Cinco Grandes Coisas que o Espírito faz no Crente
(Walla Walla, Washington – 27 de junho de 2003)
ÍNDICE
INTRODUÇÃO
Vamos ler João 14:16-17: “E Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará Outro Consolador, para que fique convosco para sempre; O Espírito de verdade; … vós O conheceis, porque habita convosco, e estará em vós.”
Gostaria de falar sobre a presença e o poder do Espírito de Deus, e como esse grande recurso (de termos uma Pessoa divina habitando dentro de nós) é capaz e está disposto a nos ajudar em nosso caminho Cristão.
Temos sido abençoados com muitas provisões maravilhosas de Deus para nos ajudar em nosso caminho por este mundo. A segunda epístola de Pedro 1:3, diz que Ele “nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade”. Porém o maior de todos esses é o dom da habitação permanente do Espírito em nós.
Quando o Senhor Jesus estava prestes a voltar ao céu, Ele anunciou aos Seus discípulos que a vinda do Espírito de Deus, como o “Consolador”, seria conhecida de duas maneiras:
Ele habitaria “com” eles.
Ele estaria “neles”.
Estas são as duas maneiras pelas quais o Espírito reside na Terra hoje. Quero falar particularmente sobre esta última – a presença do Espírito “no” crente – e mostrar como Ele é capaz e está disposto a nos ajudar em nosso caminho para o céu.
Então, vejamos agora algumas das funções do Espírito de Deus que habita em nós e como Ele trabalha para o nosso bem e bênção. Gostaria de apontar pelo menos cinco coisas diferentes que o Espírito faz por nós, ajudando-nos a viver para a glória de Deus.
O SELO DO ESPÍRITO
Vamos ver primeiro em Efésios 1:13: “Em Quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo n’Ele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa”. Esta passagem nos diz quando o Espírito vem habitar em uma pessoa – é quando cremos no evangelho de nossa salvação. Se você não creu no Senhor Jesus Cristo e não depositou sua fé na obra consumada de Jesus na cruz, você não é salvo e, portanto, não poderia ter esse grande dom de Deus. No entanto, assim que uma pessoa crê no evangelho de sua salvação, o Espírito de Deus entra para selar essa pessoa e habitar nela a partir daquele momento.
Existem muitas ideias confusas sobre como o Espírito de Deus é recebido. Algumas pessoas acreditam que devem se reunir e orar, chorar e pedir a Deus que lhes dê o Seu Espírito. Alguns cantam repetidas vezes: “Senhor, dá-me o Espírito, dá-me o Espírito...”. Elas frequentemente se esforçam até alcançar um incontrolável frenesi, pedindo a vinda do Espírito. Mas, posso dizer-lhe que não é assim que o Espírito de Deus é recebido. A Escritura que acabamos de ler estabelece isso para nós; diz que o Espírito é recebido ao crermos no evangelho de nossa salvação. Receber o Espírito não é algo que devemos suplicar e implorar a Deus. Não! Recebemos o Espírito, como um selo, imediatamente após crermos no evangelho da graça de Deus, e somos habitados por Ele a partir desse momento em nossa vida.
Aqui encontramos a primeira grande função do Espírito de Deus. Tendo vindo habitar no crente, o Espírito coloca o selo de Deus sobre ele como pertencendo a Cristo. O selo do Espírito é o meio pelo qual o crente recebe a certeza de sua salvação – “tendo n’Ele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa”. Esta, eu digo, é a primeira obra que o Espírito de Deus faz no crente – para dar-lhe a certeza de que é salvo. Novamente, confio que todos nós aqui ouvimos e cremos no evangelho. Eu espero que você saiba que Jesus Cristo morreu por você na cruz e que Ele levou seus pecados; e que você sabe com certeza que é salvo. Este não é um sentimento caloroso indistinto que o Espírito nos dá, mas um entendimento do fato, estabelecido na alma.
A presença residente do Espírito de Deus está em todo Cristão. Como mencionado, a habitação do Espírito não ocorre com um enorme estrondo de trovão, ou com alguma experiência sensorial ou outro sentimento; é algo silencioso que ocorre quando, por fé, recebemos o Senhor Jesus como nosso Salvador.
O selo do Espírito é como um fazendeiro que vai ao mercado de pecuária e compra algumas cabeças de gado. Ao comprar os animais, ele coloca neles sua marca (seu selo) para mostrar que agora lhes pertencem. A ilustração fica aquém da verdade completa do selo do Espírito, porque os animais não saberiam que tiveram uma mudança de proprietário. Ao crente, por outro lado, é dado esse conhecimento.
É verdade que um Cristão pode perder a alegria de sua salvação (Sl 51:12), mas ele não perde o conhecimento de que é salvo. Deixe-me perguntar: “Você tem em sua alma a certeza abençoada de que pertence ao Senhor Jesus? Você sabe, sem sombra de dúvida, que está seguro para a eternidade por causa do sangue derramado do Senhor Jesus Cristo?” Isso acontece quando cremos no evangelho de nossa salvação e descansamos na obra consumada de Cristo na cruz. Se é assim, então o Espírito de Deus, como Convidado divino, passou a residir em sua alma e a dar-lhe a certeza de sua salvação.
O PENHOR DO ESPÍRITO
Agora vamos olhar para outra coisa – o penhor do Espírito. Efésios 1:14 diz: “O Qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de Deus, para louvor da sua glória”. Esta segunda obra do Espírito de habitar em nós, como o “penhor”, é nos dar uma antecipação do céu – o gozo da porção que é nossa em Cristo. O “selo” do Espírito me faz saber que sou Sua possessão, mas o “penhor” do Espírito me faz saber que também tenho possessões! O selo me diz que eu pertenço a Ele, mas o penhor me diz que existem coisas que pertencem a mim.
