top of page

Vales (Abril de 2020)


Baixe esta revista digital nos formatos: PDF - EPUB - MOBI Revista mensal publicada originalmente em abril/2020 pela Bible Truth Publishers

 

ÍNDICE


Tema da Edição

H. E. Hayhoe (adaptado)

W. J. Prost

C. H. Mackintosh (adaptado)

W. J. Prost

F. B. Hole (adaptado)

Words of Truth, vol. 7 (adaptado)

Christian Truth, vol. 8 (adaptado)

J. A. Von Poseck (adaptado)

J. G. Deck

 

Vales


Costumamos falar de experiências no topo de montanhas – momentos em que desfrutamos do Senhor e de outras pessoas de uma maneira muito feliz. Moisés teve uma experiência com o Senhor, assim como os discípulos tiveram no monte da transfiguração. Mas, então, falamos sobre ter que voltar a descer a montanha para continuar com a vida cotidiana. Associamos a descida ao vale com um tempo triste em nossa vida, onde experimentamos sofrimentos, provações ou falhas. Mas, como veremos nesta edição, o vale também pode ser um lugar e um tempo em que aprendemos que o Senhor está sempre conosco para nos consolar, proteger e libertar do dano e do mal. Temos um exemplo disso na vida de Isaque. Quando houve fome, o Senhor apareceu e disse para ele ficar na terra e não ir ao Egito, prometendo: “Serei contigo”. Ele se instala em Gerar. Como seu pai, ele teme o filisteu Abimeleque e mente sobre sua esposa. No entanto, como seu pai, o Senhor está com ele e o protege. Ele parte e vai para o vale de Gerar e habita ali. Seus servos cavam no vale e encontram um poço de águas vivas. Outros querem tomar o poço dele. Ele cava outro e depois outro. Por fim, ele tem paz e relata: “Porque agora nos alargou o SENHOR, e crescemos nesta terra”. Seu tempo no vale era para seu proveito e bênção. Deus quer que para nós seja assim também.

Tema da edição

 

A Porta do Vale


Em Neemias 3, encontramos o povo que havia retornado à terra de Israel após o cativeiro, procurando reconstruir o muro e as portas de Jerusalém. Existem doze portas mencionadas, e é de particular interesse a Porta do Vale. Chegamos ao versículo 13: “A Porta do Vale, reparou-a Hanum e os moradores de Zanoa; estes a edificaram e lhe levantaram as portas com fechaduras e os seus ferrolhos, como também mil côvados do muro, até à Porta do Monturo”. Pouco é falado sobre essa Porta do Vale, mas há uma pequena passagem que eu gostaria de notar em 1 Reis 20:28: “E chegou o homem de Deus, e falou ao rei de Israel, e disse: Assim diz o SENHOR: Porquanto os siros disseram: O SENHOR é Deus dos montes e não Deus dos vales, toda esta grande multidão entregarei nas tuas mãos, para que saibas que Eu Sou o SENHOR”. Não é esse um versículo muito belo? Os israelitas foram usados pelo Senhor e conquistaram uma vitória sobre os sírios nos montes, e agora da próxima vez terão que encontrá-los nos vales.


O Deus dos vales

Se eu puder colocar isso de uma maneira prática, às vezes as coisas podem parecer muito bem e dar certo; vemos o Senhor trabalhando por nós de uma maneira maravilhosa, e provamos que Deus é o Deus dos montes. Mas então o inimigo nos encontra quando estamos abatidos; algum problema vem, algum julgamento entra em nossa vida e dizemos: “Oh, é tão difícil suportar isso. Isso me deixa deprimido”. Eu acho maravilhoso como o Senhor encontrou o servo do Senhor aqui para encorajá-lo e disse: “Vou mostrar que seu Deus é o Deus dos vales”. Quando temos experiências difíceis em nossa vida, podemos provar que o Senhor é suficiente. Ele pode nos dar a vitória, mesmo nas provações. Às vezes, esse é um grande testemunho para o mundo. Estou certo de que sabemos de casos em que o mundo olhou, e quando as coisas correram bem em nossa vida, eles não pensaram tanto em nosso Cristianismo. Então, vendo que temos verdadeiras dificuldades, talvez luto, ou talvez alguma doença que sobrevenha a nós, eles percebem que temos uma alegria, uma paz que eles não têm. Eles veem que Deus é o Deus dos vales. Irmãos, nosso Deus não é apenas o Deus dos montes, Ele também é o Deus dos vales. Se temos essas experiências no vale, às vezes há um testemunho maior de como enfrentamos as provações e dificuldades da vida do que em nossas pregações. Ele é o Deus dos montes e Ele é o Deus dos vales. Então, “a Porta do Vale, reparou-a Hanum e os moradores de Zanoa”. Não só repararam, mas também colocaram suas fechaduras, seus muros e suas trancas. Talvez a razão pela qual isto nos seja dito é porque o inimigo está sempre tentando entrar. Ele está tentando entrar em todas as situações, entra em nosso serviço, entra em nossas circunstâncias, ele entra em todas essas situações, de modo que precisamos bloquear a porta. Há um hino que cantamos: “Tome o nosso coração e deixe-o estar, para sempre fechado a todos, exceto a Ti” (hino 294 do Hinário Little Flock). Nós precisamos vigiar. O inimigo quer nos pegar nos momentos em que as coisas correm bem, como também nos momentos em que descemos no vale e estamos deprimidos.


O comprimento do muro

Há algo mais conectado com esta Porta do Vale, pois é a única porta com a qual é mencionado um comprimento específico do muro. Lemos que “A Porta do Vale reparou Hanum [...] e mil côvados do muro, até à Porta do Monturo” (Ne 3:13). Lemos em 1 Pedro 1:6-7 que, em conexão com a “provação de nossa fé”, também pode haver um “se necessário” em nossa vida. Assim como a fidelidade, o Senhor pode ver em nossa vida algo que precisa de correção e purificação, e Ele pode, em Sua sabedoria e amor, nos fazer passar por um vale. O vale pode parecer longo, em termos figurativos, talvez 1.000 côvados, mas é tudo para nos levar à Porta do Monturo (esterco), onde finalmente tiramos proveito do trato do Senhor conosco e julgamos o que não está agradando a Ele. Então estamos prontos para tirar tudo isso diante na Porta do Monturo (N. do T.: Monturo é o lugar onde se deposita o lixo); o resultado abençoado é a próxima porta, a Porta da Fonte, que fala de refrigério para nossa alma.


