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Discipulado (Abril de 2006)

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Revista mensal publicada originalmente em abril/2006 pela Bible Truth Publishers

 

ÍNDICE


          Tema da edição

          J. N. Darby

          H. Smith, adaptado de The Disciple Whom Jesus Loved

          C. H. Mackintosh, adaptado de Short Papers

          J. N. Darby, selecionado e adaptado de Collected Writings, vol. 25: págs. 103-105

         D. C. Buchanan

          E. V. G., adaptado de Things New and Old, vol. 25, pág. 38

          W. J. Prost

          Amy Carmichael

 

Discipulado



Um discípulo é um aprendiz e um seguidor. Quando o Senhor escolheu os doze discípulos, foi para que eles pudessem estar primeiro com Ele e então que Ele pudesse os enviar. Nesta edição, descreveremos um pouco das lições que devemos aprender com a vida de Pedro e de João, à medida que aprendiam a ser discípulos, tanto enquanto estavam com o Senhor como quando recebiam seu trabalho que deveriam fazer pelo Senhor. Veremos que um fator chave em ser um discípulo é estar perto do Senhor desfrutando de Seu amor por nós.

 

Em Lucas 9, temos tanto o lado do homem quanto o do Senhor no discipulado. Um homem cujo coração é atraído para o Senhor diz: “Senhor, eu Te seguirei”, enquanto o Senhor ordena a outro, “Segue-Me”. Além disso, devemos considerar bem o homem que pensou que Ele poderia seguir, independentemente do custo, pois ele disse: "Mestre, aonde quer que fores, eu Te seguirei".

 

Esta edição descreve alguns obstáculos que há em nós para sermos discípulos de todo o coração. Também nos mostra a necessidade essencial de aprender sobre a nossa “morte com Cristo”, a fim de sermos capazes e estarmos dispostos a segui-Lo até a morte. Mesmo como discípulos, devemos aprender: "sem Mim nada podereis fazer" (Jo 15:5).

 

Tema da edição

 

Os Prazeres Inocentes


Nossa tendência natural é buscar prazeres para o ego. Eles podem ser inocentes, mas afastam nosso coração de Deus, pois eles são corrompidos pelo pecado. As pessoas perguntam: qual seria o dano que eles trariam? A questão é: que  uso você está fazendo deles, e onde está seu coração? No momento em que nos voltamos para a cruz (a morte para tudo) nosso Senhor diz: "Para trás de Mim", pois isso é tudo o que Ele tem.

 

J. N. Darby

 

Discipulado e Amor


Todo verdadeiro crente ama o Senhor. Pedro, falando do Senhor aos crentes, disse: “não O havendo visto, amais”. Na presença do fariseu orgulhoso, o Senhor pôde dizer da mulher que beijou Seus pés: “porque [ela] muito amou”. No entanto, a Escritura reconhece que o amor ao Senhor pode ser encontrado em medidas muito variadas em diferentes discípulos e em diferentes ocasiões. O amor de Maria de Betânia, que ungiu o Senhor com o “unguento de grande valor”, foi certamente maior do que o dos discípulos que estavam indignados, e disseram: “Por que este desperdício?” O amor de Maria Madalena, que “estava chorando fora, junto ao sepulcro”, excedeu, naquela ocasião, o amor dos discípulos, pois está escrito que “Tornaram, pois, os discípulos para casa”. Embora o amor ao Senhor seja muito precioso à Sua vista e seja apreciado e desejado pelo crente, ainda assim, é claro, não podemos confiar em um amor que esteja tão sujeito a mudanças. O único amor em que podemos descansar deve ser o amor que não conhece mudança – o amor que permanece – o amor de Cristo pelos que são d'Ele.

 

Nosso amor ou Seu amor? 

É somente quando entendemos e desfrutamos do amor de Cristo, que o nosso amor por Ele desperta. "Nós O amamos", diz o apóstolo, "porque Ele nos amou primeiro". Portanto, nosso amor a Cristo será de acordo com a medida que percebemos Seu amor por nós.  Nós então amaríamos o Senhor com mais singeleza de coração? Então, não nos voltemos ao nosso próprio coração e pensemos em nosso amor por Ele, mas procuremos deleitar nossa alma em Seu amor por nós.

 

O efeito da alma, que assim se deleita no amor de Cristo, é benditamente demonstrado em conexão com o apóstolo João, nas cenas finais da vida do Senhor. Em contraste, as mesmas cenas retratam os tristes efeitos e a confiança no nosso próprio amor pelo Senhor, no caso do apóstolo Pedro. Os dois discípulos amam o Senhor com afetos verdadeiros e profundos mais do que os demais, pois isso os guiou a deixar tudo para traz e segui-Lo. Um discípulo, porém, confiava em seu amor ao Senhor, enquanto o outro descansava no amor do Senhor por ele.

 

Com genuíno amor ao Senhor, Pedro pôde dizer: “Senhor, estou pronto a ir Contigo até à prisão e à morte”, e novamente: “Ainda que todos se escandalizem em Ti, eu nunca me escandalizarei”. Por palavras e ações, ele parece dizer: "Eu sou o homem que ama o Senhor". Em contraste com Pedro, o apóstolo João diz, por assim dizer: "Eu sou o homem a quem o Senhor ama". João se deleitava nesse amor maravilhoso, e nesse amor ilimitado ele descansou.

