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Pedras (Novembro de 2019)

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ÍNDICE

J. C. Bayley

A. Marshall

J. T. Mawson

C. H. Brown

W. J. Prost

C. H. Mackintosh

J. L. Erisman

B. Anstey

Christian Truth

J. C. Bayley

W. T. P. Wolston

cph

Hino 37

 

Pedras


A pedra é a coisa mais antiga e duradoura no mundo e é o fundamento de todo o resto. Em Daniel, onde Cristo é mencionado como uma pedra cortada sem auxílio de mãos, Ele é chamado de Ancião de Dias, e não há dúvida de que essas são as principais características da pedra – idade e estabilidade. Elas também têm força e peso passivos, enquanto algumas têm valor, como o quartzo ou o diamante. Mas essa figura é apresentada de várias maneiras: não somente Ele é proclamado como a Rocha Eterna para a segurança daqueles que se encontram nas tempestades preditas por Isaías (Is 32:2), mas também como a Rocha sobre a Qual a Igreja seria edificada (Mt 16:18), uma Rocha de morada (Sl 71:3 – TB), a Rocha do meu coração (Sl 73:26 – ARA), a “Rocha espiritual que os acompanhava” (1 Co 10:4 – TB) e tantos outros nomes de dignidade, mas também nos aspectos mais humildes de uma Pedra rejeitada pelos homens, porém para com Deus eleita e por Ele transformada em Pedra de fundação (tudo começando e se baseando em Cristo), e a Pedra principal da esquina (tudo terminando e culminando n’Ele), e também uma Pedra viva, uma Pedra provada (pela morte), e uma Pedra eleita (eleita na ressurreição) – uma Pedra preciosa. Ele também é uma Pedra de tropeço sobre a Qual todo aquele que cair será despedaçado e uma Rocha de escândalo que o reduzirá a pó (Mt 21:44).


J. C. Bayley (adaptado)


 


Deus Escrevendo na Pedra e no Coração


Você gostaria que Ele chegasse perto o suficiente para escrever em você? Esse seria um momento de suprema bênção para sua alma. E onde Ele escreveria? No seu coração. E o que Ele escreveria? Escreveria o que você deve fazer, ou o que deve trazer para Ele? Escreveria condenação? Escreveria reivindicações ou maldições? Não, Ele escreveria Cristo. E o que você depois descobriria que Ele escreveu? Seria como o apóstolo Paulo coloca neste capítulo: o ministério de glória, o ministério de justiça, o ministério de vida. Deus agora está escrevendo Cristo nas tábuas de carne do coração, em contraste com Ele escrevendo a lei nas tábuas de pedra.


A escrita na pedra

Veja o primeiro lugar onde encontramos Deus escrevendo: nas tábuas de pedra. Esta escrita tem o seu profundo significado. Em Êxodo 19, o Senhor fala ao povo de Israel sobre Suas reivindicações e, antes de ouvirem quais são elas, eles respondem: “Tudo o que o SENHOR tem falado, faremos”. Se eles tivessem um mínimo de compreensão do que somos em nós mesmos, teriam dito: “Gostaríamos de ouvir primeiro o que Deus ordena”. Mas eles falam, por assim dizer: “Tudo o que Ele ordenar, conseguiremos fazer”. Essa é a autossuficiência natural do coração do homem; gostamos de achar que podemos ser algo, fazer alguma coisa.


Em Êxodo 20, temos a lei – o Senhor declarando Suas reivindicações bem como a responsabilidade do homem, como criatura, de atendê-las para com Deus, de um lado, e para com o seu próximo, do outro. A lei era a perfeição do amor para com Deus e o próximo. Mas no momento em que você a introduz, você põe as pessoas longe de Deus: “e o povo, vendo isso, retirou-se e pôs-se de longe” (Êx 20:18). A lei jamais se destinou a levar as pessoas a Deus. É o “ministério da morte”, pois foi escrita em pedras, e não em “tábuas de carne do coração” (2 Co 3:3).


Qual é, então, o valor da lei? Romanos 3:19 nos responde: “Para que toda boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus”. Qual o objetivo de Deus? Fechar a minha boca e me fazer saber que sou culpado. O teste chega e revela qual é o estado do homem. Tão logo a lei é dada, ela já é violada. Antes de Moisés descer do monte, Arão tinha feito o bezerro de ouro; o primeiro mandamento foi violado. O que então posso obter das tábuas de pedra? Nada além de condenação.


A lei vem para nos ensinar que não temos força para fazer o que devemos fazer e, portanto, para nos despir da justiça própria. Porém, “onde o pecado abundou, superabundou a graça” (Rm 5:20). Isso é glorioso. Depois que a lei vem e desperta o mal no coração do homem para convencê-lo de que ele não é nada além de um pecador culpado, então vem a graça, na Pessoa do Senhor Jesus Cristo, e Ele encontra, em graça, e abençoa esse mesmo pecador a quem a lei condenou.


A escrita na parede

Em Daniel 5, temos uma cena muito solene de ousada impiedade e tolice. Belsazar bebe com os seus grandes em volta, usando os vasos que haviam sido trazidos da casa de Deus. Aqui temos um homem insensato, ímpio, não convertido. Mas Deus tem uma mensagem para ele. “Na mesma hora, apareceram uns dedos de mão de homem e escreviam, defronte do castiçal, na estucada parede do palácio real; e o rei via a parte da mão que estava escrevendo. Então, se mudou o semblante do rei, e os seus pensamentos o turbaram; as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos bateram um no outro” (Dn 5:5-6). Aquela escritura feita à mão era um testemunho vindo de Deus, e esse homem insensato ficou perturbado. Certamente Deus tem um dia de acerto de contas com cada um de nós, como foi com Belsazar.


Daniel diz a Belsazar: “Te levantaste contra o Senhor do céu [...], destes louvores aos deuses de prata [...]; mas a Deus, em cuja mão está a tua vida e todos os teus caminhos, a Ele não glorificaste” (Dn 5:23). Esta foi a escritura na parede: “Contou Deus o teu reino e o acabou” (Dn 5:26). Belsazar ignorou a escritura na parede. Ele se contentou em fazer de Daniel um grande homem e continuou seu banquete. Sabemos o resultado: naquela mesma noite ele foi morto. O inimigo entrou sob aqueles mesmos portões, que pareciam desafiar o adversário, depois de desviar o curso do rio, conforme a história nos conta, e Belsazar teve o seu fim.


A escrita na terra

Há outro lugar onde o dedo de Deus escreveu, e está registrado em João 8. Uma pobre mulher culpada é trazida a Jesus para que Ele a condene, e o que Ele faz? “Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra” (Jo 8:6). Então, Ele diz que aquele que é sem pecado é o único que pode atirar pedras contra ela. Isso atingiu suas consciências; todos saíram, e ficaram a pecadora condenada junto com Aquele que é sem pecado e o único que podia atirar a pedra.


A escrita na terra tem, para mim, este significado: como se Jesus quisesse mostrar que, quando a lei pôde apenas condenar o pecador culpado, a graça em Sua própria Pessoa entra, e como diz o salmista: “[Tu] me puseste no pó da morte” (Sl 22:15). Com o intuito de encontrar e abençoar o pecador culpado e condenado, Ele mesmo precisa entrar no pó da morte, o lugar do pecador.


Quando a escrita nas tábuas de pedra pôde apenas condenar, e a escrita na parede apenas emitir a sentença de juízo, então essa Bendita Pessoa desceu ao próprio pó da morte não para condenar, mas para buscar e salvar.


Ele satisfez todas as reivindicações de Deus e o juízo de Deus. Aquele que esteve na cruz pelos nossos pecados está agora vivo em glória, e o Espírito Santo desce e nos dá o que temos na quarta escrita.