H. E. Hayhoe (adaptado)

 

O Vale de Acor


O vale de Acor é mencionado cinco vezes na Palavra de Deus e está associado a conotações muito negativas, mas também positivas. As duas primeiras referências a este vale estão em Josué 7, em conexão com um evento muito solene na história de Israel. Depois de passar 40 anos vagando pelo deserto, Israel finalmente estava pronto para entrar na terra de Canaã e, consequentemente, atravessaram o rio Jordão. Em Josué 6, eles conquistaram a cidade de Jericó, e as instruções específicas de Jeová eram “Tão-somente guardai-vos do anátema, para que não vos metais em anátema tomando dela, e assim façais maldito o arraial de Israel, e o turveis. Porém toda a prata, e o ouro, e os vasos de metal e de ferro são consagrados ao SENHOR; irão ao tesouro do SENHOR” (Js 6:18-19). Apesar desse comando sério e muito claro, um homem foi dominado pela cobiça, e ele tomou “uma boa capa babilônica, e duzentos siclos de prata e, uma cunha de ouro do peso de cinquenta siclos” (Js 7:21). Mais do que isso, ele os “escondeu na terra em sua tenda”, pensando que ninguém saberia. Como resultado desse pecado, Israel sofreu a derrota nas mãos de um pequeno povo local chamado Ai, e 36 homens foram mortos. As palavras do Senhor a Josué mostraram a ele a razão disso: “Diante dos vossos inimigos não podereis suster-vos, até que tireis o anátema do meio de vós” (Js 7:13).


O pecado de Acã

A sorte foi ordenada pelo Senhor e apontou claramente o dedo para um homem chamado Acã, que confessou o crime e até admitiu: “Verdadeiramente pequei contra o SENHOR, Deus de Israel” (Js 7:20). Mas foi uma confissão forçada, depois que ele falhou em confessar seu pecado adequadamente diante da desonra feita ao Senhor e das terríveis consequências para a nação. A sabedoria humana pode pensar que Acã poderia ser perdoado e ter outra chance, mas seu pecado, como o do homem que coletava gravetos no dia do sábado, era uma desobediência direta e voluntária ao Senhor. Mais do que isso, Acã escondeu seu pecado e não o confessou até que ele foi exposto pelo próprio Senhor. É um princípio de Deus que, se os pecados forem confessados imediatamente, o julgamento será muito menos severo do que se o indivíduo persistir neles e ocultá-los. “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” (Pv 28:13).


O terrível julgamento sobre Acã e sua família ocorreu no vale de Acor, onde lemos que “todo o Israel o apedrejou com pedras, e os queimaram a fogo e os apedrejaram com pedras. E levantaram sobre ele um grande montão de pedras, até ao dia de hoje” (Js 7:25-26). O vale recebeu esse nome porque Acor significa “perturbação”. Mas o pecado foi removido, e então Israel foi capaz de vencer Ai e destruí-la completamente.


A herança de Judá

Mais tarde, em Josué, lemos mais uma vez sobre esse vale, pois em Josué 15:7, descobrimos que parte da fronteira da tribo da herança de Judá ficava ao lado do vale de Acor. Que triste pensar em um homem dessa mesma tribo, que poderia ter tido uma herança ali, mas que mereceu nada além que um montão de pedras! Então, assim é hoje, homens que poderiam compartilhar uma herança com Cristo, se se arrependessem e viessem a Ele; cairão sob Seu julgamento e entrarão em uma eternidade perdida.


No entanto, encontramos duas referências posteriores ao vale de Acor. Em Isaías 65:10 lemos: “E Sarom servirá de curral de ovelhas, e o vale de Acor, de lugar de repouso de gado, para o Meu povo que Me buscar”. No começo deste capítulo, encontramos uma profecia a respeito do povo rebelde de Israel e o julgamento que o Senhor trará sobre eles em um dia futuro. No entanto, haverá aqueles em Israel que buscarão o Senhor, e especialmente da tribo real de Judá. O Senhor diz: “para que os não destrua a todos” (Is 65:8), pois os piedosos honrarão o Senhor, e o resultado do julgamento dos apóstatas será bênção e paz para “o Meu povo que Me buscar” (Is 65:10).


A porta da esperança

Da mesma forma, encontramos uma referência a este vale em Oséias 2. Como em Isaías, encontramos neste capítulo, um julgamento pronunciado sobre Israel por sua infidelidade. Porém, depois do julgamento, o Senhor a trará de volta no dia seguinte, dizendo: “Portanto, eis que Eu a atrairei, e a levarei para o deserto, e lhe falarei ao coração” (Os 2:14). Então uma promessa é feita: “E lhe darei as suas vinhas dali e o vale de Acor, por porta de esperança; e ali cantará, como nos dias da sua mocidade e como no dia em que subiu da terra do Egito” (Os 2:15). Pode ser difícil pensar neste vale como uma “porta da esperança”, pois os terríveis eventos associados a ela nos fazem recuar. No entanto, é o caminho de Deus. O pecado não pode permanecer a Sua vista, e deve ser removido, antes que possa haver bênção. Vemos isso, não apenas com Israel, mas com este mundo em geral. O homem persistiu em seu pecado e em oposição direta ao próprio Deus. Deus procurou tratar com este mundo em graça, mas o homem recusou o amor e a graça de Deus. Não resta nada além de julgamento, pois “havendo os Teus juízos na Terra, os moradores do mundo aprendem justiça” (Is 26:9). Julgamentos terríveis serão necessários para limpar esta Terra num dia vindouro, mas o resultado será uma bênção que o homem não tem visto desde o Jardim do Éden.


O caminho da bênção

O mesmo acontece conosco em nossa vida. Quão agradecidos podemos ser, porque para nós que somos crentes, o julgamento por nossos pecados ocorreu na cruz e, assim, nas palavras de um hino: “Morte e julgamento ficaram para trás; graça e glória estão adiante”. Mas o pecado também pode entrar em nossa vida, pois ainda temos nossa natureza pecaminosa, a carne, e, se sua ação for permitida, pode estragar nossa comunhão com o Senhor. É triste dizer que, mesmo como crentes, podemos esconder nossos pecados dos outros, e até pensar que podemos escondê-los do Senhor. Às vezes, pode ser um pecado grave, mas talvez seja simplesmente o mundo entrando e assumindo o controle de nossa vida. É um bom exercício nos perguntar quanta cobiça e mundanismo estão escondidos “na terra” em nossas tendas!


