Educação (Janeiro de 2011)
- Revista O Cristão
- 11 de jul.
- 29 min de leitura
Atualizado: há 4 dias

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Revista mensal publicada originalmente em janeiro/2011 pela Bible Truth Publishers
ÍNDICE
Tema da edição
W. J. Prost
C. H. Mackintosh
D. C. Buchanan
P. Wilson, adaptado
W. J. Prost
P. Wilson
J. G. Deck
Educação

Educar, conforme o dicionário Webster, é desenvolver mental e moralmente, especialmente por meio de instrução. É o lado moral da educação que cria sérias preocupações para o povo de Deus. Uma coisa é ensinar matemática ou como ler e escrever, cozinhar ou plantar um jardim, mas é bem diferente ensinar o caminho e a vontade de Deus. O temor do Senhor é o princípio da sabedoria e do conhecimento (Pv 9:10; 1:7). Qualquer educação moral que não comece com essa verdade como fundamento está errada e é prejudicial.
Ontem à noite, em um centro de detenção, notei uma placa na porta de uma sala de aula que dizia “Habilidades para a Vida” e listava várias disciplinas ensinadas naquela sala. A dificuldade começa quando o professor de “habilidades para a vida” combina a instrução mental com a moral e ele não tem os pensamentos de Deus sobre a moral. Como alguém já disse: “Toda vez que você diz ‘eu acho’, você acabará pensando errado em todos os assuntos morais e espirituais, a menos que seus pensamentos sejam formados pela Palavra de Deus”.
Nem todo mundo tem a capacidade de ensinar habilidades básicas da vida, como leitura, escrita e aritmética. No entanto, elas são uma parte importante da vida cotidiana e precisam ser ensinadas por alguém. Na maioria dos países, é obrigatório que uma criança receba essa educação. Quem vai ensinar o que? Esta edição da revista O Cristão aborda algumas dessas necessidades e preocupações, com a luz da Palavra de Deus.
Tema da edição
A Educação dos Filhos
A educação de nossos filhos tem sido necessária na maior parte da história do homem e, naturalmente, variou em diferentes épocas e de cultura para cultura. Por um lado, certas habilidades acadêmicas são necessárias para quase qualquer trabalho e para permitir que alguém tenha alguma atuação na vida. Por outro, é necessário muito mais para a educação de uma criança do que simplesmente ensiná-la academicamente. Os valores morais e espirituais são ainda mais importantes. Educação física e habilidades sociais também são necessárias. Como resultado, muitas teorias diferentes sobre educação surgiram, e há fortes sentimentos sobre esses vários pontos de vista. Para os Cristãos que buscam o melhor para seus filhos, isso geralmente representa um verdadeiro dilema, pois há vantagens e desvantagens em todos os métodos.
Neste artigo, gostaria de analisar vários modos de educação e examinar as vantagens e desvantagens de cada um deles. Não é minha intenção promover ou endossar nenhum sistema, pois as circunstâncias e os exercícios piedosos variam muito entre diferentes indivíduos, culturas, países e até áreas dentro do mesmo país.
Escolas públicas
A educação pública para crianças pequenas está disponível na maioria dos países há muitos anos e tem sido um benefício real para os pais que, de outra forma, teriam dificuldade em educar seus filhos. Os governos reconheceram as vantagens de disponibilizar uma educação razoável a todos, e, portanto, a educação pública tem a vantagem de ser gratuita e geralmente de fácil acesso. Em alguns lugares, ela é basicamente boa, enquanto em outros lugares existem desvantagens evidentes.
Como a educação pública é paga com impostos, o caráter geral e o conteúdo da educação refletirão necessariamente a atitude do governo que a administra. Em um país democrático, ela também refletirá o tom moral da sociedade que elege o governo. Na Europa Ocidental e na América do Norte, tem sido amplamente reconhecido que, nos últimos quarenta anos, as escolas públicas têm cada vez mais falhado em manter padrões acadêmicos, morais e espirituais, bem como em garantir a proteção física das crianças. Infelizmente, pelo menos em algumas áreas, essa crítica se justifica. Uma abordagem humanista liberal da educação, juntamente com a falta de estrutura e disciplina firme, promoveu em muitas escolas uma atmosfera que prega contra o aprendizado real, seja acadêmico, moral ou espiritual.
Por outro lado, mesmo que essas coisas sejam verdade, muitos pais Cristãos entendem que, ao proporcionarem uma vida familiar espiritualmente saudável e ao armarem seus filhos com a Palavra de Deus, podem enviá-los com segurança ao mundo, sabendo que eles (os filhos) devem, em algum momento, aprender a resistir à atitude e ao espírito do mundo e a trilhar um caminho separado. Além disso, esses mesmos pais geralmente estão dispostos a complementar o ensino acadêmico da escola e a compensar algumas das deficiências.
Nos EUA, o conceito de “escola charter” (escola que recebe fundos do governo, porém opera de modo independente do sistema educacional do Estado em que está) surgiu nos últimos vinte ou trinta anos. São escolas financiadas com recursos públicos, mas que estão autorizadas a oferecer mais opções em abordagens inovadoras da educação. Na maioria dos casos, essas escolas são melhores que as escolas públicas tradicionais. As matrículas, no entanto, costumam ser limitadas, e os alunos podem ter que percorrer longas distâncias para frequentar essa escola. Além disso, é questionável se o tom moral e espiritual das escolas charter difere muito das escolas públicas tradicionais.
Escolas particulares seculares
Antes que a educação pública se tornasse disponível para todos, as escolas particulares eram comuns, e ainda hoje elas são muito difundidas em alguns países. Elas têm a vantagem de serem administradas por particulares e não pelo governo, e os pais podem escolher uma escola cujos objetivos coincidem com os seus. As turmas em escolas particulares são geralmente menores, com melhores equipamentos, e, geralmente, os alunos recebem mais atenção individual de professores com excelentes credenciais. Por esses motivos, a qualidade da educação é frequentemente melhor do que nas escolas públicas. Como os pais estão pagando diretamente pela educação dos filhos, sua voz geralmente é mais eficaz para influenciar a abordagem do aprendizado e o conteúdo do currículo.