A escrita no coração

O Espírito Santo diz: “Escreverei Cristo em seu coração”. Ele, agora, não escreverá o que Deus exige de nós, ou a sentença de juízo sobre nós por não cumprirmos essas exigências. Ele nem mesmo está escrevendo o que Cristo pode ou irá fazer, mas nos fala do que Cristo fez e, se O recebermos, Ele escreverá Cristo em nosso coração. É tudo Cristo. Ele levou sobre Si os pecados, recebeu a maldição da lei, sofreu o juízo de Deus. Cristo entrou no pó da morte, e agora o Espírito Santo busca escrever Cristo em nosso coração. Os pensamentos de Deus são todos sobre Cristo, e Ele está procurando corações nos quais possa escrever Cristo. Que o Espírito Santo possa escrever Cristo hoje em nosso coração, se Ele ainda não escreveu. E o efeito de Sua escrita nas tábuas de carne do nosso coração seja que Cristo será visto em nós.


A. Marshall (adaptado)


 

A Pedra de Israel


Gênesis 49:24

O Espírito Santo, no livro de Gênesis, nos fornece a primeira comunicação de Deus com os homens, e desde o princípio o Espírito de Deus Se deleita em revelar as glórias do Filho de Deus. A palavra profética está repleta de claras e inconfundíveis referências a Ele, e se Sua glória e grandeza penetrarem nossa alma, seremos acalmados e tranquilizados no meio da maior crise que possa nos atingir enquanto aguardamos Sua gloriosa aparição.


O descanso de Deus no Jardim do Éden não durou muito. Somente por um curto espaço de tempo, o homem correspondeu às intenções de seu Criador; então o pecado entrou, arruinando aquele belo mundo cujo centro era o Paraíso. O homem foi expulso de sua herança, e então, fora do Éden, surgiu o sistema mundial. Seu fundador foi Caim, cuja posteridade tentou enfeitá-lo e estabelecê-lo perpetuamente; o dilúvio o varreu. Na torre de Babel, vemos o renascimento do sistema mundial, mas os homens estavam construindo sem um fundamento e em rebelião a Deus. Jeová olhou para a obra deles e a frustrou, e, em vez de realizarem seu desejo tão almejado, eles apenas manifestaram sua loucura e perversidade. Mas, apesar de os homens ainda persistirem em seu curso de independência de Deus, o fim de suas obras está próximo, pois toda a glória do homem perecerá, e a glória do Senhor encherá toda a Terra.


A Pedra profetizada

Cristo é o verdadeiro Fundamento, a Pedra viva. Ele também será a Pedra angular do universo moral destinado a substituir o grande sistema mundial que começou com Caim e Babel. Gênesis 49 é uma profecia notável nesse sentido. Embora a visão do patriarca Israel estivesse turva por causa da idade, impedindo-o de enxergar, sua visão espiritual estava maravilhosamente aguçada quando reuniu seus filhos ao seu redor para dizer o que lhes aconteceria nos últimos dias, pois na bênção de José ele esboçou claramente os sofrimentos de Cristo e a glória que havia de se seguir, e incidentalmente nessa bênção há uma notável alusão a Cristo: “donde é o Pastor e a Pedra de Israel” (Gn 49:24). Assim, “começando por Moisés e por todos os profetas, explicava-lhes o que d’Ele se achava em todas as Escrituras” (Lc 24:27).


A Pedra de Israel é introduzida na bênção de José, o qual, em figura, foi rejeitado, odiado e lançado fora por seus irmãos. Ele trilhou um caminho de declínio até ser lançado no cárcere no Egito como um criminoso qualquer, mas, a partir dessa condição de degradação, ele é subitamente elevado a uma posição de eminência e glória ao lado do rei no trono. Que contemplemos Aquele cujos sofrimentos e glória são prefigurados, de forma tímida, no grande libertador do Egito.


Longos séculos transcorrem, e então aparece Isaías para confirmar a palavra de Jacó: “Portanto, assim diz o Senhor JEOVÁ: Eis que Eu assentei em Sião uma Pedra, uma Pedra já provada, Pedra preciosa de esquina, que está bem firme e fundada” (Is 28:16). Jacó não deu detalhes, mas Isaías nos diz que a Pedra de Israel era o fundamento no qual estariam firmados todos os propósitos de Deus.


A Pedra rejeitada

Quando a plenitude do tempo chegou, Deus enviou Seu Filho, e Ele apareceu no meio de Israel, pois os líderes daquela nação foram os construtores a quem Ele foi apresentado primeiro. Ele era o grande teste para eles, posto em seu meio de acordo com a palavra do velho Simeão, quando Jesus foi levado ainda bebê à casa de Deus: “Eis que Este é posto para queda e elevação de muitos em Israel” (Lc 2:34).


É impossível não notar como o Senhor Jesus tratou as profecias do Velho Testamento em sua ordem correta, aplicando-as a Si mesmo durante Sua curta permanência na Terra. Ele podia usar a linguagem de profeta ou de salmista em seu verdadeiro sentido, trazendo convicção ao coração dos Seus ouvintes. Porém, Sua vida não evocou uma resposta favorável dos homens; ela apenas revelou o ódio que possuíam. A todo momento, Ele foi rejeitado, e no final foi levado ao tribunal de Pilatos como um malfeitor, em meio ao clamor universal: “Fora daqui com Este [...] Crucifica-O! Crucifica-O!” (Lc 23:18-21)


A Pedra de Israel foi totalmente rejeitada pelos construtores. Em seu último ato, tropeçaram e caíram sobre a Pedra e foram despedaçados. A condição atual de Israel é a prova conclusiva da terrível queda que eles sofreram ao expulsar sua única esperança. Dessa forma, a palavra de Simeão foi amplamente confirmada: “Eis que Este é posto para queda [...] de muitos em Israel”. A última parte dessa profecia será cumprida na segunda vinda de Cristo, quando, após tremendo exercício de alma e julgamento próprio, eles exclamarão: “Eis que Este é o nosso Deus, a Quem aguardávamos, e Ele nos salvará; Este é o SENHOR, a Quem aguardávamos; na Sua salvação, exultaremos e nos alegraremos” (Is 25:9).


A Pedra exaltada

Vamos deixar agora o breve triunfo do inimigo e passar para os triunfos de Cristo. A cruz foi o ápice da maldade do homem; o triunfo de Deus é demonstrado na ressurreição. A Pedra que os construtores rejeitaram tornou-Se a Pedra da esquina [ou pedra angular] (At 4:11). Todos os propósitos de Deus se baseiam n’Ele e, portanto, o atual período de graça está sendo usado por Deus para chamar a atenção dos homens para Seu amado Filho em glória. O Espírito Santo veio à Terra para recolher do mundo uma companhia que estará associada a Ele para sempre. Essa companhia é mencionada na Escritura como uma casa espiritual; aqueles que a compõem são pedras vivas, que se chegaram a Cristo como a Pedra viva (1 Pe 2:4-5).


Mesmo os homens dando pouca atenção a essa obra, ela segue firme e sem interrupção. Assim como todas as pedras do templo de Salomão foram preparadas de antemão, não se ouvindo sequer o som de um martelo durante a sua edificação, o Espírito de Deus está trabalhando silenciosamente na preparação do edifício pelo qual, no dia de glória, brilharão a luz e a perfeição de Deus.


A Pedra vitoriosa

O grande sistema mundial iniciado em Caim e restabelecido em Babel foi perpetuado na Babilônia e nos reinos que se seguiram. Sob a proteção desses reinos, o sistema mundial floresceu, mas, por ter sido criado em independência de Deus, deve ser totalmente destruído para dar lugar àquilo que não pode ser abalado e que é agradável a Ele.


Nabucodonosor viu em seu sonho uma pedra que foi cortada da montanha sem auxílio de mãos e que a estátua, despedaçando-a e levando-a como a palha das eiras no estio. Depois a pedra se tornou uma grande montanha e encheu toda a Terra. Nesta linguagem simbólica, vemos Cristo descendo do céu para exercer o poder que é investido n’Ele como Filho do Homem. Ele reivindicará a Terra para Jeová até que Sua glória encha toda a criação. “Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e esse reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos e será estabelecido para sempre” (Dn 2:44).


