Força e Fraqueza (Abril de 2025)
- Revista O Cristão
- 6 de abr.
- 31 min de leitura

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ÍNDICE
Hinário Little Flock, hino 4 - Apêndice
J. N. Darby (fragmento)
G. V. Wigram
H. F. Witherby
A. H. Rule (adaptado)
W. J. Prost
W. J. Prost
Christian Friend, Vol. 6
W. W. Fereday
Present Testimony, Vol. 6 (adaptado)
L. Beckwith
Força e Fraqueza

“Sem Mim nada podeis fazer” (Jo 15:5).
“Quando estou fraco, então, sou forte” (2 Co 12:10).
“Cristo... me fortalece” (Fp 4:13 – ACF).
“O Meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Co 12:9).
“Da fraqueza tiraram forças” (Hb 11:34).
“Sê forte e corajoso; não temas” (Js 1:9 – ARA).
“Confiarei e não temerei, porque o SENHOR JEOVÁ é a minha força” (Is 12:2).
“A fraqueza de Deus é mais forte do que os homens” (1 Co 1:25).
“Pela fraqueza e derrota,
Ele ganhou o prêmio e a coroa;
Pisou todos os nossos inimigos sob Seus pés
Ao ser pisoteado;
Bendito, Bendito o Conquistador morto,
Morto em Sua vitória.
Hinário Little Flock, hino 4 - Apêndice
Força Aperfeiçoada na Fraqueza
As hostes celestiais louvam a Deus e dizem: “Glória a Deus nas alturas, paz na Terra, boa vontade para com os homens”. Não há nada mais elevado ou mais surpreendente (a não ser a cruz) para aqueles que têm a mente do céu. Somente o coro vê Deus na Terra, Deus manifestado em carne, e louva a Deus nas alturas. Eles se regozijam que Suas delícias estão “com os filhos dos homens”.
Antigamente, Deus havia Se manifestado em uma chama de fogo, sem consumir a sarça, e aqui, ainda mais maravilhosamente, no Homem. Infinito pensamento, embora desprezível para o mundo!
Quão difícil é aceitar que a obra de Deus e de Seu Cristo é sempre em fraqueza! Os príncipes do povo viram em Pedro e João homens iletrados e ignorantes. A fraqueza de Paulo em Corinto foi, para seus amigos, provação; para seus inimigos, escárnio e, para ele, motivo de glória. A força (ou poder) do Senhor “se aperfeiçoa na fraqueza”. O espinho na carne fez com que Paulo fosse desprezado, e ele pensou que seria melhor se aquilo desaparecesse. Ele precisava da lição: “A Minha graça te basta” (2 Co 12:9).
É a regra de ação de Deus, se assim podemos dizer, escolher as coisas fracas. Tudo deve repousar no poder de Deus, caso contrário, a obra de Deus não pode ser feita de acordo com Sua mente. É difícil alguém acreditar que é preciso ser fraco para fazer a obra de Deus, mas Cristo foi crucificado em fraqueza, e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens. Para a obra de Deus, devemos ser fracos, para que a força seja de Deus, e essa obra permanecerá quando toda a Terra for removida.
J. N. Darby (fragmento)
Poder em Cristo
Eu tenho algo que me dá poder para viver, não segundo a carne, mas segundo o Espírito. Em tudo, do maior ao menor, não há nada que não possamos transformar em ocasião para glorificar a Deus. Alguém uma vez disse que queria uma esfera maior de serviço, porque tinha poucas oportunidades onde estava. Minha resposta foi: “Sua vida é uma oportunidade”. O apóstolo Paulo disse a Timóteo: “Tu, pois, meu filho, fortalece-te na graça que há em Cristo Jesus”. Se estivermos cheios de Cristo, a graça certamente fluirá em todas as circunstâncias, mas, quer seja o Cristão mais jovem ou o mais maduro, ela só pode fluir à medida que os olhos estejam fixos em Jesus. Onde estava tudo para atender à necessidade de Timóteo? Acaso o coração de Cristo não está disposto como sempre para o povo do Seu amor? Se os olhos estiverem fixos n’Ele, buscando graça, estaremos cheios do gozo do Espírito Santo.
Se você conhecesse na prática a abençoada disposição de Cristo em dar livremente (não há fim para o fluxo de graça que flui d’Ele), nada aqui embaixo lhe afetaria indevidamente; você não conseguiria dizer “isso ou aquilo me parece muito sombrio”; não seria sombrio, visto do lado de Cristo. Há o lado de Cristo em tudo aqui embaixo.
Muita aflição
Como alguém conectado ao próprio Cristo, você encontrará muita aflição. Você diz que seu caminho é cheio de dificuldades e provações? Bem, agradeça a Deus por isso, dizendo: “Da mesma forma que o caminho de Cristo foi repleto de espinhos e abrolhos, assim eu gostaria que o meu fosse”. Não há espinhos e abrolhos? Onde você está? O quê! Você está indo para Canaã por um atalho feito por você mesmo? Eu costumo ficar animado quando me dizem que meu caminho como Cristão é um caminho sem esperança. Bem, eu digo, então meu caminho é como o de Paulo. Para mim é suficiente encontrar aflição em conexão com um Cristo vivo. Como posso usar qualquer coisa do mundo? Como colher para mim uma flor digna de ser levada à presença de Deus, a não ser estando em comunhão com um Cristo vivo? Satanás pode me dar um estigma, mas isso apenas marcará de Quem eu sou e onde estou.
Ah, que diferença faz nas tristezas desta vida se, em vez de olharmos para elas como algo contra nós, tivermos comunhão com Cristo nelas. Você gostaria de ser arrebatado com brasas se apagando agarradas aos seus pés, salvo como pelo fogo, ao invés de decidir sofrer com Cristo? Todos que estiverem colocados sobre o fundamento serão salvos, mas, se andarem de forma inconsistente, será “como que pelo fogo”. Se andarem de forma consistente, receberão galardão.