No entanto, há uma série de inconvenientes que devem ser considerados na educação privada. Primeiro, a despesa costuma ser considerável e está fora do alcance de muitas famílias. Segundo, as crianças podem ter que percorrer uma distância considerável para frequentar essa escola. Terceiro, as escolas particulares às vezes são “o domínio dos ricos” e podem tender a enfatizar o sucesso neste mundo, juntamente com a ênfase na participação em programas extracurriculares, como clubes e atividades esportivas. Muitas vezes, o processo educacional visa deliberadamente preparar os alunos para o ensino superior e carreiras de destaque que os promovam neste mundo. Todas essas considerações devem ser avaliadas pelos pais Cristãos diante do Senhor.
Escolas Cristãs particulares
Dado o percebido declínio na educação da escola pública, alguns grupos Cristãos organizaram suas próprias escolas particulares, a fim de fornecer uma educação baseada nos valores Cristãos. Assim como as escolas particulares seculares, estas são financiadas de maneira privada e, como tal, podem planejar seu próprio currículo dentro das diretrizes do governo, bem como ensinar princípios Cristãos e manter a disciplina de acordo com a Palavra de Deus. Normalmente, essas escolas não restringem suas matrículas apenas a Cristãos, mas entende-se que todo o ensino será baseado e interligado com o Cristianismo.
Tais escolas geralmente são muito boas, pois evitam a perversão moral e espiritual que costuma ser característica das escolas públicas. Muitos dos estudantes vêm de lares Cristãos e, portanto, compartilham perspectivas e valores semelhantes. A Palavra de Deus é geralmente lida antes do dia começar, e é feita uma oração.
Entretanto, mais uma vez, existem algumas dificuldades em potencial que devem ser consideradas. Quando as crianças estão em uma escola pública e em uma atmosfera mundana, elas podem ser ensinadas a ficar em guarda com relação ao que veem e ouvem. Em uma escola Cristã, os pais podem achar que essa guarda não é necessária, e as crianças podem supor, erroneamente, que tudo o que está sendo ensinado deve estar certo, pois vem de uma perspectiva Cristã. Considerando a ruína exterior da Igreja hoje, quando a Cristandade se tornou uma “grande casa”, essa complacência nem sempre é justificada. Muitas escolas Cristãs são patrocinadas por grupos Cristãos específicos, e o ensino refletirá necessariamente as crenças desse grupo, sejam estas bíblicas ou não.
Mais do que isso, quando as crianças Cristãs são reunidas de muitas origens diferentes, isso pode ter a tendência de enfatizar a unidade da família de Deus (o que é algo bom em muitos aspectos) em detrimento de uma cuidadosa adesão à verdade da Palavra de Deus. A separação daquilo que não está de acordo com a Palavra de Deus é algo extremamente necessário hoje, e isso se torna mais difícil quando os crentes muitas vezes são chamados a trabalhar juntos com outros de vários grupos diferentes. Coisas que não estão de acordo com a Palavra de Deus podem ser ignoradas em vez de serem abordadas. “Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?” (Am 3:3)
Educação domiciliar
Nos últimos 30 a 40 anos, o ensino domiciliar [homeschooling] se tornou cada vez mais popular, especialmente na América do Norte. O ensino domiciliar tem muitas vantagens. Os filhos permanecem em casa sob a orientação de seus pais, e, portanto, os valores incutidos neles, bem como o ensino acadêmico, estão totalmente sob controle dos pais. Obviamente, a maioria das jurisdições exige testes periódicos para garantir que a educação esteja em conformidade com os requisitos governamentais. No entanto, muitos programas estão disponíveis por correio e pela internet, o que garante um currículo completo. As influências mundanas são evitadas, e em todos os aspectos a “disciplina e admoestação do Senhor” (Ef 6:4 – AIBB) podem ser mantidas. Há liberdade para a criança avançar no seu próprio ritmo e flexibilidade na organização de férias e viagens em família. À medida que as escolas públicas se degeneram, o ensino domiciliar oferece uma alternativa muito atraente para os Cristãos.
Como em outros métodos, existem alguns requisitos e possíveis inconvenientes que precisam ser considerados. Em primeiro lugar, o ensino domiciliar exige uma mãe muito organizada e dedicada, que esteja disposta a estar disponível e orientar o(s) aluno(s) diariamente. Ela deve ser competente para entender e ensinar academicamente, bem como no âmbito moral e espiritual, e estar disposta a se sacrificar pelos filhos.
Segundo, deve haver disciplina no uso do tempo. As escolas fora de casa exigem que o aluno se levante em um determinado horário, compareça às aulas no horário e conclua as tarefas regularmente. A falta dessa obrigatoriedade no ensino domiciliar pode contribuir para a falta de disciplina pessoal, se um cronograma não for mantido.
Terceiro, em qualquer região frequentemente existem outras famílias (e muitas vezes Cristãs) que praticam a educação domiciliar, e há uma tendência de as famílias trabalharem juntas nisso, uma vez que os pais podem ter habilidades diferentes. Esses pais geralmente gostam de compartilhar entre si as tarefas de ensino. Novamente, quando Cristãos estão envolvidos, podemos acabar baixando a guarda, e a separação do que não está de acordo com a Palavra de Deus pode ser mais difícil. Finalmente, a questão de quando uma criança enfrenta o mundo exterior deve ser considerada. Embora seja maravilhoso evitar as más influências do mundo, as Escrituras nos dizem que estamos no mundo, embora não sejamos do mundo. Em algum momento, uma criança precisa sair para o mundo e ser capaz de suportar sua oposição, bem como testemunhar nele. Na atmosfera da educação domiciliar, pode haver um isolamento quase completo do mundo, e deve-se questionar se isso não prejudicará uma criança Cristã, se for algo prolongado por muito tempo.
