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Os Dons (Julho de 2006)


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Revista mensal publicada originalmente em julho/2006 pela Bible Truth Publishers

 

ÍNDICE


          Tema da edição

          Adaptado de The Bible Tresury, Vol. 17, págs. 291-293, 306-310

          Adaptado de The Bible Treasury,  vol. 6, pág. 318

          W. Kelly, adaptado de The Bible Treasury, vol. 4

          Christian Truth, Vol. 17, pág. 99

          W. J. Prost

         H. E. Hayhoe, de The Holy Spirit: His Person, His Coming, His Operations

          W. Kelly, adaptado de Lectures on the New Testament – Doctrine of the Holy Spirit

W. J. Prost

Adaptado de The Christian Friend, 1879

J. N. Darby, de Collected Writings

          Autor desconhecido

 

Os Dons 


Deus e Seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, são os grandes presenteadores de dons. O verdadeiro valor de Seus dons pode ser medido pelo quanto custaram para Eles nos dar. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito” “O Filho de Deus, O qual me amou e Se entregou a Si mesmo por mim”. O Senhor também valorizou o quanto custou para a viúva pobre: Ele disse que ela “lançou mais do que todos”, pois “esta, da sua pobreza, deu todo o sustento que tinha” (Lc 21:2-4).

 

Nós recebemos da arca do tesouro do amor de Deus o dom da fé, o dom da justiça, o dom da vida eterna, o dom do Espírito Santo, e acima de tudo, graças a Deus pelo Seu inefável dom gratuito do nosso Senhor Jesus Cristo, que Se fez pobre para que fôssemos ricos. De fato, todas as bênçãos Cristãs são um dom (ou presente). Quando percebemos isso, percebemos que nossa lista de dons é maior do que a que podemos contar.

 

Os dons mencionados acima são a porção igual de todos os membros do corpo de Cristo. Além desses dons, nosso Senhor Jesus, como o Homem que foi assunto ao alto, deu a cada um de nós pelo Espírito outros dons para serem usados para a edificação do corpo de Cristo, bem como para alcançar os que estão perdidos.

 

Ao meditarmos sobre esses dons, que possamos responder com gratidão aos nossos Doadores e com renovado desejo de sermos doadores felizes de tudo que nos é dado para compartilhar.

 

Tema da edição

 

O Ministério no Corpo de Cristo


Há duas coisas relacionadas ao objeto do ministério e ao uso do dom no corpo de Cristo. Primeiro, todo o corpo, a Igreja, existe como o instrumento da glória e do poder de Deus no mundo. Em segundo lugar, a Igreja existe como o objeto amado das afeições de Cristo. Os dons trazem o caráter dessas duas relações. O primeiro tem a ver com a responsabilidade da própria Igreja, enquanto o segundo é o que Cristo faz mais particularmente por Sua Igreja, Sua noiva. Em ambos, a unidade do corpo unido a Cristo é continuamente mantida em vista.

 

Instrumentos de Deus para o testemunho 

Vamos olhar por um momento para a Igreja como um instrumento de Deus para Seu testemunho neste mundo. Esse caráter do ministério nos é dado particularmente em 1 Coríntios 12, pois ali encontramos, em geral, todos os dons dados para o estabelecimento do Cristianismo, sinais dados ao mundo, provas da glória da vitória do Senhor Jesus e de Seus direitos de governo na Igreja. Evangelistas e pastores não são encontrados ali, em vez disso, temos a soma coletiva da operação e capacidade divina no corpo, usada principalmente para a formação da Igreja. A maioria desses dons desapareceu, pelo menos em sua forma e caracteres iniciais, embora Deus sempre mantenha um testemunho neste mundo.

 

No entanto, nesse caráter de ministério, vemos Cristo e a Igreja como um todo, agindo diante do mundo em Seu nome. Assim, neste capítulo (1 Coríntios 12), vemos o poder espiritual do Cristianismo em contraste com a idolatria. Além disso, vemos uma diversidade de dons, mas o mesmo Espírito; diversos serviços, mas o mesmo Senhor; diversas operações, mas o mesmo Deus. Assim, toda a Trindade é apresentada em conexão com os dons, a fim de que possamos ver a fonte imediata dessas coisas na Igreja. O caráter de tudo isso é poder para um testemunho ao mundo.

 

Cristo nutrindo o corpo 

O segundo objeto do ministério é encontrado em Efésios 4. Aqui temos mais o pensamento de Cristo nutrindo e formando Seu corpo na Terra. Sua unidade é apresentada aqui como o resultado da graça que chama aqueles que estão longe (os gentios) e aqueles que estão perto (os judeus) a serem edificados como a habitação de Deus por meio do Espírito. É uma unidade de relacionamento e bênção – um corpo, um Espírito, um Deus e Pai de todos.