O caminho de bênção para nós é confessar o pecado e permitir que o Senhor o leve ao vale de Acor. Os verdadeiros crentes nunca sofrerão judicialmente por seus pecados, embora possamos sofrer governamentalmente sob a punição das mãos do Senhor. Mas se permitirmos que o Senhor nos leve ao vale de Acor, o pecado pode ser confessado e abandonado, e a comunhão pode ser restaurada. Então, de fato, descobriremos que esse vale de problemas é realmente uma “porta de esperança”.


W. J. Prost

 

O Vale de Baca


No Salmo 84:5, lemos estas palavras: “Bem-aventurado o homem cuja força está em Ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados”. O grande segredo da força nos caminhos de Deus é a plena certeza do Seu amor. Essa é o poder de Deus na alma, pois o que mais poderia fazer o peregrino cansado cantar em seu caminho solitário? Essa é, na verdade, a maneira pela qual a cruz é encontrada, mas é a maneira de Deus, e o coração encontra poder nela.


No versículo seguinte, lemos sobre aqueles que “passando pelo vale de Baca, faz dele uma fonte” (Sl 84:6). A palavra “Baca” significa “choro”, e nosso coração natural dificilmente pensaria nessa situação como sendo um poço de refrigério. Mas somente Deus é o poder do coração de Seu povo, do princípio ao fim. Este é o escudo do Cristão – confiança inabalável, apesar de tudo, no amor imutável de Deus, seu Pai. Questionar o amor de Deus na provação é largar esse escudo e expor seu coração aos dardos inflamados do diabo. No entanto, a fé sempre justificará a Deus e Sua verdade, por mais pesado ou extenso que seja o golpe. Ela descansará calmamente na verdade de que o amor do Pai é o mesmo – o mesmo de quando Ele deu Seu amado Filho para morrer no Calvário. Diante dessa fé, todos os inimigos e tentações são impotentes.


O grande objetivo do inimigo sempre é enfraquecer a confiança do crente na bondade de Deus. O caminho para a casa do Pai nos conduz para fora do mundo, portanto, deve sempre ser um caminho de provação e dificuldade. Quando estamos na casa, como diz o salmista, só temos louvores, mas quando estamos a caminho, podemos ter um grande conflito. Portanto, quando agora percebemos, no poder do Espírito, nossa unidade com Cristo na presença de Deus, podemos apenas nos prostrar e adorar, mas, ao enfrentar as dificuldades práticas da vida, podemos ter muito o que confessar e orar.


Lágrimas que formam uma fonte

Agora, podemos dizer, o crente entra no vale de Baca, o lugar, não apenas de provação, mas de lágrimas. Ele é levado a um profundo exercício da alma diante de Deus onde o “eu” é julgado. Esse é o vale de Baca do jovem Cristão. “É o exercício da alma, e não a provação, que o torna uma fonte – que cava os tanques”. Ele descobre que o desejo de viver para a glória de Deus pode transformar esta Terra em um vale de lágrimas – um lugar de humilhação e tristeza. Mas se houver uma fé simples em Deus, a parte mais sombria do deserto pode se tornar um campo frutífero. Mas, por outro lado, se ele ficar sob o poder de suas circunstâncias, suas lágrimas serão ainda mais amargas e mais abundantes. Mas nosso Deus nos fará confiar apenas em Seu amor e aprender o que Ele é para nós, por mais doloroso que seja o processo.


“O qual, passando pelo vale de Baca, faz dele uma fonte; a chuva também enche os tanques”. Este é o caminho de Deus para fora do mundo e, portanto, uma prova da natureza. O grande sistema moral de Satanás no mundo deve ser enfrentado, e isso não é fácil. Em muitos casos o gozo da conversão mal tem sido experimentado antes que a dor da separação do mundo, em algumas de suas mais ternas associações, precise ser experimentada. E quantas vezes a infidelidade a esse respeito impede a boa obra de Deus na alma e estraga suas mais doces alegrias! Mas o ídolo do coração deve ser abandonado, e o coração, sem reservas, dado a Cristo. Assim, todos têm um vale de Baca para atravessar, é o caminho para Sião. Até o mais espiritual e dedicado do povo do Senhor deve ter os exercícios do vale.


Um espinho na carne

O espinho na carne de Paulo era verdadeiramente algo humilhante para o grande apóstolo. Isso é evidente pelo que ele diz aos gálatas: “E não rejeitastes, nem desprezastes isso que era uma tentação na minha carne” (Gl 4:14). Foi algo que o tornou desprezível como pregador. Três vezes ele orou para que o espinho fosse removido. “Acerca do qual três vezes orei ao Senhor, para que se desviasse de mim” (2 Co 12:7-8).


Paulo poderia ter se gabado de ter estado no terceiro céu e de que ninguém jamais esteve lá, a não ser ele. Mas o Senhor, com grande misericórdia de Seu querido servo, enfrentou este perigo o humilhando.


O vale da humilhação e tristeza tornou-se o lugar de bênção para o apóstolo: “E disse-me: A Minha graça te basta, porque o Meu poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Co 12:9). Ele se gloriou naquilo que foi tão doloroso e humilhante para ele. “De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo” (2 Co 12:9). Assim ele descansou no amor que havia ordenado tudo para ele. Ele considerou que o vale era um poço de rica bênção, a chuva do céu encheu os poços. Nossa bênção vem daquilo que nos humilha, e nos ensina que dificuldades e impossibilidades nada são para o Senhor.


A casa em Betânia

Aconteceu o mesmo com as irmãs de Betânia. Em sua profunda aflição, contavam com o amor e a compaixão do Senhor, elas O chamam e dizem: “Senhor, eis que está enfermo aquele que Tu amas” (Jo 11:3). Mas, em vez de responder à oração rapidamente, Ele parece preferir Se afastar delas. Tais atrasos são um grande teste de fé e paciência. Mas Ele as estava ensinando a esperar Seu tempo, e somente n’Ele. Não podemos apressá-Lo. “Ouvindo, pois, que estava enfermo, ficou ainda dois dias no lugar onde estava. Depois disso, disse aos Seus discípulos: Vamos outra vez para a Judéia” (Jo 11:6-7). As irmãs estavam passando por águas profundas, era de fato um vale de lágrimas, mas o Senhor não pode mudar. Bendita verdade para o coração triste! Mas os sentimentos delas se elevaram acima de sua fé, e o coração delas desabou diante das circunstâncias. Por isso, elas estavam dispostas a culpar o Senhor por não ter vindo quando O chamaram. Marta e Maria disseram: “Senhor, se Tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido” (vs. 21, 32).