Hoje em dia, quando você compra um imóvel, o corretor pede o pagamento da “caução em dinheiro (penhor)” – um adiantamento, que é um pagamento parcial antecipado. Isso mostra que você realmente pretende fazer a compra e não desistirá mais tarde. Portanto, o Espírito de Deus, a nós dado como o “penhor”, é um sinal de que Deus tem toda a intenção de concluir a transação no tempo combinado. Até que Cristo venha nos levar para casa em glória, o objetivo do Espírito é ocupar-nos com nossa porção em Cristo – para nos dar a conhecer quão ricamente fomos abençoados (1 Co 2:12). Ele deseja colocar diante de nós toda a sorte de bênçãos que são nossas em Cristo para que possamos desfrutar de nossa porção antes de chegarmos lá.
Que privilégio maravilhoso é ter o Espírito habitando em nós! Ele nos ajuda a desfrutar da terra para onde estamos indo antes de lá chegarmos. Ele toma as coisas de Cristo e nos mostra, enquanto ainda estamos aqui neste mundo – dando-nos uma amostra do céu (Jo 16:14). O Sr. H. P. Barker tinha uma bela ilustração dessa obra do Espírito. Ele planejava fazer uma viagem para além do mar e prometeu levar seu filho com ele. Para a diversão do menino a bordo do navio, comprou-lhe uma luneta – não um brinquedo, mas um instrumento apropriado para o uso. Quando a viagem estava quase no fim, houve o rumor de que a terra estava à vista. O Sr. Barker disse que não podia ver nada, mas seu filho com a luneta podia ver as colinas com bastante clareza. Em seguida, ele pôde avistar o contorno das colinas, mas seu filho exclamou: “Pai, eu posso ver casas no porto e as pessoas andando no cais!” A luneta lhe dera uma visão mais clara da terra para onde estavam indo. Isso permitiu-lhe ter vislumbres dela antes que lá chegassem. É isso que o Espírito Santo, como “penhor”, faz por nós. Ele nos permite desfrutar agora das grandes coisas que constituem nossa porção eterna a nós reservadas no céu (1 Pe 1:4).
George Cutting também fez uma boa ilustração do “penhor do Espírito”. Ele contou sobre um fazendeiro que comprou algumas ovelhas no mercado e, trazendo-as para casa, entregou-as ao capataz da fazenda, dizendo-lhe para colocá-las no curral em frente ao celeiro. Então lhe pediu que fosse ao campo e cortasse um pouco de capim e colocasse no curral para que as ovelhas pudessem desfrutar dele. Depois disse: “De manhã, vamos soltá-las nesse campo, para que possam desfrutar dele plenamente!” Essa é uma bela ilustração do que o Espírito está fazendo por nós agora. De manhã (quando o Senhor vier), seremos libertados, por assim dizer, para a nossa porção em nosso estado glorificado. Enquanto isso, o Espírito está deixando cair “alguns punhados” (Rt 2:16) das coisas de Cristo e dando-as para que nos alimentemos enquanto ainda estamos aqui.
O que sabemos sobre o quão ricamente fomos abençoados? Quanto dessas coisas apreciamos? Acredito que, se realmente nos apoderássemos de algumas dessas coisas, não estaríamos tentando encontrar nossa satisfação e prazer nas coisas deste mundo.
A UNÇÃO DO ESPÍRITO
Agora vamos ver outra função da habitação do Espírito – a “unção”. Em 1 João 2:18-21, 24-27 lemos: “E vós tendes a unção do Santo, e sabeis tudo”. Aqui temos a “unção” do Espírito de Deus. A ideia da obra do Espírito como uma “unção” é para dar-nos discernimento para o caminho e poder para caminhar nele.
Aqui em 1 João 2, a partir do versículo 18, João está falando com os “filhinhos” – os bebês da família. Ele tem muito a lhes dizer, e imagino que seja porque, sendo novos na fé, eles eram mais suscetíveis aos perigos no caminho. Ele lhes diz três coisas. Primeiro, que era “a última hora” e o testemunho Cristão estava em ruínas. Ele ressalta que tinham surgido muitos maus mestres que rejeitaram o ensino dos apóstolos e estavam desviando crentes incautos. Quão cuidadoso o crente precisa ser nestes últimos dias! Em segundo lugar, ele diz “sabeis tudo”. Uma vez que eles tinham a “unção” do Espírito, não precisavam de ninguém para ensiná-los, porque o Espírito que habitava neles lhes daria a conhecer ou discernir entre a verdade e o erro.
O fato de o Espírito de Deus ser capaz de nos ensinar a verdade não significa que esses bebês em Cristo conheciam todas as doutrinas do Cristianismo. Se fosse assim, Deus os teria estabelecido para serem mestres na assembleia. Não, eles não conheciam as Escrituras tão bem – e foi por isso que João não lhes disse: “Provem pela Palavra de Deus os mestres que vêm a vocês”. Eles ainda não tinham uma descrição sólida da verdade, sendo meros bebês, e não poderiam fazer isso. Mas lhes disse que tinham o Espírito de Deus habitando no coração deles, e como Unção, o Espírito lhes daria a capacidade de discernir entre a verdade e o erro quando lhes fossem apresentados. Assim, quando os maus mestres chegassem a eles com suas falsas doutrinas, teriam a capacidade de discernir se isso era certo ou não.