 

Cinco lições no discipulado 

A primeira ocasião em que João é chamado de discípulo “a quem Jesus amava” é no cenáculo, como descrito em João 13. Que grande cena é esta para ser contemplada pelo coração! João está ali se deleitando no amor de Cristo, repousando a cabeça no seio de Jesus, como o discípulo a quem Jesus amava. Pedro está lá com amor real e ardente pelo Senhor, mas confiando em seu próprio amor ao Senhor, em vez de descansar no amor do Senhor por ele. Pedro não estava perto o suficiente do Senhor para aprender sobre Sua mente, e então ele teve que pedir a João para perguntar quem era o traidor. Assim, aprendemos que a proximidade e a intimidade com o Senhor são a feliz porção daquele que repousa no amor do Senhor.

 

A segunda ocasião em que João é descrito como o discípulo a quem Jesus amava nos traz à cruz. E qual é o resultado? Ele se torna um vaso adequado e útil para uso do Mestre. Foi dado a ele a função de cuidar da mãe de Jesus. Descansar no amor do Senhor nos torna aptos ao serviço.

 

Na manhã da ressurreição, os dois discípulos foram rapidamente ao túmulo. Pedro corre na frente no início, mas no final, João vai à frente. Podemos aprender que, embora o homem de natureza ardente possa muitas vezes assumir a liderança em algum empreendimento espiritual, é o homem que está apoiado no amor do Senhor, que finalmente assume a liderança.

 

Mais tarde no mar de Tiberíades, Pedro, que era impulsivo e energético, novamente toma a liderança e volta a sua antiga função de pescador. Quando chega a manhã "Jesus Se apresentou na praia, mas os discípulos não conheceram que era Jesus". Tendo mostrado a ele o quão inútil é trabalhar sem a direção d'Ele, Ele mostra agora o quão rico são os resultados quando eles agem debaixo de Sua direção. Imediatamente João percebe, "É o Senhor"! O discípulo que confiava no amor do Senhor é aquele que tem a percepção espiritual mais rápida.

 

Na praia, vemos os tratos carinhosos do Senhor para com Pedro, o homem que confiou em seu próprio amor. Pedro não está mais dizendo ao Senhor com autoconfiança o que ele está pronto para fazer, mas é o Senhor, em infinita graça, que diz a Seu discípulo restaurado o que Ele permitirá que ele faça. Você pensou em se glorificar acima dos outros pela prisão e pela morte, agora, então, vá até a prisão e a morte para glorificar a Deus. Mas e João? “E Pedro, voltando-se, viu que o seguia aquele discípulo a quem Jesus amava”. O homem que confiava em seu próprio amor e não tinha sido bem sucedido, precisava da graça restauradora e da exortação: "Segue-Me". Não foi o que aconteceu com aquele que estava descansando no amor do Senhor, pois ele já estava "seguindo".

 

Lembre-se destes resultados 

Assim, no discípulo a quem Jesus amava, vemos os benditos resultados que se seguem para aqueles que descansam no amor do Senhor, tais como:

 

  • - habitará em proximidade e intimidade com o Senhor;

  • - estará pronto para ser usado no serviço do Senhor;

  • - fará progresso espiritual;

  • - terá discernimento espiritual; e

  • - seguirá de perto o Senhor.

  

Se podemos falar pouco do nosso amor por Ele, podemos com certeza nos gabar do Seu amor por nós. É o privilégio dos jovens Cristãos dizer "eu sou um discípulo a quem Jesus ama", e o discípulo mais velho não pode dizer algo mais profundo que isso, pois todas as bênção são encontradas no Seu amor que abarca todas as coisas.

 

H. Smith, adaptado de The Disciple Whom Jesus Loved

 

Discipulado no Serviço


Na expressão "Segue-Me", temos o caminho do servo de Cristo (Jo 21:19). O Senhor havia acabado de dar a Pedro as promessas mais doces do Seu amor e confiança. Ele tinha, sem levar em conta as suas falhas passadas, confiado a ele o cuidado de tudo o que era precioso ao Seu coração amoroso neste mundo, até mesmo das ovelhas e cordeirinhos do Seu rebanho. Ele disse a Pedro: se você tem afeição por Mim, alimenta Meus cordeiros, pastoreie Minhas ovelhas, e agora, em uma breve, porém abrangente, declaração, Ele abre diante dele seu caminho correto: “Segue-Me” e  Isso basta, pois inclui todo o resto.

 

Distrações e obstáculos 

Se queremos seguir a Jesus, devemos manter os olhos continuamente sobre Ele, devemos notar Suas pegadas e andar nelas. E quando tentado a “nos virar” como Pedro, para ver como este ou aquele irmão tem para fazer ou como ele o faz, podemos ouvir as palavras corretivas, "O que te importa a ti? Segue-Me tu". Esta é a nossa única grande e envolvente ocupação. Milhares de coisas podem surgir para distrair e atrapalhar. O diabo nos tentará para que olhemos aqui e acolá, a olhar para este ou aquele, imaginar que poderíamos fazer melhor aqui do que lá, ou lá do que aqui onde estamos, nos ocupar e imitar a obra de algum companheiro de serviço. Tudo isso nos leva a essas palavras incisivas: "Segue-Me"!