Vida eterna
O Cristão pode dizer: “Tenho poder para rejeitar Satanás, o mundo e o “eu”, porque tenho vida eterna. Estou apoiado em uma força que é exatamente a mesma para mim como era para Paulo. O mal pode aumentar, os dias podem ficar mais sombrios, mas Deus é o mesmo, e a vida eterna em Cristo é o que eu tenho. Se eu andar separado do mal, como alguém que possui isso, tenho a doçura deste pensamento me animando – o Senhor me conhece como Seu.”
Como é que hoje não vemos os Cristãos satisfeitos com o que Deus revela em Sua Palavra? Pense na diferença entre os primeiros Cristãos e os Cristãos de agora. Naquele tempo, eles começaram com Cristo tendo levado seus pecados, sendo ressuscitado dentre os mortos e então na glória, onde Ele tinha um lugar preparado para eles. E, o que quer que eles pudessem ser, n’Ele não havia mudança; Ele era o mesmo ontem, hoje e eternamente. Era onde estavam os primeiros Cristãos. Isso lhes dava uma fonte de gozo por todo o caminho e os capacitava a trazer essa glória a todas as suas circunstâncias como peregrinos e estrangeiros. Essa glória nunca saiu da mente de Paulo, e, em tudo o que ele teve que passar, sua alma sempre se deleitou nela. Ela o levou cativo por todo o caminho.
G. V. Wigram
“Portai-vos Varonilmente, Sede Fortes”
É compreensível que um jovem fraco e apático seja incapaz de falar mais alto do que um sussurro ou de se mover além do ritmo de uma tartaruga. Mas um jovem forte e vigoroso que desbrava o mundo e se projeta pela força de seu caráter e que, tendo-se tornado um Cristão, é entorpecido, tímido e, para todos os efeitos e propósitos, quase inútil nas batalhas do Senhor, esse é um mistério inexplicável. Como é que há tantos jovens Cristãos fracos e apáticos dessa maneira? Tímidos demais para distribuir um folheto – lentos demais para se moverem para fazer até mesmo um serviço simples para seu Senhor e Mestre! O que os aflige? Será que são incuráveis?
Há cerca de 20 anos, nós conhecemos um jovem que estava procurando trabalho. Várias e várias vezes nós o vimos nessa busca dolorosa. Alguns dias atrás, vimos esse mesmo indivíduo mais uma vez – não mais jovem, mas agora um homem corpulento de meia-idade. Ele ainda estava procurando trabalho – ainda na mesma velha busca! Ele nos fez pensar em homens de um tipo semelhante nas coisas Cristãs – homens que passam a vida inteira procurando trabalho olhando para o lado errado, e que estão ocupados não fazendo nada por Cristo até que seus cabelos ficam grisalhos, e que dão indícios de que vão morrer não fazendo nada. Deve haver um propósito de alma e determinação, pela graça de Deus, para efetuar o propósito, caso contrário, não haverá resultado.
“Portai-vos varonilmente, sede fortes” (1 Co 16:13 – TB), disse o apóstolo aos santos de Corinto, que eram prósperos e tinham uma vida cômoda. Eles precisavam ser estimulados ao zelo e ao sacrifício próprio; eles sabiam pouco das dificuldades do apóstolo, e muito pouco do espírito de Paulo ardia no coração deles. “Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo“, disse ele, “porque, quando estou fraco, então, sou forte” (2 Co 12:10).
Nas coisas de Deus, já vimos jovens inúteis – segundo a avaliação do mundo – completamente úteis para Deus. Embora não fossem favorecidos com metade do dom usual de inteligência, eles serviam a Deus com a inteligência que tinham, enquanto, ao lado destes, jovens Cristãos inteligentes, brilhantes e de boa educação eram notáveis apenas por não produzirem nada em trabalho para Deus.
Fazemos um sincero apelo aos jovens Cristãos para que se dediquem ao serviço de Deus – para que orem e trabalhem, para que orem e examinem as Escrituras, para que se livrem de seu comodismo e egoísmo e se entreguem ao trabalho sincero para o Senhor!
H. F. Witherby
Força e Coragem
Força e coragem são mais necessárias em um dia de declínio do que quando tudo está indo bem. Há o inimigo para enfrentar, e, em vez de ter o apoio de nossos irmãos, podemos encontrar aquilo que esfria o coração e o enche de tristeza. Aqui o coração é provado, e somente Deus pode sustentar.
Serviço e conflito
Não há apenas conflito com um inimigo comum, mas há também o estado dos santos a ser levado como um fardo no coração. Você levará esse fardo? Você continuará apegado aos santos no poder do amor divino quando eles se afastarem de você, como todos na Ásia fizeram com Paulo? Você procurará servi-los quando for mal compreendido, erroneamente retratado ou mesmo difamado, como Paulo disse aos santos de Corinto: “Eu, de muito boa vontade, gastarei e me deixarei gastar pelas vossas almas, ainda que, amando-vos cada vez mais, seja menos amado” (2 Co 12:15)? O estado dos santos com quem temos de lidar muitas vezes será o meio de testar o estado de nosso próprio coração. É fácil amar meus irmãos quando eles me amam e me enchem de seus favores. Mas será que os amo da mesma maneira quando eles se voltam contra mim ou me desamparam? Ainda continuo apegado a eles após terem me abandonado? Intercedo por eles noite e dia quando talvez eles estejam apenas falando mal de mim? A verdadeira questão é: será que eu tenho o coração de Cristo em relação aos santos? E será que eu vejo a glória de Cristo associada a eles? Então agirei com eles de acordo com Seu coração e buscarei Sua glória em conexão com o estado deles, independentemente de direitos pessoais ou vantagem presente.
Paulo podia apelar a Deus como sua testemunha, da saudade que ele tinha de todos os santos filipenses nas entranhas (profundas afeições) de Jesus Cristo. Era devoção aos santos de todo o coração por amor a Cristo e por ter o coração de Cristo em relação a eles. E isso também precisamos ter, mas requer força e coragem para perseverar nisso, e ainda mais se os santos estiverem em um estado baixo e carnal. E precisamos nos lançar continuamente em Deus, o Único que pode dar força em meio à fraqueza e nos levar à vitória. Buscar diligentemente a face de Deus e esperar pacientemente n’Ele por Sua vontade, Sua ajuda e Sua direção são indispensáveis. Por que não temos força? Por que há declínio entre nós? Por que desunião e dispersão dos santos? Não é porque não vivemos perto de Cristo e não andamos em humilde dependência de Deus? E o Cristo de Deus, a verdade de Deus e o povo de Deus não tiveram seu lugar de direito em nossas afeições. Vemos um se tornando descuidado e outro errando, e talvez tenhamos falado deles e os tenhamos criticado quando deveríamos estar prostrados intercedendo por eles.