Eu tenho visto exemplos desse discernimento em jovens convertidos que foram confrontados com mercadores de má doutrina. As falsas doutrinas não fizeram esses jovens crentes tropeçar. Eles disseram: “Eu não achei que era correto, e não sei o que poderia ter feito para mostrar-lhes, baseado na Bíblia, que aquilo não era correto, mas tinha a sensação de que aquilo não era de Deus”. João enfatiza esse ponto com os novos crentes, lembrando-lhes de que tinham o Espírito de Deus habitando neles, e Ele lhes daria a saber se tais coisas eram verdade ou não.
Terceiro, ele lhes disse que permanecessem no “que desde o princípio” ouviram (v. 24). Depois, ele diz no versículo 27: “permanecei n’Ele” (ARA) – no Senhor –, e pediu que mantivessem comunhão com Ele, porque houve muitos jovens, e até mesmo idosos que se desviaram. Não há garantia, apenas porque o Espírito de Deus habita em nós, de que não seremos desviados por aqueles que nos querem seduzir. É preciso haver comunhão diária com o próprio bendito Senhor, o que é resultado de um bom estado de alma.
Tampouco devemos olhar para esses versículos e pensar que não precisamos dos dons que Deus deu à Igreja – isto é, homens levantados pelo Senhor para nos ensinar e nos ajudar no caminho (Ef 4:11). Alguns podem dizer: “Uma vez que tenho o Espírito, tudo o que preciso é das Escrituras, e o Espírito me ensinará. Eu não preciso de livros de ministério! Não preciso daquilo que os homens dizem sobre as Escrituras!” Quero avisar a cada um de nós que essa não é uma boa atitude a ser adotada. Se Deus levantou mestres para nos instruir na verdade e nos ajudar no caminho, precisamos nos valer deles. É por isso que vamos às reuniões para ouvir a Palavra explanada. Não estou minimizando o poder do Espírito para nos instruir, mas quando Deus nos deu esses dons – seja no ministério escrito, no ministério gravado ou em reuniões presenciais – não deveríamos colocá-los de lado como se não precisássemos deles. Alguns falam dessa forma, mas é para desculpar a própria preguiça. Então, vamos tirar essa ideia da cabeça agora mesmo. Não é isso que o versículo 27 está ensinando.
O que o apóstolo está dizendo no versículo 27 é que, quando o erro ou a verdade nos são apresentados, existe em cada crente a capacidade de discernir o que é certo e o que é errado, como resultado do Espírito que nele habita. Isso ocorre porque temos uma percepção em nossa alma, da voz do Pastor; isto é, se estivermos caminhando em comunhão com Ele.
A LEI DO ESPÍRITO
Veja Romanos 8:1-2. “Portanto agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus… Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte”. Esta é outra função da habitação do Espírito.
Observe que a última metade do versículo 1, como está na versão Almeida Revista e Corrigida, não está nos manuscritos originais. As melhores traduções corretamente a deixam de fora, porque o versículo está falando de nossa posição em Cristo – e não do nosso estado. Essas palavras aparecem, corretamente, mas ao final do versículo 4, onde diz: “para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito”. Isso tem a ver com o nosso estado, que pode mudar, dependendo do nosso andar. Nossa posição, por outro lado (v. 1), nunca muda.
Este primeiro versículo diz que os crentes estão “em Cristo”. Esta é uma expressão usada por Paulo em suas epístolas para indicar a posição de aceitação do crente diante de Deus. Estar “em Cristo” é estar no lugar de Cristo diante de Deus. É a posição de todo Cristão. O mesmo lugar de aceitação que Cristo ocupa diante de Deus pertence ao crente. Se você é um Cristão, você está em Cristo diante de Deus. Isso não descreve o que somos, mas onde estamos. Como mencionado, estamos no lugar de Cristo diante de Deus. Essa posição de aceitação é verdadeira para todo Cristão, seja seu estado bom ou ruim. Todo Cristão tem uma posição igual diante de Deus como estando “em Cristo”.
O assunto aqui, neste capítulo, é a libertação do pecado – da atividade da natureza pecaminosa que habita em nós. Paulo inicia seu tratado sobre libertação falando da aceitação do crente (v. 1). Ele menciona isso para mostrar como o Espírito de Deus (Quem agirá por nós em libertação) é recebido. No momento em que o crente descansa em fé na obra consumada de Cristo, o Espírito de Deus vem nele habitar. Portanto, o versículo 1 é aceitação, e o versículo 2 é libertação.
Aqui temos outra função do Espírito de Deus no crente. É mencionada como “a lei do Espírito de vida”. O Espírito de Deus está habitando em nós não apenas para dar certeza da salvação, antecipação das coisas celestiais e discernimento no caminhar. Ele também está aqui para nos dar poder para caminharmos para glória de Deus. Como “a lei do Espírito de vida”, Ele é o Provedor desse poder. O poder do Espírito de Deus no crente exerce libertação das obras da natureza caída (“a carne”) que existe em todas as pessoas neste mundo. A natureza caída quer fazer apenas a sua própria vontade, que é pecar. Mas o Espírito de Deus está lá para suplantar tais obras, para que possamos viver uma vida santa para Deus. Libertação da natureza interior de pecado, ninguém pode conhecer enquanto viver neste mundo; mas a libertação de seu poder, todos podem conhecer, se agirem de acordo com os princípios dessas Escrituras que estão diante de nós.