 

Seguindo a outros 

Há um enorme perigo ao seguir o rastro de outros, de fazermos algumas coisas somente porque outros as fazem, ou fazer coisas como outros as fazem. Devemos cuidadosamente nos guardar de tudo isso. Certamente isso dará em nada. O que realmente desejamos é uma vontade própria quebrantada – o verdadeiro espírito de um servo que espera pelo Mestre para saber Sua mente sobre o assunto. O serviço não consiste em fazer isso ou aquilo, ou correr aqui ou acolá; e sim em simplesmente fazer a vontade do Mestre, o que quer que seja. “Os que servem são aqueles que estão em pé e aguardam”. É mais fácil estar ocupado do que ficar quieto. Quando Pedro era “mais moço”, ele andava por onde queria, mas quando ele ficou “velho”, ele foi levado para onde ele não queria. Que contraste entre o Pedro jovem, inquieto, ardente e energético, indo aonde ele queria ir, e o Pedro já velho, amadurecido, subjugado e experimentado, indo para onde ele não queria ir. Que misericórdia é ter nossa vontade própria quebrantada – ser capaz de dizer do coração, O que Tu queres, como Tu queres, onde Tu queres, quando Tu queres” . “Não se faça a Minha vontade, mas a Tua”.

 

As opiniões dos homens 

“Segue-Me” – Palavras preciosas! Que elas possam estar esculpidas em nosso coração, querido companheiro crente. Então estaremos firmes em nosso curso e eficazes em nosso serviço. Não seremos distraídos ou perturbados pelos pensamentos e opiniões dos homens. Pode ser que tenhamos muito poucos para nos entender ou simpatizar conosco – poucos para aprovar ou apreciar nosso trabalho. Isto não importa! O Mestre sabe tudo sobre isso. Vamos apenas ter certeza do que Ele nos disse para fazer, e então fazer. Se um mestre disser a um de Seus servos para fazer uma determinada coisa ou ocupar um certo cargo, é sua obrigação fazer isso ou ocupar esse cargo, não importa o que seus colegas de serviço possam pensar. Eles podem dizer que ele deveria estar em outro cargo ou estar fazendo outra coisa. Um servo adequado não escutará a esses, pois ele conhece a mente de seu mestre e que deve fazer o trabalho que Ele lhe deu.

 

Interferência 

Oh! Se fosse mais assim com todos os servos do Senhor! Se todos nós soubéssemos mais claramente e cumpríssemos mais decididamente, o que o Mestre confiou a nós. Pedro tinha seu caminho e João tinha o dele. Tiago tinha seu trabalho e Paulo tinha o dele. Assim era antigamente: O gersonita tinha seu trabalho e o merarita tinha o dele, e se alguém interferisse no trabalho do outro, o trabalho não teria sido concluído. O tabernáculo era levado e montado por cada homem executando sua função distinta. Assim é nestes nossos dias. Deus tem vários trabalhadores em Sua casa e em Sua vinha. Ele tem pedreiros, aqueles que põem as pedras no lugar, construtores e decoradores. São todos pedreiros? Certamente não, mas cada um tem seu devido trabalho a fazer, e a construção avança, cada um fazendo seu próprio trabalho. Um pedreiro deve desprezar um decorador? Ou, um decorador olhar com desprezo para um pedreiro? Com certeza não. O Mestre quer os dois, e sempre que um interfere no trabalho do outro, como tantas vezes fazemos, a fiel palavra corretiva chega a nossos ouvidos: “O que te importa a ti? Segue-Me tu".

 

 C. H. Mackintosh, adaptado de Short Papers

 

O Vínculo do Discipulado 


Quebrando vínculos 

"Se alguém Me serve, siga-Me" (Jo 12:26). Serviço não é realizar um grande feito, mas sim seguir o Mestre, e o mundo e os Cristãos de coração dividido não gostam disso. Existe muitas coisas para se fazer no mundo, mas "se alguém Me serve, siga-Me".

 

No final de Lucas 9 o Senhor mostra como os vínculos com este mundo devem ser quebrados. Um homem disse: "Senhor, seguir-Te-ei para onde quer que fores" (v. 57), mas Cristo o põe a prova. Você não pode seguir se não quer ter a mesma parte d'Aquele que não tinha onde reclinar Sua cabeça, pois mais cedo ou mais tarde, para ter um lar neste mundo, você irá atrás das aves do céu para conseguir um ninho, ou às raposas para encontrar uma toca, ao invés de ir ao Filho do Homem. Esse homem não deveria vir a Ele agora como Aquele que tinha as promessas, mas sim como Aquele cuja porção era de completa rejeição. Segui-Lo não poderia ser acompanhado com facilidade e conforto aqui. Ele deveria ser entregue nas mãos dos homens. Em Seu nascimento, vemos a mesma coisa. Todos encontraram lugar na estalagem, exceto Ele, mas qualquer um que quisesse encontrar Aquele a quem os anjos celebram deveria ir para a manjedoura!