O Segundo Homem, o Senhor vindo do céu, cobriu toda a extensão territorial entre os dois extremos do universo de Deus: “Ora, isto – Ele subiu – que é, senão que também, antes, tinha descido às partes mais baixas da Terra? Aquele que desceu é também O mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir [encher – ARA] todas as coisas” (Ef 4:9-10). Dessa forma, Ele estabeleceu o Seu direito de encher tudo para Deus. Que dia de regozijo e alegria será quando a glória e o poder de Cristo forem supremos e a Terra estiver em completa sujeição a Ele!


Semelhante a uma Pedra preciosíssima

Se existe a glória do que é terrenal, também existe a glória do que é celestial, mas, seja no céu ou na Terra, toda a glória irradia do Filho do amor do Pai. Em todas as coisas Ele deve ter a preeminência. O céu e a Terra nunca estiveram de acordo desde que o pecado entrou neste mundo, mas eles serão unidos novamente: a distância moral, no dia vindouro, não existirá mais. Portanto, ainda falta acrescentar uma palavra: a Igreja está destinada à glória. A estrutura que está sendo erguida agora, o vaso que está sendo formado, é para o perfeito brilho de Cristo nas eras vindouras. Ela não brilhará a sua própria luz. Será simplesmente a perfeição daquilo que é declarado acerca de indivíduos em 2 Coríntios 4:6: “Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é Quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo”.


Aqui temos uma última visão da “Pedra”, e Sua glória não é diminuída em nada: “E levou-me em espírito a um grande e alto monte e mostrou-me a grande cidade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu. E tinha a glória de Deus. A sua luz era semelhante a uma pedra preciosíssima, como a pedra de jaspe, como o cristal resplandecente” (Ap 21:10-11).


Na eternidade, a Igreja transmitirá esses raios gloriosos; porém, tal como agora, ela sempre será dependente d’Ele, ao mesmo tempo em que Ele a tornará competente em todos os sentidos para refletir a luz desta Pedra preciosíssima.


Será uma obra do próprio Deus escrever a imagem de Cristo em cada um dos redimidos. Por isso, lemos que “os fundamentos do muro da cidade estavam adornados de toda pedra preciosa” (v. 19). Uma única pedra jamais poderia descrevê-Lo, tampouco um único santo poderia expressá-Lo de forma plena, mas quando chegar essa feliz consumação, cada um terá a Sua bendita imagem.


Que cada santo de Deus, redimido para tal destino, seja maravilhado por essa Pessoa gloriosa, enquanto esperamos Seu breve retorno e meditamos na profundidade, significado e importância destas palavras: “Donde é o Pastor, a Pedra de Israel” (Gn 49:24).


J. T. Mawson (adaptado)


 

Jesus-Jeová, a Pedra de Tropeço e a Rocha


A Pedra de tropeço

De todos os profetas do Velho Testamento, talvez Isaías seja o mais conhecido por várias vezes anunciar, e de maneira detalhada, a vinda do Messias. Reiteradamente, ele O identifica com Jeová. Veja a seguinte passagem em Isaías 8:13-15 e observe a identificação do Messias com Jesus, conforme registra Pedro em sua primeira epístola, 1 Pedro 2:7-8.


“Ao SENHOR [Jeová] dos Exércitos, a Ele santificai; e seja Ele o vosso temor, e seja Ele o vosso assombro. Então Ele [...] servirá de pedra de tropeço e de rocha de escândalo às duas casas de Israel [...] E muitos dentre eles tropeçarão, e cairão, e serão quebrantados”.


“E assim para vós, os que credes, é preciosa, mas, para os rebeldes, a pedra que os edificadores reprovaram, essa foi a principal da esquina; e uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, para aqueles que tropeçam na palavra, sendo desobedientes”.


Com a comparação acima, quão patente fica conclusão de que Jesus é Jeová!


A Rocha

Outro dos títulos majestosos de Jeová no Velho Testamento é “a Rocha”. O mesmo é aplicado abertamente a Cristo no Novo Testamento.


“Porque apregoarei o nome do SENHOR [Jeová]; dai grandeza a nosso Deus, Ele é a Rocha cuja obra é perfeita, porque todos os Seus caminhos juízo são” (Dt 32:3-4).


“E beberam todos da mesma bebida espiritual, pois beberam duma Rocha espiritual que os acompanhava, a qual Rocha era Cristo” (1 Co 10:4 – TB).


Assim, vemos novamente que Jesus é Jeová.


C. H. Brown


 

Israel – Uma Pedra Pesada


Na profecia de Zacarias a respeito de Israel, lemos estas solenes palavras: “Eis que porei Jerusalém como um copo de atordoamento para todos os povos em redor [...] E acontecerá, naquele dia, que farei de Jerusalém uma pedra pesada para todos os povos; todos os que se sobrecarregarem com ela certamente sairão feridos” (Zc 12:2-3 – JND). Sem dúvida, isso se refere a um dia futuro, quando Israel, tendo passado pela grande tribulação, será novamente tomado e defendido pelo Senhor. Embora não seja especificamente declarado aqui, parece que, profeticamente, os exércitos da besta romana, incluindo o anticristo, já terão sido eliminados pelo Senhor a essa altura. Depois disso, evidentemente haverá um cerco a Jerusalém pelas nações que restarem, com o propósito de destruí-la. No entanto, a ênfase aqui não é tanto em quais são as nações envolvidas nesse cerco, mas sim no fato de o Senhor fazer de Jerusalém um “copo de atordoamento” e uma “pedra pesada” para elas. Se, de fato, tudo isso ocorre após o “dilúvio do açoite” do rei do norte e a resultante devastação na terra de Israel, fica realmente fácil entender a perplexidade das nações vizinhas quando Israel se tornar uma pedra pesada, muito pesada para eles.


O primeiro ataque contra Jerusalém

O primeiro ataque contra Jerusalém (pelo rei do norte, provavelmente uma confederação de nações árabes, apoiada pela Rússia) é muito bem-sucedido e é permitido por Deus, visto que Israel experimenta uma devastação terrível no final da tribulação. A destruição e o derramamento de sangue serão piores do que tudo que já experimentaram antes, uma vez que é Deus lidando com eles por terem rejeitado e crucificado seu Messias. Outro efeito dessa invasão será limpar a terra dos judeus apóstatas, que seguiram o anticristo. Abandonados pela besta romana, que quebra a aliança feita com eles (Is 28:18), eles não serão capazes de resistir ao ataque que sofrerão. Mas então, quando tudo isso levá-los a se humilharem e a se arrependerem, o Senhor vem em seu socorro. Primeiro Ele destrói a confederação ocidental (os exércitos da besta romana) e depois destrói os exércitos do rei do norte. Mas nem todos serão mortos. Alguns vão escapar, para mais tarde serem destruídos pelo próprio Israel.


Outro ataque

Quando o Senhor tiver estabelecido Seu reino e introduzido o Milênio, a Rússia descerá com suas hordas para atacar e, por sua vez, será destruída pelo Senhor. Mas, depois disso, remanescentes de algumas das nações que se alinharam à Rússia serão destruídos pelos exércitos de Israel, como lemos em Zacarias: “Naquele dia, porei os chefes de Judá como uma brasa ardente debaixo da lenha e como um facho entre as gavelas; e à direita e à esquerda eles consumirão a todos os povos em redor” (Zc 12:6). Isso acontece quando Jerusalém se torna uma “pedra pesada”, quando todos os que se opõem a ela serão “despedaçados”. Com o Senhor ao seu lado, ninguém será capaz de lidar com Israel, já que é “a Pedra de Israel” (Gn 49:24) que luta por ela.


Os tempos dos gentios

No entanto, também podemos ver que ao longo dos tempos dos gentios, a nação de Israel, em especial a cidade de Jerusalém, tem sido uma pedra pesada para aqueles que se envolveram com ela. A cidade foi capturada e recapturada mais de quarenta vezes. Em ordem cronológica, Jerusalém foi uma pedra pesada para os babilônios, os gregos, os romanos, os cruzados católicos romanos (1099-1247 d.C), os muçulmanos e, na história moderna, para os britânicos, os norte-americanos e outras nações ocidentais. Desde o início das Nações Unidas em 1945, 55% das resoluções que foram submetidas à assembleia geral envolveram Israel e, nos últimos anos, esse percentual é ainda maior.


