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Perdão (Janeiro de 2006)


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Revista mensal publicada originalmente em janeiro/2006 pela Bible Truth Publishers

 

ÍNDICE


          Tema da edição

          “Righteousness Without Works”, The Present Testimony, vol. 1 (adaptado)

          The Christian Friend, 1882 (adaptado)

         J. N. Darby, de Notes and Comments, vol. 1

          J. N. Darby, de Notes and Comments, vol. 1

         D. C. Buchanan

          J. N. Darby, extraído de Collected Writings, vol. 31

          W. J. Prost

          J. N. Darby, The Bible Tresury, Vol. 7

          W. Potter, Gathering Up the Fragments (adaptado)

          Autor desconhecido

 

Perdão


Um homem disse a outro, “Eu te perdoarei, mas não esquecerei”. Que triste! Quão diferente é de Deus, que perdoa e diz: “E jamais Me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades” (Hb 10:17). Perdão precisa ser mais do que uma declaração feita por aquele a quem sofreu o mal para aquele que fez o mal a ele, pois perdão é uma expressão do coração.

 

O homem é um grande devedor a Deus, contra Quem cada pecado é uma grande ofensa. Deus é o grande perdoador por meio de Cristo, “em Quem temos a redenção pelo Seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da Sua graça” (Ef 1:7).

 

Para nos ajudar a entender este assunto, aqueles que vieram antes nomearam os diferentes tipos de perdão como sendo judicial, administrativo, restaurativo, governamental e fraterno. O primeiro artigo descreve os diferentes tipos e, em seguida, os outros analisam cada tipo com mais detalhes.

 

Quando refletimos sobre o perdão de Deus para conosco, os grandes devedores, que nosso coração sempre tenha um espírito de perdão para com cada um. Que nunca deitemos nossa cabeça em nosso travesseiro à noite com um pensamento indelicado ou um espírito incapaz de perdoar para com qualquer um. Se o fizermos, falharemos na graça de Deus, desenvolveremos um espírito de amargura e contaminaremos muitos.

 

Tema da edição

 

 Julgamento próprio, Confissão e Perdão

 

“Enquanto eu me calei, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia. Porque de dia e de noite a Tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou em sequidão de estio (Selá)”.

 

“Confessei-Te o meu pecado e a minha maldade não encobri; dizia eu: Confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e Tu perdoaste a maldade do meu pecado (Selá)” (Sl 32:3-5).

 

Onde uma consciência culpada pode encontrar alívio? O próprio esforço para ocultar só agrava o fardo. Quantos corações quebrantados existem, e quantos espíritos pesarosos, que não ousam contar suas tristezas a outro! Quantos encontraram desapontamentos amargos em tudo e em si mesmos, e ainda são ignorantes da causa real, porque ignoram sua condição como perdidos. Eles não sabem que Deus olhou para o caso deles e forneceu o remédio. Eles mantêm o silêncio, embora isso apenas agrave a violenta febre interior. Nisso eles estão percebendo qual é a estrutura do homem como uma criatura moral. Ele é insuficiente para suprir sua própria felicidade, e outras criaturas também são insuficientes para fazê-lo feliz. Embora ele não possa sentir normalmente essa atitude como sendo pecado, ainda assim este é talvez o princípio mais profundo do pecado, porque estão, de fato, honrando e servindo “mais a criatura do que o Criador” (Rm 1:25).

 

Nenhum alívio até… 

Não há alívio até que a alma possa revelar sua tristeza a Deus. Mesmo que a mão de Deus seja sentida e reconhecida, o próprio Deus é frequentemente considerado inacessível. A alma continua carregando seu próprio fardo, todo o ânimo se vai e o indivíduo está totalmente miserável. A mão de Deus pode tocar algum ídolo ou algo em que a alma estava procurando repouso, mas essa intervenção pode produzir irritação por si mesma contra Deus.

 

A primeira coisa sob todas as circunstâncias da miséria é o reconhecimento de Deus. Então ele descobre que Deus vai ao encontro dele onde ele está, e com a mensagem: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei” (Mt 11:28). O evangelho traz uma mensagem de perdão – eterno perdão –, mas também traz o homem a Deus para fazê-lo feliz em Deus. Então o pecador descobre que “bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto” (Sl 32:1).

 

Silêncio e miséria 

No entanto, existem certos princípios que se aplicam com igual verdade tanto ao homem como pecador quanto ao que é nascido de Deus. O versículo citado no começo do artigo é um deles. Se o guardar silêncio traz miséria ao pecador, quanto mais ao santo que conhece a Deus em graça, mas não usa a verdade adequadamente para aprofundar seu conhecimento de si mesmo! Tal pessoa realmente esqueceu sua posição diante de Deus, e tendo astúcia em seu espírito, não está sendo aberto com Deus. Precisamos chegar ao ponto em que dizemos, praticamente, bem como posicionalmente: “Miserável homem que sou!” (Rm 7:24).