 

Vínculos para a morte e a vida 

Ele diz para outro: "Segue-Me" (v. 59). O primeiro queria algo com Cristo, mas quando Ele diz: “Segue-Me”, então imediatamente uma dificuldade aparece, e é quando Ele chama um homem que as dificuldades são sentidas. Não havia senso de dificuldades com aquele que disse: “Senhor, eu Te seguirei”, sem ser chamado. Mas esse homem que é chamado diz: Deixa-me primeiro "enterrar meu pai". Ele estava indo imediatamente, mas havia um vínculo que é sentido. Jesus diz: “Deixa aos mortos o enterrar os seus mortos”; você precisa deixá-los para Me seguir. Você pode estar pronto para dizer que as coisas da Terra não têm poder sobre você, mas apenas prove o que é tê-las, e você aprenderá a extensão de seu poder. Um homem pode ir até o seu limite, mas quando ele chega ao fim ele é provado. Um pai tem uma reivindicação primordial na natureza, e especialmente para um judeu, mas Cristo diz, Eu estou te chamando para fora no poder da vida, estou colocando Minha reivindicação pela vida que Eu te dou, e isso quebra todos os laços aqui. É uma questão de vida no meio da morte. A palavra “primeiro” (deixe-me primeiro “enterrar meu pai”) mostra algo colocado antes de Cristo, como se o homem dissesse: “Há algo que eu coloco antes do Teu chamado”. A morte havia chegado e este mesmo apelo dizia a Cristo que todos estavam sob a morte. Era uma coisa certa para o homem enterrar seu pai, mas se a vida chegou e a questão é de redenção, de estar perdido ou de ser salvo, você precisa se entregar a isso. Na luz divina que está na cruz, Ele viu todos os mortos e, portanto, Ele disse: “Deixa aos mortos o enterrar os seus mortos”. A única coisa a ser feita agora é seguir a Cristo. A questão é: Morte no mundo ou vida em Cristo? Onde estão suas afeições?

 

Meio ligado a Cristo 

“Disse também outro: Senhor, eu Te seguirei, mas deixa-me despedir primeiro dos que estão em minha casa” (v. 61). No caso anterior, foi exatamente isso: Quando minhas primeiras afeições forem resolvidas, então eu irei e seguirei a Ti. Não há nada de bom nisso; o Senhor diz: “Deixa aos mortos o enterrar os seus mortos”. Mas este caso mostra que no coração aqueles de sua casa não foram deixados. Ele sentiu que tinha que romper com eles, e no entanto seu coração hesitou. "Ninguém que... olha para trás é apto para o Reino de Deus”. "Lembrai-vos da mulher de Ló". "O homem de coração dobre é inconstante em todos os seus caminhos". Se Cristo não for o primeiro e o último, Ele será sempre o último, pois a fé não está em exercício.

 

Os vínculos afetivos e a vontade 

A questão é se estamos caminhando, percebendo o que a cruz nos diz. A cruz levanta o véu, mostrando o esqueleto do mundo, e quando vejo essa sentença sobre tudo o que há no mundo, sobre o eu, e o que está no seu exterior e nos nossos vínculos afetivos com ele, aprendo que tudo deve ser abandonado, mas há o próprio Cristo e o amor que está n'Ele para ir de encontro a isso. Ele irá e deve julgar a si mesmo, e isso também traz à tona a vontade, pois há muita vontade própria em todo esse desvio da cruz. As pessoas podem falar das reivindicações de afeição, mas não é realmente e somente afeição familiar, mas no final o que é sentido é aquilo que está conectado com o ego. A afeição natural deve existir – na verdade, é um dos sinais dos últimos dias maus, os homens não ter tais afeições, mas se você tiver poder para julgar a si mesmo, descobrirá que muitas desculpas que você apresenta têm esse segredo no final. Assim, na aflição e no luto, não é apenas a afeição que é tocada, mas a vontade. Há doçura no sofrimento, desde que percebamos Cristo nele, e somente a afeição é o que entristece. Mas se a vontade é tocada, há rebelião, resistência, luta e tudo isso o Senhor deve julgar, pois a carne e o ego nunca podem seguir a Cristo. Que detalhe maravilhoso tudo isso é! É Deus passando pelo nosso coração entrando em todos os cantos e fendas. Por quê? Por causa da constante e inabalável firmeza de Seu amor, e como um pai ama seu filho quando é desobediente, assim como quando é obediente, assim nosso Deus Se esforça cuidadosamente, por assim dizer, com todos nós, mesmo quando somos maus.

 

O efeito de tudo não é apenas nos tornar justos na prática, mas felizes – "imitadores de Deus, como filhos amados". É bom, por um lado, julgar a nós mesmos e ver o que há ali em nós e, por outro lado, ver a plenitude de Sua graça em Cristo.

 

Que o Senhor nos faça sentir cada vez mais que “a amizade do mundo é inimizade contra Deus” e que a energia da carne não pode realizar a obra de Deus, para que possamos aprender a trabalhar com as forças de Deus, para Deus e com Deus.

 

J. N. Darby, selecionado e adaptado de Collected Writings, vol. 25: págs. 103-105

 

O Discipulado Cristão 


Os discípulos podiam, em certa medida, seguir o Senhor em Seu ministério terrenal, mas quando se tratava de seguir o Senhor quando Ele abriu o caminho Cristão e as bênçãos celestiais, ninguém poderia ir com Ele, pois esse caminho era através da morte e ressurreição. “Para onde Eu vou não podes, agora, seguir-Me, mas, depois, Me seguirás” (Jo 13:36). Pedro pensou que podia e disse: “Por que não posso seguir-Te agora? Por Ti darei a minha vida” (Jo 13:37). Ele, o líder dos doze discípulos, enquanto procurava seguir o Senhor, O negou, deixando-nos uma lição de fracasso quanto ao discipulado. Mais tarde, o Senhor disse a Pedro: “quando já fores velho, estenderás as mãos, e outro te cingirá e te levará para onde tu não queiras” (Jo 21:18).

