” será encontrada mais do que cinco ou seis vezes, sendo aplicada a Deus, e na maioria desses casos é usada mais como indicadora da fonte da existência do que como implicando algum relacionamento.

 

Os santos do Velho Testamento, sem dúvida, nasceram de novo. Devemos insistir nisso, pois sem uma nova vida e uma nova natureza eles não teriam sido capazes de conversar com Deus, mas é igualmente verdade que eles nunca conheceram Deus como Pai e, portanto, que eles não poderiam desfrutar deste relacionamento.

 

O Filho revela o Pai

Deus não foi revelado como Pai antes de Cristo vir. O próprio Cristo foi o Revelador do Pai. No Evangelho de João, Ele nos é apresentado nesse caráter. No primeiro capítulo deste Evangelho é dito: “Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, este O fez conhecer” (v. 18). Nenhum outro, a não ser Ele mesmo, poderia ter feito isso, e isso é devido à posição que Ele sempre ocupou – o lugar de intimidade e comunhão que Ele sempre teve, e somente Ele, desfrutado, marcado pelas palavras “no seio do Pai”. Ele nunca saiu deste lugar. É uma expressão moral. Ele estava nele tanto quando era o Homem de dores e experimentado nos sofrimentos (AIBB) como quando possuía a glória que tinha com o Pai antes que o mundo existisse, e na própria cruz Ele ainda estava lá, pois Ele mesmo disse: "Por isso, o Pai Me ama, porque dou a Minha vida para tornar a tomá-la” (Jo 10:17) – Sua morte foi em obediência ao mandamento que Ele havia recebido, fornecendo, por assim dizer, um novo motivo para a expressão do amor de Seu Pai.

 

Mais tarde no Evangelho, encontramos um dos Seus discípulos autorizados a deitar no Seu seio, e este mesmo discípulo foi o vaso escolhido para revelar no seu Evangelho a filiação eterna de Cristo, e isso em certa medida pode nos ajudar a entender que ninguém senão Aquele que sempre esteve no seio do Pai pôde revelá-Lo neste caráter e relacionamento. Nas coisas divinas, é sempre verdade, como princípio permanente, que só podemos dizer aos outros aquilo que nós mesmos conhecemos em nossa própria alma. Se não estamos no poder da coisa de que falamos, nossas palavras, claras como podem parecer, terão pouco significado. O próprio Senhor estabeleceu este princípio quando disse: “Te digo que nós dizemos o que sabemos e testificamos o que vimos” (Jo 3:11).

 

Como Ele O revela 

Vamos então perguntar de que maneira o Senhor revelou o Pai. Ele mesmo respondeu à pergunta. “Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai; o que nos basta. Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não Me tendes conhecido, Filipe? Quem Me vê a Mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês tu que Eu estou no Pai e que o Pai está em Mim? As palavras que Eu vos digo, não as digo de Mim mesmo, mas o Pai, que está em Mim, é Quem faz as obras. Crede-Me que estou no Pai, e o Pai, em Mim; crede-Me, ao menos, por causa das mesmas obras” (Jo 14:8-11).

 

O próprio Cristo então, em tudo o que Ele era, na vida que Ele viveu quando estava aqui embaixo, foi a revelação do Pai; isto é, Ele era a apresentação moral perfeita do Pai, em tudo o que Ele é, para todos os que tinham olhos para perceber isso. Como Ele disse, “Eu lhes fiz conhecer o Teu nome” (Jo 17:26) – 'nome' na Escritura é a expressão da verdade do que uma pessoa é, e significa, neste contexto, a verdade do Pai. Assim, à medida que Cristo passou por essa cena, todas as características, todos os traços morais, todas as perfeições da mente, do coração e do caráter do Pai foram totalmente exibidas. Aos olhos naturais Ele era apenas Jesus de Nazaré, o filho do carpinteiro, mas os olhos abertos pelo Espírito Santo viram n'Ele “a glória do unigênito do Pai” e, como tal, Aquele que declarava o Pai.