O exemplo de Josué
Há muitos exemplos que nos são dados na Palavra de Deus nos quais vemos a demonstração desse poder e coragem em realizar a vontade de Deus. Mas o primeiro capítulo de Josué é importante por nos dar as condições que governam essas coisas. Três vezes o Senhor exorta Josué nesse capítulo: “Sê forte e corajoso” (ARA). Havia a obra a ser feita, o princípio sob o qual deveria ser feita e a base da força e da coragem para isso.
A obra
1. A obra a ser feita era a divisão da terra entre as tribos de Israel. “Sê forte e corajoso, porque tu farás este povo herdar a terra que, sob juramento, prometi dar a seus pais” (Js 1:6 – ARA). A terra a ser dividida era uma terra na qual havia nações mais poderosas que Israel – uma terra de “gigantes”, “carros de ferro” e cidades grandes e “muradas até aos céus”. Essas nações precisavam ser vencidas para dividir a terra, e para essa grande obra eram necessárias força e coragem.
O princípio
2. Obediência era o princípio sob o qual essa obra deveria ser realizada e a condição para o sucesso. Josué 1:7-8 diz: “Tão-somente sê forte e mui corajoso para teres o cuidado de fazer segundo toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que sejas bem-sucedido por onde quer que andares.” (ARA) “Não se aparte da tua boca o livro desta Lei; antes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme tudo quanto nele está escrito; porque, então, farás prosperar o teu caminho e, então, prudentemente te conduzirás [serás bem-sucedido – ARA]”.
Aqui podemos ver que não havia outra maneira de ter sucesso senão pela obediência. Josué não deveria se desviar da lei nem para a direita nem para a esquerda. As palavras da lei não deveriam se apartar de sua boca; ele deveria meditar nelas dia e noite, e o resultado seria um caminho próspero e bem-sucedido. A importância disso é inestimável. Se temos de tratar com Deus, Sua vontade deve ser tudo. É Ele Quem ordena; a nós cabe obedecer.
Agora, Deus nos fez conhecer Sua vontade em Sua Palavra. Sua vontade, Seus propósitos e Seus conselhos estão todos revelados ali. E, se quisermos conhecer Sua vontade e ser obedientes, devemos atender à Sua Palavra. É na recepção da verdade que recebemos e desfrutamos de bênçãos. A Palavra de Deus é pão para a alma. É assim que crescemos espiritualmente e aprendemos a mente de Deus para que possamos fazer Sua vontade e ter comunhão com Ele. Dessa forma, a vida, os caminhos, as ações, as palavras, os motivos, os desejos e as afeições do povo de Deus são formados e, de forma prática, tornam-se um testemunho da verdade e da graça de Deus. E Deus Se manifestará com aqueles e para aqueles que são assim governados praticamente por Sua Palavra.
A base
3. A base da força e da coragem é o fato de que Deus ordenou e de que Ele está com aquele que obedece. “Não to mandei eu? Sê forte e corajoso; não temas, nem te espantes, porque o SENHOR, teu Deus, é contigo por onde quer que andares” (Js 1:9 – ARA).
As dificuldades podiam ser como montanhas, o inimigo podia ser grande e poderoso, mas Jeová era maior do que tudo e estava com Seu servo obediente, de modo que este não tinha nada a temer. Ele havia libertado Israel do Egito e os conduziu pelo mar Vermelho, pelo deserto e pelo Jordão, e Aquele que havia feito isso podia levá-los à vitória. Ele podia dar força e coragem contra as quais nenhum inimigo poderia resistir.
Precisamos dessa mesma força e coragem. “Fortalecei-vos no Senhor e na força do Seu poder”, é dito em Efésios 6:10, onde é uma questão do poder e das artimanhas de Satanás. E, quando o Cristianismo começou a declinar e Timóteo estava perdendo o ânimo, o apóstolo Paulo o encorajou com estas palavras: “Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, [ou poder] e de amor, e de moderação. Portanto, não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro Seu; antes, participa das aflições do evangelho, segundo o poder de Deus” (2 Tm 1:7-8). Novamente: “Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus” (2 Tm 2:1). Timóteo precisava desse encorajamento, e nós precisamos também; além disso, Deus é capaz de dá-lo e o dará àqueles que seguem em obediência dependente à Sua vontade.
Fé em Deus
Mas precisamos ter fé em Deus. A fé introduz Deus na questão, e para o Seu poder não há limites. Hebreus 11 nos dá muitos exemplos dessa fé que agiu para com Deus e na qual Seu poder foi demonstrado. Moisés “ficou firme, como quem vê Aquele que é invisível” (TB). “Pela fé” eles “venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões, apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fugida os exércitos dos estranhos” (Hb 11:33-34). Em meio à fraqueza, a fé os tornou fortes. Como Paulo também disse: “Quando estou fraco, então, sou forte”.
“Tende fé em Deus”, Jesus disse aos Seus discípulos e então acrescenta: “Em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, tudo o que disser lhe será feito” (Mc 11:23). E como poderia ser de outra forma se há a fé que traz Deus para a questão? Aquele que criou as montanhas certamente também pode removê-las se Lhe aprouver fazê-lo. A verdadeira questão é: estamos andando com Ele? Temos o conhecimento de Sua vontade para podermos agir com confiança? Podemos trazê-Lo para o que estamos fazendo? Estamos com Ele e por Ele na realização de Sua vontade e de Seu propósito, de modo que podemos associar Seu nome ao nosso serviço? Se for assim, nenhuma dificuldade será grande demais. Podemos seguir em frente em nome do Senhor com força e coragem de coração e sem nos deixarmos abater por todo o poder que Satanás possa levantar contra nós.