 

Quando outro voluntário se ofereceu para seguir o Senhor, Ele respondeu: “As raposas têm covis, e as aves do céu, ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Lc 9:58). Seguir o Senhor naquela época tinha se tornado um caminho de rejeição, e não poderia ser feito por voluntariado. Nem era um caminho adequado para aqueles que ainda estavam esperando para enterrar seus mortos (v. 59) ou para aqueles controlados pelas reivindicações do lar (v. 61); todas essas reivindicações precisavam ser abandonadas para seguir o Senhor (v. 61). No entanto, o poder de seguir o Senhor é mostrado a nós na Palavra de Deus, mas devemos ir além do que nos é mostrado nos quatro Evangelhos para o ver.

 

O poder para passar pela morte 

Há uma imagem da incapacidade do homem de seguir o Senhor até a morte, na distância que seria mantida entre a arca de Jeová e os filhos de Israel quando eles desceram pelo rio Jordão e entraram na terra de Canaã. Eles não deveriam se aproximar da arca, mas manter cerca de 2.000 côvados (920 metros) de distância dela. O poder para descer a morte só é possível para aqueles que têm uma vida além dela. Só o Senhor poderia atravessar as águas da morte e ressuscitar do outro lado. Não podemos fazer isso, mas depois podemos seguir em associação a Ele. Essa verdade de ser identificado com Cristo em Sua morte nos é revelada nas epístolas, particularmente em Colossenses. "Sepultados com Ele no batismo, n’Ele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que O ressuscitou dos mortos" (Cl 2:12). "Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus" (Cl 3:1). Somente quando percebemos nossa posição como mortos e ressuscitados com Cristo, podemos, pelo poder do Espírito em nós, seguir o Senhor. Assim as exortações seguem em Colossenses: “Mortificai, pois, os vossos membros que estão sobre a Terra... despojai-vos também de tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência... Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade” (Cl 3:5-12).

 

Nossa morte com Ele 

Não é suficiente saber que Cristo morreu para nós, nós também devemos perceber que nós morremos com Ele. Assim como os filhos de Israel devem atravessar o Mar Vermelho e o Rio Jordão antes de entrar em Canaã, devemos entender que Cristo morreu por nós (Mar Vermelho) e que nós morremos com Ele (Rio Jordão). Isso é necessário antes que possamos nos apegar às coisas celestiais. Quando o Senhor desceu à morte e ressuscitou, o crente também morreu e ressuscitou com Ele. A vida do crente está n'Ele em glória, e essa vida ressurreta é necessária para percorrer o caminho Cristão.

 

Novamente isso é retratado no tempo de Josué quando Ele disse a respeito da arca: “Não vos chegueis a ela, para que saibais o caminho pelo qual haveis de ir; porquanto por este caminho nunca passastes antes” (Js 3:4). Se Pedro tivesse entendido o ensino dessas palavras, ele não teria tentado seguir o Senhor com sua própria força. Só podemos seguir o Senhor ressuscitado no poder da vida de ressurreição que temos em Cristo. Até que o Senhor tivesse morrido e sido ressuscitado, não era possível para qualquer um perseguir esse caminho.

 

Foi ensinado a Pedro uma lição sobre isso no momento de sua restauração pelo Senhor ressuscitado. O Senhor disse a ele: “Amas-Me? E disse-lhe: Senhor, Tu sabes tudo; Tu sabes que eu Te amo. Jesus disse-lhe: Apascenta as Minhas ovelhas” (Jo 21:17). E o Senhor disse a ele que alimentar Suas ovelhas seria a prova do amor e discipulado de Pedro.

 

Para segui-Lo até a morte, Pedro precisava do Senhor em ressurreição. Antes da cruz, ele não podia seguir o Senhor até a morte, mas agora o Senhor lhe diz: “Na verdade, na verdade te digo que, quando eras mais moço, te cingias a ti mesmo e andavas por onde querias: mas, quando já fores velho, estenderás as mãos, e outro te cingirá e te levará para onde tu não queiras. E disse isso significando com que morte havia ele de glorificar a Deus. E, dito isso, disse-lhe: Segue-Me” (vs. 18-19).

 

Então, no final do Evangelho, quando Pedro diz a Jesus: “Senhor, e deste que será? Disse-lhe Jesus: Se Eu quero que ele fique até que Eu venha, que te importa a ti? Segue-Me tu" (vs. 21-22). Não é próprio para um discípulo dar ordens aos outros ou estar ocupado com o que eles devem fazer. A ocupação com outros não nos motiva a sermos bons discípulos. Um discípulo deve seguir o Senhor!

 

O discipulado Cristão 

O apóstolo Paulo foi o escolhido de Deus para nos mostrar o caminho do discipulado Cristão. Ele, o principal dos pecadores, deveria revelar a verdade do lugar celestial onde o Homem Jesus Cristo ascendeu, e de nosso chamado celestial. Isso ele fez não apenas pelo ensino doutrinário, mas também por praticamente vivê-lo. Ele escreveu: “Mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação [vocação do alto – JND] de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3:13-14). “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a Sua graça para comigo não foi vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus, que está comigo” (1 Co 15:10). “Porque penso que em nada fui inferior aos mais excelentes apóstolos” (2 Co 11: 5). Ele excedeu os outros apóstolos. Ele seguiu o Senhor mais de perto do que os outros. Ele realmente se apossou da verdade revelada a ele, e isso permitiu que ele fosse um bom discípulo.