 

Por palavras e obras 

Suas palavras foram tão perfeitas quanto Suas obras e, portanto, quando os judeus perguntaram: "Quem és Tu?" Ele respondeu: “Tudo o que Eu também disse a vós” (Jo 8:25 – JND). Como alguém disse, "Sua fala apresentava a Si mesmo, sendo a verdade". Nossas palavras frequentemente transmitem mais do que a verdade ou menos do que ela, e frequentemente nos sentimos humilhados com a descoberta de que não conseguimos expressar bem nem o que desejamos, e às vezes porque deixamos para trás uma impressão errada, senão falsa, pela imperfeição de nossas palavras. Com Ele, por outro lado, toda palavra era perfeita e, portanto, um raio de Sua própria glória, bem como uma manifestação do Pai. Assim, encontramos em João 14 que Ele identifica Suas palavras com Suas obras. “As palavras”, diz Ele, “que Eu vos digo, não as digo de Mim mesmo, mas o Pai, que está em Mim, é Quem faz as obras” (v. 10). As palavras eram tão perfeitas quanto as obras e ambas eram a revelação do Pai.

 

Como ter um conhecimento mais completo 

A pergunta pode ser feita: "Onde, então, podemos obter um conhecimento mais completo de Cristo para conhecer mais perfeitamente o Pai?" A resposta a esta pergunta é de toda importância. É somente na Escritura que podemos aprender o que Cristo é. Pode haver meditação sobre Ele, indubitavelmente, mas se formos preservados das armadilhas do misticismo e da imaginação, a Palavra de Deus deve ser a base de nossas contemplações.

 

Lembrar-se disso incentivará ao estudo da Escritura em um tal espírito que será uma ocasião para adorar e para gratos louvores.

 

E. Dennett, The Child of God, (adaptado) 

 

O Conhecimento do Pai 


"Eu vos escrevi, filhos, porque conhecestes o Pai" (1 Jo 2:13).

 

O que é esse conhecimento do Pai ao qual o filho mais novo que está em Cristo tem em seu título inalienável? E se o mais novo filho em Cristo tem esse título, eu e você também podemos desfrutar desse privilégio inestimável? É claramente algo mais do que saber que somos filhos de Deus, embora nosso coração possa muito bem ser profundamente tocado ao contemplarmos o modo do amor que nos foi concedido, a fim de que possamos levar esse nome e ocupar o lugar de filhos diante do Pai, como nascido d'Ele e possuindo o Espírito de Seu Filho (1 Jo 3:1).

 

Relacionamento e conhecimento 

O relacionamento é uma coisa, já o conhecimento do Pai de Quem eu sou filho é outra coisa. Suponhamos o caso do relacionamento natural, e a diferença será imediatamente percebida. O relacionamento permanece o mesmo, seja qual for o caráter do pai, mas para os filhos, o relacionamento depende desse caráter do pai. O pai pode ser amoroso e compreensivo ou muito distante e frio, e a diferença para a criança é incalculável. Será que é suficiente, então, que saibamos que pela graça infinita somos filhos de Deus, ou procuraremos conhecer nosso Pai? Não deveríamos desejar também nos tornar familiarizados com os pensamentos e sentimentos do Seu coração, o amor de Sua natureza, e Seu caráter (se posso, assim, usando esta palavra com a mais profunda reverência), quando Ele torna esse conhecimento de Si mesmo o privilégio de Seus pequeninos? Mas podemos perguntar: "Como eu devo conhecê-Lo?" Só pode ser como Ele Se revela. Vamos, então, humildemente buscar o caminho que a Escritura apresenta a essa bendita revelação para nós.

 

Revelado aos pequeninos 

Mateus 11 virá naturalmente diante de nós como o primeiro vislumbre de tal revelação no ministério do Senhor Jesus. Todas as circunstâncias tornam isso mais afetivo para o nosso coração. Foi uma época de profunda provação para Ele. A incredulidade do coração duro O encontrou nas cidades onde a maioria de Seus milagres foi feita, e esses atestaram Quem Ele era em cuja presença eles estavam tão frios. Mas isso só trouxe à tona a perfeição do bendito Senhor – o  que o conhecimento do Pai era para Ele. Ele sabia de onde receber tudo o que o pressionava tão fortemente, pois podemos ler: “Naquele tempo, respondendo Jesus, disse: Graças Te dou, ó Pai, Senhor do céu e da Terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos” (Mt 11:25).