 

Em Efésios temos em especial os privilégios da Igreja unida a Cristo. Deus é “o Deus de nosso Senhor Jesus” e também o “Pai de nosso Senhor Jesus Cristo”. Consequentemente, no final do primeiro capítulo ele ora pelas bênçãos que fluem desse título de “Deus” de Jesus Cristo, enquanto no terceiro capítulo ele busca as bênçãos que fluem do título de “Pai” de Jesus Cristo. Essas bênçãos são operadas pelo Espírito Santo agindo em nós, na unidade do corpo, de acordo com o que Cristo recebeu para os membros deste corpo. Foi Ele Quem deu “uns para apóstolos” e “uns para profetas”. Esses dons, apresentados como os frutos de um Cristo que foi elevado ao céu, não são vistos à luz do poder agindo para manifestar a glória de Deus, pelo contrário, eles servem para estabelecer e edificar a Igreja como a morada de Deus, a fim de que todos possam chegar “à medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4:13). Nenhuma menção é feita de milagres, línguas ou curas, pois estes sinais de poder não são os canais diretos do Seu amor para com a Igreja. Da mesma forma, em Efésios, o apóstolo não fala do dom em si, mas dos indivíduos que possuíam o dom. Sem dúvida, o dom estava no vaso, mas Deus o conectou à pessoa, e essa pessoa, conhecida por seu dom, foi dada à Igreja.

 

Tal é a fonte, poder e ordem do ministério como colocado diante de nós na Palavra de Deus. Certamente não há nada mais abençoado neste mundo do que o ministério deste tipo, prestado por Deus no Espírito, tanto para um testemunho neste mundo quanto para edificação de Sua Igreja. Que o próprio Deus dirija Sua Igreja de acordo com sua necessidade, de acordo com Seu amor e de acordo com as riquezas de Sua graça, por Seu Espírito que habita nela.

 

Adaptado de The Bible Tresury, Vol. 17, págs. 291-293, 306-310

 

Dons na Adoração e Oração


Quando vamos à ceia do Senhor para as reuniões de adoração ou para a oração, não vamos até lá para exercitar nossos dons. Em vez disso, vamos partir o pão, adorar e nos encontrar com Ele. Ir até lá com o pensamento de usar nossos dons é não entender o verdadeiro caráter de tais reuniões. A própria expressão mostra um pensamento errado na mente, pois dá a ideia de uma representação, com a qual ela se assemelha com muita frequência. Este foi o caso dos coríntios. Eles não tinham falta de nenhum dom (1 Co 1:7), mas em vez de usá-los em sujeição ao Espírito Santo, para a glória de Deus e para a edificação de Seus filhos, eles estavam se glorificando a si mesmos por tê-los.

 

Eu não conheço nada mais triste ou desonroso para o Senhor, ou que trouxe mais tristeza entre os crentes, do que isso. A verdadeira sujeição ao Espírito Santo, com uma percepcão da presença do Senhor, colocaria um ponto final no desejo de “exercer dons”. O verdadeiro sentido de Sua presença tira imediatamente todos os pensamentos de si mesmo. “Onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade” (2 Co 3:17), e essa é uma liberdade na qual o Espírito dirige e não a energia da carne. Assim, só o Senhor será exaltado, porque nenhuma carne se gloriará em Sua presença. Então Deus é tudo e o homem não é nada. Que o único objetivo de todo o nosso coração seja que Deus seja glorificado em todas as coisas por meio de Jesus Cristo, a Quem seja louvor e domínio para sempre!

 

Adaptado de The Bible Treasury,  vol. 6, pág. 318

 

A Habilidade Natural e o Dom Espiritual


Quando consideramos a ação do Espírito no dom, o princípio da Escritura – do Senhor – é o talento natural, depois o dom e depois a diligência no uso do dom. É importante considerarmos isso, pois o dom não é algo distinto do indivíduo que o possui. Em vez disso, o dom é associado àquele a quem é dado, com seus talentos e habilidades naturais, e com diligência em seu desenvolvimento. Vamos considerar primeiramente as habilidades naturais.

 

Habilidade natural 

Em Mateus 25 temos a declaração expressa do Senhor de que quando Ele foi embora chamou Seus servos e deu “a cada um segundo a sua capacidade [habilidade particular – JND]”. Paulo é mencionado como um “vaso escolhido”, bem como o receptor de um dom, e certamente ninguém pode duvidar das qualidades notáveis que precederam o seu chamado. Quando lemos a história de homens como Pedro, Tiago e João, podemos duvidar que eles tivessem alguma habilidade antes do dia de Pentecostes – habilidades que o Senhor, em Sua sabedoria divina, deu para serem usadas em conexão com o Seu dom?

 

Em Romanos 12:6 lemos: “tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada”, e então vários dons são detalhados para nós juntamente com o uso apropriado deles. Os dons não são apenas de pregação, mas qualquer serviço realizado para os santos. Isso envolveria necessariamente o próprio indivíduo, não apenas o dom. Finalmente, em Efésios 4:11, temos apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres sendo mencionados, e aqui o dom é claramente o próprio homem. Todas as habilidades naturais do indivíduo e até mesmo suas características físicas estavam envolvidas. O dom que foi dado complementaria e se ajustaria às habilidades naturais daquele a quem o dom foi dado.