 

Ocultação 

Quando Deus é realmente conhecido como Aquele que imputa justiça sem obras, qualquer ocultação de pecado d’Ele necessariamente produzirá pesar de espírito. Não podemos nos aproximar d’Ele por causa da nossa ocultação, e então a frieza entra em cena. Quantas vezes, nesse caso, colocamos a culpa em qualquer coisa, até mesmo no próprio Deus, em vez de em nós mesmos por continuarmos guardando silêncio! Quando ficamos inquietos, em espírito, abatidos e infelizes, isso não tem surgido muitas vezes do orgulho mortificado? Nossa autoestima foi reduzida ao descobrirmos algum pecado insuspeito, como se nossa bem-aventurança consistisse em nosso caráter, em vez de termos nossa justiça imputada sem obras. Deus não permitirá que tenhamos confiança em nosso caráter ou em nossa fidelidade a Ele, mas em Seu próprio caráter revelado e Sua fidelidade para conosco. Essa tendência de justiça própria no crente explica em grande parte a miséria encontrada nos Cristãos. Quando eles retêm isso em si mesmos, mesmo que de forma sutil, eles se afastam do verdadeiro e único fundamento de sua bem-aventurança. Se o pecado não for confessado, se for tratado brandamente na confissão, ou se for confessado apenas de modo geral e não especificamente, isso acarretará em miséria.

 

Confissão 

“Se confessarmos os nossos pecados, Ele é Fiel e Justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 1:9).

 

Que alívio – alívio imediato – acompanha a confissão! O silêncio é quebrado pela confissão e não se faz mais nenhum esforço para ocultar o pecado! Somos trazidos à presença de Deus e temos comunhão com Deus. Deus é justificado pela confissão e o pecado é revelado em seu caráter mais profundo em Sua presença. Mas então percebemos que Seu amor já providenciou o remédio, e o pecado para o crente é perdoado por causa da obra de Cristo na cruz. O crente experimenta o perdão restaurativo e mais uma vez tem uma feliz comunhão com Deus.

 

Julgamento próprio 

Muitas das angustias espirituais que os santos experimentam surgem de eles não se exercitarem em julgamento próprio. O correto entendimento da verdade da justiça sem obras me coloca no lugar de julgamento próprio, um lugar elevado e maravilhoso. Estamos na luz e a luz detecta o que é inconsistente com esse lugar. Que privilégio ser capacitado a julgar isso na luz! No entanto, um santo pode se preocupar demais com seu próprio caráter aos olhos de seus irmãos ou mesmo do mundo, e assim ele inconscientemente pode ser levado a desempenhar um papel em vez de ter sua vida fortalecida a partir da fonte e do manancial da vida. Nosso caráter se torna nosso objetivo em vez de Cristo. Mas por mais que o exercício da alma em julgamento próprio seja sempre tão humilhante, mesmo assim ele levará a Cristo, e nós realmente seremos fortalecidos. Ah! Se os santos apenas soubessem quão  trabalhoso é o processo a justificação própria! Se eles justificassem a Deus em vez de se justificarem a si mesmos, quantas tristezas eles evitariam!

 

Em 1 Coríntios 11:31, lemos: “Porque, se nós nos julgássemos [discerníssemos] a nós mesmos, não seríamos julgados”. Acho que vemos o objetivo de Paulo em usar a palavra “discernir”, não simplesmente julgar. O discernimento próprio, obter uma percepção positiva das verdadeiras fontes que movem a atividade da carne, não pode ser feito a menos que conheçamos a bendita verdade que Deus julgou a carne na cruz. É pelo poder do Espírito Santo que nos discernimos a nós mesmo, e isso na presença imediata de Deus. O novo mal, que discernimos em nós mesmos, Deus já viu desde o início e agora nos permite ver para que possamos justificar a Ele em Sua total condenação desse mal.

 

É de fato um incentivo abençoado para a alma ter certeza de que não há nada que não possamos dizer a Deus. Ele fez tudo para ganhar nossa confiança! É por causa da conexão entre confissão e perdão que podemos chegar a Deus, mesmo no conhecimento de algum pecado recém-descoberto. Lembremo-nos de que, para o crente, não há empecilho para nossa comunhão com Deus, exceto nós mesmos. Que não nos calemos quando pecarmos, mas cheguemos a Ele em confissão e desfrutemos do perdão, comunhão e felicidade mais uma vez!


“Righteousness Without Works”, The Present Testimony, vol. 1 (Adaptado)

 

O Perdão Administrativo


A Escritura considera a assembleia como aquela que administra o perdão neste mundo àqueles que estão fora, e este perdão é administrado na recepção de pessoas na Igreja professa. Esse caráter de perdão está ligado ao batismo. Foi dito a Paulo para que se levantasse e fosse batizado para ser lavado de seus pecados. Pedro, a quem foram confiadas as chaves do reino dos céus e dada a autoridade de ligar e desligar na Terra, admitiu judeus no reino em Atos 2 e gentios em Atos 10. A autoridade dada aos discípulos em João 20:23 parece também estar ligada à sua missão e ministério no mundo. “Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós” (Jo 20:21).