Mas coisas maiores do que curar os doentes estavam agora preenchendo Sua mente e a cena diante d’Ele. Ele poderia ter dito a palavra, como em outras ocasiões, e Lázaro teria sido curado, mas não, Ele agiu “para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela” (v. 4). E quando chegou a hora certa, Ele tomou Seu lugar na cena da morte, no poder e na glória da ressurreição. Lázaro estava morto, Israel está morto, o homem está morto e as irmãs estavam enlutadas e desoladas. Mas o Senhor é o mesmo para todas as necessidades. Toda a cena estava cheia de Sua glória. A tumba rompendo-se, Lázaro ressuscitando, irradiavam Sua glória como o Filho de Deus. Por aquela voz, “Lázaro, sai para fora”, as profundas cavernas da sepultura foram rompidas, e o pó adormecido acordou. Que testemunho para os judeus incrédulos! Que repreensão à descrença de Marta e Maria – à descrença de todos nós em tempos da aflição! Ele concede vida, ressuscita o morto, glorifica a Deus e mistura Suas lágrimas com os entristecidos. O imenso poder de Deus e as mais ternas afeições humanas são perfeitamente manifestadas nesta cena maravilhosa. Oh! Que satisfação de toda a necessidade do coração, que enche os tanques, que chuva de bênçãos vindas do alto é provida a todos os peregrinos, em todas as idades, quando viajam por todas as partes deste vale de lágrimas.


C. H. Mackintosh (adaptado)

 

O Vale de Josafá


A palavra Josafá em hebraico significa “Deus julgou”, e a expressão vale de Josafá ocorre duas vezes na Palavra de Deus em conexão com o juízo. Nós lemos sobre isso apenas no Livro de Joel, como se segue:


“Congregarei todas as nações e as farei descer ao vale de Josafá; e ali com elas entrarei em juízo, por causa do Meu povo e da Minha herança, Israel, a quem eles espalharam entre as nações, repartindo a Minha terra” (Jl 3: 2).


“Movam-se as nações, e subam ao vale de Josafá; porque ali Me assentarei, para julgar todas as nações em redor” (Jl 3:12).


É, evidentemente, uma profecia que ainda está para ser cumprida, e ocorrerá quando o Senhor voltar em juízo; tomar Seu lugar de direito; julgar as nações e estabelecer Israel novamente em sua terra, em paz e descanso. O nome Josafá é aplicado a um vale no qual o Senhor trará todas as nações para julgamento, e também é chamado de “vale da Decisão” em Joel 3:14. A palavra “decisão” é um dos significados da palavra hebraica usada, que também pode significar “o que é determinado” ou “um instrumento de debulhar com dentes afiados”. O pensamento do julgamento está definitivamente conectado ao significado.


O vale de Cedrom

O vale mencionado é quase certo o vale de Cedrom, que vai de norte a sul entre Jerusalém e o Monte das Oliveiras, e sempre foi associado a julgamento e rejeição. Foi sobre o ribeiro de Cedrom que Davi passou quando fugia de Absalão, e foi neste vale que Simei, quando amaldiçoou Davi naquela ocasião, foi proibido pelo rei Salomão de atravessá-lo, sob pena de morte. Foi no ribeiro de Cedrom que o rei Asa jogou os restos mortais do ídolo de sua avó Maaca, depois que ele o destruiu e, muitos anos depois, o rei Josias descartou toda a sujeira e idolatria relacionadas ao templo do Senhor, da mesma maneira. Finalmente, nosso bendito Senhor passou por este vale indo ao Jardim do Getsêmani, antes de ir para a cruz. É quase certo que o Vale de Josafá seja esse mesmo vale no qual o julgamento será realizado num dia vindouro.


Um lugar de julgamento

Será o tempo em que o Senhor disse: “removerei o cativeiro de Judá e de Jerusalém” e proferirá um julgamento justo sobre todas as nações, “por causa [...] da Minha herança, Israel, a quem eles espalharam entre as nações, repartindo a Minha terra” (Jl 3:1-2). É apropriado que o julgamento ocorra aqui, na terra de Israel, onde o Senhor já terá aparecido em favor de Seu amado povo terrenal. Na verdade, é certo que eles foram espalhados entre as nações sob o governo de Deus, devido à rejeição das reivindicações de Deus e à crucificação de seu Messias; mas agora, depois de colocá-los na terrível tribulação, o Senhor mostrará favor para com eles e punirá aqueles que se deleitaram em espalhá-los. Vários julgamentos ocorrerão aqui, mas talvez nem todos ao mesmo tempo. Em Joel 3:12 o Senhor nos diz: “Me assentarei, para julgar todas as nações em redor”, trazendo diante de nós o julgamento em sessão seccional mencionado em Mateus 25:31-46 – o julgamento das ovelhas e dos bodes. Em Joel 3:16, porém, lemos sobre um julgamento de guerra, quando “o SENHOR bramará de Sião e dará a Sua voz de Jerusalém, e os céus e a Terra tremerão; mas o SENHOR será o refúgio do Seu povo e a fortaleza dos filhos de Israel”. Esse julgamento é chamado de julgamento da vindima, e ocorrerá quando o último inimigo, Gogue (Rússia), vier contra Israel e quando a Rússia e todos os seus aliados forem destruídos pelo Senhor.


Como no caso do vale de Acor, o julgamento será muito terrível, não apenas em seu caráter, mas neste caso, também nos números envolvidos. De fato, ao falar sobre isso no livro do Apocalipse, o Espírito de Deus diz que haverá “sangue do lagar até aos freios dos cavalos, pelo espaço de mil e seiscentos estádios” (Ap 14:20). A distância de 1.600 estádios é de 322 km, o comprimento norte-sul aproximado da terra de Israel, e isso nos dá uma ideia da carnificina que ocorrerá.