 

O segredo do discipulado 

Este é o segredo do discipulado hoje. Que olhemos para o céu e conheçamos a Cristo como Ele está agora lá, para ver o caminho que Ele andou para chegar ali e então segui-Lo. Esse caminho envolve sentir a Sua rejeição na Terra, tendo a sentença de morte em nós mesmos para todas as outras reivindicações, e desejando se render a Ele.

 

Não há reino na Terra para nós, pois o nosso é celestial. Devemos esperar com paciência para que ele se manifeste quando Ele vier. Há misericórdias temporais necessárias ao longo do caminho, que Ele provê de acordo com a Seu perfeito entendimento de nossas necessidades, mas essas coisas terrenais não são nossa verdadeira porção. “Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem, neste mundo, aborrece a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna. Se alguém Me serve, siga-Me; e, onde Eu estiver, ali estará também o Meu servo. E, se alguém Me servir, Meu Pai o honrará” (Jo 12:25-26).

 

D. C. Buchanan

 

Siga-Me


Em Mateus 8, temos três casos, um com propósito de  seguir o Senhor, um de voltar atrás, e um de um genuíno discipulado.

Antigamente grandes multidões haviam seguido o Senhor, atraídos por Seus ensinamentos e milagres. Agora, depois que a multidão curiosa ter sido dispersada, o Senhor lida com os mais verdadeiros. Para ser um verdadeiro seguidor, era preciso deixar a multidão e procurar a Pessoa que ele desejava seguir.

Propondo-se a seguir

No primeiro caso, lemos: “E, aproximando-se dele um escriba, disse: Mestre, aonde quer que fores, eu Te seguirei” (Mt 8:19). Estas são palavras ousadas e confiantes, mas como o Senhor lhe responde? Ele não rejeita sua oferta nem o aceita imediatamente como Seu seguidor. Em vez disso, em palavras de infinita sabedoria, Ele responde com palavras que se adequam ao caso do escriba. Ele o lembra que "As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça" (Mt 8:20). O Senhor quer seguidores e convida amorosamente as almas a segui-Lo, mas ao mesmo tempo lhes diz quanto custa tal discipulado.

E assim acontece hoje. Podemos tomar o nosso lugar com Alguém como Este? Será que vemos tal beleza n'Ele que nos faz compartilhar voluntariamente de Sua rejeição? Há um momento chegando quando Ele será manifestado em glória, mas por enquanto devemos nos contentar em nos identificar com Aquele que foi rejeitado por este mundo.

Recuando

No próximo caso, se chega a Ele um que evidentemente já era um seguidor do Senhor, pois a Escritura o chama de “outro de Seus discípulos”. Ele faz o que parece ser uma proposta razoável: “Senhor, permite-me que, primeiramente, vá sepultar meu pai” (v. 21). Por que então o Senhor lhe responde: “Segue-Me e deixa aos mortos sepultar os seus mortos” (v. 22)? Era como se o homem tivesse dito: “Senhor, deixa-me esperar até que meu pai esteja morto – até que tudo o que me vincula com a Terra desapareça – e então eu Te seguirei”. Mas tudo o que nos liga a esta pobre Terra foi cortado pela morte do Salvador. Somos chamados a mostrar aos outros que somos do céu.

O mundo ao nosso redor está morto em ofensas e pecados, de acordo com Efésios 2:1. Nós também estávamos mortos antes, mas por meio da graça nos foi dada a vida. Não devemos procurar um lugar entre os mortos. Não pensemos que o Senhor Jesus estava defendendo a negligência aos pais. Não, pois Ele falou fortemente contra essa má prática em outros lugares. É correto cuidar de nossas responsabilidades em relação às coisas desta vida, mas com esse homem o Senhor percebeu mais do que meramente um cuidado por seu pai. Pelo contrário, era um vínculo com o mundo, uma desculpa para não dar ao Senhor o primeiro lugar em sua vida. É contra isso que devemos nos proteger e lidar em nossas vidas.

O discipulado genuíno

Finalmente, o Senhor lidera o caminho para um barco e Seus discípulos O seguem. Este é o verdadeiro discipulado, pois devemos seguir uma Pessoa divina – Cristo, não nossas próprias inclinações. Ao segui-Lo ao barco, eles tomaram sobre si todas as consequências de estar com Ele. Todos sabemos o que aconteceu. Uma grande tempestade começou. O barco estava sendo coberto pelas ondas, mas o Senhor estava dormindo! Alarmados, Seus discípulos O acordam e clamam: “Senhor, salva-nos, que perecemos” (v. 25). Então Ele, o Filho de Deus, Se levantou e repreendeu os ventos e o mar, e houve uma grande bonança.

A fidelidade a Cristo envolverá ondas tempestuosas e ventos fortes. Devemos lembrar que, embora Ele pareça estar dormindo, Ele está no mesmo barco conosco! Nós não somos deixados sozinhos, e se nós afundássemos, Ele afundaria junto! Que segurança Sua presença nos dá!

Vemos neste capítulo o Senhor apresentado como um Objeto a ser seguido e como Filho do Homem, sujeito a toda circunstância hostil. Além disso, nós O vemos como Filho de Deus, superior a todas as circunstâncias. Quão abençoado somos por conhecê-Lo em cada um desses caráteres! Vemos uma Pessoa a Quem todas as influências neste mundo se opõem e, ao mesmo tempo, Aquele que tem controle total sobre todas as circunstâncias. Ele nos chama para segui-Lo. Como estamos respondendo ao Seu chamado? Que Ele possa nos dizer naquele dia: “Bem está, bom e fiel servo” (Mt 25:23).