Atualmente, a cidade de Jerusalém continua a ser objeto de disputadas reivindicações, pois judeus e muçulmanos se recusam a fazer concessões quanto à sua afirmação de que a cidade é deles por direito. Desde 1949, tentativas de “internacionalizar” a cidade também falharam, pois Israel rejeita isso e declara que Jerusalém é sua capital. Porém, quase setenta anos depois, apenas nove nações da ONU votaram com os EUA quando o presidente Donald Trump anunciou em 2017 que “é hora de reconhecer oficialmente Jerusalém como a capital de Israel”. Um artigo da revista Time, há vários anos, fez este comentário perceptivo: “De todos os conflitos entre judeus e árabes, o conflito sobre Jerusalém é o mais complexo. Os israelenses estão dispostos a negociar muitas coisas, mas não negociam Jerusalém”.


Os tempos dos gentios completados

Contudo, Israel só terá Jerusalém quando o Senhor lha der, pois nosso Senhor Jesus claramente profetizou que “Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem” (Lc 21:24). Até aquele momento, Israel pode fazer grandes avanços nos planos nacional e militar, mas os judeus estão voltando para sua terra, em grande parte, em incredulidade. Segundo a profecia, eles precisam voltar para estarem lá no período da tribulação, mas não vão voltar com a aprovação do Senhor. Por causa de uma apreensão errônea da profecia e de falta de entendimento do chamado celestial da Igreja, hoje muitos crentes queridos apoiam fortemente Israel. Mas, na maioria dos casos, os judeus estão voltando sem fé para sua terra, apenas para serem seduzidos pelo anticristo e depois caírem sobe o juízo de Deus.


Mesmo assim, que benção é poder contemplar os pensamentos de Deus a respeito deles, pois no final Suas palavras se cumprirão: “Em grande ira, escondi a face de ti por um momento; mas com benignidade eterna Me compadecerei de ti, diz o SENHOR, o teu Redentor” (Is 54:7-8). O juízo será terrível – pior do que qualquer outro que o mundo já viu, mas o resultado será uma bênção incalculável. Nosso coração também espera por esse dia, não só por causa da paz que haverá neste mundo, mas também porque nosso bendito Senhor e Mestre será justificado onde outrora foi lançado fora, e então será honrado e glorificado.


W. J. Prost


 

A Pedra Revolvida – O Ressuscitado


Embora as necessidades da alma sejam profundas e variadas, todas elas são supridas pela morte e ressurreição de Cristo. Se é a questão do pecado o que afeta a alma, a ressurreição é a prova gloriosa de que ele foi aniquilado por completo. Ele “por nossos pecados foi entregue”; Ele tomou sobre Si nossas iniquidades e desceu à sepultura. Mas Deus “O ressuscitou dentre os mortos” e, ao fazê-lo, expressou Sua total aprovação sobre a obra da redenção. A ressurreição, portanto, supre a necessidade da alma quanto à questão do pecado.


Ao prosseguirmos e entrarmos no difícil caminho do testemunho Cristão, descobrimos que Jesus ressuscitado é o remédio para todos os males da vida. Isso é exemplificado em João 20. Maria vai ao sepulcro de manhã cedo. E, conforme aprendemos no evangelho de Marcos, seu coração não estava apenas triste com a perda de seu gracioso Amigo mas também angustiado com a dificuldade de remover a pedra da porta do sepulcro. A ressurreição imediatamente removeu o seu fardo. Ela encontrou a pedra revolvida do sepulcro bem como o seu amado Senhor. Quão poderosas as coisas que a ressurreição pode fazer em favor de um mortal necessitado!


Ressurreição

O mesmo acontece conosco agora. Está o nosso coração partido e de luto por causa da dura e severa mão da morte? Qual é o remédio? Ressurreição. Sim, a ressurreição, esse grande restaurador, é o remédio para todos os males. Se o coração está carregado de dor pelos estragos da morte, a ressurreição sara e ata suas feridas assegurando a reunião com todos os que já se foram: […] assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com Ele” (1 Ts 4:14). Normalmente se pensa que o tempo preenche todos os vazios que a morte deixou nos sentimentos, mas a mente espiritual jamais poderia considerar o tempo como um substituto para a ressurreição e as alegrias imortais que ela traz. Talvez este mundo encontre algo em circunstâncias passageiras para preencher o vazio criado pela morte, mas com o Cristão não é assim. Para ele, a ressurreição é o grande objetivo, além de ser o único instrumento pelo qual todas as suas perdas podem ser recuperadas e todos os seus males remediados.


Assim, também, em relação à pressão das circunstâncias presentes, o único alívio está na ressurreição. Podemos, assim como Maria, nos sentir inclinados a clamar (Mc 16:3): “Quem nos revolverá a pedra da porta do sepulcro?” O Jesus ressuscitado! Sem dúvida, podemos ter muitos fardos para carregar, mas nossos fardos não nos afundarão no pó, porque nosso coração se apoia na bendita verdade de que nossa Cabeça ressuscitou dentre os mortos e de que nosso lugar é ali com Ele. A fé conduz a alma para o alto, para a santa serenidade da presença divina; ela nos permite lançar nosso fardo sobre o Senhor e descansar na certeza de que Ele nos sustentará.


A Pedra revolvida

Quantas vezes nos esquivamos do pensamento de alguma provação que apareceu à distância como uma nuvem escura; porém, quando nos aproximamos, encontramos “a pedra tirada do sepulcro”. Jesus, o Ressuscitado, a revolveu e encheu a cena com a luz de Seu gracioso semblante. Maria chegou ao sepulcro esperando encontrar uma grande pedra entre ela e o Objeto de suas afeições, mas, em vez disso, encontrou Jesus ressuscitado entre ela e a temida dificuldade. Ela tinha ido ungir um corpo morto, mas chegou para ser abençoada e alegrada por um Salvador ressuscitado. Assim é a maneira de Deus, e assim o poder e valor da ressurreição.


Quando João, na ilha de Patmos, caiu no pó como um morto (Ap 1:17), o que foi que o levantou? A ressurreição, o Jesus vivo: “[Sou] O que vive; fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre”. A comunhão com Aquele que arrancou a vida das garras da morte removeu os seus medos e infundiu força divina em sua alma.


Os lençóis no túmulo

No caso de Pedro e João, também encontramos outro exemplo do poder da ressurreição. Com eles, não é tanto uma questão de fardo, mas de dificuldade. A mente deles estava evidentemente intrigada com tudo o que viram no sepulcro. Ver aqueles lençóis tão cuidadosamente arrumados no túmulo era algo inexplicável. Mas eles ficaram intrigados apenas “porque ainda não sabiam a Escritura, que diz que era necessário que ressuscitasse dentre os mortos”. Nada além da ressurreição poderia resolver sua dificuldade. Se soubessem disso, não teriam ficado perdidos sem saber explicar por que os lençóis estavam arrumados; saberiam que o Destruidor da morte tinha estado ali realizando Sua poderosa obra e tinha deixado vestígios de Seu triunfo.


No entanto, Pedro e João não sabiam disso e, portanto, foram para casa. A força da afeição de Maria fez com que ela permanecesse ali. Ela preferia chorar perto do local onde seu Senhor foi colocado a ir a qualquer outro lugar. Mas a ressurreição resolveu tudo, preenchendo o vazio no coração partido de Maria e resolvendo a dificuldade nas mentes de Pedro e de João. Jesus ressuscitado é o soberano remédio para todos os males, e nada além de fé é necessário para usá-Lo.


As portas fechadas

No capítulo 20:19, temos uma nova ilustração do princípio que estamos tratando. “Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-Se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco!” Aqui, a porta fechada evidenciava o medo dos discípulos. E qual seria o remédio para o medo deles? Nada além de comunhão com o Senhor ressuscitado. Ele apareceu no meio deles e pronunciou sobre eles Sua bênção: “Paz seja convosco”. Quem lhes poderia fazer mal enquanto tivessem no meio o poderoso Aniquilador da morte e do inferno?