Descanso e paz

Novamente, o juízo será severo, pois a arrogância e a rebelião do homem atingirão o auge, onde ele até se atreverá a lutar contra Deus. Mas então o caminho estará aberto para que o Milênio seja um tempo de descanso e paz, onde a justiça reinará. Naquele dia, depois que os julgamentos terminarem, a bênção fluirá. “porque eis que crio para Jerusalém alegria e para o seu povo, gozo. E folgarei em Jerusalém e exultarei no Meu povo; e nunca mais se ouvirá nela voz de choro nem voz de clamor” (Is 65:18-19). O julgamento poderá ser duro, mas será executado rapidamente, pois “executará a sua palavra sobre a terra, completando-a e abreviando-a” (Rm 9:28). Então a bênção fluirá por 1.000 anos, mas, ainda mais importante, nosso Senhor Jesus Cristo terá Seu lugar de direito e será honrado onde Ele foi expulso.


W. J. Prost

 

Vivificação – O Vale dos Ossos Secos


Nosso estado natural é estabelecido em Efésios 2:1 – como “mortos em ofensas e pecados”. O versículo seguinte, no entanto, continua falando de andar naquelas ofensas e pecados, mas isso é porque a morte de que se fala é a morte para com Deus. Aqueles que estão assim mortos, estão muito vivos para “o curso deste mundo” e para “o príncipe das potestades do ar”, que opera nos “filhos da desobediência”. Estar morto em relação a Deus é inteiramente consistente com estar vivo em relação ao mundo e ao diabo; de fato, um brota do outro. Este é o fato que está por baixo da declaração solene feita em Romanos 3:11, de que “não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus”. Para o homem natural, não há nada que seja desejável em Deus. Em uma palavra, ele está morto com respeito a Deus.


Uma vez que esses fatos solenes se apossam de nós, percebemos que nossa única esperança está em Deus tomar a iniciativa por nós, em Sua soberana misericórdia. Deus então deve agir. Mas como Ele deve agir? Será que reforma, educação ou instrução atenderão ao nosso caso? De maneira alguma. Não pode haver nada até que Ele desperte, pois vivificar significa simplesmente dar vida. A própria palavra traduzida como “vivificar” no Novo Testamento é composta do substantivo vida e do verbo fazerfazer viver.


O Espírito dá vida

Assim, é um fato impressionante que Ezequiel 36 nos mostre a corrupção e sujeira moral em que Israel repousava, e profetiza sobre o novo nascimento que consequentemente deve haver neles, seja seguido pela visão do vale dos ossos secos em Ezequiel 37. Isso expõe a morte com relação a Deus, na qual Israel se encontra como nação, e profetiza a respeito da obra de vivificação de Deus, que deve tocá-los antes que eles entrem na bênção milenar. Serão trazidos por Ele dos túmulos entre as nações onde jazem. Haverá uma ressurreição nacional e, diz o Senhor: “E vivereis, e vos porei na vossa terra, e sabereis que Eu, o SENHOR, disse isso e o fiz, diz o SENHOR” (Ez 37:14). Uma vez vivificados, entenderão e imediatamente buscarão o Senhor.


O “vento” (ou “sopro”) do versículo 9 parece estar identificado com o “Meu Espírito” do versículo 14, e, de fato, a mesma palavra hebraica é traduzida como “vento”, “sopro” ou “espírito”, de acordo com o contexto. É interessante comparar esses versículos com João 3:8. Lá, o sopro do vento está conectado à ação do Espírito em um novo nascimento. Aqui está conectado com Sua ação de vivificar. Isso deve nos mostrar o quão estreitamente o novo nascimento e a vivificação estão conectados e que eles não devem ser separados um do outro, embora devam ser distinguidos e considerados separadamente, como em Ezequiel 36 e 37.


Vivificação e poder

Agora, se João 3 corresponde a Ezequiel 36, João 5 corresponde a Ezequiel 37. João 5 começa com a cura do homem paralítico. Foi como se um novo fluxo de vida entrasse em seus membros inválidos, e ele pegou sua cama e andou. Quando questionado sobre esse milagre, o Senhor Jesus passou a falar de obras muito maiores do que essa as quais Ele deveria fazer – a vivificação de quem Ele desejasse e a ressurreição de todos os homens. O primeiro é um trabalho limitado. Aqueles dentre os mortos espirituais que ouvem a voz do Filho de Deus – e somente eles – viverão espiritualmente. O último é universal. Todos os túmulos ouvirão a sua voz e sairão em duas classes, para a vida e para o julgamento, respectivamente. Isso acontecerá em momentos diferentes, conforme aprendemos com outras Escrituras.


No versículo 21 deste maravilhoso capítulo de João, a vivificação é atribuída ao Pai e ao Filho, enquanto no verso seguinte se diz que a obra do julgamento está totalmente nas mãos do Filho. O Filho, e somente o Filho, veio a este mundo para sofrer e ser desprezado. Somente a Ele pertencerá a majestade e a honra de executar o julgamento. Ao dar a vida, no entanto, o Filho age de acordo com Sua própria vontade, igualmente com o Pai e em total acordo com o Pai. Igualmente com o Pai, Ele é a Fonte da vida, pois o versículo 26 é evidentemente paralelo ao versículo 21 em seu sentido. Como 1 Coríntios 15:45 diz: “O Último Adão, em espírito vivificante”.


Os versículos 24-25 de João 5 nos mostram como o Filho age com poder vivificante no momento presente. Ele vivifica por meio de Sua Palavra. Existem aqueles que realmente ouvem a Sua Palavra, isto é, eles ouvem nela “a voz do Filho de Deus” e, consequentemente, creem no Pai que O enviou e vivem. A vivificação não é apresentada aqui como uma obra do Filho completamente à parte do uso de instrumentos para fazê-la. Se fosse assim concedida, deveríamos ler: “Os que vivem ouvirão”. Mas o que lemos é: “Os que ouvem viverão”. A vida é, de fato, Seu dom, mas nos alcança ao ouvir Sua voz em Sua Palavra.