 

O ligar e desligar de Mateus 18:18 está mais em conexão com a Igreja atuando em disciplina, mas a distinção deve ser feita entre a assembleia e os discípulos administrando perdão àqueles que estão fora, em sua recepção dentro da casa, e a disciplina na casa de Deus, sob a autoridade de Cristo, pela manutenção da santidade entre aqueles que estão dentro.

 

Os Cristãos que estão dentro da casa já receberam o perdão administrativo e estão em lugar de responsabilidade, onde todos os privilégios desta dispensação são encontrados e desfrutados. Agora, o que aprendemos das epístolas aos coríntios quanto à disciplina, ou a responsabilidade da assembleia em relação aos pecados cometidos por aqueles que estão dentro? Em 1 Coríntios 5:12-13, o apóstolo declara: “Não julgais vós os que estão dentro? Mas Deus julga os que estão de fora”. O mal não julgado na assembleia constituiu fermento no qual os coríntios estavam celebrando a festa, e o rumo da assembleia em relação a isso é claramente estabelecido: “Alimpai-vos, pois, do fermento velho”, “Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo”. Os santos foram identificados com o pecado e deveriam ter lamentado e se humilhado por causa disso, o que eles fizeram posteriormente (veja 2 Coríntios 7:7-11). Mas a casa de Deus não era lugar para esse pecado. “Com o tal nem ainda comais” marca a separação social; colocando-o fora do meio daqueles que estavam “dentro” marca a separação eclesiástica que deveria ser feita entre os santos e o que cometeu tal ato. Agora está perfeitamente claro que se a assembleia tivesse ligado o pecado, ou afastado e julgado um malfeitor, quando ele se arrependesse a assembleia deveria ter se regozijado em restaurá-lo, confortar e perdoar. Assim, em 2 Coríntios 2, o apóstolo instrui os coríntios a agir em graça, consolar e perdoar, com base na suficiência do castigo infligido.

 

A Escritura é repleta de exortações aos santos para que se relacionem uns com os outros em fidelidade e amor. Nós devemos lavar os pés uns dos outros, amar uns aos outros com um coração puro fervorosamente, a ser gentilmente amáveis uns aos outros em amor fraternal, em honra preferindo uns aos outros, a exortar um ao outro diariamente, a confortar uns aos outros, sermos amáveis uns aos outros, ternos, perdoar-nos uns aos outros, a advertirmos o indisciplinado, a consolarmos os débeis, a apoiarmos os fracos e a sermos paciente com todos, a carregar os fardos uns dos outros, e assim cumprir a lei de Cristo. Tudo isso vem sob o título da atividade individual no poder da graça de Deus. Se houvesse apenas um aumento dessas atividades santas e saudáveis de amor na vida privada, haveria muito menos tristeza pública ou necessidade de trazer casos diante da assembleia.

 

The Christian Friend, 1882 (adaptado)

 

O Perdão é… 


Em geral, o perdão é a liberação de um culpado do julgamento de alguém que detêm a autoridade – que tem direito para libertá-lo, e isso inclui todo o erro – e ocorre na mente daquele que tem autoridade, que cessa de mantê-lo na condição de julgamento.

 

 J. N. Darby, de Notes and Comments, vol. 1

 

Perdão das Pessoas e dos Pecados


O perdão implica a liberação da responsabilidade penal para a qual o julgamento da mente do perdoador a mantém corretamente. Pode ser aplicado à pessoa ou às falhas. Deus estava satisfeito e assim perdoou, o pecado foi removido da vista de Deus e assim perdoado.

 

J. N. Darby, de Notes and Comments, vol. 1

 

O Perdão Fraternal 


O devedor dos dez mil talentos 

O devedor dos dez mil talentos em Mateus 18 nos instrui sobre a maneira como somos perdoados e recebidos no reino dos céus. Todos nós fomos perdoados mais do que jamais poderíamos, em nossa responsabilidade, pagar. Por esta razão, é nosso lugar sempre perdoar em nosso coração aqueles que nos ofendem.

 

A pergunta de Pedro: “Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei?” provocou uma resposta do Senhor na forma de uma parábola. A parábola nos ensina porque devemos perdoar e com que frequência. “Jesus lhe disse: Não te digo que até sete, mas até setenta vezes sete”. Sete é o número da perfeição e setenta (dez vezes sete) é a perfeição em responsabilidade. O verdadeiro significado da resposta do Senhor não é apenas até 490 vezes, mas o número perfeito de vezes, que é sempre.

 

“Por isso, o reino dos céus pode comparar-se a um certo rei que quis fazer contas com os seus servos” (v. 23). A parábola é uma descrição geral de todos os que estão no reino dos céus, não foi apenas uma resposta para Pedro e os discípulos.