A paz que flui da comunhão com o Filho de Deus ressuscitado não pode ser abalada pelas mudanças e tempestades deste mundo; é a paz do santuário interior, a paz de Deus que excede todo o entendimento. Por que às vezes somos tão atribulados pelas condições ao nosso redor? Certamente por não estarmos andando com os olhos fixos constantemente nAquele que esteve morto, mas que vive para todo o sempre. A política e o comércio da Terra receberiam seu devido lugar em nosso coração se conseguíssemos lembrar que estamos “mortos” e nossa “vida está escondida com Cristo em Deus”.


Nossa cidade

“Mas a nossa cidade está nos céus” (Fp 3:20). Se nos enxergarmos apenas como homens terrenais, estaremos ocupados com coisas terrenais; mas, se nos enxergarmos como homens celestiais, estaremos, consequentemente, ocupados com coisas celestiais. “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima” (Cl 3:1). É simples. “As coisas que são de cima” são aquelas que somos ordenados a buscar, e isso porque ressuscitamos com Cristo. Abraão era um peregrino na Terra porque procurava uma cidade celestial; o crente é um peregrino porque recebeu uma cidade celestial. O Cristão deveria se considerar como alguém que veio do céu para passar pelos acontecimentos e negócios da Terra. Isso daria um tom elevado e celestial ao seu caráter e andar aqui.


Por fim, pode-se observar que o Senhor Jesus acabou com o medo dos pobres discípulos entrando no meio deles e associando-Se a eles em todas as suas circunstâncias. No fundo, não era tanto uma questão de se libertar daquilo que causou o medo, mas de elevar as almas deles acima do medo mediante a comunhão com o Senhor. Eles esqueceram os judeus, esqueceram seu medo, esqueceram tudo, porque as almas estavam ocupadas com seu ressuscitado Senhor.


Comunhão nas provações

A maneira do Senhor, muitas vezes, é deixar Seu povo em provação e estar junto com ele nela. Paulo podia até desejar se livrar do espinho, mas a resposta foi: “Minha graça te basta”. Em vez de ficar livre da provação, é uma misericórdia bem mais rica passar por ela tendo a graça e a presença de Jesus. Que seja o desejo de nosso coração sermos achados na companhia do Senhor ressuscitado ao passarmos por essa cena difícil, e quer seja na fornalha da aflição ou na tempestade da perseguição, teremos paz; quer seja o luto do coração, o fardo dos ombros, a dificuldade da mente, o medo ou incredulidade do coração – o remédio para tudo será a comunhão com Aquele que ressuscitou dentre os mortos.


C. H. Mackintosh (adaptado)


 

O Edifício de Pedras Vivas


Deus nos fala em 1 Pedro 2:4-9 sobre um edifício construído com pedras vivas.


“E, chegando-vos para Ele, a Pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus Eleita e Preciosa, vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo. Pelo que também na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a Pedra principal da esquina, Eleita e Preciosa; e quem n'Ela crer não será confundido. E assim para vós, os que credes, é preciosa, mas, para os rebeldes, a pedra que os edificadores reprovaram, essa foi a principal da esquina; e uma Pedra de tropeço e Rocha de escândalo, para aqueles que tropeçam na palavra, sendo desobedientes; para o que também foram destinados. Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes dAquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz.”


Nunca houve outro edifício construído neste mundo, além do que é mencionado aqui, que tenha sido construído com “pedras vivas”. Este edifício é feito de pedras vivas para mostrar o que está acontecendo internamente. É para “que anuncieis as virtudes d'Aquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz”. Normalmente, quando você constrói um edifício, é por uma questão de privacidade, mas aqui temos um que serve para mostrar “as virtudes d'Aquele que vos chamou”. E é somente usando pedras vivas que se pode fazer isso.


Como o homem constrói neste edifício, ele comete erros e alguns materiais mortos foram colocados nele. Mas, independentemente disso, Deus é o dono do edifício e fez Sua morada ali pelo Espírito.


Tem uma coisa que eu gostaria que você notasse nele, seja como o corpo de Cristo, a assembleia, ou como o edifício. Gostaria de enfatizar Aquele que está ali. Quando se trata de olhar como o corpo, o Senhor Jesus disse: “Aí estou Eu no meio deles”. Isso é dito do corpo como assembleia. Quando se trata de olhar como um edifício, ele então é mencionado como a morada de Deus pelo Espírito. Há uma diferença entre os dois aspectos, que é a presença do Senhor no meio e a presença do Espírito Santo no edifício. A razão pela qual me sinto pressionado a mencionar essas coisas é que acredito que muitas vezes elas são perdidas de vista.


J. L. Erisman


 

A Casa de Deus


Nos tempos do Velho Testamento, a casa de Deus era um edifício literal feito de pedras e madeira e coberto de ouro (1 Rs 5-6). Mas hoje, no Cristianismo, “a casa de Deus, que é a Igreja do Deus vivo” (1 Tm 3:15) é uma “casa espiritual”, composta por crentes no Senhor Jesus Cristo, que são vistos como “pedras vivas” em sua construção (1 Co 3:9; Ef 2:20-21; Hb 3:6; 1 Pe 2:5).


Os Cristãos frequentemente se referem (de maneira errônea) ao seu prédio de igreja ou salão de reuniões como a casa de Deus. Um caso vem à mente de um irmão que estava descontente com as crianças que estavam correndo e brincando no salão após uma das reuniões bíblicas. Ele comentou: “As crianças não deveriam estar correndo aqui dentro, esta é a casa de Deus!” Mas esse comentário significa na verdade pensar na casa de Deus nos moldes do que ela era no Velho Testamento, no judaísmo. Como mencionei, a casa de Deus nesta dispensação Cristã não é um edifício físico feito por mãos de homens, mas um edifício espiritual. Desse equívoco vem a ideia de que, em determinados horários prescritos, os Cristãos vão à casa de Deus para adorar; por exemplo, às dez horas no domingo de manhã. A verdade é que nós “somos” a casa de Deus (Hb 3:6) e estamos “na” casa de Deus (1 Tm 3:15) o tempo todo – 24 horas por dia, sete dias por semana –, e não apenas quando estamos reunidos com outros Cristãos. (Também não devemos confundir a “casa de Deus” com a “casa do Pai” – João 14:2-3. A casa de Deus é na Terra, enquanto a casa do Pai é no céu).


O testemunho de Deus

A Igreja, vista como a casa de Deus, é o vaso de testemunho de Deus na Terra para anunciar perante o mundo o verdadeiro caráter de Deus. O apóstolo Pedro indica isso em sua primeira epístola. Depois de dizer que os crentes são a “casa espiritual” de Deus, ele prossegue, dizendo que, como tal, somos responsáveis por anunciar “as virtudes [excelências – JND] d'Aquele” que nos chamou das “trevas para Sua maravilhosa luz” (1 Pe 2:5-9). Então, assim como podemos aprender certas coisas sobre o morador de uma casa olhando para a casa, os homens deveriam ser capazes de olhar para a casa de Deus e ver o caráter de Deus. Se o jardim está mal cuidado, há lixo por toda parte, a casa precisa de pintura etc., isso nos dá uma ideia do tipo de pessoa que mora ali. Por outro lado, podemos olhar para uma casa bem cuidada (até onde os olhos conseguem ver) e concluir que o proprietário provavelmente é uma pessoa organizada. Assim, Deus quer que Seu caráter seja visto na ordem de Sua casa. Uma vez que somos a casa de Deus, o mundo deveria poder olhar para nossa conduta e modos e ser capaz de conhecer o verdadeiro caráter de Deus.