Ao considerar a educação domiciliar, devemos lembrar que ela também restringe as crianças das boas habilidades de ensino que os outros têm, bem como das más influências. Devemos tomar cuidado para não basear nossas decisões na suposição de que temos as melhores habilidades para ensinar nossos filhos.
Não existe uma única maneira correta
Em resumo, gostaria apenas de comentar que não há uma maneira perfeita de educar nossos filhos em um mundo pecaminoso. Há vantagens e desvantagens em todos os métodos, e somente considerando todas as circunstâncias em nosso caso particular e ponderando tudo cuidadosamente diante do Senhor é que podemos tomar uma decisão correta.
Mais do que isso, a atmosfera do lar é crucial, independentemente do tipo de educação escolhido. Se os pais procurarem incluir o Senhor em tudo e tornar Sua Palavra o guia para eles e seus filhos, isso terá um efeito sobre eles que nada mais terá. As crianças são fortemente influenciadas pelos pais e, como alguém observou, “as crianças geralmente querem o que seus pais gostam”. A influência dos pais é geralmente maior do que o sistema educacional, e um andar piedoso da parte deles fará muito para combater as más influências que nos rodeiam hoje. Se nós, como pais, tivermos o espírito de Esdras e dos que estavam com ele, “para Lhe pedirmos caminho seguro para nós, para nossos filhos” (Ed 8:21), acredito que o Senhor nos mostrará esse caminho.
W. J. Prost
A Responsabilidade dos Pais
“E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor” (Ef 6:4 – ARA). Nas palavras “disciplina do Senhor”, o significado principal é “treinamento, ensino ou educação”, mas é o treinamento e o ensino do Senhor que devem ser administrados. A simples declaração desse fato lança uma nova luz sobre as famílias dos Cristãos. Quanto empenho e zelo geralmente são manifestados para prover a vocação de uma criança neste mundo, e a ansiedade pelo sucesso da criança é muitas vezes um fardo para o coração de muitos pais. E é prontamente admitido que nossos filhos devem ser treinados para alguma ocupação, a fim de capacitá-los a passar por este mundo, mas o principal objetivo dos pais como mordomos é instruí-los para o Senhor. Se o Senhor for assim exaltado na educação dos filhos, Seu favor repousará sobre eles e sobre seus pais, e Ele estará com os pais para sustentá-los em seu objetivo e para subjugar o coração dos filhos à Sua bendita vontade. Mas, como com os pais Judeus, o mesmo acontece com os Cristãos: deve haver diligência neste trabalho. Toda oportunidade deve ser empregada – “assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te” – para imprimir neles o caráter abençoado do relacionamento deles com o Senhor e a sujeição deles ao Seu gracioso governo e autoridade.
Além disso, há também a “admoestação do Senhor”. Dois ou três pensamentos estão contidos nessa palavra: ela inclui lembretes, advertências e talvez conselhos. Todos sabemos como as crianças são propensas (e nós também) a esquecer o que é devido ao Senhor. Nesse caso, um lembrete oportuno frequentemente impedirá o início de um curso de desobediência, e, havendo o menor sinal de teimosia, a advertência encontrará seu lugar apropriado, juntamente com conselhos sérios. Mas deve sempre ser lembrado que o lembrete, a advertência e o conselho não devem brotar de conselhos humanos de prudência, mas do Senhor. É a admoestação DELE. Sua Palavra, portanto, deve ser sempre empregada para essa educação e, assim, os filhos precisam estar constantemente sob a supervisão e o cuidado dos pais. A tentação pode ser dizer que esse padrão é muito elevado, mas não pode ser, pois é o próprio padrão do Senhor; devemos buscá-lo passo a passo. É mais do que provável que muitos de nós tenhamos que reconhecer nossas falhas ao ler estas linhas; todavia, não duvidemos de que, se humildemente reconhecermos isso e buscarmos a graça do próprio Senhor, Ele nos fortalecerá para a nossa responsabilidade, nos sustentará diariamente em cumpri-la e abençoará Sua disciplina e admoestação para o bem-estar eterno de nossos filhos.
C. H. Mackintosh
A Educação de Moisés
Moisés teve uma boa educação, e é notável como ele a usou para libertar o povo de Deus da escravidão do Egito, permitindo que eles servissem ao Senhor em liberdade. No mundo de hoje, onde se dá tanta ênfase à educação com o objetivo de tornar o mundo um lugar melhor para se viver, este exemplo de Moisés nos serve bem. Muitos se deparam com a decisão de até que ponto devem ir em busca de uma boa educação. Muitos são obrigados por lei a frequentar a escola até uma certa idade, mas depois disso resta a questão de quanta educação devemos ter. Um Cristão, que tem um objetivo celestial, não deve continuar com o ensino superior? É importante perceber que nossos objetivos são diferentes daqueles que vivem para este mundo. Por outro lado, muitos acham cada vez mais necessário ter uma melhor educação para ganhar o suficiente para sustentar uma família e servir bem ao Senhor em sua vocação.
A profecia de Abraão
Quando Moisés nasceu, seus pais deviam saber que estava chegando a hora de deixar o Egito. O Senhor Deus havia revelado a Abraão que seus descendentes seriam estrangeiros em uma terra estrangeira por quatrocentos anos e na quarta geração eles retornariam à terra da promessa (Gn 15:13-16). Esta família era daquela quarta geração. A profecia dada a Abraão foi registrada por Moisés por inspiração divina, e muito provavelmente ele recebeu a narrativa histórica que foi passada de geração em geração por seus ancestrais. Isso indicaria que seus pais estavam cientes da promessa de Deus de libertá-los do Egito enquanto ainda vivos.