E. V. G., adaptado de Things New and Old, vol. 25, pág. 38

 

Evolução em 2006 


Em 20 de dezembro de 2005, o Juiz Distrital dos EUA John Jones determinou que era inconstitucional para uma escola secundária na Pensilvânia ensinar “design inteligente” como uma alternativa à evolução. Jones condenou como "futilidade de tirar o fôlego" a política do conselho escolar que tentou lançar dúvidas sobre a teoria da evolução. Não precisamos dizer que as reações do público foram diversas. Uma dos demandantes que processou o distrito escolar sobre o assunto disse que ela estava “pasmada" sobre a decisão do juiz. Ela disse à imprensa: "Esta é uma vitória para a educação, uma vitória para a ciência e uma vitória para a educação científica". Outra mulher observou que a liberdade de religião incluía o direito de liberdade de não ter qualquer religião e, portanto, nada que tenha a ver com Deus deveria ser ensinado nas escolas. Por outro lado, Richard Thompson, um dos advogados que representavam os réus, comentou: “Os fundadores deste país ficariam surpresos com a ideia de que essa simples mudança de currículo viola a constituição que eles redigiram”.

 

Coincidindo com tudo isso foi inaugurada recentemente uma exposição sobre Darwin no Museu Americano de História Natural, em Nova York, e que tinha viajado para Boston, Chicago e Toronto antes de terminar em Londres em 2009, no 200º aniversário do nascimento de Darwin. A exposição detalha a história e os artefatos de sua vida e revela algo da dolorosa jornada que ele fez da certeza moral à dúvida. Parece que duas coisas influenciaram fortemente o pensamento de Darwin em sua idade mais jovem. Ele estava preocupado com o problema do mal e como um Deus benevolente poderia permitir tanto sofrimento no mundo. Então, quando sua amada filha Annie morreu com dez anos de idade (possivelmente de tuberculose), ele foi levado a um maior desespero. Em 1859 ele publicou seu famoso livro, A Origem das Espécies, que parecia destruir a própria base do Cristianismo. As pessoas agarraram sua teoria imediatamente, com o resultado de que, quando ele morreu em 1882, Darwin foi enterrado com honra na Abadia de Westminster.

 

Uma velha ideia 

O fato é que Darwin não foi o criador da teoria da evolução, pois desde o começo da existência do homem ele tentou resolver o enigma da vida à parte de Deus. Muitas teorias se desenvolveram, incluindo coisas como a ideia da transmigração da alma, que é encontrada na maioria das falsas religiões. Uma teoria da evolução relativamente bem definida foi proposta por Aristóteles (que viveu vários séculos antes de Cristo), e sugestões de tal ideia são encontradas mesmo em monumentos babilônicos e egípcios. Mais recentemente, um homem chamado Jean Baptiste Lamarck publicou pelo menos dois livros sobre o assunto no início de 1800, e assim ele deve ser considerado como o verdadeiro pai do ensino evolucionário moderno. Alguns anos antes disso, o avô de Darwin, Erasmus Darwin, também havia publicado um material e deve ter influenciado grandemente seu neto. No entanto, foi Darwin que reuniu tudo isso e no momento em que as pessoas estavam prontas para receber isso. Como alguém observou certa vez, quando o Senhor está trabalhando, Satanás também está trabalhando. Quando Deus levantou homens como Lutero e outros para liderar o caminho na Reforma, Satanás levantou um Shakespeare para ocupar as mentes dos homens e proporcionar uma distração do pensamento Cristão. Quando Deus levantou homens como J. N. Darby e outros para trazer de volta a verdade da igreja, Satanás levantou Darwin e outros para afastar os corações dos homens. O darwinismo na Inglaterra buscou destruir a glória de Deus como Criador, enquanto a chamada “alta crítica”, que começou na mesma época na Alemanha sob homens como Julius Wellhausen, buscou destruir a glória de Deus como Redentor.

 

Darwin sofreu forte oposição dos Cristãos, começando com Samuel Wilberforce na Inglaterra, que liderou um ataque contra ele em 1860. Muitos estão familiarizados com o chamado "julgamento dos macacos" de 1925 no Tennessee, onde o professor John Scopes foi julgado por violar uma lei estadual que proibia o ensino da evolução nas escolas. Contudo, em anos mais recentes, alguns crentes tentaram reunir a Palavra de Deus e o Darwinismo. Alguns tentaram argumentar que o registro da criação de Gênesis é meramente um relato geral e que Deus permitiu que Sua criação tivesse uma certa autonomia para se desenvolver por conta própria. Outros tentaram resolver o problema dizendo que é o papel da Bíblia dizer: "Por que isso aconteceu", enquanto é o papel da ciência perguntar: "Como isso aconteceu?" Estranhamente, o falecido Papa João Paulo II disse em 1996 que não havia conflito essencial entre a teoria de Darwin e o catolicismo.