Exterior e interior

Esta linha da verdade é algo muito negligenciado. Muitos Cristãos têm a ideia de que Deus não está preocupado com o que eles são exteriormente; para eles, o que está dentro é a única coisa que importa. 1 Samuel 16:7 às vezes é usado como justificativa: “O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração” (ARA). Mas esse versículo só reforça o argumento de que precisamos prestar atenção ao nosso testemunho exterior. Como os homens não podem ver o que está em nosso coração – somente Deus pode – eles têm que olhar para o que é exterior. Certamente o mais importante é ter um relacionamento com Deus interiormente por fé, mas essa não é a única coisa com a qual os Cristãos precisam se preocupar. Temos uma responsabilidade em relação à impressão que causamos diante do mundo, porque nosso testemunho pessoal reflete em Deus.


As duas principais características de Deus que os Cristãos, como a casa de Deus, devem manifestar diante do mundo são:


Deus, o Salvador – Neste sentido, a disposição de Deus em graça para com todos os homens deve ecoar de Sua casa ao mundo por meio do “evangelho da glória do Deus bem-aventurado” (1 Tm 1:11; 2:3-6). Assim, o favor de Deus em buscar o bem e a bênção dos homens deve ser manifestado diante do mundo por aqueles que compõem a casa.


Deus, o Criador – Neste sentido, os padrões morais de Deus e a ordem moral de Deus nos papéis do homem e da mulher, que Ele estabeleceu desde o princípio da criação, devem ser demonstrados por aqueles que compõem a casa (1 Tm 2:8-15, etc.).


A casa de Deus

A casa de Deus hoje no Cristianismo é vista na Escritura de duas maneiras.


O primeiro aspecto vê a casa como constituída apenas de crentes verdadeiros (Mt 16:18; 1 Co 3:9; Ef 2:20-21; 1 Tm 3:15; Hb 3:6; 1 Pe 2:5). Como o evangelho ainda está sendo pregado e reunindo o material (“pedras vivas”), este aspecto da casa é visto como ainda em construção e não estará completo até o último crente ser salvo e colocado na estrutura (Ef 2:20-21), quando então o Senhor virá no Arrebatamento e levará a Igreja para casa no céu. Cristo é o Construtor Mestre (Mt 16:18) e a “Pedra angular” da casa (Ef 2:20); sendo Ele também o “Filho sobre a casa de Deus” (Hb 3:6 – TB).


O segundo aspecto vê a casa como tendo dentro dela uma mistura de crentes verdadeiros com crentes meramente professos (1 Co 3:9-17; Ef 2:22; 2 Tm 2:20; 1 Pe 4:17). Os homens são vistos como tendo parte no trabalho de construção da casa, porém, infelizmente, nem todos são bons construtores; alguns estão construindo com material bom e outros com material ruim (1 Co 3:9-17). Tendo Deus atribuído essa responsabilidade aos homens no tempo da ausência do Senhor (Mt 24:45), muitos dos construtores demonstraram desrespeito à ordem de Sua casa e introduziram uma ordem que eles mesmos criaram. Consequentemente, todo tipo de coisas que realmente não deveriam estar na casa foram trazidas para dentro dela, e o resultado foi muita desordem e ruína. A casa de Deus, neste aspecto, é agora como “uma grande casa”, cheia de confusão (2 Tm 2:20). De fato, hoje existe tanta desordem na casa de Deus que sobrou muito pouca coisa que está de acordo com o padrão de Sua casa conforme Sua Palavra. Deus não é indiferente a isso; Ele hoje julga os que estão em Sua casa de maneira governamental (1 Co 3:17; 11:30-32; 1 Pe 4:17).


Nesse segundo aspecto, a casa é vista como “a morada de Deus” na Terra. Ou seja, Ele habita nela pela presença do “Espírito” (Ef 2:22). Uma vez que o Espírito Santo está na casa (1 Co 3:16), aqueles que são meramente Cristãos professos são “participantes do Espírito Santo” de um modo exterior, sem realmente serem habitados pelo Espírito (Hb 6:4). Esse segundo aspecto abrange toda a profissão Cristã na Terra. Por isso, nenhuma assembleia local é chamada de casa de Deus na Escritura.


A casa no Velho Testamento

A casa de Deus no Velho Testamento tinha dois edifícios adjacentes: a casa do Senhor (1 Rs 5-6) e a residência do rei Salomão (1 Rs 7). Esses dois edifícios exemplificam os dois aspectos da casa de Deus hoje. A casa do Senhor (o templo) estava aberta a todos que viessem a Deus para adorá-Lo, tendo inclusive um pátio para os gentios. No entanto, nem todos os que entravam nos recintos do templo necessariamente tinham uma fé verdadeira. Isso é uma figura do segundo aspecto da casa de Deus hoje, onde há uma mistura de crentes verdadeiros com meros professos. A casa de Salomão era uma série de salas interligadas que estavam fechadas para todos, exceto para ele e sua família. Os gentios que visitavam a terra, e outros em Israel, não tinham acesso a ela. É uma figura do primeiro aspecto da casa, composta apenas por verdadeiros crentes (Synopsis of the Books of the Bible, J. N. Darby, 1 Reis 5-7).


Diferenças notáveis

Algumas diferenças notáveis entre esses dois aspectos são:


• No primeiro aspecto, a casa de Deus é vista sob a perspectiva da soberania de Deus (Ef 2:20-21); no segundo aspecto, sob a perspectiva da responsabilidade do homem (1 Pe 4:17).


• No primeiro aspecto, as pessoas se tornam parte da casa crendo no evangelho; no segundo aspecto, as pessoas entram na casa fazendo uma profissão de fé em Cristo (2 Tm 2:19), ou sendo batizadas (que é o meio formal para entrar nela).


• No primeiro aspecto, os crentes “são” a casa (Hb 3:6; 1 Pe 2:5); no segundo aspecto, os crentes (e os falsos crentes) estão “dentro” da casa (1 Tm 2:20).


• No primeiro aspecto da casa, o Espírito de Deus habita “nos” crentes (Jo 14:17; At 2:4); no segundo aspecto, o Espírito de Deus habita “nos” crentes e “com” [ou entre] eles (Jo 14:17; At 2:2; 1 Co 3:16-17).


• O primeiro aspecto às vezes é chamado “a casa da realidade”; enquanto o segundo aspecto às vezes é chamado “a casa da profissão”.


B. Anstey


 

A Pedra “Ebenézer”


É importante considerarmos como a oração é usada em tempos de dificuldade, e vemos isso mostrado de maneira impressionante no caso de Samuel. Ele próprio é o dom da oração, conforme seu nome declara (ouvido por Deus), e em seu serviço a Israel ele usa a oração mais do que qualquer um de seus antecessores. De fato, ele nos apresenta e nos prova o poder da oração.


Em 1 Samuel 7, encontramos um exemplo de livramento e socorro concedidos em resposta à oração, e o espírito de verdadeira dependência em um momento de grande dificuldade. “Clamou Samuel ao SENHOR por Israel, e o SENHOR lhe deu ouvidos. E sucedeu que, estando Samuel sacrificando o holocausto [Cristo, o fundamento de nossa aceitação], os filisteus chegaram à peleja contra Israel; e trovejou o SENHOR aquele dia com grande trovoada sobre os filisteus e os aterrou de tal modo, que foram derrotados diante dos filhos de Israel [...] Então, tomou Samuel uma pedra, e a pôs entre Mispa e Sem, e chamou o seu nome Ebenézer, e disse: Até aqui nos ajudou o SENHOR” (1 Sm 7:9-12).


Quando recebemos a misericórdia do Senhor, é importantíssimo que a reconheçamos. Podemos orar e receber, porém o momento que perpetua a misericórdia não é a misericórdia em si, mas o Ebenézer – o coração reconhecendo o quanto Deus nos ajudou e nos socorreu. A misericórdia concedida foi grande (um dia para ser lembrado por Israel), mas não é o que foi feito, nem mesmo a maneira maravilhosa como foi feito, o que é erguido como monumento; é o testemunho dado pelo coração da infalível ajuda de Deus – o Ebenézer: “Até aqui nos ajudou o SENHOR”. Eu O conheço e O confesso como meu ajudador até aqui; a misericórdia pode permanecer ou pode passar; o Ebenézer permanece para sempre. Aqui Samuel põe uma pedra como um monumento sólido e permanente do livramento efetuado pelo Senhor. Eu não apenas recebi como também conheço Aquele de quem recebi. Eu tenho um julgamento fixado a respeito d’Ele e meu coração registra isso. Essa é a verdadeira força do coração. Está claro e cristalino para mim que foi a Sua mão que operou.