 

Uma parábola com aplicação ampla 

A parábola tem uma ampla aplicação. Todos os que professam conhecer o Rei no céu são parte do reino dos céus. Todo aquele que entra no reino dos céus é recebido ali com base em ele ter sido perdoado. Todos os que estão no reino dos céus são como o devedor que foi perdoado. Nenhum entra com base no mérito. A recepção ao reino inclui aqueles que são verdadeiros crentes e aqueles que são meros professos. Ambos estão no lugar de terem recebido perdão governamental. Aqueles que são verdadeiros crentes e têm o Espírito Santo habitando neles também têm perdão eterno. Mas aqui ele está falando do perdão que todos recebem do Rei no céu. Eles são todos como o devedor que devia dez mil talentos.

 

“E, começando a fazer contas, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos” (v. 24). Uma pessoa serve como um exemplo de todos, porque “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. Estamos todos reduzidos ao mesmo nível. E Deus oferece perdão a todos por meio do Senhor Jesus, que morreu por todos.

 

Quando o rei exigiu o pagamento, “Então, aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, sê generoso para comigo, e tudo te pagarei” (v. 26). As consequências de não pagar a dívida, bem como sua incapacidade de pagar uma dívida tão grande, forçaram o devedor a implorar por mais tempo. Este foi pelo menos um reconhecimento do que ele devia. O rei perdoou o devedor porque ele foi “movido de íntima compaixão”, não porque o devedor pudesse pagar a dívida. Isso o fez devedor da misericórdia e do perdão do rei, em vez dos dez mil talentos. Ele ainda devia muito ao rei. A percepção disso nos ensina porque devemos perdoar. Embora Pedro achasse difícil considerar o perdão de muitas ofensas, isso o tornaria consciente de quanto Deus o havia perdoado e de sua obrigação de perdoar os outros por causa de Deus.

 

Uma atitude imperdoável 

A seriedade de manter uma atitude de não perdoar a outros é revelada nos versos seguintes, em que o servo não perdoaria ao seu conservo uma dívida muito menor. As mesmas palavras implorando por misericórdia foram agora dirigidas a ele: “Sê generoso para comigo, e tudo te pagarei” (v. 29), mas ele não perdoou. Ele lançou-o “na prisão, até que pagasse a dívida”. Tal atitude era imprópria, embora os cem dinheiros lhe fossem realmente devidos. Ele se apropriou de forma errada do perdão que recebeu do rei e, portanto, deturpava a ele tratando assim seu conservo.

 

“Vendo, pois, os seus conservos o que acontecia, contristaram-se muito e foram declarar ao seu senhor tudo o que se passara. Então, o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti?” (vs. 31-33). O Senhor deseja que aqueles que estão em Seu reino mostrem a outros a mesma compaixão e perdão que eles mesmos receberam d’Ele. Se não perdoamos, estamos agindo de maneira contrária ao caráter e propósito do Seu desejo.

 

O remédio para um espírito não perdoador 

O verso seguinte descreve o remédio para aqueles que não são perdoadores para com os seus companheiros. “E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia” (v. 34). Esta é a maneira administrativa que Deus age, permitindo que “atormentadores” disciplinem aqueles que não perdoam outras pessoas. Isto pode ser feito em várias formas diferentes, como doença, perda de posses, perda do trabalho ou até mesmo ser levado pela morte. Não é uma questão de se eles são verdadeiramente Cristãos ou não. O rei soberano controla todas as coisas e pode trazer castigos para fazer com que Seus servos parem de usar de forma errada sua compaixão e perdão.

 

O Senhor Jesus termina a parábola com a admoestação: “Assim vos fará também meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas” (v. 35). Esta palavra é dirigida ao nosso coração. Embora seja verdade que é inapropriado mostrar perdão até que um erro seja confessado, este versículo fala do perdão do coração, independentemente da atitude do ofensor. Quando chega a hora em que o ofensor reconhece seu erro, o perdão pode ser estendido publicamente. Devemos ter o perdão vindo do coração, como expresso em Efésios 4:32, “sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo”.

 

D. C. Buchanan

 

O Perdão Governamental 


Todo perdão é fundado na bendita obra do Senhor Jesus. Mas é importante distinguir entre o perdão que nos purifica de uma vez e para sempre de todos os nossos pecados diante de Deus, pelo qual somos justificados e temos paz com Deus, e o perdão que podemos receber no caminho como estando sob o governo de Deus, supondo que somos perdoados e salvos.

 

Eu tenho um perfeito e eterno perdão e redenção, de acordo com a glória de Deus. “Em Quem temos a redenção pelo Seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da Sua graça” (Ef 1:7). “Por Seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção” (Hb 9:12). Existe, portanto, para a fé, um perdão presente, mas eterno, fundamentado em Cristo levando os nossos pecados em uma obra que nunca pode ser repetida, seu valor nunca diminuído, nem nada acrescentado a ela. Deus provou o valor de Sua dignidade ao colocar Aquele que o fez à Sua direita em glória, onde Ele estava com Ele como Filho de Deus antes que o mundo existisse.