A fé dos pais de Moisés
Quando Anrão e Joquebede viram que Moisés era “um menino formoso”, eles creram nas promessas de Deus, o que fez com que eles ocultassem Moisés por três meses e depois o colocassem na arca. Hebreus 11:23 diz: “Pela fé Moisés, já nascido, foi escondido três meses por seus pais, porque viram que era um menino formoso; e não temeram o mandamento do rei”. Eles o esconderam o máximo que puderam, mas, quando estava além da sua capacidade protegê-lo, eles o colocaram na arca. A fé que confia no Senhor quando o cuidado de nossos filhos está em nossas próprias mãos confiará mais prontamente no Senhor quando o cuidado deles estiver nas mãos de outro. Se aprendermos a confiar no Senhor para a educação adequada enquanto estiverem em casa, podemos aprender a confiar n’Ele quando eles precisarem sair de casa. Agir com fé e dependência do Senhor é mais importante do que a escolha de qual escola frequentar ou se deve ser ensino domiciliar, público ou privado. O ato de colocar Moisés na arca foi um ato de dependência de Deus e é uma bela imagem de confiar o filho a Cristo – Aquele que morreu por nós. Essa é a base da libertação do poder do pecado e de Satanás. Deus honrou essa fé enviando a filha de Faraó para o resgatar.
A mesma fé em Jeová que esconderia Moisés do mandado de morte de Faraó também permitiria mais tarde que ele fosse educado por Faraó. Visto que o Senhor mostrou Seus poderes miraculosos para guardar Moisés vivo por meio da intervenção da filha de Faraó, os pais de Moisés poderiam muito bem confiar no Senhor para guardar Moisés durante o tempo em que ele foi educado no Egito por aqueles da casa de Faraó. Os pais não estavam buscando grandes coisas para Moisés ao permitir que ele fosse criado e educado pelos egípcios, mas o estavam encomendando à vontade e ao poder soberanos de Deus.
O propósito do Egito
Estevão nos diz em Atos 7:21-22 que “tomou-o a filha de Faraó, e o criou como seu filho. E Moisés foi instruído em toda a ciência dos egípcios; e era poderoso em suas palavras e obras”. Esse era o propósito do Egito. O mundo educacional de hoje tem esse mesmo desejo engrandecedor; pouco ou nenhum lugar é dado às reivindicações de Deus ou ao chamado celestial do Senhor Jesus Cristo. Toda escola gosta de ter entre seus ex-alunos aqueles que tiveram sucesso e avançaram neste mundo.
É importante ver que os pais de Moisés não entregaram seu filho ao Egito, mas o confiaram Àquele que estava sobre Faraó. A fé deles estava em Jeová. Eles permitiram que o Senhor tomasse Moisés e o educasse. Não houve comprometimento de posição com os pais de Moisés. Eles mantiveram sua posição como um povo separado do Egito; eles estavam aguardando para deixar o Egito em direção a Canaã. Este é um ponto importante para reconhecermos e seguirmos, especialmente no ensino superior. Nós, como Cristãos, somos chamados por Cristo para as bênçãos celestiais; somos peregrinos neste mundo. Nossos objetivos são diferentes. Se perdermos de vista essa diferença enquanto somos educados pelo mundo, nós facilmente nos tornaremos parte dele. Nosso poder de libertação do mundo é pela fé em Cristo (1 Jo 5:4-5). A separação moral do mundo enquanto vivemos nele nos preservará de sua influência profana. A leitura diária da Palavra de Deus nos dá poder santificador. Santificação prática por meio da leitura da Palavra e obediência a ela, juntamente com Cristo Se santificando para nos ajudar do céu, é suficiente para nos preservar e nos dará poder para libertar outros do mundo, como Moisés fez quando alcançou a idade adulta (veja João 17:15-19).
Saindo do Egito
Tendo recebido a educação do Egito durante os primeiros quarenta anos, Moisés continuou outros quarenta anos de educação no deserto. Deus o estava preparando para o tempo apropriado, quando ele estaria pronto para libertar os filhos de Israel do Egito. Ele “recusou ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo antes ser maltratado com o povo de Deus do que por um pouco de tempo ter o gozo do pecado” (Hb 11:24-25). O mundo está cheio de pessoas egoístas. Moisés, que foi educado pelo Egito, viu isso e não se sentiu obrigado a servir o Egito. O crente não deve nada ao mundo que escolhe os prazeres do pecado às custas de Deus. “E depois foram Moisés e Arão e disseram a Faraó: Assim diz o SENHOR Deus de Israel: Deixa ir o Meu povo, para que Me celebre uma festa no deserto” (Êx 5:1). Agora, o Senhor queria que Seu povo Israel fosse caminho de três dias no deserto para adorá-Lo. Ele tinha todo o direito de chamá-los.
Moisés foi educado e preparado por Deus para libertar Israel do Egito. Ele não apenas foi criado para a salvação de Israel, mas também é o instrumento que Deus usou para nos dar os cinco primeiros livros da Bíblia. Eles foram divinamente inspirados, mas também são o produto de alguém que foi bem educado. Esses cinco livros são de longe o melhor registro que temos da história inicial do homem. Moisés se dedicou bem a seus estudos por causa do Senhor.
Mas Faraó resistiu à saída deles do Egito. Ele queria os serviços deles, mas sua falta de cuidado com o bem-estar deles provava que ele não merecia o serviço deles no Egito. Com razão, Moisés tinha “por maiores riquezas o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa. Pela fé deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível” (Hb 11:26-27). Esse é o tipo de teste que enfrentamos no mundo hoje. O mundo de bom grado usará as habilidades do Cristão para seus próprios fins e propósitos. Mas, para aqueles que reconhecem Suas reivindicações e são fiéis ao Senhor como Moisés (Hb 3:5), haverá forte resistência contra deixar o Egito (o mundo) ou fazer qualquer coisa para o Senhor.