O Pai e o Filho

À luz deste capítulo, acreditamos que podemos falar de vivificação como o aspecto mais profundo e fundamental da obra de Deus em nós. Tal é a sua importância, que o Pai e o Filho agem juntos quanto a isso de uma maneira especial. Às vezes, é feito um uso incorreto das declarações de nosso Senhor nos versículos 19 e 30: “O Filho por Si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer ao Pai” e “Eu não posso de Mim mesmo fazer coisa alguma”. Essas palavras não significam que Ele renunciou a todo poder, assim como um mero profeta poderia ter feito. Elas expressaram, em primeiro lugar, o fato de que, ao tornar-Se Homem, o Filho tomou o lugar do serviço dependente, agindo totalmente pelo Espírito em sujeição ao Pai. Esse pensamento parece especialmente proeminente no versículo 30. Mas, em segundo lugar, elas também enfatizaram o fato de que Seu lugar essencial na unidade da Divindade era tal, que era impossível que Ele agisse à parte do Pai. Esse pensamento parece especialmente proeminente no versículo 19.


Deste aspecto interno e mais oculto das coisas, era como se Ele dissesse: “Eu sou tão essencialmente um com o Pai que é impossível que Eu agisse à parte d’Ele”. Foi realmente a afirmação mais forte possível de Sua própria Deidade. O Pai e o Filho devem sempre agir juntos, como diz o final do versículo 19. Assim, o Senhor aceitou a acusação de fazer-Se “igual a Deus”, e não apenas a aceitou, como ampliou seu pensamento. Assim, tanto o Pai como o Filho agem juntos no poder de dar vida.


O Espírito de Deus

Em João 6:63, descobrimos que o Espírito de Deus também vivifica. A primeira ocorrência da palavra “Espírito” nesse versículo evidentemente deve ser impressa em maiúscula, a segunda ocorrência da palavra é impressa corretamente sem maiúscula. A comparação pode ser feita com o versículo 6 do capítulo 3, onde a distinção é feita corretamente. As próprias palavras do Senhor são espírito e vida, mas é o próprio Espírito que vivifica. Podemos dizer, portanto, que toda a plenitude da Divindade – Pai, Filho e Espírito Santo – está envolvida no trabalho de nos dar vida.


Mais uma coisa deve ser observada. Encontramos isto em Efésios 2:5 e Colossenses 2:13 – fomos vivificados “juntamente com Cristo”. Estando “mortos em nossas ofensas” (Ef 2:1) e “mortos nos pecados e na incircuncisão da vossa carne” (Cl 2:13), nada a menos do que a vivificação poderia atender nossa situação. A vivificação era, portanto, uma necessidade, mas não havia necessidade de sermos vivificados juntamente com Cristo: Esse foi o fruto dos conselhos de Deus em graça.


F. B. Hole (adaptado)

 

As Insondáveis Riquezas de Cristo


Desejo chamar a atenção para a expressão “as riquezas incompreensíveis [insondáveis – ARA] de Cristo” (Ef. 3:8). Geralmente, ela é tomada como uma maneira vaga e geral de expressar a preciosidade e o valor de Sua obra e Pessoa, e, embora certamente seja assim para todos que amam o Senhor, sugiro que esse não seja o pensamento real da passagem.


Muitas coisas foram ditas sobre o Senhor Jesus no Velho Testamento, como sabemos, e se eu pudesse dar-lhes um nome, seria “as riquezas compreensíveis [sondáveis] de Cristo”. Lá podemos encontrar as promessas que tinham a Ele por objetivo e cumprimento. Encontramos Seu nascimento milagroso, nascido de uma virgem (Is 7:14); Sua vida de sofrimento e rejeição por Seu povo (Is 1); Sua morte expiatória (Is 53; Sl 22); Seu sepultamento com os ricos (Is 53); Sua ressurreição (Sl 16); Sua ascensão à destra de Deus (Sl 110); a Sua recepção de dons para os homens, ou “no homem” (Sl 68:18 – JND); Sua vinda nas nuvens do céu (Dn 7:13-14); os julgamentos que Ele executa (Is 59:16-20; 63:1-6). Lá também encontramos Seu glorioso reinado (Sl 72; Is 32) e os princípios de Seu reino (Sl 101). Tudo isso e muito mais podem ser pesquisados [sondados] e traçados nas Escrituras do Velho Testamento.


Riquezas insondáveis “escondidas em Deus”

Mas havia também “as riquezas insondáveis” – aquelas que estavam “escondidas em Deus” – Seus propósitos eternos que eram antes da fundação do mundo. O Senhor havia entrado no meio de Seu povo, mas aqueles a quem essas promessas foram feitas rejeitaram essas promessas na Pessoa do Filho em Quem elas foram cumpridas. Rejeitado por eles, Ele realiza a obra de redenção na cruz, morre, ressuscita e sobe ao alto, ao trono do Pai. Da glória de Deus, Ele envia o Espírito Santo, investido de perdão para Seu povo Israel, mas a única resposta a essa nova oferta de Seu gracioso coração foi uma recusa mais determinada do que nunca. Estevão, apedrejado como sendo um blasfemador, leva ao alto para seu Mestre rejeitado (por assim dizer) a mensagem de Seus cidadãos: “Não queremos que Este reine sobre nós”, e tudo acabou.


Saulo de Tarso foi então chamado, e a ele foram confiadas “as riquezas insondáveis de Cristo”; a graça foi dada para aquele que era “menor do que o mínimo de todos os santos” (Ef 3:8 – TB).


Essas “riquezas insondáveis” incluem em seus pensamentos o mistério de Cristo e a Igreja e seu arrebatamento (como de todos os santos) para a glória. Elas se manifestam no intervalo não identificado, durante o qual o Senhor Jesus está assentado no trono de Deus como Homem, rejeitado pelo Seu povo e pelo mundo – um intervalo do qual nenhum relato está indicado nas Escrituras do Velho Testamento. Os profetas, então, olharam de cume a cume, por assim dizer, e passaram sem perceber pelo grande vale situado entre os cumes das montanhas que chamaram sua atenção profética. Em seguida, eles conectaram a vinda do Messias em Sua humilhação com seus resultados gloriosos para Seu povo Israel em Seu reino e glória. Eles falaram dos “sofrimentos de Cristo” e das “glórias que se lhes havia de seguir” e pisaram (em linguagem profética) de um topo de colina, onde Seus pés abençoados estavam no dia de humilhação, para o outro topo de colina, onde Ele Se levantará no dia de Seu poder. O vale que ficava no meio, com suas incontáveis minas de riqueza, ainda era “insondável” para o homem.


O vale na Terra

Um homem assenta-Se no trono do céu – o Filho do Pai. A partir dessa cena, Ele recebe do Pai a promessa do Espírito Santo e O envia do céu. Somente então foi divulgado o que estava no segredo de Seu coração, desde antes da fundação do mundo. O vale é explorado, suas minas de riquezas descobertas, e somos conduzidos por seus caminhos como estrangeiros e peregrinos na Terra, mas como concidadãos com os santos no céu.