 

O Doador de dons 

Quanto aos dons em si, estes não são propriamente os “dons do Espírito”, embora não tenhamos objeções ao termo se ele for entendido corretamente. Contudo, não temos tal termo na Escritura. Os dons foram dados por um Cristo ressuscitado em glória, como lemos em Efésios 4:8: “Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro e deu dons aos homens”. Em alguns casos, a doação administrativa desses dons foi confiada aos apóstolos, e assim Paulo pôde dizer a Timóteo: “Despertes o dom de Deus, que existe em ti pela imposição das minhas mãos” (2 Tm 1:6). Mas note que é claramente mencionado como “o dom de Deus”. Tais dons foram dados “querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo” (Ef 4:12). O Espírito é claramente o poder na operação desses dons, mas Ele não é mencionado como o doador.

 

Mais importante do que o dom 

Mais do que isso, os dons sempre estavam ligados ao corpo de Cristo, e a Escritura nunca fala de seu exercício fora da unidade do corpo. Desta forma, cada um tem um dom, pois cada membro do corpo tem algo para contribuir. “A graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo” (Ef 4:7). Alguns dons eram mais proeminentes, mas, em outro sentido tudo é um dom, seja ligado a uma demonstração de poder sobrenatural, ou seja para o bem e a bênção do povo de Deus de maneiras menos espetaculares. Deus deu esses dons para a manutenção da unidade do corpo. No entanto, a unidade do corpo e a presença de Deus nele são mais importantes do que os meios usados para mantê-lo. O objetivo do dom não é atrair para o dom, mas sim para Aquele que o deu e a exibição dessa unidade do corpo com Ele.

 

Finalmente, a Escritura fala do uso diligente do dom. Já observamos como Paulo exortou Timóteo a “despertar o dom” que estava nele. Anteriormente, ele havia dito a Timóteo para “Não desprezes o dom que há em ti” e “Medita estas coisas”, e também “ocupa-te nelas” (1 Tm 4:14-15). Todas essas instruções provam que a posse do dom deve ser acompanhada pelo uso diligente dele, para que o proveito apareça.

 

Quem fica com a glória? 

Em conclusão, vemos que enquanto os dons, como tais, são de um Cristo ressurreto em glória, eles estão, de acordo com a Escritura, intimamente ligados tanto com as habilidades naturais quanto com os talentos individuais e, posteriormente, à diligência no desenvolvimento do dom. Nós vemos a sabedoria de Deus nisso. Como o Doador do dom, nosso Senhor Jesus Cristo recebe a glória, pois é Ele Quem dá o dom. Quando recebemos um presente [dom] e o benefício que ele nos traz, agradecemos a quem nos presenteou e não ao presente em si. Por outro lado, Deus reconhece as habilidades naturais que podem ser necessárias para o bom exercício do dom. Assim, uma boa mente pode ser um dom maravilhoso se usada sob o poder do Espírito de Deus. É triste dizer que muitos dons hoje em dia estão adormecidos, por falta de diligência, e os santos de Deus sofrem em consequência disso.

 

Acima de tudo, que possamos reconhecer que todo dom, seja público ou usado em uma esfera mais privada, é, em última instância, para o bem do povo de Deus e para a glória de Cristo, a fim de que “cresçamos em tudo n’Aquele que é a Cabeça, Cristo” (Ef 4:15).

 

W. Kelly, adaptado de The Bible Treasury, vol. 4 

 

Recebendo o Espírito Santo


O perdão dos pecados seria seguido pelo dom do Espírito Santo, de acordo com Atos 2:38. Tal fato aconteceu em Atos 10:43-44. Tenho certeza que, se eu tiver recebido a remissão dos meus pecados crendo em Cristo, receberei como consequência o Espírito Santo. Sendo assim, não preciso de mais experiências para saber que estou unido a Cristo, pois é o Espírito Santo que habita em mim que efetua isso. A experiência seguirá a consciência do relacionamento e será desfrutada no cultivo das coisas adequadas à Sua presença.

 

Christian Truth, Vol. 17, pág. 99 

 

Um Caminho Ainda Mais Excelente


Sempre que falamos de dons, devemos nos lembrar do perigo de serem usados de maneira errada. Isso certamente aconteceu em Corinto, uma assembleia na qual o apóstolo poderia dizer: “nenhum dom vos falta” (1 Co 1:7). No entanto, seu uso dos dons, tão amplamente dados a eles, era frequentemente, e evidentemente, para promover o “eu” e não para a edificação dos santos ou a bênção das almas em geral. “Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento” (Rm 11:29), e assim Deus não remove um dom, mesmo que seja usado indevidamente. Deus pode permitir que alguém continue exercendo um dom de maneira errada, embora Ele possa lidar governamentalmente com o tal como fez com os coríntios. Além disso, devemos lembrar que os dons, embora sejam uma grande ajuda na obra do Senhor e para serem muito desejados, por si mesmos não conferem piedade.