Então, antes de tudo, o apóstolo fala de como essa grande libertação e poder podem ser ativos em nossa vida. Ele começa nos versículos 1 e 2, estabelecendo a posição e o estado Cristão normal. O Espírito é mencionado neste capítulo muitas vezes – dando-nos tudo o que precisamos para o caminho – seja nos controlando, nos confortando, nos conduzindo, nos guiando etc. Este capítulo é um maravilhoso tratado sobre o Espírito de Deus. No capítulo 7 de Romanos, o Espírito não é mencionado, e você vê uma alma lutando com a natureza pecaminosa. Mas quando você chega ao capítulo 8, vê o Espírito de Deus mencionado muitas vezes, tendo Seu lugar apropriado na vida do crente, e não há luta alguma. Isso ocorre porque “a inclinação do Espírito é vida e paz” (v. 6).
Agora, o aspecto que o Espírito de Deus é visto aqui é dar poder e libertação da “lei do pecado e da morte”. A “lei do pecado e da morte” é o agir interior da velha natureza (a carne) que quer fazer suas próprias coisas e viver para pecar; e só produz morte moral na vida do crente. Mas Deus traz à vida do crente esse grande e novo princípio chamado “a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus”, para ajudá-lo a viver acima (e não como escravo) das propensões (tendências) da natureza caída pecaminosa. No versículo 3, temos a morte de Cristo aplicada à própria natureza pecaminosa – ou seja, ao PECADO. Quando “pecado” (singular) é mencionado nos escritos de Paulo, está se referindo à natureza pecaminosa que todos temos – com suas tendências, desejos e concupiscências pelo pecado. Quando menciona “pecados” (plural), está se referindo ao fruto dessa velha natureza – as ações que produz. Como o crente deve viver acima dessas tendências da natureza pecaminosa, para que viva uma vida santa para a glória de Deus? Pelo poder que Deus proveu por meio da presença interior permanente do Espírito de Deus – e agradecemos a Ele por isso!
Para ilustrar isso, pense na lei científica da gravidade. Todo objeto está sendo atraído para baixo em direção ao centro da Terra por uma força invisível chamada gravidade – isso acontece em toda a Terra; é algo universal. É chamada de lei da gravidade, ou o princípio da gravidade. Pegue qualquer objeto sólido em sua mão – digamos um livro; segure-o com o braço esticado e solte-o, e o que acontece? Cai no chão. Se o fizéssemos dez vezes seguidas, cairia no chão toda vez. Isto é um princípio universal e não há nada que possamos fazer para mudá-lo. Em relação ao nosso tema da natureza pecaminosa (“a lei do pecado e da morte”), ela também é um princípio universal, estando presente em todo ser humano que vive neste planeta. Quando é solta, quer fazer uma coisa: cair em direção ao pecado.
Levando nossa ilustração um pouco mais além, suponhamos que quiséssemos mudar as coisas, para que quando soltássemos o livro, ele não caísse no chão pelo poder da gravidade. Suponhamos que prendêssemos o livro a alguns balões cheios de gás hélio (que é mais leve que o ar) e que tivéssemos balões suficientes para que a força de elevação deles fosse maior que o peso do livro. Agora, o que aconteceria quando largássemos o livro? Começaria a subir em vez de cair. E por que isto? Seria porque o princípio da gravidade foi eliminado ou tornado inativo por causa dos balões? Não! A gravidade ainda está lá, mas adotamos um princípio inverso para atuar no livro – uma força mais poderosa. A gravidade ainda está ativa, mas a força ascendente dos balões é maior que a força descendente da gravidade e, consequentemente, nosso livro não cai mais, porém sobe pelo efeito do gás hélio.
Isso ilustra o que Deus fez com o crente. A natureza caída não é removida quando uma pessoa é salva. Deus achou oportuno nos deixar aqui neste mundo com a natureza caída ainda em nós, e o estado de nosso coração está constantemente sendo testado por ela. Em vez de remover a natureza caída, Deus fez uma provisão completa para que vivamos livres do poder dessa coisa má. “O Espírito de vida em Cristo Jesus”, como o hélio, é trazido à nossa vida para anular a força de atração da natureza pecaminosa. Isso é libertação!
O versículo 3 é trazido para mostrar que Deus encerrou Seu tratamento com a velha natureza caída. Ele não está procurando nada de bom nela porque provou que ela não é capaz de produzir o bem. Ele a “condenou” na morte de Cristo. E isso nos ensina que também não devemos procurar nada de bom na natureza caída. Não devemos nos surpreender ou nos decepcionar quando essa natureza se mostra e age. Precisamos entender que Deus tratou judicialmente com ela na cruz, e Ele não está mais procurando por algo bom da carne. E também precisamos julgá-la, se permitirmos que ela aja em nossa vida (1 Jo 1:9). Agora não há razão para a carne agir na vida do crente por causa dessa provisão por meio da presença interior do Espírito de Deus. Ele realmente é o poder para viver uma vida santa.
O FRUTO DO ESPÍRITO
Agora veja Gálatas 5:22-25 para mais um grande benefício do Espírito habitando em nós. “Mas o fruto do Espírito é: caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança; Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito”.
A seguir, veja 2 Coríntios 3:17-18: “Ora o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade. Mas todos nós, contemplando a glória do Senhor, com cara descoberta, somos transformados na mesma imagem de glória em glória, como pelo Senhor o Espírito” (JND).
Aqui é outra coisa. O Espírito de Deus habita no crente para produzir fruto em sua vida. Nota: a palavra é “fruto”, não frutos. Embora haja nove partes diferentes, há apenas um fruto. O que o Espírito gostaria de fazer na sua vida e na minha é produzir conformidade moral com Cristo (para nos tornar semelhantes a Cristo). As nove partes do “fruto do Espírito” são as características de Cristo – Seu caráter exibido nos santos. Como isso acontece? O Espírito de Deus escreve Cristo nas “tábuas de carne do coração”, como diz 2 Coríntios 3:3; e como Cristo está impresso em nosso coração, nos tornamos mais semelhantes a Ele; e isso se mostrará no caráter de nossa vida.