Dependência e confiança

Acredito que as almas perdem imensamente por não serem capazes de registrar mais distintamente que até aqui Ele as ajudou. É o conhecimento experimental de Deus o que se adquire pela verdadeira dependência d’Ele. Quando temos verdadeira confiança n’Ele por causa do que Ele é e do que Ele tem sido conosco, somos capacitados a prosseguir apesar de todas as dificuldades, e então não temos confiança própria. Nossa tendência é a de não ter plena confiança n’Ele, e, mesmo tendo orado, talvez tenhamos poucos Ebenézeres – poucos monumentos – poucas firmes percepções em nosso coração do poder e socorro de Cristo; e, então, buscamos confiança em nós mesmos, algo que circunstâncias fáceis tendem a alimentar. A pessoa ora de maneira ampla e plena na proporção em que confia em Deus, e se eu realmente O conheço como meu Ajudador, se tenho um Ebenézer certo, posso facilmente e simplesmente olhar para Ele. O grande princípio da oração é eu conhecer Aquele a Quem estou me dirigindo e estar contando com Sua ajuda.


Filadélfia

Na igreja de Filadélfia (Ap 3), há o senso de necessidade de ajuda bem como o conhecimento do ganho que se tem com ela, enquanto o estado em Laodiceia é “de nada tenho falta” – nenhum senso de como a ajuda pode ser útil, pois não há reconhecimento de que ela é necessária. Devemos ver a oração como o prelúdio da bênção e, assim, ser capazes de erguer nossos Ebenézeres. Sei o que Deus é e como Ele me ajudou até aqui, e estou esperando e contando com Sua ajuda. Não devemos somente reconhecer nossas fraquezas e necessidades (essa é a primeira coisa), mas precisamos contar com a ajuda e socorro.


A oração é um poderoso motor pelo qual os recursos de Deus nos são disponibilizados. Somente posso desfrutar disso como alguém necessitado, e não como alguém satisfeito consigo mesmo e autoconfiante. À medida que exercito meu coração em meus Ebenézeres, tocando no que Ele tem sido para mim, mais sou encorajado a seguir em fé e perseverar “em oração [...] com ação de graças”.


Christian Truth, Vol. 2 (adaptado)


 

A Pedra de Betel


“E esta pedra, que tenho posto por coluna, será Casa de Deus” (Gn 28:22). À primeira vista, esse parece um pensamento raso e muito pobre, ao qual, certamente, a ideia de Davi sobre o que era adequado à casa de Deus foi um grande avanço: a contribuição para a construção que ele preparou “com penoso trabalho” totalizou 5.000 toneladas de ouro e 50.000 toneladas de prata, além de bronze, ferro, madeira, pedra, etc., que “nem foram pesados” (1 Cr 22:14 – ARA). E, assim como é a simples pedra de Jacó comparada com o esplendor, a magnificência e a grandeza solene do templo de Salomão, também é o próprio templo, ou a mais elevada das concepções humanas, comparado ao que é finalmente revelado como a verdadeira e eterna casa de Deus.


Porém, apesar de tudo isso, o pensamento de Jacó está correto, pois não era essa pedra – que havia sido seu travesseiro de descanso e agora era seu pilar de testemunho – o próprio Cristo? E, mesmo que uma pessoa que possua a Cristo tenha um pensamento pequeno acerca d’Ele, ainda assim, por possuí-Lo, ela tem toda “a plenitude d'Aquele que enche tudo em todos” (Ef 1:23 – KJV). E é algo que todo discípulo tem, estando ou não consciente disso; mas é preciso olhos ungidos pelo Espírito para percebê-lo.


A Pedra cortada sem auxílio de mãos

Daniel fala da pedra cortada sem auxílio de mãos, que cai nos pés da estátua, destruindo-a e substituindo-a. O “homem, que é da terra”, começando com a cabeça de ouro (o domínio babilônico), e se deteriorando para baixo pelo peito e os braços de prata (a dinastia medo-persa), e depois pela fase do bronze do domínio grego, atinge o ferro ou o tempo do império romano, que, dividido em duas pernas, finalmente chega à sua condição atual, subdividido em dez dedos (reinos). A pedra cai nos pés (isto é, o Ancião de Dias desce em juízo nesse estágio final) e “enche toda a Terra”.


A pedra sagrada do Islã

A Caaba, ou pedra sagrada do Islã, é negra, pois a lenda diz que, embora tenha vindo do céu clara como cristal, os lábios dos pecadores tocaram-na tantas vezes que ela assim se transformou. Quão diferente é essa concepção de uma pedra daquilo que a santa Palavra nos revela – a natureza d'Aquele que poderia tocar o leproso sem Se contaminar. A Caaba contrai a poluição do pecador ao tocá-lo, mas a Pedra Viva, ao tocar um pecador, não é contaminada.


E não somente isso, mas quando cremos n’Ele, Ele transmite Sua própria natureza e características de tal maneira que o Espírito Santo pode dizer que “qual Ele é, somos nós também neste mundo” (1 Jo 4:17). Como resultado, somos chamados de pedras vivas, e, dispensacionalmente, tudo o que é verdadeiro para Cristo é verdadeiro para nós. Por isso, quando a arca passou pelo Jordão, doze pedras, representando o povo de Deus, são colocadas no leito do rio, e doze são retiradas do Jordão e colocadas na Terra Prometida. Somos, assim, vistos como ressuscitados juntamente com Ele e assentados “nos lugares celestiais, em Cristo Jesus” (Ef 2:6). O termo “pedra viva” é muito peculiar, pois não existe nada tão “morto como uma pedra”: ele nos dá a ideia da imutabilidade da pedra combinada com a vitalidade e energia das naturezas superiores. Elias resgatou essa ideia quando construiu um altar de doze pedras no Carmelo, e o interesse especial ali é que, embora as tribos estivessem divididas e não mais existissem doze, ele ainda as representa – como Deus as vê e como a fé as apreende – “perfeitas n’Ele”.


J. C. Bayley (adaptado)


 

Pedras Preciosas – A Nova Jerusalém


Naquele dia em que a Igreja se manifestar em glória no Milênio com Cristo, o mundo conhecerá o fato maravilhoso de que “Eu dei-lhes a glória que a Mim Me deste” (Jo 17:22). É a glória que Deus deu a Seu Filho, como Homem, e não a glória incomunicável da Divindade, que pertence ao Senhor Jesus e que jamais pode ser dada. Mas a glória que o Filho do Homem adquiriu, com base na redenção, Ele pode e compartilha com Sua noiva comprada com sangue. Mas Ele diz mais: “Pai, aqueles que Me deste quero que, onde Eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a Minha glória que Me deste; porque Tu Me hás amado antes da criação do mundo” (Jo 17:24). Nós iremos ver essa glória, e mais do que isso, também iremos aparecer com Ele em glória. Você e eu, como pecadores, não somos aptos para essa glória, mas, em Romanos 5:1-2, temos: “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo; pelo Qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus”. Somos agora tornados perfeitamente aptos para ela por meio da obra do Senhor Jesus Cristo; então devemos nos apoderar e desfrutar dela.


“A sua luz era semelhante a uma pedra preciosíssima, como a pedra de jaspe, como o cristal resplandecente” (Ap 21:11). A pedra de jaspe é usada na Escritura para aquilo que é expressivo da glória de Deus (Ap 4:3) e pode ser visto pela criatura. “A fábrica do seu muro era de jaspe” (v. 18). Seu muro e o primeiro fundamento (v. 19) são de jaspe. A glória de Deus é o fundamento e a proteção, bem como a luz e a beleza da cidade celestial, pois a Igreja é glorificada com Cristo na glória de Deus. Ela pertence a Deus. O Cristão é nascido de Deus e recebe a natureza divina concedida pelo novo nascimento. Somente o que é fruto da graça é visível neste capítulo; tudo é “como o cristal resplandecente”.