 

Os dons e o amor 

O apóstolo Paulo, depois de detalhar os dons e o poder do Espírito ao usá-los em 1 Coríntios 12, nos mostra “um caminho ainda mais excelente” no capítulo 13. É o amor que dá caráter aos dons, e não são os dons que dão caráter ao amor. O amor tem falado por seus dons, e é o amor de um Cristo ressurreto em glória que deu os dons, a fim de que Seus santos – Sua noiva – possam ser edificados e consolados. Este é o amor divino, um amor que se expressou pela grandeza de seus dons. Os pensamentos de Deus para conosco são de amor, e o propósito do dom é nos expressar a natureza do pensamento por trás do dom. É o pensamento que dá o maior caráter ao dom, pois o pensamento permanece para nosso desfrute, mesmo que o dom não esteja mais presente.

 

Muitas vezes nos envolvemos com os dons – a expressão desse amor – e, no entanto, deixamos de desfrutar desse amor como deveríamos. Ele Se regozija em dar, e Seus dons me falam de Seu amor no mais alto nível. Aprendemos a extensão do coração de Deus no maior de todos os dons – o dom do Seu amado Filho. Mas, em outro sentido, não aprendemos o amor d'Ele com Seus dons para a Igreja, pois, como já observamos, é antes o Seu amor que dá caráter aos dons. Talvez Seu maior dom agora seja o privilégio de conhecer a Cristo e servi-Lo, e é o desfrutar do Seu amor em nosso coração que nos motivará a querer saber sobre Ele e servi-Lo. Dons são uma grande ajuda em tal serviço, mas eles não são o motivo para isso.

 

A força motriz 

Assim, em 1 Coríntios 13, descobrimos que o amor deve ser a força motriz do exercício de todo dom, ou não será nada. Um homem pode possuir o dom mais brilhante, mas, se não for usado em amor, não terá proveito algum. Alguém pode conhecer “todos os mistérios”, ter “toda a ciência” e ter “toda a fé” (v. 2), mas sem amor ele não é nada. Mesmo que alguém se torne um mártir por Cristo, não servirá de nada, se o amor não estiver nele. Isto é algo que sonda a todos nós. Em qualquer serviço para o Senhor, sempre nos perguntemos: “É o amor que me coloca em movimento?” Antes de mais nada, deve haver amor a Cristo, esse amor em nós que responde ao Seu amor, mas depois o amor aos outros – aos pecadores que precisam de salvação e aos santos que precisam de encorajamento. O amor não tem nada a ganhar além do bem para os outros.

 

Que possamos continuar a procurando “com zelo os melhores dons” (1 Co 12:31), mas lembre-se de que o amor deve ser a força motriz por trás do uso dos dons e deve ser aquilo que lhes confere caráter.

 

W. J. Prost 

 

Toda Bênção é um Dom


Todas as bênçãos Cristãs são um dom (ou um presente). Nós não recebemos essas bênçãos por causa de nossos próprios esforços ou orações. Nós os recebemos quando a fé recebe a Cristo e crê no evangelho da Sua graça (Ef 1:3). Aqueles que creram no evangelho no dia de Pentecostes receberam também o dom do Espírito (At 2:38).

 

Nosso desfrute daquilo que recebemos depende de nossa caminhada (Rm 15:13; Ef 4:30; 1 Co 2:15). Que andemos cuidadosos, em espírito de oração, sujeitando-nos à Palavra e julgando tudo o que impediria o bendito Espírito de Deus de tomar as coisas de Cristo e mostrá-las a nós.

 

H. E. Hayhoe, de The Holy Spirit: His Person, His Coming, His Operations 

 

O Dom do Espírito Santo


O que desejo enfatizar em particular é a grande verdade do dom do Espírito Santo, e isso se distingue de qualquer obra de Seu poder por parte de membros específicos. Esses dons diferem, mas o dom em si é e deve ser o mesmo Espírito Santo. Aqui falamos de uma Pessoa divina, que vem morar em cada Cristão e na Igreja. É evidentemente algo que corrompe a verdade se alguém falar de diferenças n'Ele. Pode haver uma variedade de formas e medidas nas quais o Seu poder é exibido; pode haver e existem diferentes graus pelos quais adentramos no gozo de Sua presença, mas o Espírito Santo habita em todos os crentes que agora repousam na redenção consumada em Cristo Jesus.

 

O sinal duplo 

Além disso, há também a circunstância de Ele estar não apenas em nós, mas também conosco. Assim, descobrimos que, enquanto as línguas de fogo repousavam sobre cada um deles, havia também um vento impetuoso que enchia toda a casa. Havia, portanto, o que pode ser chamado de duplo sinal da presença do Espírito de Deus – o que habitava cada pessoa individualmente, mas também o que, de maneira geral, enchia a casa onde estavam assentados. Podemos ver no livro de Atos que o Espírito Santo estava entre eles bem como em cada um deles.

 

Fazemos bem em dar atenção especial ao relato inspirado de Deus do dia de Pentecostes. Jesus sendo “exaltado pela destra de Deus e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis”. Isto é, havia sinais palpáveis diante deles e evidenciados por eles do cumprimento da promessa do Pai. O Espírito Santo prometido não era em si uma coisa para ser sentido, mas, no entanto, havia poder exterior que o acompanhava. É muito importante distinguir isto, porque de outra maneira os homens estão em perigo, em consequência da ausência destes sinais exterior, de negligenciar e negar aquele dom incomparável que sempre esteve acima de seus efeitos. Qualquer que fosse a importância desses sinais, eles eram apenas a comprovação para o homem quanto ao dom e presença do Espírito como algo novo sobre a Terra.