Aqueles que usam do mundo
Ao considerarmos quanta educação devemos buscar, o desafio diante de nós é como usar as coisas deste mundo para o mundo vindouro. Em 1 Coríntios 7:31 nos é dito: “Os que usam deste mundo, como se dele não abusassem, porque a aparência deste mundo passa”. Se usarmos nossa educação para servir a nós mesmos, estaremos abusando dela. Deus criou todas as coisas e nos concedeu o uso delas com o propósito de usá-las junto com Ele. Quando o mundo passar, como de fato passará, aqueles que usaram o mundo para o Senhor não sairão perdendo.
O homem liberto do Senhor
No mesmo capítulo, 1 Coríntios 7, temos boas instruções práticas adicionais para aqueles que desejam mudar de ocupação terrenal após serem salvos. Lemos: “Foste chamado sendo servo? Não te dê cuidado; e, se ainda podes ser livre, aproveita a ocasião. Porque o que é chamado pelo Senhor, sendo servo, é liberto do Senhor; e da mesma maneira também o que é chamado, sendo livre, servo é de Cristo. Fostes comprados por bom preço; não vos façais servos dos homens” (1 Co 7:21-23). Esses versículos são úteis para estabelecer prioridades em relação ao emprego, à nossa profissão e à quantidade de educação necessária. Os Cristãos que escolhem uma ocupação que implicará em trabalhar para outra pessoa (ter um empregador) não são livres para servir ao Senhor durante o horário de trabalho; há liberdade para eles servirem ao Senhor depois do trabalho. Aqueles que têm uma ocupação em que trabalham por conta própria (autônomos) são livres para servir ao Senhor enquanto trabalham. Existe o perigo de os trabalhadores autônomos, no entanto, ficarem excessivamente ocupados com o seu trabalho. Se os trabalhadores autônomos controlarem bem os negócios, eles terão mais tempo livre e/ou recursos para usar para o Senhor. Essas coisas devem ser consideradas ao decidir sobre uma ocupação ou emprego. Esses versículos nos lembram do benefício de sermos livres para servir ao Senhor – “se ainda podes ser livre, aproveita a ocasião”. Muitas ocupações que permitem essa liberdade exigem mais educação. Este exemplo de como Moisés foi preservado enquanto estava sendo educado é particularmente instrutivo para aqueles que precisam de educação. Moisés recebeu uma educação do mundo, e então voltou-se e a usou para libertar almas do mundo.
Nem todos são chamados a cursar o ensino superior. Não existe uma resposta simples para essa pergunta que sirva para todos. Dependência e obediência ao Senhor direcionarão cada um. “Quanto às ações dos homens, pela palavra dos Teus lábios, eu me tenho guardado dos caminhos do violento” (Sl 17:4 – ARA).
D. C. Buchanan
Preparação para a Escola
Os pais Cristãos que têm um cuidado piedoso pelo bem-estar de seus filhos podem, com razão, ficar preocupados quando chegar a hora de os filhos irem para a escola, com todas as suas influências perigosas. Por um lado, há a instrução divina de “criai-os na disciplina e na admoestação do Senhor” (Ef 6:4 – ARA), e, por outro, existe o sistema de educação obrigatória que os entrega aos ímpios (de modo geral) para grande parte de sua “admoestação” ou instrução.
Não devemos subestimar as más influências exercidas sobre nossos filhos nas escolas e faculdades. Em vez da instrução do Senhor, a própria Palavra do Senhor será questionada e tentativas deliberadas serão feitas para abalar a fé deles em Deus e nas Escrituras Sagradas. Eles são ensinados a raciocinar e, depois, por esse processo, a desconsiderar a inspiração divina e tudo o que ela revela. O número de jovens que saem das escolas e faculdades com sua fé abalada é impressionante. Os países de língua inglesa se sentem superiores aos países do terceiro mundo e, no entanto, estão preparando as bases para o mesmo tipo de “derrocada de Deus” pelo enfraquecimento sistemático da fé das gerações mais jovens.
Luta pela grandeza
Além desse perigo para a fé deles, a influência dos ensinamentos do mundo tende a obscurecer a esperança e o chamado do Cristão. Todo o sistema da filosofia do mundo é calculado para incutir orgulho e o espírito de engrandecimento, ou, em outras palavras, fomenta e promove a ideia de que cada um deve se esforçar para ser grande neste mundo. Não se dá a menor atenção ao fato de que um Cristão é chamado para fora deste mundo para viver para o Senhor Jesus e esperar por Ele. O Cristão aprender na escola o que ele precisa saber para ganhar uma vida honesta enquanto está passando por este mundo é algo que nunca é considerado. Obviamente, não devemos esperar do mundo algo diferente disso; “Do mundo são; por isso, falam do mundo” (1 Jo 4:5); Satanás é seu deus e príncipe, e ele faz bom uso de todo o sistema educacional para promover seus fins.
A atmosfera moral
Outro grave perigo que assola os jovens nas escolas é a atmosfera moral. Em alguns lugares, ela se deteriorou a um grau alarmante, e os jovens queridos vindos de lares Cristãos estão sujeitos a ouvir e ver imundícia e corrupção. À medida que o fim se aproxima, o caráter dos “dias de Ló” estará mais em evidência; sabemos que ele era diariamente “enfadado da vida dissoluta dos homens abomináveis”, e seus filhos foram profundamente influenciados.
A preparação de Moisés
Mas será que não há solução para este problema sério e perigoso? Sim, há. Sempre podemos ir à Escritura e encontrar preceitos e exemplos que nos ajudarão em nossos problemas. Neste exemplo, citamos o caso de Moisés. Como muitos devem ter pensado, ele nasceu em um momento muito inoportuno; os filhos de Israel eram escravos e sentiam isso profundamente. Eles não eram livres para fazer o que sabiam que deveriam; eles estavam inteiramente à mercê dos ímpios (exceto pela intervenção divina), e um decreto condenou Moisés à morte no rio. Era provavelmente o pior momento de toda a história de Israel para um israelita piedoso criar filhos, e Anrão e Joquebede devem ter tido grandes exercícios e exames de consciência diante de Deus.