Os portões

A cidade também é divinamente protegida, pois “tinha um grande e alto muro com doze portas, e, nas portas, doze anjos, e nomes escritos sobre elas, que são os nomes das doze tribos de Israel [...] E o muro da cidade tinha doze fundamentos e, neles, os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro” (vs. 12, 14). Alguém escreveu: “Ela tem doze portas. Os anjos se tornam os porteiros da grande cidade, o fruto da obra de redenção de Cristo em glória. Isso marcou também a posse por parte do homem – colocado na assembleia para glória – do lugar mais alto na criação e da ordem providencial de Deus, administrada anteriormente pelos anjos. As doze portas são a perfeição humana no poder administrativo de governo. A porta era o lugar de julgamento. [...] Havia doze fundamentos, mas estes eram os doze apóstolos do Cordeiro. Eles foram, em seu trabalho, o fundamento da cidade celestial. Assim, a criativa e providencial demonstração de poder, o poder administrativo de governo e a assembleia que um dia foi fundada em Jerusalém são colocados todos juntos na santa cidade, o trono estabelecido do poder celestial. Não é apresentada como a noiva, embora seja a noiva, a esposa do Cordeiro. Não está no caráter paulino de proximidade de bênção com Cristo. É a Igreja fundada em Jerusalém sob os doze – a sede organizada do poder celestial, a nova e agora capital celestial do governo de Deus”.


Os anjos

O lugar que os anjos ocupam aqui é interessante. Eles são agora, e sempre foram, servos dos santos, conforme lemos: “Não são, porventura, todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?” (Hb 1:14), e quando a Igreja for vista em glória refulgente, eles terão prazer em ser os porteiros da cidade celestial. Deus também não esquece Seu povo terrenal (Israel), nem os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro. O mundo não deve esquecer que os doze apóstolos que serviram ao Senhor e sofreram na Jerusalém terrenal são aqueles que, por seu ministério, fundaram a Jerusalém celestial, e, portanto, é apropriado que os nomes dos apóstolos apareçam nos doze fundamentos da cidade. Em Efésios nos é dito que somos “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal Pedra da esquina; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor” (Ef 2:20-21), o que corresponde plenamente à nova Jerusalém.


A cidade é igualmente vasta e perfeita, medida e pertencente a Deus. “E mediu a cidade com a cana até doze mil estádios; e o seu comprimento, largura e altura eram iguais” (v. 16). Ela era um cubo. Ora, um cubo é a mais perfeita figura, com todos os lados iguais – a expressão da perfeição. Não digo que seja uma perfeição divina, mas uma perfeição divinamente dada; por isso, é mencionada como um cubo. O Espírito de Deus Se deleita em mostrar a absoluta perfeição do lugar em glória que os santos têm diante de Deus na base da justiça divina.


O muro de jaspe

“E a fábrica do seu muro era de jaspe, e a cidade, de ouro puro, semelhante a vidro puro. E os fundamentos do muro da cidade estavam adornados de toda pedra preciosa. O primeiro fundamento era jaspe; o segundo, safira; o terceiro, calcedônia; o quarto, esmeralda; o quinto, sardônica; o sexto, sárdio; o sétimo, crisólito; o oitavo, berilo; o nono, topázio; o décimo, crisópraso; o undécimo, jacinto; o duodécimo, ametista. E as doze portas eram doze pérolas: cada uma das portas era uma pérola; e a praça da cidade, de ouro puro, como vidro transparente.” (Ap 21:18-21)


Novamente para citar as palavras de outro: “A cidade foi formada, em sua natureza, na justiça e santidade divinas – ouro transparente como vidro. Aquilo que foi, agora, pela Palavra, operado nos homens aqui embaixo, e aplicado a eles, era a própria natureza de todo o lugar (compare Ef 4:24). As pedras preciosas, ou multiforme exibição da natureza de Deus, que é luz, em conexão com a criatura (vista na criação, Ez 28:13; em graça, no peitoral do sumo sacerdote, Êx 28:15-21), agora brilhava em glória permanente e adornava os fundamentos da cidade. As portas tinham a beleza moral que atraía – Cristo na assembleia, e de uma maneira gloriosa. Aquilo em que os homens andavam, em vez de trazer perigo de contaminação, era em si mesmo justo e santo. As ruas, tudo aquilo com que o homem tinha contato, eram santidade e justiça – ouro transparente como vidro”. O ouro, por toda a Escritura, é a justiça divina. O linho branco (ou resplandecente) é a justiça prática do homem. Quando a noiva veste o traje branco ("linho finíssimo, resplandecente e puro" Ap 19:8 ARA), trata-se de sua justiça prática. Se você colocasse um pedaço de linho branco no fogo, ele logo seria destruído; agora ponha um pedaço de ouro, e ele resistirá ao teste. Esse é o ponto. O ouro é a justiça divina, e você e eu estamos diante de Deus na base da justiça divina, em Cristo.


As pedras preciosas

Como vimos, temos essas pedras preciosas na Escritura três vezes. No Jardim do Éden, elas estão relacionadas com a criação; depois em Êxodo 28, onde são vistas no peitoral do sumo sacerdote, trata-se evidentemente da graça concedida a um povo falho. Mas quando vemos essas mesmas pedras no fundamento da cidade celestial, o pensamento sugerido é a glória permanente. Essas pedras de variados matizes expressam as variadas qualidades de Deus, reveladas por meio do Seu povo. Haverá diferentes raios de Sua glória refletidos através do Seu povo, ilustrados por essas diferentes pedras preciosas, que são os emblemas empregados para manifestar o brilho dos santos de Deus em glória celestial e a forma como Ele exibe a beleza variada que Ele vê neles. Seria uma grande pena se todos os santos fossem como uma carga de tijolos – todos da mesma forma e cor. Assim como não existem duas folhas iguais em uma floresta, também não existem dois santos de Deus iguais. Todos são iguais em relação a serem salvos pela graça, mas são diferentes na expressão dessa graça.


W. T. P. Wolston (adaptado)


 

Cinco Pedras Lisas

“[Davi] escolheu para si cinco pedras lisas do ribeiro” (1 Sm 17:40 – ARA).


Rumo ao forte inimigo ele vai; Uma pausa tem de fazer; Precisa se curvar, se abaixar, Para as pedras escolher.


Com o tempo, as águas tornaram lisas As cinco pedras selecionadas; A Palavra de Deus, quando retida; Está pronta para ser usada.


Basta uma pedra, mirando bem – Um versículo aplicado; Cai o gigante, a vitória vem Sobre os muitos pecados.


Agachados no “rio”, Sua Palavra, As “pedras” então pegamos; Orando atiramos, nossa força, o Senhor, A vitória conquistamos.


cph (adaptado para o português)


 

Rocha Eterna

7.7.7.7.7.7. - Rock of Ages



1.Rocha eterna, ó Jesus, Que Te abriste em Tua cruz! É Teu sangue eficaz O remédio para a paz. Do pecado e seu poder, Só Tu podes nos valer.

2.Obras não nos dão perdão, Nem o zelo ou devoção. Nada vale o chorar, Nem trabalho sem cessar. Só em Ti há salvação, Por Teu sangue expiação.

3.Por Ti achados, ó Pastor, Resgatados com amor! Digno és de adoração Por tão grande redenção. A justiça és para Deus, Hoje somos todos Teus.

4.E se a morte nos chamar, Nós iremos Te encontrar. Ver-Te-emos Salvador Em Teu trono de esplendor. Qual abrigo eficaz, Rocha aberta Tu serás.


Hino 37

 

“Eis que eu assentei em Sião uma pedra, uma pedra já provada, pedra preciosa de esquina, que está bem firme e fundada”

(Is 28:16).


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