Agora, o que ele está dizendo aqui, no versículo 17 de 2 Coríntios 3, é que o Senhor é o “Espírito” de todas as Escrituras do Velho Testamento. Ou seja, Ele é a essência de tudo o que está escrito nelas. A palavra “espírito” é usada em outro lugar da mesma maneira – veja Apocalipse 19:10 – “o testemunho de Jesus é o espírito de profecia”. De qualquer forma, quando tomamos as Escrituras do Velho Testamento, devemos ver Cristo lá, porque quando Deus as escreveu, Ele tinha Cristo diante de Si. Se quisermos ler as Escrituras e delas tirar alimento, também devemos ter Cristo diante de nós (Compare João 5:39). Paulo está falando da leitura das Escrituras do Velho Testamento, no versículo 14, e está dizendo que o Senhor é o espírito de todas essas passagens do Velho Testamento. Mas agora ele diz: “e onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade”. Temos agora (no Cristianismo) a habitação do Espírito, e Ele nos dá liberdade para olharmos para o rosto do Senhor Jesus Cristo, onde Ele está agora em glória. E como estamos ocupados com Cristo e em nosso lugar n’Ele, o versículo 18 nos diz que o Espírito realiza uma obra silenciosa em nós – escrevendo Cristo sobre o coração e, assim, somos transformados à Sua imagem. Em outras palavras, somos feitos como Cristo moralmente. Paulo acrescenta, “de glória em glória”; isso significa que esse trabalho vai um pouco de cada vez – passo a passo, um pouco aqui e um pouco ali. E é assim que somos transformados – como a conformidade moral a Cristo é produzida em nós. À medida que crescemos e progredimos em nossa vida Cristã, nos tornaremos mais parecidos com Cristo!
Esta é apenas outra grande função do Espírito de Deus – tornar-nos moralmente semelhantes a Cristo, o Filho de Deus. Tem sido dito que Deus amou tanto o Seu Filho que propôs encher o céu de filhos tais como Ele. Ele está atualmente no processo de levar “muitos filhos à glória” (Hb 2:10). Na medida em que estamos ocupados com o Filho de Deus, essa transformação pelo Espírito ocorre.
Vimos cinco coisas diferentes nas quais o Espírito de Deus, estando presente em nós, faz:
Ele nos dá a certeza de nossa salvação.
Ele nos faz conhecer e desfrutar de nossas bênçãos.
Ele nos dá discernimento para o caminho.
Ele nos dá poder para viver uma vida santa para a glória de Deus.
Ele nos transforma na mesma imagem do Senhor.
SER CHEIO DO ESPÍRITO
Agora, vamos ver sobre ser cheios do Espírito. Alguém pode perguntar: “Se todas essas coisas são o resultado de ter-se o Espírito habitando em si, por que há tão pouco de Cristo em mim? Por que desfruto tão pouco de minhas bênçãos? Por que luto com a carne e tenho tão pouco poder para viver uma vida santa para Cristo?”
Passemos a Efésios 5:8-21: “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito; Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais: cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração… Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus”.
Aqui temos a resposta para essas perguntas – precisamos ser cheios do Espírito! Não basta ter a presença permanente do Espírito; precisamos ser cheios do Espírito. Ser “cheio do Espírito” significa ter o Espírito de Deus no controle de todas as partes de nossa vida. Veja que não há exortação na Escritura que nos diga que devemos ser habitados pelo Espírito (porque Deus faz isso acontecer quando cremos no evangelho de nossa salvação, como já observamos), mas há uma exortação na Escritura para ser cheio do Espírito, e isso é algo completamente diferente. Uma coisa é possuirmos o Espírito de Deus, mas outra é o Espírito de Deus nos possuir! Ou seja, permitir que Ele tenha controle de todas as partes de nossa vida.
Às vezes você ouve esse assunto de dar ao Senhor todas as partes de nossa vida, apresentado de uma maneira como se os Cristãos tivessem feito isso, mas que talvez pudessem estar escondendo alguma pequena parte para si, para fazer sua própria vontade – e que esse pedacinho reservado para si os estaria impedindo de ter progresso espiritual. Você sabe, isso pode ser verdade para alguns, mas, na verdade, a maior parte de nós nem chegou tão longe! Vivemos nos dias em que, na maioria das vezes, seria mais correto dizer que a maior parte da vida dos Cristãos é vivida só para si e apenas um pouco para Cristo. Nossa vida é frequentemente preenchida com nossos próprios interesses e ambições, e isso, é claro, impede o Espírito de Deus de trabalhar em nós e então não obtemos o benefício dessas coisas maravilhosas que estamos considerando. Portanto, estar cheio do Espírito é algo essencial – algo de que todos precisamos!
Na Alemanha, há muitos anos, um órgão de tubos de renome mundial foi construído em uma grande catedral – era uma coisa magnífica! Um dia, houve um visitante que entrou naquela catedral e perguntou se poderia tocar o órgão. O zelador disse ao visitante que não estava autorizado a permitir que estranhos tocassem o instrumento. O visitante insistiu e persistiu e, finalmente, o zelador permitiu que ele se sentasse junto ao instrumento. Imediatamente, a música mais linda saiu daquele órgão e encheu a catedral. O zelador ficou atônito e paralisado em seu lugar, em admiração, enquanto ouvia os maravilhosos sons reverberando pelo edifício. Depois que o visitante tocou por algum tempo e estava prestes a sair, o zelador correu até ele e perguntou: “Quem é você?” Ele respondeu: “Mendelssohn” – era o grande compositor em pessoa! Então o zelador ficou envergonhado e disse: “Olha só; eu estava aqui recusando a um homem de tal reputação e habilidade, e o maior compositor da Europa, de tocar este órgão! Eu tenho vergonha de mim mesmo”.