 

Mas há um governo de Deus neste mundo sobre aqueles que são assim redimidos e sempre foram. “Porque o Senhor corrige o que ama”. E quando Deus exerce essa disciplina, que é sempre para o nosso bem e em amor, quando uma alma é verdadeiramente humilhada, Ele, em Sua sabedoria, frequentemente retira isso, perdoando, quanto ao Seu atual governo e caminhos, o pecado que tornou a correção necessária. Não que todas essas visitações sejam por causa de pecados. O mundo está em um estado de miséria através do pecado, e todos estão sujeitos a esta servidão a corrupção. Isto o Senhor declara em João 9:3.

 

Nem mesmo, quando são enviados por Deus em referência ao estado da alma, são sempre por causa dos pecados cometidos; eles podem ser para impedir que eles aconteçam ou quebrar nossa vontade ou nos humilhar quanto ao nosso estado. Por causa disso Paulo tinha um espinho na carne, um mensageiro de Satanás para esbofeteá-lo, para que ele não se exaltasse por causa da abundância de revelações. Três vezes ele pediu ao Senhor que tirasse isso dele, mas o Senhor enviou isso para o seu bem, de modo que Ele não o retiraria.

 

Este governo de Deus, e perdão quanto os tratamentos presentes de Sua mão, encontramos tanto no Velho Testamento como no Novo.

 

Exemplos do Velho Testamento 

Assim, quando Deus pronunciou um terrível julgamento contra Acabe por causa de sua iniquidade, Acabe se humilhou, e Deus disse a Elias, que foi quem levou a mensagem para ele, “Não viste que Acabe se humilha perante Mim? Porquanto, pois, se humilha perante Mim, não trarei este mal nos seus dias, mas nos dias de seu filho trarei este mal sobre a sua casa”. Isto não tem relação com a salvação de sua alma, de fato, o que sabemos por essa história é que ele morreu em seus pecados. Mas ele foi perdoado a respeito de seu julgamento sob a Terra.

 

Então com Davi: Quando ele agiu de forma iníqua em um caso específico, embora em geral ele fosse um amado de Deus e que O glorificava em sua caminhada, Natã o profeta declarou a ele, “Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto Me desprezaste”. No entanto, em geral durante sua caminhada ele era um homem de acordo com o próprio coração de Deus. Muitos outros casos poderiam ser acrescentados do Velho Testamento. Houve perdão do pecado quando ao castigo no presente. Davi foi poupado de ser cortado, mas a criança, fruto de seu pecado, foi tirada dele.

 

Isto é o que nos é ensinado no livro de Jó, quando Eliú interpreta os caminhos de Deus no capítulo 33:17-30, e no capítulo 36:7, pois ele fala expressamente sobre um homem justo, dizendo: “Dos justos não tira os Seus olhos”, mas Ele os castiga por causa de seus pecados, e avisa a Jó que ele não deveria lutar contra Deus. Se ele tivesse se curvado em seu coração, ele teria sido liberto de suas aflições (v. 16), e ele é avisado, como Deus estava tratando com ele, para tomar cuidado para não ser cortado da Terra (v. 12).

 

Exemplos do Novo Testamento 

No Novo Testamento temos o mesmo tipo de castigo e perdão como tratamentos presentes de Deus com o homem na Terra para o seu bem. Veja 1 Coríntios 11:30-32, ali eles tomavam a ceia do Senhor como se fosse uma refeição normal, e os pobres não tinham o suficiente para comer, e os ricos se entregavam à glutonarias e bebedices, e muitos estavam doentes em consequência disso e até mesmo “dormiam”, que significa que haviam morrido. Mas tudo isso eram castigos presentes neste mundo, pois o apóstolo diz: “Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo”.

 

Então lemos em 1 João 5:16, e isso nos faz entender o que é o chamado pecado para morte. É o pecado que traz a morte do corpo como um castigo e é de tal forma, que os Cristãos não devem orar para que a vida daquele irmão seja poupada, enquanto em outros casos eles poderiam, e suas orações seriam ouvidas, e a vida do homem que havia pecado seria poupada, pois ele havia sido perdoado nesse sentido. Assim, a indignação de Pedro, e não sua compaixão, vem contra Ananias e Safira, e eles morreram por causa de seu pecado, como um julgamento presente.

 

Também em Tiago 5:14-16, diz: “A oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados”. Aqui temos um homem recuperado de sua doença, tendo seu perdão no tempo presente, a respeito do governo de Deus em Seus tratos com ele neste mundo.

 

Não devemos confundir esse tipo de perdão, que se refere a maneira que Deus trata conosco aqui, e os castigos que Seu amor pode trazer sobre nós para nos livrar e nos humilhar, com o perdão eterno das nossas almas que nos pertence por causa da redenção que o sangue de Cristo trouxe para nós, que tem um valor que ninguém pode alterar ou retirar. Nós podemos entender isso facilmente, se Deus castiga um homem para o seu bem quando ele é Seu filho, ele também pode retirar o castigo e, neste sentido, perdoar uma falha específica se um homem se humilha a si mesmo, sem que a questão da salvação de sua alma esteja em questão.