Diligência de coração
E aqui observemos que diligência de coração é necessária, e posso acrescentar, como de igual importância, dependência em oração. Oh, se fôssemos mais diligentes quanto à Palavra de Deus e à oração, quão diferente seria nosso estado! Quanto fervor de coração em todo o nosso serviço e quanta devoção a Cristo e ao Seu povo haveria, e quanta maior bênção seria desfrutada!
O quanto nos falta essa diligência de coração! Quantos momentos a cada hora, e horas a cada dia, são desperdiçados – tempo que poderia ser dedicado à oração e meditação na bendita Palavra de Deus, na qual encontraríamos o refrigério do Espírito Santo em nossa alma, enchendo-a com aquilo que flui do coração de Cristo em glória. Horas gastas em conversas tolas e fofocas vãs, entristecendo o Espírito, arruinando o crescimento espiritual e secando as fontes do amor divino na alma, que poderiam ser gastas em conversas santas e edificantes sobre Cristo e as coisas de Cristo. “A Palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros” (Cl 3:16). Nisto precisamos de diligência de coração para que o Senhor seja honrado e tanto a nossa bênção quanto a bênção de outros possam ser asseguradas.
Nosso próprio estado
Mas será que agora seriamente nos atentaremos para o nosso próprio estado e o de nossos irmãos? Reconheceremos nossa frouxidão de alma – nossa culpada negligência – e com diligência de coração buscaremos a face de Deus e andaremos com Ele? Então poderemos esperar Sua bênção e o desfrute de Seu favor, que é melhor do que a vida (Sl 63.3). “Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá. Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo, porquanto os dias são maus” (Ef 5:14-16).
Que o bendito Senhor dê ao autor e ao leitor força e coragem neste mundo mau para viver para Ele e para os Seus, servindo a Ele e a eles em humilde graça até que sejamos tirados da cena de conflito e serviço para descansar no eterno resplendor de Sua própria presença e na alegria de Seu amor imutável.
A. H. Rule (adaptado)
Fortalecido em Espírito
Quando consideramos a questão da força e da fraqueza, encontramos muitas referências na Palavra de Deus a ambas. Fraqueza foi encontrada em muitas pessoas, como também força. Houve aqueles que eram naturalmente fracos, mas que foram fortalecidos porque confiaram na força do Senhor. Da mesma forma, houve aqueles que eram naturalmente fortes, mas que se tornaram fracos porque o Senhor não estava com eles. Algumas dessas pessoas são mencionadas em outros artigos desta edição de O Cristão.
No entanto, encontramos uma expressão incomum no evangelho de Lucas – uma frase aplicada a João Batista e ao nosso Senhor Jesus Cristo –, a saber, que, à medida que iam crescendo neste mundo, eles “se fortalecia[m] em espírito” (Lc 1:80, 2:40 – ARA). Há alguma dúvida sobre se as palavras “em espírito” deveriam ser incluídas na referência ao Senhor Jesus em Lucas 2:40, e há várias boas traduções da Bíblia que a omitem, incluindo a tradução JND. Há um significado nessa omissão, que comentaremos mais adiante.
Quando consideramos João Batista, descobrimos que seu nascimento foi incomum, pois seus pais eram mais velhos e já haviam passado da idade em que normalmente poderiam ter filhos. Mas isso havia acontecido centenas de anos antes com Abraão e Sara, e o mesmo aconteceu com Zacarias e Isabel. O anjo que anunciou a notícia a Zacarias profetizou a respeito de João, a ponto de dar seu nome, que é derivado do hebraico. Significa “agraciado por Deus”, ou em tradução livre, “Deus foi gracioso”. Mais tarde, quando Deus abriu a boca de Zacarias depois que João nasceu, ele pôde dar mais profecias sobre o filho que lhe nascera. Finalmente, está registrado que “o menino crescia e se robustecia [fortalecia – ARA] em espírito, e esteve nos desertos até ao dia em que havia de mostrar-se a Israel” (Lc 1:80).
A disposição mental
A palavra usada aqui para “espírito” é a mesma palavra usada para “espírito” na maioria das referências do Novo Testamento e pode se referir ao Espírito Santo, a um espírito maligno ou até mesmo à disposição mental de uma pessoa. Como exemplos desta última interpretação, lemos em Mateus 5:3 sobre aqueles que eram “pobres de espírito” e, em Atos 18:25, sobre Apolo, que era “fervoroso de espírito”.
O que significa então a expressão “se fortalecia em espírito” no caso de João Batista? Sabemos que é o nosso espírito humano que é capaz de reconhecer Quem é Deus e nos permite ter um relacionamento com Ele. Às vezes, na Escritura, é difícil separar as referências ao espírito humano da ação do Espírito de Deus no mesmo indivíduo. Eu sugeriria que esse é o caso aqui. Sem dúvida, o Senhor estava preparando João para a obra que ele deveria fazer, fortalecendo-o em corpo, alma e espírito, mas especialmente em espírito. Para ser o precursor do Senhor Jesus, João não poderia ser um homem fraco, pois ele enfrentaria forte oposição dos líderes Judeus bem como do rei Herodes. Além disso, ele deveria ser capaz de viver fora do “círculo social”, por assim dizer. Aqueles que buscavam o Senhor deveriam estar dispostos a sair ao deserto para encontrar João. Embora João não fosse habitado pelo Espírito de Deus, como os crentes são hoje, certamente o Espírito de Deus estava envolvido em tudo isso, assim como nos dias de Sansão, quando esse mesmo Espírito “começou a impelir [Sansão] de quando em quando” (Jz 13:25).
Onde é devido o crédito
Você e eu podemos não ter uma missão tão proeminente quanto João Batista, mas o Senhor tem uma obra para cada um de nós fazer como Cristãos. Se estivermos dispostos a ser usados, Ele pode e vai nos fortalecer, para que também possamos nos tornar “fortes em espírito” e capazes de realizar a obra que o Senhor nos deu. O importante é reconhecer que a força não é nossa, mas de Deus. João constantemente olhava para o Senhor e não permitia que nenhum crédito fosse dado a ele. Não importava qual pergunta fosse feita a ele, ele sempre simplesmente “virava os holofotes” para o Senhor Jesus. Como resultado, o Senhor Jesus pôde dizer dele: “Entre os nascidos de mulher não há maior profeta do que João Batista” (Lc 7:28).