Eu gosto de pensar nessa história com relação à presença do Espírito de Deus. Muito maior do que qualquer compositor famoso, o Espírito de Deus – pois Ele é uma Pessoa Divina – entrou em nosso coração porque fomos salvos, selados e habitados por Ele ao crermos no evangelho. Mas , assim como o zelador, não estaríamos nós proibindo o maior Compositor de todos a sentar-Se e tomar os controles de nossa vida para criar, por assim dizer, uma “linda música” para a glória de Deus? É assim que acontece hoje em dia com muitos Cristãos. Se formos honestos, teremos de admitir que resistimos de modo que o Espírito não tem a oportunidade de encher nossa vida com o que seria para a glória de Deus e para nossa bênção. Precisamos nos render ao Senhor e ser cheios do Espírito, permitindo que Ele tenha seu lugar de direito em nossa vida. Não vamos nos arrepender disso. Ele irá encher nosso coração com as coisas de Cristo e nos tornar as pessoas mais felizes e satisfeitas neste mundo.
Eu observei em Atos 2, que o encher-se do Espírito está associado à comunhão, e no capítulo 4 está associado à oração e à Palavra de Deus, e no capítulo 7, o encher-se do Espírito está associado ao testemunhar por Cristo, e no 11º capítulo está associado a ministrar às necessidades dos santos. E em Efésios 5, o encher-se do Espírito está ligado ao cantar e salmodiar (melodiar – JND) em nosso coração. Se estivermos ocupados com essas coisas, então seremos cheios do Espírito.
Por que Há Falta de Poder em Nossa Vida
Vamos voltar a Romanos 8 por um momento, porque quero focar um pouco mais em como somos responsáveis por deixar o Espírito de Deus fazer Sua obra em nós e nos encher. Romanos 8:13 diz: “Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes [colocardes na morte – JND] as obras do corpo, vivereis”. O que o apóstolo está estabelecendo nos versículos que antecederam o versículo 13 é que existe uma forma de libertação prática contínua para os Cristãos. Uma coisa é ter o Espírito de Deus presente em nóscomo poder para libertação, e outra coisa bem diferente é O ter agindo por nós de uma maneira sustentada e em andamento em nossa vida.
O que Paulo está colocando diante de nós aqui, nos versículos 5-11, é que existem dois domínios ou esferas: uma esfera de coisas que pertencem à carne e uma esfera de coisas que pertencem ao Espírito. Em primeiro lugar, ele fala das “coisas da carne”, de uma maneira abstrata – sem entrar em detalhes, mas todos sabemos o tipo de coisas pelas quais a carne busca; não preciso listá-las aqui. Então, em segundo lugar, ele fala das “coisas do Espírito”, novamente de maneira abstrata ou geral, sem dar detalhes. São as coisas que têm a ver com os interesses de Cristo neste mundo. Poderia ser estudar as Escrituras, orar, cantar e fazer melodia em nosso coração, ir a reuniões bíblicas ou reuniões de oração, escrever cartas a irmãos Cristãos, visitar pessoas com uma palavra de encorajamento, pregar o evangelho ou distribuir folhetos do evangelho, etc. Essas coisas têm a ver com a variedade de assuntos relacionados a Cristo e Seus interesses, Quem é o centro de todo o conselho e propósito de Deus.
Essas duas esferas são exatamente opostas uma à outra. É como uma estrada que se ramifica e cada um viaja para longe do outro. Uma leva ao que é verdadeiramente “vida e paz” e a outra leva à “morte” – morte moral. Então ele conclui nos versículos 12 e 13, mostrando-nos que temos de viver na esfera certa, se quisermos o poder do Espírito em nossa vida. Ele também adverte: “se viverdes segundo a carne, morrereis!” Esta é uma palavra solene! Querido jovem, você ouviu isso? Se você vive na esfera da carne, isso levará à morte moral em sua vida! A questão é: “Em qual dessas duas esferas estamos vivendo?”.
É isso que quero apresentar a vocês, queridos jovens. Vocês sabem, se vivermos nossa vida desde a manhã até à noite na esfera das coisas que pertencem à carne, não podemos esperar ter o fluir do Espírito de Deus em nossa vida. Não teremos em nossa vida aqueles resultados práticos de que falamos. Simplificando, se você passa o dia todo jogando bola, e depois vai a uma pizzaria onde está tocando um rock “colossal” – e talvez ouça um pouco disso dentro do seu carro durante o caminho. E depois disso, você vai para casa e liga a TV. Então, como ainda resta um pouco de tempo antes de ir para a quarto, você joga alguns jogos de computador e lê uma revista ou duas. E então você vai para a cama. O que aconteceu é que você viveu seu dia basicamente na esfera das coisas naturais e das coisas que têm a ver com a carne. Não estou dizendo que todas essas coisas são pecaminosas, mas certamente não são as coisas do Espírito, que são aquelas que pertencem aos interesses de Cristo. Deixe-me perguntar: “Isso se parece com um dia da sua vida?”