 

J. N. Darby, extraído de Collected Writings, vol. 31

 

 O Perdão – Manejando Bem a Verdade

 

Vimos que há diferentes maneiras pelas quais o perdão nos é apresentado na Palavra de Deus. Como acontece com todos os assuntos que são tratados na Escritura, é de suma importância que possamos manejar corretamente a Palavra da verdade, isto é, que entendamos o escopo da Escritura como Deus a apresenta para nós. Recentemente, chegou ao nosso conhecimento que alguns, sem dúvida com a melhor das intenções, estão pervertendo a Escritura sobre o assunto do perdão.

 

A verdade manejada da maneira errada 

Está sendo ensinado que já que 1 João 1:9 é o único versículo no Novo Testamento que menciona diretamente a confissão de pecados, ele deve ser aplicado a um incrédulo e não a um crente. Afirma-se que não existe uma ruptura na comunhão entre o crente e Deus quando o crente peca. A pergunta é feita: “Onde, por favor, me diga, existe uma Escritura que declara que podemos estar dentro e fora de comunhão com nosso grande Deus, dependendo das nossas faltas em nossa caminhada?” Então se diz que, uma vez que o crente foi purificado uma vez pelo sangue de Cristo e foi “chamado para a comunhão de Seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor” (1 Co 1:9), ele nunca poderá perder essa comunhão novamente. Alega-se que tal ensinamento leva os crentes da escravidão à verdadeira liberdade.

 

Essa perversão da verdade resulta da falha de não ver a diferença entre o perdão judicial e o restaurativo. Misturar os dois é não manejar a Palavra da verdade da maneira correta e, no final, irá trazer o crente de volta a própria escravidão da qual ele supostamente estava sendo livrado. É realmente maravilhoso perceber que o crente, uma vez purificado de seus pecados pelo sangue de Cristo, nunca mais poderá se perder. Ele está tão apto para o céu como sempre estará, pois ele é realmente visto estando “em Cristo”. No entanto, Deus nos ama demais para ficar satisfeito simplesmente em nos tornar aptos para o céu e depois nos deixar continuar viver em pecado. Ele quer que desfrutemos de Sua companhia e comunhão, e Deus não pode ter comunhão com o pecado. Certamente Ele nos lembra (através dos escritos de Paulo e de outros) de nosso chamado celestial, pois todas as exortações da Escritura são baseadas no que já possuímos. Mas então Ele faz provisão para nós se falharmos, a fim de que possamos ser restaurados para a feliz comunhão com Ele. Assim, não é correto dizer que um crente não pode estar dentro e fora da comunhão com Deus, pois isso é exatamente o que acontece quando pecamos. Esse falso ensino afirma: “Se João [em sua primeira epístola] estivesse se dirigindo aos crentes nascidos de novo, eles também seriam ‘chamados [por Deus] para a comunhão de Seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor’ (1 Co 1:9)”. Então, afirma-se que 1 João 1:9 deve ser aplicado a um incrédulo que precisa confessar seus pecados para ser salvo. Contudo, em 1 João 1:7, João declara: “Se [ou 'desde que'] andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado”. Assim, é evidente que os crentes são os mencionados aqui, pois o que a luz revela, o sangue purifica. Aqueles a quem foram dirigidas estas palavras são vistos como tendo comunhão, não apenas uns com os outros, mas também “com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo” (v. 3).

 

Confissão e comunhão 

A verdade sobre a perda da comunhão com Deus por causa do pecado e da restauração subsequente não depende da presença ou ausência da palavra “confissão” na Palavra de Deus. Pelo contrário, 1 João 1:9 resume uma verdade que não está apenas nos escritos de Paulo, mas que é encontrada em toda a Escritura. O espaço não nos permite entrar em um exame mais detalhado das várias ocasiões que isso ocorre, mas podemos ver isto no Velho Testamento, particularmente no caso de Davi. Quando ele pecou com Bate-Seba, ele claramente confessa seu pecado a Deus. No Salmo 51:34, ele diz: “Eu conheço as minhas transgressões... Contra Ti, contra Ti somente pequei, e fiz o que a Teus olhos é mal”. Então o seu pedido é: “Torna a dar-me a alegria da Tua salvação” (Sl 51:12). Sua salvação estava garantida, pois ele já havia sido judicialmente perdoado, mas tinha perdido a alegria da salvação por causa do pecado. Quando o pecado foi confessado, ele experimentou o perdão restaurativo e novamente desfrutou de uma feliz comunhão com Deus.

 

No Novo Testamento, vemos uma situação similar na assembleia em Corinto. Lá eles tinham um homem – um irmão – que havia caído em grave pecado moral. Era suficientemente grave para que Paulo tivesse que dizer a eles para afastá-lo da mesa do Senhor e para longe da comunhão Cristã. Não deveriam nem manter companhia ou comer com ele. Será que alguém pode fingir – como os falsos mestres tentam ensinar – que este homem estava desfrutando ainda da comunhão com o Senhor enquanto lhe foi negado essa comunhão com os seus companheiros de fé? Não, ele estava em péssimo estado de alma, e Paulo o chama de “esse iníquo” (1 Co 5:13). Somente quando ele realmente julgou aquele pecado grave na presença do Senhor, Paulo disse aos coríntios para “perdoar-lhe e consolá-lo” (2 Co 2:7). Deus poderia agir em perdão restaurativo e restaurá-lo à uma feliz comunhão, enquanto a assembleia era encorajada a agir em perdão administrativo e restaurá-lo à feliz comunhão com eles.