Durante esse intervalo, enquanto Ele está oculto no alto, outra coisa entra. Unido a esta Cabeça glorificada no céu está o Seu corpo, a Igreja. Ele a amou; Ele Se entregou por ela; Ele a segue até a profundidade da degradação em que ela tem caído. Diferente do primeiro Adão, Ele não foi enganado, como foi Eva. Não; Ele a tem seguido com a força poderosa de Seu amor, até o lugar da sua vergonha e leva seus pecados sobre Si. Apresenta-Se com os pecados dela diante de Deus; Ele os carrega à luz da santidade de Deus, suporta a ira e a limpa de todas as manchas.


O vale da rejeição

Jesus, então, está no alto como Homem, a poderosa obra realizada, a qual nos coloca diante de Deus na luz, sem mancha. O Espírito Santo está aqui e, habitando em Seus membros na Terra, constitui a eles como Seu corpo – Sua noiva. “Desde o topo do monte das Oliveiras, de onde Ele subiu aos céus (At 2), até ao mesmo topo do monte, onde Seus pés serão colocados nos últimos dias (Zc 14), fica o longo vale da Sua rejeição pelo Seu povo, os judeus e pelo mundo, mas no qual Suas “riquezas insondáveis”, nunca consideradas pelos olhos proféticos, são encontradas”.Esse período começou no dia de Pentecostes e terminará com o momento em que Jesus levará para Si Sua noiva, para conduzi-la ao Seu lar no alto.


Enquanto isso, enquanto Deus prepara esta Eva, “do seu corpo, da sua carne e dos seus ossos” (Ef 5:30 – JND), Ele deixou seu “pai e mãe” – Suas relações com Israel segundo a carne; Ele está unido à Sua esposa (Ef 5:31), ou, como Gênesis 2:24 ainda o expressa de maneira mais bela, “apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne”. Quão diferentes disso são nossos pobres pensamentos humanos! Quão bem podemos entender o apego do mais fraco, incapaz de ficar sozinho, ao mais forte. Mas aqui está o pensamento divino d’Aquele de Quem são todas as coisas; é o forte, Jesus, apegando-Se à Sua noiva que é mais fraca e, assim, completando Seus pensamentos de graça.


Gostaria agora de atrair seu coração e suas afeições para o estágio final do longo vale – até o momento em que Jesus surgirá e levará Seus santos para o lugar que Ele preparou para eles – para aquela casa preparada para receber Sua noiva. Quão curto pode ser o tempo até aquele momento abençoado em que ela surgirá do deserto “encostada tão aprazivelmente ao seu Amado?” (Ct 8:5).


Words of Truth, vol. 7 (adaptado)

 

O Vale da Sombra da Morte


Muitas vezes, questiona-se se “o vale da sombra da morte” (Sl 23:4) é a morte ou se é o mundo à sombra dela. Acreditamos que seja o último pois se significasse a própria morte, “o vale da morte” teria sido a expressão usada. Mas “a sombra da morte” nos apresenta a ideia de perigo da morte, ou do que leva a ela, e traz a antecipação ou pavor disso sobre a alma. Uma comparação de outros lugares onde o termo é usado nos Salmos torna isso claro. No Salmo 44:19, o remanescente de Israel fala de si, sob o governo de Deus, como amargamente quebrantados “num lugar de dragões” e cobertos “com a sombra da morte”. Assim, novamente no Salmo 107:10, 14, quando redimidos da mão do inimigo, eles lembram a misericórdia que alcançou aqueles cujas almas estavam “nas trevas e sombra da morte, presa em aflição e em ferro”, e que quando clamaram a Jeová, “tirou-os das trevas e sombra da morte”.


A partir dessas Escrituras, parece que “o vale da sombra da morte” era, para o salmista, o caminho onde a escuridão e o perigo da morte estavam especialmente em questão, mas onde a proteção e o apoio de Jeová eram seu conforto, para que ele não temesse o mal, como alguém que seria preservado da própria morte. O que se segue no salmo apoia esse pensamento.


Para o crente agora, o mundo, ou melhor, o seu caminho através dele, é “o vale da sombra da morte”. Quão verdadeiro isso foi para o bendito Senhor! A tenebrosa sombra da morte sempre repousou no caminho que Ele trilhou, especialmente no Getsêmani, onde diz: “A minha alma está cheia de tristeza até à morte”. Mas Ele provou a própria morte em toda a sua amargura, desprotegido e sem apoio, na cruz. A sombra da morte, onde Sua vara e cajado nos consolam, é tudo o que podemos conhecer; para o descanso eterno, aguardamos a Sua vinda, e não a própria morte.


Christian Truth, vol. 8 (adaptado)

 

O Vale da Sombra da Morte


Eu sugeriria que as palavras “vale da sombra da morte” (Sl 23:4) significam simplesmente esta Terra, o lugar onde a morte reina, e aquele que tem o poder da morte, ou seja, o diabo, “o príncipe deste mundo” e “o deus deste mundo”. Toda a cena ao nosso redor tem o selo da morte e está sob a sombra, ou seja, o poder da morte. Encontramos quase a mesma expressão em Mateus 4:16, onde se diz sobre a Galileia dos gentios: “O povo, que estava assentado em trevas, viu grande luz; e aos que estavam assentados na região e sombra da morte a luz raiou”.


O profeta não fala dos moribundos ou mortos, mas dos habitantes daquela parte de Canaã que foi chamada “Galileia dos gentios”, em parte devido à ignorância de seus habitantes, e em parte porque essa porção de Canaã era, mais do que qualquer outra, frequentado por gentios. Eles são, portanto, representados como “assentados em trevas” e na “região e sombra da morte”, isto é, neste mundo. Quanto ao crente, tanto no Velho quanto no Novo Testamento, ele deveria estar apenas andando em ou passando por este mundo – “o vale da sombra da morte” – enquanto os filhos deste mundo estão assentados nesta sombra da morte, em toda a falsa segurança que os caracterizou desde os dias de Caim.