 

Ele não viu nada além da perfeição da sabedoria e amor do Pai quando foi rejeitado nestas cidades. Se na sabedoria divina essas coisas foram ocultas dos sábios e prudentes, havia pequeninos a quem elas foram reveladas em graça infinita. Ele conhecia o amor do Pai, e nisso Ele encontrou Seu perfeito lugar de descanso e Se submeteu absolutamente à Sua vontade; isso é claramente expresso nas palavras: "Sim, ó Pai, porque assim Te aprouve". Estas duas coisas vem a nós, então, na experiência do bendito Senhor: a fonte de Seu descanso era no conhecimento de Seu Pai e Sua perfeita submissão à vontade do Pai. Ele nos introduziria a ambas, pois esta é a conexão das palavras que se seguem, muitas vezes esquecidas. No verso 27 todas as mais profundas glórias de Sua Pessoa, do lugar dado a Ele e Sua obra, no mais profundo caráter dela, aparece diante d'Ele. Não apenas o reino messiânico, mas "todas as coisas" na supremacia universal são entregues a Ele pelo Pai. A insondável glória de Sua Pessoa é tornada conhecida nas palavras: “ninguém conhece o Filho, senão o Pai”, e então como o mais precioso objeto da encarnação: “ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho O quiser revelar". Ele veio para revelar o Pai, isso vai muito além e acima da glória em que Ele foi apresentado a Israel até este ponto neste Evangelho. Mas vamos observar cuidadosamente que é quando a divina e inescrutável glória de Sua Pessoa como o Filho é revelada que Ele indica, tão intimamente conectado e dependendo desta glória, Seu propósito de revelar o Pai.

 

Talvez agora fiquemos ansiosos para perguntar: "A quem Ele revelará o Pai, a Quem somente o Filho viu e conheceu?" A resposta vem imediatamente nas preciosas palavras: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei” (Mt 11:28). Quantos há que andaram pelo mundo e com toda a sua labuta e cansaço descobriram que não há nada para satisfazê-los. O Senhor Jesus também passou por isso e percebeu que era realmente assim, mas Ele tinha uma fonte secreta de descanso perfeito. Ele nos chama a Ele para que Ele possa nos revelar este lugar. Esta fonte de descanso é o Pai e o Seu coração de infinito amor. O Filho nos daria descanso nos revelando o Pai, e então temos apenas que aprender d'Ele, Aquele manso e humilde. Temos que nos submeter absolutamente à Sua vontade para encontrarmos esse descanso perfeito que pode ser percebido em praticamente todas as circunstâncias. Tanto o Pai quanto o Filho foram vistos em operação prática neste lugar abençoado que o Senhor tomou, conforme expresso em “Sim, ó Pai, porque assim Te aprouve”. Quando alguém por fé reconhece que todos os seus fardos são permitidos pelo seu Pai e se submete a eles como “Assim Te aprouve”, então o jugo da submissão é fácil e o fardo é leve.

 

É necessário dar descanso 

Quão abençoada é então, a confirmação de que conhecer o Pai não é uma experiência avançada que pertence apenas àqueles que estão há muito tempo no caminho Cristão. Descobrimos que é a primeira coisa diante do Senhor que era necessário para dar descanso e estabelecer o coração que confiava n'Ele em vista das consequências de Sua rejeição. Mas para o pleno desenvolvimento de tudo o que flui da glória divina de Sua Pessoa, devemos abrir no Evangelho de João, onde desde o princípio brilha em toda parte, embora velado na forma humilde de um Homem.

 

O Verbo, que era por natureza Deus, Se fez carne e habitou entre nós, de modo que os olhos abertos da fé contempla Sua glória, a glória de um unigênito junto ao Pai, o único objeto estimado pelo Pai para Seu deleite (Jo 1:14). É isso que dá a bendita competência a Ele para tornar o Pai conhecido, assim como lemos no versículo 18: “Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, Este O fez conhecer". Somente Ele, como o Filho que permanece em Seu seio, era tão apto a tornar o Pai conhecido, pois Sua proximidade e intimidade com o Pai sempre O caracterizou enquanto falava e agia como Homem entre os homens.