 

Julgamento próprio 

Paulo afirma ainda em 1 Coríntios. 11:31: “Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados”. Isso significa simplesmente que, se confessarmos e nos afastarmos dos pecados menores em nossa vida, não cairíamos em pecados maiores pelos quais o Senhor precise nos castigar. Assim, não é correto dizer que Paulo e outros escritores do Novo Testamento não falam sobre a confissão de pecado, pois a palavra “julgar” usada aqui tem a mesma força. Nós não podemos andar com Deus sem constante julgamento próprio em nossa vida.

 

Seguido de sua conclusão lógica, esse falso sistema levará o crente à escravidão, e não a liberdade. O pecado na consciência ou traz miséria (por causa da comunhão que é perdida com Deus) ou leva a uma consciência cauterizada (1 Timóteo 4:2) que não é sensível ao pecado como deveria ser. Em ambos os casos, a comunhão com Deus foi perdida e, lamentavelmente, muitos queridos crentes estão vivendo em tal estado.

 

Que nos seja dada a graça de ver, por um lado, a plenitude da obra consumada de Cristo, mas, por outro lado, a necessidade de nos empenharmos constantemente em julgamento próprio para andar em feliz comunhão com Deus!

 

W. J. Prost

 

Nenhum Perdão Até… 


Até que haja confissão de pecado, e não meramente de um pecado, não há perdão. Quando nosso coração é levado a reconhecer a mão de Deus, não é meramente uma questão de qual pecado em particular ou de que iniquidade em particular possa precisar de perdão. Deus abateu a alma, por meio da operação de Seu Espírito sobre ela, para detectar o princípio de pecado, e assim haverá confissão de pecado, e não meramente de um pecado particular. Há então uma restauração positiva da alma.

 

J. N. Darby, The Bible Tresury, Vol. 7

 

O Perdão dos Pecados 


O perdão dos pecados é trazido diante de nós de diferentes maneiras na Escritura, pois há diferentes tipos de perdão dos pecados. Podemos dividi-los em pelo menos quatro, ou talvez cinco, categorias. O primeiro podemos chamar de perdão judicial, o próximo de perdão administrativo, depois o perdão restaurativo e governamental, que estão ligados, e finalmente, temos o perdão fraternal. Todos têm seu lugar distinto na Escritura, mas às vezes são tristemente confundidos na mente do povo de Deus.

 

O perdão judicial 

O perdão judicial é o perdão eterno, absoluto e completo que temos uma vez e para sempre quando recebemos a Cristo como nosso Salvador. Por exemplo, nós lemos em Efésios 1:7: “Em Quem temos a redenção pelo Seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da Sua graça”. Quando recebemos o perdão judicial das mãos de Deus, nunca mais precisamos nos encontrar com Deus novamente para tratar sobre a questão de nossos pecados. Quando esse perdão absoluto se torna nosso, deixamos de ser pecadores aos Seus olhos. Somos filhos de Deus e nada pode mudar isso. O fundamento do nosso perdão é o sangue de Cristo, e a medida desse perdão é a riqueza da Sua graça. Quão abençoada é esta nossa eterna posição diante de Deus! Para o crente, Deus, de uma vez por todas, julgou os pecados de acordo com a Sua própria estimativa na Pessoa de Seu Filho, e nessa base Ele prega o perdão. “Seja-vos, pois, notório, varões irmãos, que por Este se vos anuncia a remissão dos pecados” (At 13:38).

 

O perdão administrativo 

Agora, vamos considerar algumas porções da Escritura que nos trazem luz sobre o perdão administrativo – um perdão que é colocado nas mãos do homem. Deus em Sua sabedoria não entregou nas mãos do homem nada que seja vital. Ele o conhece muito bem para fazer isso. No perdão administrativo, não há nada de vital.

 

No entanto, vemos claramente que Deus confiou este tipo de perdão nas mãos do homem com base em João 20:23: “Àqueles a quem perdoardes os pecados, lhes são perdoados; e, àqueles a quem os retiverdes, lhes são retidos”. Os judeus, que eram culpados de crucificar o Senhor Jesus, foram admitidos dessa forma no reino em Atos 2:38-41. Eles tiveram que se arrepender e ser batizados para se salvarem daquela “geração perversa” que deu a morte a Cristo.

 

De igual modo Ananias disse a Saulo de Tarso: “Levanta-te, e batiza-te, e lava os teus pecados” (At 22:16). Saulo foi identificado com aqueles que haviam crucificado o Senhor Jesus e que estavam perseguindo os crentes. Agora que ele havia se arrependido e recebido perdão judicial, ele precisava ser externamente identificado com aqueles que amavam o Senhor Jesus. Este era o perdão administrativo – administrado por meio do batismo feito por Ananias.