Observe o que diz no versículo 5: “Os que são segundo a carne, põem a sua mente nas coisas da carne” ( TB). Colocar a “mente” em algo implica “prestar atenção” nisso. Os que prestam atenção às coisas da carne são segundo a carne. É onde vive o homem perdido: ele não conhece outro domínio. Mas é possível que os Cristãos também vivam nessa esfera de coisas. O que ele está dizendo no versículo 13 é que, se você viver segundo a carne, você vai morrer. Agora, a maneira como a morte é mencionada aqui é diferente da maioria dos outros lugares da Bíblia. A morte, como sabemos, sempre carrega a ideia de separação. A ideia da morte neste versículo é de que a comunhão com Deus é rompida – há uma separação em nossa comunhão prática e nossa vida se torna um fracasso. Ele não está falando sobre morte física ou espiritual aqui, mas de uma morte moral que ocorre na vida do crente. Ele está dizendo que se você vive nessa esfera da carne, pode esperar que isso trará morte em sua vida. Mas se você vive na esfera do Espírito, haverá plenitude de poder para viver para a glória de Deus. Isto é o que é ser cheio do Espírito. Os fatos são manifestamente simples; passamos muito tempo na esfera errada cuidando das coisas da carne – é hora de entrarmos na esfera certa.
Qual é o objetivo da sua vida? O que ocupa seu tempo primordialmente? Este ponto que estou tocando agora é a razão pela qual há uma “pane de energia” na vida de muitos Cristãos. Você sabe, foi dito que “se agradarmos a carne, impediremos o Espírito” – e todos sabemos que isso é verdade. Se nos dirigirmos para as coisas relacionadas à esfera da carne, não podemos esperar que o Espírito de Deus esteja trabalhando de maneira apreciável em nossa vida. E lembre-se de que o encher do Espírito de hoje, não servirá para amanhã! Devemos deixar o Espírito de Deus ter o controle de nossa vida todos os dias. Não podemos dizer: “Bem, passei algum tempo no dia do Senhor indo à reunião e lendo a Palavra – isso deve ser o suficiente para a semana”. Não, antes devemos procurar viver na esfera do Espírito todos os dias. A Escritura apresenta essas várias funções do Espírito como Cristianismo normal. É normal que um Cristão ande de modo a agradar a Deus e tenha as coisas de Cristo diante de si todos os dias de sua vida. É normal que um Cristão viva na esfera do Espírito. Mas nós, Cristãos, muitas vezes vivemos muito abaixo disso – e pagamos o preço por isso.
Leia 2 Reis 4:1-7 para ver um exemplo disso. A mulher havia se endividado e, consequentemente, os credores estavam vindo para levar seus dois filhos como escravos. “E Eliseu lhe disse: Que te hei eu de fazer? Declara-me que é o que tens em casa. E ela disse: Tua serva não tem nada em casa, senão uma botija de azeite. Então disse ele: Vai, pede para ti vasos emprestados a todos os teus vizinhos, vasos vazios, não poucos. Então entra, e fecha a porta sobre ti, e sobre teus filhos, e deita o azeite em todos aqueles vasos, e põe à parte o que estiver cheio …Vai, vende o azeite, e paga a tua dívida; e tu e teus filhos vivei do resto”.
Agora, que significado essa passagem poderia ter sobre o nosso assunto? Bem, você vê aqui que havia um estado de pobreza. Essa mulher precisava de ajuda, sendo carente; ela só tinha uma botija de azeite em seu nome. O azeite aqui é um tipo do Espírito de Deus, como o é em toda a Palavra de Deus. Eliseu então realizou um milagre: vemos que, enquanto ela despejava nos vasos vazios, o suprimento de azeite não parava nem diminuía, mas continuou até que todos os recipientes vazios estivessem completamente cheios! Agora, deixe-me fazer a seguinte pergunta: Você percebeu o que houve na história para iniciar o fluir do azeite, liberando aquele enorme suprimento valioso? Foi quando ela fechou a porta! Eliseu insistiu que ela fechasse a porta quando estivesse dentro da casa com seus filhos. Ela teve de primeiro fechar a porta e depois começar a derramar o azeite. Esse era o segredo para liberar esse grande suprimento de azeite – o começo desse maravilhoso milagre.
Você sabe o que isso ensina? Isso nos ensina que precisamos ter nossas portas fechadas para a comunhão com o mundo – e para as coisas que pertencem à carne! Quando nossas portas estão fechadas para essas coisas, o Espírito de Deus estará livre para derramar do Seu suprimento infinito de poder que precisamos para nossa vida Cristã.
Um último versículo antes de encerrarmos: Deuteronômio 33:24-25: “E de Aser disse: Bendito seja Aser com seus filhos, agrade a seus irmãos, e banhe em azeite o seu pé”. Você pode dizer: “Isso é uma coisa estranha de se dizer”. Mas quando você entende a figura, faz todo o sentido! Então, aqui estava uma exortação para Aser mergulhar seu pé no azeite. Esta é uma figura para nós de “andar no Espírito”, é claro! Gálatas 5:16 diz: “Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne”. “Andar no Espírito” é andar na esfera das coisas do Espírito – que, como estávamos falando, é a esfera das coisas relacionadas aos interesses de Cristo.
Qual foi o resultado? Continua dizendo: “O ferro e o metal será o teu calçado; e a tua força será como os teus dias”. Quando seu pé foi mergulhado no azeite, seus calçados se tornaram como “ferro e metal”. Isso nos traz a ideia de que haverá um andar muito estável – deixando-o muito firme sobre seus pés. Outra ideia sobre o uso de calçados de ferro é que eles, sem dúvida, deixariam uma marca muito visível no caminho atrás de nós – havendo um testemunho muito definido em nosso andar. É o que acontece quando um homem está andando no poder do Espírito de Deus – ele tem uma caminhada estável e consistente e deixa um testemunho para trás para que todos vejam! É muito óbvio quando uma pessoa está cheia do Espírito – você pode ver. É por isso que a embriaguez é contrastada com o encher do Espírito em Efésios 5:18: “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito”. Ambas as condições são evidentes pela maneira como uma pessoa caminha e fala. Quando um homem está dominado por muito vinho, você pode ver pelo seu andar cambaleante e sua conversa arrastada, e assim acontece quando uma pessoa vive no reino da carne – é evidente em seu andar e em seu falar. E é igualmente assim quando andamos na esfera do Espírito; quando uma pessoa vive nessas coisas, você percebe. Há algo sobre a maneira como ela anda e fala. E tudo está relacionado a dar a Cristo Seu lugar apropriado como Senhor acerca de tudo em nossa vida.