Ele Se tornou forte em humanidade
Mas agora, e quanto ao nosso Senhor Jesus Cristo? Como observei no segundo parágrafo deste artigo, em melhores traduções das Escrituras, as palavras “em espírito” em Lucas 2:40 são omitidas, de modo que se lê: “O Menino crescia e Se fortalecia, enchendo-Se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre Ele” (ARA). Aqui estamos falando da Pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo, e devemos ter muito cuidado ao usar “palavras... que o Espírito Santo ensina” (1 Co 2:13).
A respeito do Senhor Jesus, lemos em Colossenses 2:9: “porque n’Ele habita corporalmente toda a plenitude da Divindade”. Como então Ele poderia “Se fortalecer”, e por que não “em espírito”? Sabemos que a Pessoa de Cristo como Filho do Homem é um mistério divino e que a perfeita fusão de Deus e do homem em uma Pessoa é impossível de entendermos. No entanto, sabemos que Ele Se tornar Homem era algo novo para Ele, algo a que (falamos com reverência) Ele precisou aprender a Se adaptar. Por exemplo, lemos em Hebreus 5:8 que “embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu” (ARA). Como Homem, Ele aprendeu a experiência e o custo da obediência – algo que Ele nunca havia feito antes. Nesse mesmo sentido, Ele “tornou-Se forte” como Homem, mesmo sendo perfeitamente Todo-Poderoso como Deus. Embora em Pessoa Ele sempre fosse o Filho, Ele pessoalmente entrou na humanidade – espírito, alma e corpo – e tão completamente que, como alguém disse: “N’Ele não faltava nada de tudo o que pertencia à perfeita humanidade; Ele era tudo e sentia tudo o que o homem deveria ser e sentir – feito em todas as coisas semelhante a Seus irmãos. ... Ele foi feito de uma mulher, participou da carne e do sangue – era verdadeiramente a Semente da mulher, e dela derivou a natureza de um homem que O colocou em relação a Deus e às coisas aqui como um Homem responsável na Terra.”
Seu espírito humano
Dessa forma, nosso Senhor “tornou-se forte” à medida que crescia neste mundo, mas não era necessário que Ele Se tornasse forte “em espírito”. Nosso Senhor certamente tinha um espírito humano, mas porque “n’Ele não há pecado” (1 Jo 3:5) Seu espírito sempre esteve em perfeita comunhão com Deus, Seu Pai. Sabemos que Ele nasceu do Espírito (Lc 1:35) e, mais tarde, recebeu o Espírito de Deus como poder para Seu ministério terrenal (Mt 3:16-17). Seu espírito humano sempre respondeu perfeitamente ao Espírito de Deus.
Que maravilha, que reverência, e ainda que alegria enchem nosso coração ao vermos, de um lado, nosso Senhor Jesus Cristo vindo a este mundo e como o Espírito de Deus guarda cuidadosamente Sua Pessoa! Aqui nos encontramos na presença de Um que ultrapassa a compreensão de nossa mente e, ainda assim, desperta a adoração e veneração de nosso coração. Do outro lado, vemos como Deus Se deleita em fortalecer os Seus, a Quem Ele designou para o serviço para Ele, como em João Batista. Ele quer que sejamos “fortes em espírito” também, como aqueles que estão aqui para representar Cristo neste mundo e para testificar para Ele.
W. J. Prost
Levando as Cargas
Na Palavra de Deus encontramos instruções sobre como ajudar os que estão em dificuldade, seja por causa de suas próprias falhas ou por causa de circunstâncias adversas. É um privilégio poder estender a mão e ser uma ajuda dessa forma. Nessa linha, encontramos uma exortação em Gálatas 6:2, onde lemos: “Levai as cargas uns dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo”. Se um irmão crente, ou mesmo um incrédulo, se encontra sob o peso de algo que é difícil de suportar, devemos ajudá-lo a suportar esse fardo. No entanto, pode parecer confuso à primeira vista, quando lemos apenas três versículos mais adiante no capítulo: “Cada qual levará a sua própria carga” (Gl 6:5). Como devemos conciliar essas declarações aparentemente contraditórias?
Como em qualquer outro assunto falado na Palavra de Deus, descobrimos que a Escritura é perfeitamente equilibrada e aborda todas as situações que podemos encontrar. Para aplicá-la corretamente, devemos ler a Palavra cuidadosamente e buscar a direção do Espírito de Deus. A Palavra de Deus não se contradiz, mas nos dá luz de Deus que não vai a extremos em nenhuma direção. Embora não esteja claro em algumas de nossas traduções (ARC e ACF), as palavras originais (gregas) usadas para “carga” em ambos os versículos são bem diferentes. Não sou um estudioso do grego, mas qualquer um pode procurar essas palavras e aprender a diferença em seus significados.
As cargas dos outros
A palavra usada para “carga” no versículo 2, onde nos é dito para carregar as cargas uns dos outros, é uma palavra que significa aquilo que é pesado, opressivo e difícil de suportar. Ela é usada em outras partes do Novo Testamento com a mesma conotação. É usada em Mateus 20:12, onde os trabalhadores da vinha reclamaram que haviam suportado “o peso do dia e o calor extremo” (TB). Também é usada em 1 Tessalonicenses 2:6, onde Paulo diz que “podíamos... ser-vos pesados”, referindo-se à sua prática de sustentar a si próprio em vez de impor suas necessidades à hospitalidade dos outros. De uma maneira maravilhosa, é usada em 2 Coríntios 4:17, referindo-se ao nosso “peso eterno de glória” num dia vindouro. Ela sempre sugere o que é difícil de suportar por ser muito pesado.