O príncipe e deus deste mundo

Teria esse mundo, com sua agradável aparência, perdido algo de seu caráter solene como o “vale da sombra da morte”, desde que o Senhor da glória foi morto aqui? Foi quando nosso Senhor estava em Seu caminho ao Getsêmani, que, pela primeira vez na Palavra de Deus, encontramos Satanás chamado de “o príncipe deste mundo”. O grande inimigo de Deus e do homem nunca havia se manifestado tão claramente como “o príncipe deste mundo” como quando ele reuniu os gentios e Israel ao redor da cruz, para matar o amado Filho de Deus.


Mas há um aspecto ainda mais solene sob o qual encontramos Satanás mencionado em 2 Coríntios. Um título ainda mais solene é dado a ele; Ele é chamado de “o deus deste século [mundo – TB](2 Co 4:4). É porque Satanás, que está por trás do anticristo, logo se estabelecerá no templo em Jerusalém, “querendo parecer Deus”. Ele agora está cegando o coração dos homens contra a luz gloriosa do evangelho. Ele agora está preparando tudo para o tempo em que o mundo adorará a besta, seu primeiro agente, para a rebelião final contra Deus. Penso que é por essa razão que encontramos Satanás chamado “o deus deste mundo”.


Uma terra inimiga

Caros Cristãos, temos suficientemente claro em nossa mente que é pela Terra do terrível inimigo que você e eu estamos passando? Uma terra onde o fluxo de eventos está acelerando em direção à terrível catástrofe do fim! Você gostaria de ficar em uma Terra que está às vésperas da guerra com seu próprio país? Onde o massacre está se preparando ao seu redor, e os pés são rápidos para derramar o sangue de todos a quem você ama? Você dormiria, mesmo que por uma noite, em um lugar como esse, se pudesse evitar? Certamente não. Pelo contrário, seu único e constante cuidado seria encontrar um caminho estreito e seguro para atravessar o mais rápido possível. Você não esqueceria nem por um momento que está na terra de um inimigo. Ou você gostaria de morar em uma casa cujas paredes estivessem manchadas com o sangue de seus parentes mais próximos e mais queridos? Devo lembrá-lo de um santo do Velho Testamento, para quem a terra que Deus havia prometido, a ele e a sua semente, era como um país estrangeiro, depois que ele entrou nela. E por quê? Porque os amorreus então habitavam naquela terra; O tempo de Deus, quando Abraão e sua semente deveriam possuir a terra, ainda não havia chegado, “porque a medida da injustiça dos amorreus não está ainda cheia” (Gn 15:16).


É esta Terra, onde o sangue do Filho de Deus foi derramado, algo mais para você além do vale da sombra da morte? Ou é para você algo mais do que uma tumba vazia onde seu Senhor foi sepultado? “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da Terra; porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus” (Cl 3:1-3).


J. A. Von Poseck (adaptado)

 

O Vale de Baca


“O qual, passando pelo vale de Baca, faz dele uma fonte; a chuva também enche os tanques” (Sl 84:6)



O vale de Baca é sombrio e selvagem,

E ainda assim, o caminho de cada filho nascido do céu;

Não vai aparecerá diante do trono de Deus

Alguém que este vale de tristeza não trilhou:

Nenhum que lá em vestes brancas apareça,

Cujo leito insone não foi molhado com lágrimas;

Não; todos têm conhecido o choro do vale de Baca:

Pela tribulação, cada um alcançou o trono;

Pergunte àqueles que agora acenam com sua palmeira da vitória,

Conquistadores por Ele, que morreu para o perdido salvar,

Se agora eles murmuram sobre sua sorte anterior,

Ou gostariam de ter escapado de um pesaroso momento?

Não, você ouviria cada peregrino agradecido dizer:

Aquele vale de dor era o poço mais rico de bênçãos;

Os poços de problemas, cheios de chuva celestial,

Transformaram em murta cada espinho de dor.


Então não penses que é estranho, peregrino, nem enfraqueça,

Muito menos ceda com murmurações e queixas,

Se o que você encontra em sua estrada celestial

É difícil de suportar; já que tudo é planejado por Deus,

Seu filho treinar nos santos caminhos da sabedoria,

E formar um vaso escolhido para o Seu louvor;

Agora somos lentos para entender aqueles caminhos,

Mas curvemo-nos sob Sua mão poderosa,

Certos de que Sua sabedoria sobre tudo preside,

Seu poder controla e com amor infalíveis nos guia;

Aquele que adorna os lírios com suas flores,

Dá à frágil erva sua beleza e perfume,

Observa e alimenta os cantores do ar,

Ele não cuidaria, então, muito mais de Seus filhos?

Sua Palavra e promessa não permaneceram fiéis,

Que “todas as coisas cooperam para o bem deles”?


As mãos, que agora o cajado do peregrino deve segurar

Irão então trocá-lo por uma harpa de ouro;

A armadura retirada, as vestes nupciais vestir...

Nenhuma espada, escudo ou capacete será necessário ali;

A escuridão mudou para em eterna luz,

Nenhuma dor no coração, nenhum membro cansado está lá;

Nossas almas se aquentarão sob aqueles céus sem nuvens,

E a própria mão de Deus enxugará nossos olhos fechados com lágrimas;

Mas por um dia tal felicidade divina provar

Tornaria mil outros dias de nenhum valor!

Oh, rapidamente, o lugar mais baixo que eu ocuparia

Em Seus palácios de justiça, do que palácios de ouro;

Ali escolheria ser um porteiro,

Abrindo para outros apenas, se eu apenas

Pudesse olhar para dentro, e Suas radiantes glórias ver.


Seja paciente então; com tal descanso em vista,

Bem-aventurados aqueles que perseguem os caminhos de Sião;

Cada fiel peregrino, por meio de Sua poderosa graça,

Aparecerá lá e irá vê-Lo face a face;

Ele é o Sol deles, para afugentar as sombras da noite,

E animar sua alma com calor e luz celestiais:

"Deus de toda a graça", a marcha de cada dia Ele concederá

A graça adequada para todos que a encontram aqui abaixo;

O “Deus da glória”, quando sua jornada terminar,

Coroará com glória o que Sua graça começou;

Rico nos tesouros do amor eterno,

Sua bondade vigilante, todo o Seu povo prova;

Pelo curto dia do tempo e pela eternidade,

“Bem-aventurado, ó Senhor, o homem que em Ti confia.”


J. G. Deck

 

“E lhe darei ... o vale de Acor, por porta de esperança; e ali cantará, como nos dias da sua mocidade”

Oséias 2:15

 




557 visualizações

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page