 

Outras obras do Espírito Santo 

Quando o apóstolo os exortou a se arrependerem e serem batizados cada um deles em nome de Jesus Cristo para a remissão de pecados, você notará o seguinte: “E recebereis o dom do Espírito Santo”. Certamente, quando eles se arrependeram, não foi sem o Espírito Santo. Quando eles receberam o nome do Senhor Jesus Cristo, encontraram n’Ele a remissão, e foram batizados, não há dúvida de que o Espírito Santo deve ter dado a eles  o arrependimento e a fé em Seu nome. Por isso, é evidente que a recepção do Espírito Santo, como é dito aqui, não tem nada a ver com fazer com que os homens creiam e se arrependam. É uma operação subsequente, uma bênção adicional distinta, e um privilégio fundado na fé que já trabalha ativamente no coração.

 

“O Dom” e os dons

“O dom do Espírito Santo” nunca significa os dons. Há muitos que confundem o dom com os dons. Eles nunca estão misturados na Palavra de Deus, pois não transmitem o mesmo pensamento. Existe até uma palavra diferente – não em nossa língua, mas naquela que o Espírito Santo empregou[1]. As duas coisas são invariavelmente distintas. Ambas podem, é claro, ser dadas na mesma ocasião. Um homem pode ter o dom e desfrutar da presença do Espírito de Deus em sua alma. Ele também pode ser capacitado pelo Espírito para levar o evangelho ao mundo, ou ser feito mestre ou pastor na assembleia. Ainda assim, o dom do Espírito Santo é outro privilégio. É o próprio Espírito Santo que nos é dado, e não apenas o poder com o qual Ele investe uma pessoa para propósitos especiais. O dom do Espírito Santo foi aquela bênção comum que foi conferida a toda alma que se arrependeu e foi batizada.

[1] N. do T.: “Dorea” (G1431) é a palavra grega para “dom” e “carisma”  (G5486) é a para “dons”. 


W. Kelly, adaptado de Lectures on the New Testament – Doctrine of the Holy Spirit 

 

Os Dons de Sinais Hoje em Dia


Desde os primórdios da Igreja, os crentes têm questionado se os sinais e prodígios exibidos nos dias dos apóstolos eram para continuar existindo. Nos últimos cem anos, particularmente, tem havido um tremendo ressurgimento do interesse nos chamados “dons de sinais”, e nos últimos trinta ou quarenta anos, tem havido quase uma explosão de interesse mundial em milagres e sinais, especialmente de cura. Nos EUA, nomes como Oral Roberts e Kathryn Kuhlman tornaram-se conhecidos por suas alegações de “cura divina”. Em anos mais recentes, Benny Hinn e Kenneth Copeland alcançaram notoriedade mundial por suas extensas campanhas de cura e aparições na televisão. Muitos debates foram travados sobre a questão, e até mesmo os incrédulos foram apanhados nesta controvérsia. Alguns crentes verdadeiros se tornaram, pelo menos, completamente confusos e, às vezes, desiludidos e desencorajados. As atitudes variam desde a negação total de qualquer exemplo de milagre hoje em dia, até a completa aceitação de tudo o que é apresentado. Outros são céticos, mas não sabem em que acreditar. Como com tudo que diz respeito a assuntos espirituais, devemos nos voltar para a Palavra de Deus.

 

Nossa autoridade final

Antes de fazermos isso, vamos enfatizar que a Palavra de Deus deve ser nossa autoridade final. Em muitos círculos Cristãos de hoje, a autoridade da Palavra de Deus foi substituída pelo que poderia ser chamado de “Cristianismo experiencial”. Para eles, a realidade de Deus não pode ser expressa sem experiências, e pior ainda, eles acreditam firmemente que a experiência pode anular a Palavra de Deus. Isto é algo muito sério. Lembremo-nos de que o Espírito de Deus inspirou a Sua Palavra e, portanto, o Espírito e a Palavra estão sempre de acordo. O Espírito é o Intérprete da Palavra e nunca nos conduzirá contrariamente a Ela. Quando a verdade vital está em questão, Deus nunca nos remete à experiências, mas sim à Sua Palavra. Nossas experiências pode variar e podem até ser enganosas, mas a Sua Palavra é “viva e que permanece para sempre” (1 Pe 1:23).

 

Um sinal para os incrédulos 

Há várias coisas importantes que caracterizaram sinais e maravilhas nos dias dos apóstolos. Primeiro de tudo, é claro que eles foram destinados principalmente para incrédulos. Lemos em 1 Coríntios 14:22 (ARA): “De sorte que as línguas constituem um sinal não para os crentes, mas para os incrédulos”. Da mesma forma, a cura foi feita muitas vezes para os incrédulos, mas raramente para os crentes. É verdade que Pedro curou Dorcas (At 9:36-42), mas Paulo não curou homens piedosos como Epafrodito, Timóteo ou Trófimo. Ele reconheceu que Deus havia permitido a doença ou enfermidade, e ele não exerceu seu dom ao seu favor. De fato, é claro que o próprio Paulo tinha algum tipo de problema de saúde que ele aceitou como vindo do Senhor. Deus lhe deu graça para suportá-lo, mas não o curou.