Assim, quando nos é dito para levar as cargas uns dos outros, é com o pensamento de ajudar nosso irmão com aquilo que é incomum e o está sobrecarregando até o ponto da exaustão. E ajudá-lo com aquilo que é fora do comum e está causando muita dificuldade. Paulo se referiu exatamente a isso quando encorajou os coríntios a fazerem uma coleta para os crentes na Judeia, que estavam passando por um momento incomum de perseguição e dificuldades. Mas ele deixou claro que isso seria uma ajuda temporária, pois diz: “suprindo a vossa abundância, no presente, a falta daqueles, de modo que a abundância daqueles venha a suprir a vossa falta” (2 Co 8:14 – ARA). Portanto, é de Deus ajudar uns aos outros em situações severas.
Nossa própria carga
Quando a Escritura diz: “Cada qual levará a sua própria carga [fardo – ARA]”, a palavra é diferente e significa simplesmente algo que é carregado, sem referência ao seu peso. Essa palavra também é usada em outras partes da Escritura, particularmente pelo Senhor Jesus, quando Ele disse: “O Meu jugo é suave e o Meu fardo é leve” (Mt 11:30). Ela pode ser usada para um fardo pesado, mas requer o adjetivo para isso acontecer. Assim, o Senhor Jesus disse dos fariseus que eles “atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem sobre os ombros dos homens” (Mt 23:4). O sentido da palavra, no contexto em que é usada aqui em Gálatas 6:5, é o dos deveres normais, próprios e cotidianos que Deus deu a cada um de nós. Refere-se à nossa responsabilidade de cuidar de nossos próprios assuntos de forma ordenada e adequada.
Sabedoria do Senhor
Ao ajudar os outros, é preciso sabedoria do Senhor para saber quando aplicar o versículo 2 e quando aplicar o versículo 5. Por um lado, é fácil ignorar os problemas do outro, especialmente quando ele pode ter se metido neles por meio de seu próprio descuido e falha. O mundo tem um ditado: “A falta de planejamento adequado de sua parte não constitui uma emergência de minha parte”. Mas, se o Senhor Jesus tivesse agido dessa forma, todo o mundo estaria sob juízo. O espírito de Cristo quer que ajamos com compaixão, pois “nós que somos fortes devemos suportar as fraquezas dos fracos e não agradar a nós mesmos” (Rm 15:1). Existem crentes que, em virtude de seu andar com o Senhor e diligência nas coisas espirituais, são fortes e ricos espiritualmente. Alguns crentes também são ricos materialmente. Sabendo que recebemos tudo em graça, devemos estar dispostos a usar essa riqueza espiritual e material para a bênção e ajuda de outros.
Aqueles que não trabalham
Por outro lado, é errado encorajar outros crentes a serem como sanguessugas, seja em coisas naturais ou espirituais. É bem sabido que existem aqueles neste mundo que raramente têm um dia produtivo de trabalho e que não administram seu tempo, energia e assuntos de uma forma piedosa e adequada. É triste dizer, mas até mesmo crentes podem agir assim, e Paulo teve que repreender alguns em Tessalônica que “andam entre vós desordenadamente, que nada fazem, antes se intrometem nos negócios alheios” (2 Ts 3:11). Geralmente, alguém que falha em administrar adequadamente seus assuntos naturais frequentemente será também espiritualmente pobre e pode muito bem se apoiar nos outros tanto na esfera espiritual quanto na natural. O Senhor Jesus podia dizer: “Os pobres, sempre os tendes convosco” (Jo 12:8). Isso não quer dizer que um homem pobre em coisas materiais seja necessariamente pobre nas coisas espirituais, pois muitas vezes os “pobres deste mundo” são “ricos na fé” (Tg 2:5). Da mesma forma, um homem pode ser pobre a vida toda, mas levar “sua própria carga”. Mas, quer sejamos ricos ou pobres, devemos administrar nossos negócios e levar nossa própria carga de forma ordenada e responsável.
Ao procurar ajudar os pobres, devemos ter cuidado para não torná-los dependentes de nós em vez do Senhor. Podemos ser gratos pela relativamente moderna “rede de proteção” de benefícios sociais que existe na maioria dos países ocidentais, mas às vezes isso tende a promover uma atitude de “eu tenho direito” e uma expectativa de que “o mundo tem o dever de me sustentar”. Nunca encontramos tal coisa na Palavra de Deus. Se alguém precisasse ser cuidado por um longo período (como uma viúva na assembleia), isso deveria ser feito apenas em determinadas circunstâncias e dentro das diretrizes bíblicas.
Se olharmos para o Senhor, certamente Ele, por Seu Espírito, nos dará sabedoria para equilibrar a compaixão com a responsabilidade, para usarmos o que temos com preocupação pelos outros, mas buscando o bem maior deles, preservando a responsabilidade deles por si mesmos diante de Deus.
W. J. Prost
O Segredo da Nossa Fraqueza
A questão solene que precisa ser inculcada reiteradamente no coração dos filhos de Deus é: Qual é o segredo da nossa fraqueza? Nós nascemos de novo; recebemos o Espírito que habita em nós; temos muito conhecimento da Escritura, das dispensações e dos caminhos de Deus, e ainda assim a fraqueza – fraqueza espiritual – é frequentemente nossa característica predominante. Poucos são os que não concordariam com essa declaração. Tenhamos coragem para falar e desafiar a consciência dos santos se não é assim. Perguntemo-nos se o senso dessa fraqueza não costuma estar dolorosamente presente em nossa alma? Em nosso contato com o mundo, não somos frequentemente levados a senti-la? Ao ver nossos irmãos enredados nas armadilhas do mundo ou em más associações, não os ignoramos frequentemente, porque estamos conscientes de nossa impotência para libertá-los? Se outros são surpreendidos em alguma falta, quantos de nós são “espirituais” o suficiente para restaurá-los no espírito de mansidão? Não temos que confessar com frequência que não sabemos como enfrentar as dificuldades que surgem na Igreja? Porventura nossa fraqueza não é expressa em todas as direções de nossa vida espiritual? No andar e no serviço, no privado e em público? Se é assim, qual a razão?