 

As palavras e obras 

Procuremos seguir como a revelação do Pai que veio a nós na Pessoa do Filho. É nas Suas palavras e obras agrupadas pelo Espírito no Evangelho de João que iremos encontrá-la. Somente aqui, em toda a Escritura, o Pai é totalmente revelado, e é uma razão, sem dúvida, porque o pequeno rebanho se volta para Ele instintivamente como seu pasto mais precioso.

 

Todas as Suas obras foram, então, as obras do Pai, a expressão da natureza e da vontade do Pai fluindo desta comunhão divina. Em Suas obras, o Pai foi revelado. Daí as Suas palavras solenes em João 10:37-38: "Se não faço as obras de Meu Pai, não Me acrediteis. Mas, se as faço, e não credes em Mim, crede nas obras, para que conheçais e acrediteis que o Pai está em Mim, e Eu, n'Ele".

 

Foi o mesmo a respeito de Suas palavras, como João 12:49-50 mostra maravilhosamente: “Porque Eu não tenho falado de Mim mesmo, mas o Pai, que Me enviou, Ele Me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar... Portanto, o que Eu falo, falo-o como o Pai Mo tem dito”. Com que novo e precioso interesse todo o Seu caminho é investido, quando aprendemos que pelas palavras e obras Ele está expressando o Pai, para que possamos ser levados a conhecê-Lo como perfeitamente Ele é revelado. Daí também flui a revelação da casa do Pai, nunca antes mencionada na Escritura.

 

J. A. Trench (adaptado) 

 

“Vede que Grande Amor”


1 João 3:1 

Que belo é ouvir essas palavras de alguém que conheceu esse amor por tanto tempo e tão bem! O apóstolo havia acabado de dizer: “Se sabeis que Ele é justo, sabeis que todo aquele que pratica a justiça é nascido d'Ele. Que pensamento! É isto que faz com que o apóstolo exclame: “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus” (ARA). Isto dá um caráter e um relacionamento do qual o mundo não conhece nada a respeito. Aquele que era o Filho de Deus, o Unigênito, não era conhecido pelo mundo. Ele "estava no mundo, e o mundo foi feito por Ele e o mundo não O conheceu" (Jo 1:10).

 

Nós temos o relacionamento de Cristo com o Pai, e nós temos o Seu lugar como desconhecido aqui na Terra. "Por isso, o mundo não nos conhece, porque não conhece a Ele" (1 Jo 3:1). Nós sofremos com Ele aqui; Nós seremos glorificados com Ele lá. Aqui é sofrimento com Cristo em uma cena onde o pecado tem seu domínio, mas, sendo filhos de Deus, esperamos pelo lugar dos filhos em glória. Como Seus coerdeiros, então, possuiremos a herança com Ele e reinaremos com Ele, tendo sido glorificados com Ele. Então, podemos suportar bem ser desconhecidos em um mundo que não O conheceu. Enquanto isso, precisamos de paciência e confiança em Deus, “Porque ainda um poucochinho de tempo, e O que há de vir virá e não tardará” (Hb 10:37). É algo abençoado esperar pela Sua vinda, mas agora devemos estar contentes em sermos desconhecidos no mundo.

 

Um relacionamento presente e conhecido 

No entanto, enquanto esperamos por Ele, temos um relacionamento atual e conhecido com o Pai – não esperamos por isso! Somos nascidos de Deus agora e somos filhos e herdeiros de Deus agora. É um relacionamento presente que conhecemos pela Palavra de Deus e que temos a consciência dela pelo Espírito em nós. Quão muito mais abençoado é isso do que qualquer coisa que possa ser conhecida por esse pobre mundo! Neste mundo é maravilhoso ser filho de um rei, mas o que é isto comparado a serem herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo? Esta é a dignidade do mais humilde e pobre crente em Cristo. Como isso deve elevar nosso coração acima de toda a glória vazia deste mundo!

 

Objetos do amor do Pai 

Mas isso não é tudo. No relacionamento que temos com o Pai, por meio de Cristo, somos os objetos do Seu amor – imensurável, ilimitado, eterno. Quem pode medir esse amor? Somente na cruz do Calvário podemos ver a medida desse amor. Mas o preço foi pago e agora temos o mesmo lugar no amor do Pai como tem o próprio Cristo. O dia da glória manifestará isto até para o mundo – “para que o mundo conheça que Tu Me enviaste a Mim e que tens amado a eles como Me tens amado a Mim” (Jo 17:23). Temos o privilégio de beber neste oceano a plenitude de amor mesmo agora!