 

Para confirmar a palavra falada 

Segundo, os sinais e milagres foram feitos para dar suporte a pregação da Palavra de Deus, não para substituí-la ou tomar o seu lugar. A Palavra foi primeiramente falada e então os sinais se seguiram para a confirmar. Assim, os sinais eram de importância secundária, enquanto a Palavra era de suma importância. Em Marcos 16:20 lemos que “E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor e confirmando a Palavra com os sinais que se seguiram”. Também em Hebreus 2:34 nos é dito: “Salvação... a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos, depois, confirmada pelos que a ouviram; testificando também Deus com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas, e dons do Espírito Santo, distribuídos por Sua vontade”. Assim, temos o direito de esperar que, se aparecerem milagres e sinais, eles devem ser feitos em conexão com uma pregação fiel da Palavra de Deus.

 

Diretrizes para o uso dos dons de sinais 

Terceiro, encontramos diretrizes quanto ao uso desses sinais e milagres na Escritura, particularmente em relação ao falar em línguas. Essas diretrizes nunca foram rescindidas e se aplicam hoje mais do que nunca. Se os dons de sinais estão em evidência hoje, esses princípios da Escritura os regulam, e devemos esperar ver tais dons exercitados de acordo com o padrão da Palavra de Deus.

 

O que está acontecendo hoje 

Com essas coisas em mente, podemos muito bem perguntar: “O que está realmente acontecendo hoje? Os crentes ainda falam em línguas pelo poder do Espírito de Deus? Deus ainda cura de uma maneira miraculosa? As 'curas' pelos modernos curandeiros da fé são reais, ou alguma outra coisa está acontecendo?”

 

Parece claro na Escritura que milagres e sinais foram dados no início da dispensação da Igreja para confirmar a Palavra falada e magnificar a Deus quando a Palavra escrita de Deus não estava completa. Agora que temos a Palavra escrita completa na maioria das línguas, não há mais a necessidade de confirmar “a Palavra com os sinais que se seguiram”. No entanto, Deus é soberano e pode, se assim o desejar, dar a um crente o dom de pregar o evangelho em uma língua que ele não conhecia antes, em um lugar onde a Palavra de Deus ainda não é conhecida.

 

Embora esteja além do escopo deste artigo entrar em detalhes, basta dizer que casos foram verificados quando um crente foi curado de um grave problema de saúde que não poderia ser explicado de outra maneira, mas como um ato de Deus. Em tais casos, isso não foi feito por meio dos chamados “curandeiros da fé”, mas sim por meio da oração por parte dos indivíduos. Assim, é um erro dizer que nada milagroso acontece entre os crentes de hoje.

 

Colocando à prova as reivindicações carismáticas 

No entanto, a grande maioria do que está acontecendo nos círculos Cristãos hoje, o chamado “movimento carismático”, não suportará o exame minucioso da Palavra de Deus nem mesmo uma investigação razoável por meios naturais. Muito do que hoje é considerado como sinais e milagres é focado principalmente em crentes, não está conectado com uma pregação fiel da Palavra de Deus e não segue os princípios e diretrizes dadas na Palavra de Deus. No caso do assim chamado falar em línguas, muito disso é algazarra e a constante repetição de palavras sem sentido e que não têm significado. Em um número menor de casos mais sérios, a mensagem pode ser entendida (isto é, falada em uma língua conhecida), mas muitas vezes é tudo menos edificante e, às vezes, até blasfema. É claramente a obra de Satanás.

 

No caso dos chamados “curandeiros divinos”, muitos investigaram as pessoas envolvidas, buscando honestamente a prova da verdadeira cura. Um homem Cristão aproximou-se de Benny Hinn, levou-o para almoçar e perguntou a ele especificamente por casos documentados e por nomes daqueles que haviam experimentado a cura divina e orgânica. A resposta de Benny Hinn foi: “Eu vou lhe fornecer esses nomes imediatamente. Vou mandar minha secretária mandá-los imediatamente para você. Vamos começar a fornecê-los até a próxima semana”. Depois de relembrar Benny Hinn, pelo menos mais uma vez, ele ainda estava esperando pela relação, mais de dois anos depois. Dr. William Nolen, um famoso cirurgião americano (possivelmente um crente e já falecido), tirou um ano de folga para estudar o fenômeno da cura milagrosa. Seu livro sobre o assunto, ‘Cura – Um Doutor em Busca de um Milagre’, traz a mesma conclusão. Ele não conseguiu encontrar nem mesmo um caso documentado de cura orgânica e milagrosa feita pelos chamados “curandeiros da fé”.