Isso é ilustrado na vida do profeta Eliseu. Ele passou pela casa da mulher sunamita, e ela disse ao marido que havia notado haver algo na maneira como o homem andava que a fazia crer que era um homem de Deus – e ela estava certa (2 Rs 4:9).
Extinguindo e Entristecendo o Espírito
Agora, frequentemente perguntam: “Qual é a diferença entre ‘extinguir’ e ‘entristecer’ o Espírito?” Em primeiro lugar, eu diria, sem hesitar, que essas duas coisas são algo que você definitivamente não quer fazer. Queremos deixar que o Espírito de Deus tenha Seu lugar de direito em nossa vida – qualquer coisa que atrapalhe Sua obra em nós deve ser evitada. Portanto, não queremos “entristecer” nem “extinguir” o Espírito.
Diz em 1 Tessalonicenses 5:19: “Não extingais o Espírito”. Isso ocorre porque o Espírito de Deus gostaria de nos usar como canais pelos quais Ele pudesse trabalhar para a bênção dos outros. O Senhor disse: “Quem crê em Mim, como diz a Escritura, rios d'água viva correrão do seu ventre. E isto disse Ele do Espírito que haviam de receber os que n’Ele cressem” (Jo 7:38). Deus deseja trabalhar por meio de nós pelo Espírito, e nossa responsabilidade é permitir ao Espírito essa liberdade. Não devemos impedi-Lo em Sua obra.
Meu tio costumava ilustrar isso, pedindo-nos que pensássemos em uma mangueira de jardim com água passando por ela, que alguém pega e dobra para que o fluxo de água seja interrompido. Isso é como extinguir o Espírito; o fluxo do Espírito sendo interrompido em nós. Ele pode querer nos levar a fazer algo para a glória de Deus e nós não o fazemos – resistimos. Talvez seja dar um hino na reunião, ou talvez entregar um folheto do evangelho a alguém – e não o fazemos. Estamos extinguindo o Espírito.
Isso é ilustrado na história do servo de Abraão, que é uma figura do Espírito de Deus, que foi enviado para buscar uma noiva (Rebeca) para Isaque (Gn 24). É uma figura do Espírito sendo enviado a este mundo para chamar uma noiva para Cristo. Tendo obtido permissão de Betuel (pai de Rebeca), o servo quis levá-la imediatamente a Isaque. No entanto, a mãe e o irmão tentaram detê-lo. Eles tinham outros objetivos para ela, e essas coisas impediram o servo de fazer a jornada. Esta é uma pequena figura de extinguir o Espírito. O servo então disse: “Não me detenhais, pois o Senhor tem prosperado o meu caminho; deixai-me partir, para que eu volte a meu senhor” (Gn 24:56). É isso que o Espírito está nos dizendo: “Não Me detenhais”. Ele quer conduzir nosso coração após Cristo e nos usar em bênção para os outros, e não quer que nada se interponha no caminho.
Há pouco tempo, comprei um aparelho profissional de fazer milk-shake. Eu havia notado a marca e modelo quando estávamos em um restaurante e fomos e compramos um para nossa família. Quando eu o trouxe para casa, estava todo empolgado. Tiramos da caixa e ligamos, mas não funcionou. Eu não conseguia descobrir o que havia de errado com ele e estava ficando chateado. Por fim, perdi a paciência dizendo: “Olha só; você gasta muito dinheiro em algo e, quando o recebe, ele nem sequer funciona!” Então um dos meus filhos disse: “Calma, pai, está bem aqui. Vê isso? É uma chave de segurança!” Oh! Sim, é claro, a chave de segurança deve ser ligada! E quando foi ligada, a eletricidade fluiu pelo cabo e houve energia na máquina. Saiba você que é o mesmo conosco. Se quisermos ter um fluxo contínuo de poder do Espírito de Deus em nossa vida, não deve haver nada que O atrapalhe, e a permissão de coisas carnais em nossa vida é o que mais atrapalha o Espírito.
Então, diz em Efésios 4:30: “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no Qual estais selados para o dia da redenção”. Entristecer o Espírito é fazer algo que Ele não nos levou a fazer. É o pecado que entristece o Espírito. Ele é uma Pessoa divina que sente as coisas; e quando vamos e fazemos algo que Ele não nos levou a fazer, O entristecemos. O próximo versículo (v. 31) lista algumas dessas coisas. “Toda a amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmias e toda a malícia seja tirada de entre vós”.
Colocando de forma simples; extinguir o Espírito é não fazer algo que Ele gostaria que fizéssemos, e entristecer o Espírito é fazer algo que Ele não nos levou a fazer.
Por isso, insisto, queridos jovens, ao encerrarmos este pequeno estudo sobre o Espírito que habita em nós, que, se vocês quiserem ter proveito dos benefícios da presença do Espírito nas várias funções que vimos, terão de viver na esfera correta – então vocês serão cheios do Espírito de Deus e sua vida será de valor para a glória de Deus.
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