É bem verdade que nosso bendito Senhor disse: “Sem Mim nada podereis fazer” (Jo 15:5). Mas é igualmente verdade que Seu servo Paulo disse: “Posso todas as coisas n’Aquele que me fortalece” (Fp 4:13), e o mesmo apóstolo lembra a Timóteo que “Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação” (2 Tm 1:7). Se de fato somos ensinados que não somos “capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos”, também nos é dito que “a nossa capacidade vem de Deus” (2 Co 3:5). Novamente, portanto, perguntamos: De onde vem nossa fraqueza? Há razão para temer que tudo isso surja DA FALTA DE ESPERAR EM DEUS. “Mas os que esperam no SENHOR renovarão as suas forças e subirão com asas como águias; correrão e não se cansarão; caminharão e não se fatigarão” (Is 40:31). Esse versículo é conclusivo e nos assegura que a força espiritual é a consequência direta de esperar em Deus. É necessário que seja assim, pois ao fazê-lo confessamos nossa fraqueza e expressamos nossa dependência, e é somente quando somos dependentes que o Senhor pode demostrar por meio de nós Seu poder onipotente. É aqui, portanto, que a recuperação deve começar. Que, então, busquemos, individualmente e quando nos reunirmos, um espírito maior de espera paciente e perseverante em Deus. O efeito disso logo se manifestaria em cada setor da vida espiritual. Ministério, adoração, reuniões de oração, testemunho e andar seriam todos no poder do Espírito Santo. Não temeríamos então nenhuma dificuldade, não teríamos medo de nenhuma oposição, mas, conscientes de nossa total fraqueza em nós mesmos, ainda assim nos regozijaríamos continuamente nos recursos onipotentes e totalmente suficientes de nosso Deus. “Espera no SENHOR, anima-te, e Ele fortalecerá o teu coração; espera, pois, no SENHOR” (Sl 27:14).
Christian Friend, Vol. 6
Sabedoria
Onde quer que a Bíblia seja conhecida, Salomão é famoso por sua sabedoria excepcional. Que triste que alguém tão profundamente sábio tenha se degenerado em um grande tolo. No Livro de Eclesiastes, ele expressou o receio de que seu filho pudesse ser um tolo (como de fato era), mas ele não pareceu ter ficado apreensivo consigo mesmo (Ec 2:10). Bem diz o apóstolo Paulo: “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (1 Co 10:12 – ARA).
Jó, em seu último discurso, fala da excelência da sabedoria (Jó 28:12-28). Depois de falar da habilidade dos homens em mineração e engenharia e da busca diligente deles pelos tesouros da Terra, ele exclamou: “Donde, pois, vem a sabedoria, e onde está o lugar do entendimento?” (Jó 28:20 – ARA). As entranhas da Terra não a revelarão, e seu valor excede em muito o do ouro e dos rubis. Somente Deus pode declarar sua verdadeira natureza e valor. “E disse ao homem: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e o apartar-se do mal é o entendimento” (Jó 28:28 – ARA). Salomão acrescentou a isso mais tarde: “O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria: e o conhecimento do Santo é entendimento” (Pv 9:10 – KJV). Portanto, até que Deus obtenha Seu lugar de direito na mente e no coração de um homem, este é incapaz de ver qualquer coisa com sabedoria. Seu princípio está todo errado.
O Filho de Deus
Desde os tempos de Jó e Salomão, a Sabedoria eterna veio ao mundo na Pessoa do Filho de Deus. Tudo deve agora ser considerado em relação a Ele. “Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus” (1 Co 1:24). O que o homem pode mostrar em termos de poder em comparação com a “sobre-excelente grandeza” do poder de Deus “que [Ele] manifestou em Cristo, ressuscitando-O dos mortos e pondo-O à Sua direita nos céus” (Ef 1:20)? Que sabedoria o homem pode mostrar, com toda a sua pesquisa, que se compare ao que Deus revelou quando transformou a cruz do Calvário no meio de salvação e bênção para incontáveis miríades? Os homens negaram a Seu Filho amado o reinado sobre os Judeus, e Deus deu a Ele o domínio do universo; tudo o que veio para Cristo e ainda virá para Ele foi estabelecido nos conselhos de infinito amor, muito antes de os homens serem criados! Seus inimigos ainda serão confundidos com sua própria loucura e serão obrigados a reconhecer a insuperável sabedoria de Deus. “A loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens” (1 Co 1:25). “Ninguém se engane a si mesmo: se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus” (1 Co 3:18-19). O homem que deixa Deus e Cristo fora do esquema de sua vida está tão irremediavelmente à deriva quanto um navio em uma tempestade sem mapa e leme.
Salomão
Salomão foi provavelmente o monarca mais versátil que já existiu. Muitos reis que governaram desde Salomão não sabiam ler nem escrever. Mas nenhum assunto parecia fora do alcance do conhecimento de Salomão. Ele “disse três mil provérbios”, muitos dos quais o Espírito Santo preservou para nós. “Foram os seus cânticos mil e cinco”, mas apenas um permanece. É de fato o “Cântico de cânticos”; nenhuma outra composição métrica se compara a ele. O crente em Jesus, habitado pelo Espírito Santo, o lê com santo gozo.
Salomão falou das árvores, desde o majestoso cedro do Líbano até ao humilde “hissopo que nasce na parede”. Animais, aves, répteis e peixes também entraram em seus discursos. Ele se cercou de todos os sábios de que ouviu falar. Vários sábios notáveis são mencionados em 1 Reis 4:31, alguns deles desconhecidos para nós. Mas o inigualável servo de Deus superou a todos eles, sendo uma figura d’Aquele com Quem ninguém no céu ou na Terra se compara! “Nunca homem algum falou assim como este Homem”, disseram a respeito d’Ele mesmo nos dias de Sua humilhação (Jo 7:46).
Neste momento, vamos ouvir o próprio testemunho de Salomão. “Eu era filho de meu pai, tenro e único em estima diante de minha mãe. E ele ensinava-me e dizia-me: Retenha as minhas palavras o teu coração; guarda os meus mandamentos e vive. Adquire a sabedoria, adquire a inteligência e não te esqueças nem te apartes das palavras da minha boca. Não desampares a sabedoria, e ela te guardará; ama-a, e ela te conservará. A sabedoria é a coisa principal; adquire, pois, a sabedoria; sim, com tudo o que possuis, adquire o conhecimento. Exalta-a, e ela te exaltará; e, abraçando-a tu, ela te honrará. Dará à tua cabeça um diadema de graça e uma coroa de glória te entregará” (Pv 4:3-9). A isso devemos acrescentar o comentário do jovem rei: “Feliz é o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire entendimento” (Pv 3:13 – AIBB).