 

Uma explicação razoável 

Em vista de tudo isso, há uma explicação lógica para o que está acontecendo? Eu penso que há. Existem várias explicações razoáveis para o que as pessoas experimentam em campanhas de cura ou ao “falar em línguas”. A maior parte das reivindicações por demonstrações de poder espiritual hoje são a tentativa do homem de reproduzir com energia humana o que foi originalmente dado pelo poder do Espírito de Deus. Em matéria de cura, é bem conhecido nos meios médicos que dois terços de todas as doenças têm origem em causas de estresse e causas relacionadas a emoção. Aliviar o estresse elimina os sintomas físicos, e certamente isso pode acontecer em campanhas de cura. Mais seriamente, às vezes há decepção deliberada, em que pessoas saudáveis são colocadas em cadeiras de rodas e depois “curadas”, enquanto casos de doenças reais são cuidadosamente evitados para não aparecerem no palco. Em alguns casos, o poder satânico está envolvido. O objetivo de Satanás nunca é abençoar e sim o oposto, mas às vezes ele aparece como um “anjo de luz” (2 Co 11:14). Ele pode produzir uma obra de cura como uma fachada falsa para trabalhos mais sinistros mais tarde. Mas o fenômeno mais comum é o que pode ser chamado de “histeria em massa” ou “hipnose em massa”. Se o ambiente certo e o humor emocional são cuidadosamente produzidos (música, palavras certas, criação de um vínculo entre o líder e o povo), muitas pessoas tornam-se muito suscetíveis à sugestão. O resultado é muito previsível – pessoas tremendo, balançando, rindo incontrolavelmente, talvez gritando ou chorando, até mesmo caindo no chão e depois ficando ali imóveis. Tais técnicas podem ser aprendidas e praticadas há centenas de anos pelos incrédulos. Elas enfaticamente não são a obra do Espírito de Deus!

 

Satanás trabalhando 

Intimamente relacionado com esta técnica está o chamado “falar em línguas”. Como mencionei anteriormente, Satanás também pode estar envolvido nisso. É bem conhecido que falar em línguas tem sido uma característica das práticas ocultas há centenas de anos. Mas o que comumente se passa por falar em línguas nos círculos Cristãos é mais uma vez uma técnica aprendida que pode ser praticada por qualquer um. Um ex-líder carismático (que agora se arrependeu de seu envolvimento) tem o seguinte a dizer: “Todos os carismáticos e pentecostais que conheço oram, como eu, em línguas quando querem e por quanto tempo quiserem – mas os sons são sempre os mesmos... A maioria das ‘falas em línguas’ de hoje, não tem sentido e podem ser reproduzidas por qualquer um”.

 

Em resumo, Deus pode permitir falar em línguas hoje em certas circunstâncias, e Ele cura de maneira milagrosa de vez em quando. No entanto, creio que a Escritura nos mostra claramente que colocar ênfase em tais milagres e sinais é um erro. Mais do que isso, é um erro esperar que vários indivíduos recebam esses dons de sinais. Essas coisas foram dadas no início para autenticar a pregação de algo inteiramente novo e para revestir esta palavra com a autoridade de Deus. Eles não estão presentes hoje dessa maneira.

 

Os maiores milagres de Deus 

Os maiores milagres que Deus realiza hoje não são acompanhados de demonstrações exteriores de poder sobrenatural. Antes, Deus primeiro trabalha o milagre de salvar pessoas da pena e do poder de seus pecados. Então, Ele busca, por vários meios, conformá-los “à imagem de Seu Filho” (Rm 8:29). Tal transformação não será completa até a glória, mas Deus está trabalhando em nós agora para esse fim. Ele está muito mais interessado nisso do que em curar todas as nossas doenças agora. Ele usa nossas várias provações e enfermidades para nos ensinar lições que não poderíamos aprender de outra maneira. Sejamos dispostos a obter proveito de todos por meio dos quais a sabedoria de Deus possa nos passar, enquanto esperamos pelo dia em que estaremos com e como nosso bendito Salvador.

 

W. J. Prost 

 

Os Dons de Um Cristo que Subiu ao Céu


Uma diversidade de dons em um corpo é apresentado na Epístola aos Efésios. Depois de enfatizar fortemente a manifestação da unidade, o apóstolo continua dizendo: “Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo. Pelo que diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro e deu dons aos homens” (Ef 4:7-8). A palavra “graça” usada aqui não é a exibição da graça pela qual os pecadores são salvos, mas sim aquela pela qual os crentes são dotados com os dons de um Cristo que subiu ao céu. A graça, naturalmente, é a mesma em ambos os casos, mas exercida de uma maneira diferente.

 

O propósito e a distribuição dos dons 

Há uma distinção marcada entre o modo como os dons são mencionados nesta epístola e na epístola aos Coríntios. Em Coríntios, o ensino não é tanto em relação à origem dos dons, mas à sua distribuição e exercício. Este é o círculo correto da atividade do Espírito. “A um”, lemos, “pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência” e assim por diante, nomeando outros dons, “Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer” (1 Co 12:8-11). O Espírito é soberano na regulação do exercício dos dons na assembleia, e assim todos os dons que podem ser usados na assembleia são levados em conta, sejam dons de sinais ou aqueles mais particularmente para a edificação do corpo. Em Efésios, a ênfase está mais na origem e objeto do dom – “querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo” (Ef 4:12). A origem é o próprio Cristo, agindo em Seus direitos adquiridos como o Homem vitorioso, ressuscitado e que subiu ao céu. Isso concorda com o caráter geral da epístola. No capítulo 1 lemos: “O Deus de nosso Senhor Jesus Cristo...  ressuscitando-O dos mortos e pondo-O à Sua direita nos céus, acima de todo principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro” (Ef 1:17, 20-21). Em virtude dessa vitória, Ele agora concede dons aos crentes.