 

Desconforto de consciência 

É verdade que a Palavra de Deus deve ser a revelação de Deus de Si mesmo para o homem, e assim nos dá o que diz respeito à vida e à piedade. Ela foi escrita para alcançar o coração e a consciência do homem, não para satisfazer toda pergunta curiosa que ele possa fazer. No entanto, devemos estar certos de que não pode haver qualquer terreno comum entre o darwinismo e a Palavra de Deus. Levado a sua conclusão lógica, o darwinismo postula o aparecimento espontâneo da vida e uma progressão de animais unicelulares até o próprio homem. A Palavra de Deus é sublime e clara: “No princípio, Deus” (Gn 1:1). A verdadeira razão para o pensamento evolutivo é, em última instância, o desejo do homem de evitar sua responsabilidade para com o Criador e o fato de que um dia ele deve responder a Ele. Se ele pode se convencer de que Deus não existe, então ele pode contornar o sempre presente incômodo em sua consciência que ele estará diante de Deus algum dia. Porque “como eles se não importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso” (Rm 1:28). Como o famoso biólogo britânico Richard Dawkins escreveu, o darwinismo "tornou possível ser um ateu intelectualmente satisfeito". É por isso que o ensino do design inteligente é tão repugnante para a mente natural, e por que um juiz decidirá contra trazê-lo para o currículo escolar. Todas as ideias ridículas e saltos quânticos conectados com a evolução podem ser tolerados, mas não o ensinamento de que Deus existe.

 

Hebreus 11:3 diz: "Pela fé, entendemos que os mundos, pela Palavra de Deus, foram criados", e devemos ter isso em mente. Não é a falácia ou não da teoria da evolução que reforça nossa crença na Palavra de Deus, mas sim a fé n’Aquele que escreveu essa Palavra. Deus nos deu uma revelação de Si mesmo que traz as marcas de sua própria inspiração, e não precisa do homem para autenticá-la. No entanto, podemos dizer com confiança que a teoria da evolução se destrói a si mesma. Para qualquer mente honesta, existem numerosas barreiras à sua viabilidade, qualquer uma delas é um obstáculo sem esperança que não pode ser ultrapassado. Está além do escopo deste artigo considerá-las em detalhes, mas vamos olhar para uma “barreira” que remete a Darwin.

 

Uma barreira genética 

Em sua visita às ilhas Galápagos nos anos 1831-1836, Darwin ficou impressionado com as variações nos bicos dos tentilhões. Cada grupo tinha um bico único adaptado à sua dieta específica. Os bicos não só eram diferentes de uma área para outra, mas também variavam ao longo do tempo, dependendo de vários fatores, como a quantidade de chuva. Darwin chamou tudo isso de "seleção natural" e postulou que isso poderia causar várias mutações que eventualmente resultariam no surgimento de uma espécie inteiramente nova. Naturalmente, a seleção natural é bem reconhecida e acontece o tempo todo no mundo. O que a teoria da evolução falha em afirmar é que a seleção natural pode se livrar da informação genética, mas não pode criar nenhuma nova. Os pools genéticos possuem apenas uma certa quantidade de informação para qualquer traço particular. Mudança mutacional pode causar a perda de um traço particular, mas nenhum processo evolucionário criativo existe para superar o limite adicionando um novo. No caso dos tentilhões de Galápagos, os genes para todas as diferentes formas de bico estavam obviamente contidos em seu pool genético e poderiam levar à adaptação pelas várias condições sob as quais viviam. Mas nenhum tentilhão de Galápagos jamais desenvolveu, por exemplo, o bico em forma de gancho de uma ave de rapina, já que isso não estava em seu pool genético. Assim, as várias formas de bico dos tentilhões de Galápagos provavelmente vieram de uma única população ancestral, mas ninguém foi capaz de ver um cruzamento de uma espécie para outra.

 

Nada novo 

Em conclusão, podemos dizer que a teoria da evolução não é realmente nada de novo, mas tem estado na mente dos homens por milhares de anos, enquanto ele procurava eliminar Deus de seu conhecimento. Ficou para um homem como Darwin dar um passo à frente e juntar tudo, cerca de 150 anos atrás. É triste dizer que suas ideias foram apanhadas como “fogo selvagem”, pois os homens procuravam resistir ao brilhante testemunho que Deus estava revelando. Que sejamos impedidos de comprometer qualquer parte da verdade de Deus contida em Sua Palavra! Não existe, nem jamais existiu, qualquer conflito entre a Palavra de Deus e o verdadeiro conhecimento, mas o darwinismo é a tentativa de Satanás de derrubar não somente a Palavra de Deus, mas o próprio Deus.

 

W. J. Prost

 

Faça de Mim o Teu Combustível 

(Isaías 9:6)

 

  

Da oração que pede que eu seja

Protegido dos ventos que Te atingem,

De temer quando eu deveria aspirar,

De vacilar quando deveria subir mais alto,

Do eu delicado, ó Capitão, liberta

Teu soldado que Te quer seguir.

 

Do amor sutil por coisas suaves,

Das escolhas fáceis, dos enfraquecimentos,

Não é assim que os espíritos são fortalecidos,

Não foi assim que o Crucificado seguiu;

De tudo o que obscurece o Teu Calvário,

Ó Cordeiro de Deus, livra-me.

 

Dê-me o amor que dirige o caminho,

A fé de que nada pode desanimar,

A esperança que nenhum desapontamento enfraqueça,

A paixão que arderá como fogo;

Não me deixes afundar e ser um tolo;

Faça de mim Teu combustível, Chama de Deus.


Amy Carmichae

 

“Se alguém Me serve, siga-Me, e onde Eu estiver, ali estará também o Meu servo”

 

João 12:26

 


 

 

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