 

No dia de glória vindouro, não apenas desfrutaremos desse amor por toda a eternidade, mas seremos moldados à semelhança do Primogênito glorificado. Disto podemos dizer com confiança: “Sabemos”, embora hoje não seja uma questão de manifestação pública. Vamos vê-Lo como Ele é? Aqui não é a futura glória como Messias que está em vista. Certamente, nós O veremos e estaremos com Ele em Sua glória messiânica, pois “quando Cristo, que é a nossa vida, Se manifestar, então, também vós vos manifestareis com Ele em glória” (Cl 3:4). Todo o mundo O verá então como Filho do Homem, publicamente manifestado. Mas nós O veremos como Ele é agora na glória da presença de Seu Pai. Este é o desejo expresso do próprio Senhor: “Pai, aqueles que Me deste quero que, onde Eu estiver, também eles estejam Comigo, para que vejam a  Minha glória que Me deste; porque Tu Me hás amado antes da criação do mundo” (Jo 17:24). Aquele que foi amado antes da fundação do mundo é o objeto do deleite imutável do Pai. Tendo glorificado a Deus como Homem aqui na Terra, Ele foi glorificado como Homem no alto com a glória que Ele tinha com o Pai antes do mundo existir. Este é Aquele a Quem veremos como Ele é! Que visão será essa! O louvor fluirá de nós quando virmos Aquele que uma vez foi crucificado, mas agora o Salvador glorificado!

 

Como Ele em deslumbrante glória 

Como nossos olhos mortais poderiam olhar para Ele, naquela glória deslumbrante? A resposta é simples – nós seremos como Ele! Nossos corpos, humilhados pelo pecado, serão transformados em um corpo de glória, à semelhança do corpo de glória de Cristo. E isto não é meramente no corpo, mas também no espírito, de modo que nos uniremos de todas as maneiras à gloriosa esfera onde Ele habita.

 

Que efeito presente tudo isso tem em você e em mim? "E qualquer que n’Ele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também Ele é puro" (1 Jo 3:3). Esperamos ser como Ele naquele dia? Então vale a pena ser como Ele agora – em pureza de coração, em espírito e em nossos caminhos, exalando a doce fragrância de Sua vida ao longo do caminho aqui.

 

Que possamos continuar nos purificando como Ele é puro até que Ele venha e complete isto em glória!

 

A. H. Rule, Things New and Old, vol. 31, pág. 29 (adaptado)

 

Como Poderia Eu Murmurar? 


Murmurações e disputas são as raposinhas que estragam as vinhas! Essas coisas devem ser evitadas, para que possamos ser irrepreensíveis e inofensivos. Mas como eu poderia murmurar, se tenho algum senso de cuidado e amor do Pai? Como eu poderia estar disputando, se eu conheço o meu lugar como uma criança com o pai? Não; tanto uma como a outra são falsificações da graça de Deus.

 

E. Dennett

 

 

“Abba, Pai”

 

Oh, nosso Deus, quão cheio de bênçãos

São os nomes que Tu amas usar!

Oh, quão rico, possuindo a Ti mesmo,

Todos os Teus filhos felizes são!


Primeiro, e o mais importante, e o mais próximo,

“Pai de nosso Senhor” Tu és;

Neste nome, para Ele o mais querido,

Nós com Ele pela graça temos parte!


“Abba, Pai” no jardim

Com fortes lágrimas ouvimo-Lo clamar:

D’Ele é, a morte que comprou nosso perdão;

D’Ele é a alma em profunda agonia.


“Abba, Pai” antes de ascender

Para o trono glorioso acima,

Foi a palavra que ouvimos Ele enviar

Aos filhos do Teu amor.


Agora com abundante paz sem nuvens,

Nós com êxtase buscamos a Tua Palavra;

Todos os Teus nomes, este nome ao redor,

Proporcionam os mais profundos e ricos gozos.

 

J. G. Deck  

 

 

"Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus"

 1 João 3:1


 

 

 

 

 

 

 

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