 

Um dom para todos 

Embora alguns dons especiais sejam citados em Efésios 4:11, a linguagem usada no versículo 7 ocupa um campo mais amplo. Lá lemos: “Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo”. Assim fica claro que a todos os crentes é confiado algum dom para ser usado para seu Senhor que está ausente. A graça mencionada não é meramente para um seleto grupo formado por poucos, mas é “para cada um de nós”. Enquanto os dons especiais necessários para o trabalho público estão confinados a poucos, cada crente tem algum dom para a edificação do corpo. Efésios 4:16 fala do corpo “bem ajustado e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte”. Em Romanos 12, onde o uso fiel e diligente dos dons é revelado, coisas como mostrar misericórdia, liberalidade e serviço no mais amplo sentido da palavra estão incluídos. Um vasto círculo de responsabilidade e atividade é assim aberto, e os dons que são trazidos à luz são distintos tanto dos dons de sinais em 1 Coríntios 12 quanto dos dons para o ensino público.

 

Uma classe especial de dons 

Em Efésios 4:11, no entanto, o apóstolo fala de uma classe especial de dons. “E Ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores”. Aqui não se diz que os apóstolos receberam dons, mas que eles foram dados, ou presenteados. Os dons aqui são os próprios indivíduos – apóstolos, pastores, doutores e assim por diante. Não há dúvida de que apóstolos e profetas eram dons de fundação, pois a Igreja foi edificada “sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina” (Ef 2:20). Não há nada dito sobre a continuidade desses dons, e de fato seria impossível que o dom de um apóstolo continuasse, pois uma das características distintivas de um apóstolo era que Ele havia sido uma testemunha da ressurreição do Senhor. Da mesma forma, o dom de um profeta foi um dom de fundação, para dar a mente de Deus até que a Palavra de Deus fosse completa. Foi aos profetas, bem como aos apóstolos, que a verdade da Igreja foi revelada pelo Espírito e, em alguns casos, o profeta também previu eventos futuros. Neste caráter, o dom de um profeta era apenas temporário. Sem dúvida, o uso de profecia para edificar, exortar e consolar o povo de Deus continua, mas isso não é propriamente o dom de um profeta, pois Paulo pôde dizer aos coríntios: “todos podereis profetizar, uns depois dos outros” (1 Co 14:31).

 

Os dons e a unidade 

Finalmente, poderíamos dizer que todos os dons, sejam os que são usados publicamente ou em privado, tinham em vista a unidade do corpo de Cristo e devem ser exercidos no poder e em consonância com a unidade do Espírito de Deus. Não há pensamento na Escritura sobre o uso de um dom sem referência ao corpo de Cristo, porque os dons representam a maneira variada pela qual Cristo proveu para Seu corpo, mas tudo em unidade. Nós humildemente reconhecemos que a manifestação exterior dessa unidade foi tristemente arruinada. No entanto, a unidade do Espírito ainda existe, os dons ainda estão aqui, e é um privilégio, bem como uma grande responsabilidade, agir de acordo com o que Deus nos deu.

 

Adaptado de The Christian Friend, 1879 

 

Os Dons e o Ministério


Os dons (em Efésios 4) são, propriamente, aquilo que é chamado de ministério. Todo dom é um ministério, pois, como existem diversidades de dons, mas apenas um Espírito, há diversos ministérios, mas um só Senhor. Pela posse de um dom, eu me torno servo de Cristo, de Quem tenho o dom do Espírito, e que o Espírito revela como Senhor. Por isso, todo dom em exercício é um ministério – serviço prestado sob responsabilidade a Cristo.

 

J. N. Darby, de Collected Writings

 

Dons D’Ele e para Ele

 

Ouro, incenso e mirra eles trouxeram

Ao seguir a estrela,

E Maria deu-Lhe um raro unguento:

Amor, de um vaso quebrado.

 

Em mares tempestuosos é dado um travesseiro;

Uma capa feita de uma só peça;

Uma ceia preparada em Betânia:

Eles trouxeram dádivas tão amorosas.

 

E agora o Filho de Deus deu

Alguns dons para usarmos

Para ele; edificar a Igreja

Estamos sem desculpa.

 

Alguns pastores, mestres, profetas, “ajudam”;

Para cada um e todos eles

Um dom para usar diariamente para Ele

Para glorificar o Filho.

 

Que eu seja digno dessa confiança

E pergunte o que poderia ser

Que eu possa fazer como resposta

Por todo o Seu amor por mim.

 

Autor desconhecido

 

“Crê no Senhor Jesus Cristo, e serás salvo”

Atos 16:31


 

 


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