Acreditamos que a resposta é totalmente dada no registro divino de Moisés e de seus pais. Vemos a fé de Joquebede em Êxodo, e é elogiada nesse grande capítulo da fé – Hebreus 11. Ela não estava disposta a aceitar as coisas como pareciam ser, mas seguiu adiante com fé. Ela escondeu cuidadosamente o filho o máximo que pôde, e então teve sua fé ricamente recompensada ao recebê-lo para educar por um tempo no ambiente de um lar temente a Deus. O que ela poderia fazer com esses anos preciosos enquanto o educava? Ela os utilizaria para instruir Moisés na verdade de Deus e lhe dar uma perspectiva que nenhuma escola do Egito poderia apagar? Não que ela buscasse a sabedoria do Egito para ele, mas se era necessário que ele a tivesse, ela tinha que diligentemente usar o tempo disponível para educá-lo na disciplina e na instrução do Senhor, e também tinha que contar com Deus para abrir o coração dele e fazer a boa semente dar frutos. Finalmente chegou a hora e, “quando o menino já era grande, ela o trouxe à filha de Faraó, a qual o adotou” (Êx 2:10).
A influência da escola
A próxima palavra sobre Moisés, em ordem cronológica, é encontrada em Atos 7:22: “E Moisés foi instruído em toda a ciência dos egípcios; e era poderoso em suas palavras e obras”. (Verdadeiramente, a sabedoria do Egito era grande na época.) Mas todas as influências das escolas e palácios do Egito não podiam apagar a verdade que havia se enraizado – verdade sobre Deus, sobre Israel e sobre o Egito. Ele estava tão ciente dos fatos reais que ele deliberadamente “abandonou o Egito” (ARA) e tudo o que pertencia ao Egito. Ele considerou que sua associação com o povo desprezado de Deus tinha mais valor do que a glória passageira do Egito. Cremos que muito crédito deve ser dado a sua mãe, que evidentemente o fortificou contra todas as seduções de um Egito que se opunha a Deus e tudo o que era d’Ele. Ele não se encantou com o espetáculo deslumbrante da corte de Faraó, mas escolheu se identificar com os escravos oprimidos. Ele não foi influenciado pelas falsas teorias pagãs da criação, mas, sob inspiração divina, escreveu os fatos da criação, Gênesis 1, que resistiram a milhares de noções variadas em contrário.
Prudência natural
A prudência natural poderia ter procurado uma escola Israelita no Egito que tivesse a aprovação de Faraó, mas que protegesse Moisés dos maus ensinamentos do paganismo e da infidelidade, e também o guardasse da corrupção moral das instituições egípcias. Mas, para que tal escola tivesse a aprovação de Faraó, ela teria que acomodar as esperanças de Israel aos esquemas do Egito, e as duas coisas eram irreconciliáveis. Uma escola desse tipo nunca teria levado Moisés a abandonar o Egito, mas o teria ensinado a se dar bem e progredir no Egito, em vez de abandoná-lo. E assim é conosco; proteger nossos filhos da infidelidade e da imoralidade pareceria bom, mas, se ao fazer isso eles forem ensinados a receber a filosofia mundana de conquista e sucesso, estaremos protegendo-os de um perigo, mas expondo-os a outro redemoinho do mundo que leva à destruição de seu testemunho e felicidade Cristãos, e à desonra do Senhor.
Preparados para o tríplice mal
Podemos muito bem tirar uma lição da construção de uma grande barragem ou alguma grande muralha. Antes de ser construída, os engenheiros calculam cuidadosamente a quantidade de pressão que a estrutura terá que suportar. Então, os alicerces são suficientemente fortificados para suportar o peso, e o conjunto é cuidadosamente reforçado e escorado para atender a todas as demandas que serão impostas a ele. Da mesma maneira, devemos medir a tríplice influência e pressão da infidelidade, filosofia mundana e imoralidade que virão contra nossos jovens e então garantir que os preparamos cuidadosamente para enfrentá-las. Não devemos tentar fazê-lo com nossas próprias forças, mas, confessando nossa fraqueza a Deus, devemos buscar Sua ajuda e orientação. Será um dever constante para eles e perante o Senhor, durante todo o tempo em que estiverem em nosso lar e sob nossa influência – não apenas o trabalho de um dia ou de um ano. E eles precisam ver que essas coisas preciosas são os princípios que nos movem e que, “crendo nelas” (ARC), confessamos que somos “estrangeiros e peregrinos na Terra” (Hb 11:13). Que nossos queridos jovens, então, sejam fortalecidos e preparados para o tríplice mal que certamente encontrarão.
Que estejam firmemente enraizados na verdade da Palavra de Deus e em sua inspiração divina do início ao fim, para que possam permanecer na sabedoria de Deus e não dos homens.
Que sempre se lembrem de que nós, que somos salvos, fomos libertos deste presente século (mundo) mau e que esperamos nosso bendito Senhor vir nos levar para a nossa herança incorruptível e incontaminável, e que se lembrem de que toda a glória deste mundo será reduzida a nada, enquanto aquele que faz a vontade de Deus permanecerá para sempre.
Que fiquem profundamente impressionados com esta solene verdade: Deus é “santo, santo, santo”, e Ele disse: “Sede santos, porque Eu sou santo”, para que “aborrecei[s] o mau” e se afastem do menor contato com aquilo que contamina.