Davi
O conselho sincero de Davi explica, pelo menos em parte, a resposta de Salomão a Jeová em Gibeão. Quão notavelmente Ele atendeu ao seu desejo! Salomão alegou que Israel era “tão grande”. Como ele poderia carregar a responsabilidade de guiar tal nação? Agora compare os versículos 20 e 29 de 1 Reis 4: “Eram, pois, os de Judá e Israel muitos, como a areia que está ao pé do mar em multidão”; “deu Deus a Salomão sabedoria, e muitíssimo entendimento, e largueza de coração, como a areia que está na praia do mar”. Sabedoria de acordo com a necessidade!
Aqui está uma grande lição. Quanto maior a responsabilidade e a necessidade, maior a provisão divina para atendê-la. Vamos ter coragem! O Deus de Salomão é o nosso Deus, e podemos confiar que Ele estará ao nosso lado em toda a suficiência de Sua sabedoria e graça em qualquer posição em que seja do Seu agrado nos colocar, por mais difícil que ela seja. A fé pode dizer: “Tenho força para todas as coisas n’Aquele que me dá poder” (Fp 4:13 – JND).
Tristeza e sofrimento
“Porque na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta o conhecimento aumenta a tristeza” (Ec 1:18). Há verdade nestas palavras. O homem pensador necessariamente sofre mais do que a multidão frívola. Seus estudos lhe dão um entendimento dos males que operam ao seu redor – um entendimento que os outros não têm! Os homens às vezes dizem: “A ignorância é uma bênção”. O homem que aumenta seu conhecimento aumenta sua capacidade de sofrer. Mas isso é verdade no que se refere a Deus? Não! Quanto melhor conhecemos nosso Deus, mais aumentamos nosso gozo e, quanto melhor entendemos Seus propósitos para este pobre mundo devastado, mais aptos estamos para viver e testemunhar nele.
W. W. Fereday
A Posição em que Somos Colocados
Sou obrigado a assumir toda a posição em que a graça de Cristo tenha me colocado, e minha fraqueza é exposta ao não assumir essa posição. A posição é a atestação do poder de Cristo e, ao assumi-la e mantê-la, estou reconhecendo a Ele, mesmo que com isso minhas próprias fraquezas sejam reveladas mais abertamente. Manter a posição prova que tenho posse e desfruto dela, ainda que eu possa falhar em provar aos outros meu título ou aptidão para tal posição. Assim, a própria posição me dá força para valorizá-la e mantê-la. Se eu sei que minha posição é “celestial”, o ato de assumir a posição de ser celestial, acaso não é poder para ser celestial? Tenho direito a ela pela graça e reconheço o meu direito (sendo ele verdadeiro). Minha alma adota a condição celestial como seu direito, e de uma maneira que eu não poderia esperar se estivesse apenas buscando tal posição.
Uma vez impressionados com a abundância da obra de Cristo e o que é a graça, assumimos a posição, à medida que temos luz. Somos ensinados instintivamente que é um erro moral renunciar a ela, pois significa, sem dúvida, retornar à natureza. Estamos, no entanto, constantemente permitindo que a questão da aptidão estrague nosso desfrute, mas é a graça que nos coloca ali, e, enquanto reconhecemos Cristo e Sua obra, desfrutamos do efeito dela. Nossos olhos repousam na bondade do Doador, e não na indignidade do receptor. Nosso trabalho não é nos tornarmos aptos para essa expressão de graça, mas andarmos dignos da vocação.
Quando uma alma se recusa a reconhecer a vocação como sua, sua ação, por mais sincera que seja, será legalista e coagida. Outro obstáculo é a tendência de nos medirmos com as dificuldades do caminho e não olharmos para Aquele que nos coloca ali. Essa é uma evidência segura de uma falta de verdadeira energia, e dizemos: “Um leão está no caminho; um leão está nas ruas” (Pv 26:13). Dificuldades no caminho sempre ocorrem àqueles que não têm coragem de enfrentá-las. Assim Israel perdeu Canaã, e os gigantes e as cidades fortificadas até aos céus bloquearam a bondade e a majestade de Deus. Mas qual foi a linguagem de alguém que manteve sua posição? “A terra pelo meio da qual passamos a espiar é terra muito boa. Se o SENHOR Se agradar de nós, então, nos porá nesta terra e no-la dará, terra que mana leite e mel” (Nm 14:7-8). Calebe manteve a posição e teve o poder dela, e, quando anos depois ele venceu os gigantes e conquistou as cidades, ele teve o pleno aproveitamento dela.
Present Testimony, Vol. 6 (adaptado)
Força para o Dia
“Como os teus dias, assim será a tua força” (Dt 33:25 – KJV).
“Como os teus dias, assim será a tua força”,
É segura e verdadeira Sua promessa;
Força para cada dia que nasce,
Força que Ele envia especialmente para você.
Não é dada a força de amanhã;
A de ontem já passou e se foi:
Mas a de hoje é na justa medida
Para Seu filho descansar.
“Eu te fortaleço”, Deus diz,
Fortalecido por Sua poderosa mão,
E em fidelidade Ele dá
Força para cada dia que Ele planejou.
Pois Ele sabe que nossa estrutura é fraca,
Conhece cada passo ao longo do caminho,
E Ele dá, conforme necessário,
Força para nós para cada dia.
Ajuda-nos, Senhor, a descansar em Ti,
Provando assim Tua força tão livre;
Quando estamos fracos, Tu és suficiente
Para suprir abundantemente.
Que possamos confiar em Ti, então, mais plenamente,
E crer em Tua fiel Palavra,
E em silenciosa concordância,
Provar a promessa do Senhor.
L. Beckwith
“Fortalecei-vos no Senhor e na força do Seu poder”
Efésios 6:10
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