 

Em 2 Coríntios 2, há uma companhia de pessoas que têm o perdão dos pecados em suas mãos. A assembleia ali teve que ligar o pecado de um sobre ele. Ele era um homem salvo – judicialmente perdoado – mas ele havia caído em pecado, e eles tinham ligado esse pecado sobre ele. Depois que houve um verdadeiro arrependimento naquele homem, Paulo pede a eles que exerçam esse perdão. “Porque, se alguém me contristou, não me contristou a mim senão em parte, para vos não sobrecarregar a vós todos; basta ao tal esta repreensão feita por muitos. De maneira que, pelo contrário, deveis, antes, perdoar-lhe e consolá-lo, para que o tal não seja, de modo algum, devorado de demasiada tristeza” (2 Co 2:5-7).

 

Mais uma vez, não há nada de vital nisso. Haverá aqueles no inferno que foram batizados e que também participaram da ceia do Senhor, ao passo que haverá aqueles no céu que nunca foram batizados e nem tomaram a ceia do Senhor. Estaremos no céu apenas com base no perdão judicial de Deus.

 

O perdão restaurativo e governamental 

Agora vamos considerar o perdão restaurativo e governamental. Ambos estão nas mãos de Deus, não do homem, e estão conectados, embora não sejam exatamente o mesmo. O perdão restaurativo é a restauração da comunhão com Deus quando confessamos um pecado em particular, no qual caímos. Isto é baseado em 1 João 1:9: “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é Fiel e Justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”. O crente nunca pode perder sua salvação eterna, mas pode perder sua alegria e comunhão com Deus por causa do pecado. Como somos gratos por Deus ter providenciado nossa restauração por meio do arrependimento e da confissão.

 

O perdão governamental aparece quando caímos sob a mão governamental de Deus em nossa vida na Terra. Como filhos de Deus e como estando na casa de Deus, ficamos sob Seu governo se pecarmos. Lemos em Tiago 5:14-15: “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da Igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados”. Nestes versos, temos o perdão governamental. Aquele em questão caiu sob o governo de Deus, talvez por causa do pecado. Pode ser uma doença ou talvez outras circunstâncias adversas permitidas na vida de alguém. Neste exemplo, o governo de Deus sobre o homem por meio da doença foi removido.

 

Às vezes Deus usa outros que não pecaram dessa forma para agir em intercessão, e assim lemos: “Se alguém vir seu irmão cometer pecado que não é para morte, orará, e Deus dará a vida àqueles que não pecarem para morte” (1 Jo 5:16). Outro orou pelo pecador, assim como os anciãos vieram e oraram por aquele que estava doente.

 

Na assim chamada “oração do Senhor”, diz: “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores” (Mt 6:12). Não é o perdão judicial que é mostrado aqui, mas sim o perdão governamental, baseado no nosso perdão dos outros.

 

O perdão fraternal 

Finalmente, chegamos ao perdão fraternal, que é ilustrado nos seguintes versículos:

 

“E, quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas” (Mc 11:25). “Então, Pedro, aproximando-se d’Ele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei?” (Mt 18:21).

 

Devemos ter um espírito perdoador uns para com os outros, pois se abrigarmos um espírito implacável [que não perdoa], perdemos o sentido do perdão do Pai em nossa alma. Mesmo se tivermos um espírito perdoador, não podemos realmente estender esse perdão a outro até que haja arrependimento e confissão. Contudo, se houver verdadeiro arrependimento e confissão, devemos nos perdoar uns aos outros. Se nos apegamos a um espírito que não perdoa, Deus não pode nos perdoar governamentalmente, e somos nós que somos “entregues aos atormentadores” (Mt 18:34) até que exercitemos o perdão.

 

Que falta há de perdão fraternal! Devemos cultivar essa atitude de “perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo” (Ef 4:32). Que possamos desfrutar do perdão de Deus em nosso coração e estar prontos para agir da mesma maneira em relação aos outros!


W. Potter, Gathering Up the Fragments (adaptado)

 

Perdoado


“Torna a dar-me a alegria da Tua salvação” (Sl 51:12).

 “Entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele, Comigo” (Ap 3:20).

   

Estou diante d’Ele perdoado!

Seu sangue me purificou;

Mas às vezes na vida diária

Uma nuvem surge entre nós:

E a comunhão é quebrada,

A doce comunhão não há mais —

Oh! Como restaurar a doçura

Desfrutada no dia anterior.

 

Em Sua presença busco perdão,

Eu reconheço minha culpa com vergonha;

Muito antes pelo sangue estava coberta

Quando confessei Seu nome pela primeira vez;

Mas o gozo que segue a confissão!

Liberdade novamente para olhar para cima;

Para abrir a porta quando Ele bater

E convide-o para ceiar.


Autor desconhecido


 

“Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor”

Romanos 6:23


 

 

 

 

 

 

 

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