P. Wilson, adaptado
Ensino Superior
Ninguém questionaria seriamente a necessidade de uma educação básica para as crianças, mas a pergunta que muitas vezes surge é sobre quanta educação é necessária hoje. Nos países ocidentais, a maioria das crianças automaticamente passa para o “ensino médio” e se forma entre os dezessete e dezenove anos. Deveriam então seguir automaticamente para o chamado “ensino superior”? Não é uma pergunta fácil de responder.
Por um lado, o mundo se tornou muito mais complicado do que era, digamos, cinquenta anos atrás, e muitos empregos se tornaram bem mais sofisticados. Embora o ensino médio seja suficiente para alguns empregos, muitos agora exigem treinamento mais especializado. Às vezes, isso pode ser obtido em cursos especiais durante o trabalho, mas muitas empresas agora procuram formação universitária, mesmo no nível de entrada. Certas profissões, como engenharia e medicina, sempre exigem formação universitária. Por outro lado, existem muitos empregos “práticos”, onde a formação pode ser obtida em grande parte por aprendizado, e ainda existem posições que oferecem treinamento em serviço.
O teor do seu caminho
Em conexão com tudo isso, há um bom versículo em Provérbios 22:6, que diz: “Instrui a criança de acordo com o teor do seu caminho” (JND). Isso envolve reconhecer que cada criança é única, incluindo sua aptidão para um tipo específico de trabalho. Algumas crianças têm inclinação acadêmica, enquanto outras se inclinam mais para o trabalho manual. Alguns têm habilidade em matemática, enquanto outros são mais habilidosos em ciências humanas. É importante reconhecer em uma criança “o teor do seu caminho” e permitir que ela siga uma carreira condizente com isso. Certamente, devemos sempre lembrar que a Escritura nos diz: “Cada um fique diante de Deus no estado em que foi chamado” (1 Co 7:24). Existem algumas ocupações para as quais um crente pode muito bem ter uma aptidão natural, mas nas quais ele necessariamente desonraria o Senhor. Devemos sempre evitar isso e buscar aquilo em que podemos honrá-Lo.
Um meio para um fim
Também devemos ter em mente que tudo neste mundo, incluindo a educação, é um meio para um fim, e não um fim em si mesmo. Os crentes devem usar deste mundo, “não dispondo dele como sendo seu” (1 Co 7:31 – JND). Nosso propósito aqui é buscar os interesses de Cristo e viver para Sua glória, até que Ele nos chame para casa. Nossa escolha de carreira deve ter o expresso propósito de nos ajudar nesse fim, em vez de buscarmos progredir neste mundo. Nossa carreira não deve ser a nossa vida; antes, devemos poder dizer como Paulo: “Para mim o viver é Cristo” (Fp 1:21). Se procurarmos seguir o Senhor, podemos ter certeza de que Ele nos direcionará para um trabalho de acordo com o teor do nosso caminho e no qual também possamos honrá-Lo.
Depois de terminar o ensino médio, alguns jovens ficam muito inseguros quanto ao que o Senhor gostaria que eles fizessem. Como resultado, alguns estão ingressando na universidade sem qualquer objetivo definido, exceto para obter mais educação. Embora cada um deva tomar sua própria decisão perante o Senhor, é melhor ter um propósito mais definido, pois é sabido que o ensino e a atmosfera geral na maioria das universidades estão se tornando cada vez mais anticristãos. Aqueles que são indecisos são mais facilmente influenciados por essas coisas.
O que enfrentamos
No mundo da educação, a mente humana tem prioridade sobre a revelação divina, e o raciocínio humano presume tentar lidar com coisas que estão além dele. Conforme o conhecimento de Deus é voluntariamente abandonado, descobrimos que Romanos 1:22 é muito verdadeiro: “Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos”. O mesmo capítulo nos lembra que abandonar Deus também leva à corrupção moral, pois Deus permite que o homem veja o resultado final de seu curso de rebelião.
Quando um jovem crente é colocado nesse cenário, ele ou ela deve ter uma base sólida na Palavra de Deus e estar muito em dependência do Senhor, para não tropeçar. Mais de um querido crente ouviu os argumentos de professores infiéis (e outros estudantes) e começou a questionar a veracidade da Palavra de Deus. Mais de um cedeu à pressão dos colegas e ao escárnio de pessoas ímpias e abandonou sua fé, pelo menos exteriormente. Outros cederam à tentação e desonraram seriamente o Senhor de maneira moral. Frequentemente é necessário sair de casa para frequentar uma determinada universidade, e isso impõe uma responsabilidade adicional aos jovens, pois a influência piedosa de um lar Cristão pode não estar mais disponível para eles. Em tais situações, a presença de uma assembleia na área é uma grande misericórdia do Senhor, e a presença regular nas reuniões é uma grande salvaguarda contra muitas dificuldades. Além disso, o piedoso cuidado pastoral de outras pessoas na assembleia é uma proteção adicional.
Nesse sentido, uma palavra para os mais velhos na assembleia local pode ser oportuna. Se estudantes saírem de casa para estudar na sua região, significa muito para eles se você os convidar para sua casa, especialmente no Dia do Senhor. Eu já estive nessa situação e posso dizer por experiência própria o quanto significava para mim quando as famílias me convidavam para jantar com eles e desfrutar de seu amor e hospitalidade. É solitário ser Cristão longe de casa, e a comunhão Cristã ajuda bastante a aliviar isso.
Prioridades testadas
A maioria dos cursos universitários envolve uma carga de trabalho pesada. Para manter boas notas, alguns podem achar necessário faltar às reuniões da assembleia durante a semana e também usar boa parte do Dia do Senhor para estudar. Embora não estejamos sob lei, dificilmente podemos estar “no Espírito no dia do Senhor” (Ap 1:10) se estivermos amplamente ocupados com coisas seculares. É angustiante ver os jovens (que poderiam ser muito usados pelo Senhor) passando boa parte do Dia do Senhor estudando, em vez de ajudar em atividades como a escola dominical e o trabalho evangelístico.
Por essas razões, os jovens devem estar muito diante do Senhor ao ingressarem no ensino superior e não devem fazê-lo com leviandade, especialmente se isso envolver sair de casa. Mais do que isso, se afastar deliberadamente da possibilidade de participar de uma assembleia local expõe a pessoa a mais tentações. Certamente o Senhor é capaz de nos guardar onde quer que estejamos, e não podemos estabelecer regras, mas, se o Senhor estiver diante de nós, certamente nos conduzirá a um caminho em que possamos honrá-Lo enquanto recebemos nossa educação.
Alguns podem argumentar que muitas das mesmas tentações presentes na vida universitária estão presentes em outros contextos de carreira e não são exclusivas de instituições de ensino superior. Isso é verdade, e em nenhum momento podemos baixar a guarda neste mundo, pois Satanás está ativo em todos os lugares. No entanto, a ênfase na mente e na capacidade de raciocínio do homem faz da universidade uma incubadora especial de infidelidade, e o perigo é proporcionalmente maior.
Nestes últimos dias, é reconfortante saber que o Senhor é capaz de nos dar um caminho limpo por este mundo, apesar das possíveis armadilhas. Ele nos disse: “Negociai até que Eu venha”, e isso inclui usar nossas habilidades para Sua glória. Se formos achados buscando “primeiro o reino de Deus, e a Sua justiça”, certamente descobriremos que “todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6:33).
W. J. Prost
A Escola de Deus Após a Formatura
A formatura é um grande evento. Depois de concluir sua educação formal e receber diplomas, é bom lembrar que em nossa vida espiritual nunca nos formamos na escola de Deus enquanto estamos no mundo. Tanto os santos mais jovens quanto os mais velhos estão nessa escola. Aqui estamos aprendendo, de um lado, sobre Deus e Sua graça e, do outro, sobre o quão pobres somos em nós mesmos. Aqui nossas capacidades para o conhecimento e gozo d’Ele naquela cena de bem-aventurança estão sendo formadas.
Lições mais avançadas
Você descobrirá que, em um aspecto, na escola de Deus, muitas vezes acontece o mesmo que na escola que você acabou de deixar: à medida que prosseguimos, as lições se tornam mais avançadas. De que outra forma nossa experiência aumentaria? Mas temos um Professor fiel, sábio e amoroso. Ele nos conduz de lição em lição com a habilidade perfeita de Quem conhece o fim desde o princípio. Ele sabe exatamente como nos levar a uma maior conformidade com Ele, mas o faz naquele divino perfeito amor a nós como Seus filhos. E Ele é fiel demais a nós para permitir que sigamos adiante sem aprender nossas lições. Às vezes, os alunos das escolas do mundo são passados de ano sem terem dominado suas lições, mas nosso Pai nos fará voltar à mesma lição repetidas vezes, se necessário.
Trabalhar é bom
É bom ter a responsabilidade de ganhar a vida, e é bom que seja assim. O trabalho tem sido uma bênção maravilhosa para o homem caído; sem ele, ele é ainda mais um brinquedo do diabo. Quando o homem caiu, a sentença de Deus foi: “No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás” (Gn 3:19). Mas os homens têm procurado contornar esse decreto divino; eles procuram eliminar o trabalho e o labor e viver de astúcia e artimanha. A ociosidade, no entanto, não é boa; já levou a muitas quedas. Muitas passagens nos ensinam a importância do trabalho honesto. Apenas algumas (das muitas) são: “Se alguém não quiser trabalhar, não coma também”. “Trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade”. “Exortamos... que, trabalhando com sossego, comam o seu próprio pão”.
Escolhendo uma ocupação
Se você se deparar com o problema de escolher uma ocupação ou, talvez, de se capacitar para alguma profissão, busque orientação e sabedoria do alto. A escolha que você fizer provavelmente determinará grande parte do caráter de sua vida futura. Que seu único desejo seja que você seja achado no caminho da vontade do Senhor para você e então buscar Sua ajuda e graça para glorificá-Lo nele.
Não coloque seu coração em ser grande neste mundo, pois isso é realmente uma armadilha para os filhos de Deus. Aquele a Quem seguimos não foi grande aqui – Ele foi rejeitado. O orgulho está em todos os corações e facilmente nos leva a aspirar à proeminência aqui. Lembre-se de que Satanás é o deus e príncipe deste mundo, e, quanto mais alto chegamos nele, mais próximos estamos daquele que é seu governante. Se você for colocado em uma posição importante, precisará de mais graça para andar com Deus nela.
Cuidado também com o laço de procurar ser rico. É o amor ao dinheiro que é raiz de todo mal. As pessoas que amam o dinheiro farão o que suas próprias consciências condenam. Não dizemos que Deus não possa dar mais bens materiais a alguns, mas “se as vossas riquezas aumentam, não ponhais nelas o coração”. Aqueles que são ricos são avisados para não confiar na incerteza das riquezas (e quão incertas são!), mas no Deus vivo, e são exortados a serem ricos em boas obras e prontos a distribuir para aqueles que precisam.
Que seu desejo seja ser achado para a glória de Cristo em todos os momentos e estar sempre alerta àquilo que o afastaria do caminho da obediência e do temor de Deus.
P. Wilson
O Apelo de Um Pai
“E traziam-Lhe meninos para que lhes tocasse, mas os discípulos repreendiam aos que lhos traziam. Jesus, porém, vendo isto, indignou-Se” (Mc 10:13-16).
Não peço nenhuma porção terrenal para meu filho;
Não busco de Ti ouro, posição social ou fama;
Salva-o do pecado, das paixões humanas desenfreadas.
Um interesse em Teu amor é tudo o que reivindico;
Senhor, torna-o Teu. Teu somente é meu apelo,
Amar, servir e viver somente para Ti.
J. G. Deck
“Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá”
1 Timóteo 4:13
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